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Piribebuy, a Capital Mártir: História, historiografia e ideologia na Guerra no Paraguai Resumo: Piribebuy, terceira capital provisória do Paraguai, foi cercada e atacada pelas tropas aliancistas em 10-12 de agosto de 1869, durante a derradeira Campanha das Cordilheiras. Divergem as historiografias tradicionais paraguaia e brasileira sobre o desenvolvimento do ataque, que resultou em verdadeira mortandade entre os defensores da vila, e os sucessos posteriores a ele. A análise daquele fato histórico, a partir da documentação primária e dos relatos testemunhais de paraguaios e imperiais, permite uma aproximação aos sucessos objetivos e uma melhor percepção dos sentidos dos desvios das narrativas nacional-patrióticas destes últimos. Palavras-chave: Piribebuy. Campanha das Cordilheiras. Guerra no Paraguai. Abstract: Piribebuy, third provisional capital of Paraguay, was surrounded and attacked by aliancistas troops on August 10-12, 1869, during the last campaign of the Cordilleras. Traditional Paraguayan and Brazilian historiographies diverge not only on the attack development, which resulted in a massacre among the village defenders, true defenders of the village, but also on the events which followed it. The analysis of that historical fact, from the primary documentation and Paraguayans and Brazilian statements, enables to better approach those facts as well as the meanings of the national-patriotic narratives about them. Key words: Piribebuy. Campaing of the Cordilheiras. War of Paraguay. 1
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Piribebuy, a capital mártir: Piribebuy, a Capital Mártir: História, historiografia e ideologia na Guerra no Paraguai

Mar 08, 2023

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Andre Pereira
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Piribebuy, a Capital Mártir: História,historiografia e ideologia na Guerra no Paraguai

Resumo: Piribebuy, terceira capital provisória doParaguai, foi cercada e atacada pelas tropas aliancistasem 10-12 de agosto de 1869, durante a derradeiraCampanha das Cordilheiras. Divergem as historiografiastradicionais paraguaia e brasileira sobre odesenvolvimento do ataque, que resultou em verdadeiramortandade entre os defensores da vila, e os sucessosposteriores a ele. A análise daquele fato histórico, apartir da documentação primária e dos relatostestemunhais de paraguaios e imperiais, permite umaaproximação aos sucessos objetivos e uma melhorpercepção dos sentidos dos desvios das narrativasnacional-patrióticas destes últimos.

Palavras-chave: Piribebuy. Campanha das Cordilheiras.Guerra no Paraguai.

Abstract: Piribebuy, third provisional capital ofParaguay, was surrounded and attacked by aliancistas troopson August 10-12, 1869, during the last campaign of theCordilleras. Traditional Paraguayan and Brazilianhistoriographies diverge not only on the attackdevelopment, which resulted in a massacre among thevillage defenders, true defenders of the village, butalso on the events which followed it. The analysis ofthat historical fact, from the primary documentation andParaguayans and Brazilian statements, enables to betterapproach those facts as well as the meanings of thenational-patriotic narratives about them.

Key words: Piribebuy. Campaing of the Cordilheiras. Warof Paraguay.

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Em 27 de dezembro de 1868, a conclusão da batalha deLomas Valentinas encerrou a campanha de Pykysyry, com adestruição total do exército paraguaio. Francisco SolanoLópez fugiu, por entre as tropas aliancistas, através dopotrero Marmol, acompanhado por algumas dezenas defiéis, aos quais se juntaram, a seguir, os troços doexército escapados à morte e ao aprisionamento.

Do acampamento de Cerro León, ao pé das Cordilleras,onde permaneceu por uns três dias, o mariscal marchou paraa Cordillera de Ascurra (de los Altos), onde iniciou aformação de um novo corpo de exército, composto porpequenos núcleo de veteranos, e, sobretudo, porestropiados, por velhos, por adolescentes, por mulherese até mesmo por crianças (Centurión, 2010, p. 345).

A decisão do marquês de Caxias de dar a guerra porterminada, em janeiro de 1869, e partir de volta para aCorte, e o hiato causado pela designação, peloImperador, de Louis Philippe Marie Ferdinand Gastond'Orléans et Saxe-Cobourg et Gotha, conde d’Eu, seugenro, então com 27 anos, como comandante geral dastropas do império no Prata, permitiu que o mariscalconsolidasse transitoriamente a autoridade do Estadosobre parte do interior do Paraguai, no primeirosemestre de 1869, a partir de seu acampamento emAscurra.

Com capital na vila de Piribebuy, desde 8 dedezembro de 1868, a república paraguaia das Cordilleiras seestabeleceria com dificuldade, e teria vida curta. Aocupação de Asunción, no início de 1869, e o domínioterritorial aliancista exerciam atração patológica, emespecial sobre os segmentos proprietários de umapopulação vergada pelo peso do longo esforço bélico. Nomínimo desde meados de 1867, a família López e o núcleosubstancial do aparato administrativo e das classesdominantes paraguaias conspiravam para o afastamento deFrancisco Solano López e para rendição à TrípliceAliança (Bray, 1996, p.87; Capdevilla, 2010, p. 302 et seq;Silveira, 2003, p. 242 et seq; Maíz, 1996, p. 57 et seq.).

Mesmo nas áreas livres das Cordilleras, crescentenúmero de homens e mulheres escondiam-se nas matas, para

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escapar à mobilização, e procuravam a proteção dastropas imperiais. A partir de julho de 1869, à medidaque se cerrou o cerco aliancista, cresceu a deserção,antes rara, entre as magras tropas paraguaias, mal-alimentadas, mal-armadas, mal-vestidas e desesperançadasna vitória (Rivarola, 2008-2009, p. 179; Vidaurreta,1968, p. 18).

Entretanto, por ainda longos nove meses, algunsmilhares de combatentes defenderam a independêncianacional, e aquilo que ela significava socialmente paraa grande população. Finalmente, a luta cessaria com amorte de Francisco Solano López, em Cerro Corá, em 1º demarço de 1870 (Cascudo, 1995, p. 114).

Símbolos da resistência

A memória paraguaia da resistência final contra astropas aliancistas organiza-se, sobretudo, em torno detrês grandes sucessos: o ataque e a ocupação da capital-mártir de Piribebuy, em 12 de agosto de 1869; a batalha-massacre de Acosta Ñu, de quatro dias mais tarde, em 16de agosto; e a morte do Francisco Solano López, em 1º demarço do ano seguinte.

