Top Banner
ESCRITOS DE EDUCAÇÃO PIERRE BOURDIEU Ediglebson Silva Leonice Parajara Rafael C. Lima Prof. Dr. Marcio Alves São Paulo, 2015
22

Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Jan 22, 2018

Download

Education

Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

ESCRITOS DE EDUCAÇÃO

PIERRE BOURDIEU

Ediglebson Silva

Leonice Parajara

Rafael C. Lima

Prof. Dr. Marcio Alves

São Paulo, 2015

Page 2: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

PIERRE BOURDIEU

Nascido em 1º de agosto de 1930 numa pequena cidade francesa (Denguin), situada na Região doBéarn (Departamento dos Pirineus-Atlânticos), onde seu pai ocupava o posto de funcionário daagência de correios, Bourdieu se confrontou muito cedo com os obstáculos impostos aos jovensdas classes desfavorecidas para levar adiante seus estudos. Beneficiário de uma bolsa deestudos, o jovem bearnês (cujo sotaque provocava riso entre os colegas) realizou seus estudos,primeiramente, no Liceu de Pau (que marcou sua memória pela experiência vivida num 'edifíciofechado, com corredores desertos e com ecos assustadores, onde se debatia para afastar afatalidade de suas origens'), freqüentou em seguida o prestigioso Liceu Louis Le Grand em Parise, finalmente, a reputada Escola Normal Superior, destinada à formação da elite intelectualfrancesa.

Page 3: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

A Distinção: crítica social do julgamento A Economia das trocas simbólicas O Poder simbólico Para uma sociologia da ciência A Miséria do mundo Escritos sobre educação Razões práticas – sobre a teoria da ação Questões de sociologia O campo econômico O campo científico Lições de aula Coisas ditas Sobre a televisão As regras da arte

Page 4: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Alguns pontos de partida para Bourdieu estão na censura donatural, dos objetos legítimos, legitimáveis ou indignos. Ahierarquia dos objetos legítimos, legitimáveis ou indignos é alvode censura cujo campo está mal afirmado com relação àsdemandas da classe dominante. Valorizar o fútil, futilidadespráticas que não são científicas. Objetos desvalorizados por sua“futilidade” ou sua “indignidade”.

O que realmente é? O que eu atribuo valor? Segundo o grau delegitimidade e segundo o grau de prestígio no interior dos limitesda definição.

A oposição entre consagração, que podem ser considerados devanguarda ou heréticos, “[...] tentar impor uma nova definição dosobjetos legítimos, manifesta a polarização [...]”.

Bourdieu faz uma análise semiológica da fotonovela, da moda,entre outros. Aponta reflexão sobre uma aplicação bastanteherética de um método legítimo, para atrair os prestígios a objetoscondenados pelos guardiões da ortodoxia, nas fronteiras docampo intelectual e do campo artístico.

Page 5: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Como são classificados os objetos? É intrínseco,substancial ou realmente são importantes,interessantes, vulgares, chiques, obscuros ouprestigiosos (ciências sociais).

A hierarquia dos objetos e a hierarquia dos gruposque dela tiram seus lucros materiais e simbólicos.A hierarquia de valores está objetivamente inscritanas práticas e ao mesmo tempo sendo um objetode disputa.

Bourdieu afirma ser [...] admitida como natural,em domínios nobres ou vulgares, sérios ou fúteis,interessantes ou triviais, nos diferentes campos, emdiferentes momentos.

Page 6: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Coisas boas de dizer... Não sejam ditas...(Coisas pequenas da vida que não se dá odevido valor).

Outrora se acoberta. Não querer ver o que énítido, o que está claro.

A definição dominante das coisas boas de dizerfaz com que não sejam ditas ou então só podemser tratados de modo envergonhado ou vicioso.

Apostar em estratégias mais rentáveis.

Page 7: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

A ciência valoriza o que não tem valor. O pesquisador escreve o que o leitor pode ler.(cientificamente versus insignificantes). 1472 livros sobre Alexandre, palavras quepodiam ser simples, se tornaram complexas. As pessoas não querem ver o que estánítido, o que é claro, preferem encobrir.

A privação da pesquisa, a limitação da verdade ou a ausência de conhecimento, ouseja, a hierarquia dos objetos dos graus de legitimidade que comanda todas as formasde experiência ingênua.

A ciência não toma partido na luta pela manutenção ou subversão do sistema declassificação dominante, ou seja, conhecer a estrutura, tomar conhecimento, a ciênciaconcorda. A hierarquia dominante não destrói ou modifica essa realidade.

Os estudiosos, pesquisadores e científicos, quando saem do seu império, fora de suasmuralhas, são pessoas comuns, iguais a todos. “as máscaras de autoridades nouniverso protegido da alta legitimidade”. Grandes autores, estudiosos, teorias.

Os pobres são atraídos pelo que a representação dominante... São atraídosfrequentemente aqueles que estão menos preparados para tratá-los. (voyeurpuritano).

