OLIBERAL BELÉM, SEXTA-FEIRA, 17 DE JULHO DE 2015 10 ATUALIDADES CIDADES Final de semana terá tempo quente e pouca chuva em todo o Estado “É preciso frear esse potencial risco de afogamento”, argumenta major Pipas já provocaram morte em Outeiro U m homem de 30 anos morreu afogado na praia da Brasília, em Outeiro, após nadar atrás de uma pipa, há quatro dias, recusando-se a atender o alerta dos guarda- vidas. Houve mais dois casos de afogamento sem óbitos, na Praia Grande, no último domin- go, 12, envolvendo adolescentes que também perseguiam pipa que chinava. As situações são um alerta: pipas e papagaios são um risco aos aficcionados e aos que estão nas praias, dentro ou fora da água, em especial as crianças. Crianças perdidas são um outro problema grave. No domingo passado, foram 74 ca- sos em Outeiro. O major Helton Araújo, do Corpo de Bombeiros, super- visiona os guarda-vidas em Outeiro, Cotijuba e na praia do Cruzeiro, em Icoaraci, e diz que as pipas nas praias são uma preocupação. “O uso de pipas com linhas enceradas nas praias é crescente. Quan- do as pipas são cortadas, os ventos as jogam para dentro da água e os adolescentes e até adultos nadam, olhando para cima, e muitas vezes não aten- tam à segurança. Então, o índi- ce de afogamento de pessoas que vão atrás dessas pipas é relativo”, afirma o major. O assunto foi pautado na reunião anteontem, na Agên- cia Distrital de Outeiro, entre órgãos de segurança pública que atuam na ilha. “Reuni- mos com a Agência Distrital de Outeiro e cobramos ação em relação às pipas, porque a fiscalização para coibir a utili- zação de pipas nas praias é da Guarda Municipal e Secretaria de Economia (Secon). A admi- nistração regional de Outeiro, que faz parte da Prefeitura, se comprometeu em fazer fisca- lização efetiva, que já aconte- ce, mas precisamos envidar esforços para ter ação mais efetiva, porque as pipas são mais utilizadas nos finais de semana. É preciso frear esse potencial risco de afogamen- to”, ressalta o major. Chefe de gabinete da Ad- ministração Regional de Ou- teiro, que tem à frente a dele- gada Elizete Cardoso, Solane Simões afirma que são feitas fiscalizações nas praias, nos finais de semana, em ações com a Secretaria de Economia, Guarda Municipal, Polícia Mili- tar e Corpo de Bombeiros. “No AFOGAMENTO Adulto morreu ao nadar atrás de uma pipa que "chinava" na praia da Brasília mas o Corpo de Bombeiros localizou todos os responsá- veis. Os Bombeiros criticam a ausência do Conselho Tutelar nas praias. “É preciso que se faça presente nas praias do Outeiro. É impossível o Cor- po de Bombeiros detectar 74 crianças perdidas e dentro do complexo da praia não ter um órgão responsável para fazer atendimento psicos- social às crianças e orientar os pais. Fazemos porque te- mos compromisso com a vi- da, mas não é nossa função. Queremos que o Conselho Tutelar esteja nas praias, e não no seu gabinete, porque a criança está se perdendo dos pais nas praias e precisamos integrar as ações para prover segurança para elas”, exige o major Helton Araújo. Paula Santos, uma das cin- co conselheiras tutelares do Outeiro, diz que não pode atu- ar na praia. “Temos uma sede para receber a demanda de crianças e adolescentes com dignidade, pois temos que ter sala de atendimento reserva- da, para garantir a integridade física dela sem expô-la, além de outras garantias. Então, na reunião, fizemos esse esclare- cimento e o combinado é que os Bombeiros identifiquem a criança perdida e a Guarda Municipal ou a Polícia Militar, que possuem veículos, condu- zam a criança até o Conselho Tutelar, então, receberemos a demanda e encaminharemos todos os serviços requisita- dos”, diz a conselheira. A dona de casa Bruna Viana, 27 anos, que mora no