1 O PARÁGRAFO-PADRÃO: O CAMINHO PARA A BOA REDAÇÃO 1.1 A IMPORTÂNCIA DA FRASE NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO Quando nos vemos diante do desafio de escrever um texto, seja um texto descritivo, narrativo ou dissertativo, geralmente pensamos imediatamente que deveremos produzir uma Introdução , um Desenvolvimento e uma Conclusão . Não estamos pensando erradamente; um texto, para ser compreendido por quem o lê, segue uma seqüência lógica de início, meio e fim. O problema está em não nos atermos mais detalhadamente na construção de cada uma dessas partes. As “receitas” de redação não acabam com a nossa insegurança diante de um papel em branco. Ela é simples: a Introdução de um texto é a sua parte inicial, em que se apresenta uma idéia principal a ser desenvolvida e fundamentada; o Desenvolvimento é o desenvolvimento da idéia principal; e a Conclusão , a reiteração da idéia principal. E, por fim, um texto deverá ter de 20 a 25 linhas. Mas escrever um texto, partindo apenas dessas definições, não é suficiente para se escrever um bom texto. Essas orientações tão conhecidas não resolvem dois problemas que geralmente são observados num texto mal escrito: o primeiro diz respeito ao desconhecimento das normas cultas da língua portuguesa (crase, concordância, regência, etc.), que comprometem sua qualidade. Outro fator que nos leva a escrever um texto com pouca qualidade refere-se à construção inadequada de frases e parágrafos. Um texto pode estar repleto de frases sem nexo, que, ligadas umas às outras, formam parágrafos sem sentido. O texto será, portanto: a) repleto de erros lingüísticos, de erros de concordância e regência, erros de pontuação, se seu autor não tiver o mínimo de domínio da norma culta da língua portuguesa; b) elaborado de qualquer maneira; c) um conjunto de frases que se ligam umas as outras sem qualquer nexo que, por conseguinte, formam parágrafos ligados uns aos outros de forma desconexa; d) com nenhuma ou pouca clareza do tema proposto pelo autor, seu ponto de vista, os objetivos; e) um texto, enfim, desgovernado, ou seja, sem início, meio e fim. 1.2 FRASE 2
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1 O PARÁGRAFO-PADRÃO: O CAMINHO PARA A BOA REDAÇÃO
1.1 A IMPORTÂNCIA DA FRASE NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO
Quando nos vemos diante do desafio de escrever um texto, seja um texto descritivo, narrativo ou
dissertativo, geralmente pensamos imediatamente que deveremos produzir uma Introdução, um
Desenvolvimento e uma Conclusão. Não estamos pensando erradamente; um texto, para ser
compreendido por quem o lê, segue uma seqüência lógica de início, meio e fim. O problema está em
não nos atermos mais detalhadamente na construção de cada uma dessas partes.
As “receitas” de redação não acabam com a nossa insegurança diante de um papel em branco.
Ela é simples: a Introdução de um texto é a sua parte inicial, em que se apresenta uma idéia principal a
ser desenvolvida e fundamentada; o Desenvolvimento é o desenvolvimento da idéia principal; e a
Conclusão, a reiteração da idéia principal. E, por fim, um texto deverá ter de 20 a 25 linhas. Mas
escrever um texto, partindo apenas dessas definições, não é suficiente para se escrever um bom texto.
Essas orientações tão conhecidas não resolvem dois problemas que geralmente são observados
num texto mal escrito: o primeiro diz respeito ao desconhecimento das normas cultas da língua
portuguesa (crase, concordância, regência, etc.), que comprometem sua qualidade.
Outro fator que nos leva a escrever um texto com pouca qualidade refere-se à construção
inadequada de frases e parágrafos. Um texto pode estar repleto de frases sem nexo, que, ligadas umas
às outras, formam parágrafos sem sentido.
O texto será, portanto:
a) repleto de erros lingüísticos, de erros de concordância e regência, erros de pontuação, se
seu autor não tiver o mínimo de domínio da norma culta da língua portuguesa;
b) elaborado de qualquer maneira;
c) um conjunto de frases que se ligam umas as outras sem qualquer nexo que, por
conseguinte, formam parágrafos ligados uns aos outros de forma desconexa;
d) com nenhuma ou pouca clareza do tema proposto pelo autor, seu ponto de vista, os
objetivos;
e) um texto, enfim, desgovernado, ou seja, sem início, meio e fim.
