UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS – PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA Tratamento de feridas em equinos (Equus caballus) – levantamento de casos no Hospital Veterinário do CSTR/UFCG/Campus de Patos - PB. Suelem Almeida Silveira Lopes 2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS – PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
Tratamento de feridas em equinos (Equus caballus) – levantamento de casos no Hospital Veterinário do CSTR/UFCG/Campus de Patos - PB.
Suelem Almeida Silveira Lopes
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS – PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
Tratamento de feridas em equinos (Equus caballus) – levantamento de casos no Hospital Veterinário do CSTR/UFCG/Campus de Patos - PB.
Suelem Almeida Silveira Lopes (Graduanda)
Prof. Dr. Pedro Isidro da Nóbrega Neto (Orientador)
Patos – PB Junho /2011
FICHA CATALOGADA NA BIBLIOTECA SETORIAL DO CSTR / UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
L864t 2011 Lopes, Suelem Almeida Silveira
Tratamento de feridas em equinos (Equus caballus) – levantamento de casos no Hospital Veterinário do CSTR/UFCG/Campus de Patos – PB. / Lopes, Suelem Almeida Silveira, - Patos - PB: UFCG/UAMV, 2011.
85f.: il. Color. Inclui Bibliografia. Orientador: Pedro Isidro da Nóbrega Neto
(Graduação em Medicina Veterinária). Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande. 1- Clínica Médica de Equinos – Levantamento de casos. 2 – Dermatopatias em Equinos
CDU: 616:636.1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS – PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
SUELEM ALMEIDA SILVEIRA LOPES Graduanda
Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção de grau de Médica Veterinária.
APROVADO EM: 09/06/2011 MÉDIA: ______
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________ _______ Prof. Dr. Pedro Isidro da Nóbrega Neto Nota Orientador
__________________________________________ _______ Prof. Dr. Eldinê Gomes de Miranda Neto Nota Examinador I
__________________________________________ _______ Profa. MSc. Sônia Maria de Lima Nota
Examinador II
DEDICATÓRIA
À minha mãe e melhor amiga Maria do Socorro de Almeida Silveira Lopes, por
ser a pessoa que mais me apóia e acredita na minha capacidade. Pelas horas em que
ficou ao meu lado não me deixando desistir e me mostrando que sou capaz de chegar
onde desejo, sem dúvida é quem me deu o maior incentivo para conseguir concluir esse
trabalho. Pessoa que sigo como exemplo, mãe dedicada, companheira, cúmplice,
batalhadora e que abriu mão de muitas coisas para proporcionar o melhor em minha
vida. Dedico este trabalho a você, MÃE, por me fazer acreditar que nada é impossível!
Ao meu avô Antônio Lopes (In Memorian), por sempre ter acreditado em mim.
Lembro quando me dizia que queria muito me ver formada e que estaria em minha
formatura para dançar a valsa comigo. Mas, infelizmente a vida nos separou antes que isso
pudesse acontecer. Mesmo assim, sou grata por seus ensinamentos e sempre o levarei em
minha lembrança. Sei que onde estiver, estará orgulhoso por mais uma etapa vencida em
minha vida.
AGRADECIMENTOS
Bem, essa parece ser a parte mais fácil de uma monografia, mas digo a vocês,
não é! Ter que se lembrar de cada pessoa que de alguma forma me deu forças, ânimo,
me empolgou pra fazer esse trabalho e fazê-lo direito. Então pra começar quero
agradecer primeiramente a Deus. E é a Ele que dirijo minha maior gratidão. Deus, mais
do que me criar, deu propósito à minha vida. Vem dele tudo o que sou o que tenho e o
que espero.
Aos meus pais, Maria do Socorro e Antonio Lopes Filho, que além de terem me
proporcionado uma boa infância e vida acadêmica, formaram os fundamentos do meu
caráter e me apontaram uma vida eterna. Obrigada por serem a minha referência de
tantas maneiras e estarem sempre presentes na minha vida de uma forma indispensável,
mesmo separados por tantos quilômetros. Obrigada também por terem me ensinado a
lutar diante das adversidades da vida. A eles devo meu caráter, minha ética como pessoa
e profissional.
Aos meus tios, Maria Graciete e Antônio Jefferson, por sempre terem caminhado
ao meu lado durante esta difícil jornada. Agradeço todo apoio recebido por vocês. Meus
segundos pais.
