BASE DE DADOS DO POTENCIAL ENERGÉTICO DO VENTO EM PORTUGAL – METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO Teresa Maria Veloso Nunes Simões Esteves Lic. em Ciências Geofísicas – Meteorologia e Oceanografia Orientadores: Professora Doutora Ana Estanqueiro (INETI) Professor Doutor João Catalão (FCUL) Dissertação submetida para a obtenção do grau de Mestre em Ciências e Engenharia da Terra Março 2004
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BASE DE DADOS DO POTENCIAL ENERGÉTICO DO VENTO EM
PORTUGAL – METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO
Teresa Maria Veloso Nunes Simões Esteves Lic. em Ciências Geofísicas – Meteorologia e Oceanografia
Orientadores: Professora Doutora Ana Estanqueiro (INETI) Professor Doutor João Catalão (FCUL)
Dissertação submetida para a obtenção do grau de Mestre em Ciências e Engenharia da Terra
Março 2004
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Resumo Nos últimos anos, o desenvolvimento dos aproveitamentos de energia eólica em Portugal
evoluiu de forma marcante. O volume de projectos assumido, quer pelas entidades
governamentais quer pelos investidores em parques eólicos, prevê a instalação de 3750 MW
até ao final de 2010, multiplicando por mais de dez vezes a actual capacidade. Apesar do
crescimento previsível para os próximos anos neste sector, existem poucas ferramentas de
planeamento de infra-estuturas e de identificação sistemática de locais que apresentem
indicadores de elevado potencial eólico.
Este trabalho, encontra-se na linha de desenvolvimento de bases de dados de vento – com o
objectivo de incentivar e acelerar o desenvolvimento da energia eólica em Portugal – e teve
início em 2000 no INETI, à data Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial,
com edição da base de dados do potencial energético do vento em Portugal – EOLOS.
O planeamento dos aproveitamentos energéticos do vento constitui uma tarefa complexa, a
qual exige a identificação de um conjunto alargado de informação, na sua maioria, passível de
georeferenciação. Desta forma, iniciou-se o desenvolvimento de uma base de dados do
recurso eólico, mapeado e georeferenciado, cuja implementação se efectuou num Sistema de
Informação Geográfica (SIG) e cuja metodologia se descreve neste trabalho.
Para o desenvolvimento deste trabalho identificou-se e reuniu-se um conjunto alargado de
dados – tais como restrições ambientais, rede eléctrica nacional, uso do solo, divisão
administrativa – a partir do qual se geraram mapas de restrições ao aproveitamento da energia
do vento. Estes foram introduzidos, em conjunto com os mapas de distribuição espacial de
parâmetros necessários à caracterização energética do vento, no SIG como parâmetros de
entrada. Com base nessa informação construiram-se aplicações, que permitem o cálculo de
áreas, distâncias e a selecção de regiões com potencial favorável aos aproveitamentos eólicos.
As aplicações construídas nesta base de dados georeferenciada permitiram ainda determinar o
potencial energético sustentável de Portugal continental, bem como a eventual necessidade de
reforço regional da rede elétrica de transmissão para o aproveitamento optimizado desta
forma de energia renovável.
Palavras-chave: SIG, potencial eólico, planeamento, base de dados
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Abstract
In the last few years, the wind energy development in Portugal has increased enormously.
Portuguese plans – assumed by the governmental authorities and wind park investors –
addresses the installation of 3750 MW, until the year 2010, multiplying the actual capacity
by, approximately, ten times. Besides this growth of the wind energy exploitation, the country
has regions with good wind potential still uncharacterised for this purpose. This work, being
included in the development of wind databases - aiming to incentive and accelerate the
development of wind energy in this country - was initiated by INETI, Instituto Nacional de
Engenharia e Tecnologia Industrial, with the development of EOLOS - Portuguese wind
potential database, accomplished in the year 2000.
The huge amount of information needed to select and characterize wind potential and wind
power production has as a common characteristic being susceptible to be mapped. Therefore,
the existing information concerning, for example, environmental restrictions, electric network,
land use, among others, was used to build maps representing the restrictions to the wind
energy exploitation. Those were then introduced into the GIS as input data, together with
maps generated in order to represent the wind parameters necessary for the wind energy
characterisation, as input data. Based on these information, some applications were built in
order to enable the calculation of areas, distances and the selection of favourable wind
potential regions to wind energy exploitation.
The applications presented in this database were also used to estimate the sustainable wind
potential on the Portuguese mainland, as well as the need to reinforce the national electric grid
for the optimised development of this form of renewable energy.
In this work it will be described the database production, including the data processing and
mapping, as well as its integration into the GIS.
Keywords: GIS, wind resource, planning, database
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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A existência de escarpas e falésias introduz zonas de re-circulação no escoamento as quais
dificultam o posicionamento dos sistemas de medida e aproveitamento de energia do vento.
No entanto se os sistemas eólicos forem criteriosamente posicionados podem aproveitar-se,
fora destas zonas, locais onde o escoamento acelera e onde, consequentemente, existe um
acréscimo da energia produzida (figura 2.5).
Figura 2.5 – Zonas de re-circulação em falésias e escarpas [Wegley et al., 1980].
O escoamento em terreno montanhoso pode no entanto resumir-se de acordo com os seguintes
parâmetros [Marques da Silva, 1996]:
o regime de vento na cumeada não é sujeito a grandes variações mas depende do local
e da época do ano;
a correlação entre a direcção do vento num terreno complexo e uma dada referência
em campo aberto é válida apenas para um local;
em média o vento na cumeada é mais elevado no Inverno do que no Verão;
mesmo em dias globalmente calmos pode observar-se no cume vento com substancial
velocidade.
Ainda dentro das orografias complexas há que referir o caso de depressões marcadas como os
desfiladeiros ou os vales estreitos com orientação apropriada onde o escoamento pode ser
acelerado se o vento for “canalizado” ao longo da depressão. As depressões estão em geral
parcialmente rodeadas de terreno mais elevado, donde, é necessário que o local escolhido
esteja na direcção predominante do vento.
Os mapas de altimetria normalmente utilizados neste tipo de estudos são digitalizados em
formato vectorial com a ajuda de uma mesa digitalizadora, considerando uma área mínima de
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5 x 5 km em redor do mastro anemométrico ou do local em estudo, com curvas de nível
espaçadas de 10 m. Uma vez que, a maioria dos locais do nosso país, com interesse do ponto
de vista do aproveitamento eólico, são de natureza muito complexa, as áreas, são na maioria
das vezes, alargadas de forma a considerar elementos orográficos que possam influenciar o
escoamento atmosférico nas regiões de interesse (10x10 km).
Neste tipo de estudos, é normalmente utilizada cartografia digital 1:25 000 em formato
vectorial, englobando uma área considerável em redor do mastro anemométrico e
desejavelmente, do parque eólico. Todos os mapas utilizados e apresentados neste trabalho
estão no sistema Hayford Gauss/Datum Lisboa com origem fictícia a SE de Sagres. Para além
da cartografia referida, foi também utilizada informação sobre altimetria, disponibilizada pela
USGS – United States Geological Survey, base de dados geográfica do projecto GTOPO30,
introduzida no modelo meso-escala MM5, também utilizado para a geração de mapas de
recurso.
Figura 2.6 - Mapa de altimetria de Portugal continental.
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2.3.3. Rugosidade e obstáculos
A rugosidade de um dado local é outro dos parâmetros de entrada considerados indispensáveis
neste tipo de estudos, uma vez que influencia de forma determinante o escoamento
atmosférico junto ao solo e consequentemente a energia disponível num determinado local.
Por rugosidade entende-se no sentido mais geral do termo, o tipo de ocupação do solo
característica de uma dada região ou local – vegetação, localidades, zonas de cultivo, etc.
O local ideal é caracterizado por rugosidade homogénea e reduzida, sendo no entanto mais
frequente encontrar locais onde se encontram vários tipos de rugosidade que se interpenetram.
A rugosidade de uma determinada área em estudo é normalmente representada na forma de
mapa vectorial, embora o mesmo possa fazer-se através de ficheiros em formato tabular. No
caso presente optou-se por utilizar a informação na forma de mapa vectorial.
No caso de existir uma campanha experimental de medição do vento, o chamado “mapa de
rugosidade” é normalmente construído após a recolha em campo da informação sobre o tipo
de vegetação e outros elementos de rugosidade, que circundam o mastro anemométrico e
respectiva classificação. Os dados são obtidos com base em visitas aos locais para uma
identificação in situ das diferentes tipologias existentes e aferição das suas dimensões (Tabela
2.1) [Simiu and Scanlan, 1986].
Tabela 2.1 – Tipos de Superfície e comprimentos de rugosidade correspondentes.