1.2 FRASE
2
• Enunciado que por si só estabelece comunicação.
• Pode expressar um juízo de valor, indicar uma ação, estado ou fenômeno da natureza,
transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções.
• Apresenta sujeito e predicado ou, em alguns casos, apenas o predicado.
A frase para Othon M. Garcia é, portanto, um enunciado que traduz uma idéia completa (um
sentido) num processo de comunicação.
Fogo!
É uma frase, porque estabelece comunicação, ou seja, está-se fazendo uma afirmação.
É uma frase nominal, porque não apresenta verbo.
1.3 A ESTRUTURA SINTÁTICA DA FRASE
As frases, formadas de palavras articuladas por um sistema que as regulam, estabelecem
comunicação quando:
a)têm uma boa relação entre os seus termos;
b)têm uma ordem adequada.
Exemplo:
O curso de Hemoterapia começará no segundo semestre de 2005.
Essa é uma frase possível na língua portuguesa, porque o verbo começar está relacionado ao
sujeito O curso de Segurança do Trabalho, ou seja, está na forma singular, porque seu sujeito está
no singular (Este é um caso de concordância verbal).
O substantivo no masculino e no singular curso está acompanhado de um artigo também no
masculino e no singular o (Este é um caso de concordância nominal).
Atenção: uma frase não tem que ter obrigatoriamente a ordem sujeito-predicado. Podemos fazer
inversões ou interpolações que não prejudicam sua integridade. Exemplo:
Ao longo dos anos, quem trabalha acaba entendendo, na prática e a duras penas, aquela velha
estória que explica a valorização do ovo da galinha em detrimento ao ovo da pata.
1.4 GRAMATICALIDADE E INTELIGIBIDADE DA FRASE
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Embora haja a liberdade própria da fala ou do discurso, a gramática impõe limites para se
construir uma frase. Segundo Othon M. Garcia, uma frase, para ser compreensível, deve apresentar:
a) gramaticalidade: a frase tem que ter uma articulação sintática para estabelecer a
comunicação. Isso significa que a frase deve apresentar sujeito e predicado ou apenas o
predicado e que seus elementos têm que estar organizados dentro de certos critérios que
permitam a sua compreensão.
b) inteligibilidade: quando uma frase não apresenta gramaticalidade ou gramaticalidade
precária, significa que a frase pode ser um enunciado incompreensível, ou seja, um conjunto
de palavras que, embora isoladamente tenham sentido, no conjunto não têm.
Vamos a alguns exemplos:
Frase sem gramaticalidade e sem inteligibilidade. Frase com gramaticalidade e com inteligibilidade. Todos os perante iguais homens são a lei. Todos os homens são iguais perante a lei. A porque ordem social fator biológico é natural decorrem
de uma.
A ordem social é natural porque decorre de um fator
biológico.
VAMOS EXERCITAR
1. As estruturas abaixo estão sem gramaticalidade, ou seja, não estabelecem comunicação e,
por isso, são ilegíveis. Reescreva-as de forma que elas se tornem compreensíveis.
a) A nula possibilidade engravidado você de ter é praticamente.
Segundo Othon M. Garcia, o parágrafo-padrão é a unidade significativa do texto. Ele é composto
de três partes distintas: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão. Vamos classificá-las e apontar
suas características.
1. Tópico frasal:
a) Constitui um meio eficaz de expor ou explanar idéias.
b) O tópico frasal também é a IDÉIA-NÚCLEO ou a IDÉIA CENTRAL. Garante a objetividade, a
eficiência e a integridade do parágrafo.
c) A idéia central ou tópico frasal geralmente, porém não é regra, vem no começo do
parágrafo, seguida de outros períodos que explicam ou detalham a idéia central.
2. Desenvolvimento:
a) É a explanação do tópico frasal, construída com idéias secundárias.
b) O desenvolvimento deve ser claro e convincente.
3. Conclusão:
a) Não é obrigatório, num parágrafo, a conclusão.