Aos meus avós, tanto maternos quanto paternos, por desde criança sempre terem
cuidado de mim com muito amor.
À toda minha FAMÍLIA, por todo sacrifício ilimitado em todos os sentidos e por
terem acreditado e torcido pela minha vitória.
À minha melhor amiga, Thalita Nazário, por nunca ter desistido de mim. Por
sempre ter me apoiado em minhas decisões. Obrigada pela amizade incondicional,
incentivo, companheirismo e por partilhar muitos momentos importantes em minha
vida.
À Roberta Kelly, por sempre ter acreditado em mim e nunca ter me abandonado
nos momentos mais difíceis de minha vida universitária. Obrigada pela amizade!
À Katrina e sua família, por todo apoio recebido e acolhimento quando cheguei
a Patos. Desde a pré-matrícula até minha permanência definitiva no curso. Uma cidade
totalmente nova pra mim e cheia de desafios.
À Rafaela Fernandes, por sua paciência em ajudar na formatação deste trabalho,
assim como pela sua amizade.
Às amigas Janiely Paulo, Mariana Lacerda, Karla Pollyanna, Sâmya Felizardo e
Sayonara Alves por todo companheirismo durante os cinco anos de curso. Por todos os
momentos compartilhados juntas. As alegrias, tristezas, brincadeiras, saídas,
palhaçadas, diversões, amores e desamores. Como também por todas as dificuldades
que enfrentamos juntas com algumas disciplinas estressantes, passando o conhecimento
uma pra outra, nossos trabalhos e nossas loucuras. Sem vocês essa trajetória não seria
tão prazerosa.
Ao meu namorado, Paulo Cássio Albuquerque Freire, que representa minha
segurança em todos os aspectos, meu companheiro incondicional, o abraço espontâneo e
tão necessário, especialmente em tempos de conclusão do último semestre na
universidade. Obrigada por me fazer sentir tão amada, também nos momentos mais
difíceis da nossa vida.
Meu eterno amor e muito obrigada também à Halana, Olavo e minhas novas
irmãs, Priscila e Tamires por suas orações, palavras, abraços e aconchegos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Pedro Isidro da Nóbrega Neto, que se dispôs a
dividir comigo sua sabedoria, mostrando-me que as respostas científicas devem ser
norteadas pela atenção. Obrigada não só pela orientação, apoio, oportunidade e
possibilidade, de realizar este trabalho, como também pela amizade.
Ao Prof. Dr. Eldinê Miranda, por repartir seus conhecimentos, até mesmo nos
finais de semana em que eu o perturbava, sempre pronto a me ajudar, colocando em
minhas mãos as ferramentas com asas as quais abrirei novos horizontes, rumo à
satisfação plena do meu ideal humano e profissional.
À Profa. Sônia Lima, por ter me ensinado muito mais que teoria, por ter me
preparado também para a vida, todo o meu carinho e minha gratidão.
Aos animais que me ensinaram a verdadeiro valor da vida. As minhas limitações
foram por eles transformadas em conhecimentos que reverteram a favor da vida.
À Turma de Concluintes 2010.2, por todos os desafios que superamos juntos.
Aos amigos adquiridos no decorrer do curso, em particular aqueles que sempre
me apoiaram (Ana Lucélia, Arthur Moreira, Diogo da Costa, Jamerson Veloso, Larissa
Amaral, Luiz Marinho, Matheus Maia, Paulo Vinícius, Renato Maia, Zeno Fixina) e em
especial a Vinícius Longo, por sempre ter me ajudado com seus projetos e sua amizade.
A todos os funcionários, que realizam suas tarefas diariamente, muitas vezes não
percebidas por nós, para nos dar suporte.
À Tereza, uma pessoa competente, dedicada, eficiente e acima de tudo muito
especial na vida de todos os alunos de medicina veterinária da UFCG/Campus de Patos
- PB. É uma profissional que merece todo respeito e reconhecimento pelo seu trabalho.
Por isso e muito mais, quero lhe dizer apenas muito obrigada por tudo. Sem você,
estaria de mãos e pé quebrados. Felicitações e muito agradecimento por sua valiosa
colaboração.
A todos os professores do curso de medicina veterinária, pela paciência,
dedicação e ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma especial
contribuiu para a conclusão desse trabalho e consequentemente para minha formação
profissional.
Aos que contribuíram direta e indiretamente para a conclusão deste trabalho.