Publicada em fascículos semanais, desde 11 de abrilde 2010, no diário Última Hora, de Asunción, a “novelagráfica” “Guerra contra la Triple Alianza: Vencer oMorir”, do cartunista e ilustrador paraguaio EnzoPertile, de 34 anos, de cem páginas, de forte sentidonacional-patriótico, aborda precisamente, em formarestritiva, “las batallas finales más emblemáticas” daguerra, nos três capítulos do álbum: “Vencer o Morir: LaBatalha de Piribebuy; “Acosta Ñu”, “Cerro Cora”.(Pertile, s. d.)

Sobretudo no relativo às batalhas de Piribebuy e deAcosta Ñu, a tradição histórica paraguaia dominanteenfatiza a desesperada resistência do arremedo deexército paraguaio, formado por alguns veteranos e,sobretudo, velhos, adolescentes, crianças e mulheresmal-armados, e o barbarismo sem travas dos poderosos

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exércitos aliancistas, com destaque para as tropasimperiais, então fortemente dominantes.

A proposta do comportamento sanguinário das tropasdo Império nos nove meses finais da guerra criou alegenda do conde d’Eu, príncipe sádico e sanguinário.Essa versão histórica permitiu, paradoxalmente, oresgate relativo da atuação do marquês de Caxias, ogrande responsável pela destruição dos exércitosparaguaios. No comics citado, de Enzo Pertile, quadroexplicativo propõe: “En el tramo final de la contienda,el marques de Caxias se niega a seguir derramado sangreparaguaya” (Pertile: s. d., p. 7)

A tradição histórica paraguaia das batalhas heroicasde Piribebuy e Acosta Ñu arranca sua força do fato desimbolizarem os momentos finais da guerra, quando parteda população lutava desesperadamente contra a hecatombenacional e social que a vitória da Tríplice Aliançamaterializaria. Jornadas derradeiras já sem vínculos coma discutível expedição paraguaia ao exterior queinvadira as províncias de Corrientes, na Argentina, e doMato Grosso e do Rio Grande do Sul, no Brasil.(Centurión, 2010, p. 369 et seq; Resquin, s.d., p. 99 etseq.)

Realizadas, sobretudo, por tropas imperiais, ahistoriografia brasileira integrou aquelas operaçõesorganicamente à sua narrativa, como momentos de umacampanha militar em tudo homogênea, que defendia oImpério contra os desejos de conquista de ditadorambicioso e malévolo (Fragoso, 1934, 163 et seq).Conhecida no Brasil como batalha de Campo Grande, omassacre de Acosta Ñu seria objeto de célebre registropictórico.

De volta de viagem de estudo na Europa, sob a sugestãodireta do próprio Imperador, o pintor academicista PedroAmérico [1843-1905] emprendeu o quadro monumental “ABatalha de Campo Grande”, concluído imediatamente após oconflito, em 1871. De enorme sucesso de crítica e depúblico, a obra glorifica os feitos bélicos imperiais e,sobretudo, a ação do genro do Imperador, que ocupaposição central na composição. Na construção da memória,

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a ficção rompia substancialmente com a realidade (Toral,2001, p. 123).

História, historiografia e ideologia

As narrativas historiográficas dominantes paraguaiase brasileiras sobre as batalhas de Piribebuy e Acosta Ñudivergem substancialmente. Porém, a análise daquelessucessos históricos, a partir da documentação primária edos relatos testemunhais de paraguaios e imperiais,permite uma aproximação aos fatos objetivos, e melhorpercepção dos sentidos dos desvios daquelas narrativas dosacontecimentos.

Publicada em 1922, a biografia hagiográfica El mariscalSolano López, de Juan Emiliano O’Leary (1879-1969), é amais célebre narrativa nacional-patriótica paraguaiasobre a Guerra Grande [1865-1870]. Ela sintetiza eradicaliza exemplarmente a tradição histórica sobre oheroísmo paraguaio e os crimes aliancistas em Piribebuy.

“A las cuatro de la mañana, las bandas de Piribebuysaludaran el amanecer […] y poco después estallaron, alo largo de nuestras líneas, los vivas acostumbrados ala Patria y al mariscal López. Los aliados semantuvieron silenciosos […]. Pero apenas acabó deaclarar iniciaron el terrible bombardeo […]. Esto fuecruento como nunca. Los paraguayos se defendieron conestupendo heroísmo”.

Segue O’Leary: “Cuando sucumbieron todos nuestrossoldados [sic], ocuparan sus puestos las mujeres. Ycuando terminamos nuestros proyectiles, cargamos confrutas de coco nuestros cañones… El enemigo encontró quela plaza había pasado a ser un cementerio. En el asaltohabían sucumbido el general Mena Barreto y millares deinvasores [sic]. El conde D’Eu se vengó […] mandandodegollar al jefe de Piribebuy, […] y a casi todos losheridos. […] ordenó que el hospital fuera incendiado,muriendo carbonizados algunos centenares de enfermos” (O´Leary, 1970, pp. 276-78).

Essa versão segue dominando nos livros escolares. NoManual de Historia Paraguaya, de Luis G. Benitez, a batalha é

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descrita sinteticamente: “Piribebuy; Plaza defendida porel comandante Pedro Pablo Caballero, resistióheroicamente varios ataques brasileños; arrollados alfin, el 12 de agosto, el jefe brasileño conde d’Eu,ordeno el incendio del hospital de sangre y el degüellodel comandante Caballero” (Benitez, 1970, p. 101).

Com a captura da terceira capital, Francisco SolanoLópez abandou as defesas próximas no passo de Ascurra eretirou-se para o norte, começando, para essa versãoromântico-patriótica dos sucessos, o que O’Learydefiniria como sua verdadeira “Vía Crucis”. Em fins de 1868,o mariscal já fora apresentado como o Cristo do povo paraguaiopelo sinistro e oportunista cônego Fidel Maíz,fortemente responsável pelo fuzilamento do bispoparaguaio Manuel Antonio Palacios, acusado de traição aogoverno (Godoi, 1996, pp. 73-95).

Paraguai: a versão erudita

Juan Crisóstomo Centurión [1840-1809] integrou opunhado de jovens paraguaios enviado para estudar naEuropa pelo presidente Carlos Antonio López [1842-62],em 1858. Cinco anos mais tarde, em 1863, foi chamado devolta ao Paraguai. Desde então, participou do círculo deauxiliares próximos do presidente Francisco Solano López[1862-70], sem jamais alcançar posição de maior destaquena administração civil e militar paraguaia.

