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Suínos & Cia 25 Revisão Técnica Ano VII - nº 43/2012 zir problemas reprodutivos nas porcas. Em cachaços vacinados (com CircoFlex™), a viremia e o nível de excreção viral via sê- men diminuem, não tendo sido observado diferenças na qualida- de seminal (morfologia, motilidade, concentração espermática). VÍRUS DA GRIPE O vírus da gripe é endêmico e um componente im- portante do Complexo Respiratório Suíno (CRS). Está em an- damento um ensaio com um teste comercial (ELISA blocking, da IDEXX) para detectar anticorpos anti-nucleoproteína A do vírus da gripe, em amostras de fluidos orais, entre 7 e 42 dias pós-inoculação. A transmissão viral ocorre tanto por contato direto oro- nasal, como por via aérea. Há poucos estudos sobre a evolução do papel da imunidade maternal na transmissão do vírus da gri- pe. Ele foi detectado, excretado por leitões desmamados de mães vacinadas. O virus em questão é eliminado aproximadamente durante 7 dias pós-infecção. O vírus da gripe foi reconhecido no meio-oeste norte- americano em 1918, coincidindo com a pandemia humana ocor- rida na Europa e conhecida como “gripe espanhola”. O primeiro isolamento ocorreu em 1930 (Shope) e foi classificado como H1N1. O referido vírus permaneceu estável, genética e antige- nicamente, durante 80 anos. Sua epidemiologia mudou drasti- camente a partir de 1998, quando apareceram os tríplice vírus (humanos, aviares e suinicolas). O vírus da gripe origina uma pneumonia do tipo viral que contribui com o agravamento do CRS, pela predisposição a infecções bacterianas secundárias. Em diferentes trabalhos observam-se mudanças gené- ticas contínuas na sequência dos vírus da gripe em suínos, as quais, inclusive, ocorrem em períodos de tempo muito curtos, após a infecção. As vacinas atuais demonstram eficácia na redução da excreção nasal do vírus, da replicação viral nos pulmões e das lesões e sintomas clínicos respiratórios. A imunidade humoral é subtipo e cepa específica. A eficácia da resposta imune de base celular à infecção pelo virus da gripe ainda não está completa- mente esclarecida nos suínos. Os anticorpos maternais podem interferir com a proteção frente à vacina. Nos EUA, é frequente a vacinação das futuras reprodutoras. DOENÇAS RESPIRATÓRIAS DE ORIGEM BACTERIANA MYCOPLASMA SP : o uso de fluidos orais para aclimatar leitões desmamados ou futuras reprodutoras frente ao M. hyopneumoniae não se mostrou eficaz, tão pouco seguro, em todas as situações. O custo da pneumonia enzoótica para a suinocultura norte-americana está estimado em US$ 367 milhões anuais. Há uma correlação positiva entre a prevalência do M. hyopneumoniae no desmame e os problemas respiratórios durante a fase de engorda. A imunidade celular tem um papel importante na proteção dos leitões recém nascidos. O efeito negativo sobre a produção é superior quando são vários os agentes infecciosos envolvidos no mesmo processo respiratório. O custo aditivo de infecções mistas, Mycoplasma hyopneumoniae + gripe, está estimado em US$ 3,86 /suíno, podendo chegar ao dobro. O custo de casos complicados de M. hyopneumoniae + PRRS é mais que o dobro do que em casos simples. Haemophilus parasuis : os suínos convencionais estão colonizados de forma natural pelo Haemophilus parasuis, o qual pode ser encontrado de forma primária na mucosa nasal e nas tonsilas. Granjas infectadas endemicamente têm quadros clíni- cos intermitentes. Os fatores que determinam essa situação são desconhecidos. A doença se caracteriza por atraso no crescimen- to e mortalidade, associados a poliserosites, meningites, poliar- trites e a processos septicemicos. As porcas são o reservatório do agente, colonizando os leitões durante a fase de lactação de forma lenta e deixando-os 'como portadores subclínicos. No des- mame, a contaminação dos leitões é muito elevada. Os anticor- pos maternais mostram-se protetores até 5 a 6 semanas de idade. A vacinação previne a disseminação sistemática da doença. A detecção de anticorpos em amostras de sangue é feita pela prova de ELISA do tipo OppA (proteína universal presente em todas as cepas de Haemophilus parasuis). As porcas com maior número de partos têm maior imunidade. Em granjas com elevado risco recomenda-se a vacinação de todas as reprodutoras, incluindo a dupla vacinação das nulíparas. Os tratamentos com enrofloxaci- na injetável mostram-se eficazes na redução, tanto clínica como na presença da bactéria, ainda que não ocorra a sua eliminação completa. Acgtinobacillus pleuropneumoniae : são conhecidos 15 sorotipos com virulência variável (3: média; 1,5 e 7: alta). Os so- rotipos 1, 5 e 7 são os mais comuns nos EUA e o 2, 4 e 9, na Eu- ropa. O 8 e o 15 são isolados em algumas ocasiões. A vacinação com bacterina inativada não determina a presença de resposta à IgG em um percentual elevado de suínos (62,5%). Aos 7 dias pós inoculação já se observa soroconversão (ELISA e Fixação de Complemento), sendo que a primeira técnica produz menos reações cruzadas e é mais sensível. Há vários kits ELISA dispo- níveis, sendo mais específicos os que usam o antígeno purificado LC-LPS (Swine Check™-mix-APP). Pasteurella multocida : bactéria heterogênea em Centro Artístico de Denver
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Mar 09, 2016

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excreção nasal do vírus, da replicação viral nos pulmões e das lesões e sintomas clínicos respiratórios. A imunidade humoral é subtipo e cepa específica. A eficácia da resposta imune de base celular à infecção pelo virus da gripe ainda não está completa- mente esclarecida nos suínos. Os anticorpos maternais podem interferir com a proteção frente à vacina. Nos EUA, é frequente a vacinação das futuras reprodutoras. Centro Artístico de Denver 25 Ano VII - nº 43/2012
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Suínos & Cia

25

Revisão Técnica

Ano VII - nº 43/2012

zir problemas reprodutivos nas porcas. Em cachaços vacinados (com CircoFlex™), a viremia e o nível de excreção viral via sê-men diminuem, não tendo sido observado diferenças na qualida-de seminal (morfologia, motilidade, concentração espermática).