Agradeço até mesmo aqueles que não acreditaram na minha capacidade, pois o
desafio traz crescimento, e vencer obstáculos tornou-se hábito.
A todos muito obrigada!
“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida
e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia,
LOPES, SUELEM ALMEIDA SILVEIRA. Tratamento de feridas em equinos (Equus caballus) - levantamento de casos no Hospital Veterinário do CSTR/UFCG/Campus de Patos – PB. Patos, UFCG. 2011. p. 85 (Trabalho de conclusão de curso em Medicina Veterinária). Este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão do tema abordando os aspectos clínicos do processo cicatricial, complicações na cicatrização e as principais formas de tratamento, auxiliando o profissional desde o manejo inicial da ferida até o completo reparo tecidual. Devido à alta incidência de lesões cutâneas em equinos registrados no Hospital Veterinário do CSTR/UFCG/Campus de Patos – PB no período de 2006 a 2010, e ao fato de que abordagem de feridas cutâneas em equinos está ligada à rotina dos profissionais especializados nessa espécie, foi realizado um levantamento da casuística deste, através dos prontuários do arquivo do HV, sendo comparados e discutidos frente aos resultados obtidos na literatura disponível. Concluiu-se que os tipos mais frequentes de feridas em equinos no semi-árido paraibano são as decorrentes da Pitiose e da Habronemose, seguidas das lacerantes, perfurantes e granulomatosas. Palavras-chave: dermatopatia, cicatrização, cavalos.
ABSTRACT LOPES, SUELEM ALMEIDA SILVEIRA. Wound treatment in equines (Equus
caballus) – Casework in the Veterinary Hospital of CSTR/UFCG/Campus of Patos – PB. Patos, UFCG. 2011. p. 85 (Completion of Course Work in Veterinary Medicine). This paper aims to review the issue by addressin the clinical aspects of wound healing, healing complications and the main forms of treatment, helping, the professional from the initial management of the wound until complete tissue repair. Due to the high incidence of skin lesions in horses registered in the Veterinary Hospital of CSTR/UFCG/Campus de Patos – PB in the period 2006 to 2010, and the fact that approach of wounds in equines is related to the routine of professionals specialized in this kind was a survey of the number of patients through the medical records of the file from HV, and compared and discussed before the results obtainedin the literature. It was concluded that the most frequent types of wounds in equines in semi-arid of Paraíba are Pythiosis, Habronemiasis, Lacereted, Punctured and Granulomatous. Keywords: skin disease, healing, horses.
1. INTRODUÇÃO
A natureza do cavalo, caracterizada por comportamento ativo e respostas
rápidas, associada à realização de atividades atléticas, o predispõe a injúrias traumáticas,
especialmente nos membros. Problemas relacionados ao manejo, como pastagens sujas
e instalações precárias, também constituem causas importantes destes processos.
Barulhos e ruídos estranhos, tais como os causados por trovões, estrondos de motores
ou bombas e disparos de armas de fogo, assustam os equinos e fazem com que estes se
atirem cegamente contra cercas e objetos sólidos, sem preservação de sua integridade
física. Arames farpados constituem a causa mais comum de feridas, embora muitos
outros objetos possam ser incriminados. Assim, a abordagem de feridas em equinos é
um procedimento de rotina para os profissionais que trabalham com esta espécie.
Os ferimentos de pele representam uma das mais frequentes ocorrências na
clínica de equídeos, principalmente os ferimentos localizados nos membros
locomotores. As feridas localizadas nas extremidades distais são geralmente
complicadas pela falta de tecido de revestimento, má circulação, movimento articular,
maior oportunidade para contaminação e consequente infecção. Esses fatores, assim
como o lapso de tempo anterior ao tratamento, as facilidades disponíveis, o
temperamento do cavalo, sua utilização e o tamanho e localização das lesões são
determinantes para o progresso da terapia. São necessários inúmeros outros fatores para
concluir-se que a abordagem da lesão foi correta, como praticidade e exequibilidade do
tratamento, efetivação da cicatrização, restabelecimento da função e uma aceitável
aparência da cicatriz. Ainda que muitas alternativas diferentes sejam reconhecidamente
satisfatórias para abordar-se determinada ferida, o método selecionado deve fornecer
um ambiente favorável, permitindo progressão natural para completar-se o processo de
reparação sem demora.