Homem de Letras, durante a guerra, entre outrasfunções, Centurión colaborou com o Semanario e foidiretor do Cabichui, acompanhando o mariscal até oderradeiro combate em Cerro Corá, já então com a patentede coronel.1 Aprisionado pelos imperiais, foi enviado aoBrasil, de onde viajou para a França, Cuba, USA.Retornando ao Paraguai em 1878, destacou-se na vidacultura e política do país, ocupando o cargo de ministrode Relações Exteriores no governo do presidente PatricioEscobar [1886-90].

1 Sobre a imprensa patriótica paraguaia, ver, além de Antré Toral, jácitado, o excelente trabalho de: SILVEIRA, 2009.

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Centurión escreveu o livro Memorias o reminiscenciashistóricas sobre la Guerra do Paraguay, em quatro tomos, publicadoapenas em 1944, décadas após sua morte, ocorrida em1909. A obra goza de grande autoridade, devido àcultura, à informação e à seriedade do autor, apesar dapermanente procura de autojustificação; de elogiopatriótico da defesa nacional; de responsabilização deSolano López pelo drama.

Na descrição dos sucessos da guerra, ahistoriografia brasileira apoiou-se e apoia-se comumenteem Centurión, em graus diversos. Em geral, também o fezpara relatar o desenvolvimento dos acontecimentos emPiribebuy, mesmo rejeitando ou ignorando a denúncia doscrimes ali cometidos pelo Império, proposta pelo autor.

Piribebuy segundo Centurión

O pequeno povoado de Piribebuy, a pouco mais de 70km a oeste de Asunción, encontrava-se na encosta de umcerro, cercado por colinas mais elevadas. Possuíahumildes casas de tetos de palha, e uma igreja colonialtelhada. A vila era defendida por um fosso e trincheirade leiva, sob a forma de polígono irregular de 28 faces,de 2.422 metros de circunferência. Um córrego cortavaPiribebuy, desaguando no arroio homônimo (Taunay, 2002,pp. 134 et seq.).

No central, Centurión propõe que forças aliancistas,de vinte mil imperiais e argentinos, e mais de trintacanhões, cercaram a vila, em 10 de agosto de 1869, ondese encontravam 1.600 defensores, no geral “hombres malarmados, la mayor parte muchachos”. No dia 11, apósposicionar suas forças, o conde d’Eu teria intimado àrendição a Pedro Pablo Caballero. O comandante da vilateria respondido com palavras de aço, que o autorregistra textualmente, como fez para tantos outrosdiálogos ou declarações: – “Estoy aquí para pelear, y sies necesario morir; pero no para rendirme” (Centurión,2010, pp. 393-94).

Na madrugada do dia 12, antes que iniciasse obombardeio, sempre segundo Centurión, o conde d’Eu

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mandara novamente delegado intimar a Caballero “para queretirase del recinto del reducto a las mujeres y a losniños”. Novamente Pedro Pablo Caballero respondera emforma altiva: “Decid a vuestro jefe que las mujeres ylos niños están aquí seguros, y que él mandará enterritorio paraguayo cuando no haya uno que lodefienda!”. Destaque-se que mulheres e crianças eram boaparte das tropas defensoras da vila.

A seguir, “previo un recio bombardeo a la Plaza”,teria iniciado o ataque, de resultados já certos, devidoao enorme desequilíbrio de forças – treze soldadosaliancistas para cada paraguaio! “Y sin embargo laresistencia fue heroica y prolongada. Duró 5 horas!” –acrescenta Centurión. Segundo aquele autor, as tropasaliancistas teriam atacado em forma mais encarniçadapelo norte, posição que sabiam “guarnecida por cuerposcompuestos de muchachos debiles armados los más deescopetas de cazar y lanzas”.

Como os demais atacantes, o general João Manuel MenaBarreto, montado “en un hermoso alazán”, teria sidorechaçado “dos veces”, retirando-se com suas tropas parareorganizar-se, para além do arroio Mboveví. Na terceirainvestida, a 500 varas [c. 550 metros] da trincheira,teria sido ferido mortalmente por uma bala de fuzil na“ingle”, ou seja, na virilha. Transferido para umacabana próxima, faleceu antes que o cirurgião chegasse.

Entrementes, os assaltantes romperam as defesas pelosul, aprisionando, entre outros, Pedro Pablo Caballero eo chefe político da povoação, Patricio Marecos,conduzidos diante do “conde que habló con Caballero”.Porém, ao saber que, mesmo não tendo morrido muitosassaltantes, falecera o general Mena Barreto, ocomandante em chefe das tropas imperiais teria dito,apontando para os dois prisioneiros diante de si:“Degüéllenlos a esos, ellos tienen la culpa!”. Ordem queteria sido cumprida imediatamente.

Pedro Pablo Caballero teria sido degolado ao lado docadáver do general sul-rio-grandense – ou o seu cadáverfoi exposto junto a ele, mais tarde. Centurión refere-sea uma testemunha ocular, Asunción Gonzáles, que terialevantado o quepe do chefe paraguaio, constatando o

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corte ao pescoço, depoimento que afastaria apossibilidade de uma morte em combate.

Ao saberem da morte de Mena Barreto, a “soldadesca”,“después de la toma de la Plaza, a pesar de losesfuerzos de los jefes, cometió muchos abusos, matando,o más bien asesinando, […] a muchas gentes indefensasinútilmente”. Centurión isenta, portanto, parcialmente,a oficialidade imperial de responsabilidade no massacre,realizado pela tropa indignada com a morte de ManaBarreto.

Centurión nega igualmente a responsabilidade doconde d’Eu e das tropas aliancistas no incêndio dohospital de sangue paraguaio, proposta pela tradiçãohistórica paraguaia e pela historiografia nacional-patriótica, ao afirmar que teria ocorrido,possivelmente, devido ao bombardeio, ou seja, antes doassalto às trincheiras.

Para Juan Crisóstomo Centurión, a tragédia dePiribebuy, com mais de setecentos mortos em 1.600defensores, devido a sua defesa gloriosa, foi uma“derrota heroica”, que a “nación recordará siempre congratitud y orgullo”, ficando o nome do comandante PedroPablo Caballero e de todos os defensores “grabados conletras de oro en el templo de la inmortalidad”.