VÍRUS DA GRIPE

O vírus da gripe é endêmico e um componente im-•portante do Complexo Respiratório Suíno (CRS). Está em an-damento um ensaio com um teste comercial (ELISA blocking, da IDEXX) para detectar anticorpos anti-nucleoproteína A do vírus da gripe, em amostras de fluidos orais, entre 7 e 42 dias pós-inoculação.

A transmissão viral ocorre tanto por contato direto oro-•nasal, como por via aérea. Há poucos estudos sobre a evolução do papel da imunidade maternal na transmissão do vírus da gri-pe. Ele foi detectado, excretado por leitões desmamados de mães vacinadas. O virus em questão é eliminado aproximadamente durante 7 dias pós-infecção.

O vírus da gripe foi reconhecido no meio-oeste norte-•americano em 1918, coincidindo com a pandemia humana ocor-rida na Europa e conhecida como “gripe espanhola”. O primeiro isolamento ocorreu em 1930 (Shope) e foi classificado como H1N1. O referido vírus permaneceu estável, genética e antige-nicamente, durante 80 anos. Sua epidemiologia mudou drasti-camente a partir de 1998, quando apareceram os tríplice vírus (humanos, aviares e suinicolas). O vírus da gripe origina uma pneumonia do tipo viral que contribui com o agravamento do CRS, pela predisposição a infecções bacterianas secundárias.

Em diferentes trabalhos observam-se mudanças gené-•ticas contínuas na sequência dos vírus da gripe em suínos, as quais, inclusive, ocorrem em períodos de tempo muito curtos, após a infecção.

As vacinas atuais demonstram eficácia na redução da •

excreção nasal do vírus, da replicação viral nos pulmões e das lesões e sintomas clínicos respiratórios. A imunidade humoral é subtipo e cepa específica. A eficácia da resposta imune de base celular à infecção pelo virus da gripe ainda não está completa-mente esclarecida nos suínos. Os anticorpos maternais podem interferir com a proteção frente à vacina. Nos EUA, é frequente a vacinação das futuras reprodutoras.

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS DE ORIGEM BACTERIANA

MYCOPLASMA SP• : o uso de fluidos orais para aclimatar leitões desmamados ou futuras reprodutoras frente ao M. hyopneumoniae não se mostrou eficaz, tão pouco seguro, em todas as situações. O custo da pneumonia enzoótica para a suinocultura norte-americana está estimado em US$ 367 milhões anuais. Há uma correlação positiva entre a prevalência do M. hyopneumoniae no desmame e os problemas respiratórios durante a fase de engorda. A imunidade celular tem um papel importante na proteção dos leitões recém nascidos. O efeito negativo sobre a produção é superior quando são vários os agentes infecciosos envolvidos no mesmo processo respiratório. O custo aditivo de infecções mistas, Mycoplasma hyopneumoniae + gripe, está estimado em US$ 3,86 /suíno, podendo chegar ao dobro. O custo de casos complicados de M. hyopneumoniae + PRRS é mais que o dobro do que em casos simples.

Haemophilus parasuis• : os suínos convencionais estão colonizados de forma natural pelo Haemophilus parasuis, o qual pode ser encontrado de forma primária na mucosa nasal e nas tonsilas. Granjas infectadas endemicamente têm quadros clíni-cos intermitentes. Os fatores que determinam essa situação são desconhecidos. A doença se caracteriza por atraso no crescimen-to e mortalidade, associados a poliserosites, meningites, poliar-trites e a processos septicemicos. As porcas são o reservatório do agente, colonizando os leitões durante a fase de lactação de forma lenta e deixando-os 'como portadores subclínicos. No des-mame, a contaminação dos leitões é muito elevada. Os anticor-pos maternais mostram-se protetores até 5 a 6 semanas de idade. A vacinação previne a disseminação sistemática da doença. A detecção de anticorpos em amostras de sangue é feita pela prova de ELISA do tipo OppA (proteína universal presente em todas as cepas de Haemophilus parasuis). As porcas com maior número de partos têm maior imunidade. Em granjas com elevado risco recomenda-se a vacinação de todas as reprodutoras, incluindo a dupla vacinação das nulíparas. Os tratamentos com enrofloxaci-na injetável mostram-se eficazes na redução, tanto clínica como na presença da bactéria, ainda que não ocorra a sua eliminação completa.

Acgtinobacillus pleuropneumoniae• : são conhecidos 15 sorotipos com virulência variável (3: média; 1,5 e 7: alta). Os so-rotipos 1, 5 e 7 são os mais comuns nos EUA e o 2, 4 e 9, na Eu-ropa. O 8 e o 15 são isolados em algumas ocasiões. A vacinação com bacterina inativada não determina a presença de resposta à IgG em um percentual elevado de suínos (62,5%). Aos 7 dias pós inoculação já se observa soroconversão (ELISA e Fixação de Complemento), sendo que a primeira técnica produz menos reações cruzadas e é mais sensível. Há vários kits ELISA dispo-níveis, sendo mais específicos os que usam o antígeno purificado LC-LPS (Swine Check™-mix-APP).

Pasteurella multocida• : bactéria heterogênea em

Centro Artístico de Denver