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Preço U00 Quinta [eiia, 28 de M arço de 19.>7 Ano I! - N." 107 Proprietário, Administrador t tditor V. S. MO TTA PINTO INFORMACAO .. CULTURA .. REDACÇÃO E A1IMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467 M O N T I J O COMPOSIÇÃO ÍA 1MPREJS3ÀO — TIPOGRAJ'1 A «GKAFJBX» — T U i 02B 23B ~ MONTIJO CRISO L DA VERDADE A MANIA DO «PÓ-PÓ Idealismo utópico e mdíerialismo céptico Confrange o pâncreas ver lampejar no olho sujo de certos Bonifácios a velha e furtiva lágrima do arrependi- mento tardio. Dores intestinas sacodem os batentes do crânio das dilaceradas vítimas. Conges- tiona-se-lhes o carão lambu- zado de suores frios. As abas retorcidas e peludas do apêndice nasal fungam de enrascação ou fremem de pudicícia quando os implacá- veis credores batem à porta de letra em riste. M as as «queridas» gostam tanto de «pó-pó» 1 O s «amor- zinhos» pelam-se tanto pelas tremuras suavíssimas dos «andantes»! H á que fazer as vontadinhas às «bonecas» em detrimento do tão de- ficitário ou mesmo caótico orçamento doméstico. Não im p o rta . Impõe-se sobremaneira botar figura ; fazer furor nas repartições ; embasbacar -a vizinhança igriara e sórdida, sempre ávida de pratos suculentos e opíparas restolhadas. E compra-se aos boche- chos ou, como soe dizer-se, a módicas prestações — pí- lulas da moda para embele- car pacóvios — a carrinhola a qualquer digno industrial ou honrado comerciante das veneráveis praças do império. Em casa vai o fim do mundo. Esparralha-se o de- lírio do chiquismo. Arrota o pelintra. Ribomba o tiroteio da toleima desbragada. Para aguentar a firme o aleijão ou aleitar.coridigna--' mente a sanguessuga ou cómodo utilitário, apertam-se mais uns furos ao cinturão, mingua-se o cós das saias. Escasseiam as roupas bran- cas. A patroa deita-se a deso- ras p.ira remendar, com engenhosos e subtis ponta- relos, as teias de aranha e intermináveis orifícios daque- las camisolas e ceroulas, coçad jsetransparentes como redes de alta pescaria. H á , porém, que dar ao côco, simpáticas amiguinhas, pjra deslumbrar o pagode. que proceder em confor- midade com os imutáveis códigos da impostura e pan- tomina, quando não as ca- chopas ou os catraios não fazem a muda de trajos m e- nores, pelo menos após as abluções dominicais. E isso seria abominável, bradaria aos céus. A bem da saúde pública e do respeito devido ao delicado olfato das gentes, urge atenuar o odor acre a sulfato de sovaquinho. E , não obstante, os Cresos arrebentados alardeiam por I loão Pereira Bastos j toda a parte fundos imagi- nários. Pavoneiam basóíias. Desdenham acintosamente da modéstia e bom senso dos colegas probos e dos amigos sinceros, que nor- teiam ou nivelam a vida pela bitola inflexível dos parcos proventos auferidos. A p o - dam-nos de sovinas elorpas e botas de elástico. Não vi- C id a d e antiquíssima do Aientejo, situada no ponto culminante duma chapada de 297 metros de altitude, com arredores muito férteis em cereais, azeite, e vinho, e ares muito saudáveis. Atribui-se a sua fundação aos galo-celtas; e, sendo florescente no tempo das conquistas de Júlio César na Península, adquiriu o nome de P a x lia em com em o- ração das pazes com ele ali firmadas. N o domínio dos visigodos e alanos, já era Sé episcopal. Tom ada, perdida e reto- mada por vezes aos mouros, foi, finalmente, conservada por D Afonso Henriques, vem intensamente o «ritmo do século». Não sabem fandan- guear o novel e estrepitoso «Rock and Roll». Não acom- panham a evolução pirami- dal e ultrassónica da época dos estalinhos de hidrogénio. São, afinal, uns bácoros e x e c ra n d o s a fo c in h a n d o ininterruptamente no ester- quilínio em busca da glande. Zurzem -nos com o destem- perado epíteto de fazedores de pés de meia e quejandos de galináceos, cujo fazimento atribuem aos tratos de polé a que submetem, por via económica ou oral, o escani- frado físico ou a desconjun- tada carcaça. E as letras vencem-se J A depois de duas tentativas em 1155 e 1 í 6 2 . D . Afonso III deu-lhe foral e cercou-a de muralhas, em 1253; e D . Diniz mandou-a povoar e deu-lhe o castelo. Em 1512 foi elevada a ci- dade. Aquelas muralhas ainda se conservaram por muitos anos, e nelas havia sete portas. As que mais duraram, foram as de Évora, de A viz, de M oura, de Mértola, e de Àljustrel, pelas quais saíam as estradas para essas po- voações. Cidade retintamente alen- tejana, é digna de visita por suas características curiosas e pela parte monumental, q :e a seguir descreveremos. Por Alsácia Nos últimos anos tem se acentuado profundamente a tendência das camadas jo- Vens para uma atitude mental ambígua, atitude que nem todos os psicologistas se en- corajariam a classificar fàcil- mente, mas que esses nossos jovens cedo designaram com epítetos vários, tais como: realism o, positivism o, m ate- rialism o, etc. Alguns, mesmo, tiveram a fantasia de fazer seguir tais designações do qualificativo cientifico, su- pondo assim, talvez, reforçar a razão das suas preferências intelectuais ou psíquicas. E à sombra de essa árvore de ciência, cujos frutos colheram e mastigaram, mas mal dige- riram ou digerir am consoante as suas idiossincrasias, desa- taram a criticar uns e outros, criticam-se entre eles mes mos, e chegaram ao ponto de se julgarem superiores uma espécie de cri- minosos cujos actos denun- ciam um singular desequilí- brio moral a par-de um desequilíbrio físico bem característico; esses crimi- nosos são os envenenadores. Não obstante serem cada vez e cada dia mais num e- rosos, mais rápidos e mais prontos os meios, sempre seguros, de que podem dis- por os que têm intenção de matar, os que premeditam o crime, o da aplicação dos venenos — processo antigo, às vezes lento- e falho não perdeu ainda, como se poderia supor, o seu valor, o seu préstimo. não diremos nos casos de suicídio, em que a^morte por envenenamento é muitas vezes preferida pelos candi- datos, e nesta última guerra foram numerosos os indiví- duos que fugiram pela porta do suicídio, lançando mão do veneno. M as esses nâo são os ca- sos de que nos queremos ocupar. Querem os, sim, fa- lar dos criminosos que ainda recorrem aos venenos para M a c,h a d o uns aos outros, este e este mais convicto de que se com - porta com mais acerto e se- gurança do que aquele ou outro. Ainda não muito que um jovem amigo excla- mava desalentado: »Oh! des- graçada geração a que per- tencemos» ! E facto. Em cada cérebro e em cada espírito chega a parecer que se formou um labirinto de ideias e doutrinas mal assimiladas, de que eles se julgam dignos prosélitos, por rabiscarem uns arti- gos e se confessarem nato- rialistas, sem, todavia, pro- duzirem pensamento nítido. E aos que eles têm como opostos aos seus conceitos da vida e da filosofia, por 'agirem e se expressarem de um modo diferente, pelo m e- nos aparentemente, apodam , então, de idealistas, místicos, (Continua na página 4) darem fim ao próximo, quando julgam, no seu entender, que o processo é seguro e oportuno, ou conveniente. E esta preferência tem explica- ções na própria natureza do crime. O s processos de morte por envenenamento podem ser aplicados traiçoeira- mente ; e aplicando-os, o criminoso pode abrigar-se à sombra do prestígio de que usufrui quase sempre junto da família da vítima ou seja até junto à própria vítima. A dissimulação com que os envenenadores procedem, constitui já, por si só, uma sombra de impunidade de que nutre esperança. A psi- cologia dos envenenadores não é fácil; são subtis e ar- dilosos. E o crime por enve- nenamento é mais próprio das mulheres do que dos homens. tempos, houve no Bra- sil um crime de envenena- mento, praticado na capital do Recife, por uma mulher casada que envenenou o pró- prio marido. E ela mesmo (Continua na página 4) (Continua na página 4) PORTUGAL PITORESCO B E Ermid i de Santo André construída em comemoração da tomada da cidade aos mouros. Fontes Breve história de algumas EM V E M E h ADORAS CÉLEftRES Por Rollin de Macedo
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PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

Feb 23, 2023

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P r e ç o U 0 0 Q u i n t a [ e i i a , 2 8 d e M a r ç o d e 1 9 . > 7 Ano I! - N." 107

Proprietário, Administrador t tditor

V. S. M O TTA P I N T O

I N F O R M A C A O . . C U L T U R A . .

REDACÇÃO E A1IMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467M O N T I J O

COMPOSIÇÃO ÍA 1MPREJS3ÀO — T IP O G R A J'1 A «GKAFJBX» — T U i 02B 23B ~ M O N T IJO

C R I S O L D A V E R D A D E

A M A N I A D O « P Ó - P ÓI d e a l i s m o u t ó p i c o e

m d í e r i a l i s m o c é p t i c oC o n f r a n g e o p â n c r e a s v e r

l a m p e j a r n o o l h o s u j o d e c e r t o s B o n i f á c i o s a v e l h a e f u r t i v a l á g r i m a d o a r r e p e n d i ­m e n t o t a r d i o .

D o r e s i n t e s t i n a s s a c o d e m o s b a t e n t e s d o c r â n i o d a s d i l a c e r a d a s v í t i m a s . C o n g e s ­t i o n a - s e - l h e s o c a r ã o l a m b u ­z a d o d e s u o r e s f r i o s . A s a b a s r e t o r c i d a s e p e l u d a s d o a p ê n d i c e n a s a l f u n g a m d e e n r a s c a ç ã o o u f r e m e m d e p u d i c í c i a q u a n d o o s i m p l a c á ­v e i s c r e d o r e s b a t e m à p o r t a d e l e t r a e m r i s t e .

M a s a s « q u e r i d a s » g o s t a m t a n t o d e « p ó - p ó » 1 O s « a m o r - z i n h o s » p e l a m - s e t a n t o p e l a s t r e m u r a s s u a v í s s i m a s d o s « a n d a n t e s » ! H á q u e f a z e r a s v o n t a d i n h a s à s « b o n e c a s » e m d e t r i m e n t o d o j á t ã o d e ­f i c i t á r i o o u m e s m o c a ó t i c o o r ç a m e n t o d o m é s t i c o .

N ã o i m p o r t a . I m p õ e - s e s o b r e m a n e i r a b o t a r f i g u r a ; f a z e r f u r o r n a s r e p a r t i ç õ e s ; e m b a s b a c a r - a v i z i n h a n ç a i g r i a r a e s ó r d i d a , s e m p r e á v i d a d e p r a t o s s u c u l e n t o s e o p í p a r a s r e s t o l h a d a s .

E c o m p r a - s e a o s b o c h e ­c h o s o u , c o m o s o e d i z e r - s e , a m ó d i c a s p r e s t a ç õ e s — p í ­l u l a s d a m o d a p a r a e m b e l e - c a r p a c ó v i o s — a c a r r i n h o l a a q u a l q u e r d i g n o i n d u s t r i a l o u h o n r a d o c o m e r c i a n t e d a s v e n e r á v e i s p r a ç a s d o i m p é r i o .

E m c a s a v a i o f i m d o m u n d o . E s p a r r a l h a - s e o d e ­l í r i o d o c h i q u i s m o . A r r o t a o p e l i n t r a . R i b o m b a o t i r o t e i o d a t o l e i m a d e s b r a g a d a .

P a r a a g u e n t a r a p é f i r m e o a l e i j ã o o u a l e i t a r . c o r i d i g n a - - ' m e n t e a s a n g u e s s u g a o u c ó m o d o u t i l i t á r i o , a p e r t a m - s e m a i s u n s f u r o s a o c i n t u r ã o , m i n g u a - s e o c ó s d a s s a i a s . E s c a s s e i a m a s r o u p a s b r a n ­c a s . A p a t r o a d e i t a - s e a d e s o - r a s p . i r a r e m e n d a r , c o m e n g e n h o s o s e s u b t i s p o n t a - r e l o s , a s t e i a s d e a r a n h a e i n t e r m i n á v e i s o r i f í c i o s d a q u e ­l a s c a m i s o l a s e c e r o u l a s , c o ç a d j s e t r a n s p a r e n t e s c o m o r e d e s d e a l t a p e s c a r i a .

H á , p o r é m , q u e d a r a o c ô c o , s i m p á t i c a s a m i g u i n h a s , p j r a d e s l u m b r a r o p a g o d e . H á q u e p r o c e d e r e m c o n f o r ­m i d a d e c o m o s i m u t á v e i s c ó d i g o s d a i m p o s t u r a e p a n ­t o m i n a , q u a n d o n ã o a s c a ­c h o p a s o u o s c a t r a i o s n ã o f a z e m a m u d a d e t r a j o s m e ­n o r e s , p e l o m e n o s a p ó s a s a b l u ç õ e s d o m i n i c a i s . E i s s o s e r i a a b o m i n á v e l , b r a d a r i a a o s c é u s . A b e m d a s a ú d e p ú b l i c a e d o r e s p e i t o d e v i d o

a o d e l i c a d o o l f a t o d a s g e n t e s , u r g e a t e n u a r o o d o r a c r e a s u l f a t o d e s o v a q u i n h o .

E , n ã o o b s t a n t e , o s C r e s o s a r r e b e n t a d o s a l a r d e i a m por

I loão Pereira Bastos j

t o d a a p a r t e f u n d o s i m a g i ­n á r i o s . P a v o n e i a m b a s ó í i a s . D e s d e n h a m a c i n t o s a m e n t e d a m o d é s t i a e b o m s e n s o d o s c o l e g a s p r o b o s e d o s a m i g o s s i n c e r o s , q u e n o r ­t e i a m o u n i v e l a m a v i d a p e l a b i t o l a i n f l e x í v e l d o s p a r c o s p r o v e n t o s a u f e r i d o s . A p o ­d a m - n o s d e s o v i n a s e l o r p a s e b o t a s d e e l á s t i c o . N ã o v i -

C i d a d e a n t i q u í s s i m a d o A i e n t e j o , s i t u a d a n o p o n t o c u l m i n a n t e d u m a c h a p a d a d e 2 9 7 m e t r o s d e a l t i t u d e , c o m a r r e d o r e s m u i t o f é r t e i s e m c e r e a i s , a z e i t e , e v i n h o , e a r e s m u i t o s a u d á v e i s .

A t r i b u i - s e a s u a f u n d a ç ã o a o s g a l o - c e l t a s ; e , s e n d o j á f l o r e s c e n t e n o t e m p o d a s c o n q u i s t a s d e J ú l i o C é s a r n a

P e n í n s u l a , a d q u i r i u o n o m e d e P a x J ú l i a e m c o m e m o ­r a ç ã o d a s p a z e s c o m e l e a l i f i r m a d a s .

N o d o m í n i o d o s v i s i g o d o s

e a l a n o s , j á e r a S é e p i s c o p a l .

T o m a d a , p e r d i d a e r e t o ­

m a d a p o r v e z e s a o s m o u r o s ,

f o i , f i n a l m e n t e , c o n s e r v a d a

p o r D A f o n s o H e n r i q u e s ,

v e m i n t e n s a m e n t e o « r i t m o d o s é c u l o » . N ã o s a b e m f a n d a n - g u e a r o n o v e l e e s t r e p i t o s o « R o c k a n d R o l l » . N ã o a c o m ­p a n h a m a e v o l u ç ã o p i r a m i ­d a l e u l t r a s s ó n i c a d a é p o c a d o s e s t a l i n h o s d e h i d r o g é n i o . S ã o , a f i n a l , u n s b á c o r o s e x e c r a n d o s a f o c i n h a n d o i n i n t e r r u p t a m e n t e n o e s t e r - q u i l í n i o e m b u s c a d a g l a n d e . Z u r z e m - n o s c o m o d e s t e m ­p e r a d o e p í t e t o d e f a z e d o r e s d e p é s d e m e i a e q u e j a n d o s d e g a l i n á c e o s , c u j o f a z i m e n t o a t r i b u e m a o s t r a t o s d e p o l é a q u e s u b m e t e m , p o r v i a e c o n ó m i c a o u o r a l , o e s c a n i - f r a d o f í s i c o o u a d e s c o n j u n ­t a d a c a r c a ç a .

E a s l e t r a s v e n c e m - s e

J Ad e p o i s d e d u a s t e n t a t i v a s e m 1 1 5 5 e 1 í 6 2 .

D . A f o n s o I I I d e u - l h e f o r a l e c e r c o u - a d e m u r a l h a s , e m 1 2 5 3 ; e D . D i n i z m a n d o u - a p o v o a r e d e u - l h e o c a s t e l o .