Militar de carreira, Francisco Isidoro Resquín[1823-1882] integrou o comando da invasão do sul daprovíncia do Mato Grosso, participando, a seguir, comdestaque de toda a campanha militar paraguaia.Aprisionado e levado ao Brasil, retornou ao Paraguai,sendo encarregado da organização do primeiro exércitoparaguaio após a guerra, durante o governo do presidenteparaguaio Juan Bautista Gill [1874-1877].

O general Francisco Isidoro Resquín escreveu, entreoutros, La guerra del Paraguay contra la Triple Alianza. Nessa obrasintética e menos segura do que as Memorias [...] deCenturión, acusa os oficiais aliancistas de “programa decrimen y extermínio”. Ao abordar em forma imprecisa etelegraficamente o “Asalto a la Plaza de Piribebuy”, quenão presenciou, propõe igualmente defesa heroica, cincohoras de combate, “más de quinientos cadáveresenemigos”, dez chefes e oficiais paraguaios degolados,

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além de Pedro Pablo Caballero, por ordem de “generales”(Resquín: s. d., p. 109).

Relendo Centurión

As Memorias [..] de Centurión tiveram alguns objetivosclaros. Como já assinalado, entre eles, destacava-se oregistro do comportamento heróico do povo paraguaio naguerra, o que lhe teria assegurado espécie de vitóriamoral. Seu relato registra igualmente a busca de umaacomodação historiográfica mínima com o Brasil vitorioso,força então dominante na bacia do rio da Plata e noParaguai.

Centurión tinha consciência da complexidade daredação de história geral do conflito: “La historiaexige condiciones especiales de preparación de quecarezco”. E ele não possuiria também o “tiempo” e“recursos para reunir y estudiar los datos necesarios”para tão complexa iniciativa. Portanto, apresentou seutrabalho como “memórias” e “ligeros apuntes para aydaral futuro historiador” (Centurión, 2010, p. 33).

Entretanto, ao escrever suas reminiscências,Centurión redigiu história geral da guerra, servindo-sede suas memórias e das fontes de que dispunha, que nogeral não cita. Influenciado pela historiografiaromântica, destacou o papel dos protagonistas, quesintetizariam os sucessos e, sobretudo, personalizaram aresistência heroica da nação paraguaia. Para melhoranimá-los, citou comumente suas declarações exemplares.

Ao se referir a Francisco Solano López e aosdirigentes políticos e militares paraguaios, o autorregistra as declarações que ouvira ou sobre as quaisfora informado de primeira mão, em geral durante otranscurso dos sucessos. Nos demais casos, reproduziucertamente a tradição – tudo isso, décadas após ossucessos. Trata-se de informações, portanto,influenciadas e determinadas pelos limites da memória,pelos fatos e sentimentos subsequentes, pelasnecessidades da narrativa.

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Ao igual que O’Leary, Centurión não se refere aoestupro das mulheres de Piribebuy pelas tropasvitoriosas, após os combates. É crível que um e outronão o fizessem por pudor nacional, para não confirmartradição oral que desabonaria as mulheres vivas e mortasda povoação e o caráter marcial da resistência. No seuálbum, Enzo Pertile encena livremente longo suplício dePedro Pablo Caballero, sofrido heroicamente, sem sereferir a qualquer violência sexual contra as mulheresda vila.

Centurión em Piribebuy

Juan Crisóstomo Centurión não foi testemunhapresencial do cerco e ataque a Piribebuy. Não parece tertido igualmente acesso a uma importante documentaçãosobre o drama. Na sua descrição, estão ausentes dadosimportantes sobre os acontecimentos: a proporção deatacantes imperiais e argentinos – sobre os uruguaios,nem fala; a hora do início do bombardeio e do ataque; onúmero de canhões dos defensores; a ação dos sapadoresimperiais, que entulharam os fossos e destruíram osmuros defensivos etc.

Apesar dessas imprecisões, registra detalhadamenteas palavras de Pedro Pablo Caballero, comandante militarda vila, ao rejeitar com palavras aceradas, por duasvezes, o oferecimento magnânimo de quartel do conde d’Euque, ao menos nesse caso, teria seguido à risca a etiquetaque deveria reger a guerra entre “povos civilizados”.Registra ainda literalmente a ordem verbal do genro doimperador para a degola imediata das duas autoridadesmáximas da vila.

Aquelas declarações enquadram-se perfeitamente naapresentação da defesa de Piribebuy como resistênciaheroica, registrada na necessidade do poderosíssimoexército aliancista de atacar três vezes o reduto,defendido durante cinco horas! Combate magnífico eheroico manchado pelo crime do príncipe francês e dosassaltantes desgostosos com a morte do general MenaBarreto. Crime perpetrado pelos soldados, segundo

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Centurión, em desobediência aos seus oficiais, comoproposto.

A versão nacional-patriótica brasileira

Na versão tradicional da historiografia brasileira,o ataque a Piribebuy, em 12 de agosto de 1869, oprimeiro grande combate sob o comando do conde d’Eu, emnada se distinguiu dos demais livrados durante acampanha, em correção e heroísmo. Na História da Guerra entre aTríplice Aliança e o Paraguai, certamente o mais confiáveltrabalho da historiografia militar crítica brasileira,há apenas uma referência a que “a maior parte daguarnição era de adolescentes”, nas quase quinze páginasdedicadas ao cerco e ataque a Piribebuy (Fragoso, 1934,p. 273).

Nesse trabalho, de 1934, seu autor, o generalAugusto Tasso Fragoso, nega o massacre de prisioneiros,sem praticamente se referir a tal possibilidade: “Comoera natural, ficaram prisioneiros todos os que nãopereceram na luta” (Fragoso, 1934, p. 273). Entretanto,os detalhes fornecidos sobre o combate pela documentaçãoimperial são muito mais ricos do que os avançados porJuan Crisóstomo Centurión, por Francisco Isidoro Resquíne pela historiografia paraguaia.

Em 10 de agosto, 19 mil soldados imperiais,novecentos argentinos e mil uruguaios – a divisãooriental ficara vigiando a chegada de reforços inimigos– postaram-se diante da vila “circunvalada por extensalinha fortificada, que se estendia, irregular e maltraçada, por encostas de declive suave”. Uma dasprimeiras iniciativas foi cortar a ligação telegráficada povoação com Ascurra e a Caacupê (Fragoso, 1934, p.266; Ordens do Dia, 1877, p. 510; Taunay, 2002, p. 137).