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b) É um resumo do que foi expresso no tópico frasal e no desenvolvimento.
Vamos analisar os parágrafos a seguir:
PARÁGRAFO 1:
[A ida à praça foi maravilhosa.] [Saímos cedo, enquanto toda a cidade dormia, e quando
chegamos não havia ninguém, os brinquedos estavam desocupados e os vendedores ainda não
haviam chegado.] [Nossos filhos adoraram.]
Comentário:
No primeiro período está contida a idéia-núcleo: um maravilhoso passeio no parque. O detalhamento da informação é dado no segundo período: a cidade dormia, o parque estava vazio, os brinquedos estavam desocupados, vendedores não haviam chegado. No terceiro período (a conclusão), reforça-se a idéia central.
PARÁGRAFO 2:
[O Brasil é um país em desenvolvimento]. [Percebe-se um grande o aumento do número de
ataques das galeras em Manaus, que vem aterrorizando os bairros mais distantes do centro da cidade.
A Polícia Federal informou que tomará as medidas necessárias para proteger a população.]
Comentário:
Este é um parágrafo mal estruturado. O primeiro período é o tópico frasal. Note que, no segundo
período, o desenvolvimento não mantém nenhuma relação com a idéia contida no período anterior.
VAMOS EXERCITAR
1. Identifique a idéia principal, o desenvolvimento (idéias secundárias) e conclusão, se houver,
nos parágrafos abaixo:
a) A pele negra é bastante especial e tem algumas particularidades. Sua pigmentação é
composta por uma alta concentração de melanina, que define a cor da pele. Além disso, é
mais resistente aos agentes externos. Por isso, é uma pele muito sensível que não tolera
tratamentos agressivos. (Em família, 2005, p. 17. Adaptado.)
Othon M. Garcia apresenta algumas formas de iniciar um parágrafo.
1. Declaração inicial: é a feição mais comum. O autor afirma ou nega alguma coisa para,
depois, justificá-la ou fundamentá-la.
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O Brasil é um país promissor.
O sofrimento de mãe é o maior do mundo.
2. Definição: é o método didático. Usado geralmente em textos científicos.
Estilo é a expressão literária de seus sentimentos.
3. Divisão: o tópico frasal apresenta uma divisão ou discriminação de idéias.
A História pode se dividir em História Social e História Antropológica.
4. Interrogação: O tópico frasal é uma frase interrogativa. (O desenvolvimento será seu
esclarecimento).
Você sabe o que significa o amor?
2.1.1.2 Como desenvolver um parágrafo
1. Por descrição de detalhes: é o processo típico do desenvolvimento de um parágrafo
descritivo:
Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em alicerces o muramento de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) À porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado.(Monteiro Lobato)
2. Por confronto: oposição de idéias. Trata-se de estabelecer um confronto entre duas idéias,
dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das
semelhanças. Veja o exemplo:
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra.
Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo
princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de
o explorar a benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou conjunto das funções
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do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si
mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela
contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A
politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada. (Exemplo extraído de Othon M. Garcia)
3. Por enumeração
A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas, tais
como: informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante em qualquer
parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento (shows, competições esportivas);
cultura, por meio de filmes, debates, cursos.
4. Pela exemplificação: consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de
exemplos. Veja o parágrafo a seguir:
A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua presença
é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas
e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um
paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida
mais justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho, adaptado).
2.1.1.3 Como concluir um parágrafo (facultativo)
Othon M. Garcia não faz nenhuma referência específica à construção de uma conclusão. Para o
autor:
“a conclusão, mais rara, mormente nos parágrafos pouco extensos ou naqueles em que a idéia
c) nos verbos terminados em –isar, formados a partir de palavras que
têm s no fim do radical (ex.: friso – frisar);
d) em todas as formas dos verbos querer e pôr (ex.: quiseram,
puseram, quiser).Emprega-se a letra j:
a) nas palavras formadas a partir de palavras terminadas em ja (ex.:
franja – franjinhas);
b) nas formas verbais dos verbos terminados em –jar (ex.: velejar –
velejei).Emprega-se a letra x:
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a) depois de ditongo (ex.: seixo). Exceção: caucho (e as palavras
formadas a partir dela);
b) depois da sílaba inicial –en ex.: enxaqueca, enxugar). Exceções:
palavras formadas a partir de outras que tenham ch (enchente – de
cheio, encharcar de charco) e a palavra enchova (nome de um
peixe).