E m 1 5 1 2 f o i e l e v a d a a c i ­d a d e .

A q u e l a s m u r a l h a s a i n d a s e c o n s e r v a r a m p o r m u i t o s a n o s , e n e l a s h a v i a s e t e

p o r t a s . A s q u e m a i s d u r a r a m , f o r a m a s d e É v o r a , d e A v i z , d e M o u r a , d e M é r t o l a , e d e À l j u s t r e l , p e l a s q u a i s s a í a m a s e s t r a d a s p a r a e s s a s p o ­v o a ç õ e s .

C i d a d e r e t i n t a m e n t e a l e n ­t e j a n a , é d i g n a d e v i s i t a p o r s u a s c a r a c t e r í s t i c a s c u r i o s a s e p e l a p a r t e m o n u m e n t a l , q :e a s e g u i r d e s c r e v e r e m o s .

Por Alsácia

N o s ú l t i m o s a n o s t e m s e a c e n t u a d o p r o f u n d a m e n t e a t e n d ê n c i a d a s c a m a d a s j o - V e n s p a r a u m a a t i t u d e m e n t a l a m b í g u a , a t i t u d e q u e n e m t o d o s o s p s i c o l o g i s t a s s e e n ­c o r a j a r i a m a c l a s s i f i c a r f à c i l ­m e n t e , m a s q u e e s s e s n o s s o s j o v e n s c e d o d e s i g n a r a m c o m e p í t e t o s v á r i o s , t a i s c o m o :r e a l i s m o , p o s i t i v i s m o , m a t e ­r i a l i s m o , e t c . A l g u n s , m e s m o , t i v e r a m a f a n t a s i a d e f a z e r s e g u i r t a i s d e s i g n a ç õ e s d o q u a l i f i c a t i v o c i e n t i f i c o , s u ­p o n d o a s s i m , t a l v e z , r e f o r ç a r a r a z ã o d a s s u a s p r e f e r ê n c i a s i n t e l e c t u a i s o u p s í q u i c a s . E à s o m b r a d e e s s a á r v o r e d e c i ê n c i a , c u j o s f r u t o s c o l h e r a m e m a s t i g a r a m , m a s m a l d i g e ­r i r a m o u d i g e r i r a m c o n s o a n t e a s s u a s i d i o s s i n c r a s i a s , d e s a ­t a r a m a c r i t i c a r u n s e o u t r o s , c r i t i c a m - s e e n t r e e l e s m e s m o s , e c h e g a r a m a o p o n t o d e s e j u l g a r e m s u p e r i o r e s

H á u m a e s p é c i e d e c r i ­m i n o s o s c u j o s a c t o s d e n u n ­c i a m u m s i n g u l a r d e s e q u i l í ­b r i o m o r a l a p a r - d e u m d e s e q u i l í b r i o f í s i c o b e m c a r a c t e r í s t i c o ; e s s e s c r i m i ­n o s o s s ã o o s e n v e n e n a d o r e s .

N ã o o b s t a n t e s e r e m c a d a v e z e c a d a d i a m a i s n u m e ­r o s o s , m a i s r á p i d o s e m a i s p r o n t o s o s m e i o s , s e m p r e s e g u r o s , d e q u e p o d e m d i s ­p o r o s q u e t ê m i n t e n ç ã o d e m a t a r , o s q u e p r e m e d i t a m o c r i m e , o d a a p l i c a ç ã o d o s v e n e n o s — p r o c e s s o a n t i g o , à s v e z e s l e n t o - e f a l h o — n ã o p e r d e u a i n d a , c o m o s e p o d e r i a s u p o r , o s e u v a l o r , o s e u p r é s t i m o .

J á n ã o d i r e m o s n o s c a s o s d e s u i c í d i o , e m q u e a ^ m o r t e p o r e n v e n e n a m e n t o é m u i t a s v e z e s p r e f e r i d a p e l o s c a n d i ­d a t o s , e n e s t a ú l t i m a g u e r r a f o r a m n u m e r o s o s o s i n d i v í ­d u o s q u e f u g i r a m p e l a p o r t a d o s u i c í d i o , l a n ç a n d o m ã o d o v e n e n o .

M a s e s s e s n â o s ã o o s c a ­s o s d e q u e n o s q u e r e m o s o c u p a r . Q u e r e m o s , s i m , f a ­l a r d o s c r i m i n o s o s q u e a i n d a r e c o r r e m a o s v e n e n o s p a r a

M a c,h a d o

u n s a o s o u t r o s , e s t e e e s t e m a i s c o n v i c t o d e q u e s e c o m ­p o r t a c o m m a i s a c e r t o e s e ­g u r a n ç a d o q u e a q u e l e o u o u t r o . A i n d a n ã o h á m u i t o q u e u m j o v e m a m i g o e x c l a ­m a v a d e s a l e n t a d o : » O h ! d e s ­g r a ç a d a g e r a ç ã o a q u e p e r ­t e n c e m o s » !

E f a c t o . E m c a d a c é r e b r o e e m c a d a e s p í r i t o c h e g a a p a r e c e r q u e s e f o r m o u u m l a b i r i n t o d e i d e i a s e d o u t r i n a s m a l a s s i m i l a d a s , d e q u e e l e s s e j u l g a m d i g n o s p r o s é l i t o s , s ó p o r r a b i s c a r e m u n s a r t i ­g o s e s e c o n f e s s a r e m n a t o - r i a l i s t a s , s e m , t o d a v i a , p r o ­d u z i r e m p e n s a m e n t o n í t i d o . E a o s q u e e l e s t ê m c o m o o p o s t o s a o s s e u s c o n c e i t o s d a v i d a e d a f i l o s o f i a , s ó p o r

' a g i r e m e s e e x p r e s s a r e m d e u m m o d o d i f e r e n t e , p e l o m e ­n o s a p a r e n t e m e n t e , a p o d a m , e n t ã o , d e i d e a l i s t a s , m í s t i c o s ,

( C o n t i n u a n a p á g i n a 4 )

d a r e m f i m a o p r ó x i m o , q u a n d o j u l g a m , l á n o s e u e n t e n d e r , q u e o p r o c e s s o é s e g u r o e o p o r t u n o , o u c o n v e n i e n t e . E e s t a p r e f e r ê n c i a t e m e x p l i c a ­ç õ e s n a p r ó p r i a n a t u r e z a d o c r i m e .

O s p r o c e s s o s d e m o r t e p o r e n v e n e n a m e n t o p o d e m s e r a p l i c a d o s t r a i ç o e i r a ­m e n t e ; e a p l i c a n d o - o s , o c r i m i n o s o p o d e a b r i g a r - s e à s o m b r a d o p r e s t í g i o d e q u e u s u f r u i q u a s e s e m p r e j u n t o d a f a m í l i a d a v í t i m a o u s e j a a t é j u n t o à p r ó p r i a v í t i m a .

A d i s s i m u l a ç ã o c o m q u e o s e n v e n e n a d o r e s p r o c e d e m , c o n s t i t u i j á , p o r s i s ó , u m a s o m b r a d e i m p u n i d a d e d e q u e n u t r e e s p e r a n ç a . A p s i ­c o l o g i a d o s e n v e n e n a d o r e s n ã o é f á c i l ; s ã o s u b t i s e a r ­d i l o s o s . E o c r i m e p o r e n v e ­n e n a m e n t o é m a i s p r ó p r i o d a s m u l h e r e s d o q u e d o s h o m e n s .

H á t e m p o s , h o u v e n o B r a ­s i l u m c r i m e d e e n v e n e n a ­m e n t o , p r a t i c a d o n a c a p i t a l d o R e c i f e , p o r u m a m u l h e r c a s a d a q u e e n v e n e n o u o p r ó ­p r i o m a r i d o . E e l a m e s m o

(Continua n a p á g in a 4)

(Continua na página 4)

PORTUGAL PITORESCOB E

Ermid i de Santo André construída em comemoração da tomada da cidade aos mouros.

Fontes

Breve história de algumas

E M V E M E h A D O R A S C É L E f t R E SPor Rollin de Macedo

Page 2: PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

2 8 -3 -9 5 7

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Organizações= ProgressoOiçám todas as 3.as feiras às 13 horas, através do Clube Radiofónico de P o r tu g a l, o programa « REVISTA DES­PORTIVA», uma produção de Fernando de Sousa, com o

patrocínio deste jornal.

R E V I S T A D E S P O R T I V A

15 minutos em que se fala do desporto e a favor do desporto. Brevemente no ar o programa TOUROS, T O U R E IR O S , E TOURADAS — um programa em que se diz a verdade sobre Festa Brava. Para a sua publi­cidade consulte

O r g a n i z a ç õ e s P r o g r e s s o

Trav. da Bicaaoi Anjos,*27-1.° T elef. 231315 L I S B O A

M O N T I J O | b e l i s c õ e s

A f a c e t a c u l t u r a l

d a n o s s a l e r r a

A T E N E U P O P U L A R D E MONTIJOE n t r e a s c o l e c t i v i d a d e s

q u e d e d i c a m a s s u a s a c t i v i ­d a d e s à c a u s a d a C u l t u r a , d e v e m o s d e s t a c a r , s e m f a ­v o r , o A t e n e u P o p u l a r d e M o n t i j o q u e , a t r a v é s d e t o ­d a s a s v i c i s s i t u d e s , t e m v i n d o h á a n o s a e s p a l h a r m o d e s t a m e n t e o s s e u s b e n e ­f í c i o s i n s t r u t i v o s e e d u c a t i ­v o s n a t e r r a o n d e f o i f u n ­d a d o .

C o n v é m , a n t e s d e m a i s , f a z e r u m p o u c o d a h i s t ó r i a d e s s a t ã o b e n e m e r e n t e a g r e ­m i a ç ã o :

— O A t e n e u P o p u l a r d e M o n t i j o f o i f u n d a d o e m 15 d e D e z e m b r o d e 1939, c o m o n o m e d e « A r o d a M o n t i - j a n o j E s p e r a n t a m i k j * . F o r a m s e u s f u n d a d o r e s : N o r b e r t o

J o s é d a S i l v a , C o s m e B e n i t o R e s i n a , J o a q u i m L a v a d o , M a n u e l L u c i a n o L u c a s A l e ­g r i a ( f a l e c i d o ) , A n t ó n i o J o s é L o p e s B a r r e t o , e J o s é d a s N e v e s R o d r i g u e s .

O s s e u s e s t a t u t o s f o r a m a p r o v a d o s e m 23 d e M a i o d e 1946, c o n f o r m e o a l v a r á N . °3, c o n c e d i d o p e l o e n t ã o G o ­v e r n a d o r C i v i l d e S e t ú b a l , o D r . J o s é G u i l h e r m e d e M e l o e C a s t r o .

F o i n e s t a d a t a q u e p a s s o u a d e n o m i n a r - s e « A t e n e u P o ­p u l a r d e M o n t i j o » .

A s s u a s p r i m e i r a s i n s t a ­l a ç õ e s f o r a m n a r u a J o a q u i m d e A l m e i d a , 74, 1.° D i r e i t o , e a s u a s e d e a c t u a l é n a r u a C â n d i d o d o s R e i s .

A p r i m e i r a D i r e c ç ã o e r a c o m p o s t a p e l o s s r s . : J o ã o V i e i r a A l v e s , p r e s i d e n t e ; Á l v a r o A v e l i n o d a V e i g a S e r r a , s e c r e t á r i o g e r a l ; A l ­f r e d o T o r m e n t a d a S i l v a , s e c r e t á r i o a d m i n i s t r a t i v o ; C o s m e B e n i t o R e s i n a , t e s o u ­r e i r o ; J o s é * d a s N e v e s R o ­d r i g u e s , 1 . ° b i b l i o t e c á r i o ; E l i s i á r i o A n t ó n i o d a C r u z F i c h e , 2.° b i b l i o t e c á r i o .

E n t r e o s f i n s p a r a q u e f o i c r i a d o , f i g u r a e m p r i m e i r o p l a n o : « s e r u m o r g a n i s m o c u l t u r a l , t e n d o p o r f i m o d e s e n v o l v i m e n t o d a i n s t r u ­ç ã o e e d u c a ç ã o d o s s e u s f i l i a d o s e f a m í l i a s . »

O A t e n e u t e m a c t u a l m e n t e -145 s ó c i o s e a f u n c i o n a r d u a s a u l a s d e I n s t r u ç ã o P r i ­

m á r i a , 1 , a e 2 . a c l a s s e s , e 3 . a e 4 . a c l a s s e s ; c u r s o d e d a c ­t i l o g r a f i a ; c u r s o p r á t i c o d e i n g l ê s ; e c u r s o d e e s p e r a n t o .

O s s e u s C o r p o s G e r e n t e s s ã o a g o r a a s s i m c o n s t i t u í ­d o s : A s s e m b l e i a G e r a l ' . P r e s i d . p r o f e s s o r J o s é M a r ­g a l h o F é l i x P i n t o ; 1 . ° s e c r e t . A r m a n d o I ç a ; 2 . ° s e c r e t . Á l v a r o M o t a . D i r e c ç ã o : A c á ­c i o S o e i r o D o r e s , p r e s i d . ; J o ã o F e r r e i r a d a V e i g a S e r r a , s e c r e t . g e r a l ; C a r l o s M a n u e l I ç a d a S i l v a , s e c r e t . a d i m i - n i s t r a t i v o ; G a b r i e l E l í s i o A z e v e d o , t e s o u r e i r o ; J o ã o C a r v a l h o M a t i a s , 1 . ° b i b l i o ­t e c á r i o ; e J o s é V i e g a s P a s - s i n h a s J . o r , 2 . ° b i b l i o t e c á r i o . C o n s e l h o F i s c a l : Á l v a r o A v e l i n o d a V e i g a S e r r a , p r e s i d . ; R a ú l M a r q u e s J u ­n i o r , s e c r e t á r i o ; e J o s é M a ­n u e l C a r d e i r a M o u r a , r e l a ­t o r .

O s c a r g o s d e b i b l i o t e c á ­r i o s e q u i v a l e m a o s d e v o g a i s d a D i r e c ç ã o n a s o u t r a s c o l e c ­t i v i d a d e s , c o n s i d e r a n d o - s e a C o m i s s ã o d a B i b l i o t e c a e n - c o r p o r a d a n o e l e n c o d i r e c ­t i v o , c o l a b o r a n d o e t o m a n d o p a r t e e m t o d a s a s r e u n i õ e s e a c t i v i d a d e s d a D i r e c ç ã o .

A b i b l i o t e c a é d i r i g i d a p e l a C o m i s s ã o c o m p o s t a p e ­l o s s r s . : R i c a r d o A l b e r t o L o u r e n ç o , C â n d i d o T a v a r e s R o s a d a S i l v a , e M a n u e l C a r l o s M o r a i s C a b r i t a ; p o s ­s u i c e r c a d e 1 . 2 0 0 v o l u m e s ; e t e m u m m o v i m e n t o n a m é ­d i a a n u a l d e 1 5 0 l e i t o r e s . P e i t a a s s i m a h i s t ó r i a s u ­c i n t a d o A t e n e u , d i r e m o s a g o r a a l g u m a s p a l a v r a s a c e r c a d a s a s p i r a ç õ e s c o l e c ­t i v a s :

— A 1 . a e m a i s i m p o r t a n t e é a c o n s t r u ç ã o d u m a s e d e p r ó p r i a , c o m g i n á s i o , o n d e s e p o d e s s e p r a t i c a r a g i n á s - t i c a e a l g u n s d e s p o r t o s , c o m o : v o l e i b o l , b a s q u e t e b o l , p i n g u e p o n g u e , e p a t i n a g e m .

J á a s a n t e r i o r e s d i r e c ç õ e s s e a v i s t a r a m c o m o s r . j o s é d a S i l v a L e i t e , p r e s i d e n t e d a C â m a r a M u n i c i p a l , o q u a l p r o m e t e u t o d o o s e u a p o i o e a u x í l i o , c h e g a n d o a e s t u d a r - s e a l o c a l i z a ç ã o e m t e r r e n o c a m a r á r i o , o f e r e c i d o à i n s t i t u i ç ã o .

S A N F E R O A

S E D J E I I I A R M A Z É N S

L I S B O A , R u o “ de S. J u l i ã o . 4 M . ° |||| H I 0 I 1 I I J 0 , Ru a da Bel a Vista

A E R O M O T O R S A N F E R o m o i n h o q u e r e s i s t i u a o c i c l o n e - F E R R O S p a r a c o n s t r u ç õ e s , A R A M E S , A R C O S , e t c .

