UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Odontologia de Piracicaba PATRICIA XAVIER DA COSTA NOBRE PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À MÁ OCLUSÃO NA DENTIÇÃO DECÍDUA: SB BRASIL 2010. PREVALENCE AND ASSOCIATED FACTORS WITH MALOCCLUSION IN THE PRIMARY DENTITION: SB BRASIL 2010. PIRACICABA 2017
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Odontologia de Piracicaba
PATRICIA XAVIER DA COSTA NOBRE
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À MÁ OCLUSÃO NA
DENTIÇÃO DECÍDUA: SB BRASIL 2010.
PREVALENCE AND ASSOCIATED FACTORS WITH MALOCCLUSION
IN THE PRIMARY DENTITION: SB BRASIL 2010.
PIRACICABA
2017
PATRICIA XAVIER DA COSTA NOBRE
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À MÁ OCLUSÃO NA DENTIÇÃO DECÍDUA: SB BRASIL 2010.
PREVALENCE AND ASSOCIATED FACTORS WITH MALOCCLUSION IN THE PRIMARY DENTITION: SB BRASIL 2010.
Dissertação de mestrado profissionalizante apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Odontologia em Saúde Coletiva. Dissertation of professional master presentes to the Piracicaba Dentistry School of the University of Campinas in partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Public Health Dentistry.
Orientadora: Profª. Drª. Gisele Pedroso Moi.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA PATRICIA XAVIER DA COSTA NOBRE, E ORIENTADA PELA PROFª. DRª. GISELE PEDROSO MOI.
PIRACICABA
2017
DEDICATÓRIA
Aos meus amados pais, Maria Aparecida Xavier da Costa, meu amor maior e
Sebastião Rodrigues da Costa (in memorian), eterno pai, que me ensinaram com muito amor o que existe de mais sagrado nessa vida a FAMILIA.
Ao meu esposo, José dos Santos Nobre Júnior, pelo amor, carinho compreensão e companheirismo, TE AMO.
Aos meus irmãos, Marcius Xavier Rodrigues da Costa, Alessandra Xavier da Costa, Susiane Xavier da Costa e Eduardo Xavier da Costa, meus
ETERNOS IRMÃOS amigos.
Aos meus queridos e lindos sobrinhos, Ivan Augusto Xavier Araújo, Lívia Flores da Costa e João Victor Flores da Costa, pelo amor incondicional,
minha RAZÃO DA VIDA.
Aos meus queridos “pai” e “mãe”, José dos Santos Nobre e Arlete Costa Nobre, pelo enorme AMOR.
As minhas cunhadas lindas, Inês Flores da Costa, Flávia Cristina de Jesus Xavier e Elisabete Costa Nobre pelo CUIDADO amor e carinho.
Ao meu cunhado, Romecy Alberto Toldo pelo AMIGO que és.
Aos meus amigos, Jéssica da Silva Campos, Edsséia Regina Mendes, Glaucia Gonçalves, Orisvaldo Gomes, Marcos Rodrigues, Patricia Martinelli,
Adimilson Assunção, Artur Dudziak, Tatiane de Jesus Souza SEMPRE presentes em meu coração.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Deus, pelo DOM da vida.
A minha orientadora, Profª. Dra. Gisele Pedroso Moi, pelo profissionalismo,
pelo exemplo de ética e dedicação, por despertar em mim a sua essência de
pesquisadora, por ser essa pessoa maravilhosa e especial, AMIGA, muito
OBRIGADA.
Ao Prof. Dr. Ageo Mário Candido Silva, pela excepcional competência
profissional, obrigada pela sua essencial participação neste trabalho.
Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Pereira, pela pessoa sábia, símbolo para muitos,
grande Mestre da Saúde Coletiva, agradeço a oportunidade em conhecê-lo e a
possibilidade de aprender mais com o Mestrado Profissional.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual de Campinas e à Faculdade de Odontologia de Piracicaba,
nas pessoas de seu reitor, o Prof. Dr. JOSÉ TADEU JORGE, e do diretor da faculdade, o
Prof. Dr. GUILHERME ELIAS PESSANHA HENRIQUES.
