PPGA – Programa de Pós Graduação em Administração Mestrado Acadêmico GIOVANA BUENO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA. Biguaçu 2016
PPGA – Programa de Pós Graduação em Administração
Mestrado Acadêmico
GIOVANA BUENO
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA
ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.
Biguaçu
2016
GIOVANA BUENO
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DAS
EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.
Biguaçu
2016
Dissertação de Mestrado apresentada à
Universidade do Vale do Itajaí como parte
dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Administração.
Orientadora: Profa. Dra Rosilene Marcon.
Bueno, Giovana.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA
ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.
/ Giovana Bueno – 2016.
92f.
Orientadora: Rosilene Marcon.
Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí.
1. Empresas – Governança Corporativa. 2. Finanças – Conselho de Administração.
3. Sustentabilidade – Níveis de Divulgação em Sustentabilidade 4. Pesquisa
Quantitativa. I. Marcon, Rosilene. II. Dissertação (mestrado) – Universidade do
Vale do Itajaí. III. Título.
GIOVANA BUENO
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DAS
EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.
Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade
do Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em Administração.
Campo de conhecimento: Estratégia Empresarial
Data de Aprovação: ___/___/_____
Banca Examinadora:
________________________________________
Profª Drª. Rosilene Marcon (orientadora)
UNIVALI
________________________________________
Profª Drª Maria José Barbosa dos Santos
UNIVALI
________________________________________
Profª Drª Anete Alberton
UNIVALI
________________________________________
Profº Drº Silvio Parodi Oliveira Camilo
UNESC
“Nunca, jamais desanimeis,
embora venham ventos
contrários.”
Santa Paulina
AGRADECIMENTOS
Essa talvez seja uma das etapas mais importantes: aprender a ser humilde para
reconhecer que um pesquisador não trabalha sozinho. Pelo contrário, muitas pessoas estão
envolvidas nessa trajetória. No meu caso não seria diferente. Primeiramente, pela força e
perseverança que Deus me deu, para poder seguir, em um processo constante de
aprendizagem. Depois, pelos anjos que Ele colocou em meu caminho, para me amparar nos
momentos difíceis, rir nos momentos agradáveis e festejar nos momentos vitoriosos. São eles:
Nilvane Boehm Manthey, Diulnéia Granja Pereira, Adriela de Marchi, Rafaela Raffaelli,
Cassiana Brancher, Márcio Lucio, Leandro Marcucci, Henrique Melo, João Luiz, Luiz
Gonzaga de Souza, Larissa Formigoni, Claudia Pampolini, Cláudia Cruz, Roger Esteves,
Adriano Stadler, Luciana Merlin Bervian, Mariana Pires Vidal Lopez, Patrinês Aparecida
França Zonatto, Ana Paula Kieling, Elaine John, Carin Maribel Koetz, Tarcita Cabral Ghizoni
de Sousa, Janypher Marcela Inacio, Edson Andrade dos Reis, Ruan dos Santos, Daniel
Sonaglio, Zilton Martins, Helena Wollinger, Estela Maria Hoffmann, Lidinei Eder Orso,
Murialdo Loch, Mario Neneve, e outros tantos que espero que me perdoem caso eu os tenha
esquecido.
E especialmente a Franciane Reinert Lyra e ao André Leonardo Pruner da Silva que
me mostraram o poder da amizade ao trocarem alguns dias de férias e estudos para me
auxiliar, realmente, não sei o que seria de mim sem vocês. Ao Fabio Ribeirete, Jeferson Lana
e Marina Gama pela generosidade e partilha de conhecimento. A Maria de Lurdes Rodrigues
dos Santos, Cristina Heusi Leal, Caroline de Aquino Rosa e Bianca Teixeira pela amizade e
profissionalismo.
E os grandes mestres professores doutores: a Rosilene Marcon, por me acompanhar
nessa jornada e ser minha inspiração, a Maria Jose Barbosa de Souza pelo cuidado e carinho,
a Anete Alberton pela generosidade e incentivo, ao Ricardo Boeing pela amizade e
companheirismo, ao Sidnei Vieira Marinho pela bondade e paciência, a Dinora Floriani pelo
exemplo como profissional e pela elegância como pessoa (quero ser assim um dia), ao Flavio
Ramos pelo otimismo e confiança, ao Carlos Ricardo Rossetto pelo apoio e confiança, ao
Miguel Angel Verdinelli pela determinação, ao Fernando Cesar Lenzi pelo sempre bom
humor, ao Claudio Reis Gonçalo pela garra e coragem, a Janaina Maria Bueno e ao Carlos
Roberto Domingues pelo sempre apoio tanto profissional quanto financeiro e, principalmente
pelo empurrãozinho inicial nessa trajetória.
A Capes, por acreditar no meu potencial e facilitar o meu custeio financeiro, que sem
essa ajuda, nada teria sido possível.
E por fim, meus familiares, meu pai Elias, minha mãe Luiza, minha afilhada Maria
Luiza por aceitarem minha ausência e torcerem sempre por mim, minhas irmãs Jaqueline pela
paciência e Janaina pelo companheirismo que mesmo no natal me auxiliou na coleta de dados.
Obrigada a todos! Espero de alguma forma poder retribuir.
RESUMO
As crises financeiras e os escândalos corporativos nas últimas décadas abalaram a confiança
nas grandes corporações e propulsionaram debates sobre o comportamento ético e a
governança corporativa, especialmente em relação ao conselho. O papel do conselho de
administração alinhado às estratégias de divulgação das atividades da empresa, por meio de
relatórios de sustentabilidade, seria uma alternativa para além de promover a transparência,
reforçar a credibilidade e o diálogo com os stakeholders. A BM&FBovespa passou a
recomendar, a partir de 2012, que as empresas listadas indiquem se publicam os relatórios de
sustentabilidade, ou justifiquem em caso contrário. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é
analisar os efeitos das características do conselho de administração no nível de divulgação da
sustentabilidade das empresas listadas na BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014. A
amostra é composta por 285 empresas brasileiras listadas. As variáveis selecionadas
correspondem às características da composição do conselho (idade, gênero, independência e
dualidade) e a divulgação de sustentabilidade. O estudo utiliza o modelo de regressão de
dados em painel com efeitos fixos. Os resultados foram estatisticamente significantes para as
variáveis gênero e dualidade, o que confirma a teoria de que a presença de mulheres como
membros do conselho de administração influencia positivamente no nível de divulgação de
sustentabilidade, e que a acumulação de cargos entre o CEO e o presidente do conselho possui
efeito negativo na divulgação de sustentabilidade das empresas. O escopo teórico e o
resultado deste estudo procuram complementar as pesquisas nos campos da sustentabilidade,
de finanças e de estratégia. E ainda, pode auxiliar os acionistas nas escolhas para formação
dos seus conselhos de administração.
ABSTRACT
In recent decades, financial crises and corporate scandals have shaken confidence in large
corporations, fueling debate on ethical behavior and corporate governance, especially in
relation to the company‟s boards of directors. A board, aligned with the dissemination of
business strategies, such as sustainability reports, is a means of promoting transparency, as
well as strengthening credibility and dialogue with stakeholders. In 2012, the BM&FBovespa
began recommending that listed companies indicate whether they publish sustainability
reports, and else give reasons why they have not done so. In this context, this study analyses
the effects of characteristics of the board on the level of sustainability disclosure of companies
listed on the BM&FBovespa, from 2011 to 2014. The sample consisted of 285 Brazilian listed
companies. The selected variables corresponded to characteristics of the board of directors
(age, sex, independence and duality) and the sustainability disclosure. The study used the
panel data regression model with fixed effects. The results were statistically significant for the
variables sex and duality, which confirms the theories that the presence of women as members
of the board has a positive influence on the level of disclosure of sustainability, and that the
position of CEO and President of the board being occupied by same individual has a negative
effect on the dissemination of sustainable enterprises. It is hoped that the theoretical scope and
the results of this study will complement studies in the fields of sustainability, finance and
strategy, as well as assisting shareholders in the selection of members of the board.
LISTA DE FIGURAS
Quadro 1 – Relações entre Principal e Agente. ........................................................................ 18
Quadro 2 – Resumo dos Modelos de Governança Corporativa. .............................................. 20
Quadro 3 - Comparativo dos segmentos de listagem da BM&FBOVESPA ............................ 23
Quadro 4 - Classificação dos papéis do Conselho de Administração ...................................... 25
Quadro 5 - Principais estratégias de investimentos. ................................................................. 28
Quadro 6 – Resumo dos trabalhos empíricos sobre Conselho de Administração e
Sustentabilidade ....................................................................................................................
Quadro 7 – Descrição operacional das variáveis ...................................................................... 53
Quadro 8 – Operacionalização dos objetivos ........................................................................... 58
Quadro 9 – Categorias de análise ............................................................................................. 49
Quadro 10 – Classificação das empresas por pontuação .......................................................... 66
Quadro 11 - Hipóteses de pesquisa: comparativo entre trabalhos ............................................ 72
Figura 1 –Variáveis e Hipóteses de pesquisa ........................................................................... 54
Figura 2 – Evolução da divulgação dos relatórios de sustentabilidade .................................... 59
Figura 3 – Níveis de divulgação discriminados por família. .................................................... 61
Figura 4 – Níveis de divulgação discriminados por categoria .................................................. 63
Figura 5 – Pontuação geral dos relatórios de sustentabilidade das empresas ........................... 64
Figura 6 – Histogramas dos Testes de Normalidade ................................................................ 67
Tabela 1 – Teste de normalidade univariada e multivariada ................................................... 57
Tabela 2 – Descritiva das respostas das empresas na BM&FBovespa ..................................... 60
Tabela 3 – Descritiva dos relatórios de sustentabilidade. ......................................................... 60
Tabela 4 – Divulgação dos relatórios em percentuais .............................................................. 61
Tabela 5 – Estatística descritiva ............................................................................................... 68
Tabela 6 - Matriz de Correlação ............................................................................................... 68
Tabela 7 – Tabela de Regressão ............................................................................................... 69
Tabela 8 – Teste de Multicolinearidade.................................................................................... 70
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12
1.1 Contextualização ......................................................................................................................... 12
1.2 Pergunta de pesquisa ................................................................................................................... 13
1.3 Objetivo geral .............................................................................................................................. 14
1.4 Objetivos específicos................................................................................................................... 14
1.5 Justificativa ................................................................................................................................. 14
1.6 Organização do trabalho.............................................................................................................. 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 17
2.1 Teoria da Agência ....................................................................................................................... 17
2.2 Governança Corporativa ............................................................................................................. 19
2.2.1 Governança Corporativa no Brasil ........................................................................................... 21
2.2.2 Mecanismo de Governança Corporativa: Conselhos de Administração .................................. 24
2.2.3 Conselhos de Administração no Brasil .................................................................................... 25
2.3 Sustentabilidade .......................................................................................................................... 27
2.3.1 O papel do conselho de administração na divulgação de sustentabilidade .............................. 29
2.3 Hipóteses de pesquisa.................................................................................................................. 33
2.3.1 Principais estudos sobre o conselho de administração ............................................................. 33
2.3.2 Principais estudos sobre o conselho de administração e sustentabilidade................................ 35
2.3.3 Características Demográficas do Conselho: Idade e Gênero ................................................... 39
2.3.4 Composição do Conselho: Independência e Dualidade ........................................................... 41
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 44
3.1 Abordagem metodológica, amostra, período e fonte de dados ................................................... 44
3.2 Definição das variáveis ............................................................................................................... 45
3.3 Modelo da Relação entre as Variáveis ........................................................................................ 54
3.4 Método ....................................................................................................................................... 55
3.5 Síntese dos objetivos do estudo ................................................................................................... 57
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................. 59
4.1 Relatórios de Sustentabilidade .................................................................................................... 59
4.2 Análise descritiva das variáveis .................................................................................................. 67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 73
5.1 Conclusões .................................................................................................................................. 73
5.2 Limitações ................................................................................................................................... 75
5.3 Pesquisas Futuras ........................................................................................................................ 76
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 77
APÊNDICES ............................................................................................................................ 87
Apêndice A - Teste de Hausman ...................................................................................................... 87
Apêndice B – Histogramas dos Testes de Normalidade ................................................................... 89
Apêndice C - Modelo de Regressão .................................................................................................. 91
Apêndice D – Teste de Multicolinearidade ....................................................................................... 92
INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresenta-se o tema do estudo, iniciando-se com a sua
contextualização. Na sequência será abordada a questão de pesquisa, o objetivo geral e os
objetivos específicos que se pretende atingir. Segue com a justificativa da relevância do
trabalho e sua contribuição teórica e prática. Finaliza com a estrutura dos capítulos que o
compõem.
1.1 Contextualização
O conselho de administração exerce um papel fundamental para a prática da
governança corporativa, ele serve de ligação entre os proprietários, os stakeholders e a gestão
da empresa (IBGC, 2009; SILVEIRA, 2002). Camargo (2012) e Gondrige et al. (2012)
afirmam que as maiores preocupações com o papel exercido pelo conselho estão na maior
exigência sobre sua atuação, com foco na função de monitor da gestão.
Com a Lei 6.404/1976, o Conselho de Administração passou a ser órgão obrigatório
para as companhias brasileiras de capital aberto (BRASIL, 2015). A partir daí, a maioria das
empresas brasileiras de capital aberto, estabeleceu o conselho de administração para cumprir a
lei, mas a tomada de decisão permaneceu com os acionistas controladores ou com os gestores,
e apenas era referendada pelo conselho, segundo Prado e Vilela (2012). Entretanto, a partir de
1990, o papel do conselho teve maior ênfase devido à presença relevante dos investidores
institucionais e dos investidores estrangeiros, que exigiram manter sua representatividade por
meio de um conselho mais atuante.
É nesse contexto que surgem as recomendações de boas práticas do Instituto Brasileiro
de Governança Corporativa (IBGC), cujas atribuições do conselho estão vinculadas a todas as
ações que envolvam as práticas de governança corporativa e o relacionamento com as partes
interessadas (IBGC, 2009). Referente aos conselheiros, o IBGC recomenda a condição de
conselheiros independentes, que são os membros que não possuem nenhuma espécie de
vínculo com a empresa. Nesse sentido, a BM&FBovespa não só exige a presença de
membros independentes para o Nível 2 e Novo Mercado, como é vetada a situação de
dualidade dentro dos conselhos das empresas pertencentes ao Nível 1, Nível 2 e ao Novo
Mercado. A dualidade ocorre quando o CEO acumula o cargo de presidente do conselho de
administração.
Além disso, Prado e Vilela (2012) ressaltam que os membros do conselho necessitam
ter qualificação para o processo decisório, competências úteis que favoreçam o crescimento
da empresa e estar cientes das responsabilidades e dos riscos individuais pertinentes à função.
Na visão da BM&FBovespa (2015) e do IBGC (2009), o conselho deve zelar pela perenidade
da empresa e pelos interesses dos acionistas e demais stakeholders. Uma maneira de dialogar
com os stakeholders seria com a divulgação voluntária das atividades da empresa, por meio
dos relatórios anuais e de sustentabilidade (ADAMS, 2002), que além de favorecer a
transparência, proporcionam o monitoramento indireto da gestão (FAROOQUE; AHULU,
2015; MICHELON; PARBONETTI, 2012)
Desde 1990, tem havido tentativas para padronizar as informações prestadas nos
relatórios, dentre elas se destaca a Global Reporting Initiative (GRI), como sendo o padrão
global mais utilizado (BOULOUTA, 2013; PRADOLORENZO et al., 2009). A GRI é uma
organização internacional independente que auxilia empresas, governos e outras organizações
a desenvolverem seus relatórios. O número de relatórios de sustentabilidade no padrão da GRI
tem crescido na América Latina a uma taxa maior do que a média mundial, de acordo com os
achados de Alonso-Almeida et al. (2015). Os autores justificam esse crescimento pelo fato da
América Latina ter uma grande recepção de capital estrangeiro, portanto a transparência
financeira e a boa imagem da empresa desempenham papéis relevantes para os investidores.
Para Conceição et al, (2012), o Brasil corresponde a mais de 50% do total de informes da
América Latina e por esse motivo desempenha um papel importante no processo de
divulgação em sustentabilidade.
Em 2012, a BM&FBovespa passou a recomendar que as empresas listadas indiquem
em local específico, se publicam os relatórios de sustentabilidade ou o relatório integrado e a
sua localização, ou justificarem em caso de não haver publicação. Essa iniciativa foi em
parceria com a GRI e permite a adesão progressiva das companhias à prática de reportar para
os investidores informações e resultados relacionados às dimensões social, ambiental e de
governança corporativa.
Diante deste contexto, formulou-se a questão que norteou a presente pesquisa.
1.2 Pergunta de pesquisa
Quais as características do conselho de administração que influenciam a divulgação da
sustentabilidade das empresas listadas da BM&FBovespa?
1.3 Objetivo geral
O objetivo geral deste estudo é analisar quais características do conselho de
administração influenciam a divulgação da sustentabilidade das empresas listadas na
BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014.
Para consecução do objetivo geral, se fez necessário seu desdobramento nos seguintes
objetivos específicos.
1.4 Objetivos específicos
Descrever as características do conselho de administração das empresas listadas na
BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014
Identificar as empresas que reportam seus relatórios de sustentabilidade para a
BM&FBovespa
Verificar a divulgação dos relatórios de sustentabilidade, conforme as diretrizes da
Global Reporter Iniciative (GRI)
Comparar as características do conselho de administração das empresas que
divulgaram com as empresas que não divulgaram seus relatórios
Relacionar as características do conselho de administração com a divulgação de
sustentabilidade nas empresas listadas.
1.5 Justificativa
O Conselho de Administração é considerado o principal mecanismo da governança
corporativa (DENNIS; MCCONNEL, 2003; GUERRA, 2010; IBGC, 2009; SILVEIRA,
2002) e um importante meio de acesso a recursos externos (DALTON et al., 1999; PFEFFER;
SALANCIK, 1978). Apesar do consenso sobre sua importância, Fontes Filho (2012)
argumenta que o papel do conselho é um tema que ainda gera discussões. Na área acadêmica,
motiva diversos estudos, mas com pouco consenso sobre que características os conselhos
devem ter (JOHNSON et al., 2013). Assim, é interessante analisar a composição dos
conselhos, como recomendado por Adams et al. (2008), uma vez que esta afeta as estratégias
das empresas.
Os estudos nacionais e internacionais que examinam as características do conselho
têm focado principalmente no desempenho financeiro. No tema da sustentabilidade
predominam os trabalhos internacionais, como os de Coffey e Wang (1998) que testaram a
hipótese de que o aumento na diversidade do conselho está positivamente relacionado com a
filantropia corporativa, mas seus resultados não se confirmaram. Para Hillman et al. (2001)
suas descobertas indicaram que os efeitos na sustentabilidade variam conforme os grupos aos
quais representam. E os achados de Post et al. (2011) demonstraram que as empresas com
maior responsabilidade social corporativa, apresentam conselhos com algumas características
em comum quanto à idade, independência, gênero e educação formal. Segundo Walls et al.
(2012) quanto menores e mais diversificados os conselhos, melhor o desempenho ambiental
da empresa. E os resultados de Hafsi e Turgut (2013) indicaram que gênero e idade têm um
efeito significativo sobre o desempenho social das empresas.
Em relação às características do conselho e a divulgação dos relatórios de
sustentabilidade, Michelon e Parbonetti (2012) não encontraram resultados significativos para
as variáveis independência e dualidade. No entanto, para Matos e Gois (2013) a proporção de
conselheiros independentes foi a variável que se mostrou mais relevante. No contexto
brasileiro, os trabalhos não abordam os aspectos do conselho de administração, eles
relacionam a divulgação com outras características da empresa e da governança, como os
estudos de Cunha e Ribeiro (2006), Murcia et al.(2008) e Braga e Salotti (2008), que
pesquisaram os fatores predominantes para a divulgação dos relatórios de sustentabilidade.
Cunha e Ribeiro (2006) descobriram que a divulgação voluntária está associada positivamente
ao nível de governança corporativa e negativamente ao tamanho das empresas. E os
resultados de Murcia et al.(2008), foram estatisticamente significantes para a variável
participação no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Braga e Salotti (2008)
investigaram a relação entre as características corporativas das empresas que operam no
Brasil e o nível de divulgação, e constataram relações positivas para a variável tamanho e
natureza da atividade.
Além da falta de consenso nos resultados internacionais e da ausência de trabalhos
brasileiros nesse tema, identificaram-se algumas lacunas de pesquisa nos trabalhos de Post et
al. (2011), Hafsi e Turgut (2013) e de Michelon e Parbonetti (2013). Post et al. (2011) e Hafsi
e Turgut (2013) sugerem pesquisas futuras em outros países e com amostras maiores, uma vez
que cada país oferece diferentes configurações de negócios e dinâmicas competitivas que
moldam ambientes sociais diferentes. Esses autores pesquisaram amostras de empresas
americanas, de modo que seria oportuno estudar um país emergente, como é o caso do Brasil,
para assim os trabalhos serem passíveis de comparação. Michelon e Parbonetti (2013)
sugerem que novos estudos devem analisar outras variáveis da composição do conselho, além
das variáveis de membros independentes e dualidade, com uma amostra e um período de
tempo maior. Além disso, para mensurar o índice de divulgação os autores utilizaram uma
medida dicotômica, o que não lhes permitiu fazer quaisquer declarações sobre a extensão ou a
quantidade de divulgação.
Assim, como contribuição teórica, se pretende preencher essas lacunas existentes para
complementar os estudos nos campos da sustentabilidade, de finanças e de estratégia. E como
contribuição empírica pretende-se, ao identificar as características dos conselhos que afetam a
divulgação da sustentabilidade empresarial, auxiliar os acionistas nas escolhas para formação
dos conselhos de administração das empresas em que possuem participação.