C I M E N T O P O R T L A N D , T x O T U R A Ç A O d e a l i m e n ­t o s p a r a g a d o s

R I C I N O B E L G A p a r a a d u b o d e b a t a t a , c e b o l a , e t c .C A R R I S , V A G O N E T A S e t o d o o m a t e r i a l p a r a C a ­

m i n h o d e F e r r oA R M A Z É N S D E R E C O V A G E M

A i n d a s e n ã o i n i c i a r a m o s t r a b a l h o s p a r a a c o n s e c u ç ã o d e s t a o b r a p o r q u e , n o m o ­m e n t o p r e s e n t e , o u t r a s a c t i ­v i d a d e s e s t ã o a b s o r v e n d o a s b o a s v o n t a d e s d o p o v o m o n ­t i j e n s e , e é j u s t a m e n t e d e s s e p o v o q u e s e e s p e r a o c o n ­t r i b u t o v a l i o s o e i n d i s p e n s á ­v e l p a r a a s u a r e a l i z a ç ã o .

( C o n t i n u a )

Escola Técnicadt JH&ntijc)

A f i m d e s a t i s f a z e r o s o ­l i c i t a d o p e l a I n s p e c ç ã o G e r a l d o E n s i n o T é c n i c o , a C â ­m a r a M u n i c i p a l e s t á c o l h e n d o e l e m e n t o s r e l a t i v o s à s a c t i ­v i d a d e s c o m e r c i a i s , i n d u s ­t r i a i s e d o e n s i n o q u e s e r e ­l a c i o n a m c o m a c r i a ç ã o d a F s c o l a T é c n i c a d e s t a v i l a .

P o r i n f o r m a ç õ e s c o l h i d a s n o M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o N a c i o n a l , s a b e - s e q u e e s t á p r e v i s t a a c r i a ç ã o d a q u e l e e s t a b e l e c i m e n t o d e e n s i n o a i n d a n o c o r r e n t e a n o .

P a r a a s u a i n s t a l a ç ã o p r o ­v i s ó r i a , a C â m a r a c o n t a c o m o r é s d o c h ã o e p a r t e d o 1 . ° a n d a r d o e d i f í c i o d o a c t u a l T r i b u n a l , l o g o q u e s e j a t r a n s ­f e r i d a a c a d e i a c o m a r c a p a r a o n o v o e d i f í c i o e m c o n s t r u ­ç ã o . O x a l á q u e e s t a a s p i r a ­ç ã o m o n t i j e n s e s e t r a n s f o r m e e m b r e v e n u m a r e a l i d a d e .

E d a s c o i s a s m u i t o s é r i a s O a n d a r n a s n o s s a s r u a s ; D e p o i s q u e õ p o b r e — c o i ­

t a d o ! — A b a n d o n o u a s m i s é r i a s , A b a n d o n o u a s c h a r r u a s ,E a n d a s e m p r e a f a d i g a d o ! Ê u m a p r a g a d e m o t o c i c l e t a s , E c a m i o n e t a s ,E b i c i c l e t a s ,E f u r g o n e t a s ,E a t è l a m b t e t a s !— T u d o m o t o r i z a d o ! —S ã o a u t o m ó v e i s d e p o i s ,S ã o « v e s p a s » e t c a r a c ó i s » , S ã o e n o r m e s c a m i õ e s ,E a r r a s t a d e i r a s t a m b é m !E o s t r i s t e s d o s p e õ e s N o s p a s s e i o s s e m v i n t é m . . .— A n d a t u d o a p r e s s a d o !E a i n d a h á q u e m n o s d i g a Q u e n ã o q u e r e m t r a b a l h a r ! M a s o q u e ê u m a « e s p i g a » E a r u a a t r a v e s s a r . . .E d a e s q u e r d a e d a d i r e i t a , E p e l a f r e n t e e p o r t r á s , C a m p a i n h a s e b u z i n a s , i C l a x o n s > e m a i s g r i t a r i a s , Q u e a g e n t e v ê - s e d e s f e i t a E c h a m a p o r S a t a n á s ,E p i a s s a n t a s p e r e g r i n a s , P r a n ã o t e r r a d i o g r a f i a s O u f i n d a r n o c e m i t é r i o ! M a l d i t o s e j a o m i s t é r i o D e s a b e r e n r i q u e c e r !V o u s u p l i c a r à s a l m i n h a s Q u e m e e n s i n e m a v i v e r , P r a d e p o i s c o m p r a r p o d e r U m b o m c a r r i n h o . . . d e l i ­

n h a s I

H o m e m a o m a r

(J-ôtôfUm eT ra bal hos p a r a a m ad or es

F o t o g r a f i a s d ' f l r t e

A p a r e l h o s fot og rá fic o s

R e p o r ta g e m F o t o g r á f ic a

Rua B u lh ã o P a t o , 11 • M O H T I J O

F E I R A D O R I B A T E J O

A v i c u l t u r a

A C o m i s s ã o E x e c u t i v a d a I V F e i r a d o R i b a t e j o , q u e s e r e a l i z a e m S a n t a r é m , p e d e - - n o s p a r a f a z e r m o s s a b e r q u e , n a i n t e n ç ã o d e c o n t r i ­b u i r p a r a o f o m e n t o d a a v i ­c u l t u r a , — u m r a m o d a p e ­c u á r i a d e t ã o v a s t a s e t ã o p r o m e t e d o r a s p e r s p e c t i v a s n o n o s s o p a í s , — r e s o l v e u a m p l i a r , e s t e a n o , q u a n t o p o s s í v e l , a r e p r e s e n t a ç ã o d a q u e l a a c t i v i d a d e n o c o n ­j u n t o d a F e i r a .

S e r á a d m i t i d a a c o n c o r r ê n ­c i a d e v á r i a s e s p é c i e s a v í ­c o l a s ( g a l i n h a s , p a t o s , p e r ú s , e t c . ) , e x i g i n d o - s e a p e n a s q u e o s e x e m p l a r e s a e x p o r p e r t e n ç a m a r a ç a s d e f i n i d a s e r e c o n h e c i d a s , q u e r s e j a m n a c i o n a i s q u e r e x ó t i c a s . É , p o r é m , i n d i s p e n s á v e l q u e o s a v i c u l t o r e s i n t e r e s s a d o s f a ­ç a m a s u a i n s c r i ç ã o a t é o p r ó x i m o d i a 3 0 d e A b r i l , i n ­

d i c a n d o o n ú m e r o d e g r u p o s q u e d e s e j a m e x p o r e a c o m ­p o s i ç ã o d e c a d a u m , a f i m d e s e p o d e r r e s e r v a r e p r e ­p a r a r o e s p a ç o n e c e s s á r i o , d e m o d o a q u e a i n t e g r a ç ã o d a A V I C U L T U R A n o c o n ­j u n t o d o c e r t a m e v e n h a a f a z e r - s e n a s m e l h o r e s c o n d i ­ç õ e s p o s s í v e i s .

O s a v i c u l t o r e s , a l é m d a p r o p a g a n d a d o s s e u s p r o d u ­t o s , q u e f a r ã o j u n t o d e u m p ú b l i c o n u m e r o s í s s i m o e i n ­t e r e s s a d o , t e r ã o d u r a n t e a F e i r a u m a o p o r t u n i d a d e i n ­c o m p a r á v e l p a r a r e a l i z a r e m l a r g a s e v a n t a j o s a s t r a n s a c ­ç õ e s .

T o d a a c o r r e s p o n d ê n c i a s o b r e e s t e a s s u n t o d e v e r á s e r d i r i g i d a à C o m i s s ã o E x e c u t i v a d a I V F e i r a d o R i b a t e j o , — C o m i s s ã o M u n i ­c i p a l . d e T u r i s m o , — S a n t a ­r é m .

Page 3: PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

s i -3 -9 5 7 A PROVINCIA 3

A GE ND A ELEGANTE M O N T J O AGEUDA

UTILITÁRIAw s m

A n iv e r s á r i o sMARÇO

_No dia 16, a menina MariaAdília Traquina Resina completou10 anos, filha do nosso estimado assinante, sr. José António Resina.

_ N o dia 22, completou o seu9.° aniversário a menina Maria Helena Pascoal de Almeida Tava­res, filha do nosso prezado assi­nante sr. Américo Tavares.

— No dia 25, completou as suas20 risonhas primaveras a gentil menina Maria Gisela Traquina Re­sina, filha do nosso dedicado assi­nante, sr. José António Resina.

— No dia 26, completou o seu 22.“ aniversário a sr.a D. Maria Luísa Traquina Resina, filha do nosso dedicado assinante, sr. José António Resina.

— No dia 26, c o m p le to u o se u 37.* a n iv e r s á r io o sr. Francisco A n tó n io Rosa, pai d o n o s s o pre­zado a m ig o e a s s in a n te , sr. Manuel da Conceição Paiva.

— No dia 28, a menina Maria Beatriz dos Santos Marques, filha do nosso assinante, sr. Abel Fer­nandes Tobias Marques Júnior, completa 2 anos.

— No dia 29, a menina Maria João Baptista, residente em Faro, sobrinha do nosso dedicado assi­nante sr. José Victor.

— No dia 29, o menino Victor Manuel Vieira Lopes, filho do nosso dedicado assinante sr. L ú ­cio Lopes Júnior.

— No dia 30, o sr. Luciano Gou­veia, digno assinante do nosso jornal.

— No dia 30, completa o seu 2.* aniversário a menina Maria de Lourdes S. Jesus, uma das nossas mais novas assinantes.

ABRIL— No dia 4, o menino Rui A l­

berto Caria Peixoto, filho da nossa estimada assinante em Coimbra, sr.* D. Ana Caria Peixoto.

hMi hhmiih m n

S e m á g u a D E S A S T R E S

D E V I A Ç Ã Oe s e m lu z !Devido a avarias provocadas pe­

las trovoadas do dia 22, a vila es­teve privada de luz e água até as19 horas e meia de 23, causando prejuízos e transtornos à indús­tria local e aos moradores.

Com a intervenção imediata de brigadas da União Eléctrica, diri­gidas superiormente por engenhei­ros, tudo se restabeleceu <io dia seguinte ao acontecimento.

Houve certo pânico com a falta da água, pior do que a falta da lu z ; mas tudo passou e tudo voltou à normalidade.

E assim a Primavera vai fazendo das suas partidas, como se esti­véssemos em pleno inverno, deses­perando os humanos com estes contratem pos... e os poetas.

AGRADECIMENTOSInez de Jesus

Amândio José Carapinha e Lau- rinda de Jesus, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que se dignaram acompanhar à última morada, a sua chorada mãe.

Em especial, agradeço eu, Amân­dio José Carapinha, aos meus cole­gas columbófilos, srs. Benjamim Neves Silva, António Júlio Rocha, Reinaldo Martins, José Constantino Borges, Eduardo Sabino Terras, e seu filho.

Para todos, a nossa maior grati­dão.

No D o m in g o , 31, realiza-se nesta agremiação, pelas 21 horas e 30 minutos, uma grandiosa soirée denominada «Baile da Aíiss», a qual será abrilhantada pelo Con­junto Musical «Reis da Alegria*.

Haverá um prémio para a Miss que for eleita, tudo se preparando para uma bela noite de alegria e animação na popular colectivi­dade.

5 . F . l . ° d e D e z e m b r o

No dia 7 de Abril realiza-se no Salão de Festas da 1.® de Dezembro o «Baile da Pinha», que promete uma excelente e animadíssima noite aos asssistentes.

O Baile é abrilhantanto pela Orquestra «Os Cubanos», da vizi­nha vila da Moita do Ribatejo, o que é mais uma garantia da gran­diosidade do referido baile.

Concurso H O R A ftL IZA Ourivesaria e Relojoaria Con­

tramestre, na Praça 1.° de Maio, em Montijo, entregou esta semana, o prémio do seu habitual concurso, ao concorrente sr. Miguel da Silva, Bairro da Bela Vista, Montijo, porque tinha o cartão com a hora exacta:

6 h o r a s • 3 6 m in u t o s .Habilite-se também, leitor amigo.

Quem sabe se no próximo prémio, u relógio pára para o contemplar, neste CONCURSO HORA FELIZ?

Falta de espaçoPor absoluta falta de espaço não

publicamos hoje os «Factos His­tóricos», do nosso colaborador José Manuel Landeiro, e bem as­sim muito mais original, do que pedimos imensa desculpa.

Lídia de Jesus GonçalvesJúlio Gonçalves, «o Graxa», e

seus filhos, vêm por este ineio agradecer a todas as pessoas que de qualquer forma se interessaram pela sua doença e acompanharam à útima morada a sua chorada es­posa e mãe.

A todos, o maior reconhecimento.

Câmara Municipal de Montijo

No passado dia 25, pelas 9 horas, deu-se na rua Bulhão Pato, desta vila, um lamentável desastre, em que foram atropelados por uma camioneta, conduzida pelo seu ajudante (que não possuia carta), o sr. Etelvino Pereira Margalhau, de 53 anos, solteiro e residente na rua da Barrosa, e Maria Joaquina Martins, de 32 anos, solteira, resi­dente na rua Diogo Rodrigues, ambos de Montijo. Conduzidos imediatamente ao hospital subre­gional ali foram pensados de ur­gência pelo sr. Dr. Fausto Neiva, seguindo na ambulância dos Boru- beiros Voluntários para o banco do Hospital de S. José, em virtude do estado das vítimas ser gravís­simo.

A camioneta LL-22-74, perten­cente ao sr. Manuol António, resi­dente na rua Damaiceno Monteiro, em Lisboa, ficou com a frente do lado direito d a n ifica d a .a ju d a n te entregou-se às autoridades, e a Polícia de Viação e Transito tomou conta da ocorrência.

Continuamos a protestar contra a frequência destes desasfres. Desta vez as vítimas seguiam pelo «pas­seio» e nem mesmo assim esca­param !

E nece»sário e urgente que se tomem providências e que os res­ponsáveis por estes casos sejam severamente punido3, pois a vida humana não pode estar à mercê destes inconscientes e criminosos que não medem a gravidade dos acidentes que provocam.

No passado dia 20 do corrente pelas 22 hora», quando o menor de 2 anos António Joaquim Mar­tins Ferreira, natural de Lisboa e residente neita vila, atravessava por detrás dum carro a rua Gago Coutinho, foi atropelado por uma «vespa» conduzida pelo seu pro­prietário sr. Eusébio Anjos Peixi­nho, ocasionando-lhe terida insisa na região parietal.

Socorrido e tratado no hospital subregional da nossa terra, seguiu para sua casa.

A P. S. P. tomou conta da ocorrência.

Relataria da Gerência da 1956Recebemos este relatório da Ge­

rência da nossa Câmara no ano transato, a que devemos uma lata referência e análise.

Dada a complexidade dos pro­blemas ali tratados, vamos proce­der à sua leitura compassada e, compassadauiente também, iremos transmitindo aos nossos leitores o resultado da observação que fizer­mos.

Julgamos o documento da maior incportância para a vida municipal do nosso Concelho e para os seus habitantes; motivo porque lhe daremos a maior e possível publi­cidade.

Entretanto, desde já agradece­mos o exemplar enviado e a amá­vel referência feita ao nosso jornal a páginas 35.

I g r e j a E v a n g é l i c a

(Igreja Evangélica Presbiteriana, Rua Santos Oliveira, 4 — Montijo).

S E M A N A S A N T A Horário dos serviços religiosos

e respectivos prègadores:Domingo de R am os— A ’s 11

horas, Presb. Joaquim Silva; A’s 21 horas, Rev. Carlos Augusto de Vasconcelos.

4.a feira — A’s 21 horas, Rev. José Vasco dos Santos.

5 .a feira — A’s 21 horas, Rev. Dr. Michael P. Testa (Celebração da Santa Ceia do Senhor).

6 .a feira — A’s 21 horas, Sem. Domingo de Páscoa — A ’s 11

horas, o Pastor Roy Ilarper; A's21 horas, o Pastor (Profissão de Fé e Baptismo de Catecúmenos).

D o n a t i v o i m p o r t a n t e

A Sociedade Marítima de Trans­portes, L.da, ofereceu à Santa Casa da Misericórdia da nossa terra o donativo de 10.000100 es­cudos.

Nunca é demais enaltecer estes gestos que, pelo seu alto signifi­cado, tanto dignificam quem os pratica.

— Bem hajam 1 — à moda bei- roa.

A g r a d e c i m e n t o

A Comissão Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Montijo, reconhecida à Ex.m* SO- C I E D A D E M A R Í T I M A D E TRANSPO RTES, Lda., vem pu­blicamente expressar a sua grati­dão pelo valioso donativo de Esc. 10.000$00, que, como a exemplo dos anos anteriores, mais uma vez se dignou oferecer à nossa Miseri­córdia.

Agradecida .4 Comissão Administrativa

P ara fa to x b em fe ito s , e d e p u ra lã , aó na a lfa ia ta ­

r ia de

ffRNANDO LOURENÇOI. Uaqiiía de Alatidt MMII10

Aniversário de

« O P a lm e ira s »Têm decorrido com grande b ri­

lho as festividades comemorativas do 5.° aniversário deste Clube Montijense de Desportos.