A instalação de cinco baterias, com cerca de meiacentena de canhões, em posição mais elevada, ao sul e aleste da vila, foi iniciada no dia 10 e concluída no dia11. A artilharia encontrava-se em ótima colocação para oataque, já que em posição superior à da vila dePiribebuy e de suas defesas (Cerqueira, 1929, p. 323;

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Taunay, 2002, pp. 135-138). O ataque iniciou-se às 8horas e 30 minutos, após duas horas de duro bombardeio.Segundo informe do brigadeiro José Luiz Mena Barreto,chefe do Estado Maior do Exército, os canhões “sócessaram seus tiros no momento conveniente ao assalto”(Menna Barreto, 1869, p. 570).

Paradoxalmente, as reminiscências presenciais e adocumentação oficial sobre o ataque, inclusive aassinada pelo conde d’Eu, não registram o oferecimentode quartel, em 11 e 12 de agosto – propostas quecomprovariam a magnanimidade do conde e das tropasaliancista e confirmariam o patriotismo incondicionaldos defensores, através da rejeição das mesmas.Destaque-se igualmente que tais oferecimentos eramfeitos tradicionalmente por escrito, e não verbalmentepor mensageiros, como proposto por Centurión. Ooferecimento e a recusa teriam retrasado o assalto.

Em seu Diário do Exército, de 1870, o jovem oficialAlfredo de Taunay [1843-1899] não se refere aooferecimento de quartel ou de retirada de mulheres ecrianças, propostas por Centurión, que permitiu a PedroPablo Caballero reafirmar a decisão heroica de adultos,mulheres e crianças lutarem até a morte (Centurión,2010, p. 393). Taunay confirma o horário do início dobombardeamento e do ataque, e propõe fraca resposta dos19 canhões e um morteiro paraguaios, que teria permitidoque a artilharia aliancista se aproximasse para dispararcom metralha sobre os defensores (Taunay, 2002, pp. 136-7).

As 8 horas e 30 minutos, três colunas com tropasimperiais e argentinas passaram ao ataque, vanguardeadaspor linhas de atiradores seguidas por sapadores levandocarroças com pranchões de madeira, fardos de alfafa,escadas, ferramentas etc., para facilitar aultrapassagem dos fossos e a escalada das trincheiras emleiva. O trem da vanguarda atacante era completado por“contingentes do batalhão de engenheiros com asferramentas precisas para acabar de abrir a brecha noparapeito que acobertava o inimigo” (Gastão de Orleans,1869, p. 513).

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Não há contradição essencial entre a narrativaimperial e a descrição imprecisa de Centurión sobre onúmero de tropas e a hora do início do bombardeio e doataque. Entretanto, há radical oposição sobre a duraçãodos combates. Segundo os depoimentos presenciais e osinformes oficiais imperiais, em um breve lapso de tempo,de 20 a 45 minutos, os primeiros infantes penetravam emPiribebuy, por fenda aberta, inicialmente, na parte suldas defesas.

Vitória quase imediata

O futuro general Dionísio Cerqueira participou doataque. “O combate durou pouco – talvez menos de meiahora. Toda a guarnição inimiga caiu em nosso poder”(Cerqueira, s. d, 327). O informe do conde d’Eu aoministro e secretario d'Estado dos Negócios da Guerra,de 3 de setembro de 1869, tratando daqueles e de outrossucessos, era cabal sobre a rapidez da operação. Tambémnele não há registro dos três ataques e das duaspropostas de quartel de retirada de mulheres e crianças.

Ao referir-se à coluna dirigida pelo malogrado MenaBarreto, o conde lembrava sobre os batalhões que acompunham: “foram os primeiros que carregaram sobreaquele lado do entrincheiramento inimigo e nele quaseimediatamente penetraram”. Ao se referir à coluna queavançava à sua direita, propôs ter ela atingido “comincrível velocidade o entrincheiramento, e, transpondo ofosso, já fincara no cume do parapeito a sua bandeiradesfraldada” (Gastão de Orleans, 1869, p. 514).

Ainda mais explícito, o conde d’Eu afirmou que ocombate sobre a trincheira daquele destacamentoprolongara-se “por oito minutos”, penetrando a seguir astropas “no recinto”. Quanto à coluna argentina, elavencera “a trincheira, poucos instantes depois dobatalhão brasileiro”. Invadido o perímetro, a cavalariaatuara imediatamente, dizimando os combatentesdesorganizados dentro e “fora do entrincheiramento”,quando tentavam escapar (Gastão de Orleans, 1869, p.514).

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Em relatório para o Conde, escrito imediatamenteapós o combate, em Piribebuy, em 12 de agosto, o generalJosé Luiz Mena Barreto, chefe do estado maior, anotoutambém um único e exclusivo ataque, rapidamenteconcluído. “[...] foi tal o entusiasmo e o denodo comque carregaram as nossas forças, que o inimigo, tendodado à aproximação delas a primeira descarga deartilharia, não pôde dar [uma] segunda”, sem tempo hábilpara “carregar de novo seus canhões” (Menna Barreto,1869, p. 552).

Segue José Luís Mena Barreto: “Entretanto, onutrido fogo de fuzilaria [...], impedindo o trabalhodos sapadores, demorou por algum tempo o assalto; mas oesforço e a coragem dos assaltantes venceram osobstáculos que se lhes apresentaram, e em menos de umquarto de hora caiu em nosso poder a terceira capital doinimigo com tudo quanto continha” (Menna Barreto, 1869,p. 552).

O responsável da Comissão Imperial de Engenheiros,ao dar parte, em Caacupé, em 15 de agosto, dos trabalhosdaqueles especialistas durante o assalto a Piribebuy,relata que, “as galeras”, partindo ao assalto atrás das“colunas” de infantes, aproximaram-se das defesas a“galope” e os “engenheiros” a “marche marche” [o maisrápido passo militar]. Sendo “entulhados com a prestezapossível” os pontos designados, os assaltantes teriampenetrado em “menos de 15 minutos” no reduto,acompanhados a seguir da “cavalaria” que, carregando,completou a “vitória” (Galvão, 1869, pp. 554 e 558).

Tão rápida fora a vila “assaltada e vencida” que oserviço sanitário desdenhara a proposta inicial delocalizar o hospital de sangue aliancista em uma moradiana “vizinhança da povoação”, em favor do estabelecimentodo mesmo em uma casa “dentro da mesma povoação”!(Secretaria do Corpo de Saúde do Exército, 1869, p.563). Ou seja, os poucos feridos das tropas assaltantesforam tratados dentro do reduto inimigo, já em mãosaliancistas.