Outeiro, tem duas crianças e conta que adota todos os cuidados com elas na praia. “A gente não vem muito na praia, só quando tem pouca gente. Hoje (ontem) trouxe somente a menina, 4 anos, e o bebê, 2 anos, ficou em casa. Quando estamos aqui no do- mingo levo as crianças logo para os Bombeiros colocarem a pulseirinha de identificação. Quando é para ir na água, vou junto, eles ficam sempre do meu lado e eu não vou fazer outras coisas, não. Meu maior desassossego são as linhas de pipas, porque os meninos passam correndo atrás, jogam todo mundo e não querem saber quem está na frente. Eu tiro eles do meio, e não tiro o olho”, conta Bruna Viana. O tempo quente vai pre- valecer em todas regiões do Estado, neste terceiro final de semana das férias do mês de julho. Na região nordeste, onde se concentram as praias mais disputadas pelos vera- nistas, a previsão é de que ho- je, amanhã e domingo, os dias serão de muito sol, com pou- ca nebulosidade. As chuvas serão de intensidade fraca à moderada, no período da noi- te. Nos municípios da região, nos primeiros quinze dias do mês, as chuvas ficaram 50% abaixo da média, segundo o Instituto Nacional de Mete- orologia (Inmet), em Belém. Ainda de acordo com o Inmet, a Região Metropolitana de Be- lém (RMB) também registrará muito sol, pouca nebulosida- de e chuvas rápidas e isoladas à tarde e à noite. A previsão inclui os distritos Mosqueiro e Outeiro, muito procurados pelos veranistas de água do- ce. Durante os primeiros 15 dias do mês, a RMB registrou último final de semana, mais de 200 pipas foram apreendi- das na Praia Grande e da Praia do Amor”. O major Helton Araújo adverte que as pipas são pro- blema também na faixa de areia, para as pessoas que se divertem com seus familia- res. Um orte de linha ence- rada podem leva à morte em minutos, caso atinja uma ar- téria. “Praia não é lugar de pi- pa, mas um espaço para que as pessoas se divirtam com tranquilidade”, enfatiza. APELO Sobre a morte na Praia da Brasília, o militar conta o ocor- rido. “Ele não atendeu aos api- tos dos guarda-vidas, que par- tiram atrás dele, mas, em um dado momento, ele afundou e não conseguiu mais voltar. Nossa equipe fez a retirada do corpo”, relata o major. No próximo domingo, 19, o número de pessoas nas seis praias do Outeiro deve ultrapassar 40 mil, segundo estima o Corpo de Bombeiros, que espera contar também com o bom senso das pessoas para evitar afogamento e de- 69,9 milímetros de chuvas, a maior parte delas registrada no dia 2, com 41.6 milímetros. As maiores temperaturas fo- ram registradas nos dias 1° e 10, com 33,5°C. O Inmet recomenda cuida- dos com as altas temperaturas - comer muitas frutas, tomar água, sucos, usar o protetor so- lar, além de vestir roupas leves. O período mais crítico ocorre sempre entre 10h e 15h. No Marajó, a previsão é de chuvas rápidas e localizadas, principalmente à noite. Já no sul do Pará, a previsão é de chuvas rápidas e isoladas, com tempo quente em Reden- ção, Conceição do Araguaia e Santana do Araguaia, onde a temperatura máxima deve alcançar os 37°C. No oeste do Estado, o tempo será nu- blado a parcialmente nubla- do, com poucas chuvas. Nos municípios de Porto de Moz e Belterra, por exemplo, a tem- peratura média vai variar de 22°C a 34°C. Inmetro fará ação educativa em Salinas para evitar acidentes de consumo O Instituto de Metrologia do Estado do Pará (Imetropará) firmou parceria com o Corpo de Bombeiros Militar e com a Defesa Civil para promover ações educativas e de orienta- ção em Salinópolis, informou ontem a Agência Pará. Neste terceiro final de semana do veraneio, as atividades serão desenvolvidas em dois perío- dos. Pela manhã, os trabalhos ficarão concentrados na praia do Atalaia, ao lado da barraca da