No Domingo, 17, pelas 10 horas, realizou-se o encontro de futebol, no Campo Luís de Almeida F i­dalgo, entre associados, e pelas 21 o jantar de confraternização no Café Portugal. Tanto um como outro decorreram com a maior animação e alegria.

No sábado, 23, foi o «Baile do Aniversário» no mesmo Café, abri­lhantado pelo Conjunto Musical «José da Silva», do Barreiro, o qual constituiu também um notá­vel sucesso. Colaboraram nele o cantor Vaz de Carvalho e o pia­nista Jorge Manuel Rosado Peixi­nho, ambos de Montijo.

No próximo Domingo, 31, pelas17 horas, há ainda matinée dan­çante no mesmo Café, abrilhantada pelos «Reis da Alegria».

Muito gratos pelo convite que nos enviaram.

Vendem-se-B I C IC L E T A MOTORIZADA

CUCCIOLO, 3 velocidades.Em bom estado.Nesta redacção se informa.

— 2 PROPRIEDADES pegadas, no sítio das Cheiras, às Barreiras, uma denominada Vale das Cheiras e outra Serrado. Têm muito barro e servem para qualquer fábrica.

Aceita propostas: J. B. Figueirôa— R. Serpa Pinto, 9-2.°.

— MOTOR a gasolina, Banford,2 H. P., e bomba de correntes.

Informa neste jornal.

— MÁQUINAS DE COSTURA, desde 800$00, afiançadas por 10 anos. Rua da Cruz, 23 — Montijo.

Precisam-se— MARÇANO ou meio caixeiro,

com prática de mercearia. Casa Emídio Henriques — Montijo.

— RAPARIGA para escritório. Informa ria Avenida D. Nuno Al­vares Pereira, 20— Montijo.

— EMPREGADO de 13 a 15 anos, para mercearia e vinhos.

Nesta Redacção se informa.

L U T U O S A— Em Lisboa, na Avenida da

República, 54, faleceu no dia 25 do corrente a sr.a D. Maria de Je­sus Bento, de 69 anos, viuva, e sogra do nosso muito prezado assinante sr. Izidoro Sampaio de Oliveira, importante proprietário e comerciante em Montijo.

Apresentamos a toda a família de luto os nossos pêsames e envia­mos àquele nosso muito prezado assinante o cartão de condolências de «A Província».

farmácias de Serviço

5.*- fe ir a , 28 — Gi r a\ l de s6.* - fe ira , 29 — M o n t e p i o S& b ado, 3 0 — M o d e r n a Domingo, 31 — D i o g o

2.“ -feix ,a , 1 — G i r a l d e s3 .* - fe ir a , 2 — M o n t e p i o4.* - fe ir a , 3 — M o d e r n a

Faleceu no passado domingo, dia 24, na sua residência em Mon­tijo, o sr. José Gomes Pancão, de29 anos, viuvo, pescador, e naturai de Montijo.

O funeral realizou-se no dia se­guinte pelas 16,30 horas para o cemitério local, acompanhado de muitas pessoas amigas. Era pai do sr. José Gomes Pancão Júnior, e da sr.a D. Juvenália Gomes Pancão, nossa dedicada assinante.

«A Província» apresenta as suas condolências à família enlutada, e nomeadamente à sua assinante.

Boletim Religioso C u lto C a tó lico

MISSAS5.*-feira — às 9 e 9,30 horas.6.a-feira — às 8,30, 9 e 21 horas,

(Via Sacra).Sábado — às 9 e 11 horas. D om ingo— às 8, 9, 10, 11,30:

11,30 (Atalaia); 17,30(Via Sacra);18 (Montijo).

EspectáculosCINE P O P U L A R

5.a feira, 28; (13 anos) Um filme em Cinemascópio e Tecnicolor, com Fred Mac Murray e Dorothy Malone, «Ameaça de Morte»; em complemento, o extraordinário fil­me do famoso jogador de futebol, «Kubala», e ainda Revista Para­mount.

6.a feira, 29; (13 anos) Uma re­prise em Cinemascópio e Tecni­color, que não necessita propa­ganda, «Sete Noivas Para Sete Ir­mãos», e complementos curtos.

Sábado, 30; (6 anos) Um filme de Walt Disney, em Tecnicolor, com um prodigioso garoto de 10 anos, «Dedicação»; no programa, interessantes complementos.

Domingo, 31 ; (13 anos) Um fil­me em VistaVision e Tecnicolor, «O Rei Vagabundo», com o cantor Orestee Kathryn Gayson; em com­plemento, um filmè de Bob Hop, «O Filho do Valentão».

2.a feira, 1 de A b r il; (13 anos) Lm filme em Tecnicolor, com Ronald Reagan e Rhonda Fleming, «Oiro Verde»; em complemento, «Chamas ao Alvorecer», com Anne Baxter.

3.a feira, 2; (18 anos) O mais re­cente filme Mexicano, com Pedro Infante o cantor-cómico, «O Ino­cente», em complemento um filme com L ib e r t a d Lamarque, «A Louca».

4.a feira, 3; (18 anos) O filme que se conservou 6 semanas em 2 cinemas de Lisboa, «As Grandes Manobras», em Eastmancolor, rea­lizado por René Clair, com Michèle Morgan e Gerard Philipe; no pro­grama, complementos curtos.

CINEMA 1.° DE DEZEMRRO

5.a feira, 28; (Para 13 anos) o drama de aventuras e duelos, em tecnicolor «Duelo no Mississipi», e o filme de acção «Os Primeiros a Morrer», com Alan Ladd.

Sábado, 30; (Para 13 anos) a luta titânica de um homem para vingar a morte do seu irmão, «O Monte do Desespero», em Cinemascópio, com a intérprete de «Fúria de V i­ver». No programa, lindos comple­mentos.©Domingo, 31; (Para 13 anos) a cópia nova do melhor filme por­tuguês de todos os tempos, «Sol e Toiros». No programa, os lindos documentários p o r tu g u e s e s : A Obra da Fragata D. Fernando, Agueda — A Linda, e Figueira da Foz.

4.a feira, 3; (Para 18 anos) o maior êxito de gargalhada que acaba a sua estreia em Lisboa com4 semanas de lotações esgotadas no Politeama, «Cantinflas na R i­balta».

Telefones de urgênciaHospital, 026046

Serviços Médico Sociais, 026198 Bombeiros, 026048

Taxis, 026025 Ponte dos Vapores, 026425

Polícia, 026144

Page 4: PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

4. A PROVINCIA 28-3-957

■ d( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a )

Breve história de algumas envenenadoras célebres

( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a )s o n h a d o r e s , m e t a f í s i c o s , e s ­p i r i t u a l i s t a s e n ã o s e i q u e m a i s c o i s a s , e n c e r r a d o s n u m a t o r r e d e m a r f i m i n a c e s s í v e l p a r a e l e s , r a s t e i r i n h o s p a r t i ­d á r i o s d o t e r r a - a - t e r r a . E s e é c e r t o q u e a l g u n s s o b e m a b a r b a c ã s d e s o n h o i n c o n s i s ­t e n t e , s e m n a d a f a z e r e m , o u t r o s m u i t o s d e s c e m a s u b ­t e r r â n e o s d e p r o s a i s m ò , f o r ­t a l e z a s i n a c e s s í v e i s t a m b é m , i g u a l m e n t e s e m n a d a c o n s ­t r u í r e m , m a s u f a n o s d a s u a s u p e r i o r i d a d e e d a s u a l ó g i c a .

O u t r o r a , q u a n d o a l g u é m q u e r i a f a l a r o u e s c r e v e r p a r a 0 p ú b l i c o , e s t u d a v a m u i t o , c o m p i l a v a m u i t o s l i v r o s e a l ­f a r r á b i o s , a f i m d e b a s e a r a s s u a s a f i r m a t i v a s e m h o m e n s d e m a i s s a b e r . H o j e , q u a l ­q u e r m o ç o o u m o c i n h a r e c é m s a í d o d o s l i c e u s , f a z a s s u a s a f i r m a ç õ e s e m p ú b l i c o , s e m t e m o r d e c o n t r a d i ç ã o , e i n t i ­t u l a - s e d e s e g u i d o r d o t a l o u t a l i s m o , q u e l h e p a r e ç a m a i s c o n f o r m e à m o d a d o t e m p o . O r a 0 i n e g á v e l é q u e , e m b o a V e r d a d e , 0 h o m e m n a d a t e m n a m ã o , n ã o é d e t e n t o r d e n e n h u m c o n h e c i m e n t o i m u t á v e l e i n f a l í v e l e 0 m a i s p r u d e n t e e o m a i s l ó g i c o , d e p o i s d e m u i t o i n v e s t i g a r e d e m u i t o s a b e r , s ó p o d e r á c o n c l u i r c o m t i n o s e c o n ­f e s s a r , c o m o S ó c r a t e s a o e x p i r a r : « S ó s e i q u e n ã o s e i n a d a » !

P o r q u e e n t r e 0 i d e a l i s m o u t ó p i c o , à D . Q u i x o t e , e 0 e s p i r i t u a l i s m o r a c i o n a l e c o n ­c r e t o , h á t a n t a d i f e r e n ç a c o m o e n t r e u m o v o e u m e s ­p e t o . E e m b o a j u s t i ç a n ã o r e c u s a m o s m e r e c i m e n t o n e m a u m , n e m a o u t r o . D i s s e r a m a l g u n s h o m e n s d e s a b e d o r i a q u e n a d a e x i s t e t a m i n s i g n i ­f i c a n t e q u e n ã o p o s s u a a l ­g u m p r é s t i m o o u v a l o r , e m a i s d i s s o n o s C o n v e n c e m o s q u a n d o v e m o s q u e 0 p r ó p r i o i r r i s ó r i o D . Q u i x o t e s e r v i u p a r a q u e u m M i g u e l d e C e r - v a n t e s c o m p u s e s s e u m a o b r a p r i m a d a l i t e r a t u r a m u n d i a l , q u e c e l e b r o u e e n r i q u e c e u u m a n a c i o n a l i d a d e , e q u e n o s l e v a a p e n s a r q u e , e m ú l t i m a a n á l i s e , t u d o 0 q u e a p a r e c e n o m u n d o é p r e c i s o e t e m a s u a a p l i c a ç ã o e q u e , a f i n a l , t u d o c á s e e n c o n t r a m u i t o b e m e s à b i a m e n t e a r r u m a d i n h o . . .

O q u e n à o s e m e a f i g u r a l ó g i c o é q u e r e r s e p a r a r h o ­m e n s e g e r a ç õ e s p o r s i g n i ­f i c a d o s d e i s m o s , q u a n d o t u d o n o s a c o n s e l h a a p r e - c u r a r e a f o m e n t a r o s m e i o s d e u n i - l o s c a d a V e z m a i s , p o r q u e t u d o é b o m d e s d e q u e c a m i n h e p a r a u m o b j e c ­t i v o c o m u m , e m b o r a p o r e s ­t r a d a s d i f e r e n t e s . O f a c t o d e s e r m o s i d e a l i s t a s o u e s p i r i ­t u a l i s t a s , n ã o é r a z ã o p a r a q u e r e c u s e m v i r t u d e a o s n o s s o s a c t o s e p a l a v r a s e p a r a q u e e l e s n ã o r e p r e ­s e n t e m u m e x e m p l o d e j u s ­t i ç a e e q u i l í b r i o a s e g u i r . E m b o r a , e m m u i t a s c i r c u n s ­t â n c i a s , s e j a m a s i d e i a s q u e f a ç a m 0 h o m e m , n e m s e m p r e é p o r e l a s q u e p o d e m o s a v a l i á - l o . N ã o é 0 h á b i t o q u e f a z 0 m o n g e ! Q u a n t o s d e s ­

s e s q u e s e c h a m a m m a t e ­r i a l i s t a s s ã o m u i t o m a i s e s ­p i r i t u a l i s t a s d o q u e o s q u e s e d i z e m t a l ! E , n o e n t a n t o , t u d o c á v i v e , c á s e e n c o n t r a e c o l a b o r a p a r a a m e s m a f i n a l i d a d e . E e s s a f i n a l i d a d e é j u s t a m e n t e a f e l i c i d a d e d o h o m e m e d a c o l e c t i v i d a d e .

--------- Por --------Álsócia Fontes Machado

S e 0 s e r h u m a n o , n a s u a g e n e r a l i d a d e , c a r e c e d e c r e r e m q u a l q u e r c o i s a p a r a v i ­v e r e s e n t i r - s e e s t i m u l a d o p a r a t o d a s a s l u t a s q u e a v i d a i m p õ e , d e i x á - l o c r e r , s o n h a r , i d e a l i z a r , p e n s a r q u e v i v e p a r a a l g o s u p e r i o r a s i m e s m o , s e j a u m a i d e i a , u m s o n h o , u m a d o u t r i n a , u m a r e ­l i g i ã o o u u m i d e a l p o l í t i c o , s e i s s o 0 a n i m a a v i v e r . N à o q u e i r a m o s é c i n g i r t o d o s a u m , p e n s a n d o q u e t o d o s o s h o m e n s p o d e m e n c o n t r a r a f e l i c i d a d e n u m m e s m o o b j e c t o o u q u e o s o b j e c t o s d e f e l i c i d a d e p o d e m s e r f e i ­t o s e m s é r i e , p a r a t o d o s o s h o m e n s . N e m t o d a a f o r m a s e r v e p a r a 0 m e s m o p é e c a d a q u a l s e n t e a f e l i c i d a d e o u o s m e i o s q u e j u l g a c o n ­d u z i r e m p a r a e l a s e g u n d o a s s u a s r e a c ç õ e s p s í q u i c a s , e s ­t r e i t a m e n t e l i g a d a s à s u a f i ­s i o l o g i a e a o f u n c i o n a m e n t o d a s s u a s g l â n d u l a s e n d ó c r i - n a s . T e m o s q u e a p r e n d e r q u e 0 h o m e m n ã o é d e d e ­t e r m i n a d a m a n e i r a p o r q u e ­r e r o u n ã o q u e r e r . É c o n ­f o r m e t o d a a s u a e s t r u t u r a 0 c o n d i c i o n a ; e l e n ã o é m a i s d o q u e u m r e f l e x o p a l p á v e l , m a t e r i a l , d e m a n i f e s t a ç õ e s d o s e r i m a t e r i a l o u p s í q u i c o .

A V i d a s e m c r e n ç a . , a r e s ­v a l a r p a r a a d ú v i d a e p a r a a r e s e r v a c é p t i c a , n ã o p o d e c o n v i r a t o d o s o s t e m p e r a ­m e n t o s . S e u n s s e s e n t e m a s s i m n o s e u a m b i e n t e e s e c o m p r a z e m e m s a b e r q u e n ã o s ã o n a d a e e m c o n c e b e r e i n v e s t i g a r e s s e m e s m o « n a d a » . , o u t r o s , s e n t e m - s e d e ­s o r i e n t a d o s e s ó s e m t a l m e i o , c o n q u v u l t o 0 p r e f i r a m , e c a m i n h a m p e l a V i d a à s a p a l p a d e l a s d e s i l u d i d a s c o m o s e c a m i n h a s s e m v a s i o s n u m a s e n d a e s c u r a e s e m f i m . O n d e e s t á e l e ? p a r a o n d e a v a n ç a m ? E s s e s s ã o o s q u e d e s c r ê m d e t u d o e n e g a m p o r m é t o d o , s i s t e m a t i c a ­m e n t e , s e m b e m s a b e r e m p o r q u ê , s e m p r i n c í p i o s c i e n ­t í f i c o s o u f i l o s ó f i c o s , t a l v e z p o r i n t u i ç ã o , t a l v e z p o r n a ­t u r e z a .

D e p o i s , n e m t u d o é m a u a b s o l u t a m e n t e , n e m a b s o l u ­t a m e n t e b o m . E m t o d a s a s c o i s a s h á 0 q u e r q u e s e j 1 a p r o v e i t á v e l , q u e s e r v e p a r a e s t u d a r m o s e c o l h e r m o s u m a e x p e r i ê n c i a p a r a a v i d a . T u d o d e v e m o s c o n h e c e r , l e r e e s t u d a r , a p r e c i a r e j u l g a r , m a s c o m a r e s e r v a q u e n o s a c o n s e l h a 0 b o m s e n s o , q u a n d o r e c o n h e c e m o s a n o s s a f a l i b i l i d a d e e i m p o s s i ­b i l i d a d e d e a t i n g i r m o s 0 a b s o l u t o . E a i n d a d e p o i s d e l e r m o s e e s t u d a r m o s m u i t o ,

a i n d a d e p o i s d e c o n h e c e r m o s t u d o , 0 q u e c o m m a i s v e r ­d a d e p o d e m o s a f i r m a r é q u e n ã o s a b e m o s n a d a . O m i s t é r i o q u e p r e s i d e a t u d o q u e n o s r o d e i a é , p o r o r a , i n v i o l á v e l . N ã o a p o d e m o s d e m í s t i c o s e s s e s q u e 0 a f i r m a m , n e m d e m a t e r i a l i s t a s o s q u e 0 n e g a m . U n s e o u t r o s e x i s t e m p a r a 0 m e s m o f i m , p a r a 0 p r o g r e s s o d o s c o n h e c i m e n ­t o s h u m a n o s , m a s n e m u n s n e m o u t r o s p o d e m a c e r t a r e e x p l i c a r - s e a r a z ã o p o r q u e e x i s t e m .