4.2 ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Monossílabas: são acentuadas as palavras monossílabas tônicas
terminadas em: -a(s), -e(s), -o(s).Oxítonas: são acentuadas as palavras oxítonas terminadas em: -a(s), -e
(s), -o(s), -em, -ens.Paroxítonas: são acentuadas as palavras oxítonas terminadas em: -l, -i(s),
-n, -us, -r, -x, -ão(s), -ã(s), -um, -uns, -os, -ôo(s), ditongo (seguido, ou não, de s).Proparoxítonas: são acentuadas todas as palavras proparoxítonas.Ditongos abertos: são acentuados os ditongos abertos eu, éi e oi,
seguidos, ou não, de s.“i” e “u” na 2ª vogal do hiato: as vogais i e u são acentuadas quando
forem a 2ª vogal do hiato, desde que estejam sozinhas (ou +s) na sílaba tônica e
não sejam seguidas de nh.
4.3 PONTUAÇÃO
4.3.1 Principais empregos da vírgula
4.3.1.1 No período simples, a vírgula é usada para:
a) separar termos coordenados.
Exemplo: Ele quer carinho, ajuda, compreensão.
b) separar o aposto.
Exemplo: Campinas, cidade paulista, é um grande pólo industrial.
c) separar o vocativo.
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Exemplo: não se preocupe, meu amigo, com esses detalhes.
d) separar adjunto adverbial deslocado.
Exemplo: a cidade, no fim da tarde, é mais triste.
e) indicar elipse do verbo.
Exemplo: Vocês vão ao teatro; nós, ao jogo de futebol.
4.3.1.2 No período composto, a vírgula é usada para:
a) separar orações coordenadas não ligadas por e.
Exemplo: Ele é velho, mas é dinâmico.
b) separar orações subordinadas adverbiais (principalmente as que aparecem antes da oração
principal).
Exemplo: Se não fizer frio, iremos ao clube.
c) separar orações subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo: Florianópolis, que fica numa ilha, é a capital de Santa Catarina.
4.3.2 Principais casos em que a vírgula é proibida
4.3.2.1 No período simples, não se usa a vírgula:
a) entre o sujeito e o predicado.
Exemplo: As pessoas aplaudiam a passeata dos professores.
b) entre o verbo e o objeto.
Exemplo: Na confusão, ninguém se lembrou da saída de emergência.
c) entre o nome e seus adjuntos adnominais e complemento nominal.
Exemplos: Todos os jogos do campeonato foram cancelados
Você estava desconfiado da atitude dele.
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d) entre dois termos ligados por nem / ou / e.
Exemplo: Você não comprou o carro nem a casa.
4.3.2.2 No período composto, não se usa a vírgula:
a) entre duas orações coordenadas ligadas por e.
Exemplo: Ele foi à cidade e vendeu a colheita.
b) entre a oração principal e a oração subordinada substantiva.
Exemplo: Ele nos garantiu que conhecia o caminho.
c) entre a oração principal e a oração subordinada adjetiva restritiva.
Exemplo: As críticas que recebemos foram construtivas.
4.4 USO DOS PORQUÊS
A palavra porquê, conforme sua posição e seu significado na frase, aparece escrita de quatro
maneiras distintas.
4.4.1 Por quê
Por quê = por qual motivo.
É usado antes de um ponto-e-vírgula ou dois pontos, ou no fim da frase, antes de um ponto.
Exemplos:
Você está assim feliz por quê?
Ela está zangada, mas eu não sei por quê.
4.4.2 Porquê
Porquê = motivo ou indagação.
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porque – junto e sem acento por quê – separado e com acento
por que – separado e sem acento porquê – junto e com acento
Está substantivado e admite artigo ou pronome adjetivo.
Exemplos:
Não sei o porquê de teu entusiasmo.
Estavas procurando respostas aos teus porquês.
4.4.3 Porque
Porque = por enquanto, por causa que, pois.