Ao Prof. Dr. ANTONIO CARLOS PEREIRA, pelo seu enorme e contagiante amor pela
Saúde Coletiva.
À Profa. Dra. LUCIANE MIRANDA GUERRA, coordenadora do Mestrado
Profissionalizante em Odontologia em Saúde Coletiva da FOP/UNICAMP, pelo seu lindo trabalho em
equipe de dedicação integral e amor à Saúde Coletiva.
Às Profas. Dra. JAQUELINE VILELA BULGARELI e Dra. MARIA PAULA MACIEL
RANDO MEIRELLES, por fazerem parte dessa etapa da minha vida profissional, agradeço.
Aos PROFESSORES DO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM
ODONTOLOGIA EM SAÚDE COLETIVA DA FOP/UNICAMP, pelos conhecimentos e
experiências tão importantes para o meu crescimento profissional.
Aos meus COLEGAS DO MESTRADO, pela oportunidade de conhecê-los e fazerem parte
desse ciclo de amizades da Saúde Coletiva, em especial as amigas inesquecíveis Lívia Probst
e Flávia Maschietto.
À JESUS CRISTO
“PORQUE DELE, E POR ELE, E PARA ELE, SÃO TODAS AS COISAS”
(RM. 11:36)
RESUMO
A prevalência global de má oclusão na dentição decídua varia de 26,0% a 87,0% e sua
presença pode ser considerada fator preditivo de má oclusão na dentição permanente.
Tornando-se importante o diagnóstico e tratamento precoce, bem como uma avaliação mais
abrangente e rigorosa das suas dimensões epidemiológicas e clínicas. O objetivo deste estudo
foi analisar e explorar possíveis associações dos aspectos epidemiológicos da má oclusão em
pré-escolares brasileiros. Este estudo de base populacional, transversal, baseado em
amostragem probabilística de conglomerados, analisou dados secundários obtidos de
entrevistas e exames de condição oclusal de crianças com idade índice de 5 anos que
participaram da Pesquisa Nacional de Saúde Oral - SB Brasil 2010 (N = 7045). A variável
dependente deste estudo foi a condição oclusal da dentição decídua e as variáveis
independentes foram consideradas o índice ceo-d e as incluídas no questionário composto por
três blocos da SB Brasil: (a) caracterização demográfica e socioeconômica da família; (B) uso
de serviços odontológicos e morbidade oral referidos à criança; (C) autopercepção e impactos
na saúde bucal da criança. As perguntas foram aplicadas ao chefe de família para obter
informações sobre a criança. A prevalência de má oclusão foi observada em 50,32% dos pré-
escolares brasileiros. Os resultados da análise ajustada sugerem uma associação entre a
presença de má oclusão ea presença de alguma manifestação clínica de doença de cárie (p
<0,001), observando-se associação semelhante entre crianças com morbidade bucal referida
(p <0,001), presença de dor (P <0,001) e residem no interior (p <0,001). Estes resultados têm
importância estratégica para o planejamento de ações preventivas e curativas que possam
interferir na ocorrência e gravidade dessa condição, já que a presença desta na dentição
decídua pode ser considerada fator preditivo de má oclusão na dentição permanente.
PALAVRAS-CHAVE: Epidemiologia. Má Oclusão. Pré-Escolares. Fatores de Risco.