E t o d o s e s t e s e m b a t e s d e i d e i a s e d e p r i n c í p i o s c o n ­t r a d i t ó r i o s p r o d u z e m - s e à v o l t a d u m m e s m o c e n t r o : d e v a s s a r u m s e g r e d o q u e a i n d a n ã o f o i , n e m n u n c a s e r á , t a l v e z , p e n e t r a d o . S a b e r p o r q u e v i v e m o s ' e p o r q u e m o r r e m o s . Q u i m e r a q u e 0 h o m e m p í h s e g u e h á s é c u l o s , c o m o 0 m e n i n o a m a r i p o s a f u g i d i a ! E , n o e n t a n t o , a r e ­s o l u ç ã o ( i o p r o b l e m a a p a i - x o n a n t e c i f r a - s e , s e 0 q u i ­s e r m o s , n e s t a f r a s e t ã o s i m ­p l e s , d f i C l a u d e B e r n a r d , 0 g r a n d e f i s i o l o g i s t a d o s é c u l o p a s s a d o , q u e t a m V a l i o s a s e s u r p r e e n d e n t e s r e v e l a ç õ e s t r o u x e a o m u n d o c i e n t í f i c o : * E ' i l u s ó r i o , q u i m é r i c o , c o n ­t r á r i o a o e s p í r i t o d a c i ê n c i a , p r o c u r a r u m a d e f i n i ç ã o a b s o ­l u t a d a v i d a . * E D a s t r e , o u ­t r o n o t á v e l f i s i o l o g i s t a f r a n ­c ê s d o s é c u l o X I X a s s i n a l a v a : « q u a n d o p e r g u n t a m o s à s e s ­c o l a s f i l o f ó f i c a s 0 q u e é a V i d a , u m a s m o s t r a m u m a r e t o r t a , o u t r a s u m a a l m a » .

N e m u n s , n e m o u t r o s , p o r ­t a n t o . E 0 h o m e m l ó g i c o p e r m a n e c e n a e x p e c t a t i v a .

n u m a p o s t u r a i n f i n d á v e l . E o s m a n d a d o s d e d e s c o n t o e p e n h o r a s u c e d e m - s e n u m t r o p e l a l u c i n a n t e . E o s e s t ó i ­c o s a u t o m ó v e i s , à l a i a d o s s á b i o s f i l ó s o f o s d a e x t i n t a u n i v e r s i d a d e d e C a c i l h a s , n ã o c o m p l e t a m a p a s s e a t a . R e t r o c e d e m . V ã o r e p o u s a r m a i s a l g u m t e m p o n o a g a - c h i s d o s s e u s v e n d i l h õ e s o u p r e s t a m i s t a s .

S e m f a l s e a r a v e r d a d e , p o d e r - s e - á a s s e v e r a r q u e t u d o i s t o é m e r a r e s u l t a n t e d o f r e n é t i c o e d i a b ó l i c o « r i t m o d o s é c u l o » , q u e t e n t a a v a s s a l a r u m m u n d o d e h a r ­m o n i a s s o n h a d o r a s , a o d e l i ­c i o s o t a n g e r d a s q u a i s o s n o s s o s a v o e n g o s b a m b o l e a ­v a m a s g â m b i a s n u m g i r o f l é i n o c e n t e .

S u p r i m e m - s e a s v a l s a s d o l e n t e s d e r e q u e b r o s e l e ­g a n t e s p e l o « R o c k a n d R o l l » i u c i f e r i n o , e m q u e o s b a i l õ e s e s p e r n e i a m n o s a r e s , e s c o i - c i n h a m 110 c h ã o , e n q u a n t o a s d a m a s e s g r o u v i n h a d a s , o r a s a l t a n d o o r a p u l a n d o c o m o d u e n d e s , s ã o a r r e m e s ­s a d a s a o s a r e s e d e p o i s s o ­b r a ç a d a s p e l o s a l u d i d o s b a i ­l õ e s c o m o m a r a f o n a s o u t í ­t e r e s d e f r a n g a l h o s .

I d ê n t i c o c r i t é r i o p r e t e n d e m a d o p t a r c e r t o s m e m b r o s n o ­c i v o s d a h o d i e r n a s o c i e d a d e

c o n t a v a , d e p o i s , à a u t o r i - • d a d e , q u e t e n d o 0 m a r i d o , l o g o a p ó s h a v e r s a í d o d e c a s a , v o l t a d o a q u e i x a r - s e d e q u e e s t a v a s e n t i n d o - s e m a l , e l a l e v o u - l h e à c a m a , o n c l e e l e s e d e i t a r a , u m a c h a v e n a d e c h á c o m . . . m a i s v e n e n o . E 0 p o b r e h o m e m , c o m o e r a d e e s p e r a r , m o r ­r e u .

Q u a n d o f o i m a n d a d a a p r e ­s e n t a r - s e à p o l í c i a c r i m i n a l , a e n v e n e n a d o r a t r a j a v a r i g o ­r o s o l u t o e t r a z i a n o d e d o o s d o i s a n é i s n u p c i a i s , i n d i ­c a d o r e s d a s u a v i u v e z . E r a u m a m u l h e r , a l é m d e t u d o , d e u m c i n i s m o a p a v o r a n t e , n ã o d i s s i m u l a n d o n a d a d a s s u a s a t i t u d e s ; p e l o c o n t r á ­r i o , e x i b i a - s e . C o n f u n d i a a q u e m p r e t e n d e s s e e s t u d a r - - l h e a m e n t a l i d a d e .

E e n q u a n t o n o B r a s i l a p o p u l a ç ã o s e h o r r o r i z a v a c o m 0 c r i m e d e e n v e n e n a m e n t o , a q u e n o s r e f e r i m o s , a p o ­p u l a ç ã o d e P a r i s e r a t a m b é m p r e s a d e e s p a n t o d i a n t e d o c r i m e d e V i o l e t t e N o z í è r e s , q u e h o u v e r a e n v e n e n a d o 0 p a i e t e n t a r a e n v e n e n a r a m ã e .

M a s p a s s e m o s a o d e s f i l e d a s e n v e n e n a d o r a s m a i s c é ­l e b r e s :

\ M A R Q U E S A D E B R I N - V 1 L L I E R S - M a r i a M a d a ­l e n a d ’ A u b r a y — , e n v e n e n o u 0 p a i , s e u s i r m ã o s e u m d o s s e u s f i l h o s . A s u a v i d a f o i u m c o m p l e t o t r a t a d o d e p s i - c o p a t o l o g i a . E r a u m a p a v o ­r o s a e t r e m e n d a a l m a f e m i ­n i n a , q u e s ó s e s e n t i a b e m a o r e v o l v e r - s e e m c r i m e s .

n o t o c a n t e à n o b r e z a d e s e n t i m e n t o s e i s e n ç ã o d e c a r á c t e r .

D e s r e s p e i t a - s e g r i t a n t e - m e n t e e s e m r e b u ç o 0 p u n ­d o n o r e a h o n r a — - a s a s i m a ­c u l a d a s q u e g u i n d a r a m o s n o s ­s o s m a i o r e s à i m o r t a l i d a d e . C a m i n h a - s e d e s e s p e r a d a ­m e n t e , a s s u s t a d o r a m e n t e p a r a 0 a b i s m o . E s p e z i n h a m - - s e c o n v e n i ê n c i a s e r e s p e i ­t o s s a g r a d o s . G a l g a m - s e , s e m p e j o o u m e l i n d r e , o s l i ­m i t e s d o j u s t o e r a z o á v e l . V u l n e r a - s e à s e s c â n c a r a s , d e s b r a g a d a m e n t e a i n t e g r i ­d a d e , a c o n s c i ê n c i a , a h o n ­r a d e z e o s s u p r e m o s d i r e i t o s h u m a n o s .

P a r a o b s t a r a e s t a u l t r a ­j a n t e a l m o e d a d a h o n r a , t o r ­n a - s e i m p e r i o s o e i n a d i á v e l q u e a v i d a d e c a d a i n d i v í ­d u o s e j a e s c r u p u l o s a m e n t e p a u t a d a p e l o i n e x o r á v e l f i e l d a s u a - b a l a n ç a e c o n ó m i c a .

T r a n s p o r a ó r b i t a d a s p o s ­s i b i l i d a d e s c o m e s p a v e n t o s e r e t u m b â n c i a s b a l o f a s é m e n t i r a n ó s p r ó p r i o s , é e d i ­f i c a r s o b r e a r e i a m o v e d i ç a c a s t e l o s h i p o t é t i c o s , é c a v a r a s e p u l t u r a d a d i g n i d a d e h u m a n a , é , e m s u m a , l e g a r a o s f i l h o s e s t r e m e c i d o s 0 l a b é u d a i g n o m í n i a , d a d e ­s o n r a e d a m a l d i ç ã o .

J o ã o P e r e i r a B a s fo s

S ã o d e m a d a m e d e S è v i g n é e s t e s c o m e n t á r i o s , n o s q u a i s e x p r i m a t o d o 0 s e u h o r r o r p o r e s s e m o n s t r u o s o e s p í r i t o f e m i n i n o d o s é c u l o X V I I : « O s m a i o r e s c r i m e s s ã o u m a n i n h a r i a c o m p a r a d o s c o m a a c ç ã o d e u m a p e s s o a q u e p a s s a o i t o m e s e s a m a t a r 0 p a i , a r e s p o n d e r a t o d a s a s s u a s c a r í c i a s e a t o d a s a s m e i g u i c e s , a p e n a s c o m u m a d o s e d u p l a d e v e n e n o » .

N u n c a , t a l v e z , c o m o n e s t e c a s o , 0 c u t e l o d o c a r r a s c o f o i m a i s j u s t i c e i r o — a o c o r ­t a r p a r a s e m p r e ( 1 6 . 7 . 1 6 7 9 ) a c a b e ç a l o u c a d e s t a v í b o r a i n c a r n a d a e m m u l h e r .

A M A D A M E L A C O S T E , e n v e n e n o u 0 m a r i d o .

A M A D A M E L A F A R G E — b a s t a n t e c é l e b r e — , e n v e ­n e n o u , t a m b é m , 0 m a r i d o . E r a u m a p a r i s i e n s e e l e g a n t e q u e s e c a s o u c o m u m p r o ­v i n c i a n o , u m p r o p r i e t á r i o r u ­r a l , d e h á b i t o s r u d e s — a m ­b o s , é c e r t o , i l u d i n d o - s e r e c i p r o c a m e n t e — , q u e f e r i u a i m a g i n a ç ã o d e m u i t a g e n t e e m s e u f a v o r . M a s o s j u r a ­d o s m o s t r a r a m - s e c é p t i c o s . M a d a m e L a f a r g e e s c a p o u à c o n d e n a ç ã o à m o r t e , c o m o t e v e a i n d a a p e n a c o m u t a d a p o r N a p o l e ã o I I I . J á l i v r e , m a d a m e L a f a r g e g o z o u d a e s t i m a d e u m s a c e r d o t e , q u e a o u v i a d e c o n f i s s ã o a t é q u e e l a m o r r e u e e l é l h e d e u u m t ú m u l o n o s m o n t e s P i r i n é u s , l i m i t e s e n t r e a F r a n ç a e a E s p a n h a , o q u a l s e t o r n o u u m a a t r a c ç ã o p a r a v i a j a n t e s c u r i o s o s .

N A N E T T E S C H O E N L E - B E N , f o i a u t o r a d e t r ê s c r i ­m e s l e v a d o s a c a b o , s e g u i ­d a m e n t e , e c i e v á r i a s t e n t a ­t i v a s .

A C O N D E S S A D ’ O R L A - M U N D E , e n v e n e n o u 0 p a i , a m ã e , 0 m a r i d o , 0 i r m ã o , e t c .

H É L È N E J É G A D O , m u ­l h e r f r a n c e s a , f o i a u t o r a d e 2 6 c r i m e s p o r e n v e n e n a ­m e n t o e 8 t e n t a t i v a s , o q u e l h e g a r a n t e l u g a r d e p r i ­m e i r o p l a n o n e s t a g a l e r i a . O c u p o u 0 l u g a r d e g o v e r ­n a n t a e m m u i t a s c a s a s d e f a m í l i a s , e i a e n v e n e n a n d o a s s u a s v í t i m a s a o m e s m o t e m p o q u e a s i a t r a t a n d o c o m e x t r e m o z e l o , a t é a o l e i t o d e m o r t e . E n t ã . 0 , c i n - g i n d o - s e b e m a o s e n t i d o d e u m a e x p r e s s ã o l í c i t a e u s u a l e n t r e a s p e s s o a s r e l i g i o s a s e d e v o t a s , « a j u d a v a - a s a m o r r e r » , r e c i t a n d o - l h e s o r a ­ç õ e s à c a b e c e i r a , f e c h a n d o - l h e s o s o l h o s , a p ó s 0 d e r r a ­d e i r o a l e n t o , c o m p o n d o 0 s e m b l a n t e d o c a d á v e r e p o n ­d o - l h e e u t r e a s m ã o s c r u z a ­d a s n o p e i t o , u m c r u c i f i x o ! F o i e x e c u t a d a e m 2 6 d e F e v e r e i r o d e 1 8 5 2 .

M A R I A J E A N N E R E T , f o i a u t o r a d e n o v e m o r t e s p o r e s t e m e s m o p r o c e s s o .

A s e n h o r a V A N D E R L l N , f o i a u t o r a d e 2 7 m o r t e s e 102 t e n t a t i v a s , a d m i n i s - t r a n d o a r s é n i c o .

(Continua n a p á g in a 7)

Rollin da Macedo

cA mania dfr «pó-pó»(C o n tin u a çã o da p r im e ira p á g in a )

Page 5: PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

2 8 -3 -9 5 7 A PROVINCIA 5

O M E U D I Á R I OExclusivo para «A Províncias

a c triz c in e m a to g rá fic a

J U a i i a ( D a l a t0 cominho de Modrid . . . c o m passagem pelo nosso Teatro Kac.

Naquela manhã de Outubro que despertara insípida, eu despertara também propensa ao remanso do «doce farnrente». Foi numa sexta feira 19, se bem me lembro. E mal ininha mãe me trouxera o correio, pus-me imediatamente a abri-lo, na ânsia compreensível de ler o que as minhas gentis admiradoras e admiradores me diziam de «Frei Luís de Sousa», mas as cartas desse dia insípido eram banais. Em ne­nhuma delas havia um daqueles incitamentos que calam bem no fundo da alma de um artista, que são como que o prémio do seu próprio esforço. Algumas felicita­ções, e no final o pedido de uma foto autografada. Porém, no meio de todas aquelas missivas uma houve que me chamou pat ticular- mente a atenção. No cabeçalho, bem legível, viam-se as iniciais, certamente bem conhecidas dos leitores: A P A , que significam Agência de Publicidade Artística. Nela. o seu Director, o sr. Fer­nando Leitão l'a>ia-me a proposta de eu ir actuar nos seus «passa­tempos» rádio-publicitários. Fiquei satisfeitíssima, e naquele mesmo dia compareci nos escritórios da referida Agência, onde assinei um contrato. Ficou assente que a mi­nha estreia nesses espectáculos, a realizar no Eden Teatro, teria lu­gar na quarta feira seguinte, dia 25, como de facto aconteceu. E quando uo meio desse espectáculo me encaminhei para o palco, para declamar alguns poemas que eu já havia estudado, levava comigo a sensação das tardes longínquas do Rádio Graça, em que eu, de piúgo e com palmo e meio de al­tura, recitava pequenas poesias.

Para estreia, digo-vos apenas que fui muito aplaudida, embora fosse ainda uma principiante na­quele género de espeetâaulo.

Entretanto, intercalado com os «passatempos» APA, eu continuava a minha colaboração nos Jogos Florais das Férias, e, na quarta feira, 8 de Novembro, parti para Santarém, para mais uma colabo­ração dessa jornada.

Desse dia inolvidável em que fui muito bem acolhida pelo cari­nhoso povo escalabitano, dir-vos- -ei que, tendo levado cento e cin­quenta fotografias minhas, crente de que me haviam de sobejar ainda muitas, não só não trouxe ne­nhuma, porque mas solicitaram todas, como ainda recolhi uma extensa nota de nomes e moradas de outros tantos admiradores a quem deveria enviar fotos minhas, autografadas.

E assim o tempo se ia passsando, partilhando-o com as actuações nos «passatempos» da A PA e com as minhas idas a terras da provín­cia, dando desta sorte a minha contribuição para os Jogos Florais das Férias.