Em seu Diário [...], Taunay foi ainda mais explícito sobrea cronologia dos combates, propondo que, após o assaltoàs defesas, as tropas “logo tocaram das trincheiras a

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gente que as defendia”. Ele propõe horário preciso paraa conclusão do confronto: “Penetrando então, por duasaberturas, a 2ª e a 3ª Divisões de Cavalaria, tornou-seimpossível a resistência, que, às 9 horas, achava-se naverdade completamente sufocada” (Taunay, 2002, 137).

Portanto, após as tropas penetrarem, às “8 horas equarenta e cinco minutos”, em Piribebuy, o fim doscombates teria sido alcançado quinze minutos mais tarde!Ou seja, o ataque durara das 8 horas e 30 minutos às 9horas – isto é, não mais do que meia hora! Em verdade,não houve resistência, tendo sido os defensores total eplenamente desbaratados, sem delongas, pelo assaltoavassalador das tropas inimigas.

Os três assaltos

Em Maldita guerra, talvez procurando diminuir odesequilíbrio entre as versões paraguaia e imperialsobre a duração do ataque, Francisco Doratioto propõe osquinze minutos da versão brasileira como tempo gasto nasuperação das defesas e duas horas no interior doreduto, para a conclusão dos combates: “[...] as colunasatacantes avançaram sobre a vila e entraram nastrincheiras paraguaias em quinze minutos, embora ocombate se estendesse por cerca de duas horas mais".

O paradoxal é que, ao propor arbitrariamente, por umlado, quinze minutos para o assalto às trincheiras, eaceitar, por outro, a proposta de Centurión de trêsataques, Doratioto coloca os assaltantes na impossívelobrigação de realizarem em cinco minutos cada percursode ida e volta, das suas posições até as trincheiras,sem interrupção, incluindo nesse tempo os respectivoscombates! (Doratiotto, 2002, p. 408).

A rápida vitória era o resultado mais do queprevisível. O ataque a Piribebuy, por três colunas demilhares de soldados treinados e poderosamente armados,era literalmente indefensável. Os 2.422 metros decircunferência da trincheira não permitiam postar, acada dois metros, mais do que um homem, ou uma mulher,ou um adolescente, ou uma criança, mal treinados e mal

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armados! – e possivelmente nem isso, após o durobombardeio (Ordens do Dia, 1877, p. 557).

Vimos que Taunay registrou o quase silêncio daartilharia paraguaia, desmontada pelo bombardeio oupouco inativa por falta de munição ou artilheiroscompetentes, o que voltaria a repetir-se, a seguir, nabatalha de Acosta Ñu. Dionísio Cerqueira confirma talrealidade: “Os paraguaios defendiam-se bravamente, mas oseu armamento não auxiliava. Das trincheiras choviamsobre nós projéteis de todo o gênero. [...] José ThomasCarneiro da Cunha ficou com a cara quebrada por umtijolo [...]” (Cerqueira, 1929, p. 325).

A morte do brigadeiro

Toda a documentação oficial do Império confirmaigualmente que o general João Manuel Mena Barreto, quecomandava a coluna que atacou a vila pela esquerda, foramorto no início dos combates, com tiro na virilha, aindamontado, e não como propõe Centurión, no início doterceiro assalto, que jamais teria ocorrido. DionísioCerqueira propõe que foi alvejado já “no fim” doscombates, “quando se ouvia o toque de cessar fogo”(Cerqueira, 1929, p. 327).

João Manuel nasceu em 1824, em Porto Alegre, no RioGrande, onde a família Mena Barreto possuía importantesestâncias. Lutara na Guerra Farroupilha, desde 1842, aolado dos imperiais; participara das invasões do Uruguai,em 1852, em 1854, e da defesa de São Borja diante dosparaguaios e do cerco de Uruguaiana, em 1865. NoParaguai, lutara em Avaí e Lomas Valentinas. Já emsetembro de 1869, o governo imperial concedeu pensão de600 mil-réis para cada uma das suas filhas (Ministériodos Negócios da Guerra, 1869, p. 501).

As Memórias de Alfredo Taunay foram editadaspostumamente, em 1946, quando já se completara ocentenário de seu nascimento, como exigira. No livro,informou dado romântico, mas pouco marcial, sobre amorte de Mena Barreto, impossível daquele autorregistrar no seu Diário [...], publicado em 1870: “Caiu do

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cavalo nos braços de valente china, que o acompanhavasempre, até no meio dos mais rijos combates, o que decerto não era nada regular mas tem grandeza” (Taunay, s.d., p. 346). O general foi enterrado, provisoriamente,no interior da Igreja de Piribebuy, no dia 13, ao “ladodireito do altar-mor”, posição reservada aos maisdestacados membros da sociedade (Taunay, 2002, 138).

No Diário [...], Taunay refere-se a “700 cadáverescontados”, após o combate, “entre os quais os doTenente-Coronel Caballero, comandante da praça e doMajor Lopes”, além de mais de trezentos feridos eoitocentos prisioneiros. As tropas aliancistas teriamtido apenas 69 mortos! (Fragoso, 1934, p. 276). O conded’Eu confirma os dados: “contaram-se perto de 700cadáveres paraguaios e mais de mil e cem prisioneirosentre feridos e sãos” (Ordens do Dia, 1877, p. 518).

O que aconteceu após os combates?

As versões imperiais e paraguaias divergem tambémquanto aos sucessos posteriores à vitória. Como vimos,Centurión propôs que, ao saber da morte de Mena Barreto,o conde d’Eu ordenara pessoalmente a degola das duasprincipais autoridades da vila, e que os soldados,indignados com a notícia, à revelia da vontade de seusoficias, teriam se dado à execução de rendidos eprisioneiros.

Centurión não toca a questão do estupro das mulheresde Piribebuy, registrada pela memória e retomada pelatradição histórica paraguaia. Como também assinalado,inocenta o conde d’Eu e os aliancistas pelo incêndio dohospital de sangue paraguaio, com a morte de centenas deferidos, doentes e atendentes. Para ele, o sucesso forapossivelmente devido à bomba lançada desde “lasposiciones inimigas”, durante os combates (Centurión,2010, p. 394).

A documentação militar oficial imperial não registratraços de degola e de estupros. Mesmo anotando em seuDiário [...], de 1870, os setecentos mortos e “300 e tantosferidos”, desequilíbrio anormal dos primeiros em relação

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aos segundos, Taunay não cita violências contrarendidos. Anota apenas que a “maior parte da guarniçãoera de adolescentes” e a “tenacidade na defesa”, commulheres armadas de “vidros e pedras” (Taunay, 2002, p.138). Reafirma as “altas qualidades” de caridade da“oficialidade” aliancista, que teria posto a mão nobolso para socorrer os “prisioneiros” de Lópezlibertados (Taunay, 2002, p. 137).