1.6 Organização do trabalho
O trabalho está organizado da seguinte forma, inicia-se com a revisão da literatura
sobre a Teoria da Agência, a Governança Corporativa, a Governança Corporativa no Brasil e
com o estudo de um de seus mecanismos, o Conselho de Administração. Segue com a
Sustentabilidade e o papel do conselho de administração na divulgação voluntária de
informações. As hipóteses de pesquisa são relatadas em seguida.
No capítulo subsequente, os procedimentos metodológicos adotados são descritos.
Prossegue-se com apresentação e análise dos resultados e, por fim, as considerações finais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta revisão teórica visa reunir as ideias dos autores seminais, bem como as discussões
mais recentes sobre o conselho de administração e a divulgação em sustentabilidade, foco
principal deste estudo. E não há como estudar os conselhos de administração, sendo eles
mecanismos da governança corporativa, sem fazer um retrospecto do seu principal pilar, a
Teoria da Agência, que será apresentada primeiramente. Segue com a Governança
Corporativa e seus modelos nos principais países e também no Brasil, e as leis que permeiam
as práticas de Governança Corporativa e os movimentos em prol de sua implementação, em
especial no mercado de capitais. Também discorre-se sobre os papéis dos conselhos de
administração, especificamente na transparência das informações voluntárias, nesse caso os
relatórios de sustentabilidade. Por fim, apresenta-se uma síntese dos principais estudos
teóricos e empíricos sobre o tema, que deram embasamento para as hipóteses, estas
apresentadas na sequência.
2.1 Teoria da Agência
As empresas de capital aberto são uma invenção social em que milhões de pessoas,
voluntariamente, depositam suas economias aos cuidados de administradores, garantidos por
um conjunto de vínculos contratuais que visam garantir os direitos das partes envolvidas. Para
Jensen e Meckling (1976) essas relações que envolvem os acionistas e o administrador da
empresa, o CEO (Chief Executive Officer) definem-se como um relacionamento de agência,
em sua essência. A relação de agência se caracteriza quando uma ou mais pessoas,
denominadas como principal, nomeiam outra, nesse caso o agente, para exercer atividades em
seu favor, de modo que os proprietários delegam o poder da tomada de decisão para outro
indivíduo. No entanto, se considerar a probabilidade de ambos agirem visando à maximização
para benefício próprio, é provável esperar que o agente nem sempre aja com o intuito de
atender o interesse do principal, dessa forma resultando em um conflito de interesses.
Para La Porta et al. (1999), esse tipo de relação não é exclusivo entre CEO e
proprietários, mas se faz presente em qualquer ligação que envolva a delegação de poder,
como entre os acionistas minoritários e majoritários. Jensen e Meckling (1976) e Shleifer e
Vishny (1997) defendem que a relação de agência também pode ocorrer em situações em que
não há uma relação principal-agente definida abertamente, como entre credores, clientes,
fornecedores e os gestores das empresas, e ainda entre o governo, a comunidade e a empresa,
vide Quadro 1. O que essas relações apresentam em comum é a divisão entre a propriedade e
o controle.
Quadro 1 – Relações entre Principal e Agente.
Principal – Agente Expectativas do PRINCIPAL referentes às ações do AGENTE
Acionistas- Gestores Maximização da sua riqueza
Debenturistas - Gestores Garantia do seu retorno
Credores – Gestores Cumprimento dos contratos de financiamento
Clientes – Gestores Recebimento de produtos de valor conforme suas preferências (qualidade, tempo,
serviço e custo)
Governo – Gestores Cumprimento das obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias da empresa
Comunidade – Gestores Preservação dos interesses comunitários, cultura, valores e meio ambiente.
Gestores – Empregados Trabalhem com o melhor de seus esforços, visando atender as suas expectativas
Gestores – Fornecedores Supram as necessidades de materiais, no momento necessário, nas quantidades
requisitadas
Principal – Principal
Acionistas minoritários e
majoritários
Seus interesses sejam assegurados de modo a não haver expropriação de suas
riquezas
Fonte: Adaptado de Jensen e Meckling (1976), La Porta et al. (1999) e Young et al. (2008).
A Teoria da Agência se destaca como principal corrente de estudos que aborda essa
relação agente-principal. Para Jensen e Meckling (1976), a Teoria da Agência tem seus
fundamentos na Teoria da Firma, com o trabalho precursor de Ronald Coase (1937), que
apresentou uma visão objetiva da empresa, vista como uma série de relações contratuais, tanto
explícitas, como as de trabalho, ou implícitas, como as parcerias formais, que podem ser de
curto ou longo prazo, dependendo do grau de incerteza dessa relação. Assim, as relações
contratuais compõem o cerne da firma, uma vez que definem como os custos e gratificações
serão distribuídos entre as partes, e existem em todos os níveis das empresas independente da
natureza das organizações. Igualmente, o comportamento dos agentes dependerá do caráter
desses contratos.
Entretanto, considera-se a existência de contratos incompletos, uma vez que os
indivíduos estão sujeitos à racionalidade limitada, ou seja, a incapacidade de possuir e
processar todas as informações concomitantemente e a existência da assimetria de
informações, de maneira que, nem todas as informações são disseminadas a todos os
interessados ao mesmo tempo. Também se estabelece a hipótese de que alguns indivíduos
tendem ao oportunismo, que consiste na tendência em tentar obter algum tipo de vantagem
para benefício próprio (MOTTA; VASCONCELOS, 2002; SHLEIFER; VISHNY, 1997;
WILLIAMSON, 1981). Portanto ao considerar tudo isso, o relacionamento de agência pode
ser visto como um contrato entre o principal e o agente, em que a complexidade está na
dificuldade do principal em verificar se o agente se comportou adequadamente, segundo
Eisenhardt (1989), além de que, ambos podem ter atitudes diferentes em relação ao risco.
Jensen e Meckling (1976) afirmam que a empresa não é um indivíduo sujeito a vontades, mas
sim uma estrutura legal que intermedia os relacionamentos contratuais entre os indivíduos.
Para limitar as divergências, a ação do principal adequada seria o uso do monitoramento dos
atos do agente, de modo a controlar o comportamento deste, por meio de políticas de
incentivos com o intuito de beneficiar e inibi-lo dessas ações, embora incidindo em custos,
denominados como custos de agência.
Para Berle e Means (1932), quanto maior a dispersão de propriedade, maior poder
estará nas mãos do gestor e, consequentemente, mais acentuada a dificuldade em monitorar
suas ações, deste modo aumenta a propensão dos agentes agirem de acordo com seus
interesses próprios. E em um cenário de propriedade concentrada, conforme descrevem Fraga
e Silva (2012), o problema de agência se direciona para a relação entre os acionistas
majoritários e os minoritários. Para equilibrar os custos gerados nessa perspectiva da Teoria
da Agência, a Governança Corporativa surge como uma série de mecanismos (DENIS;
MCCONNEL, 2003), que buscam minimizar a perda de valor de mercado decorrente desses
conflitos de interesses, entre tomadores de decisão e investidores da empresa (SILVEIRA et
al., 2008).
2.2 Governança Corporativa
Os conflitos de interesses, os custos e a inexistência de contratos perfeitos, bem como
a incapacidade em controlar os agentes, refletem no valor da firma e, destacam a importância
da governança corporativa como um mecanismo que visa aumentar a transparência e assim
reduzir a assimetria de informação entre os envolvidos (DENIS; MCCONNEL, 2003;
VIEIRA; MENDES, 2006). A governança corporativa é um conjunto de regras e práticas que
buscam determinar a ação dos gestores em prol do melhor interesse dos seus proprietários
(LEAL; SAITO, 2003), com o intuito de assegurar ao investidor maior probabilidade de
retorno do seu capital investido (SHLEIFER; VISHNY, 1997).
Denis e McConnel (2003) destacam que os primeiros Códigos de Melhores Práticas de
Governança Corporativa foram emitidos no Reino Unido, em 1922 e, posteriormente se
espalharam aos outros países. Uma característica do código é a forma de adesão voluntária,
que requer a indicação das empresas listadas cumpridoras dessas recomendações, entretanto a
natureza e o grau desse cumprimento variam entre cada país.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) emitiu, em
1999, seus princípios de governança que servem de referência mundial, e abrangem a
proteção dos direitos dos acionistas e o seu tratamento equitativo, e o zelo pelos direitos das
partes interessadas, incluindo empregados, clientes, parceiros e comunidade. Incluem também
a obrigatoriedade da divulgação de informações precisas por parte das empresas e referente
aos conselhos, os quais devem ter suas eleições totalmente livres de interferência, bem como
seus membros devem exercer as suas responsabilidades de forma diligente e independente
(OCDE, 2015). No entanto, conforme destacam Kitagawa e Ribeiro (2012), sobre as melhores
práticas de governança no mundo, não existe um modelo único e ideal, como pode ser
observado no Quadro 2.
Quadro 2 – Resumo dos Modelos de Governança Corporativa.
MODELOS
CARACTERÍSTICAS DOS CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO
Modelo
Stakeholders
Encontrado nas
empresas alemãs
Considera os interesses de todos os envolvidos com a empresa e não somente os
acionistas. Possui dois níveis de conselho: um de supervisão (metade dos seus
membros é eleito por sindicatos e empregados); e um de diretores, que são
responsáveis pela tomada de decisões da empresa.
Modelo Stewardship
Encontrado nas
empresas japonesas
Apresenta o gestor principal como o representante dos acionistas. O mercado é
fortemente influenciado pelo governo e a lei japonesa estabelece um conselho unitário,
representativo, internamente recrutado.
Modelo Político
Encontrado nas
empresas francesas
Caracteriza-se pelas ações da empresa conduzidas de acordo com o que a lei determina.
Na composição do conselho estão executivos da empresa.
Modelo Financeiro
Encontrado nas
empresas norte
americanas e inglesas
Configura-se pela forte orientação para o mercado e pela propriedade dispersa. O
conselho é unitário, em que os cargos de presidente do conselho e de CEO, geralmente,
são exercidos pela mesma pessoa, e conta com outros executivos como diretores do
conselho.
Modelo Latino
Encontrado nas
empresas brasileiras
Há forte concentração da propriedade nas mãos de poucos acionistas, cujo governo tem
participação como proprietário ou como regulador. Caracteriza-se como uma sociedade
patriarcal, com oligarquias e de distâncias entre as classes sociais e econômicas.
Fonte: Adaptado de Scott (1997), Turnbull (1997) e Carlsson (2001).
Os principais fatores de diferenciação entre os modelos, segundo Shleifer e Vishny
(1997) e La Porta et al. (1999) são a concentração de propriedade acionária vigente em cada
país e a intensidade da proteção legal para os investidores especialmente aos acionistas
minoritários. Nos Estados Unidos, Japão e Alemanha a lei é mais rigorosa nesse sentido do
que no restante do mundo. Nos países com sistema legal mais deficiente, os direitos de votos
dos acionistas minoritários são violados. Na Alemanha, o Modelo de Stakeholders se
caracteriza por considerar os interesses dos envolvidos com a empresa, como a comunidade,
os funcionários, o governo, o meio ambiente, os fornecedores e os clientes (TURNBULL,
1997). Deste modo o conselho é constituído em dois níveis, um de supervisão, composto pela
participação de empregados e sindicatos, visando cumprir as determinações exigidas pela lei,
e outro formado por diretores, responsáveis pelas decisões da empresa (CARLSSON, 2001).
No Japão há forte influência do setor bancário (SHLEIFER; VISHNY, 1997), e nas
empresas o CEO é o representante dos acionistas, com o papel de garantir a estes o retorno
dos seus investimentos. Portanto, o papel do conselho de administração visa validar as
decisões tomadas pelo gestor, uma vez que a lei japonesa estabelece um conselho unitário e
internamente recrutado, o qual é denominado como Modelo Stewardship (TURNBULL,
1997). Na França, caracteriza-se o Modelo Político, em que o governo favorece os vários
constituintes das empresas, a partir da legislação vigente, e podem ocorrer privilégios para
alguns stakeholders, porém todos eles são determinados por leis, deste modo a empresa
conduz o seu negócio de acordo com o que a lei determina (TURNBULL, 1997).
O Modelo Financeiro, dos Estados Unidos e da Inglaterra, sofre influência da
orientação para o mercado, da fluência do capital e da dispersão da propriedade
(CARLSSON, 2001). Há preocupação em ajustar o comportamento do agente com os anseios
do principal, por meio da elaboração de regras e incentivos. O conselho se configura como
unitário, com participação dos executivos da empresa e, na maioria das vezes, há dualidade,
ou seja, os cargos de presidente do conselho e de CEO são exercidos pelo mesmo indivíduo
(TURNBULL, 1997).
Já o Brasil se enquadra no Modelo Latino, que se caracteriza como um mercado de
capitais com pouca expressão, cujas empresas de maior porte migram suas operações para
mercados mais estáveis, como os Estados Unidos. Referente à estrutura de propriedade
apresenta predominância de forte concentração nas mãos de alguns acionistas, com empresas
familiares e com participação direta ou indireta do governo na maioria das empresas, tanto
como proprietário quanto regulador. Estas características acionárias, por muitas vezes geram a
justaposição entre propriedade e gestão, originando o conflito de agência, em que o maior
problema está na fraca estrutura legal, e as partes minoritárias não são protegidas inteiramente
contra a expropriação dos majoritários (CARLSSON, 2001; KITAGAWA; RIBEIRO, 2012;
SCOTT, 1997).
2.2.1 Governança Corporativa no Brasil
Diferentemente do modelo norte-americano, as características do mercado de capitais
brasileiro são de propriedade concentrada, assim como na maioria dos países. Desse modo, a
separação entre gestão e controle não é regra, e o problema de agência se desloca para o
relacionamento entre os acionistas majoritários e minoritários, de acordo com Fraga e Silva
(2012). Para Leal e Saito (2003), a questão central está nas formas de proteger os acionistas
minoritários das ações dos acionistas controladores. Assim, melhores práticas de governança e
maior separação entre direitos de controle e de propriedade conduzem a menores riscos e
maiores valores para todos os acionistas.
No Brasil, a partir de 1976, foi criada a Lei 6.385, que dispõe sobre o mercado de
valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, e a Lei 6.404, que
regulamenta a estrutura básica no que tange à contabilidade, à forma organizacional, aos
direitos e aos deveres de gestores e acionistas, a fim de padronizar diversas práticas existentes
(BRASIL, 2015). Porém, somente a partir de 1990, o tema governança corporativa ganhou
maior notoriedade em diversos países e em particular no Brasil. Ações que contribuíram para
sua consolidação e disseminação foram às crises mundiais em que escândalos financeiros
foram revelados, e deixaram em evidência a importância de ações de ética e transparência, e
como consequência motivaram discussões sobre a governança corporativa e sua importância
no mercado financeiro internacional (MARTINS; RODRIGUES, 2005; RIBEIRO et al.,
2012; VIEIRA; MENDES, 2006).
Uma resposta política comum após crises de governança, conforme Bebchuk e
Weisbach (2010) têm sido as adoções de reformas com o intuito de reforçar a sua
credibilidade, conforme o que ocorreu nos Estados Unidos com a implantação da Lei
Sarbanes-Oxley, em 2002, que aumentou as exigências referentes aos conselhos e aos comitês
de auditoria. Assim, no Brasil surge em 1995, o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), e a elaboração das Melhores Práticas de Governança Corporativa,
juntamente com a Cartilha de Governança do Conselho de Valores Mobiliários, que para
Silveira et al. (2003), são os principais documentos sobre o tema no país. Esses manuais
foram elaborados com base nos principais códigos de governança internacionais, e tem como
objetivo aumentar a probabilidade dos investidores garantirem o retorno sobre seu capital
investido.
Para Ribeiro et al. (2012), o grau de adoção, a conformidade e a efetividade das
práticas de governança, sofrem variações conforme cada país, e no caso do Brasil, o seu
cumprimento não é uma imposição legal, portanto, as práticas da Governança Corporativa são
recomendações. Os princípios para as boas práticas de governança, de acordo com o IBGC
(2009) são a transparência na divulgação de informações, a equidade que se refere ao
tratamento igualitário, na confiabilidade da prestação de contas (accontability), e as práticas
de responsabilidade corporativa.
Desde 2000, a BM&FBovespa utiliza critérios de classificação em níveis de acordo
com padrões de governança, estabelecendo o Nível 1, o Nível 2 e o Novo Mercado, refletindo
diferentes graus de governança às empresas, conforme adesão às normas de conduta
estabelecidas em cada nível. As características de cada segmento estão representadas no
Quadro 3.
Quadro 3 - Comparativo dos segmentos de listagem da BM&FBOVESPA
Ações de Governança Corporativa por níveis de listagem
Resumo das
ações
Níveis de listagem da BM&FBOVESPA
Bovespa
Mais
Bovespa
Mais Nível
2
Tradicional Nível 1 Nível 2 Novo
Mercado
Ações emitidas Somente
ações ON
Ações ON,
PN
Ações ON,
PN
Ações ON
e PN
Ações ON,
PN
Somente
ações ON
Mínimo de
ações em
circulação (free
float)
25% até o
7º ano de
listagem
25% até o
7º ano de
listagem
Não há regra 25% 25%
25%
Composição do
Conselho de
Administração
Mínimo de
3 membros
com
mandato
unificado de
até 2 anos
Mínimo de
3 membros
com
mandato
unificado de
até 2 anos
Mínimo de 3
membros
Mínimo de
3 membros
e mandato
unificado
de até 2
anos
Mínimo de 5
membros, dos
quais pelo
menos 20%
devem ser
independentes
com mandato
unificado de
até 2 anos
Mínimo de 5
membros, dos
quais pelo
menos 20%
devem ser
independentes
com mandato
unificado de
até 2 anos
Vedação à
acumulação de
cargos
Não há
regra
Não há
regra
Não há regra Dualidade Dualidade Dualidade
Obrigação do
Conselho de
Administração
Não há
regra
Não há
regra
Não há regra Não há
regra
Manifestação
sobre
qualquer
oferta pública
de aquisição
de ações da
companhia
Manifestação
sobre
qualquer
oferta pública
de aquisição
de ações da
companhia
Reunião
pública anual
Facultativa Facultativa Facultativa Obrigatória Obrigatória Obrigatória
Calendário de
eventos
Obrigatório Obrigatório Facultativo Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Divulgação
adicional de
informações
Política de
negociação
de valores
mobiliários
Política de
negociação
de valores
mobiliários
Não há regra Política de
negociação
de valores
mobiliários
e código de
conduta
Política de
negociação de
valores
mobiliários e
código de
conduta
Política de
negociação de
valores
mobiliários e
código de
conduta
Demonstrações
Financeiras
Conforme
legislação
Conforme
legislação
Conforme
legislação
Conforme
legislação
Traduzidas
para o inglês Traduzidas
para o inglês
Fonte: Adaptado da BM&FBOVESPA (2015).
Notas: ON são ações com direito a voto; PN são ações sem direito a voto.
Desde sua primeira listagem, o Novo Mercado firmou-se como uma seção destinada à
negociação de ações de empresas que adotam, voluntariamente, práticas de governança
corporativa adicionais às que são exigidas pela legislação brasileira. A listagem nesse
segmento especial implica na adoção de regras societárias que ampliam os direitos dos
acionistas, a adoção de uma política de divulgação de informações mais transparente e
abrangente. O Nível 2 é similar ao Novo Mercado, porém com algumas exceções. Já as
empresas listadas no Nível 1 devem adotar práticas que favoreçam a transparência e o acesso
às informações pelos investidores. Para isso, divulgam informações adicionais às exigidas em
lei (BM&FBOVESPA, 2015).
Referente à composição do conselho de administração, as diferenças entre os níveis
está no número mínimo de membros exigido para cada nível. Para a Bovespa Mais, Bovespa
Mais Nivel 2, Tradicional, e Nível 1 o número mínimo é de 3 membros com mandato
unificado de até 2 anos. E para o Nìvel 2 e Novo Mercado o número mínimo é de 5 membros,
dos quais pelo menos 20% devem ser independentes com mandato unificado de até 2 anos.
Membros independentes são aqueles que não possuem nenhum vínculo com a empresa. Nos
Níveis 1, 2 e Novo mercado é proibida a dualidade, ou seja, os cargos de presidente do
conselho e de CEO não podem ser exercidos pela mesma pessoa. Em relação à divulgação
adicional de informações, para o mercado Tradicional não há regras, para os demais devem
seguir as políticas de negociação de valores mobiliários, e os Níveis 1, 2 e Novo Mercado
devem incluir a divulgação do código de conduta.
2.2.2 Mecanismo de Governança Corporativa: Conselhos de Administração
O conselho de administração é considerado essencial para a prática da governança
corporativa, porque representa a ligação entre os proprietários, os stakeholders e a gestão. Ele
é o órgão administrativo que procura estabelecer orientações gerais e estratégicas para a
empresa (BM&FBOVESPA, 2015; IBGC, 2009, SILVEIRA, 2002). E quando as coisas dão
erradas, o conselho se torna o centro das atenções e de debates políticos relativos as reformas
da governança (ADAMS et al., 2008; MATOS; GOIS, 2013).
As manifestações de preocupação com o papel exercido pelo conselho, de acordo com
Camargo (2012) e Gondrige et al. (2012) refletem na exigência maior sobre sua atuação,
enfatizando o papel de monitor da gestão, bem como no aperfeiçoamento das ferramentas de
controles de riscos, não somente para momentos de crise, mas visando antecipá-los com o
intuito de evitar suas consequências danosas. Sobre os papéis dos conselhos Fontes Filho
(2012) descreve algumas classificações, resumidas no Quadro 4.