No dia 20 de Novembro fui a Viveu e a outras terras que seria fastidioso enumerar aqui. Entre­tanto chega o fim do ano, que foi para mim o ano da realização dos meus sonhos mais doirados: es­treia no cinema e contacto com o público, na declamação. Que mais poderia Deus dar-me para sentir- -me ainda mais feliz ? E sem que­rer ser exigente, porque Deus só nos dá aquilo que por Sua justiça entende devemos ter, eu, agora, a eternamente sequiosa de tu d o quanto é arte, todas as noiles em minhas orações Lhe pedia o Tea­tro ; mas o autêntico, o verdadeiro, O teatro declamado que, em minha

.c o n s c iê n c ia tem consistência, aquele em que nós artistas vibra­mos, e em que o público vibra 'connosco-.

Deus ouviu-me, e o resultado da minhas preces não se fez espe­rar. Assim, na terça feira, 3 de Ja­neiro de 1951, recebi um telefo­nema da actriz Amélia Rey Colaço, para eu comparecer no Teatro Na­cional de D. Maria 11, para o pri­meiro ensaio.

Recordava-me agora, de facto que, quando das filmagens de «Frei Luís de Sousa», certo dia o

E s c r i lo p o r

Aníbal Anjosactor Raúl de Carvalho me apre­sentara a D. Amélia Rey Colaço que me perguntou se eu gostaria de actuar no Teatro Nacional, ao que lhe respondi afirmativamente, e intimamente cheia de contenta­mento. Como única promessa, a distinta actriz disse-me que, quan­do a ocasião se apresentasse, me chamaria. A promessa de Amélia Rey Colaço estava cum prida; as minhas orações tinham sido es­cutadas por Deus.

★ **

Foi na tarde de 3 de Janeiro que subi pela primeira vez a escadaria do Teatro Nacional. Se bem que já estivesse acostumada àquele Teatro, ao penetrar pela primeira vez na Casa de Gil Vicente, mas para trabalhar, senti que qualquer coisa de indizível revivia dentro de m im . Ao contemplar todos aqueles bustos de grandes intér­pretes da Arte de Talma, de outras épocas, compenetrei-me melhor da minha verdadeira situação e do passo em frente que aquele acon­tecimento parecia querer significar na minha carreira artística. Toda­via, convencida como estava de que ia reviver na cena o persona­gem de D. Maria de Noronha, para o público conhecedor do Teatro Nacional, confesso que sofri um pequeno choque quando me dis­tribuíram os papéis p a ra duas peças infantis: «Nau Catrineta», da escritora Aliçe Gomes, e a ver­são portuguesa de «A menina do capuchinho vermelho». Naquele mesmo d,ia fui apresentada aos artistas Álvaro Benamor e Sara Vale, e ao ensaiador Pedro Lemos.

Provida dos meus primeiros pa­péis, regressei a casa radiante, apesar de tudo, e dediquei-me ao seu estudo com afinco, como aliás já o fizera para «Frei Luís de Sousa», tanto mais que a estreia de «Nau Catrineta» devia realizar- -se, como aliás aconteceu, no dia 3 de Fevereiro seguinte, ou seja, exactamente um mês depois. Con­tudo, eu continuava simultânea- mente actuando nos «passatempos» APA e noutras festas para que era convidada.

Chegou finalmente a data da es­treia de «Nau Catrineta», e com ela a época do Carnaval. As lotações do Nacional esgotavam-se e sen­tia-me imensamente feliz por ver que o público delirava com o meu trabalho e o dos meus colegas. A breve trecho verifiquei que estes espectáculos, que inicialmente ti­nham sido dedicados às crianças, eram agora frequentados por adul­tos, por cavalheiros e senhoras idosas, respeitáveis, e esse facto enchia-me de certo orgulho íntimo. De qualquer forma, ambas as ppças retiraram do cartaz com lotações esgotadas, listávamos em fins d • Fevereiro. Surgiu o mês de Maiço e com ele as primeiras aragen> d;; Primavera. Os dias já maiore- mais claros convidavam a pas. j.u-

I N T E R E S S A À V I T I C U L T U R A

E A T O D A A L A V O U R A . . .

A A S U L F A - S U P R A

e posso dizer que esse mês o pas­sei na ociosidade despreocupada de umas férias naturais, justo e merecido prémio para quem, como eu, tanto tinha trabalhado.

Mas se o conhecido ditado ga­rante que, debaixo dos pés se le­vantam os trabalhos, também posso garantir que é susceptível de tra­zer-nos uma surpresa que poderá, por seu turno, converter-se numa alegria, — podemos lá saber — até na nossa maior felicidade. O dia 30 teve e sse condão, traduzido num simples postal que recebi das Produções Aníbal Contreira-í, no qual me era solicitado que passasse por aquele escritório, para assunto de meu interesse.

O afastamento em que eu vivia, havia cerca de um mês, das lides artísticas, fez renascer em mim a vontade de correr àquele chama­mento, no qual eu pressentia de novo a Arte. E nessa mesma tarde dirigi-me às Produções A n íb a l Contreiras, onde fui recebida por este cineasta português. Contrei­ras expõs-me o assunto que origi­nara o seu postal:

— Trata-se de uma película in­ternacional, produção de grande categoria, e é assunto de interesse quase geral. Acontece que, sendo eu o distribuidor da película para o nosso país, os cineastas espa­n hóis— porque a película vai ser feita em Espanha — pediram-me para contratar uma artista portu­guesa jovem, que irá trabalhar ao lado de uma grande actriz italiana. Aníbal Contreiras fez uma pausa, como que a concentrar ideias e ilepois prosseguiu: — Ora eu lem­brei-me de mandá-la c h a m a r . Evidentemente que não sou eu quem decidirá se é a Maria Dulce que desempenhar á o papel; con­tudo, preciso, para que eles resol­vam o assunto, de algumas fotos suas para enviar para Espanha.

Aníbal Contreiras não me reve­lou o título da película. E fiquei de lhe arranjar as fotos para o dia seguinte.

Se bem que eu não tivesse gran­des esperanças em entrar na pelí­cula, no dia seguinte de manhã meu pai dirigiu-se àquele escritó­rio a levar as fotografias necessá­rias, que seguiriam naquele mesmo dia para Madrid.

A pedido de Aníbal Contreiras guardámos segredo do caso, e sob o peso deste silêncio e das suas consequentes incertezas, os dias, as horas, os minutos e os segundos passaram, deixando-me a alma tor­turada. Entretanto, para enganar esta ansiedade sufocante que me confrangia a alma, continuava es­tudando e respondendo aos meus admiradores de quem continuava recebendo inúmeras cartas, cujo mrmero ia subindo num crescendo simultaneamente assustador pela quantidade, mas animador p e lo | estímulo que este correio ininter- " rupto me trazia.

O dia 10 de Abril despontou e com ele nova convocação p a r a comparecer nas Produções Aníbal Contreiras. Desta vez — disse-me o sr. Coutreiras — os espanhóis pedem alguns metros de película do «Frei Luís de Sousa» para me­lhor avaliarem do seu talento, das suas possibilidades, E o distribui­dor português acrescenta: — Como deve calcular, se bem que os pro­dutores espanhóis tenham gostado das suas fotografias, querem agora avaliar do seu talento, em facè da interpretação.

Em face desta exigência, meu pai correu esperançado à Lisboa Filme para que lhe cedessem uns metros da referida película; mas \oltou desolado ante a recusa da-

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r e fe r ir a o n o sso 2.° a n iv e r s á r io e n o s d ir ig ir e m a s su a s fe lic i­ta ç õ e s , o s n o sso s p reza d o s c o n fra d e s e c o le g a s ; «N otícias de É vora» , «Vida R ib atejan a» , «N oticias de F am alicão» , «Jor­n a l de S intra», «Ale arriba» , «Cidade de T om ar» , «N otícias d e G o u veia » , «A V oz do C a- lhabé», «N otícias do D ouro», «A R abeca», «A V oz d o Tejo», «O A lv o r» , «O D esp ertar» (de C o im b ra ), «A V o z da F igu eira» , «O S etu b a len se» , «G azeta do Sul», «O D esforço» , «G azeta d a s C ald as» , J o rn a l de San to T irso , Jorn al do F u n d ã o , O s T r a n s p o r te s de L isb oa, Jorn al de A lb e r g a ria , O Jo rn a l de Es- ta r r e ja , e a R e v i s t a a m ig a «R odoviária».

A to d o s, o» n o sso s p e n h o ­ra d o s a g ra d e cim e n to s .

—,D o S e c re ta ria d o N a cio n a l de In fo rm a ç ã o r e c e b e m o s o s e g u in te o f í c i o q u e m u/to a g r a d e c e m o s :

S e n h o r D irecto rdo Jorn al « A. P ro v in cia»MONTIJO

Em nom e do S en h or S e c re ­tá r io N a cio n a l, no m eu p ró ­p rio e d o co rp o r e d a c to ria l d esta R e p a r t i ç ã o , ten h o a h o n ra de fe lic ita r V. p e lo a n i­v e rs á r io do j o r n a l d a sua m u ito d ig n a d ire cç ã o , fa zen d o v o to s p e la s su a s p r o s p e r id a ­d es e lo n g a v id a a o s e r v iç o d o P aís.

A p r o v e ito o e n s e j o p a ra a p r e s e n ta r a V. os m eu s c u m ­p rim en to s.

O C h efe da R e p a rtiç ã o , .4. Tavares de Almeida

— Da B ib lio teca P ú b lic a M u­n ic ip a l «Pedro F ern a n d e s T o­m ás», da F ig u e ira da Foz, re­c eb em o s tam b ém o se g u in te

o fic io q u e m u ito nos d e s v a n e ­ceu e a g ra d e c e m o s :

S en h or D irecto rdo Jorn al «A P ro v ín cia»M ON TIJO

C om o m a io r p ra ze r v e n h o c u m p rim e n ta r V. na p a ssa g e m de m a is um a n iv e rs á r io de «A P ro v in cia» , de sua su p e rio r d ire cç ã o , to rn a n d o e x te n s iv a s a s m in h a s c o rd ia is fe lic ita ç õ e s a to d o s o s seu s d e d ic a d o s c o la b o ra d o re s .

Q ue «A P ro v ín cia» p r o s s ig a tr ilh a n d o o cam in h o r e c to e d efe n d en d o o s in te re sse s d essa fo rm o sa te rra e do P aís , q u a ­lid a d e s q u e d esd e o seu In ício d istin g u ira m o jo rn a l de V ., e q u e a sua v id a se p ro lo n g u e p o r la r g o s e p ró sp e ro s a n o s d e v id a , são o s m eu s s in ce ro s v o to s.

C ora v iv o s p ro te s to s da m a is e le v a d a c o n s id e ra ç ã o , ten h o a h o n ra de m e su b sc re v e r ,

De V.O D ire cto r da B ib lio te ca ,

António Vitor Guerra— D irig ira m -n o s a i n d a a s

su a s fe lic ita ç õ e s e p a la v r a s a m ig a s o s s e n h o r e s : R ib e iro N u n es, L u ís S eb a stiã o P e r e s , D r. Jorge d a C o sta A n tu n es, José A . P in to da C o sta , José F e r ­r e ira de P in h o , A n íb al A n jo s , M an u el G ira ld e s da S ilv a , e C a r lo s A u g u sto C am p o s R a ­m a lh o .

— M uito s e n s ib iliz a d o s p o r ta n ta s p r o v a s de estim a e de c a m a ra d a g e m , a to d o s e n v ia ­m o s ò a b ra ç o s in ce ro e fr a ­te rn a l da m a io r gra tid ã o .

Telefone 026 576

<J)ata btíai Cfcot&qiajflai

F o t o M o n t i j e n s e

quela firma produtora, em aceder ao meu pedido. Em vista disso Contreiras telefonou para Madrid contando o que se passava. Aguar­dei mais dez dias e no dia 23 de Abril fui filmar alguns planos aos Estúdios da Ulyssea Filmes, os quais seriam enviados a Madrid.

Vestida de saloia mimei algumas expressões diante da câmara cine­matográfica, q u e , impressas no celuloide, seguiram para Espanha. E só então se desvendou o misté­rio. ,A produção prevista era «La Senhora de Fátima» baseada no milagre da Cova da Iria, e a actriz italiana era Inês Orsini, a intérprete maravilhosa dé «Maria Goretti», do filme «O céu sobre o pântano».

Passaram quatro dias, após os

quais recebi a notícia de que seria contratada para actuar na película espanhola.

Na sexta feira 28 de Abril, ou seja, cerca de um mês após a data do convite para comparecer nos escritórios das Produções Aníbal Contreiras, assinei nesse próprio lugar o contrato para actuar em «La Senhora de Fátima» e confes­so-vos que foi esse talvez o m o­mento de maior emoção da minha vida. Naquele mesmo dia comecei os preparativos para a minha par­tida para Madrid.

A S E G U I R :- A Partida — Os Primeiros Contactos com a Espa­nha Prometedora.

Page 6: PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

6 A PROVINCIA 2 8 -3 -9 5 7

DESPORTOS teeppo 1 GuiràsÊ Ê t C a m p e o n a t o N a c i o -

( f - J i t e i r ú l - ^ ; inr s° à mia IC. | M.F a r e n s e , 2 -

Por motivo de saúde também não pude deslocar-me a Faro, para assistir a este encontro, o que bastante me penalizou.

Sim, porque nisto do futebol não há como assistir para se for­mar um juizo certo e seguro.

Desta minha falta, peço desculpa.O que poderei, portanto, dizerPela leitura das crónicas e crí­

ticas, não me oriento, pois vejo quase sempre «pouca observação», ou observação às avessas, ou con­tradições inexplicáveis, ou des- peitos...

Limitar-me-ei, neste caso, a al­gumas considerações acerca do resultado que considero infeliz.

Eu bem quereria que fosse outro, muito diferente; mas os factos são os factos, e contra eles nada nos é possível.

Resta-nos a esperança dos jogos «em casa».

Se esta falhar, resta-nos a espe­rança dum futuro melhor, com maior preparação, melhores árbi­tros, e também com melhor sorte.

Atravessamos uma crise. E in­dubitável.

Ela pode ainda modificar-se e talve;: resolver-se em bem.

0 >: alá.0 actual estado de coisas não

corresponde, de forma alguma, a quanto se passou de início.

Qnais as causas ?Eis o que é preciso profundar

para estudo e remédio.

M o n t i jo , OEm qualquer caso, porém, não

se deve assim mesmo desanimar (enquanto há vida, há esperança) e muito menos voltar as costas ao Clube.

Isto é que nao está certo, nem é desportivismo.

Até porque nesta altura é que se conhecem os verdadeiros ami­gos.

O Desportivo ficou em último lugar na classificação geral.

Pois nem mesmo assim me con­venço, por enquanto, da derrota finai.

Confia nos jogadores e em me­lhores tempos o

J o ã o d i c á

Resultados do passado Domingo

Torneio de ReservasM o n t i jo , 1 - B a r r e i r e n s e , 2

No próximo Domingo:

M o n t i jo - V i t ó r ia

Caipeonato de InfantisS e i x a l , 3 - M o n t i jo , 4

No próximo Domingo:

M o n t ijo - L u so

Sociedade Columbófila

de MontijoNo passado dia 24, pelas 16 h.,

comemorou o seu 7.° aniversário a simpática Sociedade Columbófila de Montijo.

Realizou-se uma sessão solene, a cuja abertura procedeu o sr. Eduardo Baeta, digno secretário da Direcção, acompanhado dos seus colegas de trabalho.

Depois, usaram da palavra os srs. José Estêvão de Carvalho, que representava o jornal «O Distrito de Setúbal», o sr. Acácio Dores, como convidado de honra, e por fim o sr. Caetano Gonçalves, digno p resid e n te da Columbofilia do Distrito de Setúbal, os quais enal­teceram o aniversário da Sociedade em festa e produziram considera­ções gerais sobre Desporto.

Fez-se a entrega dos prémios da campanha finda, que eram valio- síssimos, acompanhada de muitas palmas para os premiados, li de lamentar que não estivessem pre­sentes todos os associados, visto tratar-se do aniversário da Socie­dade, e até alguns dos sócios pre­miados.

Aqui fica o apelo p a ra que, quando comemorarem o 8.° ani­versário, se note a completa pre­sença da massa associativa, como é de toda a justiça.

«A Província», muito sensibili­zada pelo amável convite que lhe dirigiram, deseja a todos os colum- bófilos, e em especial à E x.ma Di­recção. m u ita s prosperidades e uma campanha repleta de êxitos.

Montijo deixou na nobre e eru­dita cidade «berço da nacionali­dade» as melhores recordações, pois embora derrotado por um razoável número de golos, não deixou nunca de ripostar com ga­lhardia, lutando até final do encon­tro, pelo que, acabado e s te , os adversários foram os primeiros a abraçar os jovens amadores du Clube da nossa terra.

