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Perfildecriançascomalteraçõesfonológicas:contributospara
odiagnósticoemTerapiadaFala
AnaCatarinaMartinsSantana
Julho,2020
Dissertação
deMestradoemCiênciasdaLinguagem–ÁreadeEspecializaçãoemDesenvolvimentoePerturbaçõesda
Linguagem
VersãoCorrigidaeMelhoradaApósDefesaPública
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Perfildecriançascomalteraçõesfonológicas:contributos
paraodiagnósticoemTerapiadaFala
AnaCatarinaMartinsSantana
DissertaçãoorientadapelaProfessoraDoutoraSusanaCorreiaeco-orientadapelaProfessoraDoutoraAnaCastro
Dissertação
deMestradoemCiênciasdaLinguagem–ÁreadeEspecializaçãoemDesenvolvimentoePerturbaçõesdaLinguagem
VersãoCorrigidaeMelhoradaApósDefesaPública
Julho,2020
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Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do
grau de Mestre em Ciências da Linguagem – Área de Especialização em
Desenvolvimento e Perturbações da Linguagem, realizada sob a orientação científica
da Professora Doutora Susana Correia e coorientação da Professora Doutora Ana
Castro
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Ao avô Zé e ao avô Manuel...
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AGRADECIMENTOS
ÀProfessoraSusanaCorreiaeàProfessoraAnaCastro,peloacompanhamento
eorientação.Pelapaciênciaedisponibilidadeaolongodetodoestetrabalho.Obrigada
peloapoioepelaspalavrasdeconfortoetranquilização.
À Professora Doutora Dina Alves, à Terapeuta Maria João Ximenes, à
ProfessoraDoutoraMarisaLousadaeàTerapeutaJoanaLopes,pelaparticipaçãono
focusgroup.Peladisponibilidade,conselhoseensinamentos.Atodososoutrosque,por
diversosmotivos,nãopuderamestarpresentes,masnãodeixaramdepartilharalgum
ensinamentoeincentivo.
Àscriançasquetornarampossívelarealizaçãodestetrabalhoeaospaisdestas,
pelacolaboração, consentimentoedisponibilidade.Semeles,este trabalhonãoseria
possível.
AoTerapeutaDavidGuerreiro, pela sua ajuda e colaboração na amostra do
estudo.Pelasoportunidadesqueme temdadoepor todosos seusensinamentosao
longomeupercurso.Sereisempregrata.
À Terapeuta Diana Abreu, pela colaboração na amostra do estudo e pelos
ensinamentospartilhados.
Aosmeusamigos,emespecial,àRáqs,aoPedrinho,àLélitaeàRaquieatodos
osoutros,pelapaciência.Peladedicaçãoeportodasasausências.Porestaremsempre
lá para mim, quando eu mais precisei. Por serem a família que se escolhe e por
acreditaremsempreemmim.Adoro-vos.
Àminhafamília,àminhaBelinha,tiaPaulaetioLobo,aoTiagoeaoBruno,à
avóHermínia,porseremsempreomeucolo,nãosóaolongodestetrabalho,masao
longodavida.Peloorgulhoepeloamor.Amo-vos.
AoAndré,omeunamorado,porteraparecidonofim,masporserobalãode
oxigénio que precisava. Por acreditar em mim e perceber a importância disto. Por
desculpartodasashorasperdidaseestarláparamim.Obrigadaporteresaparecido.
Amo-te.
Aomeupai,omeuJojo,porseromeusuper-herói.Pormemostrarsempreo
caminhocertoemedarsempreocoloquepreciso.Porseraminhacasaemeamarsem
limites.Sabe-se.Amo-temaisquetudo,Papito.
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Àminhamãe,aminhaAnaMartins,pornuncamedeixarcairemeensinara
seguirosmeussonhos.Porsersempreomeuexemploenuncacortarocordãocomigo.
Porseraminhamelhoramigaeminhafilha.Pormeamarecuidar,sempre.Sobrenós,
sónóssabemos.Amo-temaisquetudo,mommy.
Àminhamana,aminhaPopis,pelaeternapaciênciaeconselhosdeumacabeça
brilhantenapessoamaisbonita,pordentroeporfora.Porserarazãoealuz.Porser
sempreminhaepormeamar.Conseguestudo,minhaprincesa.Omaioramordaminha
vida.Amo-te,Popis.
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PERFIL DE CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES FONOLÓGICAS: CONTRIBUTOS PARA O DIAGNÓSTICO EM TERAPIA DA FALA
ANA CATARINA SANTANA
RESUMO
Não são claros, na literatura e na prática clínica, os marcadores de desempenho fonológico a considerar no diagnóstico de Perturbação do Desenvolvimento da
Linguagem (PDL) e de Perturbação dos Sons da Fala (PSF) de base fonológica. No presente trabalho, pretende-se, através de um estudo exploratório, identificar os perfis fonológicos de crianças entre os cinco e os seis anos de idade com alterações fonológicas primárias, sem condições biomédicas associadas, no sentido de contribuir para um diagnóstico diferencial de PDL e PSF de base fonológica em Terapia da Fala. Numa primeira etapa, que consistiu na realização de um focus group com a participação de quatro especialistas na área, recolheu-se informação acerca dos marcadores, sobretudo linguísticos, que sustentam cada diagnóstico, bem como os fatores distintivos entre eles: os processos fonológicos, percentagem de consoantes corretas revista, índice de inteligibilidade, repetição de pseudopalavras, consciência fonológica, evocação fonológica e existência de alterações noutros domínios da linguagem. Na segunda etapa, que consistiu num estudo empírico com uma amostra de 14 crianças com alterações fonológicas, avaliaram-se os sete marcadores identificados, concluindo-se que, desses sete marcadores, apenas cinco apareceram como diferenciais: PCC-R, índice de inteligibilidade, evocação fonológica, consciência fonológica e alterações noutros domínios linguísticos. Contrariamente ao esperado, processos fonológicos e repetição de pseudopalavras não se revelaram marcadores diferenciais no diagnóstico de
PDL e PSF de base fonológica neste estudo. PALAVRAS-CHAVE: Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem, Perturbação dos Sons da Fala de base fonológica, Marcadores Linguísticos
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PROFILE OF CHILDREN WITH PHONOLOGICAL DISORDERS: CONTRIBUTIONS TO THE DIAGNOSIS IN SPEECH THERAPY
ANA CATARINA SANTANA
ABSTRACT
It is unclear in the literature and in clinical practice what are the markers that can
contribute to a differential diagnosis between developmental language disorder (DLD) and speech sound disorder (SSD) with a phonological basis. In this exploratory study, we aim at identifying the phonological profiles of children between five and six years of age with primary phonological disorders, without associated biomedical conditions, in order to contribute to a differential diagnosis of DLD and SSD with phonological basis, in Speech and Language Pathology. In a first stage, which consisted of a focus group with the participation of four specialists in the area, information was collected about the markers, especially linguistic, that support each diagnosis, as well as about the factors that differentiate a DLD and a phonological SSD: phonological processes, revised percentage of correct consonants, intelligibility index, repetition of non-words, phonological awareness, phonological evocation and atypical changes in other language domains. In the second stage, which consisted of an empirical study with a sample of 14 children with phonological disorders, the seven identified markers were evaluated, concluding that, of these seven markers, only five are differential: the PCC-R, the intelligibility index, the phonological evocation, the phonological awareness and changes in other linguistic domains. Unexpectedly, phonological processes and the repetition of non-words are not differential markers in the diagnosis of phonological DLD and SSD.
KEYWORDS: Developmental Language Disorder, Phonological Speech and Sound Disorders, Linguistic Markers
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO............................................................................................................1
CAPÍTULO1:ESTADODAARTE...................................................................................5
1.1.Diagnósticosemalteraçõesfonológicas...............................................................5
1.2.Aquisiçãodosistemaconsonânticodoportuguêseuropeu...............................11
1.3.Questõesdeinvestigação....................................................................................13
CAPÍTULO2:FOCUSGROUP.....................................................................................15
2.1.Método................................................................................................................16
2.2.Resultados...........................................................................................................17
CAPÍTULO3:ESTUDOEMPÍRICO..............................................................................21
3.1.Método................................................................................................................21
3.1.1.Participantes............................................................................................................21
3.1.2.Procedimento..........................................................................................................22
3.1.3.Marcadores,critérioseinstrumentosaconsiderarnadefiniçãodoperfilfonológico
...........................................................................................................................................23
3.2.Resultados...........................................................................................................28
3.3.Sumário...............................................................................................................36
CAPÍTULO4:DISCUSSÃO.........................................................................................37
CAPÍTULO5:CONCLUSÕESECONSIDERAÇÕESFINAIS.............................................45
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS................................................................................47
APÊNDICES.................................................................................................................i
ApêndiceA:Conviteàparticipaçãoemfocusgroup.....................................................i
ApêndiceB:Guiãodofocusgroup.............................................................................iii
ApêndiceC:Sumáriodofocusgroup...........................................................................v
ApêndiceD:Relatórioescritodeanálisedofocusgroup...........................................vii
ApêndiceE:Checklistdemarcadoresfonológicosparaodiagnósticodiferencialentre
PSFdebasefonológicaePDL.....................................................................................xii
ApêndiceF:Formuláriodeconsentimentodosencarregadosdeeducação...........xiiii
ApêndiceG:Tabeladeresultadosobtidosnoestudoempírico.................................xv
ApêndiceH:Tabeladeresultadosobtidos–processosfonológicos.......................xviii
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ApêndiceI:Descriçãoeexemplosdosprocessosfonológicosobservadosnoestudo
empírico....................................................................................................................xix
ANEXOS.................................................................................................................xxii
AnexoA:ImagemparaTarefadeProduçãoInduzida.............................................xxiiii
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Idade de supressão dos processos fonológicos típicos e atípicos.....10 Tabela 2 – Aquisição do inventário consonântico do português europeu...........12 Tabela 3 – Grelha de marcadores fonológicos diferenciais entre PDL e PSF de base fonológica..................................................................................................19 Tabela 4 – Caracterização biométrica dos participantes....................................22 Tabela 5 – Critérios para processos fonológicos................................................24 Tabela 6 – Critérios para PCC-R........................................................................24 Tabela 7 – Critérios para grau de inteligibilidade................................................24 Tabela 8 – Critérios para repetição de pseudopalavras.....................................25 Tabela 9 – Critérios para consciência fonológica – Teste ACLLE.......................26 Tabela 10 – Critérios para consciência fonológica – Teste ConF.IRA...........................................................................................................26
Tabela 11 – Critérios para evocação fonológica.................................................27 Tabela 12 – Critérios para dificuldades noutros domínios da linguagem............28 Tabela 13 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 3....................29 Tabela 14 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 12..................29 Tabela 15 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 6....................30 Tabela 16 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 10..................30 Tabela 17 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 4....................30 Tabela 18 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 7....................31 Tabela 19 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 2....................31 Tabela 20 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 8....................31 Tabela 21 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 13..................32 Tabela 22 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 9....................34 Tabela 23 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 1....................34 Tabela 24 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 5....................34 Tabela 25 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 11..................35 Tabela 26 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 14..................35 Tabela 27 – Tabela sumário do focus group.........................................................v Tabela 28 – Resultados obtidos no estudo empírico..........................................xv
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Tabela 29 – Resultados obtidos no estudo empírico – Processos fonológicos..xix Tabela 30 – Descrição e exemplos dos processos fonológicos obtidos no estudo empírico.............................................................................................................xxi Tabela 31 – Imagem usada na tarefa de produção induzida.............................xxii
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LISTA DE ABREVIATURAS DLD – Developmental Language Disorder SSD - Speech Sound Disorder PSF – Perturbações dos Sons da Fala PCC – Percentagem de Consoantes Corretas
PCC-R - Percentagem de Consoantes Corretas Revista PVC – Percentagem de Vogais Corretas PDL – Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem PE – Português europeu PB – Português do Brasil TF - Terapeutas da fala PEDL – Perturbação Específica do Desenvolvimento da Linguagem PEL – Perturbação Específica da Linguagem TFF-ALPE – Teste Fonético-Fonológico de Avaliação da Linguagem Pré-Escolar V – Vogal C – Consoante G – Glide MABILIN – Módulo de Avaliação de Habilidades Linguísticas FAFA – Ferramenta de Análise Fonológica Automática TAV – Teste de Articulação Verbal MICT – Modelo Implicacional da Complexidade de Traços TALC – Teste de Avaliação da Linguagem na Criança GOL-E – Grelha de Avaliação da Linguagem em Idade Escolar ACLLE – Teste de Avaliação de Competências Linguísticas para a Leitura e Escrita
PAC – Padrão de Aquisição de Contrastes OCF – Omissão de Consoante Final RSA – Redução de Sílaba Átona Pré-tónica RGC – Redução de Grupo Consonântico SL – Semivocalização de Líquidas OCL – Oclusão
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DES – Despalatalização PAL – Palatalização DESV – Desvozeamento PA – Processos Adicionais VL – Vocalização de Líquidas SUBL – Substituição de Líquidas
VOZ – Vozeamento N.A. – Não Aplicável N.O. – Não se Observa IE – Idade escolar IPE - idade pré-escolar
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1
INTRODUÇÃO
As perturbações mais frequentes na casuística dos terapeutas da fala em
Portugalsão,deacordocomBatista(2011),oatrasonodesenvolvimentodalinguagem,
a perturbação articulatória/fonológica e a perturbação da leitura e escrita. A quase
totalidadedosterapeutasdafalaqueparticiparamnoestudoequeexercemfunções
clínicasdeformadiretaafirmouqueintervémjuntodecriançasemidadepré-escolare
escolar, commais doqueumaperturbação, que, namaioria dos casos, apresentam
alteraçõesfonológicas(Batista,2011).
Atualmente, estima-se que, em Portugal, 14,9% das crianças apresentem
alteraçõesda falaeda linguagem,deuma formagenérica.Àentradaparaaescola,
estima-se que 7% das crianças entre os cinco e os seis anos de idade apresentem
Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem (PDL)1, das quais 70% apresentam
déficesfonológicosbastantesignificativos.Outrosdadosapontamparaque,entreos
quatroeosseisanosdeidade,3%a6%dascriançasapresentamalteraçõesnaprodução
dossonsdafala.Estima-seaindaque,entreostrêseosonzeanosdeidade,7,5%das
crianças apresentamalterações significativasnaproduçãode sonsda fala, dasquais
2,5%apresentamproblemasassociadosadificuldadesfonológicas(Alves,2019).
Diferentestermossãousadosnaliteraturaenapráticaclínicaparacaracterizar
apatologiaapresentadapelascriançascomdificuldadesfonológicas,nãosendoainda
consensual, em Terapia da Fala para perturbações fonológicas sem condições
biomédicasassociadas,quaisosdiagnósticosaadotarnapráticaclínica.Noentanto,de
entreosváriostermos,destacam-seaPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem
(PDL),aPerturbaçãoFonológica(PF)eaPerturbaçãodosSonsdaFala(PSF).Operfil
fonológicodecadaumdestesdiagnósticos,bemcomoosmarcadoresdediagnóstico
diferencialnãoseencontram,contudo,enunciadosdeformaclaraesuscitamdúvidas
naáreaclínica,entreosterapeutasdafala(TF)(Alves,2019).
1Doinglês,DevelopmentalLanguageDisorder(DLD),emPortuguês,PerturbaçãodoDesenvolvimentoda
Linguagem(PDL),ouPerturbaçãoEspecíficadoDesenvolvimentodaLinguagem(PEDL)ouPerturbação
EspecíficadaLinguagem(PEL)(Castro,Alves,&Fala,2019).Aalteraçãoterminológica,dePerturbação
EspecíficadaLinguagem,paraPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem,refleteadiferenciaçãode
algunscritérios-chaveparaodiagnósticodiferencial(Bishop,Snowling,Thompson&Greenhalgh,2016;
Bishop,Snowling,Thompson&Greenhalgh,2017).Nopresentetrabalho,adotar-se-áotermoPDL.
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APDLédefinidacomoumaperturbaçãodoneurodesenvolvimentoqueafetaa
linguagemoral,tantonavertenteexpressivacomorecetiva,semquesejamevidentes
alteraçõesneurológicasoucomportamentais(Rodrigues,2009;Paradis,2010;Girbau,
2016).AscriançascomPDLevidenciamumdesenvolvimentoassimétriconasdiferentes
componenteslinguísticas,istoé,aolongodoseudesenvolvimento,podemapresentar
diferentes níveis de desenvolvimento nas áreas da pragmática, morfossintaxe,
semântica e fonologia (Afonso, 2011; Coutinho, 2012; Duinmeijer, 2013). Estas
alteraçõesnalinguagemnãopoderãoserexplicadaspordéficesauditivosoumotores,
deficiênciasmentais,psicopatológicas,lesõesoudisfunçõescerebrais(Crespo-Eguílaz&
Narbona,2006;Paradis,2010;Afonso,2011;Coutinho,2012;Duinmeijer,2013),sendo
odiagnósticodePDL consubstanciadoemcritériosde inclusãoeexclusão rigorosos.
Assim, excluem-se do diagnóstico de PDL as crianças que apresentam alterações no
desenvolvimento da linguagem decorrentes de uma condição biomédica como
epilepsia, condições neurodegenerativas como doença de Niemann-Pick, condições
genéticascomoaSíndromedeDown,paralisiacerebral,perturbaçõesdoespetrodo
autismoeperturbaçõesintelectuais(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017).Nodomínio
fonológico,ascriançascomPDLpodemapresentaralteraçõesatípicasnaaquisiçãodos
sons, ou seja, evidenciam processos fonológicos na fala que comprometem a
inteligibilidadedodiscurso(Coutinho,2012;Crestani,Oliveira,Vendruscolo&Ramos-
Souza,2012)etambémdificuldades,nãosónamemóriaenoplaneamentofonológico,
comotambémnaconsciênciafonológica(Befi-Lopes,2004;Leonard,2014).
