UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA CARLOS BATISTA DE OLIVEIRA PRÁTICAS DE CIDADANIA E O TRABALHO EM GRUPO NO ENSINO FUNDAMENTAL NATAL/RN – 2015.2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
CARLOS BATISTA DE OLIVEIRA
PRÁTICAS DE CIDADANIA E O TRABALHO EM
GRUPO NO ENSINO FUNDAMENTAL
NATAL/RN – 2015.2
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CARLOS BATISTA DE OLIVEIRA
PRÁTICAS DE CIDADANIA E O TRABALHO EM GRUPO NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso, modalidade Relatório de Práticas Educativas, apresentado ao Curso de Pedagogia do Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura Plena.
Orientador: Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade
NATAL/RN – 2015.2
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CARLOS BATISTA DE OLIVEIRA
PRÁTICAS DE CIDADANIA E O TRABALHO EM GRUPO NO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso, modalidade Relatório de Práticas Educativas, apresentado
ao Curso de Pedagogia do Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura Plena.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Profa. Dra. Renata Viana De Barros Thomé
UFRN - DFPE
____________________________________________________
Profa. Dra. Soraneide Soares Dantas
UFRN - DPEC
_____________________________________________________
Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade – Orientador.
UFRN - DPEC
Aprovado em ____ de dezembro de 2015
NATAL/RN – 2015.2
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AGRADECIMENTOS
Quero neste momento especial, agradecer a Deus o Senhor dos Senhores e Rei dos Reis para
todos aqueles que creem, pela força, graça, amor e sabedoria que tem nos concedido todos
os dias de nossa vida e por ter enviado o seu filho Jesus Cristo “Em quem todos os tesouros
da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Bíblia Sagrada). Acredito piamente nestas
afirmações.
A minha esposa Vânia e a sua mãe Margarida que me apoiaram sobremaneira desde o começo até o término do curso (pela paciência que tiveram e o apoio que me deram em todos os sentidos), aos meus amados filhos Carlos Daniel e Natanael Felipe, que são o motivo da minha inspiração; é também para eles que dedico esse trabalho.
Agradeço especialmente a Faculdade Maurício de Nassau que para mim, foi onde o curso de Pedagogia começou e onde tive contato com as primeiras teorias do curso, sendo a porta de entrada para a Universidade onde conseguimos ingressar através da seleção de transferência voluntária em meados de 2010.
Também sou grato aos colegas que estiveram mais próximos de mim, e assim nos ajudamos mutuamente, Luciene, Bruno, Alcimar, Ítalo e Antônio. Aos professores do Curso que de uma forma ou de outra contribuíram e ainda contribuem para o nosso sucesso como educadores e que trabalham incessantemente para as melhorias na educação do nosso país.
Não poderia deixar de lembrar do colega Allysson Maxsuel, bolsista do PIBID e parceiro nas atividades e companheiro no projeto que foi elaborado, de forma tal que muito contribuiu para a composição do texto que temos produzido. A Professora Nathália Duarte que foi a nossa Supervisora nas ações do PIBID e estendeu a sua mão sempre que era necessário.
Agradeço também ao Professor João Maria Valença que nos orientou mesmo apesar do pouco tempo que tivemos, pela sua dedicação e pelos importantes ensinamentos na disciplina de Ensino de História II.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte que é reconhecidamente uma das melhores Universidades deste país. Enfim, a todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para a produção deste gratificante e prazeroso trabalho.
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RESUMO
Este relatório foi produzido a partir trabalho realizado na Escola Estadual Professor Luiz
Antônio, na turma do 4º ano do Ensino Fundamental I, e é parte integrante do Programa
Institucional de bolsa de iniciação à docência (PIBID PEDAGOGIA DA CAPES / UFRN). Tem como
objetivo, registrar, refletir e argumentar sobre as ações pedagógicas realizadas durante no
período de 05/08/2014 a 12/11/2014. Nos propomos a relatar e discutir as práticas
trabalhadas e desenvolvidas em sala de aula, as reuniões de formação e de orientação da
professora supervisora e, também, as intervenções em sala de aula. Nestas, abordamos
assuntos relacionados à cidadania e os valores (a gentileza e o respeito), a inclusão social, a
preservação ambiental, o uso racional da água e da energia elétrica. Desta forma, estimulamos
a amizade e o melhor relacionamento professor-aluno e aluno-aluno, fortalecendo os
princípios de igualdade e companheirismo em sala de aula e fora dela. Além disso, tratamos
os conteúdos de forma a reafirmar a importância da cidadania e do ser cidadão. Estas
reflexões nos servirão para analisar, rever e aperfeiçoar nossas práticas e o trabalho em grupo
no ensino fundamental.
PALAVRAS CHAVES: Cidadania, educação, planejamento pedagógico.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O cartaz da gentileza, referente a quarta intervenção ............................................ 32
Figura 2: Carta de elogio entregue aos funcionários da escola .............................................. 33
Figura 3: Jogo sobre o uso racional da energia e da água ...................................................... 36
Figura 4: Coquetel de palavras ............................................................................................... 37
Figura 5: Cartaz produzido pelos alunos na aula “O cidadão e a política”.............................. 40
Figura 6: Aula da Culminância, acróstico com a palavra CIDADANIA ...................................... 41
Figura 7: Convite da escola para o dia da culminância do projeto ......................................... 42
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS 4
RESUMO 5
LISTA DE FIGURAS 6
INTRODUÇÃO 8
SEÇÃO 1 – O CONTEXTO DA FORMAÇÃO DOCENTE 11
1.1. O CURSO DE PEDAGOGIA DA UFRN 11
1.2. O CONTEXTO DO PIBID E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA OS PEDAGOGOS EM FORMAÇÃO INICIAL
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1.3. A ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR LUIZ ANTÔNIO 15
1.4. A EQUIPE PEDAGÓGIGA, A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E OS SUJEITOS ENVOLVIDOS
16
1.5. A ESCOLA E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 19
1.6. O PERFIL DA PROFESSORA SUPERVISORA 21
1.7. OS ALUNOS DO 4ºANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 22
SEÇÃO 2. RELATO REFLEXIVO DA DOCÊNCIA 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
REFERÊNCIAS 45
APÊNDICES 47
ANEXOS 52
8
INTRODUÇÃO
No começo do segundo semestre de 2014, quando retornamos às atividades do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID Pedagogia, pensávamos em
de que forma iriamos realizar o trabalho nos seus primeiros momentos e consequentemente
num tema que estivesse de acordo com as aspirações da turma e que ao mesmo tempo
estivesse de acordo com os nossos anseios também. As reflexões do primeiro semestre nos
fizeram pensar sobre isso, e na primeira reunião com a diretora da escola foi dada a sugestão
para que todos os participantes elaborassem temas que envolvessem valores éticos e morais
em sala de aula. Isso, porque foi grande o número de casos de indisciplina nas turmas da escola
no semestre anterior. Foi pensando nisso e em nossa convivência com a turma que
idealizamos o Projeto “Cidadania dentro e fora da Escola – Construindo a cidade dos sonhos”.
Na intenção de ensinar temas que levem o aluno a primeiro visualizar o objeto que está em
foco de estudo, para depois, pensar criticamente. Houve também o desejo de ajudar os alunos
a serem cidadãos melhores, pois ao ouvir a história de vida de cada um nos sentimos tocados
emocionalmente ao saber que havia alguns deles que nem ao menos tinham proteção
familiar. Outro motivo que nos levou a desenvolver este projeto foi a de conhecer e descrever
- embora que de forma sucinta a realidade de uma escola pública, sendo que a experiência
adquirida nos alertou para algumas das dificuldades e possibilidades do trabalho em grupo
em uma Escola Pública.
Assim, procuramos demonstrar que o que está sendo ensinado deve também ser
relevante para os educandos. Então surgiu a questão: Ainda há espaço na escola para
ensinarmos cidadania? Podemos ensinar aos alunos a cidadania de forma coletiva, partindo
de um princípio sócio afetivo e sócio cultural?
Nessa perspectiva, vale a pena refletir inicialmente e de maneira breve sobre o que é
Didática e suas proposições – tendo em vista que ela é a matéria que em termos teóricos
norteiam o trabalho pedagógico e para um bom planejamento é essencial. Para Piletti (2000)
a didática tem o objetivo específico à técnica do ensino e para Comênio (2006) a didática é a
arte de ensinar tudo a todos. Independente a definição, o professor deve ter uma boa didática
para que seu aluno consiga aprender o que é necessário para o seu crescimento como cidadão.
Para Libâneo (2014, p.25) cabe à didática “converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos
em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos,
estabelecer vínculos entre o ensino e a aprendizagem. Tendo em vista o desenvolvimento das
capacidades mentais dos alunos”.
Libâneo (2014) vai além ao dizer que a Didática “opera como que uma ponte entre “o
que” e o “como” do processo pedagógico escolar” (IDEM, P.27). Ela será a mediação entre a
prática docente e as bases teórico-científica da educação escolar. A didática está intrínseca
em várias áreas do conhecimento que pesquisam o desenvolvimento humano: Filosofia,
Sociologia, Psicologia, Antropologia, História, Política, Teorias da comunicação entre outras.
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Por isso, é necessário ter em mente que para um trabalho de boa qualidade, estes
elementos da didática são indispensáveis para um bom aproveitamento. E por isso, que, nós
com o apoio da professora titular, enveredamos por esse caminho, pois tínhamos como meta,
elaborar aulas que tivessem o selo PIBID de qualidade. Uma de nossas principais preocupações
era e ainda é o de – sempre agir e refletir sobre nossas ações e sempre dar continuidade aos
conteúdos, fazendo elo entre a primeira aula e a aula seguinte para que houvesse
encadeamentos e sequência de um modo didático bem elaborado para facilitar o aprendizado
e o entendimento do aluno.
Para elaborarmos este relatório e como procedimentos da metodologia de pesquisa,
utilizamos a revisão bibliográfica, onde consultamos o referencial teórico adotado e sob a
análise das Diretrizes Nacionais Curriculares para o Curso de Pedagogia (2006), do Projeto
Pedagógico do Curso de Pedagogia (2009) da Universidade Federal do Rio grande do Norte
(UFRN, 2009) e também o regulamento interno do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID - CAPES – UFRN, 2010). A referência metodológica principal foi o
guia Para sistematizar experiências, observamos que:
Este ponto de partida é o que nos permite aproximarmos da sistematização a partir da
própria riqueza das experiências pede que se faça: apropriar-se da experiência vivida
e dar conta dela, compartilhando com os outros o aprendido (HOLIDAY, 1995, p.26).
Isso é importante para a produção dos trabalhos científicos, sistematizar para obtermos
uma boa organização do trabalho, observando que o fenômeno estudado pode nos dar
respostas importantes para perguntas não respondidas e abrir um leque para pesquisas
posteriores e maior compreensão dos temas. Para isso, será necessário inserir registros e
reflexões das práticas realizadas durante o desenvolver do projeto. Adotamos um modelo
metodológico qualitativo de pesquisa, pelo qual realizamos uma entrevista com a professora
Supervisora do PIBID e titular da sala de aula da qual trabalhamos e que muito nos motivou e
enriqueceu sobremaneira o nosso planejamento. Concordamos plenamente com Chizzotti
(2003, p.222) quando afirma que há:
Diferentes orientações filosóficas e tendências epistemológicas inscrevem-se como
direções de pesquisa, sob o abrigo qualitativo, advogando os mais variados métodos
de pesquisa, como entrevista, observação participante, história de vida, testemunho,
análise do discurso, estudo de caso e qualificam a pesquisa como pesquisa clínica,
pesquisa participante, pesquisa ação, teoria engendrada (grounded theory), estudos
culturais etc.
Portanto, organizaremos este relato na sequência que nos permitirá na primeira Seção
conhecer os contextos do curso de Pedagogia da UFRN, do PIBID/Pedagogia, da Escola
Estadual Professor Luiz Antônio. Nesta, a prática em sala de aula e os sujeitos envolvidos nesse
trabalho que são os professores, bolsistas e alunos da Instituição de ensino, contextualizando
assim o nosso Planejamento e as ações que foram objeto deste relatório.