Em boa verdade foi uma viagem de boa propaganda para Montijo, em que o peso do desaire despor­tivo não chegou para empanar o brilho das atenções e deferências recebidas pelos componentes da comitiva montijense.

A chegada, no sábado às 19 ho­ras, foram recebidos na Sede do Vitória Sport Clube, com a pre­sença dos Corpos Gerentes, fute­bolistas e muito público que, por completo, enchia o salão.

Usaram da palavra o senhor Presidente da Direcção do Vitória, o Presidente da Mesa da Assem­bleia Geral do C. D. M. e, final­mente, o Sr. Dr. J o r g e da Costa Antunes, montijense ilustre e dedicado amigo da sua terra.

Finda a s e s s ã o retirou-se a comitiva do C. D. M. para Vizela, onde ficaram instalados os fute­bolistas, voltando a Guimarães apenas os dirigentes do Clube e alguns amigos para asiistirem à recepção que o Sr. Dr. Jorge An­tunes oferecia às gentes da sua terra.

Estiveram presentes dirigentes do Vitória, dirigentes do Montijo, representantes da A. F. Setúbal,

representantes da Imprensa e pes: soas amigas do dono da casa, assim como seus gentis filhos.

O Sr. Dr. Jorge Antunes fez oferta ao C. D. M. de uma linda salva de prata e uma valiosa fita de seda, objectos entregues pela pequenita Alicinha.

Proferiu, também, uma saudação que, tal como os discursos profe­ridos na Sede do Vitória e os agra­decimentos que se lhe seguiram, ficaram gravados, numa bobine que no final da simpática festa foi entregue ao chefe da caravana de Montijo.

Viagem inesquecível para todos os que tiveram oportunidade de estar presentes e sentiram o muito amor que o Sr. Dr. CosU Antunes nutre por Montijo e pelas suas actividades.

Jornada de propaganda da nossa terra em que a hospitalidade e o carinho dos desportistas monti­jenses prodigalizaram para q u e não sentíssemos o ambiente es­tranho o n d e nos deslocávamos pela primeira vez, para disputar um encontro de futebol.

Montijo ficou em dívida com a linda cidade minhota, pois tem obrigação de receber Guimarães com o coração nas mãos e o calor que o Sol ribatejano empreita<ao entusiasmo das nossas Festas.

E s ta n ú m e r o d e « A P r e *

v in c la » fo i v is a d o p e la

C E N S U R A

S o c i e d a d e E l e c t r i f i c a d o r a T e j o , L d a .

R u a A lm ir a n te C â n d id o d o s Reis, 18 T e le fo n e 0 2 6 0 Ô 4 - M O N T I J O

M O T O R E SE L É C T R I C O S

#

G r u p o s - E l e c t r o B o m b a s

M O T O B O M B A S

A U T O M Á T I C O S#

B A T E R I A S•

T U D O P A R A E L E C T R I C I D A D E

Posto de transformação aérea rural, montado pelo pessoal técnico da SETEL, na propriedade do Ex.rao Sr. António Rodrigues Tavares Júnior, em Vasa

Barrachas.

g e n s e r e p a r a ç õ e s e m

A l t a e b a i x a

t e n s ã o -■ ■ - - - = ■ ———

E fe c tu a m -s e to d o s o s

tra b a lh o s p o r o rç a ­m e n to o u c o n tra to 1

E n c a r r e g a r s e d e t o d a s a s m o n t a -

Page 7: PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

2 8 - 3 - 9 5 7 A P R O V I N C I A

d o M t n k o a o G u a d i a n aBejaO C e n t e n á r i o d o n a s c i m e n t o

d e F i a l h o d e A l m e i d a v a i

s e r f e s t i v a m e n t e c o m e ­

m o r a d o

P o r i n i c i a t i v a d o j o r n a l i s t a b e j e n s e C â n d i d o M a r r e c a s , v a i s e r c o m e m o r a d o n e s t a c i d a d e , c o m g r a n d e p o m p a , o c e n t e n á r i o d o n a s c i m e n t o d o c o n s a g r a d o e s c r i t o r s u l - - a l e n t e j a n o F i a l h o d e A l ­m e i d a , q u e à l i t e r a t u r a p o r ­t u g u e s a l e g o u v a l i o s a o b r a s o b r e a p r o v í n c i a q u e l h e f o i b e r ç o .

A c o m i s s ã o e x e c u t i v a d a s c o m e m o r a ç õ e s j á o r g a n i z a d a , e q u e t e r á o p a t r o c í n i o d o G o v e r n o C i v i l d o d i s t r i t o e d o u t r a s e n t i d a d e s o f i c i a i s , e l a b o r o u o p r o g r a m a p a r a o d i a 7 d e M a i o , d a t a d o n a s c i m e n t o d o a u t o r d o « P a í s d a s U v a s » e d o s « G a ­t o s » .

N e s s e d i a r e a l i z a r - s e - á u m a r o m a g e m à c a s a o n d e F i a l h o n a s c e u e n a q u a l j á s e e n c o n t r a u m a l á p i d e c o m e m o r a t i v a . P o r i n i c i a t i v a d o p r e s i d e n t e d a C â m a r a d e V i d i g u e i r a , s e r á c o l o c a d a j u n t o d a p o r t a d e e n t r a d a o u t r a l á p i d e , a p e r p e t u a r a s c o m e m o r a ç õ e s d o s e u 1 C e n ­t e n á r i o .

S e r á , d e p o i s , v i s i t a d o o b u s t o q u e u m g r u p o d e a d m i r a d o r e s d o e s c r i t o r e r i ­gi u e m 1 9 2 6 , e m f r e n t e d a e s c o l a q u e t e m o s e u n o m e , t a m b é m e m V i l a d e F r a d e s . D e p o i s , a c o m i t i v a e n c a m i - n h a r - s e - á p a r a C u b a , v i s i ­t a n d o n a r u a J o ã o V a z a c a s a o n d e F i a l h o d e A l m e i d a m o r r e u , s e n d o a l i d e s c e r r a d a u m a l á p i d e e v o c a t i v a p o r r e s o l u ç ã o d a C â m a r a d a q u e l a v i l a .

S e g u i r - s e - á u m a r o m a g e m a o t ú m u l o d o e s c r i t o r , n o c e m i t é r i o d e C u b a , e n e s t a c i d a d e , n u m a d a s s a l a s d o s P a ç o s d o C o n c e l h o , s e r á , d e t a r d e , i n a u g u r a d a u m a g r a n d e e x p o s i ç ã o s o b r e a o b r a e f i ­g u r a d e F i a l h o . À n o i t e , n o s a l ã o n o b r e d o m e s m o e d i ­f í c i o , e f e c t u a r - s e - á u m a s e s ­s ã o s o l e n e , u s a n d o d a p a l a ­v r a a s r . a D r . a D . C l e m e n ­t i n a F e r r e i r a d e S o u s a , ' p r o ­f e s s o r a d o L i c e u D . J o ã o d e C a s t r o ( L i s b o a ) e o s r . D r . J a c i n t o d o P r a d o C o e l h o , p r o f e s s o r d a U n i v e r s i d a d e d e L i s b o a .

É d e e s p e r a r , p o i s , q u e t e n h a m u m i n v u l g a r b r i l h o a s f e s t i v i d a d e s a n u n c i a d a s p a r a r e l e m b r a r e h o m e n a ­g e a r o e s c r i t o r q u e m e l h o r s o u b e a t é a g o r a f a l a r d a t ã o e s q u e c i d a « p l a n í c i e h e r ó i c a » .~ ( C . )

Vila franca de XiraC o n f e r ê n c i a L i t e r á r i a

O P r o f e s s o r D o u t o r V i t o ­r i n o N e m é s i o , D i r e c t o r d a F a c u l d a d e d e L e t r a s d e L i s ­b o a e u m d o s m a i o r e s v a l o ­r e s d a g e r a ç ã o a c t u a l , r e a ­l i z a , n o s a l ã o n o b r e d o s P a ç o s d o C o n c e l h o d e V i l a F r a n c a d e X i r a , n o d i a 2 9 d o c o r r e n t e , à s 2 1 , 3 0 h o r a s , u m a c o n f e r ê n c i a s u b o r d i n a d a a o t e m a « F i a l h o e a s r i b a s d o T e j o » , i n t e g r a d a n o p r o ­g r a m a c o m e m o r a t i v o d o X a n i v e r s á r i o d a B i b l i o t e c a - - M u s e u M u n i c i p a l d a q u e l a v i l a .

A e n t r a d a é p ú b l i c a .

E s te n ú m e r o d e « A P r o ­

v ín c ia » fo i v is a d o p e la

C E N S U R A

ístremozO r f e ã o T o m á s A l c a i d e

N a n o i t e d e 1 8 d o c o r ­r e n t e , n o S a l ã o N o b r e d a C â m a r a M u n i c i p a l , d e s t a c i ­d a d e , o O r f e ã o T o m á s A l ­c a i d e , c a n t o u p a r a a B r i g a d a T é c n i c a d o s S e r v i ç o s E x t e ­r i o r e s d a E m i s s o r a N a c i o n a l .

F o r a m g r a v a d o s s e i s n ú ­m e r o s d o s e u V a s t o r e p o r t ó - r i o q u e , s o b a r e g ê n c i a d o d i s t i n t o m a e s t r o A d e l i n o C a b e c i n h a , t i v e r a m u m a a u ­d i ç ã o p r i m o r o s a .

T e r m i n a d o s o s s e r v i ç o s d e g r a v a ç ã o , r e a l i z o u - s e n o R e s t a u r a n t e A l e n t e j a n o u m a c e i a d e c o n f r a t e r n i z a ç ã o , a s s i s t i n d o à m e s m a o s d i r e c ­

t o r e s d o O r f e ã o e o s e u m a e s t r o .

B a t a l h a d a s F l o r e s

C o m o j á a q u i a n u n c i á m o s , e s t á m a r c a d a p a r a o p r ó x i m o d i a 2 1 d e A b r i l a B a t a l h a d a s F l o r e s , q u e s e c o n s i d e r a u m c o m p l e m e n t o d a s f e s t a s C a r n a v a l e s c a s .

A C o m i s s ã o O r g a n i z a d o r a t r a b a l h a i n c e s s a n t e m e n t e p a r a q u e e s t a f e s t a t e n h a o m a i o r b r i l h a n t i s m o .

F o m o s i n f o r m a d o s d e q u e a c o l a b o r a ç ã o p a r t i c a l a r é j á m u i t o i m p o r t a n t e , n o q u e d i z r e s p e i t o a c a r r o s a r t i s t i c a ­m e n t e o r n a m e n t a d o s , f a ­z e n d o t a m b é m p a r t e d o c o r ­t e j o g r u p o s F o l c l ó r i c o s e M u s i c a i s . — ( C ) .

E V O C A Ç Ã O(Continuação da última pág.)

mais comovidas e mais electrizan- tes da sua história 1

Sobre a memória do Coman­dante Sacadura Cabral, desfolhe­mos as pétalas da saudade e da eterna adm iração!

Sobre a figura inconfundível do Almirante Cago Coutinho lance­mos as bênçãos sinceras de toda a alnia portuguesa!

Obras de Alvaro Valente— «Eu», livro de sonetos,

esgotado; «D aqui.. .fala R i­batejo», contos monográficos, 30 escudos; «Pedaços deste Ribatejo», folclore e costumes, 30 escudos; «A minha visita ao museu de S. Miguel de Ceide», folheto, 5 escudos; «Hino a Almada», em verso, 10 escudos; «Grades Eternas», estudos sociais, 15 escudos; «Vidas Trágicas», romance, 15 escudos; «Viagem de Maravi­lhas», reportagem, 20 escudos.

Pedidos à Redacção de «A Província».

B R E V E H I S T Ó R I A D E A L G U M A S

E N V E N E N A D O R A S C É L E B R E S( C o n t i n u a ç ã o d a p á g i n a q u a t r o )

M A R I E B E S N A R D , a e n - v e r i e n a d o r a c u j o s c r i m e s t a n t o a b a l a r a m a F r a n ç a a c t u a l , m u l h e r d e f i s i o n o m i a i n o c e n t e e d e « g r a n d e s o l h o s n e g r o s e c â n d i d o s » , c o m o d i z i a m a s r e l i g i o s a s d o S a - c r é C o e u r q u e a e d u c a r a m , c o n q u i s t o u p e l a s s u a s t e r r í ­v e i s f a ç a n h a s o c o g n o m e d e « B r i n v i i l i e r s d e L o u d u n » . F o i a m a i s c é l e b r e e n v e n e n a d o r a d o s é c u l o X X . O s p e r i t o s c o n f i r m a r a m 1 2 d o s 1 7 h o m i ­c í d i o s q u e l h e s ã o a t r i b u í d o s e c o m u m a a r m a ú n i c a : o a r s é n i c o . N a q u e l e n ú m e r o e s t ã o i n c l u i d o s s e u s p a i s e m a r i d o .

E a l i s t a s e r i a m a i o r s e n ã o f o s s e o e s p a ç o q u e i s s o o c u p a r i a .

V e r i f i c a - s e q u e r a r a é a e n v e n e n a d o r a q u e n ã o é r e i n c i d e n t e . E a f r i e z a c o m q u e p r o c e d e m é n o t á v e l e c a r a c t e r í s t i c a . A i n s e n s i b i l i ­d a d e d a s e n v e n e n a d o r a s r e ­s i s t e a t o d a s a s p r o v a s .

E m m u i t o s c a s o s , à ’ p r o ­p o r ç ã o q u e u m a e n v e n e n a ­d o r a v a i a d m i n i s t r a n d o d o s e s p e q u e n a s o u c a l c u l a d a s d e v e n e n o à s u a v í t i m a , v a i s i - m u l t â n e a m e n t e c e r c a n d o - a d e c u i d a d o s e m q u e s e r i a d i f í c i l n ã o v e r s e n ã o e x p a n ­s õ e s d e p u r o a f e c t o e d e b o n d a d e .

O q u e é s i n g u l a r n e s t e s c r i m e s p o r e n v e n e n a m e n t o , p r a t i c a d o s l e n t a m e n t e p e l o p r o c e s s o d e p e q u e n a s d o s e s , é q u e a v e n e n o t e m s i d o

s e m p r e o a r s é n i c o . E p o r m a i s q u e s e t e n h a m a p e r f e i ­ç o a d o o s p r o c e s s o s d e m o r t e , d e q u e p o d e m v a l e r - - s e o s a s s a s s i n o s , c o m o f i ­c o u d i t o n o p r i n c í p i o d e s t e d e s t e a r t i g o , o p r o c e s s o d o a r s é n i c o a i n d a n ã o s a i u d e m o d a .

E m c o n c l u s ã o : a s e n v e n e ­n a d o r a s s ã o , à s v e z e s , v í ­t i m a s d e u m a d e c e p ç ã o f í ­s i c a , q u a s e s e m p r e o u t a l ­v e z s e m p r e m u i t o í n t i m a — d e c e p ç ã o q u e a s h u m i l h a e d e q u e p è r f i d a m e n t e s e v i n ­g a m n o s o u t r o s , c o n t r a o s q u a i s o d e m ó n i o d a i n v e j a a s i m p e l e c o m m ã o a r t e i r a e s u b t i l - . .

R o l l i n d e M a c e d o

N.° 49 Folhetim de «A Provínci» 28-3-957

f f f ld e ia d o ff ív e s s oé P o z c Á l v a r o b a t e n t e

H o j e , s r . E n g e n h e i r o , é u m a d e s g r a ç a !— O q u e q u e r e m , é c a s a r , c a s a r , c a s a r . . . N ã o p e n s a m n o i t r a c o i s a !

| S ó p e n s a m n o « q u a r t o d o t o r n o » !C a s a m , e a g o r a o v e r e i s N ã o s a b e m d a r o r d e m a o c a s e b r e , n â o s a b e m

[ da r o r d e m à v i d a . S ó s a b e m p ô r l a ç a r o t e s e b o r r a r o s b e i ç o s ! P r a t u d o v ã o p v i z i n h a d o l a d o p r è g u n t a r c o m o s e f a z e c o m o s e f a z e c o m o s e n ã o f a z !

E c h e g a o h o m e m a c a s a e n ã o t e m a a ç o r d a , n e m o s c a r o l o s , n e m a s m i ­p s a o l u m e . . . m a s t e m o c h ã o p o r v a r r e r , a c a m a p o r c o m p o r , a s c a ç o i - | a s e a s p a d e l a s c a d a u m a p r a s e u l a d o , t u d o n u m d e s a l v o r o e n u m a d e s o r - j d e m q u e o h o m e m a t é s e a r r e p i a ! P u d e r a ! C o r r e u t o d a a m a n h ã a « d a r a o I P e n a c h o » p i a s e s q u i n a s e « c a v a q u e i r a s » . . .

