Perfeição Moral Terceiro Livro capítulo XII itens 893 a 919a Livro dos Espíritos
Perfeição Moral
Terceiro Livrocapítulo XII
itens 893 a 919aLivro dos Espíritos
As virtudes e os vícios
A virtude mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.
Toda virtude tem seu mérito próprio, porque indica progresso na senda do bem.
O sinal mais característico da imperfeição do homem é o interesse pessoal
O verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando se patenteia,
todos o admiram, como se fora um fenômeno.
Grande parte das pessoas que qualificamos de desinteressadas prodigaliza seus
haveres, sem utilidade real, não lhes dando emprego criterioso
Tem o merecimento do desinteresse, mas não tem o merecimento do bem que
poderiam fazer, porquanto a prodigalidade irrefletida constitui a falta de juízo.
A riqueza não é para ser fechada em um cofre forte, mas também não é para ser
dispersada ao vento.
Teremos que responder por todo o bem que poderíamos fazer e não fizemos, e por
todas as lágrimas que poderíamos ter estancado com o dinheiro que demos aos
que dele não precisavam
O bem deve ser feito sem interesse preconcebido.
Aquele que o faz pelo prazer de ser agradável a Deus e ao seu próximo que
sofre, já se acha num certo grau de progresso que lhe permitirá alcançar a
felicidade mais depressa do que o irmão que, mais positivo, faz o bem por cálculo,
e não impelido pelo ardor natural do coração.
Procede como o egoísta todo aquele que calcula o que lhe possa cada uma de suas
boas ações render na vida futura.
Nenhum egoísmo há, porém, em querer melhorar-se para se aproximar de Deus.
Devendo o futuro constituir objeto de nossa principal preocupação devemos nos
esforçar por obter conhecimentos científicos que digam respeito às coisas e às necessidades materiais, pois o espírito,
para ser perfeito precisa saber tudo.
O homem não deve cobiçar as riquezas com o desejo de fazer o bem.
É um sentimento louvável, mas que quase sempre oculta intuitos apenas
de ordem pessoal.
Incorre em grande culpa o homem que se põe a estudar os defeitos alheios
quando o faz para o criticar ou divulgar.
A indulgência para com os defeitos dos outros é uma das virtudes contidas na
caridade.
Essa indulgência deve abranger as chagas da sociedade que só devem ser criticadas
quando um sentimento bom pairar por sobre a crítica e não o desejo de escândalo.
Paixões
A paixão está no excesso do que se acresceu à vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem
para o bem, tanto que a paixão pode levá-lo à realização de grandes coisas.
O abuso que dela se faz é que causa o mal.
Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que o homem deixa de
governá-la.
O homem pelos seus esforços pode vencer as suas más inclinações.
Quando não as vence é porque lhe falece a vontade, pois se pedir a Deus e a seu anjo protetor e os bons Espíritos o auxiliarão.
Vencer as paixões representa uma vitória do Espírito sobre a matéria, e que pode ser
obtida com a prática da abnegação.
Egoísmo
É a raiz de todos os vícios, porque dele derivam todos os males.
Todos os esforços do homem devem tender para extirpar o egoísmo.
Ele se funda no interesse pessoal mas, à medida que os homens se instruem
acerca das coisas espirituais, menos valor dão às coisas materiais.
Daí a necessidade do homem ir se libertando da influência da matéria,
fazendo com que a vida moral vá predominando sobre a vida material,
com a compreensão do seu futuro real.
Caracteres do homem de bem
O Espírito revela sua elevação, quando todos os atos da sua vida corporal
representam a prática da lei de Deus, e quando antecipadamente compreende a
vida espiritual.
O homem de bem é o que pratica a lei da justiça, amor e caridade na sua maior
pureza
Conhecimento de si mesmo
O meio mais prático, mais eficaz para o homem se melhorar nesta vida e resistir à atração do mal é o indicado por um sábio
da antiguidade, que dizia:
“Conhece-te a ti mesmo”.
Interrogue o homem, no fim do dia a sua consciência, passe em revista o que fez, e
pergunte a si mesmo: se não faltou com algum dever;
se ninguém teve motivo de queixas.
O que assim fizer, rogando a Deus e ao seu anjo protetor que o esclareça, adquirirá
forças para se aperfeiçoar.
Antes disso, o homem precisa afastar a ideia do amor próprio, porque ele atenua
as faltas e as torna desculpáveis, assim como o avarento se considera “apenas um
homem econômico e previdente”
Quando estivermos indecisos sobre o valor de uma de nossas ações, meditemos como a qualificaríamos se praticadas por outra
pessoa e, principalmente, contra nós.
Jesus, Modelo e Guia