Tipos de superfície Comprimento de rugosidade z0 (cm)
Água ~0.001 Areia 0.01 – 0.1 Neve 0.1 – 0.6 Relva (~0.01m) 0.1 – 1 Erva baixa 1 – 4 Terreno lavrado 2 – 3 Erva alta 4 – 10 Pinhal 90 – 100 Árvores e algumas casas 20 – 40 Cidade ou grandes aglomerados de casas 80 – 120 Centros de grandes cidades 200 – 300
O mapa inicial de rugosidade de cada área em estudo, é construído no local através da
identificação das manchas vegetais e dos elementos considerados como rugosidade. Dado que
normalmente, o local onde se encontra instalado o mastro não permite uma visualização
global de toda a área de interesse, o mapa é, posteriormente, melhorado e completado com
recurso a fotografias tiradas nas imediações do mastro anemométrico, de forma a identificar
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todos os quadrantes visíveis do local e outros pontos vistos de locais distantes. Durante as
visitas, procede-se também à confirmação de manchas de rugosidade existentes na cartografia
disponível, de forma a apoiar a construção dos mapas finais. Na inexistência de campanhas
experimentais, recorre-se a informação cartográfica e digital disponível.
No final as manchas identificadas são digitalizadas sobre mapas cartográficos
georeferenciados e sobrepostas ao mapa de altimetria da região. O mapa final, passa assim, a
ser um “compósito” da informação de orografia e rugosidade e é utilizado na estimativa das
diversas grandezas envolvidas, bem como na geração de mapas de distribuição espacial das
mesmas.
É frequente existirem perto do mastro anemométrico, elementos sombra que não podem ser
classificados como rugosidade. Neste caso, denominam-se obstáculos e é necessário proceder
à sua correcta identificação e caracterização da sua influência no desenvolvimento do
escoamento. Os obstáculos podem ser de várias naturezas; casas, depósitos de água, postos de
vigia florestais, aglomerados de árvores ou mesmo grandes estruturas de pedra. Em seguida
apresenta-se uma breve descrição do escoamento quando sujeito aos variados tipos de
obstáculo.
Edifícios
Muito embora não seja comum instalar aerogeradores nas proximidades de edifícios, este
posicionamento pode ocorrer, por exemplo, em quintas ou na proximidade de estruturas
urbanísticas. Para além disso, é frequente a instalação de mastros anemométricos em terrenos
com obstáculos deste tipo durante as campanhas experimentais de caracterização geral do
vento. As perturbações produzidas pelos edifícios aumentam em altitude a jusante. O
escoamento é obstruído pelo edifício formando uma esteira ainda a montante do mesmo. Após
a passagem pelo obstáculo forma-se uma esteira em forma de ferradura que se estende ainda a
alguma distância para jusante, como se pode ver na figura 2.7.
Figura 2.7 – Escoamento em torno de um edifício [Hiester and Pennel, 1983].
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Algumas precauções a tomar para evitar a influência de edifícios são posicionar o sistema
eólico:
a uma distância a montante de mais do que duas vezes a altura do edíficio;
a uma distância mínima a jusante de dez ou mesmo vinte vezes a altura do edíficio;
pelo menos 3 a 5 vezes a direcção transversal do edíficio se o sistema eólico está colocado
transversalmente ao edifício relativamente ao escoamento.
Figura 2.8 – Escoamento perturbado pela presença de um edifício [Hiester and Pennel, 1983].
Barreiras vegetais
Em regra as barreiras vegetais são constituídas por filas de árvores posicionadas oblíqua ou
perpendicularmente ao local que pretendem proteger. Existem no entanto algumas formas de
minimizar a influência das barreiras vegetais, tais como, a escolha de um local afastado (para
jusante) ou para os lados da barreira ou, em última análise, a utilização de uma torre
suficientemente alta para minimizar a perturbação do escoamento.
O grau de perturbação do escoamento depende da altura, profundidade e porosidade da
barreira vegetal. Como porosidade entende-se a percentagem de área aberta que se pode ver
quando se olha através da barreira vegetal. Quanto mais alta é a barreira, maior distância
atinge o escoamento perturbado a jusante do obstáculo (figura 2.9), e consequentemente
maior distância é necessária para que o escoamento recupere a sua energia inicial.
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Figura 2.9 – Escoamento a jusante de uma barreira vegetal [Wegley et al., 1980].
Árvores posicionadas aleatoriamente
A existência de árvores posicionadas de forma aleatória num local que à primeira vista
demonstre algum interesse do ponto de vista energético, pode constituir um problema. A
esteira produzida por este tipo de obstáculo, embora seja de intensidade mais fraca do que a
produzida pelos obstáculos referidos anteriormente, prolonga-se por maiores distâncias. A
perda de velocidade pode variar entre 3 % e 20 %, e a perda de energia produzida pode variar
entre 9 % e 40 %, dependendo estes valores do tipo de folhagem e da distância ao ponto de
interesse [Wegley et al., 1980].
No caso de se escolher um local onde exista este tipo de obstáculo, deve considerar-se a
hipótese de instalação de torres anemométricas de alturas elevadas por forma a minimizar a
influência da barreira.
A representação dos obstáculos é feita no local através da medição das distâncias do mastro
aos dois cantos mais próximos do obstáculo e respectivos ângulos, altura e profundidade. É
também atribuído, posteriormente, um coeficiente de porosidade a cada obstáculo (tabela 2.2)
[Troen and Petersen, 1989].
Tabela 2.2 – Coeficientes de porosidade atribuídos aos obstáculos. Aparência da barreira Porosidade P Sólida (parede) 0 Muito densa <0.35 Densa 0.35-0.50 Aberta >0.50
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3. Desenvolvimento de uma base de dados do potencial eólico
num Sistema de Informação Geográfica - SIG
O planeamento do aproveitamento da energia eólica constitui uma tarefa complexa, exigindo
a identificação de um conjunto alargado de informação. Neste trabalho reuniu-se a informação
disponível e adequada ao estudo, que deverá anteceder o aproveitamento da energia eólica.
Para tal recorreu-se a informação disponível nos vários organismos competentes, em formato
digital (tabular, “vectorial” e “raster”), desde a área ambiental até à rede eléctrica nacional,
passando pela selecção de dados experimentais de estações anemométricas instaladas para
este fim.
Seguidamente descreve-se o tipo de informação geográfica seleccionada – mapas dos
diferentes temas, tabelas de informação e dos dados de vento. Apresentam-se também uma
breve descrição dos modelos numéricos utilizados, bem como alguns aspectos teóricos
relacionados com o potencial energético do vento de forma a enquadrar o estudo efectuado.
3.1. Caracterização do potencial energético do vento em Portugal
3.1.1. Efeitos de macro e meso-escala em Portugal A título de exemplo, apresenta-se uma perspectiva geral sobre as circulações típicas
verificadas sobre o território Português. Esta informação baseia-se num trabalho efectuado
por Trigo e DaCâmara [2000], utilizando um conjunto de índices associados à direcção e
vorticidade do escoamento geostrófico (tabela 3.1).
Tabela 3.1 – Índices utilizados no estudo de determinação das circulações do escoamento em Portugal.
Índice Símbolo Escoamento de Sul SF
Escoamento de Oeste WF Escoamento Total F
Efeito de corte da vorticidade Sul ZS Efeito de corte da vorticidade Oeste ZW Efeito de corte da vorticidade Total Z
Na tabela 3.2 apresentam-se os regimes de circulação (CWT’s) finais obtidos no estudo.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Tabela 3.2 – As 10 classes de CWT’s retidas no estudo.
CWT’s símbolo Tipo Anticiclónico A
Tipo Ciclónico C Tipo Nordeste NE
Tipo Este E Tipo Sudeste SE
Tipo Sul S Tipo Sudoeste SW
Tipo Oeste W Tipo Noroeste NW
Tipo Norte N
A frequência relativa de cada CWT para cada mês do ano apresenta-se na figura 3.1. O tipo
anticiclónico (A) é o regime de circulação mais frequente durante todo o ano com excepção
dos meses de Verão que são dominados pelas circulações do tipo Norte (N) e Nordeste (NE).
Tanto as situações de (N) e (NE) correspondem a uma alta pressão que se estende desde os
Açores e que geralmente afecta a maior parte das regiões do Oeste da Europa durante os
meses de Verão e em especial a Península Ibérica, e produz ventos de Norte perto da costa
Portuguesa.
Figura 3.1 – Percentagem da frequência media mensal dos regimes de circulação para cada mês do ano [Trigo e DaCâmara 2000].
É de referir que a frequência relativa de situações ciclónicas (C) é quase constante durante
todo o ano, atingindo um valor máximo durante a Primavera de acordo com o máximo de
frequência dos episódios de bloqueio do Atlântico que ocorrem nessa altura do ano.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Os três padrões climáticos (CWT’s) com uma componente de Oeste e originados no
Atlântico, nomeadamente, SW, W e NW, apresentam frequências relativas muito constantes
durante a maior parte do ano, apesar de o tipo SW quase não ocorrer nos meses de Verão.
Finalmente, os restantes tipos, E, SE e S, são os tipos de circulação menos frequentes durante
a maior parte do ano. Na realidade as frequências relativas de S e SE são virtualmente nulas
entre Maio e Agosto.
3.1.2. Mapeamento do recurso O mapeamento do recurso foi feito através da representação da distribuição espacial das
grandezas; velocidade do vento, fluxo de potência incidente e número de horas equivalentes à
potência nominal. Para tal utilizaram-se dois modelos, o modelo de mesoscala MM5 (Fifth –
Generation Mesoscale Model) [Grell et al., 1995] e o de microscala WASP (Wind Atlas
Analysis and Application Program) [Mortensen et al., 1993].