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Na segunda Seção faremos um relato reflexivo da docência onde serão expostos
nossos planejamentos de aula, as inquietações, analises e reflexões sobre as nossas ações, as
atitudes dos alunos e avaliações sobre o trabalho realizado. Levando em conta os nossos
possíveis erros e acertos, e finalmente concluiremos o trabalho frente às considerações finais.
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SEÇÃO 1 – O CONTEXTO DA FORMAÇÃO DOCENTE
1.1 . O CURSO DE PEDAGOGIA DA UFRN (Presencial. Natal)
O curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte comtempla as
mais diversas áreas de atuação no campo da educação. De acordo com o Projeto Político
Pedagógico do Curso (2009), a base curricular comtempla desde os Fundamentos Histórico-
filosóficos da educação, Educação e linguagem, Seminários de pesquisa, Aprendizagem e
desenvolvimento da linguagem, Didática, Práticas pedagógicas, Sociologia da educação,
Alfabetização e letramento, Introdução a tecnologia educacional e Estágio supervisionado
obrigatório.
Além disso, os componentes curriculares voltados para a educação inclusiva, tais
como: Educação especial, Metodologia do ensino especial (mental) e as Metodologias de
ensino que preparam os futuros docentes para o exercício de disciplinas específicas: Língua
portuguesa, História, Ciências, Geografia e Matemática. Podemos afirmar que nesse contexto
temos uma base teórica bem elaborada.
No que diz respeito à justificativa para o funcionamento do Curso, é proposto que seja
formado um profissional responsável e comprometido com as questões sociais e que
contribua através do seu trabalho na formação de cidadãos emancipados e participantes para
uma sociedade melhor, para que assim eles estejam envolvidos e sejam ativos nas demandas
e debates tanto do ponto de vista cultural quanto do ponto de vista político, e para que isso
aconteça:
A formação do pedagogo deverá contribuir para a compreensão do processo educativo
e sua relação com a sociedade, em uma postura crítica e consciente sobre esta relação
e agindo de forma autônoma e cooperativa para a constituição de processos
educativos mais coerentes com os ideais de emancipação educacional. (PROJETO
POLITICO PEDAGÓGICO 2009. p.19)
Isso nos faz pensar na importância do profissional pedagogo, pois ele carrega consigo
um grande aporte de conhecimentos que trazem subsídios intelectuais para compreender as
necessidades e conflitos que ocorrem em todas as áreas de do trabalho profissional e
educativo. Observamos que na base teórica do Curso está diretamente relacionada às
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia (BRASIL, 2006.P.01) que afirmam:
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Art. 3º. O estudante de Pedagogia trabalhar um repertório de informações e
habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja
consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em
princípios de interdisciplinaridade, contextualização e democratização, pertinência e
relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética.
Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central:
I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de
promover a educação para e na cidadania;
II - a pesquisa, a análise e a aplicação de resultados de investigações de interesse da
realidade educacional;
III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e
funcionamento de sistemas e instituições de ensino.
Analisando essas proposições, enxergamos a necessidade de adequação do curso,
atualização e qualificação dos profissionais diante de grandes desafios para os próximos anos,
isso porque os sistemas de ensino vão se modernizando a cada dia e os instrumentos
pedagógicos seguem uma tendência mais sofisticada tendo em vista os avanços na
informática – por exemplo, e a globalização que propõem as instituições uma necessidade de
comunicação não somente presencial mais a distância também através da Internet e outras
mídias sociais.
Contudo, há também uma preocupação em associar a teoria e a prática. Em pesquisa
realizada na Instituição - onde foram entrevistados 101 alunos na instituição em 2004 (PPP, P.
11-17), foi feito um diagnóstico onde foi constatado que dos 100% dos entrevistados, 41%
deles acreditavam que o Estágio ocorre num momento mui tardio do curso. Para corroborar
com isso, ouvimos nos corredores da Instituição e em conversas com colegas a necessidade
de uma adequação do curso no que diz respeito a grade curricular. Alguns acham que o curso
é muito recheado de teorias e precisa ter mais espaço para atividades que proporcionem mais
experiência aos formandos, ao mesmo tempo, há outros que consideram ter o curso uma
longa duração e ser repetitivo em alguns momentos.
Quanto as nossas aspirações que tínhamos no Curso de Pedagogia, uma delas era
conhecer melhor a realidade das escolas públicas. Sendo assim, não haveria melhor
oportunidade do que a de inserir-se no espaço das escolas públicas. Os estágios foram
também bem interessantes para isso. No entanto, gostaríamos de ir mais adiante, com isso, o
ingresso no PIBID e o conhecimento de suas práticas foram determinantes para entendermos
melhor a dinâmica do labor pedagógico. É sobre isso que trataremos agora.
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1.2. O CONTEXTO DO PIBID E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA OS PEDAGOGOS EM FORMAÇÃO
INICIAL
O PIBID é um Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência e um subprojeto
do Curso de Pedagogia presencial da UFRN (2014 – 2015). Este é um projeto em nível nacional
que prepara e proporciona experiência no campo educacional para os alunos das Licenciaturas
e os mantém em contato com a realidade das escolas públicas. Decerto que a visão de alguém
que adere a este programa sentirá o impacto da realidade da escola pública, pois a experiência
lhes proporcionará uma visão real e preparadora para o exercício profissional da docência.
Além disso, conforme pudemos observar nas reuniões do segmento pelo qual
ingressamos no PIBID por meio de processo seletivo ano de 2014, que há uma preocupação
da equipe Pedagógica em estreitar e aproximar as distâncias que existem entre o teórico e o
prático, e os temas que são trabalhados nos remetem as propostas sugeridas nos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Em cada encontro são convidados professores para ministrar oficinas
abordando vários temas atuais de várias áreas do conhecimento mais diretamente
relacionadas à formação docente.
O planejamento é o diferencial para a didática destes futuros professores, de modo que
com estas propostas são desenvolvidos projetos para cada dupla de bolsistas em cada
semestre. Sobre isso Libâneo (2004, p.246) propõe que:
O planejamento é um processo de racionalização, organização, e coordenação da ação
docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola,
os professores, e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o
que acontece no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e
culturais que caracterizam a sociedade de classes.
Por isso os bolsistas são estimulados a fazer relatórios no final de cada encontro,
reunião e intervenção para que possam compreender a realidade e a história de vida de cada
aluno, e assim observar as especificidades de cada um. Compreender o comportamento de
cada indivíduo e aprender a lidar com eles, tanto para que o trabalho não acabe se tornando
um peso, quanto para que através da afetividade e amizade e com respeito possa prevalecer
atitudes de cooperação e assim os conteúdos possam ser assimilados.
Há também reuniões nas escolas parceiras, e ainda tentativas de ampliar o projeto e
faze-lo mais abrangente.
Os objetivos do Programa são descritos no Regulamento Interno do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência / PIBID – UFRN (2010, P.2):
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Art. 2º O programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (PIBID – UFRN) compartilha os objetivos gerais do
PIBID expostos no ARTIGO 3º DO Decreto nº 7.219, de 24 de junho de 2010, visando,
essencialmente, fomentar a iniciação á docência de futuros professores dos cursos de
licenciatura para atuarem no âmbito da Educação Básica, articulando teoria e prática,
universidade e escolas, de forma a estimular o desenvolvimento do espírito cientifico
nos licenciandos e nos alunos das escolas públicas envolvidas neste programa.
Dessa forma, entendemos que há relação entre a prática e teoria. A aproximação entre
a Universidade e as escolas é trabalhada de uma forma dinâmica e interativa, onde há não
somente troca de experiência, mas um real esforço pela melhoria da educação, por meio da
formação continuada para os professores, coordenadores, supervisores e diretores das
escolas credenciadas. O PIBID Pedagogia está organizado sob estes objetivos específicos dos
quais se afirma no artigo 3 (Idem, p.2) que se deve:
I - Proporcionar aos futuros professores a participação em ações e experiências
didático - pedagógicas articuladas às orientações das políticas educacionais (LDB, PCN,
DCN etc.) e à realidade das escolas, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino
Médio da rede pública de ensino;
II – Desenvolver experiências focadas na prática docente que se orientem para a
superação de problemas identificados no processo ensino-aprendizagem de modo a
contribuir para a melhoria da qualidade da formação docente nas áreas de
abrangência deste Programa;
III – Contribuir para a formação continuada em serviço dos professores das escolas
públicas conveniadas, tornando-os co-participantes do processo de formação inicial
dos licenciandos;
IV – Promover, junto aos integrantes do projeto, diálogos que oportunizem a
apreensão dos saberes da profissão nas diferentes ações das práticas e das
aprendizagens da docência, favorecendo, assim, a coerência entre a formação dos
professores e as finalidades das políticas voltadas à Educação Básica;
V – Promover a aproximação entre ensino e pesquisa, compreendendo a prática
educativa como campo de pesquisa educacional e geração de conhecimento.
Isso oportuniza ao aluno, compreender as várias possibilidades e caminhos a trilhar
em busca de sua identidade profissional se inserindo nas práticas da Universidade, e um maior
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conhecimento das políticas públicas e debates em torno da educação. Para Ingressar no PIBID
– para as escolas participantes é necessário que “tenham obtido Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (IDEB) abaixo da média nacional e naquelas que tenham experiências bem
sucedidas de ensino e aprendizagem” (REGULAMENTO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE
BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA, 2013, p.4). Isso se constitui numa boa oportunidade das
escolas inovarem em suas práticas. De acordo com a Portaria Nº 096, de 18 de julho de 2013.
(Idem. ,p.4) o PIBID sugere que:
Art. 7. O projeto deve ser desenvolvido por meio da articulação entre a IES e o sistema público de educação básica e deve contemplar:
I – a inserção dos estudantes de licenciatura nas escolas da rede pública de ensino, espaço privilegiado da práxis docente;
II – o contexto educacional da região onde será desenvolvido;
III – atividades de socialização dos impactos e resultados;
IV – aspectos relacionados à ampliação e ao aperfeiçoamento do uso da língua portuguesa e à capacidade comunicativa, oral e escrita, como elementos centrais da formação dos professores;
V – questões socioambientais, éticas e a diversidade como princípios de equidade social, que devem perpassar transversalmente todos os subprojetos.
Além disso, o projeto possibilita oficinas, apresentações orais, produção de materiais
pedagógicos, e participação em eventos científicos, aonde ocorrem trocas de experiência
entre os professores e bolsistas. Portanto, o espírito e a linguagem da Universidade são
traduzidos em informações, das quais são transformadas em conhecimento que certamente
produziram mais fluência e valorização da aprendizagem voltada para a realidade dos alunos
da escola pública.
1.3. A ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR LUIZ ANTÔNIO
A Escola onde desenvolvemos o nosso trabalho está localizada numa área nobre e bem
desenvolvida da cidade de Natal no Bairro da Candelária e é mantida pela Secretária de
Educação do Estado do Rio Grande do Norte. Atende a uma clientela de alunos dos Bairros de
Candelária, Planalto e regiões circunvizinhas.
Quanto à estrutura física e material, podemos observar que o prédio possui uma boa
quantidade de salas que comportam alunos do Ensino Fundamental I. As salas por sua vez,
possuem uma boa iluminação com janelas amplas, embora não possuam uma ventilação
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adequada e alguns ventiladores não funcionam. A instituição possui salas definidas para
direção, secretarias e coordenação pedagógica, bem como as salas e ambientes especiais: 01
sala de vídeo, 01 biblioteca, 01 cozinha, 01 refeitório, 02 dispensa, 01 almoxarifado.
As instalações sanitárias do prédio são: 01 destinada aos diretores, 01 destinado aos
professores e 02 destinados aos alunos sendo um masculino e outro feminino. Observamos
que as condições do banheiro masculino, destinado aos alunos, são precárias, por possuir
diversos vazamentos. A água destinada aos alunos advém de um bebedouro coletivo. O
prédio também dispõe de corredores e quadra poliesportiva coberta.
Há 40 carteiras do tipo universitárias em cada sala de aula - em bom estado de
conservação, já nos outros espaços: a secretária possui 03 cadeiras e o almoxarifado 06.
Quanto aos armários, há na coordenação 02 armários, 01 na direção além de 01 fichário.