Quadro 4 - Classificação dos papéis do Conselho de Administração
Papel do Conselho Características principais
Monitor Diante do contexto da propriedade pulverizada busca monitorar as ações do agente,
visando alinhar aos interesses do principal.
Estratégico Atua no direcionamento estratégico da empresa, em que a confiança no gestor substitui o
controle. Atua para melhorar as relações externas, facilitando o acesso a recursos e
fortalecer a legitimidade da empresa.
Relacionador Age para facilitar o acesso a parceiros comerciais, e atua como elemento de interligação
com outras empresas a fim de adquirir recursos, competências e conhecimentos
específicos.
Legitimador Busca facilitar a aceitação da empresa pela sociedade, por meio de credibilidade e
auxilio na adequação dos processos.
Coordenador de
interesses
Negocia em virtude da convergência de interesses entre acionistas controladores e
minoritários, em uma tentativa de equalizar seus interesses.
Contingencional Exerce qualquer um dos papéis: controlador, estratégico, relacionador legitimador ou
coordenador de interesses, conforme o contexto.
Fonte Adaptado de Fontes Filho (2012)
O conselho monitor é aquele que procura supervisionar as ações do gestor; o
estratégico atua na estratégia da empresa; o relacionador age como uma ponte de ligação com
outras empresas com o intuito de buscar recursos; o legitimador visa facilitar a aceitação da
empresa pela sociedade; o coordenador de interesses procura alinhar os interesses entre os
acionistas controladores e os minoritários e o contingencional, que desempenha qualquer um
dos papéis: controlador, estratégico, relacionador, legitimador ou coordenador de interesses,
conforme a necessidade. Cada um dos papéis do conselho dependerá do contexto em que este
está inserido, e irá variar conforme a estrutura de propriedade e as estratégias da empresa.
Para Denis e McConnel (2003), os mecanismos de Governança Corporativa podem ser
classificados como internos ou externos à organização. São considerados como mecanismos
internos, o conselho de administração e a estrutura de propriedade e os mecanismos externos
seriam o mercado externo (fusões e aquisições) e o sistema legal. Para Silveira (2002) e
Bebchuk e Weisbach (2010), o conselho pode ser considerado como importante instrumento
que os proprietários podem utilizar para monitoramento direto e controle, tanto das ações do
gestor quanto entre os próprios acionistas. Okimura et al. (2007) reforçam que o
monitoramento é importante principalmente, em situações em que um acionista controlador
vem a utilizar os recursos da empresa em benefício próprio, enquanto restam aos outros
acionistas minoritários, compartilhar os custos.
2.2.3 Conselhos de Administração no Brasil
Com a criação da Lei Brasileira das Sociedades por Ações em 1976, a Lei 6.404/1976
e suas posteriores atualizações, o Conselho de Administração é órgão obrigatório para as
companhias de capital aberto (BRASIL, 2015). Deste modo, Prado e Vilela (2012) destacam
que a maioria das empresas brasileiras de capital aberto estabelecia o conselho de
administração devido à imposição legal e no intuito de se destacarem, como um diferencial no
mercado, e a tomada de decisão permanecia efetuada pelos acionistas controladores ou
executivos, e apenas referendadas pelo conselho. Entretanto, a partir de 1990, com a presença
relevante dos investidores institucionais e dos investidores estrangeiros, o conselho passou a
ter maior ênfase, devido à exigência destes em manter sua representatividade junto ao
conselho.
É nesse contexto que surgem as recomendações de boas práticas do IBGC, cujas
atribuições do conselho estão vinculadas a todas as ações que envolvam as práticas de
Governança Corporativa e o relacionamento com as partes interessadas (IBGC, 2009).
Referente aos conselheiros, o IBGC classifica em conselheiros independentes, conselheiros
externos e conselheiros internos. Os conselheiros independentes são os que não possuem
nenhuma espécie de vinculo com a empresa, já os externos são aqueles que não possuem
vínculo atual com a organização, mas não são independentes, como por exemplo, ex-
diretores, ex-funcionários, ex-consultores, entre outros e, os conselheiros internos são os que
apresentam vinculo atual com a empresa (CUNHA; MARTINS, 2015). As recomendações do
IBGC (2009) para a composição do conselho são a busca pela diversidade, tanto referente às
experiências, quanto as qualificações e comportamentos, com o prazo de mandato não
superior a dois anos. No que tange ao número de membros recomenda-se um mínimo de cinco
e um máximo de onze, podendo variar conforme o setor de atuação e o porte da empresa. É
aconselhável que sua composição seja apenas por conselheiros externos e independentes
avaliados formalmente.
Prado e Vilela (2012) ressaltam que os membros do conselho necessitam ter
qualificação para o processo decisório, competências úteis para o crescimento da empresa e
estar cientes das responsabilidades e dos riscos individuais pertinentes à função. Na visão da
BM&FBovespa (2015) e do IBGC (2009), o conselho deve zelar pela perenidade da empresa
e pelos interesses dos acionistas, sem perder de vista as demais partes interessadas. Para
Adams (2002), uma forma de diálogo com os stakeholders seria por meio da divulgação
voluntária das atividades da empresa. Assim, Michelon e Parbonetti (2012) e Farooque e
Ahulu (2015) afirmam que ao direcionarem as estratégias para a divulgação, os conselhos
influenciam a transparência corporativa, a prestação de contas e melhoram o envolvimento
com seus stakeholders, proporcionando-lhes o monitoramento indireto das ações da empresa.
2.3 Sustentabilidade
A perspectiva da empresa social, voltada a outros objetivos que não exclusivamente
econômicos, iniciou-se nas décadas anteriores, de 1960 e 1970, impulsionados por
movimentos de protestos, críticos ao capitalismo vigente. As discussões culminaram quando
Friedman (1974), ganhador do Prêmio Nobel de Economia, defende em seu artigo a visão de
que o papel das organizações não é social e que a responsabilidade da empresa consiste em
utilizar seus recursos para maximizar o lucro em benefício dos acionistas. Em contrapartida,
Freeman (1984) argumenta que o resultado final da atividade de uma empresa deve levar em
consideração os retornos que otimizam os resultados para todos os stakeholders envolvidos,
comunidades, funcionários, fornecedores, entre outros e não somente para os acionistas.
Elkington (1998) endossa a visão de Freeman, ao afirmar que a organização deverá voltar-se
para o equilíbrio ambiental, social e econômico (Triple Bottom Line) de suas atividades.
Nessa perspectiva, em 1990, começaram a surgir no mercado financeiro, fundos de
investimento socialmente responsáveis (Socially Responsible Investment – SRI), e em 1999,
surgiu o primeiro índice que seguia os critérios de considerar não somente o desempenho
financeiro das ações, mas também seus compromissos com a sustentabilidade, o Dow Jones
Sustainability Indexes (DJSI). Em 2001, o Financial Time e a London Stock Exchange
lançaram o FTSE-4Good, como o índice de sustentabilidade da Bolsa de Londres e em 2003,
surge o Índice da Bolsa de Johanesburgo, o JSE (BEATO et al., 2009; MARCONDES;
BACARJI, 2010). Esses índices servem de guia para os investidores que desejam compor sua
carteira de ações com empresas que somam aos atributos financeiros também às práticas
socioambientais e a governança corporativa (BEATO et al., 2009). Os investidores têm
assumido diferentes estratégias de investimentos, as principais são representadas no Quadro 5.
Referente às preferências desses investidores, se destacam os temas voltados às práticas
sociais, ambientais e de governança, inclusive como critérios de seleção na análise financeira
dos investimentos. Os investidores observam as empresas que apoiam a participação ativa do
investidor, e excluem alguns setores que não são comprometidos com essas ações, como
armamentos e fumo por exemplo.
Quadro 5 - Principais estratégias de investimentos.
TIPOS CARACTERÍSTICAS
Investimento temático
em sustentabilidade
São investimentos em temas que apresentam ações à promoção da sustentabilidade,
relacionadas a critérios de ESG (Sociais, Ambientais e de Governança).
Seleção de
investimentos best-in-
class
Investimentos nos melhores desempenhos dentro de uma categoria selecionada com
base em critérios ESG.
Filtros baseado em
normas
Os investimentos são selecionados de acordo com a conformidade das empresas
referentes a normas e padrões internacionais.
Exclusão de classes de
investimentos
Excluem de seu portfólio certos setores da economia, como de armamento, fumo,
pornografia, bebidas e setores que refletem alto impacto ambiental, como petróleo,
mineração e as montadoras.
Fatores ESG na análise
financeira
Incluem os critérios ESG relacionados a riscos e oportunidades, na análise
financeira e tomada de decisão de investimento, baseada em um processo
sistemático e em fontes de pesquisa apropriadas.
Engajamento sobre
questões de
sustentabilidade
Determina participação ativa, por meio do exercício de voto de acionistas, e
engajamento com as empresas em questões ESG.
Investimento de
impacto
São investimentos feitos em empresas, com o intuito de gerar impacto
social e ambiental associado ao retorno financeiro.
Fonte: Adaptado de Eurosif (2012)
No cenário brasileiro, surgiram organizações como o Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas (IBASE), em 1981, voltado para a atuação das empresas e seu papel no
desenvolvimento social do país. Em 1998, foi criado o Instituto Ethos, focado na
disseminação de boas práticas de governança e responsabilidade social empresarial focado no
Triple Bottom Line de Elkington e em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, a BM&FBOVESPA (MARCONDES;
BACARJI, 2010). Deste modo, tem sido crescente a preocupação com as questões
relacionadas à preservação do meio ambiente, ao desenvolvimento social e a transparência das
organizações. Temas na maioria das vezes analisados separadamente, no entanto, eles
apresentam a mesma finalidade: refletir o comportamento sustentável da empresa. O próprio
conceito de sustentabilidade, nem sempre está claro, e muitas vezes é usado como sinônimo
para ações de responsabilidade social, cidadania, sustentabilidade empresarial,
comportamento ético, ente outros. Para Schwartz e Carroll (2007), a busca por um paradigma
que unifique esses conceitos acaba sendo dificultada pela amplitude dos temas. A
responsabilidade social corporativa é a que está em uso há mais tempo, inicialmente com o
foco na redução dos impactos sociais negativos das atividades empresarias, e evoluiu ao longo
do tempo, para uma visão mais geral de fazer o bem para sociedade.
Assim Schwartz e Carroll, em 2007, propuseram o modelo VBA (Value, Balance,
Accountability), como uma tentativa de unificar esses principais construtos, sendo eles
Responsabilidade Social Corporativa, Teoria dos Stakeholders, Sustentabilidade, Ética nos
Negócios e Cidadania Corporativa, para assim facilitar a discussão e a compreensão do
paradigma que permeia estas relações. Este modelo é a evolução das dimensões propostas
anteriormente por Carroll (1979, 1991), em que a Responsabilidade Social Corporativa
engloba os campos econômico, legal, ético e filantrópico. E do modelo proposto por Schwartz
e Carroll (2003), que abrange os aspectos econômicos, legais e éticos. No modelo VBA os
construtos não só interagem entre si, como estão interligados. De modo que as atividades de
uma empresa, para ser reconhecida como de Responsabilidade Social Corporativa, devem
abranger os três temas (LYRA; SOUZA, 2015). Para fins deste trabalho, considera-se como
foco a divulgação em sustentabilidade e em todos os temas correlatos.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi publicado pela primeira vez em 1987
no relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, também conhecida como Comissão Brundtland, o conceito propõe que,
para ser sustentável, é necessário criar mecanismos que atendam às necessidades do presente
sem impedir as gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades (BRUNDTLAND,
1987). Os relatórios de sustentabilidade são o resultado de um processo que pretende
identificar, mensurar e divulgar as ações da empresa, de caráter sustentável. Além de definir
as metas e os objetivos a serem cumpridos num horizonte de curto prazo (ETHOS, 2015).
2.3.1 O papel do conselho de administração na divulgação de sustentabilidade
As crises financeiras e os escândalos corporativos, tais como o ocorrido com a Enron,
a WorldCom, o Lehman Brothers, e os atuais casos de corrupção envolvendo a estatal
brasileira, a Petrobrás, abalaram a confiança nas grandes corporações e propulsionaram
debates sobre o comportamento ético e a governança corporativa, especialmente sobre o papel
e a composição dos conselhos. Nessa situação, Boulouta (2013) determina que o alinhamento
do conselho com as estratégias das empresas voltadas para a divulgação das atividades
econômicas, sociais e ambientais, seria uma alternativa para reforçar a credibilidade, a fim de
promover a transparência e o diálogo com seus stakeholders. Frias-Aceituno et al., (2013)
complementam que a publicação de informações corporativas, seja ela obrigatória ou
voluntária, pode ser utilizada pelas organizações para mitigar os custos de agência, os custos
políticos e a assimetria de informação.
Na década de 1980, as empresas adotaram códigos de ética e começaram a informar
aos seus stakeholders sobre questões sociais. As empresas pioneiras são as de origem
europeia e americana, ambas empregaram diferentes abordagens. Nos países europeus a
ênfase foi nas questões ambientais, enquanto nos Estados Unidos o foco foi em questões
sociais internas e ações filantrópicas (IOANNOU; SERAFEIM, 2011).
Alguns países europeus sentiram a necessidade de fazer a divulgação de informação
social tornar-se obrigatória. Em 1977, a França aprovou a lei exigindo que todas as empresas
com trezentos ou mais funcionários, devem publicar um relatório anual sobre suas práticas
trabalhistas. Em 1985, Portugal tornou a prestação de informação social obrigatória, seguido
da Bélgica e da Dinamarca, em 1996 (FREIRE; REBOUÇAS, 2001). Para Prado-Lorenzo e
Garcia-Sanchez (2010), os relatórios de sustentabilidade são um conjunto de normas,
aplicáveis e confiáveis, que a empresa utiliza para se comunicar com os seus stakeholders,
desse modo, pode ser considerado como um meio para avaliar a empresa, e uma fonte de
informação pública. Embora, a adoção a divulgação seja voluntária para diversos países, a
padronização é exigida pelo mercado, assim com relatórios padronizados e com informações
objetivas facilitam o entendimento das informações em todo o mundo e favorecem a
comparação entre empresas.
Desde 1990, movimentos internacionais têm sido desenvolvidos com o intuito de
padronizar as informações prestadas nos relatórios, dentre eles se destaca a Global Reporting
Initiative (GRI), como sendo o padrão global mais utilizado (BOULOUTA, 2013;
PRADOLORENZO et al., 2009). A GRI é uma organização internacional independente que
auxilia empresas, governos e outras organizações a desenvolverem seus relatórios, inclusive a
compreender e a comunicar o impacto das suas atividades sobre questões críticas de
sustentabilidade. Criada em 1997, a partir da reunião de ambientalistas, ativistas sociais e
representantes de fundos socialmente responsáveis, a GRI é uma organização sem fins
lucrativos, com sede em Amsterdã, na Holanda, que desenvolve uma estrutura de relatórios de
sustentabilidade. Essas estruturas são denominadas de Diretrizes para Elaboração de
Relatórios de Sustentabilidade e são constantemente reavaliadas por especialistas de diversos
países e stakeholders.
A GRI alinha-se à Declaração Internacional dos Direitos Humanos, ao Pacto Global,
aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, aos padrões ISO, a códigos de conduta e ética
e a índices de sustentabilidade empresarial (GRI, 2015). O Brasil é o único país a possuir um
representante da GRI, especialmente alocado no país, para auxiliar as empresas na adoção das
Diretrizes GRI (Oliveira et al., 2009). Em 2000, a GRI publicou seu primeiro manual para os
relatórios de sustentabilidade, que foi revisto dois anos depois e chamado de Diretrizes G2.
No ano de 2006, a GRI revisou as estruturas da G2 e lançou as Diretrizes G3. Em 2013,
houve nova revisão nas diretrizes anteriores, e lançada a G4 (GRI, 2015).
Alonso-Almeida et al. (2015), revelam que as regiões com mais relatórios baseados
nas diretrizes da GRI, em 2011, foram a Europa com 778, a Ásia com 437, a América do
Norte com 283, a América Latina com 263, a Oceania com 75 e a África com 16. A Europa é
a região com o maior número de países que apresentam pelo menos um relatório, sendo 33 no
total. Mas são o Estados Unidos com o maior número de relatórios quando se analisa por país.
No contexto da América Latina, o Brasil corresponde a mais de 50% do total de informes,
segundo Conceição et al., (2012) e Calixto (2013), desempenhando um papel relevante no
processo de divulgação. O número de relatórios de sustentabilidade no padrão da GRI tem
crescido na América Latina a uma taxa maior do que a média mundial, de acordo com os
achados de Alonso-Almeida et al. (2015), que concluem que a América Latina se posiciona
como uma das áreas geográficas de maior recepção de capital estrangeiro, portanto a
transparência financeira e a boa imagem da empresa desempenham papéis relevantes para os
investidores.
Em relação aos setores econômicos, as diretrizes da GRI são amplamente seguidas nas
empresas reguladas, segundo os estudos de AlonsoAlmeida et al. (2014), que pesquisaram as
empresas no período de 1999 a 2011. Nos seus achados destacam-se os setores de energia, os
financeiros, os setores químico e de mineração. Razões possíveis seriam a pressão
institucional e a tentativa de melhoria da imagem da empresa perante a sociedade, uma vez
que suas atividades acarretam em danos ao meio ambiente. Esses achados corroboram os
estudos de Oliveira et al (2009) que analisaram a divulgação de informações sociais em
empresas brasileiras listadas no Novo Mercado e apresentaram resultados semelhantes.
Referente às perspectivas das empresas sobre a utilização dos relatórios, Searcy e
Buslovich (2014) realizaram entrevistas com funcionários em 35 empresas canadenses. Os
resultados indicaram que os relatórios de sustentabilidade são usados como uma ferramenta
de referência interna, visando aumentar a conscientização e o engajamento dos funcionários.
Quando questionados sobre as motivações para a produção dos relatos, um grande número de
motivos foi citado pelos participantes e agrupados pelos autores em três categorias: pressões
externas, pressões internas e a oportunidade de compartilhar a história da empresa. Com os
mesmos objetivos, Vigneau et al. (2015) fizeram um estudo de caso em uma multinacional e
descobriram que uma das primeiras necessidades da produção do relatório era para cumprir os
requisitos da GRI e uma resposta à pressões de transparência. Com o engajamento dos
funcionários na elaboração dos relatórios, alterou-se a definição da sustentabilidade e da
forma como ela estava sendo gerenciada dentro da organização. Outras mudanças ocorreram
na estrutura de gestão e propiciaram a criação de um comitê de sustentabilidade, também
alteraram as relações entre as empresas controladas e a interpretação do desempenho em
sustentabilidade.
Para as pequenas e médias empresas, James (2015) investigou a natureza da extensão
dos relatórios de sustentabilidade, em uma amostra das Melhores Empresas para se Trabalhar
do FORTUNE, no ano de 2013. Seus estudos revelaram que 44% das médias e 6% das
pequenas empresas, divulgavam os relatórios de forma abrangente, ou seja, contemplando os
requisitos além dos essenciais exigidos nos relatórios. No geral, a tendência das empresas que
aplicaram as diretrizes da GRI foi relatar mais informações quantitativas, comparadas com as
empresas que não seguiram as diretrizes. Observou-se que as empresas que publicaram
informações selecionadas e que não são padronizadas pela GRI, tenderam a se concentrar
principalmente em resultados positivos, com informações em grande parte de natureza
qualitativa.
Stubbs et al (2013) analisaram o motivo pelo qual vinte e três de duzentas empresas da
Austrália não aderiram a divulgação dos relatórios de sustentabilidade. Os dados foram
coletados de entrevistas em profundidade, com diretores de grandes organizações australianas
cotadas em bolsa, pertencentes a ASX200, nos seguintes setores: 43% de mineração, 13% de
energia, 9% de finanças, 4% de consumo básico e 31% classificados como outros. Notou-se
que 62% dessas empresas são de setores com altas taxas de comunicação, como mineração,
energia e do setor bancário, porém estas optaram pela não-notificação. O motivo revelado nas
entrevistas foram os mais diversos, alguns veem a notificação como desnecessária ou
irrelevante e não se sentem pressionados para fazê-la. Enquanto uma cultura de conformidade
permeia muitas dessas empresas, especialmente do setor de mineração, para outras a
sustentabilidade é vista como um luxo, como algo que “é bom fazer", mas não um “'deve ser
feito”, nem existem demandas dos stakeholders para obter informações sobre o seu
desempenho nessa área. Na visão dessas empresas, há maneiras mais eficazes e diretas de se
lidar com os problemas que surgem, do que dedicar recursos para a produção dos relatórios de
sustentabilidade. Conclui-se que a sustentabilidade, de forma mais geral, é percebida
principalmente como uma questão de gestão de riscos, mas não é algo que suscite prestação
de contas.
No contexto brasileiro, Cunha e Ribeiro (2006) pesquisaram os fatores predominantes
para a divulgação dos relatórios de sustentabilidade, em uma amostra das empresas listadas na
BM&FBovespa, no período de 2003 a 2004. Eles descobriram que a divulgação voluntária
está associada positivamente ao nível de governança corporativa e negativamente ao tamanho.
Murcia et al (2008) analisaram os fatores que influenciam a adesão voluntária a divulgação
em sustentabilidade, em uma amostra das empresas listadas na bolsa. Seus resultados foram
estatisticamente significantes para as variáveis participação no Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) e tamanho da empresa. Braga e Salotti (2008) investigaram a relação entre
as características corporativas das empresas que operam no Brasil e o nível de divulgação, e
constataram relações positivas para as variáveis tamanho e natureza da atividade.