Em2013,aAmericanPsychiatricAssociation,noDSM-5 (AmericanPsychiatric
Association,2013),sugereotermoPerturbaçãodosSonsdaFala(PSF).PSFpressupõe
dificuldades na produção dos sons da fala que comprometem a inteligibilidade do
discurso. O início das dificuldades é concomitante com o início do período de
desenvolvimentoeasdificuldadesnãopoderãoterorigememcondiçõesbiomédicas
associadas(lesões,perdasauditivas,fendaspalatinas,etc).Bowen(2015)define,ainda,
as características do termoPerturbação Fonológica inconsistente: as dificuldades no
processamento da fala centram-se essencialmente no planeamento fonológico, sem
queacriançaevidenciealteraçõesmotoras.Lousada,Alves&Freitas(2017)indicamo
termoPSFcomosendoumconceitousadoparadesignarasváriasperturbaçõesque
surgemnaáreadaarticulaçãooufonologia.AsPSFapresentamperfisheterogéneose
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váriosgrausdeseveridade.HácausasetiposdeerrosespecíficosparaasPSF,podendo
existirounãoocomprometimentodeoutrosdomínioslinguísticos(Alves,2019).
Nãoé,pois,claronaliteraturaenapráticaclínicacomosedistingue,emtermos
demarcadores,aPDLdeumaPSFdebasefonológica(Alves,2019).
Nestetrabalho,pretende-se,atravésdeumestudoexploratório, identificaros
perfis fonológicosdecriançasentreos cincoeos seisanosde idadecomalterações
fonológicasprimárias,semcondiçõesbiomédicasassociadas,nosentidodecontribuir
paraumdiagnósticodiferencialdePDLePSFdebasefonológicaemTerapiadaFala.
Opresentetrabalhoencontra-sedivididoemcincosecções,iniciando-secomo
Capítulo 1 – EstadodaArte, noqual se apresentauma revisãobibliográfica sobreo
diagnósticodePDLePSFdebase fonológicaeospotenciaismarcadoresdiferenciais
entreambososdiagnósticos.NoCapítulo2–Método,explicitam-seosprocedimentos
eosinstrumentoseosprocedimentosquepossibilitamarealizaçãodesteestudo.No
Capítulo3–Resultados,apresentam-seosdadosrecolhidosjuntodosparticipantes.No
Capítulo4–Discussãodosresultados,confrontam-seosresultadosobtidosnarecolha
de dados dos participantes com a informação do focus group e com a revisão
bibliográfica.Naúltimasecçãodestetrabalho,seráfeitoumresumodotrabalhoeserão
apresentadasasconclusões.
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CAPÍTULO1:ESTADODAARTE
Nestecapítulo,serãoapresentadosedescritostrabalhoscomevidênciacientífica
acerca dos diagnósticos de PSF de base fonológica e PDL, bem como os potenciais
marcadoresecritériosquepermitemrealizarumdiagnósticodiferencialentreambasas
patologias.
1.1. Diagnósticosemalteraçõesfonológicas
NestecapítuloserãoabordadososdiagnósticosdePSFdebasefonológicaePDL,
bemcomoassuascaracterísticasepossíveismarcadoresdiferenciais.
O termo Perturbações dos Sons da Fala é usado para designar as várias
perturbações que surgem na área da articulação, da fonologia ou da programação
motora da fala. As PSF apresentam perfis heterogéneos, incluindo a perturbação
fonológica e a perturbação articulatória, e vários graus de severidade, bem como
diferentescausasetipologiasdeerro(Lousadaetal.,2017;Ramos,2017;Alves,2019).
Tendo em conta esta disparidade de perfis e tipologias, são propostas quatro
subdivisõesdePSF:
• perturbaçãoarticulatória:presençadeerrosdesubstituiçãoedistorçãodosom
isolado,empalavraeemfrase,sejaemtarefasdeimitação,produçãoinduzida
oudiscursoespontâneo;
• atrasofonológico:presençadeprocessosfonológicostípicosemcriançasmais
velhas;
• perturbação fonológica consistente: perturbação cognitivo-linguística que se
refereacriançasqueevidenciamprocessosfonológicosatípicos,bemcomouma
baixaperformanceemtarefasdeconsciênciafonológica,demetalinguageme
dificuldadesnoplaneamentomotordafala;caracteriza-sepelousoconsistente
deumoumaisprocessosfonológicosatípicos;
• perturbaçãofonológicainconsistente:realizaçãodediferentesproduçõesparao
mesmo item lexical. As dificuldades no processamento da fala centram-se
essencialmente no planeamento fonológico, sem que a criança evidencie
alteraçõesmotoras(Dodd,2005;Bowen,2015).
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Assume-se a presença de uma PSF quando a produção de sons diverge do
desenvolvimentotípicoedoesperadoparaaidade,divergênciaestanãoresultantede
alterações físicas, estruturais, neurológicas ou auditivas (American Psychiatric
Association, 2013). Um dos principais sinais de alerta numa PSF é o facto de estas
criançasapresentaremumíndicedeinteligibilidademaisreduzido,quandocomparadas
comcrianças comdesenvolvimento típico (Ramos, 2017).As criançasdiagnosticadas
comPSFpodemapresentardificuldadesnosmovimentosarticulatóriosparaaprodução
desonsdafala(perturbaçãoarticulatóriaouperturbaçãofonética)ouevidenciarerros
consequentes de uma pobre organização fonológica, embora consigam, por vezes,
articular corretamente os fones, manifestando, no entanto, problemas no valor
contrastivodosfonemas(perturbaçãofonológica)(Rombert,2015).NocasodeumaPSF
de base fonológica, embora existam dificuldades na consciência fonológica e na
organizaçãodossonsdafala,acompetênciaarticulatóriaporimitaçãoestápreservada
(Lima,2008;Rombert,2015).
APDLcaracteriza-seporumdesenvolvimentolentoetardiodalinguagem,com
dificuldades na sintaxe, fonologia, semântica e pragmática (Bishop, 2017) e
predominância de umdiscurso pobre em crianças comdesenvolvimento normal em
todas as áreas, exceto na linguagem, sendo mais evidentes na expressão oral e
nomeação(Amorim,2011).Estediscursoémarcadopelapresençadeumléxicopobre
epelaaquisiçãotardiadepalavrasefrases,alteraçõesgramaticaisedificuldadesnas
designações espaciais e temporais (Rodrigues, 2009). Nesta patologia, verificam-se
grandes discrepâncias entre a compreensão e a expressão, bem como entre os
diferentesdomínioslinguísticos,podendoestarumsódomínioafetadooumaisdoque
um.Afalasurgenumafasemaistardiaedeformamaisininteligívelemcriançascom
PDL, recorrendo estas, por isso, ao uso de gestos como complemento do discurso,
evidenciando ainda dificuldades de memória e evocação (Rombert, 2015). As
dificuldadesnoconhecimentoenaaprendizagemadvêmdasdificuldadesnoacessoàs
estruturaslinguísticas(Coutinho,2012).Relativamenteàestruturasonora,ascrianças
com PDL apresentam alterações fonológicas atípicas na aquisição dos sons, ou seja,
evidenciam processos fonológicos atípicos, comprometendo a inteligibilidade do
discurso(Coutinho,2012;Crestanietal.,2012).Estapatologianãoapresentaumacausa
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aparente. No entanto, a sua etiologia pode estar relacionada com uma alteração
primáriadodesenvolvimento,estando,aperturbaçãolinguística,desproporcionalem
relaçãoaoutrosdomíniosdodesenvolvimento (Ferreira,2011).APDL,é compatível
comaexistênciade comorbilidade comoproblemasdeatenção,problemasdenível
motorouperdasauditivasdecondução,comoéocasodaqueresultadeotites.
APDLpodeserdefinidacomoumaperturbaçãodoneurodesenvolvimentoque
se manifesta em aproximadamente 7% da população mundial infantil, afetando a
linguagemoral,tantonavertenteexpressivacomorecetiva,semquesejamevidentes
alteraçõesneurológicasoucomportamentais.
Estapatologiamanifesta-sepordificuldadesnaaquisiçãoedesenvolvimentoda
linguagem, sem etiologia clínica associada, seja esta cognitiva, neurológica,motora,
sensorial, emocionaloumorfológica.DodiagnósticodePDL,exclui-seapresençade
défices auditivos, alterações orofaciais e síndromes. Esta patologia pode englobar
dificuldades, não só na memória e no planeamento fonológico, como também na
consciência fonológica (Martins, 2002; Befi-Lopes, 2004; Crespo-Eguílaz & Narbona,
2006;Geurts&Embrechts,2008;Rodrigues,2009;Paradis,2007;Paradis,2010;Afonso,
2011;Coutinho,2012;Mendonça,2012;Duinmeijer,2013;Leonard,2014;Bishop,2014;
Girbau, 2016; Castro, Alves & DL-SPTF, 2019; Norbury, 2019). Vários autores têm
afirmadoqueodiagnósticodePDLdeveserconsubstanciadoemcritériosdeinclusãoe
exclusãorigorosos.AcriançacomPDLevidenciaumdesenvolvimentoassimétriconas
diferentes componentes linguísticas, isto é, ao longo do seu desenvolvimento, pode
apresentar diferentes níveis de desenvolvimento nas áreas da pragmática,
morfossintaxe,semânticaefonologia(Afonso,2011;Coutinho,2012;Duinmeijer,2013).
Como critérios de inclusão, considera-se a existência, no historial familiar, de
dificuldadessignificativasnodesenvolvimentodalinguagem,quandocomparadocomo
desenvolvimentonoutrosdomínioscognitivos.Comocritériosdeexclusão,considera-
seapresençadeperdaauditiva,dedéficescognitivosoudeaprendizagemealterações
emocionais (Afonso, 2011; Coutinho, 2012; Duinmeijer, 2013; Norbury, 2019). À
semelhança da Perturbação Específica da Linguagem (PEL), este novo termo, PDL,
considera a epilepsia, condições neurodegenerativas, condições genéticas (p.ex.
Síndrome de Down), paralisia cerebral, perturbações do espetro do autismo e
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8
perturbações intelectuais como fatores relevantes de exclusão para o diagnóstico
diferencial(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017).
Inicialmente este conceito era designado como Perturbação do
DesenvolvimentodaLinguagem(PEDL),sendoposteriormenteatualizadoparaotermo
PerturbaçãoEspecíficadaLinguagem(PEL).Atualmente,realizou-seumaretificaçãodos
critérios de inclusão e exclusão que possibilitam o diagnóstico, alterando-se a
nomenclaturadoconceitoparaPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem(PDL)
ouDevelopmentalLanguageDisorder(DLD)(Bishopetal.,2016;Castro&Alves,2019;
Alves, 2019). Estas alterações terminológicas refletem a diferenciação de alguns
critérios-chaveparaodiagnósticodiferencial(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017).
Atualmente,aSociedadePortuguesadeTerapiadaFalaestáatrabalharnumglossário,
noqual sepretendedefiniro termoPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem
(PDL)(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017;Castroetal.,2019).
Através da definição de ambas as patologias e pela similaridade de
características,nãoéclaro,naliteraturanemnapráticaclínica,quaissãoosmarcadores
usadosparadistinguirPDLdeumaPSFdebasefonológica(Alves,2019),emboraalguns
delessejamreferidosrecorrentementecomopodendocontribuirparadistinguirasduas
perturbações. São eles: a PCC-R (Austin & Shriberg, 1997; Wertzner et al., 2013;
Wertzneretal.,2014),odesempenhoemtarefasdeevocação fonológica (Coutinho,
2012), a repetição de pseudopalavras (Girbau, 2016), o grau de inteligibilidade (e
consequenteseveridade)(Shriberg,Kwiatkowski&Gruber,1994)eodesempenhoem
tarefas de consciência fonológica (Peña-Brooks & Hedge, 2007). Outro dos fatores
referidos para a distinção de diagnósticos entre PDL e PSF de base fonológica é a
resposta da criança à intervenção e a sua estimulabilidade (Peña-Brooks & Hedge,
2007). Pela revisão da literatura e na prática clínica, não existe consenso entre os
autores e clínicos quanto aos potenciais marcadores que devem ser considerados
diferenciais, sendo que todos apresentam conjuntos de marcadores diferentes,
existindoumagrandevariabilidadequantoaosmarcadoresecritériosdiferenciaisentre
PDLePSFdebase fonológica.Desta forma, torna-seessencialoestabelecimentode
potenciaismarcadoresecritériosparaarealizaçãodeumdiagnósticodiferencialeficaz
entrePDLePSFdebasefonológica.
Page 27
9
Nos parágrafos seguintes, será apresentada uma descrição dos potenciais
marcadoresusadosfrequentementenodiagnósticodiferencialdePDLePSFfonológica.
Osmarcadoresreferidosconduzirãoarecolhadedadosdestetrabalho.
A PCC-R é um dos índices mais usados no diagnóstico diferencial das
perturbações em causa. Este marcador reflete a percentagem de sons produzidos
corretamente durante a fala, considerando como erro as substituições e omissões,
considerandoasdistorçõescomoacertos(Wertzneretal.,2013;Wertzneretal.,2014).
As competências fonológicas de crianças podem também ser avaliadas e
testadas através de provas de repetição de pseudopalavras (Befi-Lopes, Pereira, &
Bento,2010).Umapseudopalavraéumasequênciafonológicaquerespeitaafonotática
dalíngua,podendoserrepetida,lidaeescrita,nãotendo,noentanto,qualquervalor
semântico(Ribeiro,2011).Arepetiçãodepseudopalavras,temsido,deresto,também
considerada ummarcador fonológico para a identificação de uma criança com PDL,
entre os oito e os dez anos de idade, sendo que existem indicadores de que esta
dificuldade afeta não só o processamento da linguagem como também o
processamento fonológico (Estes, Evans & Else-Quest, 2007; Leonard, 2014;
Novogrodsky,2015;Girbau,2016).
A consciência fonológica refere-seà capacidadede identificaremanipularde
formaexplícitaasunidadessonorasdalíngua,eabrangeaconsciênciadefronteirade
palavra, a consciência de acento de palavra, a consciência silábica, a consciência
intrassilábicaeaconsciênciafonémica(Freitas,Alves,&Costa,2007).Ascriançascom
perturbaçõesdodesenvolvimentodalinguagemevidenciamumamaiorincidênciaem
alteraçõesaoníveldaconsciênciafonológicae,poressarazão,astarefasdeconsciência
fonológicasãoconsideradasbonsmarcadoresfonológicosparadiferenciarPDLdePSF
debasefonológica(Mendonça,2012).
Osprocessosfonológicossãoaquientendidoscomosimplificaçõesdafalausadas
pelas crianças, ou como alterações sistemáticas à palavra-alvo, que afetam uma
sequênciadesonsequeocorremduranteoprocessodedesenvolvimentolinguístico
(Lousada,2012).Esteprocessoocorrenoperíodoinicialdedesenvolvimentofonológico
das crianças, quandoestas tentamadaptar a formadaspalavras aoque conseguem
produzir, sendo esse processo natural e observado no desenvolvimento típico de
crianças(Othero,2005;Ramos,2017).
Page 28
10
Para as crianças falantes do PE, os seguintes processos fonológicos foram
consideradostípicos(Lousada,2012;Mendes,Afonso,Lousada,Andrade&Sena,2013):
• omissãodaconsoantefinal(p.ex.['poɫvu]à['povu];[ku'Reɾ]à[ku'Re]);
• reduçãodesílabaátonapré-tónica(p.ex.[tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨ'fɔnɨ]);
• reduçãodogrupoconsonântico(p.ex.[ʃ'tɾelɐ]à[ʃ'telɐ];['kɾɛmɨ]à['kɛmɨ])
• vocalizaçãoesemivocalizaçãodelíquidas(p.ex.['poɫvu]à['powvu]);
• despalatalizaçãoeanteriorizaçãodefricativas(p.ex.['paʃtɐ]à['pastɐ];[ʒɐ'nɛlɐ]
à[zɐ'nɛlɐ]);
• palatalizaçãoeposteriorizaçãode fricativas (p.ex. ['kaɫsɐʃ]à['kalʃɐʃ]; ['sɔɫ]à
['ʃɔɫ]);
• desvozeamento(p.ex.['zebɾɐ]à['ʃebɾɐ];['kɐjʒu]à['kɐjʃu]);
• oclusão(p.ex.[vɐ'soɾɐ]à[bɐ'soɾɐ];['ʃavɨ]à['ʃabɨ]);
• anteriorizaçãoeanteriorizaçãodeoclusivas(p.ex.['katu]à['tatu]);
• posteriorizaçãoeposteriorizaçãodeoclusivas(p.ex.['pɔɾtɐ]à['pɔɾkɐ]).
Na tabela abaixo, apresenta-se a lista dos processos fonológicos típicos do
desenvolvimentoemPEeasidadesdesupressão,paraquesejapossívelcaracterizaro
perfil fonológico de uma criança, tendo em conta as etapas de desenvolvimento
esperadas.
PROCESSOSFONOLÓGICOSCONSIDERADOSTÍPICOSPARAOPE
IDADEDESUPRESSÃO(Mendesetal.,
2013)(Guerreiro&Frota,
2010)Reduçãodesílabaátonapré-tónica [6;6-6;12[ ---
Omissãodaconsoantefinal [6;6-6;12[ [6;11]
Reduçãodogrupoconsonântico [6;6-6;12[ ---
Vocalizaçãoousemivocalizaçãodelíquidas [6;6-6;12[ [5;00]
Despalatalizaçãoouanteriorizaçãodefricativas [4;0-4;6[ [5;00]
Palatalizaçãoouposteriorizaçãodefricativas [4;0-4;6[ [5;00]
Desvozeamento [5;0-5;6[ [5;00]
Oclusão [3;0-3;6[ ---
Anteriorizaçãoouanteriorizaçãodeoclusivas [3;0-3;6[ [5;00]
Posteriorizaçãoouposteriorizaçãodeoclusivas [3;0-3;6[ ---
Tabela1-IdadedeSupressãodosProcessosFonológicosTípicoseAtípicos
Page 29
11
Algunsprocessosfonológicosobserváveisnafaladascriançastêm,noentanto,uma
formadivergentedoqueéconsideradotípico,outardio,nodesenvolvimento,esão,
por isso,consideradosatípicos.Osprocessos fonológicosatípicossãosubstituiçõese
omissõespoucofrequentesnodesenvolvimentofonológicoeforam,atéondesabemos,
poucoestudadosnodesenvolvimentofonológicodecriançasfalantesdoPE(Lousada,
2012). O processo de posteriorização é considerado por vários autores como um
processoatípico,bemcomooutras substituiçõeseomissõesde consoantesquenão
fazem parte do desenvolvimento fonológico típico (Yavas, 2012; Lousada, 2012). A
existênciadestetipodeprocessosfonológicos,quandoproduzidosemdiscurso,afeta
severamenteoíndicedeinteligibilidade,umavezqueoouvintenãoestáhabituadoa
descodificarpadrõesatípicos(Smit,2004;Lousada,2012).Ainteligibilidadedodiscurso
é definida como um ato de fala claramente descodificado e compreendido sem
dificuldades,sendoqueoseucálculorefleteograudereconhecimentodepalavrase
frasescompreendidasporumrecetordamensagem,foradecontexto(Lousada,Alves
&Freitas,2017).Oíndicedeinteligibilidadeétambémapontadocomoummarcador
diferencialparaPDLePSFfonológica(Shriberg,Kwiatkowski&Gruber,1994).