Segundo organização da escola, esse mobiliário consegue suprir as suas necessidades. A
respeito dos materiais didáticos, a escola possui 01 retroprojetor, 02 copiadoras, 01
impressora multifuncional, 03 televisores sendo 02 na sala de vídeo. Estes materiais didáticos
são adquiridos com recursos do PDE e do PDDE.
Há uma quadra poliesportiva coberta e de tamanho oficial que é pouco usada.
Os recursos financeiros, as verbas para a manutenção e compra de materiais advém
do PDE, PDDE, PAGUE e MEC. Sendo o recurso do PDE bienal, do PDDE uma parcela anual e o
PAGUE doa quatro parcelas anuais. O MEC destina uma parcela a cada quarenta dias para a
merenda. A escola recebe o recurso e faz a prestação de contas com o Estado e com o MEC.
Vale observar que naquele momento da nossa experiência, a parcela destinada a merenda
ainda não havia sido recebida pela escola. Como consequência disso, os alunos estavam sendo
liberados mais cedo até a data de 29 de abril de 2014. A respeito da merenda, no turno horário
matutino é oferecida aos alunos às 09h e 30min, e no vespertino, às 15h e 20min.
1.4. A EQUIPE PEDAGÓGIGA, A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E OS SUJEITOS ENVOLVIDOS
A escola atende em sua maioria aos alunos dos Bairros Planalto, Candelária e regiões
adjacentes. Embora esteja localizada em um bairro de classe média; os alunos são de origem
pobre, filhos de pais pertencentes à classe trabalhadora. Durante nossa intervenção, a
instituição contava com 391 alunos nos dois turnos, 22 professores; duas coordenadoras (uma
responsável pelo turno matutino e a outra pelo vespertino), ambas com especialização em
gestão escolar; uma diretora com especialização em educação infantil; uma vice-diretora que
exerce a função de psicopedagoga. Ainda conta com 03 serventes, duas merendeiras, 02
porteiros e 01 vigia que trabalham nos dois turnos.
Quanto à estrutura de organização e funcionamento da escola, o organograma está
em andamento de acordo com o que foi definido para o ano letivo. Ainda em relação à
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organização, a direção fica responsável pela gestão escolar. A coordenação pedagógica
desempenho múltiplas mediante aos conflitos que podem ocorrer na escola; entre outras
funções, e cabe a secretária a responsabilidade pelos documentos e entraves burocráticos.
Há uma boa articulação entre as pessoas que fazem parte do gerenciamento das atividades
da escola - que é regida por um regulamento escolar usado esporadicamente. Embora essas
funções estejam bem definidas, não há uma exposição desse quadro corporativo nos murais
da escola, bem como os horários de trabalho do corpo escolar.
No que diz respeito à coordenação pedagógica e à orientação educacional,
observamos que faz um bom tempo que os professores não recebem nenhum tipo de
educação continuada. Há uma unidade de ação da equipe técnica e um respeito mútuo e
todos trabalham, a fim de garantir uma boa organização pedagógica. Um secretário dessa
equipe envia, semestralmente, um relatório para a Secretaria de Educação, contendo
informações do rendimento escolar.
O funcionamento da Secretária escolar se dá a partir de normas definidas pela
Secretaria de Educação. Existe um bom relacionamento com a Secretaria de Educação e a
Diretoria Regional de Ensino, onde há um acompanhamento esporádico na escola nos âmbitos
pedagógico e administrativo.
Embora haja um bom relacionamento com pais e comunidade, a escola não possui
uma associação de Pais e Mestres e seu Conselho Escolar, no momento, se encontra inativo.
A escola possui uma espécie de banco de dados que contém informações dos pais dos alunos.
Há uma reunião semestral, no entanto, pode haver outras caso haja necessidade. A frequência
dos pais deixa a desejar. A escola cede seus espaços apara alguns eventos como retiro religioso
e concurso público, entre outros realizados pela comunidade local.
Falando sobre o planejamento escolar, na primeira semana de aula é feito o Plano
Pedagógico-curricular. Esse plano é feito de acordo com o levantamento de dados e
informações que geram um diagnóstico. Esse plano serve como base no planejamento e
elaboração dos Planos de Ensino.
Em relação à organização geral da escola, a instituição possui uma gestão democrática,
para a qual um dos principais entraves é a burocracia. Por possuir esse tipo de gestão, o diretor
não toma decisões unilaterais. O gestor passa a maior parte do seu tempo acompanhando e
avaliando o trabalho de cada setor, além de ir à busca de parcerias e recursos para a escola
bem com a gestão de fato. Para o funcionamento da rotina da escola, não há um critério
definido quanto ao número fixo de vagas. Observamos haver vagas suficientes, ficando a
quantidade de alunos por sala, em média, a 24. Os alunos que possuem uma idade menor
ficam no turno da manhã. Já os de idade um pouco mais avançada, para sua série, ficam no
turno da tarde. Em ambos os turnos a escola oferta apenas o Ensino Fundamental I.
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As disciplinas (áreas) são distribuídas por hora aula em que esses horários são fixados
pelos coordenadores e a direção da escola. A distribuição dos professores para as turmas é
feita por escolha. Cada professor escolhe aquela série que mais se identifica. Ao final de cada
semestre o professor faz um diagnóstico de suas atividades e de sua turma. Para isso, o
professor possui o diário de classe. Nele estão contidas a presença dos alunos e todo o
andamento do dia. Há algumas faltas dos alunos em que, quase sempre, são justificadas. Caso
necessitem, as aulas de recuperação são feitas no horário regular de aula e sempre vem
acompanhada de revisão de conteúdos.
Em relação ao acolhimento dos alunos, os estudantes chegam acompanhados pelos
pais e se dirigem ao pátio central onde é feita uma oração. Em seguida são levados para suas
salas de aula. As 09h30min é chegada a hora do intervalo que dura 30 minutos. A escola exige
que o aluno use o uniforme. No entanto, há um entrave para o recebimento gratuito e a
compra deste uniforme, assim a instituição acaba sendo flexível. Quando o aluno apresenta
um nível maior de conhecimento para a sua série, esse aluno pode ser remanejado para a
série seguinte.
A semana de planejamento é organizada em conjunto com professores e se dá de
acordo com as séries. Cada professor tem seu dia de planejamento através de uma escala. Os
livros didáticos utilizados no planejamento, e em sala de aula, são enviados pelo MEC. Os
professores trabalham de forma integrada e podem chegar a fazer uma articulação entre as
séries durante algumas atividades. Outro fator que os auxiliam é a assistência pedagógica
efetiva da equipe técnica. Durante a semana há discussão sobre as temáticas trabalhadas em
sala de aula que podem incluir a realização de atividade e projetos em conjunto. Entretanto,
os professores tem acesso a outros tipos de materiais que são disponibilizados em forma de
vídeo, livros, revista etc. Através de atividades os professores decoram suas salas de acordo
com cartazes, desenhos e gravuras disponíveis.
No tocante a disciplina dos alunos, um dos principais problemas encontrados é a
convivência com usuário de drogas, e pelo fato de muitos se encontrarem em situação
delicada na sociedade e na família (quando existe, pois alguns alunos habitam em Casas de
Passagem). Alguns acabam possuindo um comportamento arredio e violento. Estes
acontecimentos são tratados através de reunião com os responsáveis pelo aluno. A Secretária
de Educação ajuda a conviver e a combater esse tipo de situação desenvolvendo uma
capacitação as demandas profissionais do trabalho. Esse tipo de ‘treinamento’ acontece em
anos alternados.
No que diz respeito à assistência aos alunos, não há um sistema de normas definido de
uma forma colaborativa entre direção e corpo docente. Algumas medidas são tomadas em
prol do apoio para a adoção de estratégias no enfrentamento de dificuldades de
aprendizagem dos alunos. Procura-se no momento colocar alguns alunos em salas de reforço
que estão sendo criadas na escola para o atendimento individualizado e especializado. Alguns
19
professores, por conta própria, passam atividades extras para aqueles alunos que possuem
maior dificuldade em determinado assunto.
Em termos de avaliação, o Projeto da escola passa por revisões e reelaborações de
acordo com as necessidades apresentadas em reuniões e discussões em grupo. A eficácia e
acompanhamento dessas e outras atividades pedagógicas e administrativas são realizadas
pelos envolvidos na gestão da escola. Os professores não são orientados para a elaboração de
instrumentos de avaliação, uma vez que esses instrumentos já vêm elaborados pela Secretária
de Educação. No entanto, há momentos previstos para a discussão dos resultados da avaliação
da aprendizagem dos alunos.
Percebemos em nosso diagnóstico que a escola, assim como outros setores da
iniciativa pública, apresentou algumas necessidades e deficiências, e que apesar desse déficit
há um esforço conjunto do corpo escolar para melhorar, tanto os aspectos físicos, quanto a
qualidade da educação. Foi importante para nós, conhecer as necessidades da escola para,
por meio desse diagnóstico, podemos compreender melhor as necessidades dos alunos e
corpo docente. Isso nos ajudou a compreender o contexto escolar que não é o mesmo em
todos os lugares, mas fez alguma diferença para que pudéssemos desempenhar um bom
trabalho final e contribuir para a educação desses alunos.
1.5. A ESCOLA E O PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO
No que diz respeito à apresentação do PPP da escola, fica claro que houve a intenção
de envolver em sua construção não somente a equipe pedagógica, mas também a
participação da comunidade escolar. Ele é apresentado desta maneira, (Projeto Político
Pedagógico da Escola Estadual Luiz Antonio, 2006, p.2):
Esta proposta é o resultado dos estudos, reflexões e discussões realizadas por professores, equipe técnica, direção, apoio pedagógico e funcionários da escola, com objetivo de auxiliar a todos na execução de seus trabalhos. Esta atividade de estimulo e apoio á reflexão sobre a prática diária das ações educativas, do planejamento das aulas e também para a atualização profissional dos educadores e todos que contribuem para o desenvolvimento do currículo desta unidade de ensino, na perspectiva da melhoria do processo ensino e aprendizagem dos alunos. Neste sentido, estamos abertos a novas contribuições e sugestões, que permitirão a revisão permanente deste documento.
Para que haja uma educação de qualidade uma escola precisa ter objetivos claros e
que indiquem propostas que enxerguem os problemas e apontem soluções, desta forma, a
escola precisa deixar claro até que ponto deseja chegar. Pensando nisso, o PPP da escola
apresenta os seguintes objetivos: (IDEM, p.9)
20
Desencadear ações com a participação de todos os segmentos da escola, visando nortear as atividades desenvolvidas, na perspectiva de melhorar a qualidade do ensino, diminuir a evasão e a repetência e contribuir para o crescimento social e global do aluno.
Garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania, dotando o educando dos instrumentos que permitam continuar aprendendo, tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos afinados com a contemporaneidade, com a construção de competências básicas, situando-o como sujeito produtor de conhecimento e participante do mundo do trabalho.
Quanto ao referencial teórico, a escola se preocupa em orientar-se seguindo as
proposições do sócio interacionismo, e algumas das ideias advindas do construtivismo, e o
ideal libertador pregado por Paulo Freire, além de seguir as instruções dos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Portanto a base teórica indica que (IDEM, P.11)
A filosofia educacional de uma escola expressa os valores que identificam o perfil do homem que se deseja formar. Neste sentido, acreditamos que a educação é um direito inestimável, devendo preparar o homem para o momento presente e também para futuro. Para isto, torna-se extremamente insuficiente à mera transmissão de conteúdos descontextualizados, e amplia o leque de possibilidades, assumindo um processo de formação que integre escola-vida.
Há então, uma preocupação em cuidar dos alunos, com espaço para o conselho
escolar em que os pais possam opinar e acompanhar o desempenho de seus filhos, de forma
que possa haver uma harmonia entre aprendizado intelectual, profissional, dedicação e
inserção na vida cotidiana como um cidadão de bem e alguém que seja útil, de uma forma que
possa comporta-se como um bom participante e de alguma forma tentar fazer a diferença no
meio onde vive.
21
1.6. O PERFIL DA PROFESSORA SUPERVISORA
Optamos por uma turma do 4ºano de Ensino Fundamental, nesta escolha formamos
parceria com uma professora que era ao mesmo tempo Titular da sala e supervisora do PIBID
na escola.