Quando pode ser usado em lugar de “por causa que”, introduzindo uma explicação, uma causa
ou uma conseqüência.
Exemplos:
Apurem o passo, porque o ônibus vem vindo.
Sou feliz porque me ouves.
Porque era distraído, riam dele.
O sol devia estar forte, porque voltaste bem bronzeada.
4.4.4 Por que
Por que = por que motivo, pelo qual, o motivo pelo qual.
Exemplos:
Afinal chegou o dia por que tanto esperei.
Então por que não falas claramente.
Daí por que estamos tristes.
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Observações:
1 – Se, depois das palavras daí e eis, tivermos de usar um porque, esse será sempre separado e
sem assento.
Exemplo:
Ela está bastante desorientada; eis por que estamos preocupados.
2 – Nos títulos, usa-se sempre por que.
Exemplo:
Por Que Acredito em Lobisomem (= por que motivo acredito em...)
4.5 CONCORDÂNCIA NOMINAL
4.5.1 Principais casos de concordância nominal
4.5.1.1 Adjetivos após vários substantivos
a) Se os substantivos são do mesmo gênero → o adjetivo pode concordar com o último
substantivo ou ir para o plural.
Exemplo:
casa e igreja antiga / antigas.
b) Se os substantivos são de gêneros diferentes → o adjetivo pode concordar com o último
substantivo ou ir para o masculino plural.
Exemplo:
prédio e casa antiga / antigos.
4.5.1.2 Adjetivo antes de vários substantivos
O adjetivo só pode concordar com o primeiro substantivo.
Exemplo:
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velha casa e prédio velho prédio e casa
Mesmo
a) Na função de pronome, concorda com a palavra a que se refere.
Exemplo:
Elas mesmas irão lá.
b) Na função do advérbio (= realmente) é invariável.
Exemplo:
Elas irão mesmo lá.
Anexo
a) Concorda com a palavra a que se refere.
Exemplo:
As cartas irão anexas ao contrato.
b) A locução em anexo é invariável.
Exemplo:
As cartas irão em anexo ao contrato.
Bastante
a) Na função de pronome indefinido, concorda com a palavra a que se refere (podendo, portanto,
ter plural).
Exemplo:
Eles fizeram bastantes críticas ao projeto. (= muitas)
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b) Na função de advérbio é invariável.
Exemplo:
Todos estão bastante irritados. (= muito)
c) Na prática
Meio
a) Na função de numeral (= metade), concorda com a palavra a que se refere.
Exemplo:
O trem trouxe duas meias toneladas de pedra.
b) Na função de advérbio (= um pouco), é invariável.
Exemplo:
A criança ficou meio cansada.
É bom, é proibido, é necessário + substantivo
a) Se o substantivo está acompanhado de artigo ou pronome → bom, necessário, proibido etc.
concordam com o substantivo.
Exemplo:
É permitida a entrada de crianças.
b) Se o substantivo não está acompanhado de artigo ou pronome → bom, necessário, proibido
etc. ficam no masculino e no singular.
Exemplo:
É permitido entrada de crianças.
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bastantes = muitos / muitas;
bastante = muito / muita.
4.6 CONCORDÂNCIA VERBAL
4.6.1 Principais regras de concordância verbal
4.6.1.1 Com sujeito simples
a) O verbo concorda com o núcleo do sujeito.
Ex.: Os pássaros destruíram a horta.
b) A maior parte de, uma porção de + nome no plural → verbo no singular ou no plural.
Ex.: A maior parte dos animais escapou/escaparam.
c) Mais de, menos de, perto de + numeral → o verbo concorda com o numeral.
Ex.: Mais de uma animal escapou.
Mais de dez animais escaparam.
d) Verbo + se
• Quando o se é pronome apassivador, o verbo concorda com o sujeito (que está na
frase).
Ex.: Alugaram-se alguns caminhões.
(Alguns caminhões foram alugados.)
• Quando o se é índice de indeterminação do sujeito, o verbo fica na 3ª pessoa do
singular.
Ex.: Precisou-se de bons reforços.
e) Nome próprio no plural → o verbo concorda com o artigo.
Ex.: Os Andes ficam na América do Sul.
Se não houver artigo, o verbo fica no singular.