Uma preocupação de reabilitação que supõe a submissão íntima à hierarquia daslegitimidades.

Tem-se a grande síntese teórica, sem ou a referência sacralizante aos textos canônicos.

Page 8: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Faz uma reflexão que está mal afirmada em relação às demandasda classe dominante em relação aos objetos naturais.

A hierarquia dos domínios e dos objetos da estrutura dasoportunidades (médias) de lucro material e simbólico. (opesquisador escreve o que o leitor pode ler). São trabalhoscientificamente que dão valor aos objetos “insignificantes”.(médias) de lucro material e simbólico (Classe média – fazermédias)

Aqueles que abordam os objetos desvalorizados por sua“futilidade” ou sua “indignidade”, como o jornalismo, a moda ouas histórias em quadrinhos [...] e isso não contribui para umaabordagem científica.

O universo da alta costura produz a fé no valor insubstituível dosseus produtos.

Entre os campos de legitimidade desigual, a oposição é sempremenor.

Page 9: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Sistema Escolar, fator de mobilidade socialEste é um equivoco bem arraigado em nós, pois temosa ilusão que a conclusão dos estudos significa queteremos maior possibilidade de ascensão social,segundo o autor a escola é uma ferramenta que reforçaa inércia social.

Conservação socialEssa mesma escola que poderia representar apossibilidade de mobilidade social, da forma como éestruturada contribui para a conservação social, namedida em que a escola ao tratar todos os alunos quevem de realidades culturais e sociais desiguais ,atribuindo-lhes os mesmos direitos e deveres, o queinicialmente pode parecer justo, acaba funcionandocomo perpetuação dessa desigualdade.

Page 10: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Como essa aprendizagem se dá no cotidianodas famílias, muitas vezes nos seus momentosde lazer, como assistir a um concerto, umespetáculo teatral, etc. Não provoca aconsciência de uma aprendizagemoportunizada pela condição social e oindividuo tem a ilusão de que ele tem essesdons naturais.

Page 11: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Herança familiar, conjunto de valoresimplícitos profundamente interiorizados,revelados nas posturas e atitudes e compostapelas características da linguagem e facilidadeslinguísticas, práticas culturais (acesso a teatros,museus etc) Sendo essa bagagem segundo oautor muito importante para o êxito escolar.

Page 12: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Constatação da relação entre o nível cultural global da família e o êxito escolar da criança. Esta mesma influência se estende até o nível universitário.

Bourdieu afirma que as chances objetivas de um jovem de uma família com maior poder aquisitivo é 40 vezes maio que a de um jovem filho de operários.

Page 13: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Ao reforçar a ideia de atitude culta, que dizrespeito as possibilidades culturais dos meiosfamiliares mais favorecidos, a escola sancionaas desigualdades sociais que só a escolapoderia reduzir.

Superseleção das crianças das classespopulares, que apesar todas as dificuldadesapontas acima, para chegar ao ensinosecundário precisam ter um desempenhoexcepcional, segundo Bourdieu essa é umacontradição cruel e excludente.

Page 14: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Brevê Técnico

Profissional

Baccalauréat Brevê de estudos do

primeiro ciclo

Ensino superior

Objetivo de pais de

alunos de liceu

4% 27% 2% 31%

Objetivo de pais de

alunos de

Colégio de Ensino

Geral

27% 14% 15% 7%

Page 15: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

CRÍTICA À INSTITUIÇÃO

A escola como ferramenta de perpetuar as desigualdades sociais.;

Ideologia da função Libertadora;

Ilusão e função de equidade; Romper com as desigualdades partindo da sanção diante da cultura;

O discurso : Igualdade Formal – Máscara nas práticas pedagógicas;

Ensino como ferramenta o despertador de dons;

A conservação do discurso, questionam as ideias que nem sempre precisam de mudança;

CULTURA E COMPORTAMENTO

Comportamentos que serão expressos na escola, advindos propriamente de alunos de classe social menos favorecida;

Valores, culturas, construídas a partir de seu comportamento, que se choca com as culturas, comportamentos, propagados como “corretos” na escola.

Page 16: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

A ESCOLA E O PROFESSOR

Os professores e a relação dentro da escola; privilégio cultural;

Avaliação do professor segue como parâmetro do processo educativo da elite;

As linguagens expressas nos ambientes escolares são perceptíveis referências por uma busca incessante dos códigos;

esforço forçado para ingresso em uma cultura que não facilita para o desenvolvimento de suas expectativas;

Implícitos significados, as classes cultas legitimam o saber erudito e a escola é encarregada de perpetuá-los e transmiti-los esses valores;

Culturas e comportamentos incorporados pela classe dominante e valoriza na instituição;

Hierarquia de valores; Direção do ensino;

Recrutamento e entrada na escola, alunos que ingressam são necessários adquirir aptidões socialmente exigidas tradicionalmente dentro da escola;

Exigências mais eficazes e mais implícitas. A escola atribuir aos indivíduos esperança de vida e de mudanças na escala social; Ideologia dos dons:

Alguns de classes mais desfavorecidas que obtém o sucesso legitimam o processo, dá crédito ao mito da escola libertadora junto àqueles próprios indivíduos que ela eliminou.