Em Recordações de guerra e de viagem, narrativa de vocaçãobiográfica, publicada por seu filho, meio século após ossucessos, quando a maioria dos protagonistas já seencontrava morta, Taunay apresenta versão sobre adegola, que se aproxima já da sugerida por Centurión epela tradição paraguaia. Essas páginas, com escassasmodificações, fizeram parte das Memórias do visconde,publicadas por sua vontade, como vimos, décadas após suamorte (Taunay, s. d., p. 12).

Nas Recordações, já não mais nos panos de escriba doconde d’Eu, Taunay vai além dos soldados-adolescentes queanotara no Diário [...], referindo-se a crianças de “dezanos, e menos ainda, morta[s] quer de bala[s], querlanceada[s] junto às trincheiras”, que ele, “contendo acusto as lágrimas”, “percorrera a cavalo”. E, a seguir,foi elucidativo sobre as execuções, apesar de manter acontensão. “Faziam-se prisioneiros, no momento em que eupassava; e, entre parênteses, ainda se matava, beminutilmente, aliás, salvei um dos desgraçados, que iamser degolados” (Taunay, 2008, p. 58; 2002, p. 138).

Escrevendo décadas após os fatos, Dionísio Cerqueiraregistrou igualmente em forma indiscutível, tambématravés da proposta de sua intervenção providencial, omassacre que se seguiu ao ingresso das tropas emPiribebuy. “Em poucos instantes, as nossas forçasgalgavam as trincheiras, invadiam o terrapleno einvestiam, aos bandos, contra os paraguaios, que seretiraram em debandada, mas ainda pelejando”.

Com o pudor de velho militar, registra sem alardeara morte que dera a combatente adolescente semtreinamento: “Fez-me frente, com uma lança, umrapazinho, que parecia forte; aparei o golpe, respondi epassei adiante”. Segue Cerqueira: “Logo depois, um

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soldadinho paraguaio, que não podia ter mais de dozeanos, corria, todo ensangüentado, para o meu lado,acossado por um soldado nosso [...] e já o iaalcançando, quando ele se abraçou comigo, implorando queo salvasse”.

A informação que fornece confirma o massacre, edesmente a proposta de Centurión de que ele se deracontra a vontade da oficialidade imperial e argentina.Relata o futuro general: “Mal tive tempo de conter o seuperseguidor. Nesse momento, passava por mim, a trotelargo, o distinto camarada capitão Pedra, que gritou: –Mata. – Não – disse eu – É um prisioneiro, uma pobrecriança e hei de defendê-lo” (Cerqueira, 1929, p. 326).

Dionísio Cerqueira escreve sobre sucessos ocorridoshavia longas décadas, após a publicação das Recordações deTaunay. Talvez sequer ele pudesse então dizer comcerteza se o relato edificante realmente ocorrera comopropunha, ou fora reelaboração inconsciente de lembrançade fato terrível, ao qual gostaria de se ter oposto,quando escrevia, ou na época do ocorrido. Porém, seudepoimento confirma a proposta de Taunay da degola, noseu caso, de soldado-criança, numerosos entre osdefensores.

A guerra também é uma festa

Juan Crisóstomo Centurión recrimina a Solano Lópezpor não evacuar Piribebuy, expondo à perda inevitável detropas, de armas e de riquezas. A defesa impossível dacapital facilitou, entretanto, a retirada do mariscal. Apósos combates, os aliancistas depararam-se extasiados com“grandes depósitos de melaço, polvilho, milho, erva-mate”; os “arquivos da República, importantes quantidadede prata cunhada e de igreja, livros, papéis, mobílias”(Centurión, 2010, p. 394). Na residência da madameLynch, havia “trastes ricos, porcelanas, camasdouradas”, “vinhos delicados e licores”, além de prataamoeda (Taunay, 2008, p. 59; 2002, p. 137).

O conde d’Eu comunicou ao governo imperial o botimencontrado: “[...] todo o arquivo público da República

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do Paraguay até o ano de 1868, inclusive acorrespondência secreta de seu ministério deestrangeiros. [...] depósitos de farinha, erva mate,vinhos da Europa em grande quantidade, caixões comroupa, diferentes objetos de prata lavrada, numerário dediversos países, uma soma de papel moeda do Brasil”,além de “oficina de concertar armamento, parte domaterial de uma tipografia e de uma estação telegráfica”(Ordens do Dia, 1877, p. 518).

O príncipe consorte não se referiu minimamente aosaque. No Diário [...], de 1870, Taunay anotou, en passant,“saque” que teria sido “rapidamente comprimido” (Taunay,2002, p. 137). Nas Recordações, publicadas décadas após ossucessos, é já mais comedido sobre a repressão ao saque:“Tomado Peribebuí, e abafada qualquer resistência, houveo seu saquezinho [sic], apesar dos esforços para reprimi-lo”. Apesar dos propostos esforços, escreveu que ossoldados “entravam nas casas e saíam com muitos objetos,que iam tomando violentamente ou apanhando pelo chão”(Taunay, 2008, p. 58-9).

Definitivamente, não se tratara de desmandorapidamente reprimido pela oficialidade: “Não poucossoldados, quando penetrei na morada de Lynch, passarampor perto de mim, levando em panos e mantas grandeporção dessa prata, quando podiam carregar”. Apenas osricos objetos que escaparam ao saque teriam sidoentregues à “repartição fiscal” (Taunay, 2008, p. 59). Osaque seria possivelmente também forma dos praças definanciarem suas necessidades durante a guerra, devidoaos habituais e programados atrasos dos soldos da tropa(Rebouças, 1973, p. 154).

Dionísio Cerqueira lembra-se igualmente das enormesriquezas encontradas em Piribebuy, com destaque para os“vestidos de madame Lynch, de seda e veludo, bordados aoiro”. Recorda-se, igualmente, dos víveres, do“excelente vinho angarrafado”, da “profusão” de“charutinhos paraguaios muito gabados”. Sobre esses eoutros bens, afirma, sem peias, referindo-se certamentea soldados e oficiais: “Fez-se mão baixa sobre tudo”(Cerqueira, 1929, p. 329).