A professora é formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte e mestranda em Educação. Atua como Professora há seis anos e é concursada
estatutária. Ela enxerga a sala de aula como um lugar de construção coletiva do conhecimento,
com boa experiência em turmas de Ensino Infantil e Fundamental, tendo atuado também no
ensino de Jovens e adultos (EJA). Começou a lecionar em casa quando abriu uma turma de
reforço escolar. Já atuou também em escolas particulares e atualmente ela trabalha também
como docente no Projeto educação para o trabalhador do SESI NATAL.
No que concerne a formação docente, pedimos a Professora para que nos dissesse
como ela se construiu na carreira. Ela nos respondeu que atuar na educação foi um projeto
de vida “um sonho que se transformou em realidade”, pois ela sentiu e percebeu inúmeras
dificuldades quanto da falta de professores, falta de compromisso de alguns funcionários,
além da estrutura precária das escolas onde estudou.
Segundo ela, o Curso de Pedagogia é essencial na preparação para o mercado de
trabalho e a inserção na área da Educação e um caminho para a valorização e ascensão social.
Isso garante ascensão e reconhecimento, além de garantir estabilidade na profissão e abrir
outras portas para os profissionais dedicados. Em sua opinião, a área da gestão é a que mais
necessita de qualificação. Ela ponderou que há muitos profissionais que assumem as direções
das escolas sem ter qualificação e isso pode implicar em problemas que se estendem desde o
acesso a verbas até mesmo ao caráter pedagógico do ensino. Nota se aqui que ela considera
na gestão escolar a base para todo o funcionamento escolar.
Pedimos na entrevista que a professora fizesse uma reflexão geral sobre o trabalho do
PIBID na formação docente e em seu trabalho como Supervisora. Ela nos relatou que o PIBID
concede aos alunos em formação o contato com a realidade e é capaz de revelar se eles
fizeram a escolha profissional certa para suas vidas. Além disso, contribui para o
22
amadurecimento de suas práticas. Desta forma, eles se sentirão integrados e corresponsáveis
pelo processo educativo do qual fazem parte.
Ela realiza as reuniões com os seus orientandos bolsistas todas as tardes de terça-feira
e costuma levar textos para reflexão extraídos da Revista Escola e da internet. A partir daí, faz
um debate, levando-os a reflexão e depois disso, orienta o planejamento da intervenção
seguinte. E ainda traz os informes sobre os eventos, datas de submissão de trabalho, prazos a
serem cumpridos, entre outros.
As ações, planejamento e instruções da professora foram indispensáveis para o
trabalho que realizamos contribuíram não somente para a exposição dos temas escolhidos,
mas também para despertamos a afetividade e além do mais conhecer a história de cada um
dos alunos.
1.7. OS ALUNOS DO 4ºANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
A sala de aula é ampla e comporta bem até 40 alunos. Durante os momentos de
observação, percebemos que as carteiras eram dispostas em fileira, havia um armário e um
quadro branco para a escrita das atividades. Na turma do 4ºano do Ensino Fundamental havia
23 alunos. Grande parte vem de famílias de renda baixa e moram no Bairro Planalto,
Candelária e regiões circunvizinhas. A maioria dos alunos estava num bom nível de
alfabetização e letramento, dominando bem as atividades de leitura e escrita. No entanto,
três alunos mereceram um olhar especial e maior atenção, pois não conseguiam acompanhar
a turma e estavam num nível de alfabetização entre silábico alfabético convencional com e
sem valor sonoro. Ou seja, tinham dificuldades de reconhecer as pautas sonoras, no entanto,
eram preparadas para eles atividades específicas e em todas as oportunidades pudemos
enxergar que houve inclusão de modo que sempre havia um colega para ajudar o
companheiro com dificuldade.
Tivemos uma excelente recepção da turma e desde o primeiro momento eles se
mostraram dispostos a participar das atividades, interagindo bem conosco e sempre eram
estimulados a cumprir as regras e combinados estabelecidos desde a primeira intervenção no
começo do projeto.
O nosso planejamento, se dava uma vez por semana e contava sempre com a
Professora Supervisora. Nesse momento, fazíamos reflexões sobre as aulas anteriores,
organizávamos o material, escutávamos as sugestões da professora. Além disso, discutimos
os resultados para traçar as estratégias e metodologias adotadas para as intervenções
seguintes.
23
Na próxima seção trataremos das nossas intervenções e faremos também uma análise
de cada uma das aulas realizadas e da sua importância para o nosso processo formação
enquanto Pedagogo em formação.
24
SEÇÃO 2. RELATO REFLEXIVO DA DOCÊNCIA
A Escola Estadual Professor Luís Antônio tem como prática expor o tema geral do
semestre para o conhecimento e participação da equipe pedagógica e os bolsistas envolvidos
no PIBID. Para o semestre de 2014.2 a proposta foi que trabalhássemos os Valores Sociais.
Isso porque foi grande o número de casos de indisciplina nas turmas da escola no semestre
anterior. Tendo como este o tema central, foram divididos diversos subtemas para os
bolsistas, ficando ao nosso cargo o subtema Cidadania. Vale a pena salientar que para registrar
nossas experiências houve uma preocupação de [...] “contar com o registro de tudo isso, que
tenha sido feito o mais perto possível do momento no qual ocorreu cada fato. Não é possível
fazer uma boa sistematização se não se contar com uma informação clara e precisa do
acontecido”. (HOLIDAY, 2005, p.89), por esse motivo, nos esforçamos em reunir a maior
quantidade possível de informações para enriquecer o nosso trabalho.
Já com a proposta escolhida, elaboramos o nosso planejamento com base nos
seguintes passos:
Momentos de observação: nesse momento nós ficamos em sala de aula,
durante todo período matutino, como ouvintes sem interferir na aula da
professora. Observamos os conteúdos que foram ministrados, o
comportamento dos alunos e suas peculiaridades, bem como a resposta
participativa a determinadas atividades. Com isso pudemos elaborar um plano
de aula que se adequasse as necessidades e interesse da turma e que tivesse
uma correlação com os assuntos ministrados em sala de aula e a proposta a ser
trabalhada. O Momento de observação foi feito quinzenalmente as quintas-
feiras durante o período matutino.
Momento de planejamento: uma vez por semana nós no reunimos com
nossa professora supervisora, que também era a professora da turma da qual
fizemos nossa intervenção. Nesse momento realizávamos as reflexões sobre as
intervenções e observações realizadas em sala durante a semana. Além disso,
discutíamos o planejamento e execução da próxima intervenção a ser realizada
e separávamos os materiais e recursos pedagógicos que seriam utilizados na
25
hora da intervenção. Vale salientar que o planejamento poderia ser adequado
ao tempo que tínhamos disponível e assim estava sob a perspectiva de que “O
trabalho docente, como vimos é uma atividade consciente e sistemática, em
cujo centro está a aprendizagem ou o estudo dos alunos sob a direção do
professor” (LIBÂNEO 2014, p.247)
Momento de intervenção: durante esse momento tínhamos total
liberdade com a turma para executarmos o que fora planejado durante a
semana. Desta forma, colocávamos em prática os assuntos relacionados com o
tema que estava sendo trabalhado e aplicávamos a nossa metodologia de
ensino. Sempre com objetivos a possibilitar os alunos a compreender e abstrair
os conteúdos ensinados, pois “estabelecer os objetivos é uma tarefa tão
importante que deles vão depender os métodos e procedimentos de
transmissão e assimilação dos conteúdos e as várias formas de avaliação
(parciais e formais)”, (LIBÂNEO, IDEM, p.268). Desta forma, dávamos muita
ênfase a participação dos alunos e todos eram incentivados a comparecer às
aulas, visto que havia na turma alguns alunos faltosos.
Para compor este Relatório, iremos expor as diversas intervenções que foram
realizadas que tiveram como tema norteador a cidadania e alguns assuntos que se relacionam
a esse tema.
Em nossa primeira intervenção do segundo semestre, no dia 22 de agosto de 2014,
relemos os “combinados” para a boa convivência escolar, construídos durante as intervenções
do primeiro semestre (respeitar os colegas de sala e os ‘professores’ do PIBID, participar das
atividades, não chamar ‘palavrões’, entre outros). Conversamos sobre a importância deles
para um bom aprendizado. Depois, levamos a turma para a sala de vídeo, aonde foi exibida
uma apresentação com fotos e filmagens de atividades executadas durante o semestre
anterior. Neste momento foi possível observar que eles gostaram de ver os vídeos e as fotos,
pois de certa forma houve um retorno das atividades que foram executadas e isso gerou um
sentimento de gratidão e reconhecimento por parte dos alunos. Notamos que houve um
interesse muito grande pelas dinâmicas de interação.
Em seguida, expomos mais três vídeos que teriam como intenção instigar os alunos a
descobrirem qual o tema que seria trabalhado no semestre que iniciava. O Primeiro vídeo
26
tratava sobre o respeito aos animais, e os outros dois abordavam temas sobre a
conscientização ambiental, uso dos “3R” (reciclar, reaproveitar, reutilizar). Neste momento a
turma refletiu sobre os vídeos e deu opiniões. Em um dos vídeos havia uma música que
continha duas frases bem marcantes que orientava os alunos a não se acompanhar com
alguém que faz algo errôneo. Eles puderam expor sobre situações que passaram e refletimos
sobre tais atitudes. Relacionando isso à educação ambiental e o papel do educar Jacobi (2003)
reflete:
Entende-se, portanto, que a educação ambiental é condição necessária para modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas ela ainda não é suficiente [...] O educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza.
Sendo assim compreendemos a importância de se trabalhar temas relacionados ao
meio ambiente, pois entendemos que refletir esse tema junto com as crianças faz com que
elas possam compreender a necessidade de tais cuidados ambientais.
Após o intervalo apresentamos uma dinâmica que tinha por intenção demonstrar aos
alunos a importância do zelo e das dificuldades que sofrem as pessoas que são excluídas pela
sociedade. Ela foi trabalhada desta forma: os alunos deveriam se organizar em grupo de cinco
integrantes. Tocávamos uma música e depois pausávamos. Os alunos deveriam se juntar em
novos grupos com a mesma quantidade. Como na turma havia vinte e três alunos, os que
ficaram fora dos grupos demonstraram sentimentos emocionais de grande insatisfação.
Fizemos isso, intencionalmente, pois a finalidade da dinâmica era especialmente demonstrar
para eles a satisfação dos que estavam bem acolhidos em seus grupos e o desapontamento
dos que ficaram de fora (alguns quiseram desistir). Esses acontecimentos foram importantes
para introduzir o tema e ensinar aos alunos da tristeza que sofrem as pessoas excluídas da
sociedade. Houve a possiblidade de discutirmos com a turma acerca do dom natural que o ser
humano tem de ser sociável e estar em grupo. Postic (1995, p.14) afirma que:
[...] a socialização é a aprendizagem de condutas fundamentadas no conhecimento que se tem das características das situações, das pessoas, das formas de acção que parecem apropriadas bem como dos usos em vigor para as relações com os outros, condutas essas que são fruto da experiência.
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Sendo assim, estar em grupo e agradar aos outros para ter boas relações é de fato um
caminho seguro em direção a socialização e a cidadania. Continuando a nossa reflexão sobre
a dinâmica relatada acima, podemos listar mais alguns fatos ocorridos neste trabalho:
Necessidade de estarem no mesmo grupo com os colegas pelos quais tem
maior afinidade;
Resistência, ou seja, não queriam ficar fora dos grupos;
O egocentrismo prevaleceu de forma que os que ficaram fora dos grupos e
sentiram-se bastantes envergonhados e irritados. Pedimos para que os alunos
que estavam bem acomodados nos grupos dissessem o que estavam
sentindo, depois disso, listamos as palavras: amizade, trabalho em grupo,
união, felicidade, alegria, amor, entre outros;
Os excluídos do grupo não disseram o que nós esperávamos ouvir, pois ao
contrário do que se imaginava eles expuseram palavras de gratidão, mas, foi
fácil inferir através das expressões que seus verdadeiros sentimentos eram de
frustração, raiva, desapontamento, insatisfação e vergonha. Entretanto, no
final desta primeira parte da dinâmica nós pedimos para que todos
abraçassem os que ficaram de fora para que os maus sentimentos fossem
embora.