OúltimomarcadorconsideradonodiagnósticodiferencialdePDLePSFdebase
fonológicaéarespostadacriançaàintervenção.Noentanto,devidoaocarácternão
longitudinaldestetrabalho,arespostadacriançaàintervençãoesuaestimulabilidade
nãoserãoaquitratados.
1.2. Aquisiçãodosistemaconsonânticodoportuguêseuropeu
No plano fonológico, o Português europeu (PE) apresenta 19 segmentos
consonânticoscomvalordistintivo:/pbtdkgfvszʃʒlʎɾRmnɲ/.Aconstituição
internadestessons,vaideterminarasuaorganizaçãoemclassesnaturais,emfunção
dos traçosdeponto e domodode articulaçãoe vozeamento (Matzenauer&Costa,
2017).OsistemavocálicofonológicodoPEintegraumconjuntodesetevogais:/ieɛa
uoɔ/.Assume-setambémqueasglides[j]e[w]constituemrealizaçõesfonéticasdas
vogaisfonológicassubjacentes/i/e/u/.Omesmoaconteceparaascincovogaisnasais
doPE:/ĩe͂ɐ͂õũ/(Mateus&Andrade,2000;Mateus,Brito,Duarte&Faria,2003;Mendes
etal.,2013;Matzenauer&Costa,2017).
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12
Natabelaabaixo,apresentam-seasidadesdeaquisiçãodosistemaconsonântico
doPE,deformaaquesejapossíveltraçaroperfilfonológicodeumacriança,tendoem
contaasetapasdedesenvolvimentoesperadas.
SEGMENTOSEGRUPOSCONSONÂNTICOSDOPE
IDADEDEAQUISIÇÃO(Marques,
2001)(Mendes et
al.,2013)(Guimarães, Birrento,
Figueiredo, & Flores,
2014).
(Amorim,
2014)
Fem. Masc.
[p] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05][b] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[t] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[d] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[k] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[g] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05][f] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[v] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[s] --- [3;00-3;6[ [3;05] [3;11] [3;05]
[z] --- [4;00-4;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[ʃ] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[ʃ]emcoda --- [3;6-3;12[ [3;05] [3;05] [3;05]
[ʒ] --- [4;00-4;6[ [3;11] [3;05] [3;05]
[l] [4;00] [3;6-3;12[ [3;05] [4;05] [3;05]
[ɫ]emcoda [4;00] --- [5;11]Depoisdos
[5;11][4;05]
[ʎ] [4;00] [3;6-3;12[ [4;12] [5;05] [4;11]
[ɾ] [4;00] [4;00-4;6[ [3;05] [4;05] [3;11]
[ɾ]emposiçãoinicialde
sílaba--- --- --- --- ---
[ɾ]emcoda --- [4;6-4;12[ [4;05] [4;05] [4;05]
[R] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;11]
[m] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[n] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[ɲ] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]
[kɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[bɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[vɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[fɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[pɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[tɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[dɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[gɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos
[5;11]
Depoisdos
[5;11]---
[fl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---
[kl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---
Page 31
13
[pl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---
[bl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---
[tl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---
Adaptadode(Ramalho,2017)
Tabela2–AquisiçãodoinventárioconsonânticodoPE
1.3. Questõesdeinvestigação
Tendo em conta que não é claro na literatura nem na prática clínica dos
terapeutasdafalaquaissãoosmarcadoresdiferenciaisusadosparadistinguirumaPDL
de uma PSF de base fonológica e de forma a contribuir para a formulação de um
diagnóstico em contexto clínico em Portugal, pretende-se responder às seguintes
questões:
1. Quaissãoospotenciaismarcadoresfonológicoseosníveisdedesempenhopara
odiagnósticodiferencialentrePDLePSFdebasefonológica?
2. Quais são os instrumentos, tarefas ou procedimentos a ser usados para a
avaliaçãodecadamarcador?
Opresenteestudo,denaturezaexploratória,divide-seemduasetapas.
Naprimeiraetapa,foirealizadoumfocusgroup,quetemcomoobjetivodiscutir
os diagnósticos em causa (PDL e PSF de base fonológica), bem como fazer um
levantamentodospotenciaismarcadoresdiferenciais.
Na segunda etapa, num estudo empírico, foi verificado o desempenho de
crianças com alterações fonológicas à luz dos instrumentos de avaliação e critérios
identificadosnofocusgroup,deformaaidentificarperfisfonológicosquepossibilitem
realizarumdiagnósticodiferencialentrePSFdebasefonológicaePDL,combaseem
marcadoresdiferenciais.
Page 33
15
CAPÍTULO2:FOCUSGROUP
Ofocusgroupéumatécnicaquetemporobjetivoarecolhadedadosqualitativos
atravésdadiscussãodeumgruposobreumtemaapresentadopelo investigador.Os
participantesquecompõemogrupodevemapresentarcaracterísticasemcomumeque
sejamrelevantesparaotema.Tendoemcontaumaabordagemestruturada,oprojeto
inicia-secomumconjuntodequestõescomoobjetivodeobterrespostasatravésda
discussãodogrupo.Écomuminiciaradiscussãocomquestõesmaisabrangentese,à
medida que a discussão evolui, tornar as questões mais específicas, sendo que o
moderador deve auxiliar o grupo na exploração do tema. Quanto à composição do
grupo,osparticipantesdevemseromaisadequadospossíveltendoemcontaoobjetivo
do projeto e o número de participantes varia entre quatro e doze (Silva, Veloso, &
Keating, 2014). Esta técnica é composta por quatro etapas: preparação,moderação,
análisededadosedivulgaçãoderesultados.
Naetapadepreparaçãodeverealizar-seoconviteaosparticipantesatravésde
umprocesso sistemático.Os participantes devem ser informados de forma explícita
acercadosobjetivosdoestudoedasregrasdeparticipação,incluindootempoestimado
deduração(Silvaetal.,2014).
Na etapa de moderação, o mais comum é as discussões apresentarem uma
duraçãode90minutos.Paraaumentaraeficáciadadiscussão,defende-seaexistência
deumaequipademoderadores(Silvaetal.,2014).
Quandoofocusgroupestáinseridonumprojetodeinvestigação,estadiscussão
deve ser gravada e posteriormente transcrita. Esta transcrição deve ser o mais fiel
possível, constituindo a base da análise dos dados. É recomendada a
complementaridadedastranscriçõescomasnotasrecolhidaspelomoderadoraolongo
dadiscussão.Esteprocessoconstituiaetapadeanálisededados(Silvaetal.,2014).
A etapa de divulgação de resultados costuma ser apresentada em forma de
relatório escrito, sendo que deve contemplar os objetivos, a metodologia e a
apresentaçãodosdados.Pornorma,ociclode investigaçãopor focusgroup termina
comadevoluçãodosresultadosaosparticipantes(Silvaetal.,2014).
Page 34
16
2.1.Método
Nopresenteestudo,constituiu-seumfocusgroupcomespecialistasemTerapia
daFala,emparticularnaáreadaLinguagemnaCriança,comointuitodei)fazerum
levantamento dos potenciais marcadores diferenciais entre PDL e PSF de base
fonológicaeii)saberquaisosinstrumentosausarparaaavaliaçãodecadamarcador.
EstadiscussãocontoucomamoderaçãodamestrandaAnaCatarinaSantanae
respetivasorientadoras, SusanaCorreiaeAnaCastro.Comoparticipantes,estiveram
DinaAlves,MarisaLousada,MariaJoãoXimeneseJoanaLopes,terapeutasdafalacom
experiência clínica, em investigação ou na formação inicial e avançada na área das
PerturbaçõesdaLinguagemnaCriança.Oguiãoorientadordadiscussãointegroucinco
questõesprincipais(videapêndiceB):
1) Quais os diagnósticos realizados a crianças com alteração fonológica sem
condiçõesbiomédicasassociadas?
2) Odiagnósticodestaspatologiasérealizadocombaseemmarcadoreslinguísticos
distintivosentrecadapatologia?
3) O diagnóstico destas patologias é realizado apenas a partir de critérios de
exclusão/inclusão?
4) Quaisosmarcadoresdiferenciaisentreaspatologias,emrelaçãoàexpressão
verbal?
5) Quaisosmarcadoresconsideradosparaaatribuiçãodecadadiagnósticoequais
os instrumentos/tarefas/procedimentos usados para a avaliação de cada
critério?
Estefocusgrouprealizou-senodia5dedezembrode2019,porvideoconferência
através da plataforma Zoom, o que permitiu a gravação da reunião em formato
audiovisual,ea sessão teveaduraçãode90minutos.Apósa realizaçãodeste focus
group,foielaboradaatranscriçãodadiscussão2,paraanáliseposterior,umresumo(vide
apêndice C) e um relatório final que foi validado pelas quatro participantes (vide
apêndiceD).
2Atranscriçãointegraldadiscussãodofocusgroup,encontra-sedisponívelnumdocumentoquepoderá
sersolicitadoàinvestigadora.
Page 35
17
Os dados obtidos no focus group informaram a escolha dos instrumentos e
critériosaaplicarnoestudoexperimental,queaseguirsedescreve.
2.2.Resultados
A discussão do focus group tinha como objetivos a recolha de dados
exploratóriosacerca:
i. dosdiagnósticosatribuídosacriançascomdificuldadesfonológicas;
ii. dosmarcadores,sobretudolinguísticos,quesustentamcadadiagnóstico,bem
comoosfatoresdistintivosentreeles;
iii. dos instrumentosusadosparaarecolhadedadosdosdiferentesmarcadores,
quepossibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.
As moderadoras começaram por colocar questões acerca dos diferentes
diagnósticosemterapiadafalaparapatologiascomcomprometimentosfonológicosna
ausência de condições biomédicas (perda auditiva sensorial, lesões ou alterações
neurológicasesíndromes).Questionaram,também,asparticipantesacercadoscritérios
diferenciais para os diagnósticos feitos e quais os instrumentos de avaliação que
utilizavamparadefiniressescritérios.
Em relação aos diagnósticos usados atualmente em Terapia da Fala para
perturbaçõesfonológicassemcondiçõesbiomédicasassociadas,foiconsensualentreos
participantesousodedoisdiagnósticos:perturbaçãodossonsda fala (PSF)debase
fonológicaeperturbaçãododesenvolvimentoda linguagem(PDL)comalteraçõesna
fonologia.
Quantoaoscritériosdiferenciaisparaambososdiagnósticos,asparticipantes
destacaramoestudoCATALISE (Bishopetal., 2017),noqualé referidoque, seuma
criança em idade pré-escolar, apresentar processos fonológicos típicos do
desenvolvimento,masnumaidadeemquenãoéexpectável, respondendodeforma
positiva à intervenção terapêutica, considera-se o diagnóstico de PSF de base
fonológica. Se, por outro lado, existir uma criança com processos fonológicos que
persistemnaidadeescolar,comalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem,inclusivena
expressão escrita, deverá considerar-se o diagnóstico de PDL. Ainda em relação aos
Page 36
18
processos fonológicos, pode considerar-se que, na PDL, estes refletem rotas de
desenvolvimento atípicas. Considerando omarcador da percentagemde consoantes
corretas(PCC),estima-sequeaPDLevidencievaloresmaisexpressivosdoqueaPSFde
basefonológica.
Referiu-se ainda, quanto ao diagnóstico de PSF de base fonológica, haver
alterações somente no domínio da fonologia, considerando-se a possibilidade de se
observaremalteraçõespragmáticas.FoitambémreferidoqueascriançascomPSFde
base fonológica apresentam uma maior estimulabilidade e resposta à intervenção
terapêutica,apresentandoevoluçõesmaisrápidas.Estaconclusãocolocouatónicana
importânciadaavaliaçãodinâmica.NodiagnósticodePSFdebasefonológica,quando
existem alterações nos restantes domínios linguísticos, estas não deverão ser
significativas.Casocontrário,estaremosperanteumaPDL.
Conclui-se assim, que a dificuldade primordial na distinção entre ambos os
diagnósticosresidenapresençaouausênciadealteraçõesnodomíniodafonologia.
Quandoquestionadasacercadotipodemarcadoresausarparaadistinçãode
ambososdiagnósticos,asparticipantesafirmaramunanimementequerealizavamos
seusdiagnósticosapartirdemarcadoresclínicoselinguísticos,bemcomodoscritérios
de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos para a definição de ambos os
diagnósticos. As participantes consideraramosmarcadores que devem ser tidos em
consideração para a atribuição de um diagnóstico, sendo estes a repetição de
pseudopalavras e a evocação de palavras. Nestes marcadores, é expectável que as
crianças comPSFdebase fonológica tenhamummelhordesempenhoemambas as
tarefas do que as crianças com PDL fonológica. Foram ainda apontados como
marcadores as funções executivas, a consciência fonológica, a PCC-R e o nível de
inteligibilidade,paraosquaisascriançasdiagnosticadascomPDLdeverãoapresentar
piores resultados do que as crianças com PSF de base fonológica. Um marcador
igualmente importante, e que reuniu consenso entre as participantes, foi a
estimulabilidadeearecetividadeàintervençãoterapêutica.Deseguida,indicaram-se
ostestes,tarefaseferramentasutilizadasnarecolhaeanálisedosdadosparaavaliação
e análise dosmarcadores e critérios diferenciais. Considerou-sepertinenteousodo
TesteFonético-FonológicoALPE(TFF-ALPE)(Mendes,Afonso,Lousada&Andrade,2009)
ouoTestedeArticulaçãoVerbal(TAV)(Guimarãesetal.,2014).Estestestespossibilitam
Page 37
19
arecolhadedadosqueirápossibilitaraanálisedosprocessosfonológicos,cálculodo
índicedeinteligibilidadeePCC-R.Foiaindaindicadoqueseriaimportanterealizaruma
análise fonológica não linear, como seja a análise de traços através do Modelo
Implicacional da Complexidade de Traços (MICT) (Mota, 1996) e uma análise de
contrastes através doModelo Padrão de Aquisição de Contrastes (PAC) (Lazzarotto-
Volcão, 2009). Propôs-se que, para esta análise, possa ser contemplado o uso dos
intervalos de estabilização considerados por (Yavas, Hernandorena, & Lamprecht,
1991).
Paraaavaliaçãodalinguagem,sugeriu-seaaplicaçãodeumtesteadequadopara
a faixa etária da criança. Para idades pré-escolares, propôs-se aplicar o Teste de
LinguagemALPE(TL-ALPE)(Mendes,Lousada,Afonso,&Andrade,2014)ouoTestede
AvaliaçãodaLinguagemnaCriança(TALC) (Kay&Tavares,2008).Para idadeescolar,
deveseraplicadootesteGrelhadeAvaliaçãodaLinguagemdeIdadeEscolar(GOL-E)
(Kay&Santos,2014).
Referiu-se,ainda,a importânciadeumarecolhadediscursoespontâneoede
dadosdeproduçãoinduzida.Porfim,deformaaavaliaradiscriminaçãoauditiva,foi
propostoousodotestedeDiscriminaçãoAuditivadeIsabelGuimarães(Guimarães&
Grilo,1997).
Tendo por base a informação recolhida junto das participantes, foi possível
elaborar a grelha que se apresenta de seguida, com a compilação dos potenciais
marcadoresfonológicosquepermitemrealizarodiagnósticodiferencialentrePDLePSF
debasefonológica.
Tabela3–GrelhadeMarcadoresfonológicosdiferenciaisentrePDLePSFdebasefonológica
PERTURBAÇÃODOSSONSDAFALA(PSF)DEBASEFONOLÓGICA
PERTURBAÇÃODODESENVOLVIMENTODALINGUAGEM(PDL)COMALTERAÇÕESNA
FONOLOGIAProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocação Dificuldadenaevocação
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadealterações(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadealteraçõesnoutrosdomíniosda
linguagem
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20
Com base nesta grelha matriz, para efeitos de avaliação, construiu-se uma
checklist com todos os marcadores e respetivos critérios, que poderá futuramente
orientaraintervençãoclínicaemTerapiadaFalaeosdiagnósticos(videapêndiceE).
2.3. Sumário
O focus group realizado teve por objetivo a recolha de dados exploratórios
acerca i) dos diagnósticos atribuídos a crianças com dificuldades fonológicas; ii) dos
marcadoresquesustentamcadadiagnóstico,bemcomoosfatoresdistintivosentreeles
eiii)dosinstrumentosusadosparaarecolhadedadosdosdiferentesmarcadores.