Sendo assim, objetivou-se com este estudo realizar uma revisão bibliográfica a
respeito do tema, abordando os aspectos clínicos do processo cicatricial, complicações
na cicatrização e as principais formas de tratamento, bem como um levantamento da
casuística do Hospital Veterinário da Universidade Federal da Campina Grande, em
Patos – PB, a respeito dos principais tipos de feridas que acometem os eqüinos, no
semi-árido paraibano.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Feridas
Uma ferida é representada pela interrupção da continuidade de um tecido
corpóreo, em maior ou em menor extensão, causada por qualquer tipo de trauma físico,
químico, mecânico ou desencadeada por uma afecção clínica, que aciona as frentes de
defesa orgânica para o contra-ataque (CESARETTI, 1998).
2.2 Classificação das feridas
Os esquemas de classificação de feridas levam em consideração três aspectos
básicos: contaminação, grau de exposição tecidual e localização. Todos estes fatores
devem ser considerados na abordagem destas lesões em equinos. A classificação das
feridas é útil na seleção do tratamento apropriado, assim como na previsão da
recuperação final (NETO, 2003).
2.2.1 Quanto ao dano tecidual
2.2.1.1 Incisa
São ferimentos provocados por objetos cortantes, mas nos quais o dano tecidual
é mínimo. Ocorre pouca contusão às estruturas subjacentes e a hemorragia não é grave,
a não ser que tenha sido cortado um grande vaso. A separação das bordas da ferida é
mínima, a menos que a ferida seja profunda, ou corte linhas de tensão (ADAMS;
STASHAK, 1994).
Há pouca dor no início e separação das bordas em maior ou menor grau
conforme a região. A dor tardia ocorre devido à inflamação pós-traumática. A lesão
pode estender-se até músculos, tendões, vasos sanguíneos e nervos. Naquelas feridas
com até cinco horas de evolução deve-se efetuar tricotomia ampla na região, limpeza
com anti-séptico e encaminhamento para correção cirúrgica imediata. Por mais
atraumática que a ferida pareça, deve-se proceder ao reavivamento das bordas,
removendo a superfície tecidual exposta. Na sequência deve-se fazer hemostasia,
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irrigação abundante com solução salina morna e suturar com fio monofilamentado não
Modificações da bandagem de Robert Jones são utilizadas comumente, com
várias finalidades. As modificações mais comuns consistem na redução do volume da
camada secundária e da tensão aplicada à camada terciária, quando a absorção ou
proteção da ferida é o objetivo mais importante que a aplicação de pressão. Barras de
alumínio ou talas de gesso podem ser acrescentadas a estas bandagens, para a obtenção
de imobilização mais rígida das estruturas ósseas (SLATTER, 1998).
2.6.6 Para sustentação
Os curativos para sustentação são idênticos aos compressivos
(HENDRICKSON, 2006).
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É importante saber que há pouca vantagem no uso de bandagens de sustentação
em cavalos adultos, a não ser que se utilize algum tipo de coaptação externa, como uma
tala (HENDRICKSON, 2006).
2.6.7 Para proteção
Segundo Hendrickson (2006) os curativos de proteção podem ser usados para
proteger o ferimento tanto de trauma quanto de contaminação. Podem ser muito
delgados e simples ou idênticos aos curativos compressivos. Potros neonatos com
deformidades flexurais podem ser protegidos com curativos muito leves, visando
proteger a pele de abrasões. Nesses casos, faixas pesadas provavelmente exacerbarão a
deformidade flexural.
Um dos curativos favoritos do autor para proteção de potros com relaxamento
dos tendões flexores é a malhar tubular. Se mais proteção for necessária, um curativo
compressivo poderá ser usado (HENDRICKSON, 2006).
Curativos com antimicrobianos como o Kerlix A. M. D. foram designados para
proteger ferimentos da penetração bacteriana, reduzindo assim a probabilidade de
infecção (HENDRICKSON, 2006).
2.6.8 Para manter a umidade
Os curativos do tipo úmido estão indicados em ferimentos que apresentam
quantidade abundante de exsudato viscoso e poucos resíduos ou tecido necrosado. Estas
bandagens não favorecem em muito o debridamento da ferida, mas conseguem diluir
efetivamente o exsudato nela presente, o que tornará mais fácil sua remoção
(SLATTER, 1998).