Para introduzir a informação sobre a rugosidade utilizaram-se dois mapas. O primeiro foi
digitalizado directamente sobre mapas cartográficos de escala 1:250 000 em suporte de papel,
tendo-se considerado as manchas vegetais e limites de localidades como elementos de
rugosidade. Este mapa foi introduzido como dado de entrada no modelo de microscala WASP.
O segundo mapa foi obtido na base de dados da USGS, e foi introduzido como dado de
entrada do modelo de mesoscala MM5.
A altimetria foi obtida na base de dados geográfica do projecto GTOPO30 da USGS para o
modelo de mesoscala MM5 e na cartografia 1:250 000 para o modelo de microscala WASP.
Esta última foi adquirida ao Instituto Geográfico do Exército – IGeoE. A escolha deste tipo de
informação prendeu-se com o facto de se tornar inviável simular a totalidade do país com a
cartografia 1:25 000.
Os dados de vento utilizados foram, para o modelo MM5, obtidos na base de dados do
NCAR/NCEP (National Centre for Atmospheric Research/National Centre for Environmental
Prediction) e para o modelo WASP, provenientes de uma estação instalada numa região
costeira a norte de Lisboa, em operação há onze anos. A escolha desta estação, teve como
base a homogeneidade dos dados de vento aí medidos e o facto de esta se poder considerar
“estação de longo termo”. O ano seleccionado, refere-se a 2001, tendo sido aplicado um factor
de correcção da variabilidade interanual do escoamento atmosférico.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Nos parágrafos que se seguem, apresenta-se uma breve descrição do funcionamento destes
modelos.
Modelos de Mesoscala: O modelo MM5
O modelo MM5 é um modelo computacional de acesso livre que tem sido desenvolvido nos
Estados Unidos da América na Pennsylvania State University/National Center for
Atmospheric Research (PSU/NCAR), e tem vindo a ser continuamente aperfeiçoado através
da contribuição de diversos utilizadores em universidades e institutos de investigação em todo
o mundo.
Este modelo utiliza o estado da arte em simulações de meteorologia e climatologia regional
(áreas limitadas a centenas de quilómetros) com resoluções médias de 20 – 30 km. Utiliza
coordenadas sigma [Haltiner and Williams, 1980] que acompanham o terreno, tornando-o
capaz de simular e prever circulações de meso-escala ou escala regional.
O MM5 é composto por um conjunto de programas independentes utilizando informação
adequada a cada um. O conjunto de informação processada por cada programa constitui a
base de dados para as simulações do programa principal, MM5, que fornece os resultados
climáticos. Na figura 3.2 apresenta-se um organigrama com os programas e respectiva
informação.
Os dados meteorológicos terrestres e isobáricos, são horizontalmente interpolados através das
sub-rotinas TERRAIN e REGRID de uma grelha latitude-longitude para um domínio de alta
resolução. Estes programas definem o domínio (área em análise) e projecção dos mapas nos
quais são utilizadas as informações de topografia e uso do solo. É ainda possível definir
diversos sub-domínios com o objectivo de aumentar a resolução das simulações.
TERRAIN
A rotina TERRAIN, pode utilizar dados de várias fontes, como por exemplo a base de dados
geográficos de alta resolução GTOPO30, para processar os dados de orografia e rugosidade.
O modelo de orografia da GTOPO30 tem resolução espacial de 0.925 km ou 0.0083333
graus, com informações que cobrem a totalidade do planeta.
REGRID
A rotina REGRID utiliza os dados climatológicos da base de dados como primeira
inicialização (“first guess”) do modelo e executa, posteriormente, interpolações dos
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parâmetros meteorológicos para todos os pontos da grelha definidos para o domínio principal
e sub-domínios.
Figura 3.2 – Programas e informação respectiva do modelo MM5 [Feitosa et al., 2002].
RAWINS
A subrotina RAWINS é opcional, e pode ser empregada para executar novas interpolações
utilizando observações padrão de estações de superfície e radiosondagens. Este programa
realiza assimilação dos dados através de uma análise objectiva e elimina possíveis dados
errados e/ou incoerentes através de diversos testes.
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INTERPF
A sub-rotina INTERPF realiza a interpolação vertical dos níveis de pressão para o sistema de
coordenadas sigma que acompanham a superfície. O modelo analisa os dados de superfícies
de pressão e interpola-os verticalmente. Este sistema de coordenadas verticais acompanham
exactamente as variações do terreno nos níveis mais próximos da superfície, e gradualmente
os níveis superiores apresentam menos concordância com a topografia até atingir o nível mais
alto onde o efeito da superfície já não se faz sentir.
O programa MM5 utiliza todos os dados de entrada gerados e processados pelas rotinas
TERRAIN, REGRID, RAWINS e INTERPF. A integração numérica é iniciada pelo domínio
principal com a assimilação dos dados climatológicos (Reanálise) de 6 em 6 horas, isto é
tomando em linha de conta as informações de temperatura, pressão, componentes meridional
e zonal do vento, humidade e temperatura da superfície do mar. O processo de integração
numérica considera um refinamento da grelha o que significa que os cálculos das variáveis do
domínio principal são utilizados continuamente, a cada passo, para efectuar os cálculos
numéricos nas fronteiras dos sub-domínios.
Modelos de Microscala: O modelo WASP – Wind Atlas Analysis and Application
Program
O modelo WASP – Wind Atlas Analysis and Application Program é, provavelmente, o
programa mais utilizado entre os institutos e empresas que se dedicam ao estudo do recurso
eólico, para estimar a produção energética num local ou numa determinada região. Executa
uma extrapolação horizontal e vertical de um determinado perfil de vento, calculando a
respectiva distribuição de ocorrências por sectores de direcção. O programa vem
acompanhado de quatro sub-modelos, os quais entram em linha de conta com os dados do
terreno onde se encontra instalado o mastro anemométrico – ou onde se pretende instalar um
parque eólico – e da área que o circunda para efeitos de caracterização energética. Os quatro
sub-modelos são:
Estabilidade – as variações de estabilidade no perfil logarítmico do vento são tratadas
como pequenas perturbações do estado de base neutro;
Rugosidade – as variações da rugosidade que circunda o mastro anemométrico e/ou
parque eólico são baseadas em leis de semelhança na camada de superfície atmosférica e
na teoria de Monin – Obukhov;
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Obstáculos – os efeitos causados pelos obstáculos presentes nas imediações do mastro a
distâncias tão próximas que não possam ser considerados como elementos de rugosidade,
são tomados em conta na avaliação do escoamento através da modelação das esteiras por
eles produzidas. Para tal o modelo utiliza as expressões dadas por Perera [1981] e que
consideram a porosidade e altura do obstáculo, a altura a que se encontra instalado o
anemómetro e a distância deste ao obstáculo;
Orográfico – o modelo entra em linha de conta com a complexidade característica do
terreno em estudo. Em primeiro lugar calcula-se a perturbação no escoamento potencial
induzida pelo terreno, correspondendo a um vector unitário na direcção não perturbada do
vento e, em seguida, é introduzida uma modificação da solução do escoamento potencial
por forma a inserir, de uma forma aproximada, a velocidade de atrito no solo.
Para a estimativa de produção energética, o modelo WASP, baseia-se no método clássico de
avaliação do potencial eólico (Apêndice I) com recurso à distribuição de Weibull. A partir de
uma série temporal de entrada com os registos de vento, permite efectuar uma estimativa das
características do regime de ventos, corrigindo os dados dos efeitos da orografia, rugosidade e
obstáculos no local através da aplicação dos quatro sub-modelos mencionados. Um processo
inverso, permite estimar o regime de vento no mesmo, ou noutro local, considerando as
características circundantes ao local de interesse.
Este modelo apresenta-se adequado para o estudo de locais com características planas ou com
elementos orográficos suaves, sendo que se verifica que, para terrenos complexos o seu
comportamento é frequentemente inadequado, chegando a apresentar valores
consideravelmente afastados da realidade, quer para as extrapolações espaciais quer para as
transposições verticais da velocidade do vento e, consequentemente, da energia produzida.
Geração dos mapas de recurso
Por forma a obter uma distribuição espacial da velocidade do vento que reproduza quer os
movimentos das grandes massas de ar patentes nos resultados do MM5, quer a influência da
concentração energética por efeito orográfico evidenciada nos cálculos dos modelos de
microscala, optou-se por determinar o mapeamento do recurso energético do vento com base
nos resultados de ambos os modelos. Esta opção teve também como base os seguintes
aspectos:
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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o mapa obtido por aplicação do modelo WASP foi gerado com base nos dados de uma
única estação anemométrica (IN_01 - S. João das Lampas) e sobrestima a velocidade
do vento para as regiões de baixa velocidade do vento, tipicamente nas regiões das
lezírias do Tejo, alentejana e algarvia, factos estes confirmados pela operação de um
elevado número de estações anemométricas nestas zonas;
o modelo WASP não é de aplicação recomendada em terrenos muito complexos (alta
montanha) com rugosidade muito heterogénea, pese embora os resultados da sua
utilização (com a estação IN_01) para o território de Portugal continental apresentem
uma boa concordância com os dados experimentais das estações anemométricas em
operação nestas regiões;
a aplicação do modelo MM5 só se afigura, à data, possível com uma malha de
resolução numérica relativamente alargada, a qual evidencia uma boa reprodução dos
movimentos das grandes massas de ar, normalmente com origem no Oceano
Atlântico, mas subestima de forma clara os efeitos de concentração energética do
recurso eólico com origem na orografia do terreno, os quais tipicamente ocorrem para
uma escala espacial inferior à malha utilizada.