Defesa Civil. Ali, as crian- ças participarão de jogos edu- cativos e receberão pulseiras de identificação. À noite, as ações serão na orla da praia do Maçarico, onde também serão distribuídos materiais infor- mativos, de acordo com cada faixa etária. A partir da parceria fir- mada com os Bombeiros, os agentes de educação do Ime- tropará trabalharão com a prevenção de acidentes com crianças e adultos na praia do Atalaia e orla do Maçarico. De acordo com o comandante geral do Corpo de Bombeiros do Pará, coronel Nahum Fer- nandes da Silva, um dos fo- cos dessa operação conjunta é a prevenção de acidentes. “Nosso trabalho é o de alertar, orientar e tentar prevenir as situações de risco para evitar acidentes”, destacou. Para o presidente do Ime- tropará, Jorge Rezende, as ati- vidades lúdicas sobre aciden- tes de consumo são muito im- portantes. “Buscamos chamar atenção das crianças e adultos para as situações do dia-a-dia que podem colocar em risco a nossa saúde, mas que também podem ser prevenidas. No ca- so das crianças, em específico, um dos cuidados que os pais devem ter é o de nunca com- prar produtos sem selo do In- metro”, disse. O coronel Adailton Souza, da Defesa Civil, avalia que a melhor forma de evitar aciden- tes é trabalhar a prevenção. “E isso feito de forma lúdica aca- ba sendo melhor absorvido pelas crianças”, ressaltou. FISCALIZAÇÃO O Imetropará mantém, paralelamente, operações de fiscalização nos centros comerciais da região do Sal- gado, para verificar a confor- midade de produtos pré-me- didos comercializados nesta época do ano, conferir se as bombas de combustível e balanças estão funcionando corretamente, além de con- firmar se a verificação anual foi realizada. A programação segue até o final do mês. Caso sejam detectadas ir- regularidades, os estabeleci- mentos têm até dez dias para apresentar defesa e estarão su- jeitos às penalidades previstas na lei. Já os consumidores po- dem apresentar denúncias por meio da Ouvidoria do Imetro- pará, pelo número 0800 280 1919, de segunda a sexta-feira, das 8 à 14 horas. FOTOS: FÁBIOO COSTA / O LIBERAL saparecimento de crianças. “Temos 62 guarda-vidas trabalhando, não somos oni- potentes e oni- presentes. Faze- mos um apelo para que a população cuide, em princípio, de sua vida. O pri- meiro guardador da vida é Deus, depois a própria pessoa e o Bombeiro, em ter- ceiro lugar. A pessoa tem que ter senso de autoproteção e onde a prevenção falhar tenta- mos dar a resposta. Nesses 30 dias, se não houves- se a presença dos guarda-vidas, o número de óbi- tos na praia do Outeiro supera- ria um por dia”, estima o major. CRIANÇAS Na avaliação do major Helton Araú- jo, as crianças são as mais fragilizadas na praia. “Se obser- varmos a praia em um plano horizontal, verificamos que a diversão do adulto, muitas ve- zes, não é dentro da água. Lá, estão crianças e adolescentes e, pontualmente, adultos. Se olharmos para os bares, os adultos estão lá ingerindo bebi- da alcoólica e dançando, e seus filhos estão dentro da água. En- tão, esse hábito fragiliza e colo- ca a vida da criança em risco. A gente pede e cobra dos pais que assumam sua condição de responsáveis por salvaguardar a integridade de sua família e atender às orientações dos guarda-vidas como autorida- des preservadoras da vida na praia”, pontua o major. Só no último domingo, 12, um total de 74 crianças se perderam dos familiares nas seis praias do Outeiro, Jovem empina rabiola em Outeiro, diversão para a qual os bombeiros exigem restrições, enquanto Bruna Viana não se descuida de sua filha Confira as temperaturas médias Região Temperatura média (máx/mín) Região Metropolitana de Belém 32°C/24°C Nordeste 34°C/23°C Marajó 34°C/23°C Sudeste 34°C/22°C Oeste 34°C/22°C