Em sua essência, os relatórios de sustentabilidades auxiliam as organizações a
estabelecer metas, aferir seu desempenho e gerir mudanças com o intuito de tornar suas
operações mais sustentáveis. Os relatórios devem divulgar as informações sobre os impactos
da organização, sejam eles positivos ou negativos, sobre o meio ambiente, a sociedade e a
economia. Assim, eles dão forma tangível e concreta a questões abstratas, ajudando às
organizações a compreender e melhor gerir os efeitos do desenvolvimento da sustentabilidade
sobre suas atividades e estratégias. Os conteúdos e os indicadores permitem que as
informações contidas nos relatórios de sustentabilidade sejam acessadas e comparadas,
disponibilizando, assim, dados aprimorados para informar as decisões de diferentes
stakeholders (GRI, 2015).
Em 2012, a BM&FBovespa passou a recomendar que as empresas listadas indiquem,
no Formulário de Referência no item 7.8 - “Descrição das relações de longo prazo relevantes
da companhia que não figurem em outra parte deste formulário”, se publicam Relatórios de
Sustentabilidade ou Integrado e onde está disponível. Em caso negativo, devem explicar por
que não o fazem. Essa iniciativa foi intitulada “Relate ou Explique para Relatório de
Sustentabilidade ou Integrado”, feita em parceria com a GRI. E permite uma adesão
progressiva das companhias à prática de reportar para os investidores informações e
resultados relacionados às dimensões social, ambiental e de governança corporativa
(BM&FBOVESPA, 2015).
2.3 Hipóteses de pesquisa
O referencial teórico apresentado impulsionou a geração das hipóteses de pesquisa,
que contemplam as características do conselho de administração e seus efeitos na divulgação
da sustentabilidade nas empresas da BM&FBovespa. Primeiramente, apresentam-se os
trabalhos empíricos nesse tema, reuniram-se autores seminais e estudos mais recentes. Segue-
se com a teoria, alinhada às hipóteses, que foram testadas nesta pesquisa.
2.3.1 Principais estudos sobre o conselho de administração
O Conselho de Administração é considerado por muitos autores como o principal
mecanismo da governança corporativa (GUERRA, 2010; IBGC, 2009; SILVEIRA, 2002).
Dalton et al (1999) corroboraram a teoria de Pfeffer e Salancik (1978) segundo a qual o
conselho é um importante meio de acesso aos recursos do ambiente externo. Porém, apesar da
consolidação de sua importância, para Fontes Filho (2012), ainda há controvérsias sobre qual
papel principal o conselho deve exercer e até que ponto ele está sujeito a efeitos
contingenciais.
Daí a infinidade de estudos nessa temática, mas com pouco consenso sobre que
características os conselhos devem ter (JOHNSON et al, 2013). Trabalhos como os de Silveira
(2002), Andrade et al (2009), Gondrige et al (2012) e Fraga e Silva (2012) têm como foco de
estudo a composição dos conselhos de administração, dando ênfase às características de
independência e de dualidade e as relacionaram com o desempenho da empresa, com uma
grande variedade de resultados. Silveira (2002) fez uma análise da composição do conselho
de administração das companhias de capital aberto brasileiras, no período de 1998 a 2000.
Seus achados foram que empresas que não apresentam dualidade são mais valorizadas pelo
mercado. E empresas com um número intermediário de conselheiros, de cinco a sete
membros, alcançam melhor desempenho. Já para a característica de independência dos
conselheiros não foi encontrada relação significativa.
Entretanto, Andrade et al (2009) não só encontraram significância entre independência
e o valor da empresa, como constataram que há uma faixa ótima conforme o tamanho da
empresa, em que a independência do conselho é percebida pelo mercado como um fator
positivo. Acima ou abaixo dessa faixa, os fornecedores de capital, em especial os acionistas,
tendem a fazer com que os ativos financeiros dessas empresas percam valor no mercado
acionário. Os autores também identificaram que empresas com perfis semelhantes quanto à
composição do conselho proporcionam impactos diferentes sobre o seu valor de mercado,
conforme o tamanho da empresa, ou sobre o seu desempenho, de acordo com o índice de
endividamento.
Os resultados dos estudos de Gondrige et al (2012) demonstraram que o tamanho do
conselho e o nível de alavancagem da empresa estão positivamente relacionados,
diferentemente da dualidade e a independência que não apresentaram significância estatística.
Fraga e Silva (2012) perceberam que a independência é um aspecto que tem impacto no
desempenho, mas de forma negativa. Os autores alegaram que a possibilidade de que a
presença de conselheiros independentes, com conhecimentos deficientes sobre os negócios
das empresas, esteja afetando o seu desempenho. Ainda, sobre o aspecto da diversidade, seus
achados demonstraram que empresas com conselhos com pelo menos um integrante do sexo
feminino, apresentaram desempenho de mercado significativamente superior aos demais.
Zahra e Pearce (1989) apresentaram um dos primeiros estudos sobre as características
dos conselhos e desde então surgiram outros que retrataram, além das características, como a
independência e a dualidade. Michelon e Parbonetti (2012), em estudos recentes, forneceram
evidências de que a tradicional distinção entre membros independentes e não independentes
do conselho não descrevem totalmente a variedade de papéis dos conselheiros. Outras
características poderão ser consideradas como as características demográficas (idade,
escolaridade, gênero e etnia).
Ben-Amar et al (2013) analisaram a diversidade nos aspectos referentes à cultura, o
gênero, a experiência e a nacionalidade dos membros do conselho, em uma amostra de 206
empresas canadenses, que passaram por processo de fusão e aquisição. O intuito foi verificar
como a diversidade influencia no processo de tomada de decisão estratégica dessas empresas.
Seus resultados indicaram que existe uma relação positiva entre diversidade e qualidade nas
decisões estratégicas. Cunha e Martins (2015) analisaram a influência da diversidade no
endividamento das empresas. Seus achados revelaram que a idade, o número dos membros e o
número de conselheiros indicados pelos minoritários são fatores determinantes da estrutura de
capital das empresas, influenciando de forma negativa seu nível de endividamento. Para os
autores, essas evidências ratificam a literatura existente relacionada à relevância do conselho
no processo de gestão da empresa. Porém curiosamente não houve significância de fatores
como o grau de independência do conselho assim como a dualidade de funções.
2.3.2 Principais estudos sobre o conselho de administração e sustentabilidade
Estudos analisaram a relação entre as características do conselho e a filantropia
(COFFEY; WANG, 1998), a responsabilidade social corporativa (POST et al, 2011; Post et
al,2015) e a sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa (HAFSI; TURGUT,
2013; MATOS; GOIS, 2013; MICHELON; PARBONETTI, 2012; WALLS et al, 2012;
HERBOHN et al, 2014; AMRAN et al, 2014), conforme resumo apresentado no Quadro 6.
Nesse contexto, Coffey e Wang (1998) estudaram em uma amostra de 98 empresas da
Fortune 500, a relação entre a diversidade do conselho e a filantropia corporativa. Eles
testaram a hipótese de que o aumento na diversidade do conselho está positivamente
relacionada com a filantropia corporativa, porém seus resultados não se confirmaram. Hillman
et al (2001) verificaram a composição do conselho e suas relações com os stakeholders.
Analisaram 3.268 conselheiros, representando 250 empresas do S&P500 no ano de 1995.
Seus achados indicaram que há diferença nos efeitos da representação dos stakeholders
dependendo dos grupos aos quais representam, dos interesses reais desses grupos e da eficácia
do conselho.
Post et al (2011) avaliaram a diversidade do conselho e a responsabilidade social
corporativa ambiental, com uma amostra de 78 empresas dos setores eletrônico e químico da
Fortune 1000, no período de 2006 a 2007. Seus achados demonstraram que apresentam maior
responsabilidade social corporativa ambiental, as empresas com conselhos com maior
proporção de membros independentes, com média de idade de 50 anos, com a presença de três
ou mais mulheres e com maior proporção de conselheiros formados na Europa Ocidental.
Os aspectos da governança corporativa, referentes ao conselho, e sua influência no
desempenho ambiental foram examinados por Walls et al. (2012) em uma amostra de
empresas da S&P 500 da indústria de fabricação, com um total de 313 empresas, nos anos de
1997 a 2005. Seus achados consistiram em que o papel do conselho parece, em grande parte,
ser relevante para preocupações ambientais. E que quanto menores e mais diversificados os
conselhos melhor o desempenho ambiental da empresa.
Michelon e Parbonetti (2012) pesquisaram a composição do conselho e divulgação da
responsabilidade social corporativa, ao analisarem 57 empresas que compõe o Dow Jones
Sustainability Index (DJSI), no ano de 2003. Seus resultados não confirmaram a hipótese de
que a divulgação da responsabilidade social corporativa está positivamente associada com a
proporção de independentes e negativamente com a dualidade. Mas confirmaram que a
divulgação está positivamente associada com a proporção de conselheiros membros da
comunidade.
Matos e Gois (2013) verificaram as características do conselho e o nível de
divulgação da responsabilidade social corporativa. Com uma amostra de empresas da Bolsa
de Valores de Lisboa, no período de 2006 a 2010, em um total de 231 observações. Seus
resultados sugeriram que há pouca influência das características do conselho sobre as práticas
de divulgação. A variável representativa da proporção de conselheiros independentes foi a que
se mostrou mais relevante na explicação das práticas de divulgação de responsabilidade social
corporativa. Hafsi e Turgut (2013) estudaram a diversidade do conselho e o desempenho
social da empresa, em uma amostra de 95 empresas do S&P500 dos setores de serviços e de
fabricação, no ano de 2005. Seus resultados indicaram que gênero e idade têm um efeito
significativo sobre o desempenho social das empresas.
Quadro 6 – Resumo dos trabalhos empíricos sobre Conselho de Administração e Sustentabilidade
Autor Tema Variáveis Amostra Principais resultados
Coffey e
Wang (1998)
Diversidade do
CA e filantropia
corporativa
Independentes: composição do conselho (idade
média; total de anos servidos; nº de membros).
Dependente: filantropia corporativa
98 empresas da Fortune
500.
Não confirmou a hipótese de que o aumento na diversidade do
CA está positivamente relacionada com a filantropia corporativa
Hillman et
al. (2001)
Composição do
CA e as relações
com
stakeholders
Independentes: CA (funcionário, cliente, fornecedor,
representante da comunidade ou outras não
stakeholders). Dependente: desempenho social.
Controle: tamanho da empresa e tamanho total do CA.
3268 conselheiros
representando 250
empresas do S&P500
no ano de 1995.
Há diferenças nos efeitos da representação dos stakeholders
dependendo dos grupos que são esperados para representar, dos
interesses reais e da eficácia do conselho.
Post et al.
(2011)
Diversidade do
CA e RCA
Independentes: diversidade do CA (representantes
dos minoritários; número de membros, idade,
membros independentes; gênero; estrangeiros e
escolaridade. Dependente: responsabilidade
corporativa ambiental. Controle: dualidade, lucro,
setor, tamanho do CA.
78 empresas de
eletrônicos e empresas
químicas da Fortune
1000, de 2006 e 2007.
Apresentam maior RCA as empresas com CA com maior
proporção de membros independentes, com média de idade de 50
anos, com a presença de três ou mais mulheres e com maior
proporção de conselheiros formados na Europa Ocidental.
Michelon e
Parbonetti
(2012)
Composição do
CA e divulgação
da
sustentabilidade
Independentes: composição do CA (membros
independentes, dualidade; membros da comunidade,
comitês e numero total de membros). Dependente:
divulgação da sustentabilidade. Controle: listagem,
rentabilidade (ROE), tamanho da empresa,
alavancagem, risco, idade, país, setor e tamanho do
conselho.
57 empresas que
compõe o Dow Jones
Sustainability Index
(DJSI), no ano de
2003.
Não houve significância estatística para as variáveis membros
independentes e dualidade. A hipótese aceita foi de que a
divulgação está positivamente associada com a proporção de
conselheiros membros da comunidade
Walls et al.
(2012)
GC e
desempenho
ambiental
Independentes: propriedade das ações, dualidade,
comitês, diversidade gênero, tamanho do conselho e
independência. Dependente: desempenho ambiental.
Controle: desempenho (ROE), tamanho da empresa,
alavancagem.
S&P 500 empresas na
indústria de fabricação,
total de 313, nos anos
de 19972005.
Os CAs menores e mais diversificados melhoram o desempenho
ambiental. Um CEO mais poderoso (na forma de dualidade) é
capaz de ressaltar metas ambientais quando o conselho não é
composto por membros independentes.
Hafsi e
Turgut
(2013)
Diversidade do
CA e
desempenho
social
Independentes: diversidade do CA em relação a
outras empresas (independência de propriedade,
tamanho do conselho, independência e dualidade;
diversidade dentro do CA: gênero, idade, comitês e
etnia dos membros. Dependente: desempenho social.
Controle: setor e desempenho (ROE)
95 empresas do
S&P500 dos setores de
serviços e de
fabricação, no ano de
2005.
Gênero e idade têm um efeito significativo sobre o desempenho
social das empresas. A presença de mulheres tem um efeito
positivo, já a diversidade de idade tem um efeito negativo.
Continua
Autor Tema Variáveis Amostra Principais resultados
Matos e
Gois (2013)
Características
do CA e
divulgação da
RSC
Independentes: características do CA (membros
independentes, estrangeiros, dualidade e participação
do o presidente do CA em outros CA fora do grupo).
Dependente: divulgação de RSC. Controle: tamanho
e desempenho (ROE)
231 empresas da Bolsa
de Valores de Lisboa,
entre 2006 e 2010.
A variável proporção de conselheiros não executivos que
integram o conselho de administração foi aquela que se mostrou
mais relevante na explicação das práticas de divulgação de RSC
Herbohn et
al. (2014)
Desempenho
social e
divulgação de
sustentabilidade
Independente: desempenho social. Dependente:
divulgação dos relatórios. Controle: comunicação
estratégica, custos ambientais e tamanho da empresa.
339 empresas
australianas de
mineração e energia,
no ano de 2006
A divulgação da sustentabilidade apresenta significância
estatística para o desempenho de sustentabilidade. E a variável
divulgação de sustentabilidade está positivamente relacionada
com as variáveis idade, tamanho da empresa e para as que
possuem estratégia de comunicação proativa.
Amran et al.
(2014)
Características
do CA e
divulgação de
sustentabilidade
Independentes: composição do conselho
(independência, gênero e tamanho do conselho), visão
e missão organizacional, comitês e colaboração com
ONG. Dependente: divulgação de sustentabilidade.
Controle: tamanho, país de residência e setor.
113 empresas da
Coréia, Índia, Japão,
Malásia, Nova
Zelândia, Indonésia,
Filipinas, Cingapura,
Tailândia, China,
Austrália e Taiwan,
pesquisaram no ano de
2010
Não encontraram significância estatística em seus resultados.
Post et al.
(2015)
Composição do
conselho e o
desempenho
ambiental
Independentes: composição do CA (membros e
membros independentes). Dependente: desempenho
ambiental. Controle: tamanho da empresa,
públicoprivado, número de mulheres na gestão, idade
dos membros e comitês.
36 empresas
americanas, dos setores
de petróleo e gás,
listadas no
Forbes.com, no período
de 2004 a 2008.
Descobriram que quanto maior a representação das mulheres no
conselho de administração, maior é a probabilidade de a empresa
formar alianças estratégicas em sustentabilidade. Da mesma
forma, a representação de conselheiros independentes no conselho
aumenta a probabilidade da empresa para formar tais alianças.
Fonte: Elaborado pela autora.
Notas: CA= Conselho de Administração, RCA= Responsabilidade Corporativa Ambiental, RSC= Responsabilidade Social Corporativa e GC= Governança Corporativa
Continuação
Herbohn et al. (2014) observaram a relação entre o desempenho social e a divulgação dos
relatórios de sustentabilidade, dentro das indústrias extrativistas australianas, no total de 339
empresas de mineração e energia, listadas na Australian Securities Exchange, no ano de 2006.
Os autores constataram que a variável desempenho social está fortemente associada com a
divulgação, conforme eles esperavam. A divulgação dos relatórios de sustentabilidade são
maiores para as empresas com uma estratégia de comunicação proativa, com a idade e
tamanho da empresa. Amran et al. (2014) com uma amostra composta por empresas da
Coréia, Índia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Indonésia, Filipinas, Cingapura, Tailândia,
China, Austrália e Taiwan, pesquisaram no ano de 2010, a composição do conselho
(independência, gênero e tamanho do conselho) e o nível de divulgação de sustentabilidade. E
não encontraram significância estatística em seus resultados.
Post et al. (2015) analisaram a relação entre a composição do conselho e o
desempenho ambiental, constituído por meio de alianças estratégicas, com uma amostra de
36 empresas americanas, dos setores de petróleo e gás, no período de 2004 a 2008. Os autores
descobriram que quanto maior a representação das mulheres no conselho de administração,
maior é a probabilidade de a empresa formar alianças estratégicas em sustentabilidade. Da
mesma forma, a representação de conselheiros independentes no conselho aumenta a
probabilidade da empresa para formar alianças. Tais alianças, por sua vez, contribuem de
forma positiva para o desempenho ambiental das empresas.
2.3.3 Características Demográficas do Conselho: Idade e Gênero
As pesquisas sugerem que os valores éticos variam de acordo com características
demográficas (POST et al., 2011) que afetam os aspectos comportamentais e a tomada de
decisão, refletindo nos resultados da empresa (FORBES; MILLIKEN, 1999). No que tange a
essas características, estudos recentes comprovam que a idade tem impacto na percepção
moral e ética do indivíduo e sua disposição para transgredir normas (SANTOS et al., 2013). A
capacidade de raciocínio moral desenvolve-se ao longo do tempo, de forma que indivíduos
mais velhos apresentam raciocínio moral mais elevado (FORTE,2004; McCABE et al., 2006).
Assim, pode-se esperar que conselhos com a presença de membros mais velhos apresentam
maior responsabilidade social corporativa. No entanto, indivíduos mais jovens expressam
maior preocupação com o meio ambiente de acordo com Diamantopoulos et al., (2003).
Para testar essa teoria Post et al. (2011) formularam a hipótese de que membros do
conselho com faixa de idade mais baixa e membros com faixa de idade mais alta, seriam mais
favoráveis a sustentabilidade, porém essa hipótese não se confirmou. Ao contrário, seus
achados indicaram que as empresas cujos conselhos possuem membros com uma faixa de
idade de 50 anos apresentam maiores práticas de responsabilidade corporativa. Esses
resultados foram corroborados por Hafsi e Turgut (2013).
Logo, esses achados dão suporte para a seguinte hipótese:
Hipótese 1: As empresas que apresentam a faixa de idade dos membros dos seus
conselhos de administração, com uma média de 50 anos, estão positivamente relacionadas
com a divulgação de sustentabilidade.
A diversidade de gênero afeta a cognição, a dinâmica e a tomada de decisão do
conselho (JONHSON et al., 2013), gera menos conflito e mais atividades de controle
estratégico (NIELSEN; HUSE, 2010). Além de auxiliar nas questões estratégicas mais
complexas (BEN-AMAR et al., 2013), e com impacto significativo na governança corporativa
(ADAMS; FERREIRA, 2009). Assim mulheres e homens apresentam diferentes valores no
que se refere à sustentabilidade (CHODOROW, 1974; GILLIGAN, 1982). As mulheres
apresentam maior tendência para os princípios de justiça e equidade (JAFFEE; HYDE, 2000).
Nesse sentido, estudos identificam uma associação positiva entre a presença de
mulheres no conselho e empresas engajadas em sustentabilidade e, consequentemente mais
propensas à divulgação dos relatórios dessas atividades. Nas evidências de Post et al. (2011),
os conselhos compostos por no mínimo três mulheres apresentaram resultados significativos.
FriasAceituno et al. (2012) encontraram resultados semelhantes ao pesquisaram no período
de 2008 a 2010, um grupo de 568 empresas listadas na Forbes Global List 2000, pertencentes
a 15 países, e constataram que a diversidade de gênero explica a divulgação de informações
de sustentabilidade. Os autores ampliam suas conclusões para os três modelos de governança
corporativa: o modelo anglosaxão, o germânico e o modelo latino.
Com dados coletados em 22 países, FernandezFeijoo (2014) corrobora essas
constatações ao verificar que conselhos com mais mulheres divulgam mais informações sobre
a sustentabilidade. E ainda, a presença de três ou mais membros do sexo feminino nos
conselhos, está associada com a maior qualidade na divulgação dos relatórios, com maior
verificação externa das informações relatadas. Os resultados encontrados por Boulouta (2013)
e Harjoto (2015) vão ao encontro desses achados. O primeiro trabalho pesquisou uma amostra
de 126 empresas da S&P 500, no período de 19992003, e o segundo trabalho ampliou a
amostra e o período, ao analisar 1.489 empresas norte-americanas, no período de 1999 a 2011.
Ambos constataram que a diversidade de gênero está positivamente associada ao desempenho
social.
Com base nesses trabalhos, a seguinte hipótese foi formulada:
Hipótese 2: As empresas que apresentam maior diversidade de gênero, com a
presença de mulheres como membros dos seus conselhos de administração, estão
positivamente relacionadas com a divulgação de sustentabilidade.
2.3.4 Composição do Conselho: Independência e Dualidade
Os membros do conselho, quando são independentes, desempenham um papel
importante no aumento da reputação da empresa e sua legitimidade, devido as suas conexões
com os diversos stakeholders, por isso são considerados como fontes de recursos para as
organizações (GALES; KESENER, 1994; HILLMAN et al., 2000). Os membros
independentes estão menos voltados ao desempenho econômico de curto prazo e mais
preocupados com uma visão em longo prazo, dentro da responsabilidade social corporativa,
do que os membros internos (IBRAHIM et al., 2003; WEBB, 2004) e, ainda apresentam
maior valor para as ações socialmente responsáveis (IBRAHIM; ANGELIDIS, 1995).