Deste modo, recorreu-se numa primeira fase, ao modelo MM5 com uma resolução numérica
de 9x9 km para o mapeamento dos parâmetros meteorológicos. Neste estudo utilizou-se
apenas o vento para uma altura normalizada do eixo de rotação de uma turbina, h=60m.
O modelo WASP foi aplicado, como anteriormente referido, recorrendo aos dados
experimentais da estação anemométrica de referência do INETI, IN_01, situada em S. João
das Lampas tendo-se assim obtido o mapeamento do recurso energético do vento à cota de
60m, com uma resolução espacial de 1x1 km, o qual permite a determinação das grandezas
envolvidas neste tipo de estudo – velocidade média do vento, fluxo de potência incidente e
número de horas equivalentes à potência nominal. Com base na aplicação de ambos os
modelos, obtiveram-se os correspondentes mapas de distribuição espacial da velocidade do
vento. Na figura 3.3a apresenta-se o mapa obtido por aplicação do modelo MM5 [Costa e
Estanqueiro, 2003b] e na figura 3.3b o mapa obtido por aplicação do modelo WASP.
Os mapas obtidos pelos dois modelos, foram posteriormente interpolados para malhas de
resolução de 500x500 m e compostos através de uma operação de média aritmética (figura
3.4).
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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(a) (b)
Figura 3.3 – (a) Mapa de distribuição espacial da velocidade do vento em Portugal continental, obtido pelo modelo MM5 (h=60m) e (b) Mapa de distribuição espacial da velocidade do vento em Portugal continental, obtido pelo modelo WASP (h=60m).
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Figura 3.4 - Mapa compósito de distribuição espacial da velocidade do vento em Portugal continental, (h=60m).
3.1.3. Estimativa de produção energética A avaliação da rentabilidade dos projectos de parques eólicos é normalmente efectuada com
base no número de horas equivalentes à potência nominal – NEP’s, tendo-se procedido
igualmente ao seu mapeamento.
Para tal utilizaram-se os mapas de recurso apresentados nas figuras 3.3a e 3.3b,
respectivamente gerados por aplicação dos modelo MM5 e WASP, e às características de uma
turbina de 1500 kW (figura 3.5). A escolha deste modelo de aerogerador, prendeu-se com o
facto este ter produção e diâmetro do rotor medianos.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
32
Figura 3.5 - Curva de potência de uma turbina de 1500 kW de potência nominal e 66 m de diâmetro do rotor.
À semelhança do sucedido para o mapeamento da velocidade do vento, procedeu-se à
construção de dois mapas de distribuição espacial do número de horas equivalentes à potência
nominal (NEP’s) e utilizando igualmente uma operação de média aritmética para composição
dos grelhas resultantes, obteve-se o mapa representado na figura 3.6.
Figura 3.6 - Mapa de distribuição espacial do parâmetro NEP’s em Portugal continental, (h=60m).
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
33
3.2. Condicionantes ambientais
Sendo um dos principais objectivos dos aproveitamentos das energias renováveis, o de
minimizar os impactos ambientais provocados pela produção de energia por fontes
convencionais com recurso a combustíveis fósseis, estão-lhe, ainda assim, associados alguns
impactos negativos, que do ponto de vista das entidades ambientalmente competentes, não são
de desprezar.
No que diz respeito à energia eólica, os impactos referidos como sendo os de carácter mais
relevante são constituídos pelo ruído emitido pelos aerogeradores, o impacto visual e a
influência na avifuana [IA, 2002].
Com o avanço das tecnologias de construção de aerogeradores, o problema do ruído é,
actualmente, encarado como um mal menor. As máquinas modernas são incomparavelmente
mais silenciosas do que as antigas, sendo que, na grande maioria das situações de
funcionamento, o ruído produzido pelas mesmas é praticamente inaudível, sendo
frequentemente superado pelo produzido pelo próprio vento, pela vegetação ou outras fontes.
Também o facto de em Portugal os parques eólicos se situarem essencialmente em regiões
não habitadas – com particular excepção da Região Oeste, vem de alguma forma minimizar
este problema.
Sendo o impacto visual uma questão discutível por lhe estarem inerentes opiniões pessoais, é
ainda assim, de referir, que a instalação de parques eólicos em locais de paisagem protegida
ou de características fora do comum, pode influenciar de forma negativa a harmonia da
paisagem. O aparecimento de máquinas de maiores dimensões, vem facilitar a instalação de
parques de grande potência com um menor número de turbinas. Estudos recentes mostram
que menos turbinas, ainda que de maior dimensão, harmonizam-se mais facilmente com o
meio ambiente do que uma grande quantidade de pequenas turbinas.
No que diz respeito à influência na avifuana, apesar de este problema merecer especial
atenção, a problemática que lhe está inerente é manifestamente mais reduzida do que algumas
associações do sector crêem. Há, no entanto, que ter precauções acrescidas quando se
pretende instalar um parque eólico numa zona com espécies protegidas ou de passagem de
corredores migratórios, nomeadamente, durante a fase de instalação das máquinas. Outra
questão relacionada com a avifuana e muito discutida no sector ambiental, é a possibilidade
de as aves colidirem com as máquinas. Este assunto tem vindo a ser objecto de estudos,
tendo-se já concluído que a quantidade de espécies que perecem desta forma é muito reduzida
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
34
quando comparada com outras causas de morte (pequenas linhas de alta tensão ou auto-
estradas) [Gonçalves et al. (ed.) , 2002].
A utilização de terrenos classificados como reserva ecológica nacional (REN) ou rede Natura
2000, para a instalação dos PE exige a desafectação destas áreas e o reconhecimento do
interesse público dos projectos e um estudo de incidências ambientais [Dec-Lei 312/2001]2.
Pelo atrás exposto, é normalmente exigido aos promotores de parques eólicos, um estudo de
incidências e/ou impactos ambientais (dependendo da classificação dos terrenos) a incluir na
fase de projecto e licenciamento dos mesmos. Assim, e por forma a introduzir este tipo de
limitações, recolheu-se informação sobre o mapeamento de áreas classificadas do ponto de
vista ambiental (figura 3.7).
Figura 3.7 – Mapa de restrições ambientais [fonte SNIG].
2 O recente despacho conjunto de Janeiro de 2004 torna este processo automático, muito embora ainda não se encontre em aplicação [DR, 2004].
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
35
Embora o país tenha uma boa percentagem do território protegido do ponto de vista
ambiental, as áreas que não são classificadas como parques naturais3 podem considerar-se
viáveis para a instalação de parques eólicos com baixa a muito baixa ocupação. Desta forma,
neste estudo, consideraram-se dois cenários diferentes do ponto de vista de protecção
ambiental; severo e moderado.
3.3. Capacidade da rede eléctrica receptora
Uma das preocupações e dificuldades mais marcantes no desenvolvimento de
aproveitamentos de energia eólica, é sem sombra de dúvida, a do escoamento da energia
eléctrica produzida.
O território português apresenta uma grande desigualdade na distribuição da população e
consequentemente do sector industrial e outras actividades de grande consumo de energia. A
grande concentração populacional na região litoral tem como consequência a concentração de
linhas de transmissão e distribuição de electricidade nessa zona, contrariamente ao reduzido
número e capacidade das linhas de transporte nas regiões interiores.
O facto das áreas com maior potencial eólico se concentrarem em regiões remotas e, na sua
maioria, do interior do país, conduz à existência de limites baixos para a potência de origem
eólica que se poderia injectar na rede eléctrica. Esta limitação leva a que na maioria dos casos
haja a necessidade de construir linhas de grande extensão e custo para ligar a rede pré-
existente às subestações dos parques eólicos. Os custos associados à construção das linhas
são, neste momento, ainda suportados, na sua grande maioria, pelos promotores, custos esses
muito elevados, que colocam em causa muitos projectos.
Desde o lançamento do fórum de energias Renováveis em 2001 e após o anúncio dos
programas E4 e MAPE, bem como da publicação de nova legislação (Dec.s-Lei 312/2001 e
339-C/2001), a problemática do acesso à rede eléctrica e do escoamento da energia conheceu
importantes evoluções. A energia eólica e outras renováveis começam, agora, a ser vistas
como “clientes” dos sistemas de transporte e distribuição de energia eléctrica, facto esse
igualmente associado à liberalização do sector eléctrico [Gonçalves et al. (ed.), 2002].
Os dados de base, referentes à rede eléctrica e capacidade disponível desta, introduzidos nesta
base de dados correspondem à informação disponível nos serviços oficiais e empresas
competentes, nom
3 E mesmo nestes é possível a instalação de PE dependendo dos valores ambientais classificados.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
36
eadamente, Direcção Geral de Geologia e Energia – DGGE e Rede Eléctrica Nacional – REN.