Em seguida fizemos a tradicional roda de conversa para que trocássemos ideias sobre
o trabalho realizado. Neste momento pedimos que eles dessem opiniões. Para isso, usamos
duas bolinhas uma bola espinhosa, que representava uma pessoa difícil de lidar, e uma bola
colorida que representava uma boa ação de cidadania. Por fim, refletimos sobre as
dificuldades do convívio social e do nosso papel enquanto cidadão para que pudéssemos
melhorar nossa cidade e o convívio coletivo.
Em nossa segunda intervenção, dia 29 de agosto, iniciamos a aula com a dinâmica do
“nó emaranhado”. Pedimos para que eles cruzassem os braços por entre e/ou sobre os
ombros e segurassem as mãos dos colegas próximos. Pedimos que: 1º) todos os alunos
resolvessem o problema de desatarem o “nó”; 2º) para que ao final se formasse um circulo;
3º) resolvessem o problema entre si. Observamos que inicialmente eles tiveram um pouco de
dificuldade, mas depois conseguiram desemaranhar o nó. Depois da explicação da dinâmica,
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dividimos toda a turma em dois grandes grupos. Um com seis e outro com sete alunos.
Notamos que um dos grupos teve mais dificuldades de resolver o problema exposto, então
pedimos para que falassem das dificuldades e reportassem com breves palavras o que deu
certo e o que deu errado e a razão disso. Então, surgiram diversas opiniões das quais ouvimos
deles: falta de comunicação, pressa e desentendimento, enquanto que ao grupo que
conseguiu terminar primeiro, relataram que: houve conversa, troca de ideias e
companheirismo entre eles. A partir disso discutimos sobre a importância do trabalho
cooperativo e demos sequência a atividade seguinte e as considerações finais. Foi fácil
perceber que os alunos gostam muito de trabalhar em grupo, eles se sentem bem e a
aproximação com os colegas lhes permite agir com mais ânimo, dedicação e liberdade. De
acordo com Pilleti (2000, p.115):
O trabalho em grupo oferece ao aluno a oportunidade de estabelecer troca de ideias e opiniões, desenvolvendo as habilidades necessárias à prática da convivência com as pessoas.
Na escola, o trabalho em grupo colabora para:
Completar, fixar e enriquecer conhecimentos;
Enriquecer experiências;
Atender às diferenças individuais;
Desenvolver o senso de responsabilidade;
Treinar a capacidade de liderança e aceitação do outro;
Desenvolver o senso crítico e a criatividade;
Desenvolver o espírito de cooperação.
Sendo assim, estimulamos a turma a colaborar para a construção de novas amizades
e, com isso, proporcionar aulas mais interativas e menos enfadonhas. A timidez de alguns
alunos foi sendo superada, ao ponto de apresentarem seus talentos e buscarem novas
parcerias para solucionar alguns problemas, quer seja da matéria em estudo e/ou do próprio
convívio social.
No segundo momento, começamos o trabalho com o gênero carta. Observamos que,
nesse momento a turma foi ficando inquieta com o longo desenvolvimento das atividades
orais. Explicamos os gêneros textuais da Língua Portuguesa, como o antigo telegrama e o
cartão postal. Lemos quatro modelos de carta diferentes e fizemos uma leitura participativa.
Notamos que nesse momento houve muita conversa e momentos de rivalidade, pois alguns
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queriam sempre ler e estar no centro das atenções. Foi necessária a mudança de alguns alunos
de uma carteira para outra. Com muita persistência conseguimos ler as três primeiras cartas
até o fim deste horário. Percebemos que os alunos, assim como nós, possuem a necessidade
de se auto afirmar perante o grupo e, para isso, usam do saber adquirido. Não que isso seja
de todo um mal, mas percebemos que devemos enfocar as questões egocêntricas e de
autoafirmação exacerbadas para que na construção do caráter isso não fique bastante
explícito, pois pode prejudicar o convívio social.
Para o término da aula, propusemos que eles fizessem uma carta com endereçamento
livre.
Em nossa terceira intervenção, no dia 05 de setembro, começamos fazendo uma
reflexão sobre as cartas que foram produzidas pelos alunos, elogiamos os alunos pelas cartas
escritas e seus conteúdos (a nosso ver bastante produtivos e ricos), que tiveram
endereçamento livre. Surgiram destinatários como os colegas, funcionários da escola, nós
bolsistas, a governadora do Rio Grande do Norte e até houve um aluno que escreveu para
Deus.
Depois apresentamos slides para dar início ao assunto inclusão social, com enfoque
nas pessoas com necessidades especiais, cujo tema era Cuidando dos Amigos com
Necessidades especiais. Apresentamos os slides, pedindo que eles analisassem as fotos e
dessem opiniões. Entendemos que a aula expositiva foi um pouco cansativa. Entretanto, nós
relatamos alguns exemplos de pessoas que se superaram e lutaram contra suas limitações.
Relatamos casos de pessoas que após sofrerem um acidente e terem um membro amputado
conseguiram se tornar desportistas, de um cadeirante que superou o câncer medular e de
inúmeros atletas que hoje são referências nacionais.
Para que os alunos se inteirassem das dificuldades e obstáculos encontrados pelos
deficientes visuais, fizemos a dinâmica do cego e o guia, na qual eles deveriam conduzir um
colega com olhos vendados, que representaria uma pessoa com deficiência visual. Os alunos
foram divididos em duplas e cada integrante ficou responsável por representar um papel: ou
de cego ou de guia. Os guias então, conduziram seus respectivos colegas ao pátio e depois
pelos corredores. O guia tinha o papel de orientar acerca dos obstáculos no caminho que
estavam por vir ao passo que o outro experimentava a sensação de não enxergar. Em seguida,
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retornaram a sala para uma inversão dos papéis. A maioria dos alunos se interessou pela
atividade levando a sério o trabalho proposto seguindo fielmente o que foi combinado por
nós. Ao fim da dinâmica perguntamos a sensação deles de terem vivenciado em ambos os
papéis.
Após o intervalo, fizemos a leitura participativa do texto “Amigos que Necessitam de
Cuidados Especiais”, (ver anexo 2), que culminava com uma atividade que retomava e resumia
o tema do dia, (ver anexo 3). Neste dia percebemos uma intensa participação dos alunos nas
atividades relacionada às pessoas com necessidades especiais.
Sempre que executávamos uma atividade refletíamos sobre o interesse dos alunos. A
partir daí, tivemos a necessidade de adequar o nosso planejamento, por isso resolvemos
prosseguir com o tema cuidando dos amigos especiais em nossa quarta intervenção.
Deste modo, na quarta intervenção, no dia 12 de setembro, resolvemos informá-los
sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Abordamos o tema, mostrando a eles o alfabeto
em libras. Dividimos a turma em duplas, onde eles se dispuseram a aprender estes sinais.
Sentimos que neste momento a turma comportou-se bem, entenderam e incorporaram o
espírito da tarefa. Explicamos para a turma sobre a dificuldade de alunos surdos que são
estimulados as práticas orais e aprenderem a falar. Assim surge a eficiência da língua de sinais.
De fato:
Pesquisas sobre a língua de sinais vêm mostrando que estas línguas são comparáveis em complexidade e expressividade a qualquer língua oral. Estas línguas expressam ideias sutis, complexas e abstratas. os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, moda, e utiliza-la com função estética para fazer poesias, contar estórias, criar peças de teatro e humor. como toda língua de sinais aumentam seus vocabulários, com novos sinais introduzidos pela comunidade surda, em resposta às mudanças culturais e tecnológicas, assim aliada à necessidade surge um novo sinal desde que ele se torne aceito, sendo utilizado pela comunidade. (FELIPE 2007, p.20)
Sendo assim, é notável a importância da LIBRAS. Divulgá-la nas escolas estimula a
interatividade, e suas muitas possibilidades de exploração fomenta a aproximação com
colegas e amigos surdos.
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Além do mais, mencionamos rapidamente o Braile que é a língua usada para a
comunicação escrita dos cegos. O tema inclusão foi trabalhado com sucesso, houve boa
interação conosco e entre eles. Tivemos confiança de que os conteúdos foram bem
assimilados, pois houve um retorno quase que imediato da turma. Nós e as crianças
entendemos que ser deficiente não é ser ineficiente e/ou inútil, mas é possível ser proativo e
embora com algumas limitações. O indivíduo com necessidades especiais pode e deve ser
tratado como alguém capaz de ser produtivo e participante da sociedade, ainda que esta seja
marcada por estereótipos de beleza, cor, padrões anatômicos e até de identidade religiosa.
Segundo Ribas (1994, p.12):
Assim é que em qualquer sociedade existem valores culturais que se consubstanciam no modo como a sociedade está organizada. São valores que se refletem imediatamente no pensamento e nas imagens dos homens, e norteiam as suas ações. São valores que terminam por se refletir nas palavras com que os homens se exprimem. Assim sendo, em todas as sociedades a palavra “deficiente” adquire um valor cultural segundo padrões, regras e normas estabelecidos no bojo de suas relações sociais.
Citamos vários exemplos de superação, e tentamos desmistificar sobre o que é e o que
não é ser deficiente. Estimulamos a turma a valorizar a diversidade, pois todos nós, embora
sejamos bem parecidos – temos os nossos defeitos, especialmente, porque nem sempre
aprendemos a lidar com nós mesmos e às vezes temos certas dificuldades.
No segundo momento da aula, passamos ao tema aprendendo a homenagear. O nosso
objetivo aqui era trabalhar com eles palavras gentis e simples, na tentativa de formar um
hábito que tinha por lema: “elogiar é melhor do que criticar”. Desta maneira, introduzimos no
quadro branco palavras e frases que lhes ajudassem na tarefa de tratarem-se melhor uns aos
outros: obrigado, por favor, com licença; que bom que você veio, gosto muito de você, quero
ser seu amigo, seja muito feliz, etc. Este foi o caminho que encontramos para leva-los a criar
o cartaz da gentileza que, em seguida, depois de ser produzido seria exposto em um dos
corredores da escola.
32
(Figura01. Cartaz da Gentileza. 12/09/2014. Acervo pessoal)
Retomando a uma aula anterior, trabalhamos a carta de elogio, como parte do estudo
dos gêneros textuais. Sugerimos para a turma dois exemplos escritos no quadro branco: no
primeiro, a carta seria endereçada ao porteiro da escola; no segundo, seria endereçada a
diretora. A ideia era homenagear os funcionários da escola. (Ver anexo 1).
Fizemos uma Lista com os nomes deles e encaminhamos a atividade no propósito que
cada funcionário fosse homenageado com uma carta. Mendonça (2005), ao comentar sobre
a exploração dos gêneros na escola, pondera que é preciso criar situações-problema ou
aproveitá-las, pois isso se constitui numa eficiente oficina de produção textual “uma vez que
a situação mobiliza uma série de referenciais para a leitura/produção: interlocutores, esfera
de produção/circulação, suporte, etc., tudo isso influenciando na configuração do gênero”
(Mendonça (2005), p.50).
33
(Figura 02. Carta de elogio entregue aos funcionários da escola. 12/09/2014. Acervo pessoal)
É importante trabalhar na escola não somente textos em formas prontas, como os que
aparecem nos livros didáticos, mas inserir no cotidiano das práticas pedagógicas situações
para produzir leitores e escritores, oferecendo-lhes oportunidades sócio interacionistas e/ou
sócio construtivistas, de maneira de que isso também seja significativo para os alunos e que
também exerçam uma determinada função social. Por esse motivo, elaboramos essa
estratégia para falar para eles da necessidade da gentileza no convívio social. Wendel (2012,
p. 5) nos explica dessa forma:
É fácil aprender e praticar a gentileza no cotidiano como algo natural. Ser gentil é voltar-se para si mesmo e entender que é naturalmente necessitado da convivência e do carinho do outro e que pode realizar aquilo que a natureza lhe deu que é a sobrevivência pelo amor, sabendo que a gentileza é o bem-estar coletivo.
Este pensamento acima é de fundamental para as relações humanas e para uma
verdadeira promoção da cidadania, tratar as pessoas bem, com gentileza e amor é
fundamental para a convivência. E quando falamos em convivência, lembramos que a
educação começa em casa, com os pais e com os parentes próximos. Trabalhar estes conceitos
de forma prática e teórica nas salas de aulas e nas instituições de ensino pode fazer toda a
diferença e será um caminho aberto para um verdadeiro exercício da cidadania.