Por outro lado, uma maior proporção de diretores independentes tenderá a ser mais
efetiva no cumprimento do seu papel de monitoramento baseado em sua maior objetividade,
uma vez que não apresenta ligação com a empresa (DALTON et al., 1998; ZAHRA;
PEARCE, 1989). Esse argumento é comprovado por Eng e Mak (2003), ao examinarem o
impacto da composição do conselho, medida pelo número de membros independentes, na
divulgação corporativa. Com uma amostra de 158 empresas listadas na bolsa de Singapura,
descobriram que o aumento da presença de membros independentes reduz a divulgação
voluntária. Os autores concluem que isso seria consistente com uma estratégia de escolha no
que se refere ao monitoramento da empresa, entre a presença dos membros independentes e a
divulgação. A explicação seria que com a presença de conselheiros sem vínculos com a
organização, o monitoramento das ações dos executivos aumenta, dessa maneira não seriam
necessários outros recursos com essa finalidade, como no caso da divulgação. Esses
resultados se confirmam nos estudos de Farooque e Ahulu (2015), que analisaram a
divulgação ambiental em 67 multinacionais localizadas tanto em países desenvolvidos, como
a Austrália e os Estados Unidos, quanto nas economias emergentes, como a África do Sul, no
período de 2008 a 2009.
Em contrapartida, Herda et al ( 2013) testaram a variável membros independentes do
conselho e a quantidade emitida de relatórios de sustentabilidade, para a amostra das 500
maiores empresas dos EUA, listadas no Green Rankings 2009, e que representa
aproximadamente 75% do total de capitalização de mercado dos EUA. Os autores
constataram que a probabilidade de emissão de relatórios de sustentabilidade é maior para as
empresas com conselhos mais independentes, seus achados vão ao encontro dos trabalhos de
Post et al. (2011) e de Matos e Gois (2013).
Ao considerar estes resultados divergentes e os argumentos da teoria, se propõe a
seguinte hipótese:
Hipótese 3: As empresas com um maior número de membros independentes em seus
conselhos de administração estão positivamente relacionadas a divulgação de
sustentabilidade.
A dualidade entre CEO e o cargo de presidente do conselho, diferencia o tratamento
dos stakeholders (WANG; DEWHIRST, 1992), pois CEOs estão mais voltados a ações de
curto prazo (WALLS; PERRONE; PHAN, 2012), e nesse caso, a dualidade está
negativamente associada com as empresas socialmente responsáveis (WEBB, 2004). Prado-
Lorenzo e Garcia-Sanchez (2010) confirmaram essa teoria ao testaram o papel do conselho de
administração na divulgação de informações ambientais, com uma amostra composta por 283
empresas listadas no Global 500, no ano de 2008. A explicação seria que a divulgação poderia
acarretar em custos legais para os proprietários, que superam quaisquer vantagens obtidas.
Seamer (2014) encontrou resultados semelhantes ao analisar o papel da governança
corporativa para assegurar a divulgação dos relatórios corporativos. Com uma amostra de 60
empresas australianas sujeitas a intervenção legal pelo não cumprimento das suas
responsabilidades de divulgação. Os resultados deste estudo mostram que governança
corporativa tem impacto sobre a divulgação de seus relatórios. Em particular, fornece provas
que a probabilidade das empresas que possuem dualidade de funções falhar na divulgação dos
relatórios, é maior do que as empresas que segregam essas funções.
No entanto, Jizi et al. (2014) testaram a relação entre o conselho de administração e a
responsabilidade social corporativa, no setor bancário americano, no período de 2009 a 2011,
e encontraram evidências de que a dualidade impacta positivamente na divulgação de
responsabilidade social corporativa. Os autores concluem que CEOs podem se sentir
estimulados a promover a divulgação de suas atividades de cunho sustentável, para aumentar
sua visibilidade, e favorecer a autopromoção. Por outro lado, a divulgação dos relatórios
também poderia ser uma maneira para mitigar os riscos gerenciais e aumentar a credibilidade
na empresa. Não obstante, Khan et al ( 2013), ao investigarem a governança corporativa e a
divulgações dos relatórios anuais, em empresas de Bangladesh, no período de 2005 a 2009,
não encontraram nenhum impacto significativo com a variável dualidade.
Diante destes resultados diversos, pretende-se testar a hipótese a seguir:
Hipótese 4: As empresas que apresentam a dualidade de funções para os membros do
conselho, estão negativamente relacionadas com a divulgação de sustentabilidade.
Assim, a teoria dá suporte para que essas hipóteses sejam testadas, buscando analisar
quais características dos conselhos de administração, como aspectos de idade, gênero,
independência e dualidade dos membros influenciam a divulgação voluntária, por meio dos
relatórios de sustentabilidade das empresas.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo busca-se descrever os aspectos metodológicos utilizados. Inicialmente,
identificou-se a abordagem metodológica, a amostra, o período e a fonte de coleta dos dados,
para em seguida, identificar as variáveis que compuseram o trabalho, e as especificações das
técnicas utilizadas para a análise dos resultados.
3.1 Abordagem metodológica, amostra, período e fonte de dados
O presente estudo se posiciona como pós-positivista, porque reflete a necessidade de
identificar e avaliar as causas que influenciam os resultados. Baseia-se na observação e na
mensuração, de maneira objetiva, da realidade do universo. Quanto à abordagem do
problema, apresenta-se com características quantitativas porque os dados numéricos foram
submetidos a análises estatísticas (CRESWELL, 2010).
As empresas participantes da BM&FBovespa são o universo estudado, que foi
selecionado por conter empresas com maior transparência nos dados, com informações
devidamente auditadas ao mercado, o que lhes confere segurança e credibilidade. Excluíram-
se as empresas que apresentam o status de canceladas da bolsa e as que apresentaram dados
insuficientes para análise, totalizando em 285 empresas para amostra final. O período
analisado foi de 2011 a 2014, que de acordo com o propósito da pesquisa se justifica por
compreender o ciclo de relatórios de sustentabilidade, desde a primeira solicitação de emissão
de divulgação voluntária, pela BM&FBovespa até a data desta pesquisa. O período total de
análise comporta quatro anos de informações, o que possibilita a análise longitudinal, em que
os dados representam uma série temporal de observações que permitem mapear os elementos
para que se possam observar tendências (HAIR et al., 2005).
Os dados foram obtidos de fontes secundárias, sendo documentais relativos às
informações divulgadas pelas empresas, e que se referem aos dados dos conselhos de
administração e aos relatórios de sustentabilidade. As informações referentes à composição
dos conselhos foram extraídas do sítio eletrônico da BM&FBovespa, acessados via
Formulários de Referências, opção “Assembleia e Administração” e “Composição e
Experiência Profissional”. Para os relatórios, as informações foram retiradas da
BM&FBovespa, no Formulário de Referência do ano subsequente, no item 7.8, “Relações de
longo prazo relevantes”. As empresas disponibilizam o endereço eletrônico para obtenção dos
relatórios ou o link direto para download. Os dados econômico-financeiros utilizados para as
variáveis de controle foram obtidos pelo banco de dados Economática®, e as informações das
empresas participantes do ISE, foram coletadas do referido site, nas informações da carteira
do índice. Em todos os casos em que os dados não foram encontrados ou estavam
incompletos, buscou-se informações nos sites da CVM e das empresas. Como técnicas de
análise dos dados empregou-se a análise de conteúdo para os relatórios de sustentabilidade e
as técnicas estatísticas para os demais dados.
3.2 Definição das variáveis
As variáveis referem-se aos atributos das organizações que podem ser medidos, que
variam entre as organizações estudadas. O referencial teórico apresentado serviu de base para
a escolha das variáveis investigadas, de acordo com trabalhos anteriores que apresentam
objetivos semelhantes a este estudo. Esta escolha possibilitou a comparação com os resultados
obtidos nos trabalhos precedentes. As variáveis foram divididas em três grupos: dependente,
independentes e de controle.
3.2.1. Variável Dependente
Como variável dependente definiu-se a divulgação da sustentabilidade, por meio dos
indicadores da Global Report Iniciative (GRI), similares aos trabalhos de Michelon e
Parbonetti (2012), Rover et al. (2012), Matos e Gois (2013), Calixto (2013), Amran et al.
(2014) e Farooque e Ahulu (2015). A GRI tem o objetivo de promover a qualidade e o rigor
dos relatórios de sustentabilidade, por meio de diretrizes que auxiliam as empresas na
divulgação de suas informações.
Para mensuração da variável dependente foi necessária à codificação dos relatórios de
sustentabilidade, para tanto se utilizou a técnica de análise de conteúdo. Optou-se por essa
abordagem devido à natureza dos dados, pois um enfoque somente estatístico não seria
possível extrair essas informações. A técnica de análise de conteúdo é utilizada em estudos
sobre as informações socioambientais divulgadas pelas companhias em relatórios, como nos
trabalhos de Post et al. (2011), Rover et al. (2012), Michelon e Parbonetti (2012), Hafsi e
Turgut (2013), Matos e Gois (2013), Calixto (2013), Frias-Aceituno et al. (2013), Anram et
al. (2014) e Farooque e Ahulu (2015). A análise de conteúdo segue o modelo de Bardin
(1977), e consiste em um conjunto de técnicas de análise, que emprega procedimentos
ordenados para a descrição do conteúdo das mensagens. Divide-se em três fases: a pré-
análise, a exploração do material e o tratamento e interpretação dos resultados. As duas
primeiras fases são demostradas na sequência, e a última fase que ocorre com o tratamento e a
interpretação dos resultados, será apresentada no capítulo subsequente.
a) Pré-análise
Na fase de pré-análise buscou-se definir os indicadores da GRI, que seriam os
parâmetros para determinar o nível de divulgação dos relatórios. As Diretrizes GRI oferecem
duas opções para que a empresa organize seu relatório de sustentabilidade: a essencial
(elementos essenciais) e a abrangente (essencial e informações adicionais sobre a estratégia,
análise, governança, ética e integridade). Para fins deste trabalho será considerada a opção
essencial, e desconsideraram-se os indicadores setoriais, para dessa forma todas as empresas
terem as mesmas condições de avaliação. As Diretrizes G3 foram disponibilizadas no ano de
2006 e as Diretrizes G4 em 2013, portanto, para abranger todo o período estudado com os
mesmos parâmetros, as Diretrizes G3 foram escolhidas como norteadoras deste estudo.
b) Exploração do material
Nessa etapa empregou-se o software Atlas Ti®, para extração dos temas e mensagens
dos textos, prosseguiu-se de forma descritiva, a partir da codificação das unidades de análise e
quantificação dos elementos textuais. As unidades de análise são as palavras ou frases que
serão analisadas nos relatórios e a codificação consiste em agrupar as unidades que
apresentam os atributos previamente estabelecidos. As categorias utilizadas nesta pesquisa são
consideradas apriorísticas, que são aquelas em que se possui previamente, as categorias
definidas, e que permite classificar diretamente suas unidades de análises dentro destas
categorias. As categorias estabelecidas correspondem aos indicadores da GRI e foram
inseridas na ferramenta Atlas Ti®, no espaço denominado como códigos (codes), e estes estão
agrupados em famílias (families), de acordo com suas características em comum.
Assim, nesta etapa categorizaram-se os indicadores da seguinte maneira: oito famílias
de indicadores, e para cada família foram incluídas as categorias, que correspondem aos
aspectos que compõe cada indicador, perfazendo um total de 33 categorias, apresentados a
seguir: Estratégia e Análise (carta do presidente), Perfil Organizacional (características da
empresa), Stakeholders (grupos engajados e principais tópicos e preocupações dos
stakeholders), Perfil do Relatório (GRI e verificação externa), Governança (estrutura de
governança e códigos de conduta e de ética), Indicador Econômico (demonstrativos
financeiros, presença no mercado e impactos econômicos indiretos), Indicador Ambiental
(materiais usados, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes e resíduos, produtos e
serviços e multas ambientais) e Indicador Social (emprego, relações trabalhistas, saúde e
segurança, treinamento e educação, diversidade e igualdade de oportunidades, igualdade de
remuneração, direitos humanos, comunidades locais, combate à corrupção, políticas públicas,
saúde e segurança do cliente, rotulagem de produtos e serviços, comunicações de marketing e
conformidade).
Na codificação das unidades correspondentes a família Estratégia e Análise,
receberam pontuação na categoria Carta do Presidente, aquelas empresas que apresentaram o
comunicado do principal tomador de decisão da organização, com a visão geral da empresa e
a declaração das principais estratégias adotadas no período, bem como as perspectivas futuras.
No Perfil Organizacional pontuaram as empresas que apresentaram uma visão geral das
características organizacionais. Para o indicador Stakeholders, as orientações da G3
correspondem em relatar os grupos engajados e as suas principais preocupações referentes à
organização. No Perfil do Relatório foram pontuadas as empresas que aderiram a GRI e
também aquelas que comprovaram a verificação por auditoria externa do relatório. Para o
indicador Governança, foram consideradas aquelas empresas que relataram a sua estrutura e
aquelas que descreveram seus valores e princípios, como os códigos de conduta e de ética.
As orientações para o Indicador Econômico é explanar sobre o fluxo de capital entre
diferentes stakeholders, bem como os principais impactos econômicos da organização sobre a
sociedade em geral. Este aspecto foi dividido em valor econômico direto, presença de
mercado e impactos econômicos indiretos. A categoria valor econômico direto abrange os
demonstrativos financeiros; a presença de mercado se refere a comparação entre a faixa
salarial mínima da empresa e os valores mínimos na localidade em que a empresa está
instalada, na proporção de contratação local para membros da diretoria e fornecedores locais;
e o aspecto impactos econômicos indiretos trata-se tanto dos serviços oferecidos quanto ao
desenvolvimento e ao impacto de investimentos em infraestrutura locais.
O direcionamento para o Indicador Ambiental diz respeito ao relato dos impactos da
organização sobre o ecossistema e pode ser classificado em: materiais usados, consumo de
energia, total de retirada de água, impactos na biodiversidade, indicadores de emissões de
gases de efeito estufa e de substâncias que destroem a camada de ozônio, efluentes e resíduos
com a discriminação do descarte total de água e o peso dos resíduos considerados perigosos, a
extensão da mitigação de impactos ambientais de produtos e serviços e o valor monetário de
multas ambientais recebidas. As diretrizes para o Impacto Social se referem à descrição dos
impactos da organização sobre a sociedade e está subdividia em aspectos trabalhistas
(emprego, relações trabalhistas, saúde e segurança, treinamento e educação, diversidade e
igualdade salarial), aspectos referentes aos direitos humanos (não discriminação, combate ao
trabalho infantil e ao trabalho escravo, respeito aos direitos dos povos indígenas), aspectos
sociais (comunidade local, combate a corrupção e políticas públicas) e o aspecto referente ao
produto ou serviço ofertado (rotulagem, comunicação e marketing, saúde e segurança do
cliente e multas recebidas).
Nos aspectos trabalhistas foram pontuadas as empresas que apresentam o total de
novas contratações de empregados e a rotatividade por faixa etária, gênero e região, bem
como a porcentagem dos trabalhadores abrangidos por sindicatos e acordos de negociação
coletiva. No que se refere à saúde dos empregados devem ser relatados os tipos e as taxas de
lesões, as doenças ocupacionais, os dias perdidos, o total de absenteísmo e o número de óbitos
relacionados ao trabalho. O número médio de horas de treinamento por ano e por empregado,
discriminado por gênero e categoria funcional, também deve estar incluso no relatório. Além
da descrição do total de empregados por categoria funcional, de acordo com gênero, faixa
etária, minorias e outros indicadores de diversidade e ainda, a razão matemática do salário e
remuneração entre mulheres e homens. A categoria referente aos direitos humanos aborda até
que ponto os processos foram implementados, isso inclui as políticas referentes a não
discriminação, ao combate ao trabalho infantil e ao trabalho escravo e a garantia dos direitos
dos povos indígenas. Nos aspectos sociais as diretrizes abordam os programas para o
engajamento da comunidade local, os treinamentos e os procedimentos adotados para o
combate à corrupção, além do relato dos casos confirmados de corrupção e das medidas
tomadas. E o posicionamento da empresa frente às políticas públicas também deve ser
relatado.
As empresas receberam pontuação quando discriminaram o percentual das categorias
de produtos e serviços significativas para as quais são avaliados impactos na saúde e
segurança buscando melhorias, os tipos de informações sobre produtos e serviços exigidas
pelos procedimentos da organização referentes a informações e rotulagem de produtos e
serviços, e os resultados de pesquisas de satisfação do cliente. O relato das políticas referentes
à comunicação e marketing também deve ser feito, assim como o total de casos de não
conformidade com os regulamentos e os códigos voluntários relativos a comunicações,
incluindo publicidade, promoção e patrocínio. A venda de produtos proibidos ou contestados
também deve estar no relatório. O valor monetário de multas significativas por não
conformidade com os aspectos sociais devem ser relatados. Para pontuação considerou-se a
resposta para cada indicador, conforme o Quadro 7.
Quadro 7 – Codificação das unidades de análise
Família de indicadores Categoria Pontuação
por indicador
Estratégia e Análise Carta do presidente 1
Perfil Organizacional Características da empresa 1
Stakeholders Grupos engajados
Principais tópicos e preocupações dos stakeholders 1
Perfil do Relatório GRI
Verificação externa 1
Governança Estrutura de governança
Códigos de conduta e de ética. 1
Indicador Econômico
Demonstrativos financeiros
Presença no mercado
Impactos econômicos indiretos 1
Indicador Ambiental
Materiais usados
Energia
Água
Biodiversidade
Emissões
Efluentes e resíduos
Produtos e serviços
Multas ambientais
1
Indicador Social
Emprego
Relações trabalhistas
Saúde e segurança
Treinamento e educação
Diversidade e igualdade de oportunidades
Igualdade de remuneração
Direitos humanos
Comunidades locais
Combate à corrupção
Políticas públicas
Saúde e segurança do cliente
Rotulagem de produtos e serviços
Comunicações de marketing
Conformidade
1
Pontuação total 8
Fonte: Elaborado pela autora com base nas Diretrizes GRI G3 (2006).
Nota: Para cada família efetuou-se a média aritmética referente a pontuação de cada categoria. A pontuação
máxima de cada família corresponde a 1(um) ponto. A soma de pontos das famílias indica a pontuação total
atingida por relatório, em cada ano de análise.
Para cada família de indicadores estipulou-se o valor de 1 (um) ponto, este dividido
conforme as categorias que a constituem, ou seja, para as famílias com apenas uma categoria,
o valor dessa categoria foi de 1 (um) ponto, e para aquelas famílias com mais de uma
categoria, foi efetuada a média aritmética para totalizar em 1(um) ponto correspondente ao
indicador. Para a codificação, primeiramente, verificou-se a presença das palavras correlatas
aos indicadores, sinalizando-as como unidades de análise. Após verificou-se se estas unidades
correspondiam ao significado estipulado pela GRI. Desse modo não foi considerado somente
a frequência das palavras indicativas do tema, mas se a informação estava de acordo com as
diretrizes da G3. Para os relatórios que não responderam o indicador ou omitiram sem
nenhuma justificativa foi considerado a pontuação 0 (zero). Para os anos em que a empresa
não divulgou, repetiu-se a informação anterior e nos casos de não haver relatório anterior,
completou-se a pontuação com zero. Com a pontuação total de cada empresa para o período
analisado, criou-se uma escala de 0 a 32 pontos, e classificou-as como baixo, médio baixo,
médio alto e alto nível de divulgação em sustentabilidade, conforme o percentual de
indicadores relatados. Os critérios de classificação e as escalas são demonstrados no Quadro
8.
Quadro 8 – Escalas de pontuação dos relatórios de sustentabilidade
Escalas de pontos Classificação do nível de
divulgação dos relatórios
Percentual de indicadores
relatados
0 a 8 baixo de 0% a 25%
8,01 a 16 médio baixo de 25% a 50%
16,01 a 24 médio alto de 50% a 75%
24,01 a 32 alto de 75% a 100%
Fonte: Dados da pesquisa
A escala que compreende a pontuação de 0 a 8 corresponde ao percentual de 0 a 25%
de indicadores relatados pelas empresas, e foi classificado como de baixo nível de divulgação.
As pontuações de 8,01 a 16 foram classificadas como de médio baixo quanto ao nível de
divulgação, por corresponderem entre 25 a 50% dos indicadores divulgados. A escala de
16,01 a 24 corresponde ao nível médio alto de divulgação e abrange entre 50% a 75% de
indicadores mencionados. E a pontuação de 24,01 a 32 corresponde ao nível alto de
divulgação por corresponder entre 75 a 100% dos indicadores relatados.
3.2.2 Variáveis Independentes
Quatro variáveis independentes foram selecionas para testar as hipóteses elaboradas,
são elas: idade, gênero, independência e dualidade. Os dados relativos a idade são
disponibilizados pelas empresas. Para esta variável utilizou-se a média aritmética para
calcular a média de idade de cada conselho, de acordo com os estudos de Coffey e Wang
(1998), Post et al. (2011) e Hafsi e Turgut (2013). O atributo de gênero foi descrito pelo uso
da variável binária (dummy) em que o valor 1(um) indica sexo feminino e 0 (zero) sexo
masculino, conforme Coffey e Wang (1998), Post et al. (2011), Walls et al.(2012), Hafsi e
Turgut (2013), Frias-Aceituno et al. (2013), Boulouta (2013), Amran et al. (2014) e Ellwood e
Garcia-Lacalle (2015). Essa informação foi obtida pela identificação do nome do(a)
conselheiro(a) correspondente ao seu gênero, conforme o trabalho de Post et al. (2015). Em
casos dos nomes que podem ser designados para ambos os sexos, verificou-se o pronome
relativo à profissão, por exemplo, administradora, contadora, etc.