Por forma a introduzir esta informação na base de dados, recorreu-se a uma figura “raster”
obtida junto da REN, tendo-se procedido à sua georeferenciação e posterior digitalização
(figuras 3.8).
(a) (b)
Figura 3.8 – Rede eléctrica nacional (a) figura base [fonte REN], (b) figura digitalizada.
Na tabela 3.3 apresentam-se os pontos de ligação à rede eléctrica publicados pela DGGE e
respectiva potência de ligação disponível em 2004 e planeada até 2007.
Muito embora se acredite que a capacidade eólica atribuída por região poderia, de alguma
forma, ter sido objecto de um estudo mais detalhado no que se refere à distribuição espacial
do potencial eólico sustentável, há motivos para crer que a potência de ligação global em
2010 não seja muito diferente, em termos quantitativos, da que está planeada para 2007.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
37
Tabela 3.3 – Pontos de ligação à rede eléctrica e potências planeadas 2004-2007 [fonte, DGGE4].
Potência Disponível [MW] Potência planeada [MW] Ponto de ligação 2004 2005 2006 2007
A detecção e correcção destas falhas passa necessariamente pela inspecção dos dados, antes
da sua utilização para qualquer fim, sendo efectuada de forma automática e/ou manual. A
primeira consiste na utilização de programas de processamento e filtragem de dados
alfanuméricos e gráficos, determinando-se os parâmetros que permitem a detecção automática
de erros nos ficheiros de dados (valores constantes durante longos períodos de tempo, zeros
nos valores de velocidade, outro tipo de valores aparentemente anómalos, ou mesmo ausência
de registos durante um determinado período). A segunda consiste na inspecção e visualização
dos dados em editores de texto e gráfico convencionais, que permitem a detecção de pequenas
falhas muitas vezes não detectadas pelo processo automático de controlo de qualidade. É de
referir que, por sofisticado que seja o modelo de controlo automático, uma correcta validação
dos dados passa, necessariamente, pela inspecção manual dos mesmos.
No caso concreto dos dados de velocidade e direcção do vento, a inspecção automática é feita,
normalmente, através da filtragem dos dados e da sua visualização gráfica:
rosa de ventos – permite detectar eventuais avarias nos sensores de direcção;
histograma – permite detectar valores anómalos de velocidade (muito baixos ou muito
elevados);
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
42
perfis diários da velocidade do vento para a totalidade dos sensores instalados – permite
detectar eventuais variações anómalas em altitude da velocidade do vento, ou valores
correspondentes a regimes anómalos do escoamento atmosférico (e.g inversão do perfil
para quadrantes não expectáveis);
outros – gráficos que permitam detectar falhas na sequencialidade temporal dos registos.
Quando são detectadas falhas, anomalias ou erros nos dados recolhidos, procede-se à sua
recuperação - sempre que possível - utilizando-se, para tal, ferramentas de base estatística,
(e.g. coeficientes de correlação, funções de regressão com base em dados disponíveis para
estações próximas, ou instaladas em locais com a mesma tipologia de terreno e regime de
ventos). Este tipo de recuperação é adequado quando aplicado a valores de velocidade do
vento, mas o mesmo já não acontece quando se trata de dados de direcção do vento. Neste
caso, são avaliados os desvios verificados nos sectores de direcção de duas ou mais estações e
gerados os dados em falha e/ou corrigidas as anomalias. Os dados são posteriormente
validados repetindo o processo de inspecção automática e/ou manual. A figura 3.11
representa sucintamente este processo.
Figura 3.11 - Organigrama representativo do processo de pré-processamento e controlo de qualidade dos dados de vento medidos.
Mapas
Tal como já mencionado, grande parte da informação necessária à avaliação do potencial
eólico de um determinado local, bem com ao cálculo das estimativas de produção energética
de um parque eólico, é introduzida de modo georeferenciado na forma de mapas. Sendo estes
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
43
apresentados em formato vectorial e muitas vezes digitalizados de forma manual, não
dispensam um apertado controlo de qualidade por forma a evitar e/ou minimizar a ocorrência
de erros na geração dos mapas de recurso eólico.
O tipo de verificação aplicada a este tipo de mapas, passa pela detecção de erros na
digitalização e confirmação da georeferenciação aplicada. No primeiro caso, procuram-se
linhas indevidamente abertas, erros nos valores dos atributos e sobreposição ou repetição de
linhas. Nos mapas de rugosidade há ainda que verificar os pontos de convergência de várias
linhas, em especial, naqueles que apresentam várias classes de valores, uma vez que nestes
casos é de grande importância o sentido de digitalização das linhas (figura 3.12).
(a) (b)
Figura 3.12 – (a) mapa digital apresentando erros de digitalização nas linhas de rugosidade e (b) mapa corrigido.
Na figura 3.12a, apresenta-se a titulo de exemplo um mapa com dois erros que ocorrem com
alguma frequência na digitalização de linhas de rugosidade (linhas triplas). Pode ver-se que as
linhas se apresentam cruzadas – caixa A, e que os valores à direita e à esquerda das linhas não
são concordantes – caixa B. Este último tipo de erro, resulta da troca de valores à esquerda e à
direita da linha, dependendo do sentido de digitalização6, sendo facilmente detectado quando
se utilizam cores bem definidas para cada um dos valores definidos. A figura 3.12b apresenta
o mesmo mapa, desta vez, com as linhas correctamente digitalizadas. O processo de
georeferenciação passa também por uma cuidada verificação. Esta é feita através da
identificação no mapa a georeferenciar num editor gráfico, de um conjunto de pontos cujas
coordenadas são conhecidas. O aspecto do mapa após a digitalização, permite a detecção de
alguns erros de georeferenciação, como por exemplo, este pode aparecer deformado, com
6 A digitalização de linhas de rugosidade exige que na introdução do primeiro ponto se defina o valor de rugosidade existente à esquerda e à direita da linha. A ordem de introdução destes valores depende do sentido de digitalização da linha – de baixo para cima ou vice-versa.
A B
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
44
aspecto de losango ou impedir mesmo a visualização. Este tipo de problemas é normalmente
originado pela deficiente introdução das coordenadas durante o processo de georeferenciação.
A sobreposição de pontos no mapa, é outro processo de verificação eficiente desde que as
coordenadas dos pontos introduzidos e a sua localização no mapa sejam bem conhecidas. Este
processo permite detectar desvios nas coordenadas base de georeferenciação.
No caso presente, a maioria dos mapas orográficos utilizados foram adquiridos pelo INETI,
no entanto, houve casos em que uma ou outra curva de nível do mapa adquirido apresentava o
valor da cota errado. Este tipo de erros é facilmente detectável pela visualização do mapa
desde que sejam utilizadas cores bem definidas para cada intervalo de valores. Se os mapas
base não apresentarem erros, normalmente os mapas gerados não apresentam problemas, no
entanto, estes são cuidadosamente verificados através da sua representação num editor gráfico
bi ou tridimensional.
A geração de mapas é por vezes também alvo de erros, frequentemente associados a
limitações na memória do computador motivadas pela elevada dimensão da área a simular, ou
mesmo, ao próprio modelo computacional de simulação. Estes erros, são normalmente
resolvidos pela redução da área de simulação. Tal como predito, se o mapa base apresentar
erros de digitalização e/ou atributos nas linhas quer de orografia quer de rugosidade, estes irão
reflectir-se no mapa gerado (e.g. figura 3.13).
Figura 3.13 - Mapa de recurso onde ocorreram falhas de geração.
Neste mapa, os erros de geração tiveram origem em linhas de rugosidade mal digitalizadas.
Muito embora este se apresente algo exagerado devido ao facto de ter sido gerado apenas para
este fim, este tipo de erros são frequentes, embora menos acentuados.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
45
4. Metodologia e estrutura de programação da base de dados
Após a reunião da informação necessária à caracterização, quer do recurso eólico, quer das
condicionantes ao seu aproveitamento energético, iniciou-se a fase de programação da base de
dados, à qual se atribuiu a denominação SIGEolos7. Para tal recorreu-se ao software
MapObjects LT28 inserido num ambiente de Visual Basic, e também, para alguns tipos de
informação, a ferramentas de visualização e/ou cálculo, tais como ArcExplorer (ESRI),
AreaStat (IFN) e Surfer (Golden Software). A figura 4.1 apresenta a metodologia seguida para
a programação da base de dados.
A SIGEolos foi programada de forma a permitir ao utilizador a realização de diversas
consultas consoante a informação pretendida. Os dados são apresentados no formato de
formulário no qual se procedeu à programação de botões de comando, caixas de texto,
listagens, entre outros, por forma a facilitar o manuseamento dos mesmos. A utilização do
software MapObjects LT2 permitiu ainda a introdução da informação mapeada no próprio
formulário, opção que facilita a visualização da mesma e a geração de aplicações autónomas.
Nesta fase do trabalho programaram-se diversos formulários permitindo a visualização de
vários tipos de informação, bem como a realização de consultas que se consideram
importantes do ponto de vista do utilizador interessado nos aproveitamentos desta forma de
energia renovável.