ABSTRACT
The global prevalence of malocclusion in the deciduous dentition ranges from 26.0% to
87.0% and ist presence in the deciduous dentition can be considered a predictive factor of
malocclusion in the permanent dentition. It is becoming interest its diagnosis and early
treatment, as well as a more comprehensive and rigorous assessment of its epidemiological
and clinical dimensions. It was to analyze and explore possible associations of the
epidemiological aspects of malocclusion in Brazilian preschool children.. This population-
based, cross-sectional study, based on probabilistic cluster sampling, analyzed secondary data
obtained from interviews and occlusal condition examinations from 5-year-old individuals
who participated in the National Oral Health Survey - SB Brazil 2010 (N = 7045). The
dependent variable of this study was the occlusal condition of the deciduous dentition and the
independent variables were considered the ceo-d index and those included in the
questionnaire composed of three blocks of SB Brazil: (a) family demographic and
socioeconomic characterization; (B) use of dental services and oral morbidity referred to the
child; (C) self-perception and impacts on the oral health of the child. The questions were
applied to the head of household to obtain information about the family and the child. The
prevalence of malocclusion was observed in 50.32% of Brazilian pre-scholars. The results of
the adjusted analysis suggest an association between presence of malocclusion and presence
of some clinical manifestation of caries disease (p <0.001), a similar association was observed
among children that presented referred buccal morbidity (p<0.001), presence of tooth pain (p
<0.001) and resided in the interior (p<0.001). These results have strategic importance for the
planning of preventive and curative actions that may interfere in the occurrence and severity
of this condition, since the presence of this in the deciduous dentition can be considered a
predictive factor of malocclusion in the permanent dentition.
nunca foram ao dentista e apenas 24,13% (IC95% 23,15; 25,14) das crianças apresentaram
alguma interferência na qualidade de vida diária decorrente de sua saúde bucal (OIDP=0,61
±dp=1,43).
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Tabela 1. Frequência, porcentagem e intervalo de confiança de 95% das variáveis independentes
analisadas na população de pré-escolares brasileiros, 2010.
VARIÁVEIS INDEPENDENTES Frequência (n)
Percentagem (%) IC 95%
MACRORREGIÕES BRASILEIRAS
Norte 1768 25,10 24,10 - 26,12
Nordeste 1950 27,68 26,65 - 28,74
Centro Oeste 1281 18,18 17,30 -19,10
Sudeste 926 13,14 12,38 - 13,95
Sul 1120 15,90 15,06 - 16,77
LOCAL DO DOMICÍLIO
Capital 5364 76,14 75,13 - 77,12
Interior 1681 23,86 22,88 - 24,87
SEXO
Masculino 3545 50,32 49,15 - 51,49
Feminino 3500 49,68 48,51 - 50,85
COR DE PELE/RAÇA
Branca 3186 45,22 44,06 - 46,39
Preta 547 7,76 7,16 - 8,41
Amarela 138 1,96 1,66 - 2,31
Parda 3122 44,32 43,16 - 45,48
Indígena 52 0,74 0,56 - 0,97
RENDA FAMILIAR (R$)*
≤ R$ 5 , 5057 75,37 74,32 - 76,38
> R$ 1.500,00 1653 24,63 23,62 - 25,68
NÚMERO DE BENS
≤ 6 e s 3995 57,10 55,94 - 58,26
> 6 bens 3001 42,90 41,74 - 44,06
AGLOMERAÇÃO DOMICILIAR
> 2 pessoas por cômodo 5038 71,52 70,46 - 72,56
≤ pessoas por cômodo 2006 28,48 27,44 - 29,54
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Tabela 1. Frequência, porcentagem e intervalo de confiança de 95% das variáveis independentes
analisadas na população de pré-escolares brasileiros, 2010.