Segundo Fossum (2005) uma atadura úmido-úmida é semelhante a uma úmido-
seca, exceto que se espera que a camada de contato permaneça úmida e não se permite
que ela seque antes da remoção da atadura. A atadura pode ser mantida úmida entre as
trocas de curativo pela inserção de um dreno fenestrado entre as camadas de gaze e uma
injeção de fluido no interior da atadura a cada quatro a seis horas. Utiliza-se uma
atadura úmido-úmida para transportar calor e potencializar o movimento capilar do
exsudato a partir do ferimento. As desvantagens das ataduras úmido-úmidas incluem
aumento no período de tratamento, maceração tecidual que promove infecção e
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contaminação ambiental do ferimento por bactérias, se o fluido atingir a superfície da
atadura. Após três a cinco dias, já deve ter se formado um tecido de granulação saudável
e a atadura deve ser trocada por uma atadura não-aderente.
A perfeita cicatrização ocorre quando se mantém o nível adequado de umidade
no leito do ferimento (HENDRICKSON, 2006).
2.7 Tipos mais frequentes de feridas em equinos no semi-árido paraibano
2.7.1 Pitiose
A doença é conhecida por outros nomes como hifomicose, zigomicose,
dermatite granular, “bursattee”, “Florida leeches”, granuloma ficomicótico e “swamp
câncer”. Nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul o nome popular mais
conhecido é “ferida da moda” (SANTURIO et al., 2006). Conhecida também como
“tumor dos pântanos e alagadiços” (THOMASSIAN, 2005). O termo hifomicose inclui
outras doenças causadas por fungos, especialmente Conidiobolus ranarum e
Basidiobolus haptosporum, além de membros da ordem Mucorales (SANTURIO et al.,
2006).
A pitiose hoje é um termo utilizado em medicina veterinária para descrever uma
enfermidade piogranulomatosa, cosmopolita, que atinge várias espécies animais,
inclusive o homem (RIET-CORREA et al., 2007).
A espécie equina é a mais atingida pela pitiose, não havendo predisposição de
raça, sexo ou idade. As lesões cutâneas são as mais frequentes e atingem principalmente
as extremidades distais dos membros e porção ventral da parede toraco-abdominal,
provavelmente devido ao maior tempo de contato com águas contaminadas com
zoosporos (SANTURIO et al., 2006).
A doença é frequentemente diagnosticada em equinos como sendo um
piogranuloma cutâneo, entretanto outras apresentações clínicas podem estar presentes
nessa espécie, como a forma intestinal e a metastática, que atingem vários órgãos
(RIET-CORREA et al., 2007).
O agente etiológico da doença é a espécie Pythium insidiosum, um pseudofungo
pertencente ao Reino Stramenopila, Filo Oomycota, Família Pythiaceae, Gênero
Pythium, entretanto essa classificação é discutível e há controvérsias entre autores
quanto ao reino, podendo ser enquadrado no Chromista ou Protista. O Pythium
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insidiosum é um microrganismo termofílico, essencialmente aquático, que se reproduz
assexuadamente através de zoosporos biflagelados que estão contidos em
zooesporângios. Esses zoosporos desempenham o papel de propagadores do agente, os
quais são liberados periodicamente em águas pantanosas, vindo a parasitar equinos e
outros mamíferos. Possivelmente, esses animais constituem-se em hospedeiros casuais,
não fazendo parte do ciclo de vida do microrganismo (RIET-CORREA et al., 2007).
O ciclo evolutivo do Pythium insidiosum consta de uma fase micelial,
produzindo esporângios na superfície ou no interior dos tecidos de gramíneas, lírios e
outras plantas aquáticas, os quais, após a maturação, liberam os zoosporos móveis na
água, que por quimiotactismo encontrarão uma nova planta para iniciar novo ciclo onde
germinarão e formarão um novo micélio. Quando equinos são introduzidos nestas áreas
alagadas (Figura 1), os zoosporos móveis são atraídos para o pêlo destes animais por um
mecanismo quimiotático semelhante ao que ocorre com as plantas e que envolve
substâncias químicas presentes em ambos os tecidos. O zoosporo em contato com o
tecido do hospedeiro libera uma substância adesiva que ajuda na fixação e permite a
formação de filamentos com poder invasivo. A presença de traumas na pele dos animais
que pastejam essas áreas alagadas permitem que os zoosporos, após germinar, penetrem
no tecido lesionado, produzindo a enfermidade. É desconhecido o período exato que
transcorre entre o primeiro contato com o microrganismo e o desenvolvimento das
lesões, sendo este período estimado em aproximadamente três a quatro semanas (RIET-
CORREA et al., 2007).