Assim, apresentam-se essencialmente dois tipos de formulário, os baseados em informação
tabular, e os baseados em informação georeferenciada mapeada. Nos primeiros, o utilizador,
pode consultar dados como se estivesse a visualizar uma tabela de dados. Nalguns casos,
poderá efectuar simples operações de soma de valores (ex. potência planeada e disponível na
totalidade dos pontos de ligação à rede eléctrica de uma determinada região). No segundo tipo
de formulário, optou-se por permitir consultas e operações variadas (selecção de áreas
favoráveis à instalação de PE, cálculo de distâncias, cálculo de áreas, identificação de áreas
protegidas do ponto de vista ambiental, etc.). Neste caso a informação foi introduzida em
formato vectorial. Para ambos os casos, os programas base foram adaptados aos tipos de
7 Na sequência do desenvolvimento da base de dados do potencial energético do vento (não georeferenciada) EOLOS 8 Por permitir a construção de aplicações independentes.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
46
dados de entrada dependendo da natureza dos cálculos a efectuar e do tipo de informação a
visualizar.
Figura 4.1 – Metodologia adoptada na construção da base de dados SIGEolos.
Por forma a efectuar as consultas e selecções adequadas estabeleceram-se diversas condições,
entre as quais se apresentam as mais relevantes:
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
47
classificação da velocidade media do vento ( e.g. V > 6.0 m/s);
classificação de declives (e.g. declive < 55%);
classificação de NEP’s (e.g. NEP’s> 2000, 2100 h/ano);
classificação ambiental;
capacidade disponível da rede eléctrica;
distância à rede de transmissão.
Muito embora se considere o tema referente à rede eléctrica nacional de grande relevância
neste tipo de análise, este não foi introduzido no formulário de selecção, tendo sido
considerado apenas nos cálculos das estimativas do potencial sustentável do país, e
apresentadas as potências de ligação no formato tabular.
4.1. Cálculo de distâncias e declives do terreno
A construção das linhas eléctricas que ligam os PE aos pontos de recepção da rede eléctrica
nacional, são suportados financeiramente pelos promotores dos PE. Assim, os custos de
ligação dependem fortemente da distância do PE ao ponto de ligação e constituem, por isso,
uma parcela da máxima relevância na avaliação da viabilidade económica dos projectos.
Face ao exposto, considerou-se que constituiria uma mais valia para esta base de dados a
programação de uma ferramenta que permitisse ao utilizador o cálculo de distâncias entre
pontos de ligação e pontos incluídos na área de interesse e/ou de instalação de parques
eólicos, tendo-se construído um formulário para este efeito. Para tal programou-se o cálculo
de distâncias entre dois pontos, tendo como base a equação 4.1.
( ) ( )212
212 YYXXD −−−= 4.1
D é a distância entre os pontos (X1, Y1) e (X2, Y2), onde os Xi representam a coordenada X
(neste caso a Meridiana) e os Yi a coordenada Y (Paralela) dos pontos envolvidos.
Para o cálculo dos declives, utilizou-se uma grelha rectangular gerada num programa de
processamento de dados georeferenciados9, representando a orografia do terreno. Com base
nesta informação calculou-se a distribuição espacial dos declives.
9 WASP – Wind Atlas Analysis and Application Program
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
48
ZNN
ZNW ZN
ZNE
ZWW
ZW
Z
ZE
ZEE
ZSW
ZS
ZSE
ZSS
Figura 4.2 - Grelha de pontos utilizada para operações algébricas em dados discretos [Golden software, 2002].
O declive S num dado ponto P é a magnitude do gradiente nesse mesmo ponto. Da definição
de gradiente:
22
∂∂
+
∂∂
=yZ
xZS 4.2
Com base na grelha de pontos representada na figura 4.1, tem-se para as derivadas
direccionais:
yZZ
dydZ
xZZ
dxdZ SNWE
∆−
≈∆−
≈2
;2
4.3
donde o declive S num dado ponto pode ser dado por:
22
22
∆−
+
∆−
≈yZZ
xZZ
S SNWE 4.4
onde x∆ e y∆ representam respectivamente a distância horizontal segundo a direcção E-W e a
direcção N-S entre os pontos da grelha. O declive do terreno num determinado ponto, ST, é
definido como o ângulo em graus obtido por aplicação da equação 4.5:
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
49
∆−
+
∆−
×≈22
22arctang
2360
yZZ
xZZ
S SNWET π
4.5
A figura 4.3 ilustra a distribuição espacial dos declives em Portugal continental calculada com
o método exposto. Neste caso optou-se por utilizar os declives do terreno em percentagem,
tendo-se por isso, aplicado a equação 4.4.
Figura 4.3 – Mapa de declives de Portugal.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
50
É de referir que a grelha utilizada no cálculo dos declives, foi obtida do mapa de recurso
gerado com um espaçamento de 1000 m entre os pontos. Assim, considera-se que, na geração
do mapa de declives do país foram filtrados elementos orográficos com impacto na
concentração energética do recurso e, como tal, relevantes para a presente aplicação.
4.2. Capacidade da rede de transmissão
A rede eléctrica nacional está, desde o ano 2000, a proceder ao planeamento do reforço da
rede eléctrica sendo a capacidade planeada para 2010 de, aproximadamente, 3750 MW [DGE,
2002]. Uma das informações mais solicitadas pelos interessados e potenciais promotores desta
forma de energia renovável é, precisamente, a capacidade disponível por ponto de
interligação, para avaliação da possibilidade de escoamento da potência prevista para os seus
projectos. Esta informação encontra-se disponível, razoavelmente actualizada e facilmente
acessível nas entidades competentes (e.g. DGGE), tendo-se incluído uma ferramenta de
consulta da mesma informação nesta base de dados.
Para tal consideraram-se os dados apresentados na tabela 3.3 do capítulo 3 deste trabalho, e
procedeu-se à programação dos formulários e consultas que se consideram relevantes ao
potencial promotor.
Para cada ponto de ligação à rede (subestação principal da rede de transmissão) determinou-se
a capacidade disponível e a capacidade planeada até 2010, estando o reforço da rede previsto
para o período compreendido entre 2004 e 2007.
Outra informação relevante para o planeamento do aproveitamento do potencial eólico,
consiste nos dados de capacidade disponível por região. Esta permite às entidades do sector
eléctrico avaliar, global e regionalmente, a distribuição espacial do potencial eólico e concluir
sobre eventuais reforços da rede.
Esta informação foi formatada em tabelas e posteriormente introduzida em formulários que
permitem ao utilizador uma consulta global ou regional. Para a consulta por regiões, dividiu-
se o país em oito partes (figura 4.4) de acordo com o mapeamento do Instituto Geográfico do
Exército (IGeoE, cartografia 1:250 000).
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
51
R1R2
R3R4
R5 R6
R7 R8
Figura 4.4 – Divisão do país por regiões.
4.3. Identificação de áreas com potencial eólico
Esta aplicação tem como principal objectivo a identificação de zonas com potencial
energético do vento favorável aos aproveitamentos eólicos.
A aplicação foi programada num formulário onde se introduziram os mapas de distribuição
espacial do número de horas equivalentes à potência nominal apresentado na figura 3.6 e de
distribuição espacial da velocidade do vento apresentado na figura 3.4, ambos para a cota de
60 m, a qual constitui uma altura de referência para os fabricantes de turbinas.
Para além desta informação, introduziram-se mapas de restrições ambientais e de divisão
administrativa do país (concelhos), por forma a complementar e melhor identificar os
resultados das consultas efectuadas.
A programação do formulário e das respectivas consultas foi efectuada com recurso à
linguagem SQL – Structured Query Language, vulgarmente utilizada na construção de bases
de dados. Os parâmetros objecto de selecção, são neste caso, os valores do número de horas
equivalentes à potência nominal e da velocidade do vento, variando entre os valores máximo e
mínimo de cada mapa.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
52
Para além da programação das consultas, introduziu-se a opção de visualização de
coordenadas sobre o mapa e a possibilidade de o ampliar e mover (zoom” e “pan”). Ao
efectuar uma primeira ampliação à figura inicial, os limites dos concelhos de Portugal tornam-
se visíveis. As áreas de restrição ambiental tornam-se visíveis quando a ampliação efectuada
apresenta cerca de 1/6 da imagem. Esta opção foi tomada de modo a não tornar a imagem
visualmente muito sobrecarregada.
4.4. Estimativa do potencial sustentável do país
O cálculo do potencial sustentável do país, constitui uma informação da máxima relevância
no actual contexto nacional em que se identificam as contribuições máximas das fontes de
energia renováveis (FER) com vista à redução das emissões poluentes e ao cumprimento da
Directiva Comunitária na sequência do protocolo de Quioto e eventual necessidade de
aquisição de certificados verdes por parte das empresas portuguesas [IA, 2003].
Embora o planeamento do reforço da rede eléctrica nacional esteja já em curso, do ponto de
vista da maximização da produção dos aproveitamentos eólicos e da optimização dos recursos
infraestruturais poderão, eventualmente, existir discrepâncias pontuais em algumas regiões.
Assim, considera-se que o mapeamento do potencial eólico sustentável pode constituir uma
contribuição, embora modesta, para a fundamentação deste planeamento. Desta forma,
consideraram-se as oito regiões do país, divididas segundo a cartografia 1:250 000 do IGeoE,
tendo-se estimado o potencial disponível do país, global e por região.