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Talvez nada fixe melhor o sentimento dominante dossoldados sobre os bens dos vencidos que se encontravamao alcance de suas mãos, do que o registro inocente deTaunay de sua participação no saque. O futuro viscondelembra que bebeu com seus próximos, sem travas, “vinhosde excelente qualidade, sobretudo caixas de champagne,de indiscutível procedência, e das melhores marcas”.Sugere que provinham diretamente da cave de FranciscoSolano López (Taunay, 2008, p. 60). No frente debatalha, essas bebidas, vendida por ávidos negociantes,alcançavam valores altíssimos, mesmo para os oficiais(Silva, 1924, pp. 32 et passim).

Em suas Memórias, Taunay lamenta apenas a “bem pequena”“quantidade” das bebidas excelentes, o que contrasta coma afirmação do conde de que havia bebidas de qualidade“em grande quantidade” (Taunay, s. d., p. 349). Taunaylembra ainda: “Em Peribebuí, apanhei, entre várioslivros que pertenciam a Francisco Solano López, osegundo volume de um D. Quixote do imortal Cervantes,edição de luxo, em espanhol, jornada [sic] de boasgravuras”. Uma obra na época certamente de elevadovalor! (Taunay, 2008, p. 60).

Paraguaias carinhosas

Não há registro do estupro geral das mulheres dePiribebuy na documentação militar oficial do Império.Vimos que O’Leary e Centurión não se referem a talsucesso. No trabalho citado, o general Resquín lembra a“bárbara matanza y crueles martírios” a que foramsubmetidos os “prisioneiros”, talvez um registroindireto e implícito das violências que sofreram asmulheres de Piribebuy (Resquín, s. d., p. 109).

Paradoxalmente, é a própria memorialística imperialque confirma a proposta da tradição paraguaia sobreaquelas violências contra as mulheres, e sugere arelativa normalidade com que eram vistas nas tropasaliancistas e praticadas por elas. Dionísio Cerqueirarefere-se, em forma humorística, ao ataque às mulheres,após os combates: “Ao passar debaixo de um laranjal, vi

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mulheres escondidas na ramalhada, transidas de pavor,algumas com os filhos nos braços. Em baixo, soldadosconvidavam-nas a descer, e elas, como o galo da fábula,desconfiavam das lábias das velhas raposas, que aliás, éde crer, não tinham desejos sanguinários”. Havendoapenas desejos libidinosos, desta vez, o jovem não teriainterferido! (Cerqueira, 1929, p. 327).

A seguir, o futuro general registraindiscutivelmente a banalização do estupro das mulheresparaguaias por soldados e oficial das tropasaliancistas, ao reproduzir canção entoada, mais tarde,por José da Rocha, soldado do batalhão de engenheiros eartista profissional na vida civil, em espetáculoassistido pelo conde d’Eu, para a excitação “doconspícuo auditório de generais e chefes”.

Dionísio Cerqueira transcreve a canção que descreviaaquilo que acontecera, e arrolava o que fora encontradoem Piribebuy: “surrão de mate, cheio de patacão”;soldados paraguaios defendendo-se jogando “pedras”;“melado”, “charuto”, “garrafas” de bebidas alcoólicasetc. Certamente relembrando as agradáveis recordações dossucessos magníficos quando e após o combate, o futurogeneral apresenta banalmente os versos terríveis dosoldado-trovador:

“Tudo é poesia, Poesia fina. Dentro do ArreductoNão faltava china” (Cerqueira, 1929, p. 330).

Comentando a canção, que reduzia toda mulherparaguaia à qualidade de china, Cerqueira lembra que,algumas “mulheres durante o assalto, nas trincheiras,atiravam-nos pedras e outros projéteis”. E conclui,irônico e malicioso: “Quem as visse depois, nãoacreditaria que fossem as mesmas, tal a amabilidade ecordura”. Esquecia que a cooperação carinhosa era certamenteobtida pelos vencedores com o argumento do punhal nocinto, com o direito de usá-lo.

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À guisa de conclusão

A precisão e a concordância dos diversos depoimentospresenciais realizados quando e após o assalto, assimcomo a variada documentação oficial sobre ele, nãodeixam espaço para dúvidas. Não houve a gloriosaresistência proposta por Centurión, que teria exigidotrês assaltos e cinco horas de combates para vencer asdefesas, e os “más de quinientos cadáveres enemigos”registrados por Resquín. O escasso número de vítimasfatais entre as tropas aliancistas registrava já afacilidade da conquista – apenas 69 mortos! (Fragoso,1934, p. 274).

Teria sido ataque, sem oferecimento de quartel, detropas maciçamente superiores, resolvido em não muitomais de meia hora! Os relatos aliancistas sobre avalentia dos defensores foram, possivelmente,declarações retóricas necessárias para escamotear overdadeiro massacre, sobretudo de velhos, adolescentes,crianças e mulheres mal-armados e mal-treinados, após asuperação das rústicas defesas da pequena capitalparaguaia.

Os depoimentos de oficiais imperiais não deixamigualmente dúvidas sobre a ampla execução, em parte pordegola, de adultos e, talvez, sobretudo, de adolescentese de crianças, devido ao fato de apresentarem menorresistência. Acontecimentos já sugeridos pelo enormedesequilíbrio entre o número de mortos e o de feridos,inesperado, sobretudo, em um ataque e vitória tãorápidos.

Não é improvável a ordem direta dada para que PedroPablo Caballero e o chefe político da vila fossemexecutados, mesmo sendo certamente criação da tradiçãopopular as palavras usadas pelo conde, transcritas porCenturión. Trata-se, porém, de fato que exige maiorinvestigação e comprovação documental, sendo talvez maisverossímil que as duas autoridades tenham sidoexecutadas logo após serem presas, pelas próprias tropasaliancistas, sob as ordens ou cumplicidade dos oficiais.

Se a execução de prisioneiros, ainda maisadolescentes e crianças, era hábito não excepcional, ela

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sofreria sanção ou constrangimento moral, nem que fosseformal, após o calor dos combates. Matar prisioneirosera prática definitivamente rejeitada pela etiqueta epelas práticas militares oficiais. Tanto que os futurosvisconde de Taunay e o general Dionísio Cerqueirapreocuparam-se em registrar suas oposições àquelessucessos, que é difícil definir se foram reais ouimaginárias.

Paradoxalmente, o saque e, sobretudo, o estupro demulheres das populações inimigas seriam práticas tidascomo quase normais, entre as tropas e a oficialidade, nocurso das operações em território paraguaio.

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