A variável membro independente se refere aos conselheiros que não possuem
nenhuma espécie de vínculo com a empresa. A sua mensuração foi a contagem do número de
membros identificados pelo código relativo a membro independente, nas informações geradas
pelas empresas. Essa variável foi mensurada e testada nos trabalhos de Coffey e Wang
(1998), Silveira (2002), Post et al. (2011), Michelon e Parbonetti (2012), Walls et al.(2012),
Hafsi e Turgut (2013), Matos e Gois (2013), Frias-Aceituno et al. (2013), Amran et al. (2014)
e Farooque e Ahulu (2015). A dualidade é identificada quando o CEO da empresa exerce
também o papel de presidente do conselho. Essa variável foi identificada nas informações
prestadas pelas empresas, pelo seu código específico. A escolha dessa variável está de acordo
com as pesquisas de Silveira (2002), Post et al. (2011), Michelon e Parbonetti (2012), Walls
et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013) e Matos e Gois (2013)
3.2.3 Variáveis de Controle
A variável de controle é um tipo especial de variável independente, que influencia
potencialmente a variável independente, e precisa ser controlada para que, segundo Creswell
(2010), seja possível determinar a influência da variável independente sobre a dependente sem
vieses. Neste trabalho foram consideradas as seguintes variáveis de controle: o desempenho
financeiro, o porte da empresa, o valor da firma e as características da composição dos
conselhos (CEO e membro do conselho, membros eleitos por acionistas minoritários e
tamanho do conselho) e a participação da empresa no ISE.
Os dados do desempenho financeiro das empresas foram medidos pelo ROE, que é
determinado pela razão entre o lucro líquido e o patrimônio liquido. O tamanho da empresa
que expressa o porte da firma, foi mensurado pelo logaritmo do ativo total. E o valor da
empresa medido pelo Market-to-book que indica o valor de mercado da empresa, com base na
razão entre o valor da ação pelo seu valor contábil. Controlar com essas variáveis é
importante para minimizar as diferenças (de rentabilidade, valor e tamanho) entre as
empresas, para que elas não influenciem nos resultados, conforme os trabalhos de Coffey e
Wang (1998), Silveira (2002), Michelon e Parbonetti (2012), Walls et al.(2012), Matos e Gois
(2013), Andrade et al.(2013), Andrade et al.(2013), Boulouta (2013) e Amran et al. (2014).
Do mesmo modo, as seguintes características de composição dos conselhos foram
consideradas como controle para evitar qualquer desvio que poderia ocorrer caso não fossem
consideradas. São elas: o tamanho do conselho, medido pelo número de membros; a
participação do CEO como membro do conselho, identificado pelo código indicador dessa
informação e a eleição dos membros pelos acionistas minoritários, também observado pelo
código indicador. Estas variáveis foram selecionadas e mensuradas de acordo com os
trabalhos de Coffey e Wang (1998), Hillman et al. (2001), Silveira (2002), Post et al. (2011),
Michelon e Parbonetti (2012), Walls et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013), Amran et al. (2014)
e Cunha e Martins (2015).
E por fim, buscou-se averiguar o controle pela participação das empresas no Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE). Justifica-se sua utilização porque o ISE é utilizado em
muitas pesquisas como indicador de sustentabilidade conforme Murcia et al.(2008), Vital et
al.(2009), Teixeira et al. (2011), Machado et al.(2012) e Freguete et al. (2015). O ISE foi
criado no Brasil em 2005 e tem por objetivo medir o retorno médio de uma carteira teórica de
ações de empresas de capital aberto, com as melhores práticas em sustentabilidade, listadas na
BM&FBovespa. A variável ISE foi medida conforme os trabalhos de Murcia et al.(2008),
Vital et al.(2009), Teixeira et al. (2011), Machado et al.(2012) e Freguete et al. (2015), que
utilizaram uma variável binária (dummy), atribuindo o valor de 1 (um) se a empresa é
participante do Indice de Sustentabilidade Empresarial e 0 (zero) caso não seja. Todas as
variáveis estudadas estão demonstradas no Quadro 9.
Quadro 9 – Descrição operacional das variáveis
Variáveis
Independentes
Mensuração Nome no
modelo
estatístico
Autores
Ca
ract
erís
tica
s d
o C
on
selh
o
Idade Média de idade dos
membros (idade sobre o
nº total de membros)
ID Coffey e Wang (1998), Post et al. (2011) e Hafsi e
Turgut (2013).
Gênero Dummy (D=1 se membro
do sexo feminino,
D=0 membro do sexo
masculino)
GEN Coffey e Wang (1998), Silveira (2002), Post et al.
(2011), Walls et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013),
Frias-Aceituno et al 2013), Boulouta, (2013),
Amran et al. (2014) e Ellwood e Garcia-Lacalle
(2015).
Independência nº de membros
intitulados como
independentes
IND Coffey e Wang (1998), Post et al. (2011), Michelon
e Parbonetti (2012), Walls et al. (2012), Hafsi e
Turgut (2013), Matos e Gois (2013), Frias-
Aceituno et al 2013), Amran et al. (2014) e
Farooque e Ahulu (2015).
Dualidade dummy (D=1 se CEO é o
presidente do conselho e
D=0 caso contrário)
DUO Silveira (2002), Post et al. (2011), Michelon e
Parbonetti (2012), Walls et al.(2012), Hafsi e
Turgut (2013) e Matos e Gois (2013).
Variável
Dependente
Mensuração Autores
Nível de
Divulgação de
Sustentabilidade
Indicadores da GRI (1
ponto para cada
indicador presente e 0
para cada indicador
ausente)
GRI Michelon e Parbonetti (2012), Rover et al (2012), Matos e Gois (2013), Calixto (2013), Amran et al.
(2014) e Farooque e Ahulu (2015).
Variáveis de
Controle
Mensuração Autores
Desempenho
Financeiro
ROE (rentabilidade sobre
o patrimônio liquido)
ROE Silveira (2002), Michelon e Parbonetti (2012),
Walls et al.(2012), Matos e Gois (2013), Boulouta
(2013) e Andrade et al.(2013).
Valor da empresa Market-to-book (valor de
mercado da ação sobre o
seu valor contábil)
VL Silveira (2002) e Andrade et al.(2013).
Tamanho da
empresa
logaritmo do ativo total TAM Michelon e Parbonetti (2012), Frias-Aceituno et al.
(2013), Matos e Gois (2013), Andrade et al.(2013),
Boulouta (2013), Farooque et.al., (2014), Amran et
al. (2014), Farooque e Ahulu (2015).
Tamanho do
Conselho
nº total de membros TCA Silveira (2002), Coffey e Wang (1998), Hillman et
al. (2001), Post et al. (2011), Michelon e Parbonetti
(2012), Walls et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013),
Amran et al. (2014).
CEO e membro do
conselho
Código específico para
CEO e membro do
conselho
MEM Michelon e Parbonetti (2012)
Eleição dos
membros
Código específico para
membro do conselho
eleito pelos minoritários
EM Michelon e Parbonetti (2012), Cunha e Martins
(2015).
Sustentabilidade
Empresarial
dummy D= 1,
participante do ISE; D=0
em caso contrário
ISE Murcia et al.(2008), Vital et al.(2009), Teixeira et
al. (2011), Machado et al.(2012) e Freguete et al.
(2015).
Fonte: Elaborado pela autora.
3.3 Modelo da Relação entre as Variáveis
Conforme a teoria apresentada sugere, as características dos conselhos de
administração influenciam a divulgação em sustentabilidade. Assim, a Figura 1 ilustra as
interações entre as variáveis dependente, independentes e de controle apresentadas no
trabalho e as hipóteses relacionadas.
Figura 1 –Variáveis e Hipóteses de pesquisa
Fonte: Elaborada pela autora
Desempenho Valor Tamanho da
empresa Tamanho do
conselho
CEO e
membro do
CA
Eleição dos
membros
Variáveis de
Controle
Idade H1 +
Gênero H2 +
Independência H3 +
Dualidade H4 -
Vari
ávei
s In
dep
end
ente
s
GRI
Divulgação de
Sustentabilidade
Variável Dependente
ISE
As variáveis referentes às características do conselho compõem as hipóteses da
seguinte maneira, a variável diversidade de idade, gênero e independência estão positivamente
relacionadas com a variável dependente nível de divulgação de sustentabilidade, e
correspondem as hipóteses H1, H2 e H3, respectivamente. A variável dualidade está
negativamente relacionada com a variável dependente e corresponde a hipótes H4. As
variáveis desempenho, valor, tamanho da empresa, tamanho do conselho, CEO e membro do
conselho, eleição dos membros e ISE estão sendo controladas para não enviesarem os efeitos
das variáveis independentes na variável dependente.
3.4 Método
Uma meta da pesquisa científica é ser objetiva a tal ponto que outros pesquisadores
poderão produzir os mesmos resultados ao seguirem o processo empregado pelo pesquisador
original (HAIR et al., 2005). Deste modo esta etapa da pesquisa é importante por detalhar os
procedimentos tomados para se chegar aos resultados finais. Esta subseção apresenta o
método estatístico utilizado para testar as hipóteses da pesquisa e o uso da ferramenta Stata
®13.0 como software de suporte estatístico.
a) Método estatístico
Com o intuito de capturar os efeitos das características dos conselhos na divulgação da
sustentabilidade, utilizou-se como método estatístico, a Regressão de Efeitos Fixos com
Dados em Painel. A característica dos dados em painel ou dados longitudinais, segundo Hsiao
(2006), é apresentar as observações alinhadas ao longo do tempo, para que dessa forma,
proporcionem uma melhor investigação sobre a dinâmica das mudanças nas variáveis
estudadas.
O método de Efeitos Fixos, para Alisson (2009) possibilita o controle de variáveis não
observáveis que distinguem as empresas entre si. Estes efeitos não observáveis ou
heterogeneidade podem ser específicos à empresa, e o modelo controla todas as diferenças
que não variam no tempo entre as unidades estudadas, para que os resultados não sejam
enviesados devido às características omitidas que não variem no tempo. Assim, o modelo de
Efeitos Fixos é recomendado quando se pretende analisar o impacto das variáveis que variam
ao longo do tempo, como é o caso da presente pesquisa. Para assegurar a escolha desse
modelo, foi aplicado o Teste de Hausman, que apontou para sua utilização (Prob>chi2 =
0.0000), conforme apresentado no Apêndice A. A hipótese nula testada é que os resíduos não
são correlacionados com as variáveis explicativas, assim, o modelo de efeitos aleatórios é
preferível e a hipótese alternativa é que o modelo de efeitos fixos deve ser utilizado. Como os
resultados apresentaram significância estatística, a hipótese nula não foi aceita, e aceitou-se a
hipótese alternativa.
b) Modelo de regressão
A equação que representa o modelo geral da regressão utilizada é descrita da seguinte
maneira:
GRI it = βo + β1X1it + β2X2it +...+ βnXnit + αi + εit
Em que, GRI é o nível de divulgação de sustentabilidade, medido pelos indicadores da
Global Report Iniciative; it é a empresa i no período t; βo é o intercepto; β1X1it e βnitXnit
representam as variáveis independentes e as variáveis de controle e seus coeficientes. O αi
varia de uma empresa para outra e é constante ao longo do tempo, captando as diferenças de
comportamento entre as empresas. O εit expressa a variação do erro observado em relação ao
esperado (WOOLDRIDGE, 2002).
Utilizou-se de coeficientes robustos com a finalidade de aprimorar a consistência dos
resultados, assegurar a robustez do modelo proposto e devido à possibilidade da presença de
dados heterocedásticos, que são aqueles em que os termos de erro não possuem a mesma
variância, conforme Gujarati e Porter (2011). O comando utilizado no Stata® para controlar a
heterocedasticidade foi o “vce (robust)”, empregado em todos os testes.
c) Teste de normalidade
Com a finalidade de verificar a normalidade das variáveis realizou-se dois testes: o
Teste de Normalidade Univariada e o Teste de Normalidade Multivariada, conforme os
histogramas, do Apêndice B. Os testes de normalidade são utilizados para verificar se a
distribuição de probabilidade associada a um conjunto de dados pode ser aproximada da
distribuição normal. Referente à normalidade das variáveis observa-se que não há suporte
estatístico para classificá-las como normais, de acordo com os resultados apresentados na
Tabela 1.
Tabela 1 – Teste de normalidade univariada e multivariada
Variável Obs Assimetria Curtose adj chi2(2) Prob>chi2
GRI 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
GEN 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
DUO 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
ISE 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
ID 1.5e+03 0.0037 0.0576 11.47 0.0032
IND 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
EM 1.5e+03 0.0000 0.0000 62.66 0.0000
MEM 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
TCA 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
ROE 1.3e+03 0.0000 0.0000 - -
VL 1.1e+03 0.0000 0.0000 - -
TAM 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000
Teste Doornik-Hansen chi2(24) =55283.000 Prob>chi2 = 0.0000
Fonte: Dados da pesquisa
Assim, todas as hipóteses nulas de normalidade foram rejeitadas (Prob>chi2 =
0.0000), o que comprova que a distribuição das variáveis não respeita a curva de normal a
partir dos valores encontrados. Para os testes de normalidade foram efetuados os comandos
“sktest” (univariada) e “mvtest normality” (multivariada), do software Stata®.
3.5 Síntese dos objetivos do estudo
Para um melhor planejamento da pesquisa, resgatou-se a questão norteadora do estudo
e os objetivos. Para os objetivos específicos optou-se por demonstrá-los alinhados as variáveis
de análise e aos procedimentos metodológicos específicos a cada etapa. Os autores que
embasam tais procedimentos também são demonstrados.
O Quadro 10 expressa a síntese da operacionalização dos objetivos deste estudo.
Quadro 10 – Operacionalização dos objetivos
Fonte: Elaborado pela autora.
DESCRIÇÃO DA OPERACIONALIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA
Questão de pesquisa Quais características do conselho de administração que influenciam na divulgação da
sustentabilidade nas empresas da BM&FBovespa?
Objetivo geral Analisar quais as características do conselho de administração que influenciam na divulgação da
sustentabilidade nas empresas da BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014.
Objetivos específicos Variáveis de análise Metodologia Autores
Descrever as características
do conselho de administração
das empresas listadas
Idade, gênero, independência e
dualidade Enfoque descritivo de abordagem
quantitativa. Análise dos dados
secundários obtidos no site da
BM&FBovespa (estatística descritiva)
Coffey e Wang
(1998), Post et al.
(2011), Michelon
e Parbonetti
(2012) e Matos e
Gois (2013)
Identificar as empresas que
reportam seus relatórios de
sustentabilidade para a
BM&FBovespa e verificar o
nível de divulgação dos
relatórios
Divulgação de sustentabilidade
(GRI) Enfoque descritivo de abordagem
quantitativa. Codificação e análise dos
dados secundários dos relatórios de
sustentabilidade (análise de conteúdo)
Rover et al (2012),
Calixto (2013),
Amran et al.
(2014) e Farooque
e Ahulu (2015).
Comparar as características
do conselho de administração
das empresas que divulgaram
com as empresas que não
divulgaram seus relatórios
Variáveis independentes (idade,
gênero, independência,
dualidade), variável dependente
(GRI) e variáveis de controle
(tamanho da empresa, valor de
mercado, desempenho
financeiro, tamanho do
conselho, membro eleito por
minoritário, CEO e membro do
conselho e ISE)
Enfoque descritivo de abordagem
quantitativa com o uso de técnicas
estatísticas de análise dos dados da
pesquisa (correlação entre as variáveis)
Coffey e Wang
(1998), Michelon
e Parbonetti
(2012), Walls et
al.(2012), Matos e
Gois (2013),
Boulouta (2013),
Amran et al.
(2014) e Hafsi e
Turgut (2013).
Relacionar as características
do conselho de administração
com a divulgação em
sustentabilidade nas empresas
listadas
Variáveis independentes (Idade,
gênero, independência,
dualidade), variável dependente
(GRI) e variáveis de controle
(Tamanho da empresa, valor de
mercado, desempenho
financeiro, tamanho do
conselho, membro eleito por
minoritário, CEO e membro do
conselho e ISE)
Enfoque descritivo de abordagem
quantitativa utilizando técnicas
estatísticas de análise dos dados para
testar os efeitos das variáveis
independentes na variável dependente.
Conclui-se a análise ao comparar os
resultados obtidos com pesquisas já
realizadas e a teoria sobre o tema (
Regressão)
Coffey e Wang
(1998), Walls et
al.(2012),
Boulouta (2013),
Amran et al.
(2014) e Post et al.
(2015).
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa e suas discussões. Inicialmente
discorre-se sobre os resultados da análise dos relatórios de sustentabilidade, identificando a
divulgação desses relatórios e que correspondem a variável dependente. Em seguida
apresenta-se a estatística descritiva das variáveis que tem por objetivo informar sobre a
operacionalidade dos dados e na sequência o modelo aplicado da regressão e seus resultados.
4.1 Relatórios de Sustentabilidade
Nos relatórios divulgados na BM&FBovespa, percebe-se a evolução da divulgação
passando de 96 empresas no ano de 2011 para 160 empresas que divulgaram seus relatórios
de sustentabilidade em 2014, vide Figura 2. Isso representa um crescimento de 67%. Assim o
total de empresas que divulgaram os seus relatórios foi de 160, que representam 56% do total
da amostra pesquisada. O total de relatórios codificados foi de 575.
Figura 2 – Evolução da divulgação dos relatórios de sustentabilidade
Fonte: Dados da pesquisa
Houve um aumento no número de empresas que se manifestaram tanto as empresas
que indicaram não publicar os relatórios quanto às empresas que publicaram. Essa diferença
foi mais expressiva para o ano de 2011 para 2012.
0
50
100
150
200
250
2011 2012 2013 2014
Não se manifestaram
Não publicam
Publicam
No entanto, ao observar a média de respostas para cada ano, nota-se que a média das
empresas que não se manifestaram é maior que a média de respostas das empresas que não
publicam e das que publicam de acordo com a Tabela 2, isso significa que mesmo com o
aumento das manifestações, na média prevalece às empresas que não se manifestaram. No ano
de 2013 para 2014 houve uma redução no número de relatórios publicados, devido ao
cancelamento de duas empresas, a Anhanguera e a Embratel, ocorridas no período.
Tabela 2 – Descritiva das respostas das empresas na BM&FBovespa
2011 2012 2013 2014 média desvio
padrão
min max
Não se
manifestaram
245 149 126 123 161 57 123 245
Não publicam 107 136 149 151 136 20 107 151
Publicam 96 157 162 160 144 32 96 162
Total de
empresas
448 442 437 434 440 6 434 448
Total da
amostra
285 285 285 285 285 0 285 285
Fonte: Adaptado da BM&FBovespa (2015)
Desses relatórios, a família que recebeu maior pontuação em todos os anos foi o
Indicador Econômico, com uma média de 98 pontos, seguido do Indicador Social e do
Indicador Ambiental, com 89 e 84 pontos, respectivamente. A pontuação mínima foi da
família Indicador Ambiental, com o total de 69 pontos e a pontuação máxima foi da Família
Indicador Econômico com 104 pontos. A Tabela 3 demonstra os resultados estatísticos dos
relatórios analisados.
Tabela 3 – Descritiva dos relatórios de sustentabilidade.
FA
MÍL
IAS
INDICADORES 2011 2012 2013 2014 Media Desvio
padrão
min max
Econômico 86 100 104 104 98 8 86 104
Social 75 91 93 98 89 9 75 98
Ambiental 69 85 89 95 84 11 69 95
Fonte: Dados da pesquisa.
Os resultados estão ilustrados na Figura 3. Nota-se que as três famílias de indicadores
obtiveram um crescimento gradativo e constante.
Figura 3 – Divulgação dos relatórios discriminados por famílias.
Fonte: Dados da pesquisa.
Na Tabela 4, apresentam-se os resultados das análises dos relatórios, em percentuais,
discriminados por famílias e com as categorias que mais se destacaram na análise. No total de
relatórios divulgados em 2011, 54% pontuaram na família Indicador Econômico, 63% em
2012 e 65% em 2013 e 2014. A evolução dos números de 2011 para 2014 foi de 21%.
Tabela 4 – Divulgação dos relatórios em percentuais
FA
MÍL
IAS
INDICADORES
Ano base do relatório
Evolução
2011-2014² 2011
%
do
total¹
2012
%
do
total¹
2013
%
do
total¹
2014
% do
total¹
Indicador Econômico 86 54% 100 63% 104 65% 104 65% 21%
Indicador Social 75 47% 91 57% 93 58% 98 61% 31%
Indicador Ambiental 69 43% 85 53% 89 56% 95 59% 38%
CA
TE
GO
RIA
S
Desempenho 127 79% 137 86% 148 93% 152 95% 20%
Comunidades locais 116 73% 131 82% 143 89% 148 93% 28%
Efluentes e resíduos 84 53% 103 64% 109 68% 119 74% 42%
GRI 79 49% 103 64% 111 69% 118 74% 49%
Verificação externa 42 26% 52 33% 55 34% 62 39% 48%
Combate a corrupção 63 70% 77 79% 84 85% 110 90% 75%
Grupos engajados 75 47% 103 64% 110 69% 123 77% 64%
Direitos humanos 82 51% 110 69% 122 76% 130 81% 59%
Estrutura de governança 112 39% 127 48% 136 53% 144 69% 29%
Fonte: Dados da pesquisa
¹ Percentual do número de relatórios com a presença do indicador em relação ao número total de relatórios
² Comparação dos números de relatórios divulgados em 2011 com os números de relatórios divulgados em 2014.