Figura 1: Equinos parcialmente submersos no lago com presença abundante de plantas aquáticas, em região com elevadas temperaturas (acima de 30ºC em média). Ambiente propí- cio para presença de zoósporos de Pythium insidiosum. Fonte: SANTOS et al., 2011.
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A patogenia da pitiose inicia-se a partir de uma porta de entrada para o
microrganismo (traumatismo, picadas de insetos, etc.) que estabelecendo a solução de
continuidade penetra e coloniza o tecido animal. O P. insidiosum invade o tecido
subcutâneo e prolifera formando um piogranuloma eosinofílico onde se encontra o
microorganismo envolto por uma massa necrótica amorfa ("kunker"). No interior das
áreas necróticas observam-se imagens negativas tubiliformes que constituem as hifas de
Pythium insidiosum (RIET-CORREA et al., 2007) de parede espessa, ramificadas e
ligeiramente irregulares em largura (AIELLO, 2001). Variam de dois a 10 mm de
diâmetro e penetram no tecido granular, dentro de sinus formados ao longo do seu
trajeto. Circundando essas áreas observam-se intensa proliferação de tecido de
granulação e fibrose (SANTURIO et al., 2006).
Os sinais clínicos caracterizam-se por lesões ulcerativas granulomatosas,
formando grandes massas teciduais (cinco a 500 mm), com bordas irregulares, de
aparência tumoral e com hifas recobertas por células necróticas, que formam massas
branco-amareladas semelhante a corais, chamadas internacionalmente de “kunkers”
(SANTURIO et al., 2006).
A lesão subcutânea aumenta de volume em poucas semanas tornando-se uma
grande massa esbranquiçada que fistula para o exterior e deixa drenar continuamente
um exsudato serossanguinolento (RIET-CORREA et al., 2007).
O tamanho das lesões depende do local e duração da infecção e as mesmas
apresentam secreção serossanguinolenta, mucosanguinolenta, hemorrágica e, às vezes,
mucopurulenta, que flui através dos sinus. Os animais apresentam intenso prurido e
normalmente mutilam a lesão na tentativa de aliviar o desconforto (SANTURIO et al.,
2006), hábito este que pode inocular o agente em outras partes do corpo (RIET-
CORREA et al., 2007).
As lesões geralmente são únicas e mais frequentemente encontradas nas áreas do
corpo nas quais os animais estão em constante contato com a água: pele das regiões
inferiores dos membros, principalmente pélvicos, região abdominal ventral, peito,
pescoço, face, lábios, mama e genitais (RIET-CORREA et al., 2007). O envolvimento
ósseo pode ser uma característica da pitiose crônica (RADOSTITS et al., 2000;
AIELLO, 2001).
O envolvimento intestinal é a segunda forma mais frequente da infecção pelo
Pythium insidiosum em equinos (SANTURIO et al., 2006). Caracteriza-se por lesões
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gastrointestinais fibrosantes e estenóticas, contendo focos intralesionais de material
caseoso e hifas fúngicas (AIELLO, 2001).
A doença é de evolução rápida, podendo a lesão atingir 50 cm em cerca de dois a
três meses, sem histórico de cura espontânea, podendo levar a morte. O animal fica
caquético e inapto para o trabalho (RIET-CORREA et al., 2007).
O cultivo do pseudofungo causador é uma tarefa laboriosa. Equinos infectados
com o Pythium insidiosum apresentam reação positiva ao teste de difusão em ágar-gel
duplo, e os testes de fixação de complemento e de hipersensibilidade intradérmica
também têm valor diagnóstico. O exame de uma amostra de tecido, obtido por meio de
biópsia, também é de valor, sendo, porém, conveniente obter uma porção de tecido
necrosado, no qual as hifas são mais facilmente encontradas. Métodos
imunohistoquímicos de coloração, utilizando técnica da peroxidase indireta, são
importantes na diferenciação dos Pythium spp. de outros fungos nas lesões do câncer do
pântano (RADOSTITS et al., 2000).
O diagnóstico se baseia no aspecto granulomatoso da lesão, presença de áreas
necróticas com fístulas e canais que secretam prurido viscoso e núcleos de grumos
calcificados (Kunkers) (Figura 2). Em razão do aspecto granulomatoso da lesão há a
possibilidade de ser confundida, no início, ou ser associada com tecido de granulação
cicatricial exuberante, habronemose cutânea e com sarcóide fibroso ou fibroblástico,
deve-se realizar o diagnóstico diferencial, cultivando-se a secreção em meios especiais
para fungos, para observação e isolamento do agente (THOMASSIAN, 2005).