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Trabalhar estes conceitos de forma prática e teórica nas salas de aulas e nas
instituições de ensino também é papel do professor, por isso:
Escolher a profissão de professor implica um grande desafio, principalmente porque o professor tem que estar atualizado e olhando para o futuro. Muitas vezes, o professor sabe que tem condições de realizar muito mais do que exige a programação escolar, mas nem sempre consegue realizar tais realizações. Vai aos poucos desistindo, desacreditando, e busca inúmeras desculpas e razões para, na verdade, justificar o descaso e o não fazer. (VAGULA; RAMPAZZO; STEINLE; 2009, P.29)
Entretanto, o querer do professor – é às vezes – poder, na perspectiva de fazer e/ou
dar o melhor de si, se a visão do mestre for realmente direcionada para o seu aluno com
certeza, teremos aspirações para um futuro melhor e aperfeiçoamento do trabalho
Pedagógico. Piletti (2000, p. 45) faz uma comparação entre eficácia é eficiência na preparação
para a ministração de uma boa aula e do controle e técnica para o processo de aprendizagem,
de acordo com o exemplo dado:
Um professor que ministra uma aula utilizando as melhores técnicas de ensino, cumprindo rigorosamente o horário e utilizando um bom material didático, pode ser eficiente sem ser eficaz. Ele será apenas eficiente se, apesar de tudo o que faz, não obtiver resultados. Mas será eficiente e eficaz quando os alunos aprenderem o que ele ensinou. A eficácia, portanto, é a ação que alcança resultados. Eficiência é apenas a ação realizada de acordo com as normas estabelecidas, mas sem resultados.
Tanto se fala nos dias atuais nos problemas de aprendizagem que permeiam o campo
da educação, sem dúvida é preciso também investigar os problemas de ensinagem dos
professores e investir mais em formação e proporcionar mais tempo e facilidade de acesso a
novos cursos, pois sabemos que há profissionais que trabalham em até três turnos diários,
isso pode até mesmo atrapalhar na qualidade de vida dos mesmos.
Na nossa quinta intervenção, dia 19 de setembro, começamos com uma roda de
conversa e pensamos juntos a respeito da aula anterior. Em seguida, apresentamos para eles
o “termo de compromisso” e a aula sobre Cidadania e a preservação ambiental “Cuidar do
mangue também é uma ação de cidadania” (ver anexo 4). O termo orientava os alunos a
usarem as palavras gentis vistas da aula anterior. Entretanto, ficou entendido que eles
35
deveriam usar as palavras gentis em todas as demais aulas do ano letivo. Todos assinaram o
termo. Além disso, ficou determinado que um deles deveria ler o termo para toda a turma e
fazer o juramento com o braço estendido – como sinal de confirmação daquilo que foi
combinado.
Na continuação, trabalhamos uma apresentação em Powerpoint, com o título: Cuidar
do mangue também é uma ação de cidadania. Esse tema trata da cidadania – no que tange a
preservação ambiental. Dentro deste conteúdo estava o Rio Potengi, o mangue de Natal, e a
influência de Chico Science – Criador do Movimento Mangue Beat em Recife e do Cientista
Social Josué de Castro, criador do termo “homem-caranguejo”, para denominar as pessoas
que viviam nos mangues de Recife. Josué de Castro e Chico Science foram apresentados como
exemplos de pessoas que lutaram pela preservação do ecossistema manguezal no Estado de
Pernambuco e por melhores condições de vida das pessoas. Destacamos também o papel e o
trabalho dos órgãos responsáveis pela preservação, neste caso: o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e do Instituto do Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA).
Relatamos sobre a poluição, os maus tratos para com o Rio Potengi em Natal, a
devastação do mangue, o crescimento da carcinicultura (cultivo de camarão) e as mudanças
ocorridas com o passar do tempo, os potenciais econômicos como a pesca, o turismo, e os
potenciais naturais – como a fauna e a flora local. No Recife, a devastação e a influência da
construção do porto de Suape para a economia e ao mesmo tempo, o impacto ambiental que
isso causou, inclusive atraindo tubarões para a orla ocasionando ataques, em alguns casos
fatais. Percebemos que isso é ocasionado pela força do capitalismo desenfreado – é claro,
causado pelo homem. De acordo com Moraes e Costa (1993, p.182) o que existe é:
[...] um amplo movimento. Este é também um movimento bastante contraditório. A humanização dos espaços de comandada pelo capital, isto é, orientada segundo seus interesses, privilegia os espaços de produção em detrimento dos espaços de vivência é de desnaturalização do espaço sobre o qual se desenvolve.
36
Isso se dá devido aos interesses comerciais e ao desenvolvimento para atender aos fins
lucrativos das empresas, enquanto isso o ser humano vai destruindo o seu habitat e ricos
ecossistemas são muito prejudicados com a ação maliciosa de alguns que enxergam um futuro
de suposto crescimento econômico e assim modificam as paisagens. Entretanto o que mais
chamou atenção nesta aula foi o interesse dos alunos em querer conhecer os tubarões. Fato
que nos surpreendeu e nos fez pensar em dar sequência sobre este assunto na aula seguinte.
Em nossa sexta intervenção, no dia 26 de setembro, trouxemos para a turma o tema
Melhores Amigos. Neste encontro tivemos a oportunidade de trabalhar com eles a revista do
Sesinho (SESI, 2014) que tinha por título “Melhores Amigos”. Para esta atividade conduzimos
os alunos à biblioteca. Lá eles ficaram a vontade, sentados ou deitados pelo chão. Os alunos
tiveram oportunidade de conhecer o cão guia que é adestrado para acompanhar as pessoas
com deficiência visual. No segundo momento trabalhamos com eles um jogo que tinha por
objetivo instruí-los sobre o uso racional da água e da energia e dos perigos da eletricidade.
Eles aprenderam a usar a água de forma a economizar, evitando banhos demorados, ao lavar
as mãos ou escovar os dentes. Quanto à energia, não abrir a porta da geladeira e deixa-la
aberta por muito tempo, apagar as luzes sempre que sair das salas, não ligar eletrodomésticos
com o corpo molhado, entre outros. Observamos que houve um bom desempenho na leitura
e no jogo cedido pela Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN). Este jogo é
um jogo de tabuleiro e tinha por finalidade ensinar os alunos a usar a energia com inteligência,
economia e segurança. O aluno que conseguisse chegar primeiro ao vencer as etapas do jogo
seria o vencedor.
(Figura 03. Jogo sobre o uso racional da energia e da água. 26/09/2014. Acervo pessoal)
Cabe aqui uma reflexão dos Parâmetros Curriculares Nacionais na área de Ética (1997,
p. 37) que propõe:
37
A busca de coerência entre o que se pretende ensinar aos alunos e o que se faz na escola (e o que se oferece a eles) é também fundamental. Não se terá sucesso no ensino de autocuidado e higiene numa escola suja e abandonada. Nem se poderá esperar uma mudança de atitudes em relação ao desperdício (importante questão ambiental) se não se realizarem na escola práticas que se pautem por esse valor. Trata-se, portanto, de oferecer aos alunos a perspectiva de que tais atitudes são viáveis, exeqüíveis, e, ao mesmo tempo, criar possibilidades concretas de experienciá- las.
A reflexão acima nos indica que não é suficiente apenas ensinar, mas ensinar pelo
exemplo, proporcionando oportunidades de interagirem com o objeto em foco de estudo
para que haja coerência entre o que se ensina e o que se vive.
Na sétima intervenção, no dia 03 de outubro retomamos a aula anterior e ensinamos
os alunos a preencher um recibo de energia, antes ensinamos passo a passo como isso deveria
ser feito, onde deveriam observar todos os campos de preenchimento. Em seguida,
informamos sobre o papel social que a COSERN exerce, apoiando projetos sociais e culturais
em nosso estado. Logo após, trabalhamos o coquetel de palavras, determinando um tempo
para que os alunos encontrassem as palavras levando em conta o conteúdo que estava sendo
ministrado.
(Figura 04. Trabalhando o coquetel de palavras. 03/10/2014. Acervo pessoal)
Foi importante notar que havia diferentes ritmos de aprendizagem na turma, pois
enquanto uma minoria concluía as atividades quase que ao mesmo tempo, alguns nos pediam
explicações duas ou três vezes; isso revela que “[...] O processo de aprendizagem do aluno é
individual. Cada um apreende as situações propostas pelo professor com as suas próprias
38
características que provém do seu próprio saber, dos seus hábitos de pensar e agir”. (POSTIC,
1995.p.16).
Assim, não devemos querer que o aluno aprenda no nosso tempo. Se faz necessário
respeitar os modos de estudos deles e compreender que o tempo de amadurecimento do
aprendizado do estudante não é o mesmo imposto pelo professor.
No dia 07 de outubro acompanhamos a turma para auxiliar a professora em uma aula
passeio no Parque das Dunas. Este é considerado o segundo maior parque urbano do Brasil e
recebe todos os dias muitos visitantes. Respirando um ar puro num dia bastante ensolarado
as crianças se alegraram e brincaram muito. Neste dia se privilegiou a educação do
movimento, houve partidas de futebol, jogos de queimada, brincadeiras com bambolê, puxa
corda, dinâmicas e atividades em grupo, nas quais havia revezamento entre os participantes
e envolvimento de todos.
No dia 08 de outubro houve mais uma visita de estudos, desta feita foi para o cajueiro
de Pirangi, que é considerado o “maior cajueiro do mundo”. Nesta visita os alunos tiveram a
oportunidade de conhecer o cajueiro e um pouco de sua história relatada por um dos
monitores. Tiveram uma aula sobre preservação ambiental, receberam um folder que resume
bem a história do cajueiro que é também um dos principais pontos turísticos da cidade e ainda
saborearam o sujo de caju oferecido pelos funcionários do local. Estas duas aulas fizeram parte
da comemoração da semana da criança e foram parte especial da programação que foi muito
agradável para todos.
Colocamos em prática, no dia 14 de novembro, a oitava intervenção, da qual
intitulamos “o cidadão e a política”. Aproveitando o momento político que se instalara no país
e em nossa cidade em virtude das eleições de outubro de 2014, surgiu a ideia de trabalharmos
esse tema, Este tema não estava no nosso planejamento inicial. Entretanto, resolvemos
estudá-lo, pois seria um momento propício para exercer a cidadania através do voto mesmo,
que de uma forma simbólica. De acordo como os PCNs (1997, p.38) há uma necessidade dos
educadores se formarem e se prepararem na perspectiva de serem críticos e profissionais
formadores de opinião:
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Propor que a escola trate questões sociais na perspectiva da cidadania coloca imediatamente a questão da formação dos educadores e de sua condição de cidadãos. Para desenvolver sua prática os professores precisam também desenvolver-se como profissionais e como sujeitos críticos na realidade em que estão, isto é, precisam poder situar-se como educadores e como cidadãos, e, como tais, participantes do processo de construção da cidadania, de reconhecimento de seus direitos e deveres, de valorização profissional.
Portanto, os alunos precisam aprender desde cedo a cuidar da sua cidade e das
instituições democráticas. Para que isso aconteça deve haver a intervenção do professor em
sala de aula. Nesta aula, conversamos sobre a importância da democracia e do voto para o
fortalecimento da sociedade e das instituições públicas. Ensinamos aos alunos as atribuições
e os cargos, especificamente o que faz cada um representante público: Presidente da
República, governador, deputados estaduais e federais e, mais particularmente, prefeitos e
vereadores das cidades. Fizemos um encadeamento desta aula com uma outra que tratava
dos Estados que integram a federação brasileira, trazendo à memória uma atividade realizada
no primeiro semestre de 2014. As atividades deste dia se deram na seguinte ordem:
1º) Diagnóstico rápido sobre o que eles sabiam sobre o assunto e uma reflexão sobre alguns
dos problemas da cidade;
2º) Leitura de um texto que falava sobre a importância do voto, (ver anexo 5);
3º) Explicação sobre as atribuições dos representantes públicos;
4º) Preparação para a eleição simulada: os alunos foram divididos em 3 grupos: dois
representariam partidos e seus candidatos a governador, prefeito e vereador; o outro
grupo seria de eleitores. Os alunos se animaram sobremaneira e a “campanha política”
movimentou a sala de aula. Eles produziram cartazes, houve a petição de votos através
do boca - boca e elaboração de suas propostas por escrito em folhas de caderno;
5º) Apresentação das propostas de cada candidato e seus argumentos para conquista dos
votos;
6º) Eleição com a participação de todos e nossa atuação como fiscais de urna;
7º) Apuração dos votos e resultado final. Observamos que a atividade foi muito prazerosa para
todos, houve alegria, abraços e sorrisos por parte dos que ganharam. Por outro lado,
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embora um pouco entristecidos, os que “perderam” aceitaram bem o resultado das
urnas;
8º) No final, encaminhamos uma atividade de leitura para a casa visando maiores
esclarecimentos sobre o tema.