Assim, quanto aos potenciais marcadores diferenciais, foi referido que, no
diagnósticodePSFdebase fonológica, éusual a evidênciadeprocessos fonológicos
típicosdodesenvolvimento,masforadeidadeesperada.Poroutrolado,nodiagnóstico
de PDL, é expectável que surjam rotas de desenvolvimento atípicas e, como tal, se
apresentemprocessosfonológicosatípicos.JáparaomarcadordePCC-R,éexpectável
queaPDLdemonstrevaloresmaisexpressivosdoqueaPSFdebase fonológica. Foi
aindareferidoque,quantoaalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem,nodiagnóstico
de PSF de base fonológica, estas alterações não deverão ser significativas, caso
contrário, estaremos perante uma PDL. Foram ainda indicados como marcadores
diferenciais,arepetiçãodepseudopalavraseaevocaçãodepalavras,sendoexpectável
queascriançascomPSFdebasefonológicatenhamummelhordesempenhoemambas
astarefasdoqueascriançascomPDLfonológica.Porfim,foramaindaapontadoscomo
marcadoresaconsciênciafonológicaeoníveldeinteligibilidade,sendoqueascrianças
diagnosticadascomPDLdeverãoapresentarpioresresultadosdoqueascriançascom
PSFdebasefonológica.
Page 39
21
CAPÍTULO3:ESTUDOEMPÍRICO
Neste capítulo, será descrito o método e os resultados do estudo empírico,
conduzido com o objetivo de caracterizar os perfis fonológicos de crianças e de
contribuirparaaidentificaçãodepotenciaismarcadoresecritériosparaodiagnóstico
diferencialentrePDLePSFdebasefonológica.
3.1.Método
Esteéumestudoquantitativodotipodescritivo,quepretendecaracterizaros
perfis fonológicosdecriançasentreos cincoeos seisanosde idadecomalterações
fonológicasdenaturezaprimária,semcondiçõesbiomédicasassociadas,nosentidode
contribuirparaaidentificaçãodepotenciaismarcadoresecritériosdebaselinguística
nodiagnósticodiferencialentrePDLePSFdebasefonológica.
3.1.1.Participantes
Osparticipantesdesteestudoforamcriançascomidadescompreendidasentre
os5eos6anos, comalterações fonológicas, semcondiçõesbiomédicasassociadas,
todaselasemprocessode intervençãoemTerapiadaFala.Ascriançasavaliadassão
falantesmonolinguesdePE,sendoquefrequentamoensinopré-escolarouoprimeiro
anoescolar;quatrodosexofemininoe10dosexomasculinoeconsideraram-secomo
critériosdeexclusãoaexistênciade:
• lesãocerebral;
• epilepsia;
• condiçõesneurodegenerativas;
• condiçõesgenéticas;
• paralisiacerebral;
• perdaauditivaneurossensorial;
• perturbações do espetro do autismo e perturbações intelectuais ou algum
diagnósticoclínicoquepossajustificarasdificuldadeslinguísticasevidenciadas;
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22
• bilinguismo3
Seguidamente, apresenta-se uma tabela de caracterização biométrica dos
participantesqueconstituíramaamostradesteestudo.
PARTICIPANTE SEXO IDADE NÍVELDEESCOLARIDADE
C1 Masculino 6;4 IdadeEscolar(IE)
C2 Feminino 6;5 IE
C3 Masculino 5;9 Idadepré-escolar(IPE)
C4 Masculino 6;2 IE
C5 Feminino 5;0 IPE
C6 Feminino 6;2 IE
C7 Masculino 5;4 IPE
C8 Feminino 6;8 IE
C9 Masculino 5;10 IPE
C10 Masculino 5;8 IPE
C11 Masculino 6;11 IE
C12 Masculino 5;9 IPE
C13 Masculino 5;5 IPE
C14 Masculino 6;2 IE
Tabela4–Caracterizaçãobiométricadosparticipantes
3.1.2.Procedimento
Foramentregues,aoscuidadores,formuláriosdeconsentimento(videapêndice
F).Apenasdepoisdeospaisconsentiremnaparticipaçãodoseducandosseprocedeuà
recolhadedadosjuntosdosparticipantes.
Osdadosdosparticipantesforamrecolhidosindividualmenteenasalaestiveram
presentes apenas o participante e a investigadora. As tarefas foram realizadas num
ambientecalmoesemdistrações,emduas/trêssessõespresenciais.Naprimeirasessão,
aprimeiratarefaaserrealizadafoiatarefadeproduçãoinduzida,seguidadotesteTFF-
ALPEedotesteREPP.Asegundasessãoiniciou-sepelaaplicaçãodotesteACLLE,seguido
dotesteTALC.NocasodascriançasavaliadascomoConF.IRA4,otestefoiaplicadona
terceirasessão.
3Considera-seobilinguismocomosendoumcritériodeexclusão,devidoàsquestõesrelacionadascom
asdificuldadesdediagnósticodePDLemcriançasbilingues.4DevidoàsituaçãodepandemiadevidoàCOVID-19,oprocedimentoderecolhadedadostevedeser
interrompido,nãosendoaplicadoestetesteàtotalidadedosparticipantes.
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23
3.1.3. Marcadores, critérios e instrumentos a considerar na definição do perfil
fonológico
Considerandoadescriçãodaliteratura,epartindodosdadosrecolhidosnofocus
group,analisaram-se setemarcadores a considerarnoestabelecimentodeumperfil
fonológico,nomeadamente:
1. processosfonológicostípicoseatípicos;
2. percentagemdeconsoantescorretasrevista(PCC-R);
3. graudeinteligibilidade;
4. repetiçãodepseudopalavras;
5. tarefas de consciência fonológica, incluindo tarefas de rima, segmentação
silábica;
6. evocaçãofonológica;
7. processamentodeestruturassintáticascomplexas,acessolexicaleconcordância
verbal.
Assim, para a análise dos marcadores supramencionados e seus níveis de
desempenho (critérios), combase nos instrumentosmencionados e no focus group,
definiu-seoseguinte:
Para a análise dos processos fonológicos e para a PCC-R, as crianças foram
avaliadascomotesteFonético-FonológicoALPE(TFF-ALPE),emconcreto,ossubtestes
fonético e fonológico (Mendes et al., 2013), que permite realizar uma avaliação da
produçãodetodososfonemasproduzidospelacriançaepossibilitandorealizarocálculo
dePCC-Rproduzidaspelacriança,bemcomoidentificarosprocessosfonológicosque
ocorrem. Este teste, validado para o PE, foi constituído com uma amostra de 768
criançascomidadescompreendidasentreos3anose0meseseos6anose11meses
de idade, distribuídas igualmente por sexo, sendo que apresenta ainda dados
estandardizadosparaanálise(Mendesetal.,2013).Paraumaanálisequantitativamais
detalhadadeambososcritérios(PCC-Reprocessosfonológicos),osdadosrecolhidos
foram introduzidos na Ferramenta de Análise Fonológica Automática (FAFA) (Jesus,
Lousada, Saraiva, & Domingues, n.d.). Através dos dados de referência, foi possível
adaptarosseguintescritériosparacadamarcador:
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24
PROCESSOSFONOLÓGICOS
TÍPICOS
Oclusão[3;0-3;6[
Posteriorização[3;0-3;6[
Anteriorização[3;0-3;6[
Despalatalização[4;0-4;6[
Palatalização[4;0-4;6[
Desvozeamento[5;0-5;6[
Omissãoconsoantefinal[6;6-6;12[
Reduçãodegruposconsonânticos[6;6-6;12[
Semivocalizaçãolíquidas[6;6-6;12[
Reduçãodesílabaátona[6;6-6;12[
Vocalizaçãolíquidas[6;6-6;12[
ATÍPICOS Substituiçãodelíquidas
Processosadicionais
Tabela5–Critériosparaprocessosfonológicos(Lousada,2012;Mendesetal.,2013;Mendesetal.,2014)
PCC-R5>85%
<85%
Tabela6–CritériosparaPCC-R(Wertzneretal.,2014)
Aavaliaçãodoíndicedeinteligibilidadefoirealizadacomrecursoaumatarefa
de produção induzida, sendo pedido que a criança descrevesse o máximo que
conseguissedaimagemquelhefoiapresentada(videAnexoA).Apósarecolhaáudioda
produção da criança, foi efetuado o cálculo do índice de inteligibilidade, fazendo a
contabilização do número total de palavras produzidas e o número de palavras
produzidasdeformaininteligível.Atravésdosdadosdereferência,foipossíveladaptar
osseguintescritérios:
ÍNDICEDEINTELIGIBILIDADE6anos>94%
<94%
5anos>92%
<92%
Tabela7–Critériosparagraudeinteligibilidade(Shribergetal.,1994)
5Códigodecoresaplicado:
Dificuldade
Preservado
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Para testar a capacidade de repetição de pseudopalavras, as crianças foram
avaliadascomaProvadeRepetiçãodePseudopalavras(REPP).Estetesteéconstituído
por50itens,variandoasuaextensãosilábica,acentuação,complexidadearticulatóriae
proximidadelexical.Nasuafasedeconstrução,otestefoiadministradoaumaamostra
de86crianças,comidadescompreendidasentreos6anose5meseseos10anose4
meses,falantesmonolinguesdoPEeafrequentaro1ºciclodoensinobásico.Embora
este teste não apresente dados estandardizados, consideram-se, aqui, os valores
obtidos no estudo piloto, que podem ser tidos como valores de referência (Ribeiro,
2011).Atravésdosdadosdereferência,foramconsideradososseguintescritérios:
REPP5anos>50%
<50%
6anos
>70%
<70%
Tabela8–Critériospararepetiçãodepseudopalavras(Ribeiro,2011)
Para a avaliação da consciência fonológica, foram usadas as tarefas de
consciência fonológica 1. Rima e 2. Consciência silábica do teste de Avaliação de
CompetênciasLinguísticasparaaLeituraeEscrita(Valido,Vitorino,Lopes,Moreira,&
Paixão,2011)eastarefasdesegmentaçãosilábicadepalavrasepseudopalavras,síntese
silábicadepalavrasepseudopalavraseidentificaçãoesegmentaçãoderimadoTeste
ConF.IRA–ConsciênciaFonológica–InstrumentodeRastreioedeAvaliação(Castroet
al., 2009). Para a validação do teste ACLLE, foram usadas 460 crianças falantes
monolinguesdoPE,comidadescompreendidasentreos5anoseos9anose11meses,
a frequentar o jardim de infância e o ensino básico. O teste apresenta dados
estandardizadosporfaixaetária(Validoetal.,2011).EmrelaçãoaotesteConF.IRA,este
teste não apresenta ainda dados estandardizados, contudo, neste trabalho, para o
estabelecimento dos critérios para este marcador, foram usados os valores de
referênciaindicadosnoestudodeAlves,Castro&Correia,em2009.
Tendoemcontaasespecificidadesediferençasdosdoistestesdeavaliaçãopara
estemarcadoreainterrupçãonoprocessoderecolhadedadosdevidoàpandemiade
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26
COVID-19,nemtodasascriançasforamsujeitasaomesmonúmerodetarefas.Assim,
sempre que são apresentados resultados relativos a apenas três tarefas, as crianças
foramsomenteavaliadascomotesteACLLE.Noscasosemquetodasastarefasforam
realizadas,ascriançasforamavaliadascomotesteACLLEecomoConF.IRA.
As tarefas de consciência fonémica, tanto do teste ACLLE como do teste
ConF.IRA,nãoforamaplicadas,pois,deacordocomosdadosdaACLLE,estastarefassó
sãoelegíveisapartirdofinaldo2ºperíododo1ºanoletivo,umavezqueascrianças
aindanãosãoalfabetizadas.Atravésdosdadosdereferência, foipossíveladaptaros
seguintescritérios:
ACLLERima SegmentaçãosilábicadePalavra5anos 5anos>20% >85%
<20% <85%
6anos 6anos>30% >85%
<30% <85%
Tabela9–Critériosparaconsciênciafonológica–TesteACLLE(Valido,Vitorino,Lopes,Moreira,&Paixão,2011)
ConF.IRAFonema Sílaba Rima
Pré-escolar Pré-escolar Pré-escolar>20% >40% >60%
<20% <40% <60%
Escolar Escolar Escolar>50% >80% >80%
<50% <80% <80%
Tabela10–Critériosparaconsciênciafonológica–TesteConF.IRA(Alves,Castro&Correia,2009)
Paraaavaliaçãodaevocaçãofonológica,foramusadasasprovasdeevocação
de palavras pela sílaba inicial e evocação fonémica do testeACLLE (Valido, Vitorino,
Lopes,Moreira,&Paixão,2011).Atravésdosdadosdereferência,foipossíveladaptar
osseguintescritérios:
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EVOCAÇÃOPORPISTASILÁBICA EVOCAÇÃOPORPISTAFONÉMICA5anos 5anos>60% >10%
<60% <10%
6anos 6anos>80% >20%
<80% <20%
Tabela11–Critériosparaevocaçãofonológica(Validoetal.,2011)
Para avaliação dos outros domínios linguísticos, foi utilizado o Teste de
Avaliação da Linguagem na Criança (TALC), que permite avaliar a capacidade de
compreensãoda linguagem,nosdomíniossemânticoemorfossintático,bemcomoa
expressão da linguagem oral nos domínios da pragmática, da semântica e da
morfossintaxe.Este teste foi validadocom580crianças falantesmonolinguesdoPE,
com idades compreendidas entre os 2 anos e 6meses e os 5 anos e os 11meses,
apresentandodadosestandardizadosporfaixaetária(Kay&Tavares,2012).
Todasascriançasforamavaliadasporumtestedirigidoacriançasdeidadepré-
escolar. Tal opção deveu-se ao facto de as avaliações terem decorrido no mês de
dezembro,ouseja,no1ºperíododo1ºanodeescolaridade,nãopodendoascrianças
serconsideradasalfabetizadas,porseestar,ainda,noperíodo inicialdoprocessode
alfabetização. Através dos dados de referência, foi possível adaptar os seguintes
critérios:
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28
TALC
Valoresdemédiareferidosparaafaixaetáriados5;06-5;11anos
IdentificaçãodeObjetos
>12
<12
IdentificaçãodeImagens
22,93a24,53
<22,93
2palavrasconteúdo
11,21a12,29
<11,21
3palavras
9,35a12,59
<12,59
Frasescomplexas
4,78a8,78
<8,78
NomeaçãodeObjetos
11,72a12,22
<12,22
NomeaçãodeImagens
16,97a18,35
<18,35
Frasesabsurdas
1,72a3,38
<1,72
Morfossintaxe
11,02a14,26
<14,26
Tabela12–Critériosparadificuldadesnoutrosdomíniosdalinguagem–TesteTALC
(Kay&Tavares,2008)
3.2.Resultados6
Os resultados completos do estudo empírico relativamente aos potenciais
marcadoresdiferenciaissãoapresentadosemtabelanoapêndiceG.
Destesresultados,foipossívelextrairdoisperfisdecrianças,considerandoos
marcadores diferenciais referentes ao diagnóstico de PSF de base fonológica e ao
diagnósticodePDLpatentesna tabela3, resultadodadiscussãodo focusgroup:um
perfildominanteeumperfilmisto.De14crianças,umanãoapresentanenhumtipode
processo fonológico, três apresentam apenas um tipo de processo fonológico (uma
criançacomprocessosfonológicostípicosforadeidadeesperadaeduascriançascom
processos fonológicos atípicos) e 10 crianças apresentamos dois tipos de processos
fonológicos.Comestadiversidadedepadrõesapresentadospelascriançasemrelação
aosprocessosfonológicostípicoseatípicos,considerou-sequeestesnãoconstituíam
ummarcadordiferencial(videapêndiceH)7.
Assim,foramincluídasnoperfildominantecriançasque,excluindoosprocessos
fonológicos,apresentampelomenosquatromarcadoresassociadosaumdiagnóstico.
6 Os dados brutos específicos que foram recolhidos individualmente, encontram-se disponíveis num
documentoquepoderáserconsultadomediantesolicitaçãoàinvestigadora.7NoapêndiceH,encontra-seuma listagemde todososprocessos fonológicosevidenciadospor cada
criança,bemcomoexemplosdasproduçõesrealizadas.
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29
Noperfilmisto,foramincluídascriançasqueapresentamtrêsmarcadoresassociadosa
cadaumdosdiagnósticos.
Seguidamente,apresentam-seosresultadosdascriançasporperfil.
3.2.1.Perfildominante
Dentro do perfil dominante, encontram-se nove crianças: duas com perfil
dominantesãodePSFdebasefonológicaesetedePDL.
Nas tabelas 13 e 14, abaixo, referentes às crianças 3 e 12, apresentam-seos
dadosdeperfisdominantesdePSFdebasefonológica.Ambasascriançasapresentam
cincomarcadorescaracterizadoresdePSFdebasefonológica.
C3|5;9|IPE8Perturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperadaProcessosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela13–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança3
C12|5;9|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela14–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança12
As tabelas acima mostram que ambas as crianças apresentam um perfil
dominante de PSF de base fonológica. No entanto, a C12 apresenta processos
8IPE:Idadepré-escolar
IE:Idadeescolar
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30
fonológicostípicoseatípicos(p.ex.comoatípico,destaca-se:soprar[su'pɾaɾ],produzido
como [su'plal]), bem como um índice de inteligibilidademais baixo e dificuldade na
evocaçãodepalavras.
Nastabelas15a21,referentesàscrianças6,10,4,7,2,8e13respetivamente,
apresentam-seosdadosrelativosaoperfildominantedePDL,umavezqueapresentam,
pelomenos,quatromarcadorescaracterizadoresdePDL.