A estimativa do potencial sustentável do país foi efectuada através da determinação da área
englobando as zonas com potencial favorável à instalação de PE e, posteriormente, do cálculo
da potência passível de instalação nessa área. Como premissa deste cálculo considerou-se um
espaçamento de oito diâmetros de uma turbina na direcção dominante do vento e três
diâmetros na direcção perpendicular.
Para tal recorreu-se ao mapa de distribuição espacial do número de horas equivalentes à
potência nominal em h/ano e ao mapa de declives (SLP) em percentagem, tendo-se
programado uma contagem de pontos com potencial favorável ao aproveitamento eólico. As
condições utilizadas foram; NEP’s >2100 h/ano e SLP < 55%.
O processo de selecção foi feito de forma independente para cada tema, onde se procedeu a
uma re-classificação de cada mapa/grelha, i.e, para os pontos cujo valor se situava fora do
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
53
intervalo considerado favorável ao aproveitamento eólico atribuiu-se o valor 1 (um) e para os
restantes valores atribuiu-se o valor 0 (zero). Após a reclassificação de cada mapa efectuou-se
uma operação de multiplicação das grelhas resultantes e re-escreveu-se o mapa final com os
valores de NEP’s correspondentes (figura 4.5).
Figura 4.5 - Processo utilizado para efectuar a primeira fase do estudo – selecção e contagem de pontos favoráveis à instalação de PE.
Após as consultas com base no número de horas equivalentes à potência nominal e nos
declives do terreno, procedeu-se ao cálculo da área total em cumprimento dos parâmetros de
selecção.
Uma vez obtido o mapeamento das áreas potencialmente favoráveis do ponto de vista do
aproveitamento eólico, e determinada a sua área de ocupação física, introduziu-se uma nova
restrição – a classificação ambiental, também na forma de mapa. Aos mapas inicialmente
gerados retiraram-se os pontos incluídos nas áreas protegidas. O processo utilizado consistiu
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
54
num “branqueamento” das grelhas de recurso correspondentes ao mapa de NEP’s e de
declives. Este processo consiste em atribuir um valor “flag”, aos pontos situados no interior
do polígono de restrição. Nas figuras 4.6a e 4.6b apresentam-se os mapas de NEP’s e de
declives obtidos após o processo de “branqueamento”.
(a) (b)
Figura 4.6 – Mapas da distribuição de (a) NEP’s e (b) declives excluindo as áreas protegidas (h=60m).
Ao comparar os mapas das figuras 3.4, 3.6 e 4.6, respectivamente sem e com inclusão de
áreas protegidas é notório o facto de, em Portugal, grande parte das zonas favoráveis aos
Analisando a tabela 5.3, é notório que algumas regiões apresentam um potencial eólico
disponível muito diferente da capacidade de interligação eléctrica planeada para as mesmas. É
de notar que no caso da região 5 (zona oeste) pode existir um potencial sustentável superior
ao estimado, uma vez que a orografia não é facilmente reproduzível com o espaçamento para
o qual foram construídas as grelhas de recurso (1000 m). Assim, quando tecnicamente
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
76
possível, uma re-distribuição da capacidade global seria desejável, por forma aproveitar e
maximizar as potencialidades energéticas de cada região.
(a) (b) (c)
Figura 5.30 – Mapas representativos da (a) capacidade planeada, (b) potencial eólico estimado e (c) déficit regional.
Parques Eólicos instalados em Portugal
Esta informação, tem sido ao longo dos últimos anos, frequentemente solicitada quer por parte
de entidades públicas e/ou privadas quer por estudantes. Assim, optou-se por incluir nesta
base de dados uma função de carácter informativo que disponibiliza a listagem dos parques
eólicos instalados e em funcionamento no nosso país (figura 5.31).
Este formulário é, de fácil utilização, e apresenta algumas informações úteis ao utilizador, tais
como, o ano de instalação do parque eólico, a potência de instalação, o nome do promotor,
etc. Na tabela 5.4 apresenta-se a descrição de cada campo do formulário.
É, ainda de referir, que este formulário, tal como os anteriores com formato tabular, são de
muito fácil actualização. Ao mesmo tempo que se introduz ou altera um registo, a tabela base
é automaticamente actualizada.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
77
Figura 5.31 – formulário contendo informação sobre os parques eólicos em Portugal.
Tabela 5.4 – Descrição dos campos incluídos no formulário informativo sobre os PE instalados em Portugal.
Campo Descrição PORTUGAL O PE encontra-se instalado no continente ou nas ilhas. Nome do Projecto Designação do PE. Local Localidade mais próxima do PE ou concelho a que
pertence. Potência Instalada (MW) Potência nominal do Parque Eólico. nº WT Número de turbinas eólicas que constituem o PE. Potência nominal WT (kW) Potência nominal de cada turbina que constitui o PE. Proprietário/ Promotor Proprietário ou Promotor do PE. Fabricante/Modelo Fabricante e/ou modelo das turbinas eólicas que
constituem o PE. Estado de funcionamento O PE está em operação, em fase de instalação ou em
fase de projecto. Instalado em Ano em que foi instalado o PE. Capacidade Total Potência nominal total do PE. Capacidade em 2002 Potência nominal do PE no final de 2002 – o PE pode
sofrer aumento da sua capacidade depois de ser instalado.
WT Total Nº total de turbinas eólicas que constituem o PE – Se o PE for alargado, haverá aumento do nº de turbinas.
WT 2002 Nº de turbinas instaladas em 2002 – Se o PE for alargado, em 2002 poderão ter sido instaladas mais turbinas.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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5.1. Discussão dos resultados
Potência de ligação por região
Nesta aplicação, efectuou-se uma divisão por regiões da potência disponível e planeada com
base em informação obtida junto da DGGE (Direcção Geral de Geologia e Energia) para cada
ponto de interligação à rede de transmissão da Rede Eléctrica Nacional (REN). Esta aplicação
permite ao utilizador avaliar a disponibilidade de potência existente na região do seu
interesse.
A programação efectuada para os formulários da potência de ligação por região, teve como
objectivo a apresentação da informação numa forma simples para o utilizador. Optou-se por
incluir a informação sobre cada ponto de ligação limitada à designação, coordenadas do ponto
e potências disponível e planeada por se considerar da maior relevância, e se encontrar
disponível publicamente.
Esta informação poderá revelar-se útil no planeamento de eventuais reforços da rede eléctrica
quando cruzados com a informação sobre a distribuição territorial do potencial energético,
igualmente apresentado neste trabalho, através do cálculo dos défices entre a potência
planeada e a energia disponível em cada região.
Selecção de zonas com potencial utilizando consultas SQL
A selecção de zonas com potencial favorável à instalação de parques eólicos foi programada
num formulário, tendo como base a linguagem SQL. Para tal utilizaram-se os mapas de
distribuição espacial da velocidade do vento e do número de horas equivalentes à potência
nominal, ambos para a cota de 60m, tendo-se construído este último com base nas
características de uma turbina de 1500kW de potência nominal com 66m de diâmetro do
rotor. Os valores apresentados nestes mapas foram calibrados com base no conhecimento das
regiões através de campanhas experimentais levadas a cabo pelo INETI nos últimos anos.
Nesta aplicação o utilizador tem a hipótese de seleccionar as zonas de interesse com base em
intervalos de valores de velocidade e de número de horas equivalentes à potência nominal.
Considerou-se também desejável incluir nesta aplicação informação de carácter ambiental e
referente à divisão administrativa das regiões.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
79
Outras opções programadas nesta aplicação, nomeadamente a possibilidade de ampliar e
mover a figura, bem como a visualização das coordenadas do cursor, permitem também uma
identificação mais precisa das zonas seleccionadas.
O potencial energético sustentável do vento
A construção desta aplicação foi efectuada em várias fases tendo como principal objectivo
caracterizar com base nos pressupostos anteriormente apresentados, o que se poderá
denominar “potencial eólico sustentável”. Na base desta sustentabilidade considera-se a
rentabilidade económica e energética dos projectos (NEP’s > 2100 h/ano), a sua localização
no terreno em termos da sua classificação ambiental, a distância à rede eléctrica, sendo que
esta se assume “reforçável” em função do potencial eólico para distâncias inferiores a 60 km
e, como tal, não limitativa ao desenvolvimento de projectos desta natureza. Finalmente, é de
referir terem, igualmente, sido introduzidas restrições como o declive máximo do terreno e o
tipo de utilização do solo.
Para tal recorreu-se ao mapa de distribuição espacial do número de horas equivalentes à
potência nominal. Para a construção deste mapa recorreu-se às características de uma turbina
de 1500 kW e aos modelos MM5 e WASP, tendo-se procedido a uma composição dos mapas
gerados pelos dois modelos através de uma operação de multiplicação para calibrar os valores
resultantes. Para além desta calibração aplicou-se a algumas gamas de valores factores
multiplicativos baseados no conhecimento do potencial eólico das diversas regiões após
consulta de vários projectos já estudados pelo INETI.
A informação ambiental utilizada foi a disponível nos organismos competentes (IA e REN), e
a informação sobre os declives foi introduzida na forma de grelha de pontos com espaçamento
de 500 m.