(conclusão)
VARIÁVEIS INDEPENDENTES Frequência (n)
Percentagem (%) IC 95%
PRESENÇA DE DOR DE DENTE
Presença 1462 20,92 19,98 - 21,89
Ausência 5526 79,08 78,11 - 80,02
MORBIDADE BUCAL REFERIDA
Presença 3818 56,79 55,6 - 57,97
Ausência 2905 43,21 42,03 - 44,40
USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE BUCAL
Não 3682 52,94 51,77 - 54,11
Sim 3273 47,06 45,89 - 48,23
FREQUÊNCIA DE USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE BUCAL
mais de um ano (arrumar 939 25,87 24,47 - 27,32
menos de 1 ano 2691 74,13 72,98 - 75,53
MOTIVO DO USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE BUCAL
Tratamento odontológico e/ou outros 1826 50,07 48,45 - 51,69
Revisão, prevenção ou check-up 1821 49,93 48,31 - 51,55
CÁRIE DENTÁRIA
ceo-d = 0 3236 45,93 44,77 - 47,10
ceo-d > 0 3809 54,07 52,90 – 55,23
QUALIDADE DE VIDA
OIDP > 0 1700 24,13 23,15 - 25,14
OIDP = 0 5345 75,87 74,86 - 76,85
26
Os resultados da análise bivariada da presença de oclusopatia e fatores associados são
apresentados na Tabela 2. Houve associação significativa entre a presença de má oclusão e as
macrorregiões Sul (RP=1,35; IC95%1,26;1,43; p<0,001), Sudeste (RP=1,23; IC95%1,16;1,31;
p<0,001) e Nordeste (RP=1,18; IC95%1,11;1,25; p<0,001) brasileiras, comparadas à
macrorregião Norte. A má oclusão foi mais prevalente no sexo feminino (RP=1,05;
IC95%1,01;1,09; p=0,0105), em crianças residentes no interior do país (RP=1,04; IC95%1,01;
1,09; p=0,045), com renda familiar de até três salários mínimos para o ano de 2010 (RP=1,06;
IC95%1,01;1,11; p=0,0095), com até 6 bens no domicílio (RP=1,07; IC95%1,02;1,11;
p=0,0011), com mais de duas pessoas por cômodo (RP=1,03; IC95%1,01;1,07; p=0,0072 ), não
havendo diferença em sua distribuição entre a cor de pele/raça (p>0,05). A má oclusão
apresentou associação significativa com presença de dor de dente (RP=1,22; IC95%1,17;1,28;
p<0,0001), presença morbidade bucal referida (RP=1,08; IC95%1,03;1,13; p<0,0001), e uso de
serviços de saúde para tratamento odontológico e/outros (RP=1,08; IC95%1,02;1,14;
p=0,0003). A presença de alguma manifestação clínica da doença cárie (RP=13,99;
IC95%12,36;15,85; p<0,0001) e presença de alguma interferência na qualidade de vida diária
decorrente de sua saúde bucal (RP=1,11; IC95%1,07;1,16; p<0,0001) também foram
associadas com oclusopatia.
Os resultados ajustados pelo modelo de regressão múltipla de Poisson Robusta são
apresentados na Tabela 2. As variáveis que permaneceram associadas a oclusopatia após
análise foram: residir no interior do país (RPa=1,02;IC95%1,01;1,03;p <0,001*), presença de
alguma manifestação clínica da doença cárie (RPa=37,39;IC95%30,18;46,32; p <0,001*),
presença morbidade bucal referida (sim RPa=1,10;IC95%1,009;1,03;p <0,001*) e presença de
dor de dente (RPa=1,10; IC95%1,08;1,12; p <0,001*).
27
Tabela 2. Distribuição da condição da oclusão na população de pré-escolares brasileiros e fatores associados. Variáveis do modelo inicial e razão de prevalência bruta (RP) pela análise
bivariada da presença de oclusopatia e fatores associados e variáveis do modelo final e razão de prevalência ajustada por regressão de Poisson Robusta (RPa) múltipla associadas à oclusopatia,
com seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95% e valor de p, Brasil, 2010.
*Teste Exato de Fisher. ** R$ 1,00 = US$ 1,66 no ano de 2010.
RP: razão de prevalência bruta pela análise bivariada da presença de oclusopatia e fatores associados RPa: razão de prevalência ajustada pelo modelo de regressão de Poisson Robusta com seleção de variáveis pelo método de backward. IC: intervalo de confiança: significante ao nível de 5%.