C6|6;2|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperadaProcessosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela15–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança6
C10|5;8|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela16–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança10
C4|6;2|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperadaProcessosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela17–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança4
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31
C7|5;4|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperadaProcessosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela18–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança7
C2|6;5|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperadaProcessosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela19–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança2
C8|6;8|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela20–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança8
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32
C13|5;5|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela21–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança13
Nas tabelas acima, é possível observar que, de sete crianças com um perfil
dominantedePDL,apenasduasapresentamumtipodeprocessofonológico.Acriança
6apresentaprocessosfonológicosatípicos(p.ex.bola['bɔlɐ]produzidocomo['bɔʎɐ]e
rato['Ratu]produzidocomo['gatu]),revelandotambémdificuldadesnoutrosdomínios
da linguagem (em tarefas de palavras de conteúdo e de frases complexas, frases
absurdaseconstituintesmorfossintáticos),oqueestáemlinhacomoperfildePDL.A
criança10 apresentaprocessos fonológicos típicos forade idade, oque se encontra
desalinhado com o perfil de PDL, mas revelando dificuldades noutros domínios da
linguagem(emtarefasdecompreensãodepalavrasdeconteúdoedefrasescomplexas
econstituintesmorfossintáticos).DassetecriançascomperfildominantedePDL,cinco
apresentamosdoistiposdeprocessosfonológicos,nomeadamente,ascrianças4,7,2,
8 e 13. Como exemplos de processos fonológicos típicos fora de idade esperada
produzidospelascrianças,podedestacar-se:
• paraacriança12,aproduçãode['livu]emvezdelivro['livɾu],['gafu]em
vezdegarfo['gaɾfu]e['pastɐ]emvezdepasta['paʃtɐ];
• paraacriança6,aproduçãode[dɐ'gɐ̃w]emvezdedragão[dɾɐ'gɐ̃w]e
['patɐ]emvezdepasta['paʃtɐ];
• paraacriança10,aproduçãode['vidu]emvezdevidro['vidɾu],['fosɐ]
emvezdeforça['foɾsɐ],['pouvu]emvezdepolvo['poɫvu]e['kalʃɐʃ]em
vezdecalças['kaɫsɐʃ];
Page 51
33
• paraacriança4,aproduçãode['livu]emvezdelivro['livɾu],['povu]em
vezdepolvo['poɫvu],['kaɫʃɐʃ]emvezdecalças['kaɫsɐʃ]e['kɐjzu]emvez
dequeijo['kɐjʒu];
• paraacriança7,aproduçãode['ʃebɾɐ]emvezdezebra['zebɾɐ],['pɔtɐ]
emvezdeporta['pɔɾtɐ],['patu]emvezdeprato['pɾatu],['kalʃɐʃ]emvez
decalças['kaɫsɐʃ]e[bɐ'soɾɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ];
• paraacriança2,aproduçãode['livu]emvezdelivro['livɾu],['kasɐʃ]em
vezdecalças['kaɫsɐʃ],[biʃi'klɛtɐ]emvezdebicicleta[bisi'klɛtɐ],[sɐ'nɛlɐ]
emvezdejanela[ʒɐ'nɛlɐ]e['kɐjʃu]emvezdequeijo['kɐjʒu];
• paraacriança8,aproduçãode['bĩkaɾ]emvezdebrincar['bɾĩkaɾ],['godu]
emvezdegordo['goɾdu],['fɾɐ̃ku]emvezdefrango['fɾɐ̃gu],['sabɨ]em
vezdechave['ʃavɨ],['ʃɔɫ]emvezdesol['sɔɫ]e[sɐ'pɛw]emvezdechapéu
[ʃɐ'pɛw];
• paraacriança13,aproduçãode['tigɨ]emvezdetigre['tigɾɨ],[amu'fadɐ]
emvezdealmofada[almu'fadɐ],[vɐ'ʃoɾɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ],
['zip]emvezdejipe['ʒip]e[bɐ'soɾɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ].
Como exemplos de processos fonológicos atípicos produzidos pelas crianças,
podedestacar-se:
• paraacriança4,aproduçãode[nɐ'liʃ]emvezdenariz[nɐ'ɾiʃ];
• paraacriança7,aproduçãode[pɐ'lasu]emvezdepalhaço [pɐ'ʎasu],
[tɨlɨ'fɔdɨ]emvezdetelefone[tɨlɨ'fɔnɨ]e['oju]emvezdeolho['oʎu];
• paraacriança2,aproduçãode[nɐ'liʃ]emvezdenariz[nɐ'ɾiʃ];
• paraacriança8,aproduçãode[lɐ'gɐ̃w]emvezdedragão[dɾɐ'gɐ̃w];
• para a criança 13, a produçãode [ʃ'tgelɐ] em vez deestrela [ʃ'tɾelɐ] e
[vɐ'solɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ].
As crianças 4 e 7 apresentam também dificuldades noutros domínios da
linguagem(emtarefasdecompreensãodepalavrasdeconteúdoedefrasescomplexas,
frasesabsurdaseconstituintesmorfossintáticos).
Page 52
34
3.2.2.Perfilmisto
Nastabelas22a26,referentesàscrianças9,1,5,11e14,apresentam-seos
dados relativos ao perfil misto, uma vez que todas as crianças apresentam três
marcadorescaracterizadoresdecadaperfil.
C9|5;10|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela22–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança9
C1|6;4|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologia
Processosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela23–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança1
C5|5;0|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperadaProcessosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela24–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança5
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35
C11|6;11|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela25–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança11
C14|6;2|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase
fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem
(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade
esperada
Processosfonológicosatípicos
MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R
Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade
Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras
Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras
Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica
Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão
significativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda
linguagem
Tabela26–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança14
Nastabelasapresentadas,épossívelobservarosdadosdecincocriançascomumperfil
misto,sendoque,destas,apenasacriança9apresentasomenteumtipodeprocesso
fonológico, nomeadamente, processos fonológicos atípicos (p.ex. ['kɔblɐ] em vez de
cobra['kɔbɾɐ]e['tigdɨ]emvezdetigre['tigɾɨ].Asrestantesquatrocrianças(criança1,5,
11 e 14) apresentam os dois tipos de processos fonológicos. Como exemplos de
processosfonológicostípicosforadeidadeesperada,produzidospelascrianças,pode
destacar-se:
• paraacriança9,aproduçãode['kɛmɨ]emvezdecreme['kɾɛmɨ]e[fu'migɐ]em
vezdeformiga[fuɾ'migɐ];
• paraacriança1,aproduçãode[ʃ'telɐ]emvezdeestrela[ʃ'tɾelɐ],[tɨ'fɔnɨ]emvez
detelefone[tɨlɨ'fɔnɨ],['mesɐ]emvezdemesa['mezɐ],['povu]emvezdepolvo
['poɫvu],['ʃɔɫ]emvezdesol['sɔɫ]e['savɨ]emvezdechave['ʃavɨ];
• paraacriança5,aproduçãode[gɐ'vatɐ]emvezdegravata[gɾɐ'vatɐ],['poku]
emvezdeporco['poɾku],['powvu]emvezdepolvo['poɫvu],['kɐjʃu]emvezde
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queijo['kɐjʒu],[zɐ'nɛlɐ]emvezdejanela[ʒɐ'nɛlɐ],[bik'iklɛtɐ]emvezdebicicleta
[bisi'klɛtɐ]e['kaɫʃɐʃ]emvezdecalças['kaɫsɐʃ];
• paraacriança11,aproduçãode[tɨ'fɔnɨ]emvezdetelefone[tɨlɨ'fɔnɨ],['bĩkaɾ]em
vezdebrincar [bɾĩ'kaɾ],[zɐ'nɛlɐ]emvezde janela [ʒɐ'nɛlɐ],['ʃebɾɐ]emvezde
zebra['zebɾɐ]e[biʃi'klɛtɐ]emvezdebicicleta[bisi'klɛtɐ];
• paraacriança14,aproduçãode[ʃ'telɐ]emvezdeestrela[ʃ'tɾelɐ],['fosɐ]emvez
deforça['foɾsɐ]e[sɐ'pɛw]emvezdechapéu[ʃɐ'pɛw].
Como exemplos de processos fonológicos atípicos produzidos pelas crianças,
podedestacar-se:
• paraacriança1,aproduçãode[vɐ'solɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ];
• paraacriança5,aproduçãode[pɐ'lasu]emvezdepalhaço[pɐ'ʎasu];
• paraacriança11,aproduçãode['vivɾu],emvezdelivro['livɾu];
• paraacriança14,aproduçãode['oju]emvezolhode['oʎu].
3.3.Sumário
Dos resultados do estudo empírico, foi possível extrair dois perfis: um perfil
dominante e um perfil misto. No perfil dominante foram incluídas as crianças que,
excluindo os processos fonológicos, apresentam pelo menos quatro marcadores no
mesmoladodominante,e,noperfilmisto,foramincluídascriançasqueapresentamtrês
marcadoresdecadalado.
Dentrodoperfildominante,encontram-senovecrianças,sendoqueduassão
dominantesdePSFdebasefonológicaesetesãodominantesdePDL.Noperfilmisto,
foramconsideradascincocrianças,comtrêsmarcadorescaracterizadoresdecadaperfil.
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37
CAPÍTULO4:DISCUSSÃO
No presente trabalho, pretendeu-se, através de um estudo exploratório,
identificarosperfisfonológicosdecriançasentreoscincoeosseisanosdeidadecom
alteraçõesfonológicasprimárias,semcondiçõesbiomédicasassociadas,considerando
osmarcadores linguísticos indicadosna literaturae identificadosporespecialistas.O
objetivoeraodecontribuirparaumdiagnósticodiferencialdePSFdebasefonológicae
dePDLemTerapiadaFala,emPortugal,umavezquenãoéaindaclaro,naliteraturae
napráticaclínica,quemarcadorescontribuemparaodiagnósticodiferencialdeuma
PSFdebasefonológicaedeumaPDL.
Partindo das descrições da literatura e dos dados recolhidos no focus group,
analisaram-se sete potenciaismarcadores a integrar noperfil fonológicode crianças
com alterações fonológicas: processos fonológicos típicos e atípicos; PCC-R; grau de
inteligibilidade; repetição de pseudopalavras; tarefas de consciência fonológica,
incluindo tarefas de rima e de segmentação silábica; evocação fonológica e
processamentodeestruturassintáticascomplexas,acessolexicaleconcordânciaverbal.
Deformaacontribuirparaaformulaçãodeumdiagnósticonapráticaclínicade
terapeutasdafalaemPortugal,pretendeu-seresponderàsseguintesquestões:i)quais
osmarcadores fonológicoseosníveisdedesempenhoparaodiagnósticodiferencial
entre PDL e PSF de base fonológica? e ii) quais são os instrumentos, tarefas ou
procedimentosaserusadosparaaavaliaçãodecadamarcador?
Adiscussãopromovidanofocusgrouppermitiuconcluirque,nodiagnósticode
PSF de base fonológica, é usual a presença de processos fonológicos típicos do
desenvolvimento,masforadeidadeesperada.Poroutrolado,nodiagnósticodePDL,é
expectávelque seevidenciem rotasdedesenvolvimentoatípicas. Tendoemcontao
marcadordePCC-R,éexpectávelqueaPDLapresentevaloresmaisexpressivosdoque
a PSF de base fonológica. Foi ainda referido que, no diagnóstico de PSF de base
fonológica,asalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagemnãodeverãosersignificativas,
ao contrário do que sucede numa PDL. Foram ainda indicados como marcadores
diferenciais,arepetiçãodepseudopalavraseaevocaçãodepalavras,sendoexpectável
queascriançascomPSFdebasefonológicatenhamummelhordesempenhoemambas
astarefasdoqueascriançascomPDLfonológica.Aconsciênciafonológicaeonívelde
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38
inteligibilidadeforamtambémapontadoscomomarcadoresdiferenciais,sendoqueas
criançasdiagnosticadascomPDLdeverãoapresentar,emambos,pioresresultadosdo
queascriançascomPSFdebasefonológica.
Osresultadosdoestudoempíricopossibilitaramaextraçãodedoisperfis:um
perfildominanteeumperfilmisto.Foramincluídas,noperfildominante,criançasque
apresentampelomenos quatromarcadores nomesmo lado dominante, e, noperfil
misto,foramincluídascriançasqueapresentamtrêsmarcadoresdecadalado.Dentro
doperfildominante,encontraram-senovecrianças:duasdeperfilmaisconsistentecom
PSFdebase fonológicaesetecomperfisdominantesdePDL.Noperfilmisto, foram
consideradascincocrianças.
O estudo conduzido confirmou a dificuldade em atribuir um diagnóstico às
crianças com alterações fonológicas. A literatura não é consensual quanto aos
marcadoresusadosparadistinguirumaPDLdeumaPSFdebasefonológicae,naprática
clínica, evidencia-se e reflete-se a falta de clareza na atribuição de um diagnóstico
(Alves,2019).Talfactopodeserreforçadopelosresultadosdoestudoempírico,emque
novecriançastêmumperfildominanteecincocriançasapresentamumperfilmisto,
nãosendopossível,nocasodestasúltimas,atribuirumdiagnósticoprecisoapartirdos
marcadoresclínicosconsideradosrelevantes.Oresultadodoestudoempíricomostra,
também,quenenhumacriançaapresentatodososmarcadoresconsistentescomum
perfildePSFdebasefonológicaoucomumperfildePDL.Contudo,confirmou-seque
hámarcadoresdiferenciaisparaasduasperturbações:apercentagemdeconsoantes
corretasrevista(PCC-R)(Austin&Shriberg,1997;Wertzneretal.,2013;Wertzneretal.,
2014),odesempenhoemtarefasdeevocaçãofonológica(Coutinho,2012),ograude
inteligibilidade(econsequenteseveridade)(Shriberg,Kwiatkowski,&Gruber,1994),e
odesempenhoemtarefasdeconsciênciafonológica(Peña-Brooks&Hedge,2007)são
neste estudo, de acordo com a amostra estudada, considerados bons marcadores
diferenciais.Assim,aPCC-R,nodiagnósticodePSFdebasefonológica,apresentauma
maiorpercentagem(acimade85%),enquantoque,nodiagnósticodePDL,apresenta
umamenorpercentagem(abaixode85%).Quantoatarefasevocaçãofonológica,no
diagnósticodePSFdebasefonológica,estassãorealizadascomfacilidade,aocontrário
do que acontece no diagnóstico de PDL. O grau de inteligibilidade deverá ser mais
elevadonodiagnósticodePSFdebasefonológicaemaisbaixonodiagnósticodePDL.
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39
Através do estudo empírico, foi possível identificar quais foram, dos sete
potenciaismarcadores inicialmenteelegíveiscomomarcadoresdiferenciais,defacto,
marcadoresequais levantamquestõesparaodiagnóstico.Nesteestudofoi também
possíveldefiniroscritériosparacadaumdosmarcadoresconsiderados.
Contrariamenteaoqueéreferidonaliteraturaefoireferidonofocusgroup,os
resultadosdoestudoempíricomostraramqueosprocessosfonológicosnãoconstituem
um bom marcador diferencial entre PDL e PSF de base fonológica. Apesar de se
considerarqueosprocessosfonológicosatípicossãoconsistentescomumdiagnóstico
dePDLeosprocessosfonológicostípicosforadaidadeesperadasãoexpectáveisnuma
PSFdebasefonológica(Coutinho,2012;Crestanietal.,2012;Bishopetal.,2017),nos
dadosagorarecolhidosjuntodecatorzecrianças,essepadrãonãoseobservou.
NosperfisdominantesdePSFhouveumacriançasemqualquertipodeprocesso
fonológicoeumacriançacomosdoistiposdeprocessos.NoperfildominantedePDL,
de sete crianças, apenas duas apresentam apenas um tipo de processo fonológico,
sendoqueumadelasapresentaprocessosfonológicosatípicos,oqueestáalinhadocom
o que o focus group considerava expectável numa PDL. As restantes cinco crianças
apresentamosdoistiposdeprocessosfonológicos.
Emrelaçãoàscincocriançasidentificadascomoperfilmisto,podereferir-seque
apenasumadelasapresentasomenteumtipodeprocessofonológico,nomeadamente,
processos fonológicos atípicos, enquanto as restantes quatro evidenciam ambos os
tipos.
Emborasetenharecorridoaumtestevalidadoeaumaavaliaçãoobjetivapara
análise dos processos fonológicos (através do TFF-ALPE e da ferramenta FAFA), a
identificaçãodosprocessosfonológicosatípicosfoidificultadapelofactodeestesnão
estaremlistadosnosinstrumentoseseremumaquestãopoucoexploradaedefinidano
PE.Contudo,poranalogiacomoutraslínguasepelaanálisedosprocessosobservados
naproduçãodascrianças(p.ex.,[dɾɐ'gɐ̃w]produzidocomo[lɐ'gɐ̃w],['tigɾɨ]produzido
como['tigdɨ],['livɾu]produzidocomo['vivɾu],['kaRu]produzidocomo['kagu],[ʃ'tɾelɐ]
produzido como [ʃ'tgelɐ], ['Ratu]produzido como ['gatu] e [tɨlɨ'fɔnɨ] produzido como
[tɨlɨ'fɔdɨ]), parece evidente que os processos identificados como atípicos têm,
efetivamente,umanaturezadesviantefaceaopadrãodedesenvolvimentotípicodoPE.
Este dadoparece reforçar a conclusãodeque a natureza dos processos fonológicos
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40
podenãoserummarcadorrobustoparaodiagnósticodiferencialentrePDLePSFde
base fonológica, uma vez que, das 14 crianças constituintes da amostra, apenas a
criança6apresentaarelaçãodicotómicadiretaeconsistentecomoquefoiexpressona
literaturaenofocusgroup:nocasodePSFdebasefonológica,esperam-seaprodução
deprocessosfonológicostípicosforadeidadeesperadae,nocasodePDL,espera-sea
produção de processos fonológicos atípicos. No caso específico da criança 6, esta
manifestasomenteprocessosfonológicosatípicosnumperfildominantedePDL.
Aocontráriodosprocessosfonológicos,aPCC-Reo índicede inteligibilidade
parecemsermarcadoresdiferenciaissólidos.Osdadosdesteestudomostramque,das
novecriançascomperfildominante,seteapresentamdesempenhosemrelaçãoaestes
dois marcadores alinhados com o perfil dominante expectável. De acordo com os
critériosdefinidosnofocusgroup,valoresmaiselevadosnaPCC-Reumíndicemaisalto
deinteligibilidadesãoexpectáveisemcriançascomPSFdebasefonológica,aocontrário
doqueacontecenumaPDL,factoqueseobservounaamostradecriançasavaliadas.A
avaliação da PCC-R foi realizada através dos dados recolhidos com o TFF-ALPE e a
ferramentaFAFA,sendoque,paraaavaliaçãodaPCC-R,ambasasferramentasderam
contadedesempenhosdiferenciadosemrelaçãoàproduçãodeconsoantesnosdois
diagnósticospossíveis(PSFdebasefonológicaePDL).Narecolhadedadosparaocálculo
doíndicedeinteligibilidade,foiutilizadaumatarefadeproduçãoinduzida,naqualas
crianças descreveram o que observaram numa imagem. Após a recolha áudio da
produção da criança, foi calculado o índice de inteligibilidade, através da divisão do
númerodepalavrasproduzidasde forma ininteligível pelonúmero total depalavras
produzidas.Osresultadosobtidoscomestatarefa,noentanto,devemseranalisados
comcautela,umavezqueatarefaeaimagemapresentadasnãoseencontramvalidadas
paraoPE.