Ex.: Santos localiza-se no litoral paulista.
4.6.1.2 Com sujeito composto
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a) Antes do verbo → verbo no plural.
Ex.: O navio e a lancha voltaram.
b) Depois do verbo → verbo no plural ou concordando com o núcleo mais próximo.
Ex.: Voltaram/voltou o navio e a lancha.
c) Pessoas gramaticais diferentes
• Com 1ª pessoa (eu/nós) → verbo na 1ª pessoa do plural. Ex.: Ela, tu e eu partiremos.
• Sem 1ª pessoa → verbo na 2ª ou 3ª do plural.
Ex.: Ela e tu partirão/partireis.
4.6.1.3 Verbo ser
a) Quando o sujeito e o predicativo são de números diferentes (um singular e outro plural), o
verbo ser pode ficar tanto no singular como no plural, embora o plural seja mais usual.
Exemplo:
A vida são/é projetos sem fim.
b) Quando o sujeito ou o predicativo referem-se a pessoa, o verbo ser só pode concordar com
essa pessoa.
Exemplo:
O velhinho doente era as angústias da família.
Nossa maior alegria são os amigos.
4.6.1.4 Verbos impessoais
a) Haver, no sentido de existir ou acontecer → é impessoal; fica no singular (tanto sozinho
quanto em locução verbal).
Exemplo:
Não haverá outros interessados?
Não poderá haver outros interessados?
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b) Fazer, indicando tempo transcorrido ou a transcorrer → é impessoal; fica no singular (tanto
sozinho quanto em locução verbal).
Exemplo:
Ontem fez dois meses / que ele morreu.
Amanhã vai fazer um ano / que eu a conheci.
4.7 REGÊNCIA
4.7.1 Regência de alguns nomes
Alheio a imune a, de relativo a
Apto a, para junto a, de responsável por
Dedicado a paralelo a tendência a, para
Desprezo a, por próximo a, de vazio de
Disposto a referente a vizinho a, com, de
4.7.2 Regência de alguns verbos
a) Aspirar
b) Assistir
c) Esquecer e
Lembrar
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= respirar é VTD. Ex.: Ele ► aspirou o gás.
= desejar é VTI. Ex.: Ele ► aspira ao sucesso.
= ver é VTI. Ex.: Eu ► assisti ao filme.
= socorrer VTD. Ex.: ► Assistimos o rapaz doente.
= pertencer é VTI. Ex.: Ele direito ► assiste aos jovens.
Quando desacompanhado de pronome oblíquo, são VTD.Ex.: Eu esqueci o problema.
Quando acompanhados de pronome oblíquo, são VTI.Ex.: Eu me esqueci do problema.
d) Informar
Os verbos avisar, prevenir, notificar e cientificar admitem as mesmas construções que o verbo
informar.
e) Obedecer
e Desobedecer
f) Pagar e
Perdoar
g) Preferir
h) Querer
i) Visar
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É VTDI (preferir alguma coisa a outra).
Ex.: Ele prefere o futebol ao vôlei.
= desejar é VTD. Ex.: Todos ► queriam o prêmio.
= gostar é VTI. Ex.: As mães ► querem aos filhos.
= pretender é VTI. Ex.: Ele ► visava ao sucesso.
= mirar é VTD. Ex.: O jogador ► visou o gol.
= assinar é VTD. Ex.: Você já ► visou o cheque?
São VTI quando o objeto refere-se a pessoa.Ex.: O pai sempre perdoa aos filhos.
São VTD quando o objeto refere-se a coisa.Ex.: Nós já pagamos os impostos.
São VTI (exigem preposição a).
Ex.: Ele nunca obedece aos regulamentos.
É VTDI (exige um objeto direto e um objeto indireto).Admite duas construções:• Informar alguma coisa a alguémEx.: Ela informou o fato aos alunos.• Informar alguém de (sobre) alguma coisaEx.: Ela informou os alunos do (sobre o) fato.
4.8 CRASE
A crase indica a fusão da preposição a com o artigo a ou com o pronome demonstrativo
aquele(a), aqueles(as). Dessa forma, não existe crase antes de palavra masculina.
Cristine voltou à cidade natal.
Os artigos foram enviados à revista.