29
DISCUSSÃO
Apesar de não terem se mantido no modelo final, a associação de maior
prevalência de má oclusão entre as crianças oriundas de famílias com menor número de bens,
menor renda e maior aglomeração domiciliar, há relatos na literatura que no Brasil as
limitadas ações de saúde bucal para todas as faixas etárias, faz com que ocorra polarização de
acúmulo de necessidades de tratamento e aumento de todas as morbidades de saúde bucal, em
especial a má oclusão1. É notória a pior qualidade de saúde em geral e, em especial, a saúde
bucal, voltando mais uma vez ao problema da baixa oferta e pouco acesso aos serviços de
assistência odontológica do SUS. Além disso, os usuários do serviço público frequentemente
possuem menos anos de estudos, menor renda familiar, menos uso diário de fio dental e de
colutórios, levando também a piores quadros de saúde bucal 3
Outra variável que se manteve associada à maior prevalência de má oclusão
apenas no modelo bruto foi pertencer ao sexo masculino. Apesar da plausibilidade desta
ocorrência ainda não estar bem esclarecida, alguns autores não encontraram associação ao
sexo5, sendo que outros encontraram associações com o sexo feminino24,14 e ainda, outros, a
mesma associação deste estudo 9
A plausibilidade da associação entre má oclusão e o sexo ainda não está bem
esclarecida na população brasileira, uma vez que as evidência tem demonstram maior
prevalência de má oclusão tanto no sexo masculino9 quanto no feminino24,14, assim como
nenhuma diferença de prevalência entre os sexos 5. No presente estudo, a maior prevalência
de má oclusão no sexo masculino foi evidenciada apenas no modelo bruto. Nas últimas
décadas houve significativo declínio mundial na prevalência da cárie dentária17. Esta mesma
tendência tem sido observada na população pré-escolar brasileira, com redução significativa
de 35,71% nos índices de ceo-d na população infantil6,7. Apesar desta redução significativa no
índice de ceo-d, cerca de 80% de sua composição é representado por dentes cariados não
tratados7. Sugerindo que as crianças de menor idade não estão tendo acesso necessário aos
serviços odontológicos, caracterizando uma expressiva demanda reprimida por tratamento
odontológico aos 5 anos de idade 7. Ao se discutir acesso aos serviços odontológicos é
relevante destacar que no Brasil existem desigualdades no perfil dos atendimentos, havendo
escassez de atendimentos nas áreas mais afastadas dos grandes centros 21.
Este estudo apresenta uma importância peculiar por conter dados de base
populacional do último Inquérito Nacional Brasileiro de Saúde Bucal da idade índice de 5
anos7. Possibilitando o estabelecimento da prevalência e fatores que encontram-se associados
30
à má oclusão nesta idade. Porém, o índice utilizado neste inquérito para mensurar a má
oclusão aos 5 anos não permitiu que fosse determinado a sua severidade e consequentemente
a determinação da real necessidade de intervenção ortod t i a nesta população. O que seria
de grande relevância para o estabelecimento de metas e diretrizes de implementação de
políticas públicas para prevenção e tratamento ortodôntico nesta população.
A interpretação das associações de causalidade deste estudo requer parcimônia já
que fatores de exposição e o desfecho são determinados simultaneamente 12, condição inerente
ao desenho utilizado no presente estudo. Assim, um possível viés de memória dos familiares
ao responderem o questionário com dados referentes aos seus dependentes também pode ter
ocorrido.
Os resultados deste estudo sugerem que os pré-escolares com alguma
manifestação clínica da doença cárie possui razão de prevalência 37,39 vezes maior de
apresentar má oclusão na dentição decídua do que as crianças livres de cárie. Adicionalmente,
crianças que residiam no interior, apresentavam morbidade bucal referida e presença de dor
de dente são mais suscetíveis à má oclusão na dentição decídua. Estes dados possuem
importância estratégica para o planejamento de ações preventivas e curativas que possam
interferir na ocorrência e severidade deste agravo, uma vez que a presença deste na dentição
decídua pode ser considerada um fator preditivo de má oclusão na dentição permanente.
31
CONCLUSÃO
A prevalência da má oclusão na população dos escolares brasileiros neste estudo foi de
57,35%. A presença de má oclusão apresentou associação positiva com morbidade bucal
referida, com presença de alguma manifestação clínica da doença cárie (ceo-d>0), com a
presença de dor de dente e com residir no interior do Brasil.
Estes resultados possuem importância estratégica para o planejamento de ações
preventivas e curativas que possam interferir na ocorrência e severidade deste agravo, uma
vez que a presença deste na dentição decídua pode ser considerada um fator preditivo de má
oclusão na dentição permanente.
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REFERÊNCIAS
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