Aevocação fonológica, parece serumbommarcadordiferencial, já que,das
novecriançascomperfildominante,seteapresentamestemarcadoralinhadocomum
perfiledeacordocomoscritériosdefinidosparacadadiagnóstico,sendoestes,segundo
osespecialistasdofocusgroup,facilidadenaevocaçãofonológica,nocasodeumaPSF
debasefonológica,edificuldadeemtarefasdestetipo,paraocasodeumaPDL.Nos
doiscasosemqueestemarcadorseencontradesalinhadocomoperfil(crianças3e12),
ouseja,commarcadorecritériosenquadradosnodiagnósticodoladooposto,ambas
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41
ascriançasapresentamperfildominantedePSFdebasefonológica,podendoestefacto
indicarqueocritériodefinidoparaomarcadornãoestáajustadoaodiagnóstico.Para
estemarcador, foramusadas as tarefas de evocação de palavras por sílaba inicial e
evocaçãofonémicadotesteACCLE,queapresentadadosestandardizadose,porisso,
facilitaaanáliseeidentificaçãoobjetivasdoscritériosaconsiderar.
Aconsciênciafonológicaparece,também,serummarcadordiferencialrobusto.
Deacordocomo focusgroup, facilidadenaconsciênciafonológicaécompatívelcom
umaPSFdebasefonológicaeadificuldadeemtarefasdestetipoécompatívelcomuma
PDL. A avaliação da consciência fonológica, nas crianças observadas, foi realizada
atravésdastarefas1-Rimae2-ConsciênciasilábicadotestedeACLLE(Validoetal,
2011), e as tarefas de segmentação silábica de palavras e pseudopalavras, síntese
silábicadepalavrasepseudopalavraseidentificaçãoesegmentaçãoderimadoTeste
ConF.IRA (Castro et al., 2009). O teste ACLLE apresenta dados estandardizados, ao
contráriodoConF.IRA.Noentanto,esteúltimotem,nãosóummaiornúmerodeitens
portarefa,comopossibilitaaindaarecolhademaisdados,atravésdaespecificidadede
tarefasapresentadas.Das nove crianças identificadas com perfil dominante, este
marcadoréoúnicoqueapresentaoscritériosconcordantescomodiagnóstico.
Odesempenhonarepetiçãodepseudopalavrasnãofoidiferencialnaamostra
estudada: das nove crianças com perfil dominante, apenas duas apresentam este
marcadorcomoscritériosajustadosaoperfildominante.Emboraexistamdificuldades
naconsciênciafonológicaenaorganizaçãodossonsdafala,emcriançasdiagnosticadas
comPSFdebasefonológica,acompetênciaarticulatóriaporimitaçãoestápreservada
(Lima, 2008; Rombert, 2015). Este dado é consistente com o facto de as crianças
identificadas comumperfildominantedePSFdebase fonológicanãomanifestarem
dificuldadesnaprovaderepetiçãodepseudopalavras.Noentanto,ofactodenenhuma
criança manifestar dificuldades neste marcador também pode sugerir que este
marcadornãoédiferencial,ouqueoscritériosapontadospelofocusgroupereferidos
naliteraturanãosãoadequados,ousuficientementeobjetivos,paraodiagnóstico.Para
testaracapacidadederepetiçãodepseudopalavras,ascriançasforamavaliadascomo
teste REPP. Embora o teste seja claro e de fácil aplicação, a análise domarcador é
dificultadapelofactodenãoapresentardadosestandardizadosparaalgumasdasidades
avaliadas.Assim,osdadosobtidosapenaspodemseranalisadosassumindoosvalores
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42
obtidosnoestudopilotocomoreferência.Ofactodenenhumacriançaterdificuldades
nestemarcadorpoderáserconsequênciadafaltadeumcritériomaisobjetivoquedê
contadosdesempenhosdiferenciados.
Aexistênciadedificuldadesnoutrosdomíniosdalinguagemparece,também,
serummarcadoradequadoaosdiagnósticos,jáqueseisdasnovecriançasidentificadas
comumperfildominanteapresentamestemarcador comos critériosadequadosao
diagnósticodoperfildominante,talcomosugeridopelaliteraturaepelofocusgroup:a
existênciadealteraçõesnoutrosdomíniossugereaexistênciadeumaPDL,eaausência
dealteraçõesnoutrosdomíniossugereumaPSFdebasefonológica.Nosdoiscasosde
crianças com um perfil dominante de PSF de base fonológica, confirmaram-se as
prediçõesdaliteraturaedofocusgroup,poisnãoseobservaramdificuldadesemtarefas
de processamento de estruturas sintáticas complexas, acesso lexical e concordância
verbal.Emrelaçãoàs setecriançascomumperfildominantedePDL,dessas,quatro
apresentamdesempenhosbaixosemtarefasdeprocessamentodeestruturassintáticas
complexas,acessolexicaleconcordânciaverbal.Paraaavaliaçãodestemarcador,foi
usadootesteTALCparaaidadepré-escolar,umavezqueasavaliaçõesdecorreramno
mês de dezembro e, portanto, no primeiro período do 1º ano letivo. Devido a isto,
considera-sequeosdadosdascrianças1,2,8,11e14,queestãoemidadeescolar,
devemserinterpretadoscomcautela,jáqueofactodenãoseobservaremalterações
noutrosdomíniosdalinguagempodedever-seaodesajustedoinstrumentoemrelação
àidadedascrianças,enãoaofactodenãohaver,defacto,alteraçõesnoutrosdomínios
da linguagem. Com efeito, estas crianças poderão evidenciar alterações quando
avaliadascomtestesparaidadeescolar.Nocasodascrianças2e8,ambasemidade
escolare,àluzdoTALCpré-escolar,semdificuldadesnoutrosdomínioslinguísticos,tal
factoapenasreforçaráadominânciadoperfildePDLeasolidezdomarcadorenquanto
marcadordiferencial.Noscasosdascrianças1,11e14,tambémemidadeescolar,se
foremdetetadasalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagemcomumtesteadequadoa
idadesescolares,estascriançastransitarãodeumperfilmistoparaumperfildominante
dePDL,maisumavezreforçandoasolidezdestemarcadorcomodiferencial.
Assim,deacordocomosdadosobtidosnoestudoempírico,eapósoconfronto
destescomainformaçãorecolhidanofocusgroupenarevisãodaliteratura,assume-se
aquiqueapenassemanifestamcomomarcadoresdiferenciaissólidos,aPCC-Reoíndice
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43
deinteligibilidade,aevocaçãoeconsciênciafonológicaeasalteraçõesnoutrosdomínios
dalinguagem.
Paraterminar,ressalva-sequeofactodetodasascriançasestarememprocesso
de intervenção clínica em Terapia da Fala, poderá fazer com que as competências
avaliadaspossamjátersidotrabalhadase,porisso,queosdadosaquirecolhidosjánão
representemfielmenteasdificuldadesdascriançascomalteraçõesfonológicas.
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45
CAPÍTULO5:CONCLUSÕESECONSIDERAÇÕESFINAIS
Estetrabalhotevecomoobjetivocontribuirparaumdiagnósticodiferencialde
PDLePSFdebasefonológicaemTerapiadaFalaeidentificarosperfisfonológicosde
criançasentreoscincoeosseisanosde idadecomalteraçõesfonológicasprimárias,
sem condições biomédicas associadas. Para identificar osmarcadores a integrar nos
diferentes perfis, foi realizado, primeiramente, um focus group, onde se fez um
levantamentodosmarcadoresdiferenciais,bemcomodosinstrumentosausarparaa
avaliaçãodecadamarcador.Apósaanálisedestefocusgroup,realizou-seumatabela
matrizquecontemplouosmarcadoresaintegrarnoperfilfonológico.Numasegunda
fase,desenvolveu-seumestudoempíricoemqueforamavaliadas14crianças,como
objetivo de verificar a consistência destes marcadores enquanto marcadores
diferenciaisentreumaPDLedeumaPSFdebasefonológica.
Contrariamenteaoreferidonaliteraturaenofocusgroup,osresultadosdeste
trabalhosugeremqueosprocessosfonológicosearepetiçãodepseudopalavrasnão
constituem um bom marcador diferencial entre PDL e PSF de base fonológica. No
entanto, a PCC-R, o índice de inteligibilidade, a evocação fonológica, a consciência
fonológica e as alterações noutros domínios linguísticos, parecem ser marcadores
diferenciaisrobustos,confirmandooquefoireferidonaliteraturaesublinhadonofocus
group.
A estimulabilidade, critério também referido pelo focus group e que podia
funcionarcomomarcadoradicional,nãofoiavaliadanestetrabalho,oquerepresenta
umarelativalimitaçãoàinterpretaçãodosresultadosobtidos.Taldeveu-seaofactode
opresentetrabalhonãosetratardeumestudolongitudinal,oquepermitiriaverificara
respostadascriançasfaceà intervençãoterapêutica.Outra limitaçãodoestudofoia
reduzidadimensãoda amostra, que, ainda assim, consistiuna avaliaçãode todas as
criançascontactadaseautorizadasaparticiparnesteestudo.Considerandoonúmero
de tarefas, o tempo alocado à sua aplicação e à análise dos dados, não foi possível
recolherumaamostramaior,oqueaindasepoderáfazeremtrabalhofuturo.
O facto de todas as crianças estarememprocesso de intervenção clínica em
TerapiadaFala,deve,também,serumdadoateremlinhadecontanainterpretação
dosresultados,umavezqueascompetênciasavaliadaspoderãojátersidotrabalhadas
Page 64
46
e, logo, não representarem fielmente as dificuldades das crianças com alterações
fonológicas.
Ao longodeste trabalho, foi evidente a necessidadedeum instrumento com
validadeefiabilidadeparaavaliararepetiçãodepseudopalavrasemcriançasfalantes
do PE. Foi, também,muito evidente a necessidade da sistematização objetiva e de
aprofundamento do conhecimento acerca dos processos fonológicos atípicos para o
desenvolvimentofonológicodecriançasfalantesdePE.
Dopontodevistadainvestigadora,queétambémterapeutadafala,comeste
trabalho,fomentou-seanecessidadederigornaseleçãoeaplicaçãodosinstrumentos
usados na avaliação clínica, considerando não só as idades e o ano escolar, como a
validadeefiabilidadedosinstrumentos.Comoprodutopráticodestetrabalho,destaca-
seaChecklistdemarcadores fonológicosparaodiagnósticodiferencialentrePSFde
basefonológicaePDL,quepoderáserumaferramentafacilitadoradeumaavaliação
clínicamaisobjetiva,jáquepermiteorganizarecompilarosdesempenhosdascrianças
comalteraçõesfonológicasrelativamenteaosmarcadoresecritériosrelevantes.
Como proposta de trabalho futuro, refere-se a importância de completar e
confrontarosdadosrecolhidosnestetrabalhocomdadosrecolhidosatravésdoteste
GOL-Eeexpandiradimensãodaamostradopresenteestudo.
Page 65
47
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
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criança.PortoAlegre:ArtesMédicas.
Page 71
i
APÊNDICES
ApêndiceA:Conviteàparticipaçãoemfocusgroup
Conviteàparticipaçãoemfocusgroup
CaraProfessoraDoutoraDinaAlves,
CaraProfessoraDoutoraMarisaLousada,
CaraterapeutadafalaJoanaLopes,
CaraProfessoraDoutoraMariaJoãoXimenes,
Naáreadasperturbaçõesda linguagem, temexistidoum interesseparticular
acercadaspatologiascomdéficesfonológicos,nomeadamentequantoaosmarcadores
diferenciaisdediagnóstico.
Opresenteestudopretendecaracterizarosperfisfonológicosdecriançasentre
oscincoeosseisanosdeidadecomalteraçõesfonológicasdenaturezaprimária,sem
condições biomédicas associadas, no sentido de contribuir para um diagnóstico
diferencialentreaPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem(PDL)ePerturbação
dos Sons da Fala (PSF) de base fonológica. Com a identificação de marcadores
linguísticos,sobretudofonológicos,paraodiagnósticodePDLePSFdebasefonológica,
será possível a elaboração de planos de intervenção terapêutica mais eficazes. O
referidoestudocorrespondeàrealizaçãodeumadissertaçãodeMestradodeCiências
da Linguagem, na área de especialização em Desenvolvimento e Perturbações da
Linguagem, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa,orientadapelasProfessorasDoutorasSusanaCorreiaeAnaCastro.
Nestecontexto,convido-aaparticiparnumadiscussãoemgrupo(focusgroup),
comcincoparticipantes.Oobjetivodestadiscussãoéa recolhadedadosacercados
diagnósticosatribuídosacriançascomdificuldadesfonológicasequaisosmarcadores
quesustentamcadadiagnóstico,bemcomoosfatoresdistintivosentreeles.Pretende-
seaindasaberquaisosinstrumentosusadosparaarecolhadosdiferentesmarcadores
quepossibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.
A sessão contará com a presença de um moderador que colocará algumas
questõesacercadosdiferentesdiagnósticosemTerapiadaFalaparapatologiascom
comprometimentosfonológicosnaausênciadecondiçõesbiomédicas(perdaauditiva
Page 72
ii
sensorial, lesões ou alterações neurológicas e síndromes), bem como marcadores
diferenciais entre os diferentes diagnósticos e instrumentos de avaliação desses
critérios.Nãoexistindorespostascorretasouerradas,pretende-sequedêasuaopinião
pessoal,baseadanasuaexperiênciaclínica/deinvestigação/deformação.
Aduraçãoprevistadasessãoéde90minutos,podendoserrealizadaàdistância,
duranteomêsdenovembro,agendadaconsoanteadisponibilidadedosparticipantes.
O conteúdo audiovisual desta sessão será gravado; contudo, tanto a informação
recolhidacomoopróprioconteúdoserãoconfidenciaisedestinadosestritamentepara
uso do presente estudo. Os dados recolhidos serão tratados e analisados de forma
coletiva,sendoquenãoseráatribuídaqualqueridentificaçãoindividual.
Mencionam-se,emseguida,ascondiçõesdeparticipaçãonopresenteestudo:
Critériosdeinclusão:
• terapeuta da fala com experiência clínica, em investigação ou
formação;
• terapeuta da fala comexperiência no acompanhamento clínico
e/ouinvestigaçãoemPerturbaçõesdaLinguagemnacriança.
Oconsentimentodeparticipaçãonoestudoconsisteempermanecernofocus
groupatéaofimdasessão.Salienta-se, todavia,quepoderáabandonarasessãoem
qualquermomento, semqualquer tipodeconsequências.Nessecaso,osseusdados
serãoexcluídosdoestudo.
Para além da contribuição inestimável que prestará à investigação científica,
receberátambém,posteriormente,umsumáriodosresultadosdoestudo.
Porfim,eparaquesejapossívelagendarasessão,éimportante,que,casoesteja
interessado,indiqueasuadisponibilidade.
Caso esteja interessada e/ou tiver alguma questão/dúvida, não hesite em
contactar:
AnaCatarinaSantana–[email protected]
Comosmelhorescumprimentos,
AnaCatarinaSantana
AlunadeMestradoUNL/FCSH
Page 73
iii
ApêndiceB:Guiãodofocusgroup
Guiãofocusgroup
Naáreadasperturbaçõesda linguagem, temexistidoum interesseparticular
acercadaspatologiascomdéficesfonológicos,nomeadamentequantoaosmarcadores
diferenciaisdediagnóstico.
Opresenteestudopretendecaracterizarosperfisfonológicosdecriançasentre
oscincoeosseisanosdeidadecomalteraçõesfonológicasdenaturezaprimária,sem
condições biomédicas associadas, no sentido de contribuir para um diagnóstico
diferencial entre a PDL e as PSF de base fonológica. Assim, este estudo propõe-se
identificar os marcadores fonológicos para o diagnóstico de PDL e as PSF de base
fonológicaquepossibilitemumdiagnósticodiferencialmaisobjetivoequecontribua
paraaelaboraçãodeplanosdeintervençãoterapêuticamaiseficazes.
Nesta discussão, será feita uma recolha de dados acerca dos diagnósticos
atribuídos em perturbações com dificuldades fonológicas e dos marcadores que
sustentam cada diagnóstico, bem como os fatores distintivos entre eles. Pretende,
ainda,saber-sequaisosinstrumentosusadosparaarecolhadosdiferentescritériosque
possibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.
Aduraçãoprevistaéde90minutos.
Por favor, tenhapresentequedevedarumaopiniãopessoal,baseadanasua
experiênciaclínica/deinvestigação/deformação.
Emseguida,apresenta-se,oguiãoorientadordasessão:
Guião:
1. Quais os principais diagnósticos utilizados para crianças com alterações
fonológicas sem condições biomédicas associadas (perda auditiva sensorial,
lesõesoualteraçõesneurológicas,síndromes)?(10min)
2. Realiza o diagnóstico destas patologias combase emmarcadores linguísticos
distintivosentrecadapatologiaoucombaseemcritériosdeexclusão/inclusão
(p.ex. ausência de condição biomédica associada/desfasamento do
desenvolvimentonosváriosdomínioslinguísticos)?(10min)
3. Em relação à expressão verbal, quais os marcadores diferenciais entre o
diagnósticodePerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem,Perturbaçãodos
Page 74
iv
Sons da Fala fonológica e Perturbação Fonológica, tendo em conta que não
poderãoexistircondiçõesbiomédicasassociadas?(25min)
4. Quais os marcadores fonológicos que consideram para a atribuição de cada
diagnóstico?(25min)
5. Quaisosinstrumentos,procedimentosetarefasusadosparacadacritério?(20
min)
Page 75
v
ApêndiceC:Sumáriodofocusgroup
DIAGNÓSTICOSEMTERAPIADAFALAPARAPERTURBAÇÕESFONOLÓGICASSEM
CONDIÇÕESBIOMÉDICASASSOCIADAS
àPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debasefonológica àPerturbação do desenvolvimento da linguagem(PDL)comalteraçõesnafonologia.