Nós recorremos ao juiz.
4.8.1 Regras práticas
1a REGRA: Substitua a palavra antes da qual aparece o a ou as por um termo masculino. Se o a
ou as se transforma em ao ou aos, existe crase, do contrário, não.
Cristine voltou à cidade natal. Cristine voltou ao país natal.
Os artigos foram enviados à revista. Os artigos foram enviados ao jornal.
Nós recorremos à juíza. Nós recorremos ao juiz.
2a REGRA: No caso de nome geográfico ou de lugar, substitua o a ou as por para. Se o certo for
para a, use a crase.
Foi à Bélgica. (Foi para a Bélgica)
Iremos à Colômbia. (Iremos para a Colômbia)
Pode-se também usar a forma voltar de: se o de se transforma em da, há crase. Caso o de não
se altere, a crase é inexistente.
Retornou a Roma (Voltou de Roma)
Iremos à Colômbia (Voltou da Colômbia)
3a REGRA: A combinação de outras proposições com a (para a, na, da etc.) indica se o a deve
ou não levar crase.
Devolveu o disco à amiga (para a amiga)
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Chegou à Espanha (da Espanha)
4.8.2 Uso obrigatório
Use a crase:
a) nas formas àquela, àquele, àquelas, àquele, àquilo (e derivados): Iremos àqueles mercados.
/ Deu os livros àquelas senhoras.
b) nas indicações de horas, desde que determinadas: Saiu às 6 horas. / O aumento entra em
vigor à zero hora.
(Mas: Irá a uma hora qualquer [A indeterminação afasta a crase])
c) nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas: à maneira de, à moda de, à força de etc.:
Saiu às pressas. / Ela estava à espera de um marido.
d) nas locuções que indicam meio ou instrumento e em outras na qual a tradição lingüística o
exija: à faca, à mão, à queima-roupa etc.: Ele foi morto à bala. / O livro foi escrito à mão.
e) antes dos pronomes relativos que, qual e quais, quando o a ou as poderem ser substituídos
por ao ou aos: Eis a mulher a qual se referiu Eis o homem ao qual se referiu.
É uma situação semelhante a que enfrentamos no ano passado É um momento semelhante
ao que enfrentamos no ano passado.
4.8.3 Uso proibitivo
Não use a crase antes de:
a) palavra masculina: Ela anda a pé. / O casal pagou a prazo.
b) verbo: Passou a vender bíblias. / Ele se pôs a cantar.
c) substantivos repetidos: Gota a gota o menino tomou o remédio. / Nós ficamos cara a cara.
d) ela, esta, essa: Deu a ela o telefone. / Cheguei a esta situação.
e) formas de tratamento: Escreveu a Sua Reverendíssima. / Recomendamos a Vossa Senhoria
saúde.
f) uma: Foi a uma reunião.
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g) substantivos no plural que fazem parte de locuções de modo: Agrediram-se a bofetadas.
h) distância, desde que não determinada: Os moradores estão a distância.
(Mas: Os moradores estão à distância de seis metros.)
i) terra, quando significa terra firme: O barco chegou a terra.
(Mas: O barco chegou à terra da banana.)
j) casa, quando não estiver determinada: Voltou a casa.
(Mas: Voltou à casa de seus pais.)
4.8.4 Uso facultativo
Usa-se ou não a crase:
a) antes de possessivo sua(s), nossa(s): Ofertaram a nossa mãe uma rosa.
(Ou: Ofertaram à nossa mãe uma rosa.)
b) antes de nomes de mulheres: Declarou-se a Rosa.
(Ou: Declarou-se à Rosa.)
c) com até: Foi até a cozinha.
(Ou: Foi até a cozinha.)
4.9 COLOCAÇÃO PRONOMINAL
4.9.1 Próclise
1. Quando, antes do verbo, há palavras que “atraem” o pronome oblíquo:
a) palavras negativas
Ex: Nunca se importou conosco
b) advérbios
Ex.: Aqui me sinto feliz.
Quando há vírgula isolando o advérbio, usa-se ênclise.
Ex.: Aqui, sinto-me feliz
c) pronomes
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relativos Ex.: Essa é a pessoa que nos ajudou
indefinidos Ex.: Muitos se feriram no acidente
demonstrativos Ex.: Isso me impressionou.