(Figura 05. Cartaz “O cidadão e a política”. 14/11/2014. Acervo pessoal)
A reflexão que fizemos desta aula muito nos alegrou. A participação e o envolvimento
da turma neste trabalho em grupo, nos fez sentir que quando os alunos são estimulados a
desenvolver um trabalho em equipe, são capazes de aprender mais e melhor. Além disso, o
sorriso estampado no rosto deles nos indicava que boa parte dos ensinamentos desta aula
foram assimilados, mesmo entendendo que aula foi bastante corrida, de forma que muitas
atividades foram desenvolvidas em um mesmo dia.
Quanto á avaliação, se deu em forma de exercícios escritos, desenhos, textos
produzidos em sala de aula, produção de cartazes e em atividades para casa. Considerava
ainda a participação e o envolvimento nas aulas e dinâmicas, contando com o trabalho em
grupo e os eventos que se deram em atividade extraclasse. Além disso, o respeito e as atitudes
de cooperação, o empenho nas atividades orais e o cuidado com o material pedagógico
também foram considerados.
Finalmente chegamos à aula de culminância, no dia 28 de novembro de 2014, ultima
aula do semestre e atividade do PIBID na escola neste ano. Neste dia houve a apresentação
dos trabalhos de todas as turmas da escola. Professoras, supervisoras, alunos e todos os
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bolsistas expuseram e apresentaram seus temas através de cartazes, peças teatrais, jogos,
musicais, acrósticos entre outros, no salão de eventos da escola. No primeiro momento da
aula, trabalhamos com a turma a finalização de um acróstico poético que já fora iniciado em
aulas anteriores, com o tema cidadania, (ver anexo 6). Este acróstico foi apresentado no
segundo momento, para toda a comunidade do turno matutino e coordenadores do PIBID.
(Figura 06. Acróstico poético com a palavra CIDADANIA. 28/11/2014. Acervo pessoal)
Contamos com a presença dos Coordenadores do segmento Ensino Fundamental do
PIBID e de representantes da direção da escola. Portanto, o momento foi de muita felicidade
pelo trabalho desempenhado e pelo encerramento das atividades deste período na escola.
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(Figura 07. Convites da escola para o dia da culminância do PIBID. 28/11/2014. Acervo pessoal.)
No dia 11 de dezembro, apresentamos um relato no Salão Pedagógico do
PIBID/Pedagogia, dentro dos eventos nacionais V Encontro Nacional das Licenciaturas e V
Seminário Nacional do PIBID. Ouvimos muitos relatos de experiência dos demais bolsistas de
outras escolas e tivemos oportunidade de conhecer mais profundamente o trabalho realizado
pelos colegas.
Voltando a refletir sobre o nosso trabalho, facilmente percebermos que o contato com
os alunos deixa marcas que podem ser boas ou más. Dessa forma, isso nos fez sentir
corresponsáveis pela turma e prontos para novos desafios. Esta experiência nos inspirou a
tentar resumir o trabalho realizados em dez tópicos, aqui sugeridos para serem incorporados
às nossas práticas profissionais, reforçando atitudes que colaborem para aulas mais dinâmicas
e significativas:
Ao iniciar o ano letivo, fazer um diagnóstico dos alunos;
Elaborar o planejamento pensando em todos da turma;
Não ser pessimista, ter convicção de que todos são capazes;
Conversar com cada um e procurar identificar suas possibilidades e dificuldades;
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Não ser um simples administrador do Livro Didático. Dominar as tecnologias de
informação (TICs). Reunir diversos recursos pedagógicos e organizar um acervo
particular. Evitar que a aula caia no marasmo, fazendo, sempre que possível, algo
diferente e motivador para os alunos;
Conquistar o respeito e a atenção dos alunos;
Usar músicas e trabalhar a educação do movimento, oferecer situações para que os
alunos possam desenvolver suas habilidades, trabalhando em grupo;
Coordenar as ações em um nível multidisciplinar, sendo companheiro dos colegas de
equipe;
Aproveitar todas as oportunidades para ensinar e buscar sempre aprender,
aperfeiçoar-se, qualificar-se e compartilhar idéias.
As ideias acima podem ser consubstanciadas através de um trabalho autêntico, sem
plágios e acima de tudo se traz à tona a relevância do diálogo para as relações humanas.
Pensando nisso, e dando ênfase aos escritos de Paulo Freire, Gadotti (1991, p.69) afirma que:
O diálogo é, portanto, uma exigência existencial, que possibilita a comunicação e permite ultrapassar o imediatamente vivido. Ultrapassando suas “situações-limites”, o educador-educando chega a uma visão totalizante do contexto. Isso deve ocorrer desde a elaboração dos temas geradores, da apreensão das contradições até a última etapa do desenvolvimento de cada estudo.
Sendo assim, dialogar permite não somente conversar, trocar ideias, ler um texto – vai
mais além: sugere um olhar atento as necessidades de ouvir os gritos da alma de alguns alunos
que estão esperando por algum um momento para ecoar. Ouvir ao outro pode ser também
uma forma interessante de ser mais humano. De alguma forma o educador tenta auxiliar os
alunos em dificuldade e/ou daqueles que demonstram comportamento preocupante e às
vezes arredio. Embora não sejamos psicólogos, neuropediatras e/ou psiquiatras, as nossas
ações gentis e de bom entendimento podem servir de lenitivo para formar pessoas que
possam ser incluídas e aceitas na sociedade onde vivem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho nos propusemos a trabalhar de forma sistemática e dinâmica. Grande
é a necessidade que temos hoje de qualificação de profissionais para a área educacional, no
entanto não haverá sucesso nos empreendimentos pedagógicos quando de fato não houver
compromisso e comprometimento dos profissionais da educação com os alunos que para nós
são o futuro da nação.
As ações realizadas no PIBID foram essenciais para o nosso crescimento na formação
profissional, experimentar a merenda da escola. Ouvir os conselhos e ensinamentos da
professora supervisora e aprender com os erros e acertos dos alunos e com os nossos
também, em termos de ensino e aprendizagem, enfrentar situações adversas. Chegando ao
final do ano, pudemos ver que o trabalho trouxe bons resultados, o que nos anima e renova
as nossas forças para irmos em frente. Por termos conquistado a amizade e o respeito da
turma, fomos chamados de professores – ensinamos sobre preservação ambiental, benefícios
da postura de um bom cidadão que compreendem quais sejam seus direitos e deveres,
ensinamos aos alunos que é sempre melhor elogiar do que criticar as pessoas e a cuidar dos
amigos que necessitam de cuidados especiais (a inclusão foi trabalhada em sala de aula),
também elogiar os funcionários da escola, a fazer bom uso da água e da energia, debatemos
sobre política e ensinamos aos alunos sobre o papel dos nossos representantes e a
importância de trabalhar em grupo, entre outros temas.
Portanto, tanto no curso de Pedagogia quanto no PIBID, os Docentes do Curso e os
Coordenadores de todos os segmentos nos inquietaram e nos despertaram para a não
acomodação diante do sistema educacional diante do que já está posto, mas que nas nossas
ações haja desejo por mudanças “considerando fundamental a unidade entre teoria e prática
para a condução do ato educativo numa direção libertadora” (GADOTTI, Idem, p.77). Dessa
forma, temos a esperança de construir um mundo melhor e mais justo e de alguma forma
lutar contra a reprodução e através disso diminuirmos as desigualdades e a opressão da qual
sofrem muitos dos nossos educandos e ainda sim almejamos e sonhamos por mudanças ao
começar pelo chão das escolas públicas.
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REFERÊNCIAS
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CNE/CP nº 01, de 15 de maio de 2006, do Conselho Nacional de Educação/CNE/CP.
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quarto ciclos: apresentação dos temas transversais, ética / Secretária de Educação
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2009.
46
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nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
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WENDEL, Nei. Praticando a Gentileza em sala de aula. Recife. Ed. Prazer de Ler, 2012.
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APÊNDICES
APÊNDICE 1 -PROJETO DE INTERVENÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA – PIBID Projeto de intervenção
Participantes
Professores coordenadores:
Dr. João Valença
Dra. Crislane Azevedo
Professora Supervisora:
Natalia Ferreira
Bolsistas do PIBID:
Allysonn Maxwell S. de Araújo
Carlos Batista de Oliveira
Público Alvo:
4º ano do Ensino Fundamental I da Escola Estadual Professor Luiz Antônio.
Tema:
CONSTRUINDO A CIDADE DOS SONHOS
Natal/2014
Projeto de Intervenção
TEMA: Construindo a cidade dos sonhos
DESCRIÇÃO
A proposta será realizada na Escola Estadual Professor Luiz Antônio, na turma do 4º ano do Ensino Fundamental I da Professora Nathália Duarte, com o objetivo de estudar temas relacionados aos valores – tais como a cidadania, o respeito, e o senso de justiça, além de introduzirmos também aspectos importantes da vida social – que são as boas maneiras e a amizade; desta forma intencionamos melhorar o relacionamento dos alunos uns para com os outros, fortalecendo os princípios de igualdade e companheirismo em sala de aula e fora dela. Além disso, trataremos os conteúdos de forma interdisciplinar e contextual, tendo em vista o desenvolvimento da linguagem oral e a formação de hábitos que ajudem a moldar o caráter dos educandos. A estrutura deste projeto contempla aulas, que estão organizadas em dois momentos da rotina escolar: momento de motivação, com atividades que envolvam conteúdos de geografia, ciências, artes, literatura, música, ética e cidadania; e para isso haverá interação, jogos, dinâmicas; uso de conteúdos literários, momento da roda; seguido do segundo momento da aula, com atividades de leitura e exercícios – culminando com o encerramento das atividades diárias.
OBJETIVOS GERAIS
Ensinar de forma teórica e prática, o que é e como podemos viver e promover a cidadania no nosso dia a dia.
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Levar o aluno a estudar e compreender o conceito de cidadania;
Estimular o aluno à prática de ações gentis e de boas maneiras;
Conhecer alguns lugares públicos onde haja algum exercício de cidadania (Corpo de bombeiros, Câmara municipal e/ou a Associação de Moradores do Bairro);
Construir maquetes simbólicas de tal forma que represente o que seria no entendimento deles “A cidade dos sonhos”
Construção e manutenção de uma horta em algum espaço da escola
CONTEÚDOS TRABALHADOS
Literatura – Poemas e músicas sobre a cidade
Geografia – Insumos agrícolas
Ética e Cidadania – os valores: Cidadania, respeito, responsabilidade, senso de justiça;
Ciências – conhecendo a terra e as suas propriedades
Cultura do RN – conhecendo importantes lugares da cidade: museu; biblioteca, a Capitania das Artes, e o/ou a Câmara Municipal.
DURAÇÃO
Serão seis aulas com duração de 4 horas e meia.
RECURSOS DIDÁTICOS/PEDAGÓGICOS
Projetor de imagens, TV, DVD, Quadro branco, marcador, cartolina, materiais recicláveis, tesoura, cola, papel crepon, isopor, papel sulfite, hidrocor, envelopes, entre outros.
METODOLOGIA
Este projeto está de certa forma vinculado e enriquecido do programa “O Caráter Conta”, que surgiu nos Estados Unidos, com Michael Josephson, Professor de Direito da Universidade da Califórnia, que formou o “Josephson Institute”, buscando ajudar os educadores a trabalharem com crianças e jovens. No Brasil foi estendido para escolas públicas na cidade de Passos, MG e no Estado do Rio Grande do Norte. Inúmeras atividades são desenvolvidas para despertar nas crianças e jovens a consciência de que os Seis Pilares do Caráter: Sinceridade, Respeito, Responsabilidade, Senso de Justiça, Zelo e Cidadania são fundamentais para nortear suas vidas pessoais e para construir uma sociedade harmoniosa e feliz.