DEFINIÇÃODOSDIAGNÓSTICOS/MARCADORESDIFERENCIAIS
àCATALISE(Bishop,2017):seumacriançaemidadepré-escolar,apresentar processos fonológicos típicos no desenvolvimento,masnumaidadeemquenãoéexpectávelerespondedeformapositivaàintervençãoterapêutica,considera-seodiagnósticodePSFdebasefonológica.àAlteraçõessomentenodomíniodafonologia,comexceçãodealteraçõespragmáticas.àMaiorestimulabilidadeerespostaàintervençãoterapêutica,apresentandoevoluçõesmaisrápidas.à Quando existentes alterações nos restantes domínioslinguísticos, estes não deverão evidenciar alteraçõessignificativas.àMaiorpercentagemdeconsoantescorretasrevista(PCC-R).àMaiorfacilidadeemtarefasderepetiçãodepseudopalavrasàMaiorfacilidadeemtarefasdeevocaçãodepalavrasàMenoresdificuldadesnaconsciênciafonológica
àSeexistirumacriançacomprocessos fonológicosquepersistemnaidadeescolarecomalteraçõesnosdiferentes domínios, inclusive a linguagem escrita,sem existirem condições biomédicas associadas,deveráconsiderar-seodiagnósticodePDL.àAlterações evidentes nos vários domínios dalinguagem.àOs processos fonológicos apresentam rotas dedesenvolvimentoatípicas.àMenor percentagem de consoantes corretasrevista(PCC-R).àMaior dificuldade em tarefas de repetição depseudopalavrasàMaior dificuldade em tarefas de evocação depalavrasàPodem apresentar outras alterações nas funçõesexecutivasàMaioresdificuldadesnaconsciênciafonológica
àDificuldade primordial na distinção de ambos os diagnósticos: casos em que somente o domínio da fonologia seencontraalterado.
MARCADORESDIFERENCIAISENTREPDLEPSFDEBASEFONOLÓGICA
àRepetiçãodepseudopalavrasàEvocaçãodepalavras
TIPODEMARCADORESDIFERENCIAIS
àMarcadores clínicos e linguísticos, bem comoos critérios de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos nadefiniçãodeambososdiagnósticos.àFunçõesexecutivasàConsciênciafonológicaàPercentagemdeconsoantescorretasrevista(PCC-R)àNíveldeinteligibilidadeàEstimulabilidadeerecetividadeàintervençãoterapêutica
Page 76
vi
INSTRUMENTOS/TAREFAS
àAnálise dosprocessos fonológicos, cálculodo índicede inteligibilidade, PCCe análise fonológicanão linear: TesteFonético-FonológicoALPE(TFF-ALPE)ouoTestedeArticulaçãoVerbal(TAV)àAnálisefonológicanãolinear:análisedetraços(MICT)eanálisedecontrastes(PAC).àDiscursoespontâneoàProduçãoinduzidaàAvaliação dos restantes domínios da linguagem (pré-escolar): Teste de Linguagem ALPE (TL-ALPE) ou o Teste deAvaliaçãodaLinguagemnaCriança(TALC)àAvaliaçãodosrestantesdomíniosdalinguagem(idadeescolar):GrelhadeAvaliaçãodaLinguagemdeIdadeEscolar(GOL-E)àRepetiçãodepseudopalavras:TesteREPPdeVâniaRibeiroàConsciênciafonológica:TestedeAvaliaçãodeCompetênciasLinguísticasparaaLeituraeEscrita(ACLLE)àDiscriminaçãoAudititiva:TestedeDiscriminaçãoAuditivadeIsabelGuimarães
Tabela27–TabelaSumáriodoFocusGroup
Page 77
vii
ApêndiceD:Relatórioescritodeanálisedofocusgroup
Ofocusgroupqueaquiserelatatevelugarnodia5dedezembrode2019,por
videoconferência.Asessãoteveumaduraçãodeaproximadamentenoventaminutose
contoucomamoderaçãodamestrandaAnaCatarinaSantanaerespetivasorientadoras,
a Professora Doutora Susana Correia e a Professora Doutora Ana Castro. Como
participantes,estiveramaProfessoraDoutoraDinaAlves,ProfessoraDoutoraMarisa
Lousada,MariaJoãoXimeneseJoanaLopes.Asquatroparticipantessãoterapeutasda
fala com experiência clínica, em investigação, ou em formação em Perturbações da
Linguagemnacriança.
A realização deste focus group decorre de uma dissertação deMestrado de
CiênciasdaLinguagem,naáreadeespecializaçãoemDesenvolvimentoePerturbações
da Linguagem, a ser realizada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa. O referido projeto pretende caracterizar os perfis
fonológicos de crianças entre os cinco e os seis anos de idade, com alterações
fonológicas de natureza primária, sem condições biomédicas associadas e, assim,
contribuirparaumdiagnósticodiferencialentreaPerturbaçãodoDesenvolvimentoda
Linguagem(PDL)ePerturbaçãodosSonsdaFala(PSF)debasefonológica.Acreditamos
que, com a identificação de marcadores linguísticos, sobretudo fonológicos, para o
diagnósticodePDLePSFdebasefonológica,serápossívelaelaboraçãodeplanosde
intervençãoterapêuticamaiseficazes.
Adiscussãodofocusgrouprealizadotinhacomoobjetivosarecolhadedados
exploratóriosacerca:
i. Dosdiagnósticosatribuídosacriançascomdificuldadesfonológicas;
ii. Dosmarcadores, sobretudo linguísticos, que sustentam cada diagnóstico,
bemcomoosfatoresdistintivosentreeles;
iii. Dos instrumentos usados para a recolha de dados dos diferentes
marcadores,quepossibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.
As moderadoras começaram por colocar questões acerca dos diferentes
diagnósticosemTerapiadaFalaparapatologiascomcomprometimentosfonológicos
na ausência de condiçõesbiomédicas (perda auditiva sensorial, lesõesou alterações
neurológicasesíndromes).Questionaram,também,asparticipantesacercadoscritérios
Page 78
viii
diferenciais para os diagnósticos feitos e quais os instrumentos de avaliação que
utilizavamparadefiniressescritérios.
Em relação aos diagnósticos usados atualmente em Terapia da Fala para
perturbaçõesfonológicassemcondiçõesbiomédicasassociadas,foiconsensualentreos
participantesousodedoisdiagnósticos:perturbaçãodossonsda fala (PSF)debase
fonológicaeperturbaçãododesenvolvimentoda linguagem(PDL)comalteraçõesna
fonologia.
Quantoaoscritériosdiferenciaisparaambososdiagnósticos,asparticipantes
destacaramoestudoCATALISE (Bishopetal., 2017),noqualé referidoque, seuma
criança em idade pré-escolar, apresentar processos fonológicos típicos do
desenvolvimento,masnumaidadeemquenãoéexpectável, respondendodeforma
positiva à intervenção terapêutica, considera-se o diagnóstico de PSF de base
fonológica. Se, por outro lado, existir uma criança com processos fonológicos que
persistemnaidadeescolar,comalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem,inclusivena
expressão escrita, deverá considerar-se o diagnóstico de PDL. Em relação a estes
processos fonológicos, pode considerar-se que na PDL, estes processos apresentam
rotas de desenvolvimento atípicas. Considerando o marcador da percentagem de
consoantescorretas(PCC),estima-sequeaPDLevidencievaloresmaisexpressivosdo
queaPSFdebasefonológica.
Referiu-se ainda, quanto ao diagnóstico de PSF de base fonológica, haver
alterações somente no domínio da fonologia, considerando-se a possibilidade de se
observaremalteraçõespragmáticas.FoitambémreferidoqueascriançascomPSFde
base fonológica apresentam uma maior estimulabilidade e resposta à intervenção
terapêutica,apresentandoevoluçõesmaisrápidas.Estaconclusãocolocouatónicana
importânciadaavaliaçãodinâmica.NodiagnósticodePSFdebasefonológica,quando
existem alterações nos restantes domínios linguísticos, estas não deverão ser
significativas.Casocontrário,estaremosperanteumaPDL.
Conclui-se assim, que a dificuldade primordial na distinção entre ambos os
diagnósticosresidenapresençaouausênciadealteraçõesnodomíniodafonologia.
Quandoquestionadasacercadotipodemarcadoresausarparaadistinçãode
ambososdiagnósticos,asparticipantesafirmaramunanimementequerealizavamos
seusdiagnósticosapartirdemarcadoresclínicoselinguísticos,bemcomodoscritérios
Page 79
ix
de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos para a definição de ambos os
diagnósticos. As participantes consideraramosmarcadores que devem ser tidos em
consideração para a atribuição de um diagnóstico, sendo estes a repetição de
pseudopalavras e a evocação de palavras. Nestes marcadores, é expectável que as
crianças comPSFdebase fonológica tenhamummelhordesempenhoemambas as
tarefas do que as crianças com PDL fonológica. Foram ainda apontados como
marcadores as funções executivas, a consciência fonológica, a PCC e o nível de
inteligibilidade, sendo que as crianças diagnosticadas com PDL deverão apresentar
piores resultados do que as crianças com PSF de base fonológica. Um marcador
igualmente o importante, e que reuniu consenso entre as participantes, foi a
estimulabilidadeearecetividadeàintervençãoterapêutica.Deseguida,indicaram-se
ostestes,tarefaseferramentasutilizadasnarecolhaeanálisedosdadosparaavaliação
e análise dosmarcadores e critérios diferenciais. Considerou-sepertinenteousodo
Teste Fonético-Fonológico ALPE (TFF-ALPE)(Mendes et al., 2009) ou o Teste de
ArticulaçãoVerbal(TAV)(Guimarãesetal.,2014).Estestestespossibilitamarecolhade
dados que irá possibilitar a análise dos processos fonológicos, cálculo do índice de
inteligibilidade e PCC. Foi ainda indicado que seria importante realizar uma análise
fonológicanãolinear,comosejaaanálisedetraçosatravésdoModeloImplicacionalde
ComplexidadedeTraços(MICT)(MotaH.B.,1996)eumaanálisedecontrastesatravés
doModeloPadrãodeAquisiçãodeContrastes(PAC)(Lazzarotto-Volcão,2009).Propôs-
seque,paraestaanálise,possasercontempladoousodosintervalosdeestabilização
consideradosporYavas,Lamprecht&Hernandorena(1990).
Paraavaliaçãodalinguagem,sugeriu-seaaplicaçãodeumtesteadequadopara
a faixa etária da criança. Para idades pré-escolares, propôs-se aplicar o Teste de
LinguagemALPE(TL-ALPE)(Mendesetal.,2014)(Mendes,Lousada,Afonso,&Andrade,
2014)ouoTestedeAvaliaçãodaLinguagemnaCriança(TALC)(Kay&Tavares,2008).
Paraidadeescolar,deveseraplicadootesteGrelhadeAvaliaçãodaLinguagemdeIdade
Escolar(GOL-E)(Kay&Santos,2014).
Referiu-se,ainda,a importânciadeumarecolhadediscursoespontâneoede
dadosdeproduçãoinduzida.
Porfim,deformaaavaliaradiscriminaçãoauditiva,foipropostoousodoteste
deDiscriminaçãoAuditivadeIsabelGuimarães.
Page 81
xi
ApêndiceE:ChecklistdemarcadoresfonológicosparaodiagnósticodiferencialentrePSFdebasefonológicaePDL
Nome:________________________Datadaavaliação:____/____/_______DatadeNascimento:____/____/_______Idade:______Anodeescolaridade:______
1. PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOS: FORADEIDADEESPERADA NºDEOCORRÊNCIAS %DEOCORRÊNCIASOclusão[supressãoesperadaaos3;5anos]
Posteriorização[supressãoesperadaaos3;5anos]
Anteriorização[supressãoesperadaaos3;5anos]
Despalatalização[supressãoesperadaaos4;5anos]
Palatalização[supressãoesperadaaos4;5anos]
Desvozeamento[supressãoesperadaaos5;5anos]
Reduçãodegruposconsonânticos[supressãoesperadaaos6;11anos]
Semivocalizaçãodelíquidas[supressãoesperadaaos6;11anos]
Reduçãodesílabaátona[supressãoesperadaaos6;11anos]
Vocalizaçãodelíquidas[supressãoesperadaaos6;11anos]
Omissãodeconsoantefinal[supressãoesperadaaos6;11anos]
[Mendes,A.,Afonso,E.,Lousada,M.,&Andrade,F.(2013).Testefonético-fonológicoALPE.Aveiro:Edubox].
2. PROCESSOSFONOLÓGICOSATÍPICOS*:
[Descrevaoprocessofonológico,quandoexistente,comexemplos] NºDEOCORRÊNCIAS %DEOCORRÊNCIAS
*Osprocessosfonológicosatípicossãoprocessospoucocomunsnodesenvolvimentofonológico.Substituiçõeseomissõesquenãofaçampartedodesenvolvimentofonológiconormal,sãoconsideradosprocessosfonológicosatípicos.
[Lousada,M.L.(2012).AlteraçõesfonológicasemCriançascomPerturbaçãodaLinguagem.UniversidadedeAveiro.]
3. CONSCIÊNCIAFONOLÓGICA:
VERIFICA-SE
Segmentaçãosilábicadapalavra[5anos:esperadoacimade40%][6anos:esperadoacimade80%]
Segmentaçãosilábicadepseudopalavra[5anos:esperadoacimade40%][6anos:esperadoacimade80%]
Manipulaçãosilábica[5anos:esperadoacimade40%][6anos:esperadoacimade80%]
Identificaçãoderima[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade30%]
Segmentaçãofonémicadepalavra[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]
Segmentaçãofonémicadepseudopalavra[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]
Identificaçãodofonemainicial[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]
Identificaçãodofonemafinal[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]
Page 82
xii
[Castro,A.,Alves,D.,Correia,S.,&Soares,C.(2015).Avaliaçãodaconsciênciafonológica:Resultadosdeumestudopiloto.OUniversaleoParticular:umavidaa
comparar.,95-102.]
4. PERCENTAGEMDECONSOANTESCORRETASREVISTA(PCC-R)*PCC-R
[esperadoacimade85%]
*APCC-Rrefleteapercentagemdesonsproduzidosdeformacorreta,considerandoasubstituiçãoeomissãocomoerroeconsiderandoadistorçãodesonscomoacerto.
5. ÍNDICEDEINTELIGIBILIDADE:ÍNDICEDEINTELIGIBILIDADE
[5anos:esperadoacimade92%][6anos:esperadoacimade94%]
[Shriberg,L.D.,Kwiatkowski,J.,&Gruber,F.A.(1994).DevelopmentalPhonologicalDisordersII:Short-TermSpeechSoundNormalization.JournalofSpeechandHearingResearch,37,1127-1150.]
6. REPETIÇÃODEPSEUDOPALAVRAS:
REPETIÇÃODEPSEUDOPALAVRAS[5anos:esperadoacimade50%][6anos:esperadoacimade70%]
[Ribeiro,V.I.(2011).InstrumentodeAvaliaçãodeRepetiçãodePseudopalavras.TesedeMestrado.Lisboa:IPS-ESS/UNL-FCSH]
7. EVOCAÇÃODEPALAVRAS:
VERIFICA-SEPorpistasilábica[5anos:esperadoacimade60%][6anos:esperadoacimade80%]
Porpistafonémica[5anos:esperadoacimade10%][6anos:esperadoacimade20%]
[Valido,G.,Vitorino,I.D.,Lopes,J.,Moreira,M.,&Paixão,R.(2011).AvaliaçãodasCompetênciasdeLinguagemparaaLeituraeEscrita]
8. ALTERAÇÕESLINGUÍSTICASNOUTROSDOMÍNIOSDALINGUAGEM:[Identifique-asedescreva-as,quandoexistentes]
PERTURBAÇÃODOSSONSDAFALA(PSF)DEBASEFONOLÓGICA
PERTURBAÇÃODODESENVOLVIMENTODALINGUAGEM(PDL)COMALTERAÇÕESNAFONOLOGIA
Processosfonológicostípicosforadeidadeesperada ProcessosfonológicosatípicosMaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-RMaioríndicedeInteligibilidade MenoríndicedeInteligibilidadeFacilidadenarepetiçãodepseudopalavras DificuldadenarepetiçãodepseudopalavrasFacilidadenaevocaçãodepalavras DificuldadenaevocaçãoFacilidadenaconsciênciafonológica DificuldadenaconsciênciafonológicaAusênciadealterações(oualteraçõesnãosignificativas)noutrosdomíniosdalinguagem
Existênciadealteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem
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xiii
ApêndiceF:Formuláriodeconsentimentodosencarregadosdeeducação
FORMULÁRIODECONSENTIMENTOINFORMADO
Projeto:Perfildecriançascomalteraçõesfonológicas:contributosparaodiagnósticoemTerapiada
FalaInvestigador:AnaCatarinaSantana
Contactos:917684123
[email protected]
Venhoporestemeiosolicitarasuaautorizaçãoparaaparticipaçãodoseueducandonumprojetode
investigaçãoacercadoperfilfonológicodecriançascomalteraçõesfonológicas.
Esteformuláriopretende,ainda,informá-loacercadosobjetivoseprocedimentosderealizaçãodo
estudoesolicitaroseuconsentimentoparaaparticipaçãodoseueducando.
Esteestudoconsistiránumarecolhadedadossobreodesenvolvimentodalinguagemdacriançaaté
aomomento,atravésdarealizaçãodetarefasequestões.
Será garantida a sua confidencialidade, bem como a identidade dos intervenientes. Pode ainda
desistiraqualqueralturanãosofrendo,porisso,qualquerpenalização.