2. Nas frases
a) interrogativas Ex.: Onde a encontraram?
b) exclamativas Ex.: Como nos divertíamos lá!
c) optativas Ex.: Deus te proteja!
3. com preposição em + gerúndio
Ex.: Em se tratando de política, ele é bem liberal.
4.9.2 Mesóclise
A mesóclise só é usada com verbo no futuro (do presente ou do pretérito).
Ex.: Distribuir-se-ão as cópias do contrato.
Se houver palavra atrativa, usa-se a próclise, mesmo com o verbo no futuro.
Ex.: Não se distribuirão as cópias do contrato.
4.9.3 Ênclise
É usada principalmente quando o verbo inicia a oração. A norma culta não admite a colocação
do pronome oblíquo no começo da oração.
Ex.: Contaram-nos muitas coisas a seu respeito.
Contente-se com os resultados que obtivemos.
4.9.4 Colocação pronominal nas locuções adverbiais
a) Verbo auxiliar + infinitivo: o pronome oblíquo pode ficar antes da locução verbal desde que ela
não inicie a oração), no meio ou depois dela.
Ex.: Teus amigos te vão ajudar.
Teus Amigos vão te ajudar. (ou: vão-te ajudar).
Teus amigos vão ajudar-te.
b) Verbo auxiliar + gerúndio: o mesmo do item anterior.
Ex.: O tempo se está fechando.
O tempo está se fechando. (ou: está-se fechando).
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O tempo está fechando-se.
c) Verbo auxiliar + particípio: o pronome oblíquo pode ficar antes da locução verbal (desde que
ela não esteja iniciando a oração) ou no meio da locução verbal.
Ex.: O jogo se havia acabado.
O jogo havia se acabado. (ou: havia-se acabado).
4.10 PRONOMES DE TRATAMENTO
São também pronomes pessoais os pronomes de tratamento, nome dado às palavras e
expressões com as quais nos dirigimos a alguém. Esses pronomes servem para indicar o grau de
formalidade existente em determinadas situações.
Os pronomes de tratamento correspondem a pronomes pessoais e levam o verbo sempre para a
3.a pessoa. Exemplos:
Você quer falar comigo?
O senhor precisa de ajuda?
Os pronomes de tratamento mais usuais são você, vocês, senhor, senhora, senhores, senhoras,
mas há outros que se referem especificamente a determinadas pessoas e funções, como se pode ver
no quadro a seguir:
PERSONALIDADES TRATAMENTO ABREVIATURA NO ENVELOPE VOCATIVO
Presidente da República,
Presidente do Supremo Tribunal
Federal e do Congresso Nacional
Excelência,
Vossa Excelência,
Sua Excelência
Só por extenso Excelentíssimo
Senhor
Senhor Presidente
Deputados, Senadores,
Governadores, Embaixadores,
Ministros, Generais, Prefeitos.
Excelência,
Vossa Excelência,
Sua Excelência
V. Ex.ª
V. Exa.
V. Ex.as
S. Ex.ª
S. Exa.
S. Ex.as
Exmo. Sr.
Exmos. Srs.
Senhor (mais título)
Oficiais superiores e subalternos,
Diretores de repartições e
empresas, chefes de serviço,
Senhor,
Vossa Senhoria, Sua
Senhoria
V. S.ª
V. Sa.
V. S.as
Ilmo. Sr.
Ilmos. Srs.
Senhor (mais título)
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pessoas de cerimônia. S. S.ª
S. Sa.
S. S.asReitor de universidade Magnificência, Vossa
Magnificência
V. Mag.ª
V. Maga.
V. Mag.as
Exmo. Sr.
Exmos. Srs.
Magnífico Reitor
Juízes de Direito Meritíssimo, Vossa
Excelência, Sua
Excelência
V. Ex.ª
S. Ex.ª
Exmo. Sr.
Exmos. Srs.
Meritíssimo Juiz
Casos especiais
ABREVIATURA
FORMAS SINGULAR PLURAL
Digníssimo Senhor DD. Sr. DD. DD. Srs.
Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Exmos. Srs.Meritíssimo MM. MM. MM.