Page 17: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

A participação da classe menos favorecidas a culturas produzidas pela classe mais favorecidas;

A cultura erudita cria suas necessidades, seus próprios mecanismos de absorvê-lo. Vantagens e desvantagens cumulativas;

O domínio das culturas, ou mesmo instruções acrescidas pela vivência do meio culto, propiciada pelo meio familiar, é particularmente determinante;

A participação e frequência em instituições que são reflexos desse sistema que propicia a classe de quem a produz;

O poder da influência da escola nas práticas culturais, os estímulos são mais uma vez motivados pelo princípio do dom;

Vantagens cumulativas: aqueles que frequentam roteiros turísticos, enquanto alunos motivados, instruídos;

Page 18: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

CAPITAL SOCIAL A Noção de capital social está ligada ao dinheiro (sociedade

monetária). Aí temos o capital econômico e o capital culturalpor níveis. O capital social está associado ao poder (euposso). Então temos o conhecimento com o reconhecimento enuma rede durável de interconhecimento e de Interreconhecimento.

Nesse sentido, temos a concentração do capital social emgrupos seletos, que são grupos raros e prestigiosos.

Cada membro do grupo encontra-se assim instituído comoguardião dos limites do grupo (casamento desigual).

Os espaços geográficos físicos são separados pelo econômicoe social, que supõem o reconhecimento dessa proximidade.

Bourdieu faz o seguinte questionamento: O que seria do ricose não tivesse o pobre?

Page 19: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

A existência de uma rede de relações, para reproduzir relaçõesduráveis e úteis, aptas a proporcionar lucros materiais ousimbólicos. Em outras palavras, a rede de ligações é o produto deestratégias de investimento social. Grupos necessários e eletivos,que implicam obrigações duráveis, a fim de garantir direitos.Produção de conhecimento e de reconhecimento mútuos.

Simbologia de um nome importante (sobrenome), nome da famíliaou da linhagem.

A existência de um grupo (família, nação, associação ou partido), O novo rico não possui capital simbólico, somente econômico e

possivelmente o capital cultural. É por isso que a reprodução do capital social é tributária,

produzindo:Ocasiões (rallyes, cruzeiros, caçadas, saraus, recepções, etc);Lugares (bairros chiques, escolas seletas, clubes, etc);Práticas (esportes chiques, jogos de sociedade, cerimônias

culturais, etc).

Page 20: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Os estabelecimentos escolares têm uma lógica da conservação da educação prioritária, continuidade do processo da estrutura escolar;

Hierarquia da estrutura de ensino: Simples ou claramente identificada;

Identificar aqueles que não são para escola, e aqueles que se dão bem no processo escolar;

Evidencia as diferentes discrepâncias na escola. Aponta que as discrepâncias escolares se dão também pela entrada das categorias sociais no processo de escolarização;

Discurso dominante;

O dom ou o gosto tendem a substituir fatores sociais mal definidos;

Mudança da estrutura, sem alteração do valor econômico e simbólico dos diplomas;

A estrutura escolar –chances--fator depreciativo coletivo;

EFEITOS DA ESCOLA: Objetivo da instituição escolar é dar acesso, produz um número cada vez maior de indivíduos atingidos por essa espécie de mal estar crônico instituído pela experiência.

Page 21: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

Capital cultural reduzido no processo de aproximação dentro da escola.

A exclusividade dos espaços que garantam uma boa escolarização, como de costume, é um processo de suas respectivas qualidades que já eram tratadas no passado;

O processo de ensino é aberto a todos, contudo estritamente reduzido à sua permanência. Tendo uma aparência Democrática, e esta aparência com efeito de legitimação social;

Violências invisíveis são sinais que apontam as contradições da instituição escolar. Que desse caso são praticadas as escolas que não são para elas;

Escola como fator excludente. A escola exclui, mas exclui de maneira continua, em todos os níveis desse processo;

Adesão da ilusão são sinais de como esse processo gera conflitos e fatores excludentes desses indivíduos;

Esconde a diversidade das coisas;

Reagrupa os mais desprovidos;

Diploma que não tem tanto valor;

Investimento de uma escolarização que no futuro não lhes renderam futuro;

Relações distantes entre o professor e as dinâmicas escolares dos alunos;

Sobre as resignações do processo de escolarização, Bourdieu aponta que um dos fatores é manifestado pela cultura externa dos alunos, e que são também expressas no ambiente escolar;

Page 22: Pierre Bourdieu: Escritos de Educação

NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI, Afrânio.Pierre Bourdieu: Escritos de Educação. 9. ed. –Petrópolis.