D e p o i s , v ê m o s f i l h o s . . . T u d o c a d a v e z a p i o r ! E l a s s a b e m l á t r a t a r c a t r a i o s . . . A u m e n t a a p o r c a r i a , a u m e n t a o d e s a r r a n j o , a u m e n t a a m i -

lsèr i a . P o i s n e m s a b e m , s e q u e r , a c o n a p a r o s c a l ç o t e s d o s m i u d o s !O h o m e m d á e m v i r « e s q u i n a d o » t o d o s o s s á b a d o s à n o i t e ; e q u a r i d o

ts q u e r , — ’ s t á - l h e o c o r p o a c o m i c h a r ! — e s c o v a o p ó d o s c a s a c o s à f l u l h e r e a o s f i l h o s q u e v a i t u d o n a s h o r a s !

— Q u e b o n i t o , a n , s r . E n g e n h e i r o ? Q u e r a c a s a i d a q u i , q u e l i n d a m o - ci dão !

A s s i m q u e t ê m t r ê s o u q u a t r o a n o s , j á o s c a c h o p o s a n d a m d e s ú c i a n o P o n t a p é à b o l a d e t r a p o s . E m a i s a o d i a n t e a t é f a l a m i n g l e s a d a s e d i s c u t e m N s a s d o m u n d o q u e é d a g e n t e s e b e n z e r ! D e p o i s , v á t a m b é m d e s u c i a r F n' a s m a l t a s . F u m a m a o n o v e a n o s , p i l h a m q u a n t o p o d e m , p a s s a m n a s F a v e s s a s » t o d o o s a n t o d i a , n ã o t r a b a l h a m e v i v e m p i a s t . i s c . i s , e i n d a s

b e m n ã o b e r r e g a m e z u p a m u n s n o s o i t r o s q u e s e d e s u n h a m ! E s ã o n o i t a ­d a s , b a i l a r i c o s a t é d e m a n h ã , q u a r t i l h o s e m a i s q u a r t i l h o s e n ã o t a r d a m u i t o q u e n â o t r a g a m « q u e i x a s » n o p e i t o , t o s s e z i n h a s d e c ã o , c o r e s d e l i m ã o m a ­d u r o , e v á d e i n j e c ç õ e s p r a r i b a d e l e s !

N o m e u t e m p o , n o n o s s o t e m p o a n t i g o , o s r a p a z e s - c o m e ç a v a m a g a ­n h a r a v i d a e o s c a l o s p o r e s s a i d a d e , a j u d a v a m o s p a i s a t é « a s s o r t e s » , e p e n s a v a m n o d i a d e a m a n h ã . L o g o a s e g u i r d o s o l s e p ô r , e r a c e i a e c a m a , p r a n a m a n h ã z i n h a s e g u i n t e s e l e v a n t a r e m f r e s c o s e i r e m a o a m a n h o d a s c o i r e l a s . O s n a m o r o s p r i n c i p i a v a m a o s d e z o i t o e v i n t e , e t o d o o s e n t i d o e r a c a s a r e m « a o s p o i s » , q u a n d o v o l t a v a m d a v i d a m i l i t a r . E r a m f o r r e t a s , j u n t a v a m t o d o s o s v i n t é n s q u e p o d i a m , e s ó p e n s a v a m n a c a s i t a d o f i t u r o e n o s t r ê s p a l m o s d e t e r r a p r a c a v a r . A o d i a n t e , v i n h a m o s c a t r a i o s ; e c a d a u m q u e c h e g a v a , n o v a s a l e g r i a s , m a i s l u z n a c a s i t a e n o s o l h o s d o s p a i s e d o s a v ó s .

E r a u m a v i d a s i m p l e s , s e m p r e i g u a l ; m a s n ã o h a v i a v e r g o n h a s , t u d o v i v i a f e l i z .

— A g o r a , v e j a o s r . E n g e n h e i r o o q u e p o r a í v a i !I s t o j á n â o i a b e m c o m o d a n t e s , d e h á t r i n t a a n o s a e s t a p a r t e . A n o ­

j e i r a d a s c i d a d e s j á s e e s p a l h a r a b a s t a n t e p e l a s v i l a s e a l d e i a s , e c o m e ç a ­r a m a a p a r e c e r p o r c á m u i t a s c o i s a s q u e n u n c a s e t i n h a m v i s t o : o s t a i s s a ­p a t o s d e t e r c e i r o a n d a r e s ò t ã o , o s « b e r l i q u e s » d e m a s s a d o s b o t õ e s , a s m e i a s d e l u s t r o , o s v e s t i d o s c o m s a i a s p r a r i b a d o s j o e l h o s e r a s g a d o s n o p e i t o q u a s e a t é o u m b i g o , a s « p r e m a n e n t e s » o u q u e r a i o l h e s c h a m a m , p r a e m p a s t a r o s c a b e l o s e o s t r a z e r à s e s c a d i n h a s , e a t é u n s c a n u d o s c o m d r o g a s p r a d a r c ô r n a s v e n t a s e n a s b o c h e c h a s , p r a r i s c a r o s o l h o s e f a z ê - l o s m a i s f u n d o s !

— I s t o , e l a s ; a g o r a e l e s :— - C a d e i a s n o s p u l s o s p r a s a b e r e m a s h o r a s ( d a n t e s e r a o r e l ó g i o d a

i g r e j a e o s o l q u e a s d i z i a m ) , c a l ç a d o d e l u x o , — v i v a o l u x o ! — c h a p é u s d e p e n a e d e t o m b a a o l a d o , f a t o s à m o d a , c o m c i n t u r a s e t a l , b i g o d e s r a ­p a d o s e c h e i r e t e s n a c a b e ç a , e v e s t e m c o l e t e s - . . a t é v ã o t r a b a l h a r d e c o l e ­t e s ! A l g u n s , u s a m t a m b é m l u v a s ! L u v a s , s r . E n g e n h e i r o ! J á v i u m a i o r p o u c a - v e r g o n h a ?

( C O N T I N U A )

Page 8: PORTUGAL PITORESCO - Câmara Municipal do Montijo

A PROVINCIA 28 3-957

radas, os abraços dos amigos, 0 «bonne-chance», dos jornalistas.

— «Façam favar de não me tra­tar mal» — diz-nos, quase a sorrir, com uma pontinha de censura rebuçada na sua fidalga gentileza.

As 6,30 da manhã, o major ge­neral da armada apeia-se do auto- móvel, mesmo em frente do hi­droavião. O comandante Sacadura Cabral prepara se para entrar no aparelho. O a lm ir a n te abraça comovidamente o aviador. É 0 abraço oficial, que o sr. Ministro da Marinha não lhe veio trazer ainda e que depois não lhe deu, porque chegou tarde.

O tenente sr. Azevedo e Silva lè-lhe o último telegrama com as in fo r m a ç õ e s meteorológicas. O aviador mostra-se satisfeito, recti­fica até a direcção do vento e vai distribuindo os últimos abraços.

O capitão-tenente sr. Taborda demora mais o seu abraço, disse mesmo que queria dar-lhe ura abraço bem puxado.

Agora já a luz do foco começa a amortecer, sob o clarão aurorea! que se levanta do Oriente. O céu está todo esfarrapado de nuvens, algumas pesadas e negras, outras a desfazer-se em fumo amarelado.

O Sol espreita a custo por cima de uma negra sebe de névoa. Aproxima-se o momento da par­tida. A multidão, comovida, des­loca-se silenciosamente, alastrando para a extremidade do molhe, onde os fotógrafos e operadores cinematográficos assestam as suas máquinas. Um «gasolina» gira fe­brilmente na doca, cheio de espec­tadores, e entre eles o tenente aviador sr. Loureiro que deve tri­pular o pequeno avião n.® 6, para fazer a guarda de honra ao «Fai­rey» até fora da barra.

A hélice agora gira com mais força. Liberto a pouco e pouco pelo grosso cabo da zona, o hi­droavião vai descendo suavemente o plano inclinado, até afundar os seus enormes sapatos de palmí­pede nas águas serenas da doca.

A pequena distância, próximo da saída para o rio, ronca forte­mente o motor do avião n.° 6. A multidão desloca-se para a mar­gem, vai vê-lo levantar-se e partir. Depois reflue para junto do grande «Fairey», cujas asas palpitam leve­mente com as tiepidaçóes do mo­tor.

Faltam 10 minutos para as 7 horas. E dia. E a Natureza, para aquele momento supremo da par­tida dos dois ourados aviadores, preparou um cenário de maravi­lha. Do oriente o Sol, rompendo a sua trincheira de nuvens negras, derrama sobre as águas do rio uma intensa coluna de luz bri­lhante, aureolada de cintilações, Do lado oposto, escarranchado so­bre o rio, cingindo a torre de Belém, um arco-íris de<lumbrante,— «o mais lindo, o mais intenso arco-íris que os nossos olhos têm visto» — sinal de bom tempo — diz um marujo.

E as almas vibram de júbilo, tr a n s b o rd a m de emoção ante aquele espectáculo que é um men­sageiro de felizes presságios. 0 «FAIREY» agora ruge a. toda a impetuosidade do seu motor.

Já lá vai atravessando a doca, as sapatorras dos flutuadores eno­velando espuma, como se cami­nhasse sobre nuvens de arminho.

Debruçado na carlinga, o coman­dante Gago Coutinho agita frenè- ticamente as mãos em adeuces.

O hidroavião vai subindo o rio, rasgando as águas. Lá em cima descreve uma curva, volta sin- granda na esteira brilhante do Sol, ruge com mais violência e descola, enfim, da superfície da< águas, mesmo ao passar em frente da porta das docas, de onde a multidãó electrizada o contempla

Agora sobe novamente, afasta-se, adelgaça-se na bruma, e parte!

¥• * *

E parte para a viagem subliffle e gloriosa que assombrou|o Mundo e trouxe para Portugal as horas

(Continua n a pág ina 7)

Quando entrámos, pela madru­gada de ontem, no Centro de A via­ção Marítima, a noite guardava ainda o segredo d essa viagem maravilhosa que a esta hora dois portugueses raros, fortes com o semi-deuses, gloriosamente des­dobram sobre as ondas infinitas do A t lâ n t ic o . Um marinheiro abriu-nos a porta e mandou-nos esperar. Os comandantes Sacadura Cabral e Gago Coutinho tinham passado a noite no edifício. Mas dormiam ainda como dormia, a distância, o vulto indeciso da torre de Belém, apenas adivinhado pela sua brancura na vaga claridade fosforescente das águas.

Percebemos que a voz de coman­do para aquela marcha de aven­tura tinha de ser dada pela aurora.

Os homens da profissão e da têmpera dos comandantes Saca­dura e Gago Coutinho não ouvem os murmúrios da treva, nem mes­mo quando eles se levantam para malsinar intenções plenas de s i-

O Comandante Sacrdura Cabral (falecido)

nhos de grandeza. Aguardamos, abrigando-nos duma ligeira bá­tega de chuva, sob a capota de lona s u ja dum v e lh o camião. Um quarto de hora depois, das bandas do Oriente vinha jà uma ténue faixa esbranquiçada, que nos deixava antever, perfil de ma­rujos perpassando ao longo do molhe e em baixio, no semi-cír- culo escuro da doca, as asas ama­reladas do avião n.° 6, — aquele que devia acompanhar até fora da barra o grande hidroavião, fadado para a travessia do Atlântico.

Um homem, vestido como ves­tem os aviadores, grosso fato de macaco amarelo torrado, em ca­belo, apareceu de súbito cm frente da-porta do «hangar». Adivinha­mo-lo, e tirámos respeitosamente o nosso chapéu. Era o coman­dante Sacadura Cabral.

— «Vão parlir, não é verdade?»— «Creio que sim.»— «E o tempo? lis tá favorável?»— «Está. Ontem as informações

eram boas. Hoje, não se fizeram ainda sondagens. Mas fazemos de conta que sim».

Sorriu, com um sorriso de abs>

Homenogem de «á Província» aos dois gloriosos aviadores portugueses35/ aniversário do feito maravilhoso

luta confiança. A ’ sua volta reu­niram-se marinheiros.

O largo portão de madeira do Centro de Aviação rangeu de novo para deixar passar os primeiros visitantes. Eram os srs. P in to Basto e alguns aviadores maríti­mos. Apresentações, troca de cum­primentos.

Depois, a voz um pouco surda do comandante Sacadura Cabral:

— «Abram tudo!»Um p o d e ro s o foco eléctrico

abriu-se a quebrar o negrume da madrugada húmida. As portas do «hangar» escancaram-se de rom­pante, e 0 grande hidroavião sur­giu aos olhos de todos, como num final de acto, com as suas enormes asas abertas, muito brancas, e ne­las sangrando a mesma majestosa cruz de Cristo que há mais de quatro séculos, por um dia de Março como este, foi às terras do Novo Mundo nos panos inflados de caravelas.

O cais agora tem vida, movi­mento, ansiedade. Terminou o noivado sombrio da treva e do silêncio. Mas o silêncio persiste ainda, um silêncio litúrgico, reli­gioso, como se toda aquela gente que vai chegando — marinheiros, civis, fotógrafos, operadores cine­matográficos, jornalistas — entras­sem na nave dum giande templo, cujas portas se abrissem para o mar. Há em todos os rostos uma funda emoçã feita de temor e de orgulho. «

Fala-se baixinha, enaltecendo a valentia daqueles dois homens, pressagiando-lhes venturas.

Um cabo de marinheiros espa­daúdo, fisionomia aberta e franca, recorda o «raid» Lisboa-Madeira, diz da sua veneração por Gago Coutinho, um sábio, um sonhador, um desprendido da vida, que não tem outra família senão os seus livros de estudo e u m a velha criada, preta, que o vê partir para estas aventuras, sem compreender nada do que vê.

Tem um ar de ronda de conspi­radores aquela pequena multidão aglomerada à beira-rio, calada, longe da cidade e das suas paixões, toda entregue à majestade daquele momento grandioso, em que revive uma epopeia de glória perdida no fundo dos tempos.

Seis horas. 0 hidroavião, alvís­simo, com as suas sapatorras enor­mes, que são os flutuadores, as­sente sobie uma tosca zorra de quatro rodas, começa a mover-se para a frente impelido por 16 ma­rinheiros possantes. Um cabo di­rige a manobra, gritando ordens, porque a bela máquina enche rés- -vés toda a enorme bocarra do «hangar» e é preciso imenso cui­dado para que ele saia sem macular em raspões a brancura das suas asas.

Já o hidroavião eslá à, beira do extenso plano inclinado sobre o qual deve deslizar [até tocar as águas da doca. O mecânico belga Tisps, que dirigiu a montagem do aparelho, sobe para a carlinga, senta-se ao volante e manda pòr em movimento o motor.

A hélice começa a girar devaga­rinho, depois anima-se m a is e mais, e parece que o seu ruído característico^ v e m propositada-

(0 que disse a Imprensa)

mente para que os assistentes não possam ouvir como nesse momento palpitam os seus corações.

Os homens da manobra atestam de gasolina os depósitos. Outros lançam sacos de areia para cima da zorra, a fim de que ela não flu­tue, quando o grande cisne de asas brancas a deixar abandonada ao fundo do «slip».

Um homem, que ainda ninguém viu, aparece agora, atravessando a multidão, a caminho do aparelho. Abrem-se alas. E o comandante Gago Coutinho, que vai, muito barbeado, risonho, ocupar o seu lugar de observador.

Traz ura casaco de aviador ama­

relo torrado, capacete da mesma cor, calça preta e botas amarelas. Sobraça uma pequena mala de palha e leva nas mãos pequenas caixas de madeira, que são os seus instrumentos de observação. E — coisa estranha — leva também uma bengala frágil, de madeira polida e castão de prata, como se em vez ■de ir cruzar milhares de milhas

por cima das nuvens fosse, sim ­plesmente, dar o seu passeio ao Chiado. Os circunstantes desco­brem-se todos, num movimento que é quase de veneração. A lgu­mas pessoas avançam para ele. Mas ele passa, apressado, com os seus volumes, não se retém um momento.

— «Olá, meus senhoYes. Eu não gosto de apertar a mão a nin­guém».

De cima duma asa do aparelho, uma marinheiro toma-lhe a baga­gem, atira-a para dentro da car­linga. L o g o G a g o C o u tin h o marinha ágil pela cordagem do aparelho, salta para o seu lugar, some-se. E a gente cá em baixo entrevê-lhe o dorso a aparecer e a reaparecer, na faina de arrumar dentro do nicho a sua mala, o seu sextante, a sua bengala, como se

acabasse de entrar na carruagem de um combóio.

Reaparece agora o comandante Sacadura já completamente ves­tido para a vngem — o fato de macaco, o escafandro de grandes óculos de celuloide. O ilustre avia­dor vai também embarcar.

Mas demora-se um instante 'a receber cumprimentos dos cama­

_.O Almirante Gago Coutinho

Jlúàaa, 30 dt Jtiaiçú de 1922