Nas categorias, a que mais se destacou foi o Desempenho Econômico com pontuação
em 79% dos relatórios divulgados em 2011, 86% em 2012, 93% em 2013 e 95% em 2014,
com crescimento de 20% dos números de 2011 para 2014. Esses resultados eram esperados,
pois mesmos as empresas que não seguem as diretrizes G3, ou divulgam seu Balanço Social
0
20
40
60
80
100
120
2011 2012 2013 2014
economico
social
ambiental
em que incluem o relatório financeiro ou divulgam o seu Relatório Anual, com os balanços e
demonstrativos financeiros completos. Esses resultados vão ao encontro dos achados de
Calixto (2013), que ao pesquisar o nível de divulgação na América Latina, observou que o
aspecto desempenho econômico foi o mais relatado. Destaque para o Brasil, que foi o país
com o maior número de companhias que enfatizaram o assunto, seguido do México. Na
Argentina e no Chile esse aspecto recebe pouca ênfase entre as organizações estabelecidas
naqueles países e em relação ao Peru, não foram identificadas quaisquer informações que
pudessem ser classificadas na categoria de análise desempenho econômico ao longo de todo o
período de análise.
A categoria Comunidades Locais também se destaca com a divulgação expressiva de
73% em 2011, 82% em 2012, 89% em 2013 e 93% em 2014, com evolução de 2011 para
2014 de 28%. A explicação desses números pode estar no fato das empresas, tanto as que
seguem a GRI como as que não a seguem, divulgam algum tipo de obra social com
engajamento da comunidade local. Na família do Indicador Ambiental a categoria que foi
mais divulgada foi a de Efluentes e Resíduos, com 53% em 2011, 64% em 2012, 68% em
2013 e 74% em 2014, com crescimento de 42% ao compararmos o ano de 2011 com o ano de
2014. As categorias Energia e Água, também apresentaram números similares no mesmo
período. O nível de divulgação das categorias está ilustrado na Figura 4.
Resultados similares foram encontrados por Calixto (2013), que revelaram que a
maioria das companhias de capital aberto da sua amostra, que consiste em empresas da
América Latina, não disponibiliza informações socioambientais nos seus relatórios anuais ou
em relatórios específicos, entretanto, as companhias estabelecidas no Brasil se destacam com
informações sobre gestão ambiental, certificação, emissões e efluentes líquidos. Farooque et
al. (2014) descrevem resultados semelhantes nas empresas australianas da sua amostra. Elas
apresentam um aumento de relatos nos aspectos energia, emissões e gestão ambiental seguido
por água, materiais, transporte e produtos.
Oliveira et al (2009), encontraram resultados similares na categoria desempenho
financeiro e comunidade local, mas diferem nas categorias ambientais. Sua amostra consiste
em empresas brasileiras do Novo Mercado e as categorias mais frequentemente divulgadas
foram: receitas totais; total de novos investimentos; pagamentos a governos; força de trabalho
total, discriminada por tipo de emprego, contrato de trabalho e gênero, e as contribuições
voluntárias para a sociedade civil. E os indicadores menos divulgados foram: média de horas
de treinamento; dias de trabalho perdidos devido a acidentes de trabalho, lesões e doenças;
percentual de empregados abrangidos por acordos coletivos; fornecedores locais e número de
multas.
Figura 4 – Divulgação dos relatórios discriminados por categoria
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que as diretrizes da GRI foram seguidas em 49% dos relatórios divulgados
em 2011, em 64% de 2012, em 69% de 2013 e 74% dos relatórios de 2014, o que confirma
um aumento gradativo, com o crescimento dos números de 2011 para 2014 em 49%. No
mesmo sentido os números para a categoria Verificação Externa obtiveram um crescimento
de 48%, dos anos de 2011 para 2014. Esses resultados demonstram a melhoria da qualidade
dos relatórios, tanto em relação à elaboração seguindo as diretrizes da GRI quanto à adesão a
verificação externa, o que garante dessa forma, maior credibilidade das informações.
Outras categorias que se destacaram foram: Combate a Corrupção, Grupos Engajados
e Direitos Humanos, pois apresentaram uma evolução dos números de 2011 para 2014 acima
da média. A categoria Combate a Corrupção foi a que mais se destacou, com uma evolução de
75%. Seguida da categoria Grupos Engajados com 64% e Direitos Humanos com 59%. A
explicação poderia ser dada pela implementação em 2013, da Lei 12.846, a Lei Anticorrupção
que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, impulsionando assim, a aderência das
empresas nesse tema. O crescimento dos Grupos Engajados pode estar vinculado com um
aumento de interesse por parte dos stakeholders em participar e cuidar dos seus interesses. E o
crescimento da divulgação na categoria Direitos Humanos pode ser interpretada pela
aderência e compromisso com o Pacto Global por parte das empresas. Esses achados se
assemelham aos de Calixto (2013), sua análise permitiu verificar que as companhias
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2011 2012 2013 2014
desempenho
comunidade
efluentes
GRI
Verif Ext
Governança
Grupos
Direitos Humanos
Comb Corrupção
estabelecidas no Brasil foram as que mais destacaram o assunto Engajamento dos
Stakeholders, em todo o período analisado. O engajamento dos stakeholders tem se
estabelecido como uma iniciativa justificada por aquelas companhias que buscam maior
aproximação numa tentativa de diálogo, para o gerenciamento dos seus stakeholders
considerados mais relevantes. Porém para o indicador direitos humanos, seus achados
diferem, na sua amostra, essa categoria recebeu pouca ênfase.
Em relação à pontuação das empresas observou-se que a média geral ficou em 4,43
pontos no ano de 2011, 5,28 no ano de 2012, 5,64 para 2013 e 5,92 em 2014. Com uma
evolução gradual, embora pequena, na pontuação dos relatórios, como pode ser observada na
Figura 5.
Figura 5 – Pontuação média dos relatórios de sustentabilidade das empresas
Fonte: Dados da pesquisa
Ao considerar o período todo de análise, observa-se que a pontuação média ficou em
21,27 pontos, que corresponde a 66% do total a ser atingido e representa que os níveis dos
relatos encontram-se acima da média. Os valores são ilustrados na Figura 6.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
2011 2012 2013 2014
Pontuação média atingidapelas empresas
Pontuação total a seratingida
Figura 6 - Pontuação média das empresas no período total
Fonte: Dados da pesquisa
Esses dados podem ser observados de uma forma melhor quando se analisam as
pontuações pelos níveis de divulgação, conforme a Figura 7. Nos relatórios analisados
destaca-se que 49% classificam-se como de alto nível de divulgação, e que refletem a média
de pontuação entre 24,01 a 32 pontos. Os outros níveis abrangem 22%, 17% e 12% dos
relatórios e correspondem aos níveis médio alto, médio baixo e baixo de divulgação,
respectivamente.
Figura 7 – Níveis de classificação dos relatórios de sustentabilidade
Fonte: Dados da pesquisa
Nota: Escala de classificação dos níveis de divulgação dos relatórios de sustentabilidade: de 0 a 8 pontos =
baixo; de 8,01 a 16 = médio baixo; de 16,01 a 24= médio alto e de 24,01 a 32= alto.
Em relação às empresas, aquelas que atingiram 32 pontos e que caracterizam a maior
pontuação no período de análise, cujos relatórios apresentam o nível máximo de divulgação,
21,27
32
0
5
10
15
20
25
30
35
Pontuação média atingida pelasempresas
Pontuação total a ser atingida
12%
17%
22%
49%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
baixo médio baixo médio alto alto
% de Empresas
segundo o critério desta pesquisa, foram: Ampla, Bandeirante, Coelce, EDP, Escelsea,
Investco, Natura, Petrobras e Usiminas, e equivalem a 6% em relação às empresas que
divulgam. Juntamente com outras 73 empresas que atingiram o nível considerado como alto
de divulgação em sustentabilidade e que correspondem a maior proporção de empresas por
nível de classificação. A distribuição das empresas de acordo com seus níveis de classificação
estão expostos no Quadro 11.
Quadro 11 – Classificação das empresas por pontuação
PONTUAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE
ESCALAS CLASSIFICAÇÃO EMPRESAS Total %
0 a 8 BAIXO
BRB, Banpará, Bematech, Cyrela Comercial , Forjas Taurus,
Hypermarcas, Karsten, Libra, L. Americanas, Magazine Luiza,
Magnesita, MRV, Ouro Fino, Paranapanema, Profarmar, Porto Belo,
SLC, Tupi, Wilson.
19 12%
8,01 a 16 MÉDIO BAIXO
Alpargatas, Arezzo, Arteris, Banese, Bicbanco, BHG, Bombril, BV,
Cambuci, Cedro Cachoeira, Cyrela Br, Gerdau Met, Gerdau,
razziotin, Hering, Indusval, Inv Bemge, Linx, M Dias Branco, Mahle,
Marcopolo, Melhoramentos, Raizen, São Carlos, Taesa, Tereos,
Ultrapar
27 17%
16,01 a 24 MÉDIO ALTO
Algar Tel, Alliansce, B2W, Bco Pine, Braskem, CCR Autoban, CCR
Pres Dutra, CCR Viaoeste, Ceg, Cielo, Comgas, Conc Raposo Tavares,
Concepa, Cosern, Dasa Light, Dibens, Emae, Energisa Mato Grosso do
Sul, Energisa Mato Grosso, Energisa, Equatorial, Estacio, Fras Le, Ind
Romi, Itausa, Itautec, JBS, Kepler, Multiplus, Porto Seguro, Positivo,
QGEP, Randon, Triunfo, Whirlpool
35 22%
24,01 a 32 ALTO
AES Brasil, Afluente Neoenergia Aes Sul, Aes Tiete, Ambev, Ampla,
Baesa, Bandeirante, Banrisul, Bco Amazonia, Bco Nordeste, Bco
Brasil, Biosev, BMFBovespa, Bradesco, BRF, Ceee GT, Ceee D,
Celpe, Celesc, Cemig, Cesp, Coelce, Copasa, Copel, Cosan, Coelba,
Cpfl, Cpfl Cia Paulista Força e Luz, Cpfl Energia, Cpfl Ger, Cpfl Pirat,
Cteep, Duke, Duratex, EDP,Elekeiroz, Ecorodovias, Elektro,
Eletrobras, Eletropaulo, Embraer, Even, Escelsea, Eternit, Fibria,
Fleury, Gol, Heringer, Invepar, Investco, Itau Unibanco, JSL, Klabin,
Light, Marfrig, Minerva, Multiplan, Natura, Oi, Petrobras, Suzano
Papel e Celulose, Renner, Renova Energia, Sabesp, Santander, Santos
Brasil, Souza Cruz, Suzano, Tecnisa, Telefonica, Usiminas, Rio
Grande Energia, Sonae Sierra Br, Tim, Tractebel, Valid, Vale, Via
Varejo GPA, Weg.
70 49%
Fonte: Dados da pesquisa
Nota: Em negrito empresas com o nível máximo de pontuação.
Nota-se que seis das nove empresas que divulgam atendendo plenamente as diretrizes
da GRI, são dos setores de energia, as outras três são dos setores de beleza e cosméticos,
petrolífero e de mineração, respectivamente. Tais resultados corroboram com Conceição et
al.(2012), que destacam em sua pesquisa que os segmentos com maior divulgação são:
energia, mineração, alimentos e bebidas, construção e telecomunicações. Razões possíveis
seria devido aos impactos ambientais de suas atividades econômicas, a utilização dos recursos
naturais em grande escala, o uso de substâncias conservantes e a geração de resíduos
industriais, provocando externalidades negativas. Assim, esses setores utilizam-se da
divulgação de sustentabilidade como uma maneira de abrandar as consequências das suas
atividades e ao mesmo tempo melhorar sua imagem para a sociedade. O número de empresas
que mais divulgam é do setor de energia, tanto em quantidade, quanto em qualidade,
apresentando as maiores pontuações.
Para Farooque et al. (2014) e Alonso-Almeida et al. (2015), esses resultados não os
surpreendem, porque o setor da energia é considerado "a indústria suja" e para "limpar" a
imagem da empresa requer este tipo de certificação, e também para justificar a sua política de
engajamento com o meio ambiente e com a sociedade em geral. Uma vez que um número
significativo de países latino-americanos tem reservas significativas de recursos energéticos, a
maneira como explorar e cuidar do meio ambiente para as futuras gerações está se tornando
cada vez mais importante. Além disso, os relatórios voluntários fornecem oportunidade para
as empresas mostrarem suas iniciativas e defender suas ações ou infrações, que por meio das
notificações não seria possível.
4.2 Análise descritiva das variáveis
Na Tabela 5 consta a estatística descritiva das variáveis independentes (gênero, idade,
independência e dualidade), dependente (nível de GRI) e de controle (valor da firma, tamanho
da firma, CA total, CEO e CA, eleição, ISE), bem como, o número de observações (N), as
médias (M), o desvio-padrão (DP) e os limites mínimos (Min) e máximos (Max) dos dados.
Ao analisar as variáveis independentes e a variável dependente, observa-se que o nível
médio de divulgação pautada pelas orientações do GRI foi de 1,99 pontos. E o desvio padrão
foi de 3,03. Esse resultado demonstra que em 1515 observações o nível médio de divulgação
atingiu somente 25% da pontuação máxima, considerando que a pontuação máxima a ser
atingida era de 8 pontos, confirmando a análise anterior em que os níveis de divulgação
aumentaram gradativamente porém, ainda estão abaixo do esperado. Em relação a variável
gênero, nota-se que a presença de mulheres no conselho não ocorre de maneira significativa.
De fato a média indica a existência de empresas em que seus conselhos são constituídos com
presença de somente homens. Quanto a idade dos conselheiros, a média está em 55 anos com
a idade mínima de 34 e máxima de 85. Também é possível perceber que a ocorrência de
dualidade não atinge todas as empresas, de modo que a média de ocorrências está em 0,23. A
média da variável independência indica que há a proporção de 1,18 membro independente em
relação às observações.
Tabela 5 – Estatística descritiva
Variáveis N M DP Min Max
GRI 1515 1.988867 3.027931 0 8
GEN 1515 .5584158 .8901265 0 7
ID 1515 55.50787 7.550044 34 85
DUO 1515 .230363 .4630347 0 3
IND 1515 1.190759 1.575462 0 14
ISE 1515 .0858086 .2801737 0 1
EM 1515 4.957096 3.010792 0 18
MEM 1515 .8943894 .8817474 0 6
TCA 1515 6.615842 2.853816 1 24
ROE 1341 33.79248 128.6631 0 2947.57
VL 1115 2.364906 7.684176 0 224.15
TAM 1482 12.9927 3.152911 0 20.14879
Fonte: dados da pesquisa
Para observar a existência de associação entre as variáveis gerou-se a matriz de
correlação, representada na Tabela 6. No programa Stata® obtém-se a matriz de correlação
usando o comando “pwcorr”.
Tabela 6 - Matriz de Correlação
GRI GEN DUO ISE ID IND E.M. MEM T.CA ROE VL TAM
GRI 1.0000
GEN -0.0219 1.0000
DUO -0.2145* 0.0210 1.0000
ISE 0.4419* 0.0064 -0.1219* 1.0000
ID 0.0150 -0.0127 0.0703* 0.1037* 1.0000
IND 0.2001* -0.0760* -0.2024* 0.2203* 0.0433 1.0000
E.M. 0.2562* 0.1608* -0.0749* 0.2612* 0.0633* 0.0913* 1.0000
MEM -0.0108 0.1282* 0.3994* -0.0007 0.0386 -0.1172* 0.1147* 1.0000
T.CA 0.3423* 0.1544* -0.1969* 0.3089* 0.0436 0.4393* 0.6950* 0.0818* 1.0000
ROE -0.0729* 0.0806* 0.0198 -0.0426 -0.1016* -0.0579* -0.0613* 0.0419 -0.1104* 1.0000
VL 0.0135 -0.0189 -0.0440 0.0025 -0.0611* -0.0045 -0.0070 -0.0515 -0.0304 0.2306* 1.0000
TAM 0.4383* -0.0812* -0.1693* 0.3190* 0.2339* 0.3548* 0.3419* -0.0445 0.5390* -0.3040* -0.0698*1.000
Fonte: Dados da pesquisa.
A força da associação é medida pelo coeficiente de correlação, conforme descrito por
Hair et al. (2005), em que coeficientes com os valores entre 0, 41 a 0,70; 0,71 a 0,90 e 0,91 a
1,0 são considerados com associações moderadas, altas e muito fortes, respectivamente. A
Tabela 3 indica que a força da probabilidade de haver relação entre as variáveis está entre
moderada, destacada em negrito, a leve, não havendo indicação de associação alta ou muito
forte.
As variáveis GRI e ISE e GRI e TAM apresentam moderada relação, tais resultados
são esperados, pois empresas participantes do ISE tendem a estar relacionadas com a
divulgação em sustentabilidade, assim como as empresas de maior porte. A moderada
associação entre as variáveis IND e TCA indica que poderá haver relação entre a presença de
membros independentes e o tamanho do conselho. A variável tamanho do conselho indica
moderada relação com as variáveis membros eleitos pelos acionistas minoritários e com o
tamanho da empresa.
Posteriormente a matriz de correlação, testou-se o modelo de regressão, conforme a
tabela 7. A partir da equação, que contém os indicadores para análise de efeitos fixos com
dados em painel, o modelo foi testado para que fosse possível dar suporte empírico as
hipóteses de pesquisa. O modelo com efeitos fixos pode ser estimado com a ferramenta
Stata® pelo comando “xtreg” opção “fe”.
Tabela 7 – Tabela de Regressão
Número de observações 1021 Min 1
Número de grupos 285 Avg 3.6
Max 4
R-sq: within 0.0432 F(11,284) 1.93
Between 0.0603 Corr(u_i, Xb) 0.1064
Overall 0.0613 Prob > F 0.0353
GRI Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
GEN .244272 .1386891 1.76 0.079* -.0287171 .5172611
DUO -.4550604 .2098104 -2.17 0.031** -.8680411 -.0420796
MEM -.2239676 .1356426 -1.65 0.100 -.49096 .0430247
ISE .1970455 .201475 0.98 0.329 -.1995282 .5936192
ID -.0053197 .0163131 -0.33 0.745 -.0374296 .0267902
IND .0544278 .0613897 0.89 0.376 -0664088 .1752645
E.M -.0571281 .05998 -0.95 0.342 -.1751898 .0609336
T.CA .0280708 .053044 0.53 0.597 -.0763384 .13248
ROE .0004325 .0005387 0.80 0.423 -.0006277 .0014928
VL -.028597 .0239389 -1.19 0.233 -.0757171 .0185232
TAM .0938802 .1426897 0.66 0.511 -.1869834 .3747437
Cons 1.640395 2.471594 0.66 0.507 -3.224572 6.505362
Sigma_u 2.982371
Sigma_e .95382603
Rho .9072058
Fonte: dados da pesquisa
*Nivel de significância de 0,10 **Nível de significância 0,05
Foi aplicado o teste para verificar a presença de multicolinearidade entre as variáveis.
Esse teste indica se há correlação entre as variáveis independentes, conforme a Tabela 8.
Tabela 8 – Teste de Multicolinearidade
VARIAVEL VIF 1/VIF
TAM 53.86 0.018567
ID 37.44 0.026710
T.CA 23.20 0.043095
E.M. 7.53 0.132878
IND 2.67 0.373876
MEM 2.26 0.442156
GEN 1.58 0.634168
DUO 1.49 0.672479
VL 1.39 0.718114
ISE 1.30 0.771482
ROE 1.26 0.791521
MEAN VIF 12.18
Fonte: Dados da pesquisa.
O teste indicou multicolinearidade para as variáveis tamanho da empresa, idade e
tamanho do conselho. O modelo de regressão foi testado novamente, excluindo duas dessas
variáveis: a variável idade e tamanho do conselho, a fim de verificar se a presença de
multicolinearidade influenciou o resultado anterior. De acordo com os resultados apresentados
no modelo de regressão, tabela no Apêndice D, é possível observar que a multicolinearidade
entre as variáveis não influenciou de maneira significativa os resultados, portanto as variáveis
permanecem no modelo. Assim, prosseguiu-se com as análises dos resultados.
Embora a teoria sugira que a idade do indivíduo influencia sua percepção moral, e
define seus padrões éticos e sociais (POST et al., 2011; SANTOS et al., 2013), na amostra
deste estudo, não foi possível obter essa confirmação. Uma vez que o coeficiente de regressão
para a variável idade, não apresentou significância estatística. Portanto a hipótese 1: as
empresas que apresentam a faixa de idade dos membros dos seus conselhos de administração,
com uma média de 50 anos, estão positivamente relacionadas com a divulgação de
sustentabilidade, foi refutada. Os resultados se assemelham aos encontrados por Coffey e
Wang (1998) cujos resultados não apresentaram significância estatística. E diferem dos
achados de Post et al. (2011) e Hafsi e Turgut (2013), que encontraram resultados
significativos em suas amostras.
Para a variável gênero, os resultados do coeficiente são estatisticamente significantes,
assim, a hipótese 2: as empresas que apresentam maior diversidade de gênero, com a presença
de mulheres como membros dos conselhos de administração, estão positivamente
relacionadas com a divulgação de sustentabilidade, foi aceita. Tais resultados corroboram os
achados de Post, Rahman e Rubow (2011), FriasAceituno et al. (2012), FernandezFeijoo
(2014), Boulouta (2013) e Harjoto (2015) que analisaram a presença feminina nos conselhos e
a sustentabilidade. E reforça a visão de autores como Ibrahim e Angelidis (1994), de que as
mulheres são mais orientadas no aspecto social do que os homens, o que resulta em maior
eficácia na tomada de decisão do conselho, especificamente nos assuntos relacionados com a
responsabilidade social. Ellwood e Garcia-Lacalle (2015) defendem que os perfis femininos
estão associados aos traços de empatia, carinho e preocupação com os outros. Por esse motivo
suas ações são mais voltadas à comunidade, e sua presença nos conselhos de administração
acarreta benefícios positivos em relação a ações de cunho social.