Nossas aulas estarão voltadas para estes pilares do caráter do ser humano, sendo a CIDADANIA o tema central de nossos encontros e mediações com a turma do 4ºano. Na primeira aula, pretendemos expor e explicar o que é cidadania, através de vídeos textos retirados de revistas em quadrinhos. Dessa forma faremos um debate com perguntas e situações tiradas dos textos para ouvir as primeiras opiniões e problematizarmos. Em seguida colhermos opiniões sobre o tema, sendo assim teremos opiniões e sugestões que nos ajudarão a desenvolver o projeto voltado para as necessidades da turma.
Nas aulas seguintes, planejamos ações voltadas para a realidade da comunidade, e assim, almejamos visitar alguns lugares públicos onde haja o exercício da cidadania – um espaço público (a associação de moradores, o corpo de bombeiros, câmara municipal, entre outros). As atividades serão trabalhadas – ora individualmente – ora em grupos. E assim, trabalharemos dinâmicas individuais e em grupo, vídeos de curta duração que leva-los a pensar como se constrói a cidadania e como devem agir os verdadeiros cidadãos.
Com o conceito de cidadania já mais ou menos organizado nas mentes dos alunos, tentaremos intervir com eles no processo de construção de maquetes, pela qual será representada uma cidade (simbólica) – construída com materiais que serão solicitados a coordenação; onde haverá uma divisão da turma em grupos. Ocorrerá que cada grupo estará encarregado de cuidar de certo setor de serviços da cidade, por exemplo: o setor de transportes, de saúde pública, a governadoria, segurança pública,
49 iluminação, estradas e rodagens. Coleta de lixo, entre outros. Com isso, esperamos que haja uma profunda reflexão nos alunos sobre a importância da cooperação de todos os diversos setores da nossa sociedade, que de certo modo trabalham em cadeia e juntos fortalecem a economia e as necessidades básicas do cotidiano dos cidadãos.
Nas últimas aulas, iremos criar junto com a turma uma horta coletiva, de forma tal que todos da turma participem. E para isso contaremos com a aquisição de sementes, adubo, materiais recicláveis-, para o preparo de mudas, e ainda - ferramentas do tipo: enxada, colher, regadores de água, entre outras. Intentamos conseguir aqui pôr em prática uma ideia pela qual haja um exemplo claro e produtivo de um trabalho cooperativo com a participação de todos os alunos. O ideal é que o aluno enxergue a sua importância e se sinta inserido neste contexto junto aos colegas, suas famílias e comunidade onde habitam fazendo algo produtivo para ela.
DESENVOLVIMENTO
O trabalho que intentamos leva em conta aspectos importantes do caráter, e que estão entrelaçados com os valores que estão muitos em falta nas pessoas nos dias atuais, pensando nisso escolhemos este tema com o propósito de não somente ensinar – mais tentar fazer com que o aluno – de alguma forma possa desenvolver boas ações de comportamento e sentir-se integrante no lugar onde está inserido. Entendemos assim que a escola é o melhor lugar para refletir-se sobre isso. Concordamos com Borges (1994, p.53) ao afirmar que:
A escola é uma instituição social e, como tal, se encontra inserida num contexto mais amplo, que é a sociedade. Ao cumprir o seu papel como espaço de produção e socialização de conhecimentos, implícita ou explicitamente, quase sempre deixa de formar o cidadão crítico, consciente, capaz de se entender como sujeito ativo e atuante.
Por esse motivo, ações de cidadania podem leva-los a refletir sobre esta temática de forma a haver um envolvimento nas questões sociais. Entre as ações descritas até agora, há também uma que tem como finalidade leva-los a refletir sobre a importância de uma vida pública atuante e a importância do voto, isso em consonância com a busca constante pela informação para que eles possam agir sobre os problemas – partindo dos mais simples até os mais complexos que temos em nossa cidade.
De acordo com os PCN (1997) adquirir conhecimentos básicos de geografia é algo importante para a vida em sociedade, em particular para o desenvolvimento das funções de cidadania, pois se isso não acontecer a escola não estará “em condições de intervir e mudar as práticas sociais, transformando-se em um mero objeto de transmissão e difusão da ideologia dominante” (Idem, p.53).
Ações deste tipo ajudam na aprendizagem, quando enfatizamos aspectos importantes de caráter social, compreendemos aqui o elo que a escola pode ter entre o conhecimento e a vida social do indivíduo. Ao analisar estes aspectos do comportamento sócio interacionista com referência ao trabalho de Vygotsky, Leontiev e Galperin. Ao tratar destes assuntos, Nunes (2009, p.26) afirma que:
A aprendizagem como atividade humana tem caráter social. Acontece em meio social em ativa interação com outras pessoas, por meio de elaboração e de comunicação. O caráter social da aprendizagem significa que, na etapa inicial, existe um caráter interpsicológico como atividade conjunta. E no próprio processo de assimilação se internaliza, passando ao plano intrapsicológico.
Desta forma as ações serão realizadas através de uso de objetos envolvendo o sujeito e a atividade, estimulando assim as ações voluntárias, de modo a internalizar no sujeito da aprendizagem, não somente conceitos, mas despertar neles a autonomia para solucionarem futuros problemas intervinda sobre eles. Sendo assim, acreditamos que possa haver transformações qualitativas na vida social. É nessa perspectiva que com o trabalho realizado por nós através das mediações; isso porque “A mediação se dá pela intervenção de objetos (materiais ou espirituais, instrumentos ou signos) na
50 relação entre o sujeito e o objeto, e entre os sujeitos”. (Idem. p.26). Somam-se aqui também as aspirações dos participantes do projeto, porque também temos percebido em nossas experiências de vida e profissionais que os alunos estão cada vez mais apressados, ansiosos, curiosos e indisciplinados. O afastamento da família tem gerado problemas de ordem psicológica, emocional, o egocentrismo tem predominado nas ações humanas uns para com os outros, por esse motivo os educadores devem se mover e intervir de forma a agir sob a realidade, com o propósito de trabalhar mais profundamente as ações humanitárias e solidárias e assim cumpriremos o nosso papel enquanto formadores de opinião. Analisando estes fatos Snyders (2007, p.268) pondera que:
É preciso batalhar dos dois lados: participar de uma ação conjunta para efetuar mudanças fundamentais na sociedade e na escola mas também oferecer às crianças que temos na escola qualquer coisa que possa eventualmente interessa-las, estimulá-las. É preciso agir nos dois campos ao mesmo tempo, e é isto que é muito difícil. Porque a tentação dos professores é sempre ou de militar somente no plano político para conseguir as mudanças de sociedade e as mudanças fundamentais da escola, ou, então de serem professores em suas classes e fazerem com que as coisas andem bem na aula.
Quanto a nós, bolsistas deste projeto avaliaremos as ações em todos os momentos das aulas e a participação dos alunos nas atividades propostas, vai ser interessante também fazer registros dos momentos das intervenções, dando sequência ao trabalho sempre analisando os fatos ocorridos. É interessante que no contexto de nossa clientela – temos alunos que vivem em meio a famílias desestruturadas, de pais que vivem na linha da pobreza, e/ou desempregados, e outros alunos que sequer tem uma família e convivem em Casa de Passagem, ou seja, órfãos de pai e mãe. Portanto, é necessário olhar para estes alunos com um olhar mais sensível e com cautela para que o encaminhamento do trabalho não venha a magoa-los, de qualquer modo temos confiança de que o trabalho de uma forma geral irá gerar bons frutos e acrescentará em muito em nossa formação como futuros profissionais da educação.
AVALIAÇÃO
Todos devem ser avaliados de uma forma contínua como participante, vamos observar se a capacidade de comunicação foi ampliada, como reagiram às situações e aos desafios propostos, se interagiram com os colegas durante o encaminhamento e desenvolvimento das atividades. Entendemos que avaliação é uma ferramenta para os futuros planejamentos do Professor e correção de possíveis falhas que porventura venham a acontecer, e também uma forma eficiente de gradativo aperfeiçoamento do aluno que deve estar presente em toda a carreira escolar.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais, ética/secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
NUÑES, Isauro Beltrán; Vigotsky; Leontiev e Galperin: formação de conceitos e princípios didáticos. Brasília: Liber Livros, 2009.216 p.
SNYDERS, Georges. Democratização do ensino: uma questão antiga sempre atual. Entrevista a Mª Salonilde Ferreira. Revista Educação em Questão. Natal: EDUFRN, v.29, nº15, p.256-272, mai./ago. 2007.
51 BORGES, José Borges. A História do Pensamento Geográfico e a Construção da Consciência Espacial do Educando. Ensino em Re-vista, 3 (1): 53-58, Jan./dez. 1994
SCHEMES, Jorge. O Caráter Conta. 2008. Disponível em:
http://ocaraterconta.blogspot.com.br/2008_05_07_archive.html, acesso em 04 de agosto de 2014.
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APÊNDICE 2 – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A PROFESSORA SUPERVISORA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA
Graduando: Carlos Batista de Oliveira Orientador: João Maria Valença De Andrade
ROTEIRO DE ENTREVISTA
OBJETIVO DA ENTREVISTA: Analisar as práticas do PIBID e do curso de Pedagogia e refletir sobre o trabalho realizado em sala de aula sob a visão geral de uma professora titular.
1. FALE SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA
1.1 Há quanto tempo você atua na função de professora?
1.2 Em quais anos (séries) e em quais redes (pública estadual ou municipal, privada) você, já trabalhou?
1.3 Você é estatutária (concursada) ou contratada?
1.4 Você trabalhou em outra função na escola além de ser professora?
1.5 Você planejou ser Professora ? e/ou se construiu nesta profissão?
2. FORMAÇÃO DOCENTE
2.1 Fale um pouco sobre sua carreira escolar, desde o ensino fundamental e os motivos da escolha pelo curso de Pedagogia.
2.2 Qual a importância do curso de Pedagogia para a formação do docente?
2.3 Quais as áreas do trabalho Pedagógico precisam de uma melhor qualificação e atualização por parte do docente? Por quê?
2.4 Quais os aspectos principais em um curso superior que podem fazer a diferença num profissional? Liste em dez pontos.
3. PRÁTICA DOCENTE COMO SUPERVISORA DO PIBID
3.1 Em sua opinião, qual a importância do PIBID para a vida profissional dos novos alunos?
3.2 Conte como você planeja e orienta os seus alunos na função de supervisora ?
3.3 Quais são os diferenciais do PIBID para a formação acadêmica dos alunos em formação? Comente.
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ANEXOS
ANEXO 1 – Carta de elogio, escrita por um aluno para a vice-diretora da escola – trabalho com o
gênero carta, referente à segunda intervenção em 12/09/2014.
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ANEXO 2 – Texto referente à nossa terceira intervenção em 05/08/2014. Texto para a
reflexão dos alunos retirado de um livro didático.
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ANEXO 3 – (Continuação da atividade anterior), Depois de feita a leitura, os alunos responderam
as questões do exercício abaixo:
MEDEIROS, Maria Clara. Coleção Formando cidadãos. Kit A. Ensino Fundamental I. 4ºano. Ed.
Formando cidadãos. Rio de Janeiro. 2014.
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ANEXO 4: Texto para leitura referente à aula “cuidar do mangue também é uma ação de cidadania” em 19/09/2014.
Pensamento verde. O ecossistema manguezal e sua importância ambiental. Disponível em:
http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/ecossistema-manguezal-importancia-
ambiental/, acesso em: 15/09/2014.
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ANEXO 5: Texto trabalhado no dia 14 /11/2014, Texto elaborado para se refletir sobre
importância da política para a cidadania.
FAGUNDES, Yago. Voto e cidadania. Mas afinal, o que a política tem a ver com as nossas vidas! Slides
Disponíveis em: http://slideplayer.com.br/slide/390311/, acesso em 16/09/2014.
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ANEXO 6: Aula da culminância na escola, este foi o acróstico poético apresentado pela
turma no dia 20/11/2014. (1ª parte)
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Acróstico criado e elaborado por nós bolsistas do PIBID.