Eu, ____________________________________, encarregado de educação da criança
_________________________________________, declaro ter lido e compreendido as condições
apresentadas,esaberquenãohaveráqualquertipodecompensaçãopelaparticipaçãodesteprojeto.
Assim,voluntariamente,autorizo/nãoautorizo (riscaroquenão interessa)queomeueducando
participenesteestudo,tendoodireitodedesistirdomesmo,emqualquermomento.
Recebieassineiesteformulárioporconcordarcomascondiçõesexpostas.
Data:_____/______/_________
Assinatura:_______________________
ContactodoE.E.:_______________________
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xv
ApêndiceG:TabeladeresultadosobtidosnoestudoempíricoDificuldade OCF–Omissãodeconsoantefinal RGC–Reduçãodegrupoconsonântica OCL-Oclusão PAL-Palatalização PA–ProcessosAdicionaisPreservado RSA–Reduçãodesílabaátonapré-tónica SL–Semivocalizaçãodelíquidas DES-Despalatalização DESV-Desvozeamento VL–VocalizaçãodeLíquidasSUBL–Substituiçãodelíquidas VOZ-Vozeamento N.A.-Nãoaplicável N.O.–Nãoseobserva IE–idadeescolar IPE–Idadepré-escolar
9N.O.:Nãoseobservamprocessos.
PROCE
SSOS
FONO
LÓGICO
STÍPICO
SEM
IDAD
EESPE
RADA
PROCE
SSOS
FONO
LÓGICO
STÍPICO
SFO
RADE
IDAD
EESPE
RADA
PROCE
SSOS
FONO
LÓGICO
SAT
ÍPICOS
PCC-R
ÍNDICE
INTELIGIBILIDA
DE
REPE
TIÇÃ
ODE
PSEU
DOPA
LAVR
AS EVOCAÇÃODE
PALAVRAS CONSCIÊNCIAFONOLÓGICA DIFICULDADESNOUTROSDOMÍNIOS
DALINGUAGEM
EVOCA
ÇÃO
PORPISTA
SILÁ
BICA
EVOCA
ÇÃO
PORPISTA
FONÉ
MICA
SEGM
ENTA
ÇÃOSILÁB
ICADE
PA
LAVR
A
SEGM
ENTA
ÇÃOSILÁB
ICADE
PS
EUDO
PALA
VRA
MAN
IPUL
AÇÃ
OSILÁB
ICA
EVOCA
ÇÃODE
RIMA
IDEN
TIFICA
ÇÃODERIMA
SEGM
ENTA
ÇÃOFONÉ
MICA
DEPAL
AVRA
SEGM
ENTA
ÇÃOFONÉ
MICA
DE
PSEU
DOPA
LAV
RA
IDEN
TIFICA
ÇÃODOFONE
MA
INICIAL
IDEN
TIFICA
ÇÃODOFONE
MA
FINA
L
C16;4IE
RGC PALSUBL 91,24
% 84,70% 92% 0% 38,80% 71,42% N.A. N.A. 91,67%
91,67% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoRSA DES
OCF DESVC26;5IE
RGC PAL
SUBL71,65% 52,40% 88% 0% 11,11% 37,50% 50% 0% 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF DES
DESVC35;9IPE
N.O.9 N.O. N.O. 98,70% 98,90% 100% 44,40
% 22,20% 87,50% 75% 0% 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. Preservado
C46;2IE
RGC PALSUBL 72,16
% 81,40% 92% 0% 0% 75% 75,00% 0% 50% 100% N.A. N.A. N.A. N.A. Morfossint
axeOCF DES
C55;0IPE
RGC DES SUBL69,07% 83,60% 88% 0% 0% 62,50% 100% 0% 0% 100
% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF OCLSL PAL PADESV
C66;2IE
RGCN.O.
SUBL77,32% 94,00% 100% 11,10
% 0% 50% 75,00% 0% 0% 66,67% N.A. N.A. N.A. N.A. Morfossint
axeOCF PA
C75;4IPE
DESV PAL SUBL77,32% 63,74% 88% 0% 0% 14,29% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. Morfossint
axeOCF OCL PARGC
C86;8IE
RGC DESV
PA 67,01% 41,60% 98% 33,30
% 0% 71,42% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A.
Preservado
OCF OCLPALDES
Page 85
xvi
Tabela28–Resultadosobtidosnoestudoempírico
OsdadosreferentesaosprocessosfonológicostípicoseatípicosforamrecolhidosatravésdotesteTFF-ALPE.ParaaPCC-R,estesdadosforamobtidos
atravésdoTesteTFF-ALPEeconsidera-secomopreservadoacimade85%(Wertzneretal.,2014).Paraomarcadordoíndicedeinteligibilidade,osdadosforam
obtidosatravésdaprovadedescriçãodeimagememqueseconsideraque,paraos5anosestápreservadoacimade92%,e,paraos6anos,considera-se
preservadoacimade94%(Shribergetal.,1994).
Paraomarcadordepseudopalavras,osdadosforamobtidosatravésdoTesteREPP,emqueseconsideraparaos5anos,preservadoacimade50%e
paraos6anos,preservadoacimade70%(Ribeiro,2011).Paraaevocaçãodepalavrasporpistasilábica,osdadosforam obtidosatravésdoTesteACLLE,em
que,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade60%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade80%(Validoetal.,2011).Paraaevocaçãode
PROCE
SSOS
FONO
LÓGICO
STÍPICO
SEM
IDAD
EESPE
RADA
PROCE
SSOS
FONO
LÓGICO
STÍPICO
SFO
RADEIDAD
EESPE
RADA
PROCE
SSOS
FONO
LÓGICO
SAT
ÍPICOS
PCC-R
ÍNDICE
INTELIGIBILIDA
DE
REPE
TIÇÃ
ODE
PSEU
DOPA
LAVR
AS
EVOCAÇÃODEPALAVRAS
CONSCIÊNCIAFONOLÓGICA
DIFICULDADESNOUTROSDOMÍNIOS
DALINGUAGEM
EVOCA
ÇÃOPOR
PISTASILÁ
BICA
EVOCA
ÇÃOPOR
PISTAFO
NÉMICA
SEGM
ENTA
ÇÃO
SILÁ
BICA
DE
PALA
VRA
SEGM
ENTA
ÇÃO
SILÁ
BICA
DE
PSEU
DOPA
LAVR
A
MAN
IPUL
AÇÃO
SILÁ
BICA
EVOCA
ÇÃODERIM
A
IDEN
TIFICA
ÇÃODE
RIMA
SEGM
ENTA
ÇÃO
FONÉ
MICADE
PA
LAVR
A
SEGM
ENTA
ÇÃO
FONÉ
MICADE
PS
EUDO
PALA
VRA
IDEN
TIFICA
ÇÃODO
FONE
MAINICIAL
IDEN
TIFICA
ÇÃODO
FONE
MAFINA
L
C95;10IPE
RGCN.O.
SUBL85,05% 73,70% 98% 0% 0% 57,14% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF PA
C105;8IPE
RGCPAL N.O. 75,26
% 60,40% 94% 0% 0% 71,42% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. MorfossintaxeOCF
SLC116;11IE
RSA DESPA 74,70
% 87,90% 96% 55,50% 0% 100% N.A. N.A. 75% 75% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoRGC DESV
PALC125;9IPE
RGCDES
SUBL86,60% 82,50% 98% 0% 38,89% 71,42% N.A. N.A. 91,67
%91,67% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF PA
C135;5IPE
RGC PAL SUBL77,32% 89,36% 80% 0% 0% 42,86% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF DES PA
OCLC146;2IE
RGCDES PA 94,33
% 89,80% 100% 44,40% 11,11% 100% N.A. N.A. 8,33% 8,33
% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF
Page 86
xvii
palavrasporpistafonémica,osdadosforamobtidosatravésdoTesteACLLE,emque,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade10%,e,paraos6anos,
considera-sepreservadoacimade20%(Validoetal.,2011).
Emrelaçãoàsegmentaçãosilábicadepalavras,osdadosforamobtidosatravésdoTesteACLLEeConF.IRA.NaACLLE,paraos5anos,considera-se
preservadoacimade85%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade85%(Validoetal.,2011).ParaoConF.IRA,emrelaçãoaos5anos,considera-se
preservadoacimade40%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade80%(Alvesetal.,2009).Paraasegmentaçãosilábicadepseudopalavras,os
dadosforamobtidosatravésdoTesteConF.IRA,emque,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade40%e,paraos6anos,considera-sepreservado
acimade80%(Alvesetal.,2009).Emrelaçãoàmanipulaçãosilábica,osdadosforamobtidosatravésdoTesteConF.IRA,emque,paraos5anos,considera-se
preservadoacimade40%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade80%(Alvesetal.,2009).Osdadosdaevocaçãoderimaforamobtidosatravés
doTesteACLLE,emque,paraos5anos,seconsiderapreservadoacimade20%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade30%(Validoetal.,2011).
Paraaidentificaçãoderima,osdadosforamobtidosatravésdoTesteACLLEeConF.IRA.ParaaACLLE,considera-seque,paraos5anos,estápreservadoacima
de20%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade30%(Validoetal.,2011).ParaoConF.IRA:5anos:Preservadoacimade60%;6anos:Preservado
acimade80%(Alvesetal.,2009).Emrelaçãoàstarefasdesegmentaçãofonémicadepalavrasepseudopalavraseidentificaçãodofonemafinaleinicial,estes
dadosforamobtidosatravésdoTesteConF.IRA,emque,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade20%,e,paraos6anos,considera-sepreservado
acimade50%(Alvesetal.,2009).Porfim,quantoàsdificuldadesnosoutrosdomíniosdalinguagem,estesdadosforamobtidosatravésdotesteTALC.
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xviii
ApêndiceH:Tabeladeresultadosobtidos–processosfonológicosOCF–Omissãodeconsoantefinal RGC–Reduçãodegrupoconsonântica OCL-Oclusão PAL-Palatalização PA–ProcessosAdicionais RSA–Reduçãodesílabaátona
pré-tónicaSL–Semivocalizaçãodelíquidas DES-Despalatalização DESV-Desvozeamento VL–VocalizaçãodeLíquidas SUBL–Substituiçãodelíquidas VOZ-VozeamentoN.A.-Nãoaplicável N.O.–Nãoseobserva IE–idadeescolar IPE–Idadepré-escolar
PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSEMIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSFORADEIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSATÍPICOS
PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS
C1
RGC 1 5,26% PAL 2 16,67%
SUBL 3 5,45%RSA 1 1,18% DES 2 11,76%
OCF 1 3,33% DESV 4 10,00%
C2RGC 15 78,95% PAL 1 8,33%
SUBL 1 1,82%OCF 12 40% DES 1 5,88%DESV 2 5%
C3 N.O.10 N.O. N.O. N.O. N.O. N.O. N.O. N.O. N.O.
C4 RGC 14 73,68% PAL 2 16,67% SUBL 7 12,73%OCF 8 26,67% DES 7 41,18%
C5
RGC 16 84,21% DES 2 11,76% SUBL 3 5%OCF 9 33,33% OCL 2 4,35%
PA 4 XSL 7 17,95% PAL 6 50,00%DESV 3 7,50%
C6RGC 16 84,21%
N.O. N.O. N.O.SUBL 3 5,45%
OCF 12 40% PA 25 X
C7DESV 1 2,50% PAL 6 50% SUBL 1 1,82%OCF 11 36,67% OCL 1 2,17% PA 2 XRGC 15 78,95%
C8
RGC 15 78,95% DESV 8 20%
PA 6 XOCF 11 36,67%OCL 2 4,35%PAL 1 8,33%DES 5 29,41%
C9RGC 6 31,58%
N.O. N.O. N.O.SUBL 3 5,45%
OCF 7 23,33% PA 3 X
C10RGC 14 73,68%
PAL 3 25% N.O. N.O.N.O.
OCF 14 46,67%SL 11 28,10%
10N.O.:Nãoseobservamprocessos.
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xix
PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSEMIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSFORADEIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSATÍPICOSPROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS
C11
RSA 2 2,35% DES 2 11,76%PA 3 X
RGC 2 10,53% DESV 2 5%PAL 7 58,33%
C12RGC 2 10,53%
DES 6 35,29%SUBL 6 10,91%
OCF 5 16,67% PA 4 X
C13RGC 18 94,74% PAL 1 8,33% SUBL 2 3,64%
OCF 10 33,33% DES 1 5,88% PA 2 XOCL 1 2,17%
C14 RGC 1 5,26% DES 1 5,88% PA 2 XOCF 2 6,67% Tabela29–Resultadosobtidosnoestudoempírico–Processosfonológico
Page 89
xx
ApêndiceI:Descriçãoeexemplosdosprocessosfonológicosobservadosnoestudoempírico
OCF–Omissãodeconsoantefinal
RGC–Reduçãodegrupoconsonântica
OCL-Oclusão PAL-Palatalização PA–ProcessosAdicionais RSA–Reduçãodesílabaátonapré-tónica
SL–Semivocalizaçãodelíquidas DES-Despalatalização DESV-Desvozeamento
VL–VocalizaçãodeLíquidas
SUBL–Substituiçãodelíquidas
VOZ-Vozeamento
N.A.-Nãoaplicável N.O.–Nãoseobserva IE–idadeescolar IPE–Idadepré-escolar
PROCESSOS EXEMPLOS PROCESSOS EXEMPLOS
C16;4IE
RGC [ʃ'tɾelɐ]à[ʃ'telɐ]
C86;8IE
RGC [bɾĩ'kaɾ]à[bĩ'kaɾ]RSA [tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨ'fɔnɨ] OCF ['goɾdu]à['godu]DESV ['mezɐ]à['mesɐ] PA [dɾɐ'gɐ̃w]à[lɐ'gɐ̃w]OCF ['poɫvu]à['povu] DESV ['fɾɐ̃gu]à['fɾɐ̃ku]PAL ['sɔɫ]à['ʃɔɫ] OCL ['ʃavɨ]à['sabɨ]DES ['ʃavɨ]à['savɨ] PAL ['sɔɫ]à['ʃɔɫ]
SUBL [vɐ'soɾɐ]à[vɐ'solɐ] DES [ʃɐ'pɛw]à[sɐ'pɛw]
C26;5IE
RGC ['livɾu]à['livu]
C95;10IPE
RGC ['kɾɛmɨ]à['kɛmɨ]
OCF ['kaɫsɐʃ]à['kasɐʃ] OCF [fuɾmigɐ]à[fumigɐ]
PAL [bisi'klɛtɐ]à[biʃi'klɛtɐ]SUBL ['kɔbɾɐ]à['kɔblɐ]
DES [ʒɐ'nɛlɐ]à[sɐ'nɛlɐ]DESV ['kɐjʒu]à['kɐjʃu]
PA ['tigɾɨ]à['tigdɨ]SUBL [nɐ'ɾiʃ]à[nɐ'liʃ]
C35;9IPE
N.O N.O.C105;8IPE
RGC ['vidɾu]à['vidu]OCF ['foɾsɐ]à['fosɐ]SL ['poɫvu]à['powvu]PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ]
C46;2IE
RGC ['livɾu]à['livu]C116;11IE
RSA [tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨ'fɔnɨ]OCF ['poɫvu]à['povu]PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ] RGC [bɾĩ'kaɾ]à[bĩ'kaɾ]DES ['kɐjʒu]à['kɐjzu] DES [ʒɐ'nɛlɐ]à[zɐ'nɛlɐ]
Page 90
xxi
SUBL [nɐ'ɾiʃ]à[nɐ'liʃ]DESV ['zebɾɐ]à['ʃebɾɐ]PAL [bisi'klɛtɐ]à[biʃi'klɛtɐ]PA ['livɾu]à['vivɾu]
C55;0IPE
RGC [gɾɐ'vatɐ]à[gɐ'vatɐ]
C125;9IPE
RGC ['livɾu]à['livu]OCF ['poɾku]à['poku]SL ['poɫvu]à['powvu] OCF ['gaɾfu]à['gafu]DESV ['kɐjʒu]à['kɐjʃu]DES [ʒɐ'nɛlɐ]à[zɐ'nɛlɐ]
DES ['paʃtɐ]à['pastɐ]OCL [bisi'klɛtɐ]à[bik'iklɛtɐ]
PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ]SUBL [pɐ'ʎasu]à[pɐ'lasu] SUBL [su'pɾaɾ]à[su'plal]PA ['kaRu]à['kagu] PA [ʃtɾelɐ]à[ʃtgelɐ]
C66;2IE
RGC [dɾɐ'gɐ̃w]à[dɐ'gɐ̃w]
C135;5IPE
RGC ['tigɾɨ]à['tigɨ]SUBL [vɐ'soɾɐ]à[vɐ'solɐ]
OCF ['paʃtɐ]à['patɐ] OCF [almu'fadɐ]à[amu'fadɐ]
SUBL ['bɔlɐ]à['bɔʎɐ]PA [pɐ'ʎasu]à[pɐ'iasu]PAL [vɐ'soɾɐ]à[vɐ'ʃoɾɐ]
PA ['Ratu]à['gatu]DES ['ʒip]à['zip]OCL [vɐ'soɾɐ]à[bɐ'soɾɐ]
C75;4IPE
DESV ['zebɾɐ]à['ʃebɾɐ]
C146;2IE
RGC [ʃ'tɾelɐ]à[ʃ'telɐ]OCF ['pɔɾtɐ]à['pɔtɐ]RGC ['pɾatu]à['patu]
OCF ['foɾsɐ]à['fosɐ]PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ]OCL [vɐ'soɾɐ]à[bɐ'soɾɐ]
DES [ʃɐ'pɛw]à[sɐ'pɛw]SUBL [pɐ'ʎasu]à[pɐ'lasu]PA [tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨlɨ'fɔdɨ];['oʎu]à['oju] PA ['oʎu]à['oju]
Tabela30–Descriçãoeexemplosdosprocessosfonológicosobtidosnoestudoempírico
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ANEXOSAnexoA:ImagemparaTarefadeProduçãoInduzida
Tabela31–Imagemusadanatarefadeproduçãoinduzida