A variável independente não apresenta significância estatística, portanto a hipótese 3:
as empresas com um maior número de membros independentes em seus conselhos de
administração estão positivamente relacionadas a divulgação de sustentabilidade, não foi
aceita. Os achados vão ao encontro dos trabalhos de Michelon e Parbonetti (2012) e Amran et
al. (2014), que testaram a composição do conselho e o nível de divulgação de
sustentabilidade, e não encontraram significância estatística em seus resultados. E não
corrobora com os resultados que indicam que a presença de membros independentes nos
conselhos de administração estão positivamente relacionadas com a sustentabilidade, como
Post et al. (2011), Matos e Gois (2013) e Herda et al ( 2013), Post et al. (2015). E tampouco
confirmam os achados de Eng e Mak (2003), Farooque e Ahulu (2015), cuja presença de
membros independentes está negativamente relacionada com a divulgação em
sustentabilidade.
Para a variável dualidade os resultados foram significativos, portanto a hipótese 4: As
empresas que apresentam a dualidade de funções para os membros do conselho, estão
negativamente relacionadas com a divulgação de sustentabilidade, foi aceita. Esses resultados
corroboram com os encontrados por Prado-Lorenzo e Garcia-Sanchez (2010) e Seamer
(2014). Para a teoria da agência, os interesses pessoais do CEO podem se sobreporem aos
interesses da empresa e de seus stakeholders, refletindo no baixo grau de interesse na
divulgação de suas atividades, bem como no seu empenho para as atividades de
responsabilidade social corporativa. Quando o CEO é também presidente do conselho, seu
poder aumenta e ele tem a capacidade para definir a agenda do conselho e influenciar as
informações fornecidas aos outros membros e igualmente restringir a divulgação voluntária
(TUGGLE et al., 2010), e nesse caso, a dualidade está negativamente associada com as
empresas socialmente responsáveis (WEBB, 2004).
As hipóteses testadas estão relacionadas às variáveis independentes referentes às
características dos conselhos (idade, gênero, independência e dualidade), e buscou-se analisar
seus efeitos na variável dependente, a divulgação das empresas em sustentabilidade. A
sínteses desses resultados, bem como os achados de outros estudos, estão demonstrados no
Quadro 12.
Quadro 12 – Síntese dos principais os resultados da pesquisa
AUTORES
HIPÓTESES ACEITA NÃO ACEITA RESULTADOS
DESTA PESQUISA
H1+
(idade) Post et al. (2011) e Hafsi e Turgut (2013) Coffey e Wang (1998) Hipótese não aceita
H2+
(gênero) Post et al. (2011), FriasAceituno et al. (2012),
Boulouta (2013), Hafsi e Turgut (2013), Fernandez
Feijoo (2014) e Harjoto (2015)
Coffey e Wang (1998) e
Amran et al. (2014) Hipótese aceita
H3-
(independência) Post et al. (2011), Herda et al (2013), Matos e Gois
(2013) e Post et al. (2015) Eng e Mak (2003), Michelon e
Parbonetti (2012), Amran et al.
(2014) e Farooque e Ahulu
(2015)
Hipótese não aceita
H4+
(dualidade)
Prado-Lorenzo e Garcia-Sanchez (2010) e Seamer
(2014) Michelon e Parbonetti (2012),
Khan et al (2013) e Jizi et al.
(2014)
Hipótese aceita
Fonte: Elaborado pela autora.
Os resultados confirmaram as hipóteses H2 e H4, referente aos aspectos de gênero e
de dualidades dos membros, respectivamente. As hipóteses H1 e H3, referentes as
características de idade e de independência não se confirmaram.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse capítulo apresentam-se as conclusões do estudo, suas limitações e sugestões
para futuras pesquisas.
5.1 Conclusões
O objetivo que permeou este estudo foi analisar quais características do conselho de
administração influenciam na divulgação da sustentabilidade empresarial das empresas
listadas na BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014. Para atingi-lo buscou-se na teoria, as
variáveis utilizadas por outros autores em trabalhos similares. Sendo indicadas como variáveis
relevantes para análise referentes à composição do conselho, sendo elas: a idade, o gênero, a
independência e a dualidade dos membros. Para medir o nível de divulgação das ações de
sustentabilidade nas empresas, optou-se pelos indicadores da Global Iniciative Report (GRI).
As variáveis de controle foram selecionadas seguindo esses mesmos critérios. Essas
características foram exploradas por outros autores, porém, no contexto brasileiro não foram
encontrados testes empíricos dessas relações.
Como técnica de análise utilizou-se a análise de conteúdo para extrair as informações
dos relatórios de sustentabilidade e assim, transformá-los em uma medida para a variável
dependente. Para operacionalizar as variáveis da pesquisa utilizou-se da Regressão de Efeitos
Fixos com Dados em Painel, que baseado em outros estudos, melhor explica essas interações.
Primeiramente, com a técnica de análise de conteúdo foi possível perceber a evolução da
divulgação dos relatórios de sustentabilidade, a partir dos relatos das empresas para a
BM&FBovespa. Observa-se que do ano de 2011 para 2014 houve crescimento correspondente
a 67% na manifestação das empresas no que se refere as suas divulgações dos relatórios de
sustentabilidade. É um resultado positivo considerando que no Brasil as práticas da
Governança Corporativa, dentre elas a transparência na divulgação de informações dos
relatórios de sustentabilidade, são recomendações e não uma exigência legal. Nos indicadores,
o que mais pontuou foi o Indicador Econômico, e manteve essa posição para todo o período.
Esse resultado está alinhado com a teoria e também se observa que, nesse caso, a amostra é
composta pelas empresas listadas, e estas por sua vez, tem a obrigatoriedade de emitir as
demonstrações financeiras, portanto por tratar-se de informações que as empresas já emitem,
fica mais fácil de serem reportadas.
Nas categorias, a que mais se destacou foi o Desempenho Econômico, coerente com os
resultados do indicador Econômico. Outro achado importante refere-se as outras categorias
que se destacaram, como a categoria Combate a Corrupção que apresenta uma evolução de
75%, o que demonstra duas possíveis preocupações dessas empresas: manter uma imagem
que preza a ética das relações e alinhar-se as regras da Lei Anticorrupção. As outras
categorias que também se destacaram foram a categoria Grupos Engajados com 64% e
Direitos Humanos com 59%, que espelha um aumento na preocupação em equiparar os
interesses da empresa e dos stakeholders, respeitando as práticas alinhadas ao Direitos
Humanos, tanto como critério na escolha dos fornecedores, como no combate a erradicação
do trabalho infantil e escravo. E embora sejam categorias do indicador social, este não
recebeu maior pontuação no geral. Isso se explica porque esse indicador se subdivide em
várias categorias, portanto a maior pontuação nessas categorias não necessariamente acarreta
em uma maior pontuação no geral, pois dependerá dos resultados das outras categorias que
compõe esse índice.
Referente a categoria GRI, utilizada para identificar a proporção de empresas que
divulgam seguindo as diretrizes da GRI e a categoria Verificação Externa, destacam-se a
evolução de divulgação que abrangem esses aspectos. A verificação externa é importante
porque a auditoria feita por terceiros que não apresentam ligação com os negócios da
organização, favorece o aumento da credibilidade das informações relatadas. Interessante
observar que as diretrizes da GRI foram seguidas em mais de 50% dos relatórios emitidos, se
for considerada a média do período. A verificação externa também aumentou, o que
demonstra uma evolução na qualidade dos relatórios emitidos pelas empresas. São números
relativamente otimistas, se for considerado que a iniciativa da BM&FBovespa é recente, pois
somente a partir de 2011 é que essas informações foram solicitadas. Esses dados são melhor
observados quando se analisam pela classificação dos níveis de divulgação dos relatórios,
cujo destaque está na pontuação acima de 24 pontos, e que corresponde a alto nível de
divulgação, refletindo que 49% dos relatórios emitidos divulgam um maior número de
indicadores da GRI.
Na faixa de pontuação total, ou seja, aquelas empresas cujos relatórios apresentam o
nível máximo de divulgação (32 pontos), segundo o critério desta pesquisa, equivalem a 6%
do total de empresas que divulgam. Essas empresas estão concentradas nos setores de energia,
petróleo, mineração e cosméticos. Esse destaque das empresas do setor de energia foi relatado
em outros trabalhos, demonstrando ser uma realidade de outros países. Farooque et al. (2014)
e Alonso-Almeida et al. (2015), representam de maneira acertada a interpretação desses
resultados, pois para eles o setor da energia necessita compensar suas ações, que refletem em
efeitos muitas vezes negativos para o meio ambiente e para a sociedade. Assim, os relatórios
voluntários fornecem oportunidade para as empresas mostrarem suas iniciativas e defender
suas ações ou infrações, que por meio das notificações obrigatórias não seria possível.
Com a variável dependente mensurada, as hipóteses de pesquisa foram submetidas aos
testes estatísticos. Os resultados indicaram que para as hipótese H1 e H3 não houve
significância estatística na amostra, portanto as hipóteses não foram aceitas. Para as hipótese
H2 e H4, os resultados apresentaram significância e as hipóteses foram aceitas. A hipótese H2
se refere aos efeitos da variável gênero com a divulgação de sustentabilidade. E reforça a
teoria de que a presença feminina nos conselhos favorece as atividades de cunho sustentável.
Porém, é valido observar que a presença de mulheres no conselho da amostra, não ocorre de
maneira significativa, portanto recomenda-se que esse dado deva ser mais explorado, para que
se possam fazer generalizações.
Os resultados para a hipótese H4 demonstram que a dualidade de funções para os
membros do conselho, estão negativamente relacionadas com o nível de divulgação de
sustentabilidade. Assim, comprova-se a teoria de que os CEOs como presidentes do conselho,
podem não ter interesse em divulgar suas atividades para os stakeholders. Além de que, os
CEOs são voltados ao curto prazo, e as ações de sustentabilidade são estratégias de longo
prazo.
Diante desses resultados é possível concluir que os objetivos do trabalho foram
atingidos. O presente estudo buscou preencher as lacunas teóricas relatadas e integrar os
estudos nesse tema, também procurou contribuir para a prática empresarial auxiliando os
acionistas na escolha para composição dos conselhos.
5.2 Limitações
Pela amplitude do tema não foi possível analisá-lo em sua totalidade, o que de certa
maneira vem a ser positivo, pois acarretará em novas pesquisas. Assim, seguem algumas
limitações desse estudo:
A amostra composta somente por empresas de capital aberto e empresas
brasileiras;
Utilizaram-se exclusivamente dados secundários;
Verificaram-se somente as características do conselho disponibilizadas pelas
empresas e,
Analisou-se apenas os relatórios disponibilizados pela BM&FBovespa. Nesse
caso, observa-se um número considerável de empresas que não se
manifestaram, o que diminui o corpo de dados em relação ao total.
5.3 Pesquisas Futuras
Recomenda-se para futuras pesquisas: a ampliação da amostra para empresas de
capital fechado; a utilização de outros recursos de coletas de dados, como entrevistas com
diretores e conselheiros das empresas; analisar outras formas de divulgação da empresa, além
dos relatórios, como os sites e propagandas, para coletar informações daquelas empresas que
não se manifestaram. Sugere-se incluir outras variáveis como a educação formal dos membros
do conselho, o tempo da empresa na BM&FBovespa e sua atuação internacional. Recomenda-
se a utilização de outros mecanismos de governança, como a estrutura de propriedade, bem
como alinhar com outras teorias como, por exemplo, a Teoria Institucional.
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APÊNDICES
Apêndice A - Teste de Hausman
. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind
. //Teste de hausman
. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind
> ependent Elected board_total roe market_to_book Lassets, fe
Fixed-effects (within) regression Number of obs = 1021
Group variable: code_Company Number of groups = 285
R-sq: within = 0.0432 Obs per group: min = 1
between = 0.0603 avg = 3.6
overall = 0.0613 max = 4
F(11,725) = 2.98
corr(u_i, Xb) = 0.1064 Prob > F = 0.0007
-------------------------------------------------------------------------------
-----
GRI | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
-------------------+-----------------------------------------------------------
-----
gender | .244272 .0946778 2.58 0.010 .0583966 .4301474
Chairman_CEO | -.4550604 .1616586 -2.81 0.005 -.7724352 -.1376856
board_and_director | -.2239676 .0960701 -2.33 0.020 -.4125765 -.0353588
ISE | .1970455 .3863566 0.51 0.610 -.5614657 .9555567
mean_yearsOLD | -.0053197 .0141387 -0.38 0.707 -.0330773 .022438
number_Independent | .0544278 .0546732 1.00 0.320 -.0529089 .1617646
Elected | -.0571281 .0415299 -1.38 0.169 -.1386614 .0244052
board_total | .0280708 .05058 0.55 0.579 -.0712299 .1273715
roe | .0004325 .0007746 0.56 0.577 -.0010881 .0019532
market_to_book | -.028597 .0273068 -1.05 0.295 -.0822068 .0250129
Lassets | .0938802 .1495646 0.63 0.530 -.1997513 .3875116
_cons | 1.640395 2.33475 0.70 0.483 -2.943282 6.224072
-------------------+-----------------------------------------------------------
-----
sigma_u | 2.982371
sigma_e | .95382603
rho | .9072058 (fraction of variance due to u_i)
-------------------------------------------------------------------------------
-----
F test that all u_i=0: F(284, 725) = 25.59 Prob > F = 0.0000
. estimates store FE
. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind
> ependent Elected board_total roe market_to_book Lassets, re
Random-effects GLS regression Number of obs = 1021
Group variable: code_Company Number of groups = 285
R-sq: within = 0.0265 Obs per group: min = 1
between = 0.2600 avg = 3.6
overall = 0.2641 max = 4
Wald chi2(11) = 109.88
corr(u_i, X) = 0 (assumed) Prob > chi2 = 0.0000
-------------------------------------------------------------------------------
-----
GRI | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]
-------------------+-----------------------------------------------------------
gender | .2050703 .0864461 2.37 0.018 .035639 .3745015
Chairman_CEO | -.5525022 .1544605 -3.58 0.000 -.8552392 -.2497653
board_and_director | -.1760639 .0876863 -2.01 0.045 -.3479258 -.0042019
ISE | 1.215507 .3244783 3.75 0.000 .5795417 1.851473
mean_yearsOLD | -.0104913 .0121893 -0.86 0.389 -.0343819 .0133993
number_Independent | .0188941 .0497678 0.38 0.704 -.0786489 .1164371
Elected | -.0151551 .0362238 -0.42 0.676 -.0861525 .0558423
board_total | .028447 .0454616 0.63 0.531 -.060656 .11755
roe | .0005631 .0007668 0.73 0.463 -.0009399 .002066
market_to_book | -.0066864 .0209655 -0.32 0.750 -.047778 .0344052
Lassets | .5135195 .0800166 6.42 0.000 .3566899 .6703491
_cons | -4.357118 1.340243 -3.25 0.001 -6.983946 -1.730289
-------------------+-----------------------------------------------------------
-----
sigma_u | 2.5449314
sigma_e | .95382603
rho | .87683084 (fraction of variance due to u_i)
-------------------------------------------------------------------------------
-----
. estimates store RE
. hausman FE RE
---- Coefficients ----
| (b) (B) (b-B) sqrt(diag(V_b-V_B))
| FE RE Difference S.E.
-------------+----------------------------------------------------------------
gender | .244272 .2050703 .0392017 .0386129
Chairman_CEO | -.4550604 -.5525022 .0974419 .0477017
board_and_~r | -.2239676 -.1760639 -.0479038 .0392502
ISE | .1970455 1.215507 -1.018462 .2097266
mean_years~D | -.0053197 -.0104913 .0051716 .007164
number_Ind~t | .0544278 .0188941 .0355338 .0226347
Elected | -.0571281 -.0151551 -.041973 .0203118
board_total | .0280708 .028447 -.0003762 .0221717
roe | .0004325 .0005631 -.0001305 .0001092
market_to_~k | -.028597 -.0066864 -.0219106 .017496
Lassets | .0938802 .5135195 -.4196393 .1263603
------------------------------------------------------------------------------
b = consistent under Ho and Ha; obtained from xtreg
B = inconsistent under Ha, efficient under Ho; obtained from xtreg
Test: Ho: difference in coefficients not systematic
chi2(11) = (b-B)'[(V_b-V_B)^(-1)](b-B)
= 70.78
Prob>chi2 = 0.0000
Apêndice B – Histogramas dos Testes de Normalidade
Apêndice C - Modelo de Regressão
. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind
> ependent Elected board_total roe market_to_book Lassets, fe vce(robust)
Fixed-effects (within) regression Number of obs = 1021
Group variable: code_Company Number of groups = 285
R-sq: within = 0.0432 Obs per group: min = 1
between = 0.0603 avg = 3.6
overall = 0.0613 max = 4
F(11,284) = 1.93
corr(u_i, Xb) = 0.1064 Prob > F = 0.0353
(Std. Err. adjusted for 285 clusters in code_Company)
-------------------------------------------------------------------------------
-----
| Robust
GRI | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
-------------------+-----------------------------------------------------------
-----
gender | .244272 .1386891 1.76 0.079 -.0287171 .5172611
Chairman_CEO | -.4550604 .2098104 -2.17 0.031 -.8680411 -.0420796
board_and_director | -.2239676 .1356426 -1.65 0.100 -.49096 .0430247
ISE | .1970455 .201475 0.98 0.329 -.1995282 .5936192
mean_yearsOLD | -.0053197 .0163131 -0.33 0.745 -.0374296 .0267902
number_Independent | .0544278 .0613897 0.89 0.376 -.0664088 .1752645
Elected | -.0571281 .05998 -0.95 0.342 -.1751898 .0609336
board_total | .0280708 .053044 0.53 0.597 -.0763384 .13248
roe | .0004325 .0005387 0.80 0.423 -.0006277 .0014928
market_to_book | -.028597 .0239389 -1.19 0.233 -.0757171 .0185232
Lassets | .0938802 .1426897 0.66 0.511 -.1869834 .3747437
_cons | 1.640395 2.471594 0.66 0.507 -3.224572 6.505362
-------------------+-----------------------------------------------------------
-----
sigma_u | 2.982371
sigma_e | .95382603
rho | .9072058 (fraction of variance due to u_i)
-----------------------------------------------------------------------------------
Observação: a variável setor da empresa foi testada como variável de controle, porém sua
operacionalização gerou erro no modelo e por esse motivo não foi considerada no teste de
regressão.
Apêndice D – Teste de Multicolinearidade
. vif, uncentered
Variable | VIF 1/VIF
-------------+----------------------
Lassets | 53.86 0.018567
mean_years~D | 37.44 0.026710
board_total | 23.20 0.043095
Elected | 7.53 0.132878
number_Ind~t | 2.67 0.373876
board_and_~r | 2.26 0.442156
gender | 1.58 0.634168
Chairman_CEO | 1.49 0.672479
market_to_~k | 1.39 0.718114
ISE | 1.30 0.771482
roe | 1.26 0.791521
-------------+----------------------
Mean VIF | 12.18
Teste de Regressão
. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE number_Independent Elect
> ed roe market_to_book Lassets, fe vce(robust)
Fixed-effects (within) regression Number of obs = 1021
Group variable: code_Company Number of groups = 285
R-sq: within = 0.0426 Obs per group: min = 1
between = 0.0609 avg = 3.6
overall = 0.0627 max = 4
F(9,284) = 2.21
corr(u_i, Xb) = 0.1164 Prob > F = 0.0216
(Std. Err. adjusted for 285 clusters in code_Company)
-------------------------------------------------------------------------------
| Robust
GRI | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
-------------------+-----------------------------------------------------------
gender | .2569425 .1401379 1.83 0.068* -.0188981 .5327832
Chairman_CEO | -.4420698 .2142218 -2.06 0.040** -.8637337 -.0204058
board_and_director | -.2076243 .1335178 -1.56 0.121 -.4704343 .0551857
ISE | .1764329 .2063332 0.86 0.393 -.2297034 .5825693
number_Independent | .0676002 .0552112 1.22 0.222 -.0410749 .1762753
Elected | -.0419928 .0449581 -0.93 0.351 -.1304862 .0465006
roe | .0003787 .0005275 0.72 0.473 -.0006595 .001417
market_to_book | -.0276841 .0240893 -1.15 0.251 -.0751003 .0197322
Lassets | .1053275 .1377592 0.76 0.445 -.1658311 .3764861
_cons | 1.259705 1.973917 0.64 0.524 -2.625659 5.145069
-------------------+-----------------------------------------------------------
sigma_u | 2.9840448
sigma_e | .95281105
rho | .90747916 (fraction of variance due to u_i)
-------------------------------------------------------------------------------
*Nivel de significância de 0,10; **Nível de significância 0,05
. vif, uncentered
Variable | VIF 1/VIF
-------------+----------------------
Lassets | 6.99 0.143016
Elected | 4.73 0.211516
board_and_~r | 2.20 0.454276
number_Ind~t | 2.16 0.462654
gender | 1.46 0.684485
market_to_~k | 1.39 0.718534
Chairman_CEO | 1.38 0.726186
roe | 1.26 0.794593
ISE | 1.25 0.802345
-------------+----------------------
Mean VIF | 2.54