A grelha de terreno base utilizada para o cálculo dos declives foi gerada com um espaçamento
de 1000 m o que conduziu a que muitos dos elementos orográficos fossem filtrados. Muito
embora se tenha posteriormente efectuado uma interpolação aos dados, desta feita com 500 m
de espaçamento, este problema manteve-se, originando um mapa de declives
consideravelmente mais “alisado” do que a realidade.
Face ao exposto, as consultas da base de dados sobre este tema deverão ser encaradas com as
necessárias precauções.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
80
Para além da informação mapeada, recorreu-se também à distribuição por região da
capacidade de interligação planeada até 2010 pela Rede Eléctrica Nacional, e utilizaram-se
ainda, factores de ocupação baseados na ocupação social e industrial de cada região estudada
e factores ambientais. Estes últimos foram introduzidos devido ao facto de se considerar que
no caso de as restrições ambientais não se referirem a parques naturais, as zonas podem ser
utilizadas para a instalação de parques eólicos desde que com uma baixa a muito baixa
ocupação física dos terrenos afectados.
A opção de utilizar como características da selecção de locais os valores de 2100 h/ano para o
número de horas equivalentes à potência nominal e 6 m/s para a velocidade média do vento,
prendeu-se com o facto de se considerarem estes valores adequados para a cota para a qual os
mapas utilizados foram gerados.
Os resultados obtidos com a metodologia apresentada neste capítulo, demonstraram estar a
potência disponível para ligação à rede eléctrica de transmissão distribuída de forma desigual.
Apesar de estes resultados terem sido obtidos com base numa metodologia que se considera
adequada, é de salientar que, como complemento deste estudo deverá ser efectuado um
mapeamento do país com uma maior discretização espacial (grelhas com espaçamentos
menores entre pontos) de forma a possibilitar o cálculo mais detalhado dos declives do
terreno, e um maior detalhe das “manchas” com potencial eólico favorável. A construção de
novas grelhas e a utilização da distribuição dos usos do solo como restrição mapeada para
além da sua introdução como elementos de rugosidade dispensará a introdução da correcção
por via dos factores de ocupação do terreno. Também a geração dos novos mapas para alturas
dos eixos de rotação dos aerogeradores diferentes (mais elevadas) e para outras potências
nominais, expectavelmente cada vez mais elevadas, servirá de complemento a este estudo.
Cálculo de áreas e distâncias de zonas com potencial a pontos de interligação da rede de
transmissão
O facto de os custos de construção das linhas eléctricas de ligação dos parques serem ainda
suportados parcial ou totalmente pelos promotores, ao contrário do que sucede noutros países,
leva a que o cálculo das distâncias entre as zonas de potencial favorável e a rede eléctrica de
transmissão/pontos de ligação, constitua uma importante contribuição para a avaliação
económica dos projectos de sistemas eólicos.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
81
Nesta aplicação utilizou-se o mapeamento da rede eléctrica nacional e um mapa resultante de
consultas efectuadas sobre o parâmetro NEP’s.
O cálculo de áreas, apresentou algumas dificuldades de implementação no programa de SIG
seleccionado (MapObjectsLT2) pelo que a utilização plena desta função exigirá o recurso a
ferramentas mais potentes.
No que diz respeito ao cálculo de áreas, esta aplicação não pode ser considerada um sucesso,
pois, apresentou algumas dificuldades de implementação no software seleccionado
(MapObjectsLT), exigindo para a sua plena utilização o recurso a uma versão mais avançada
do mesmo. Esta limitação deve-se ainda ao facto de haver a necessidade de construir novos
mapas com a informação apresentada na forma de polígonos fechados, como se apresenta a
informação ambiental. No entanto, e apesar do exposto, optou-se por incluir esta aplicação
como exemplo de trabalho a desenvolver futuramente na versão final desta base de dados.
Parques eólicos instalados em Portugal
Esta aplicação foi introduzida neste trabalho com o objectivo de informar o utilizador dos
projectos de parques eólicos em funcionamento, em fase de instalação e em fase de projecto,
visto ser uma das informações mais solicitadas nos últimos tempos. Dado que se inclui a
localização aproximada de cada um, esta informação poderá ser futuramente cruzada com a
potência planeada por região de forma a obter o valor efectivo da potência disponível para
ligação, se se disponibilizar o ponto de ligação à rede de transmissão de cada parque eólico.
Para tal, o INETI está já a proceder ao levantamento geográfico dos parques eólicos em
operação e fase de instalação de forma a possibilitar a georeferenciação desta informação.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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6. Conclusões e trabalho futuro
As recentes estratégias adoptadas por Portugal no que respeita às Energias Renováveis em
geral e à Eólica em particular, traduzem o facto do aproveitamento da Energia Eólica
constituir o factor mais relevante no cumprimento das directivas comunitárias [2001/77/CE]
na sequência da ratificação do protocolo de Quioto [2002/358/CE]. Deste modo, a
necessidade de preparar infra-estruturas (e.g. capacidade da rede de transmissão), bem como
metodologias que permitam uma penetração máxima de energia eólica no sistema
electroprodutor, encontram-se ainda em estudo e/ou em fase de desenvolvimento. A
legislação e as tarifas recentemente publicadas, bem como as solicitações públicas para
ligação à rede de transmissão, permitem prever que o aproveitamento do potencial eólico do
país seja objecto de grande desenvolvimento nos próximos anos.
Reconhecendo-se alguma carência em Portugal de ferramentas de planeamento baseadas em
metodologias sistemáticas e, tanto quanto possível, objectivas, implementou-se neste trabalho,
uma metodologia de selecção exaustiva de áreas para a exploração de energia eólica, bem
como contribuir para a identificação do potencial eólico sustentável em Portugal continental.
Para além destas aplicações desenvolveram-se outras potencialmente úteis do ponto de vista
dos promotores de parques eólicos, tais como: cálculo de distâncias entre pontos de ligação à
rede eléctrica de transmissão; detecção de zonas com potencial favorável à instalação de
parques eólicos e identificação de regiões com capacidade de interligação disponível. Esta
metodologia foi implementada quer para a totalidade do país, quer para as oito regiões em que
este se dividiu.
Para tal, programou-se uma base de dados num Sistema de Informação Geográfica utilizando
o programa MapObjects LT2 num ambiente de Visual Basic, que, pese embora algumas
limitações detectadas, demonstrou ser uma ferramenta com potencialidades para este fim.
A construção de mapas de recurso energético do vento com uma maior discretização10,
utilizando o modelo de mesoscala MM5 e a posterior validação dos mesmos com base em
dados observados em estações anemométricas típicas e em mapas de recurso obtidos por
aplicação do modelo de microscala WASP e de metodologias multi-estação, possibilitará o
aumento de precisão dos dados de entrada desta base de dados. Também a introdução de
10 Introdução dos dados do Atlas do potencial eólico actualmente em fase final de desenvolvimento.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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novas restrições, nomeadamente, da rede viária nacional, e o melhoramento do aspecto
gráfico dos mapas apresentados nesta base de dados (e.g. introdução de informação em
formato raster com reconhecimento de pixels) poderá constituir uma mais valia para esta base
de dados.
Ainda assim, os resultados obtidos e aqui apresentados mostram que, apesar de Portugal
apresentar elevado potencial para a exploração de Energia eólica, as principais limitações
consistem na elevada percentagem da área total com algum tipo de classificação ambiental
que, pese embora não seja actualmente uma barreira aos aproveitamentos, os dificulta
consideravelmente sobretudo, no que respeita ao necessário processo de licenciamento, bem
como na limitada capacidade regional da rede eléctrica.
A distribuição desigual da capacidade da rede eléctrica e a sua concentração nas regiões
densamente ocupadas do litoral – quando o potencial eólico se concentra principalmente nas
montanhas do interior – constitui uma dificuldade acrescida para o pleno aproveitamento do
potencial eólico em Portugal Continental. Uma “re-distribuição” da capacidade da rede
planeada, eventualmente recorrendo ao “malhamento” da mesma, quando tecnicamente
possível, constituiria uma boa solução para este problema, contribuindo igualmente para o
aumento da fiabilidade do serviço.
A metodologia baseada num Sistema de Informação Geográfica desenvolvida neste trabalho –
embora careça ainda de melhoramentos que permitam a sua utilização de forma “amigável,”
provou ser uma ferramenta adequada ao planeamento da exploração optimizada da Energia
Eólica, principalmente em países caracterizados por orografia complexa, onde a identificação
espacial do potencial eólico nem sempre é evidente e a rede eléctrica não se encontra
distribuída de forma homogénea.
Consideram-se atingidos os objectivos inicialmente propostos para este trabalho, acreditando-
se poder ter esta base de dados do potencial energético do vento, uma contribuição positiva no
planeamento dos aproveitamentos desta forma de energia.
Futuramente, com o desenvolvimento desta metodologia, pretende-se analisar a relação
custo/benefício do reforço da rede eléctrica de transmissão face ao recurso eólico existente em
cada região, bem como a sua eventual extensão a outros recursos renováveis, permitindo
assim que a selecção de áreas para aproveitamento de FER, se baseie quer em critérios
energéticos, quer em critérios económicos nacionais e regionais.
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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