Figura 2: Kunkers observados na ferida após a necropsia do animal.
Fonte: MACIEL et al., 2008.
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Em muitos casos, há necessidade de realização de exames histopatológicos com
biopsias profundas da região de transição do granuloma, auxiliando, desta maneira, o
diagnóstico diferencial (THOMASSIAN, 2005).
Tradicionalmente, o diagnóstico da pitiose baseava-se nos aspectos clínicos,
histopatológicos e no isolamento e identificação do agente através de suas
características culturais, morfológicas e reprodutivas. A identificação precoce da
doença, no entanto, torna-se difícil através desses métodos. Atualmente, métodos como
imunohistoquímica (Figura 3) e técnicas sorológicas auxiliam e suportam um
diagnóstico precoce e correto (SANTURIO et al., 2006) possibilitando a visualização do
agente juntamente com a lesão (PEDROSO et al., 2009). Em 1988, Brown et al.
descreveram pela primeira vez o método de imunohistoquímica para diagnóstico da
pitiose equina, que foi posteriormente utilizada por vários autores.
O diagnóstico diferencial inclui habronemose, neoplasia, tecido de granulação
exuberante e granulomas fúngicos e bacterianos (BROWN et al., 1988).
Figura 3: Marcação positiva em vermelho (seta) para Pythium insidiosum em imunohistoquímica. Fonte: PEDROSO, 2009.
A pitiose merece destaque pela dificuldade de tratamento e pelo risco que
representa para a vida de animais afetados. Inúmeros tratamentos têm sido utilizados,
principalmente em equinos, incluindo o químico (antimicóticos), o cirúrgico e a
imunoterapia (DÓRIA, 2009).
O sucesso das diferentes formas de tratamento é variável e em muitos casos
influenciado pelo tamanho e duração da lesão, idade e estado nutricional do animal
(SANTURIO et al., 2006). Apesar da taxa de recidiva ser relativamente alta, a excisão
cirúrgica é a mais utilizada e a que apresenta os melhores resultados, quando realizada o
mais precocemente possível e de forma abrangente (DÓRIA, 2009). A intervenção
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cirúrgica requer retirada de toda área afetada, com margem de segurança para evitar as
recidivas, porém isso é dificultado pelas estruturas anatômicas envolvidas,
principalmente nos membros (SANTURIO et al., 2006).
Como alternativas de tratamento, obteve-se sucesso no uso de raio laser
vermelho de alumínio, neodímio e ítrio como terapia suplementar após a remoção
cirúrgica de lesões de pitiose equina (SANTURIO et al., 2006). A ablação do micetoma
com laser pode resultar em necrose térmica, podendo matar o agente que estiver
infiltrado no tecido adjacente, reduzindo a taxa de recidiva (SEDRISH et al., 1997;
RADOSTITS et al., 2000; BIAVA et al., 2007).
O tratamento cirúrgico apresenta bons resultados (Figura 4), especialmente em
lesões onde seja possível a retirada de toda área afetada. Alguns autores afirmam que a
ressecção cirúrgica total do granuloma combinada com imunoterapia especifica para P.
insidiosum é o tratamento mais indicado para cura de pitiose clínica em equinos
(SANTURIO et al., 2006).
Figura 4: Exérese de lesão provocada por pitiose em um equino. 1. Equino durante o exame clínico. 2.
Equino no pré-operatório imediato. 3. Aspecto final da ferida cirúrgica. 4. Aspecto da ferida no 7º dia de pós-operatório. 5. Aspecto da ferida no 30º dia de pós-operatório. 6. Aspecto da ferida no 45º dia de pós-operatório. Fonte: CESCON et al., 2008.
Estudos realizados por Sallis, Pereira e Raffi (2003) demonstraram que o uso de
iodeto de potássio a 10%, via intravenosa, associado ao sulfato de cobre tópico, resulta
em cura parcial da lesão.
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Maciel et al. (2008) relataram que, além da administração de imunoterápico via
subcutânea com intervalo de 14 dias e da assepsia diária do local, com solução aquosa
de iodo 0,5% a 1%, deve-se também instituir antibioticoterapia com penicilina
(6.000.000 UI/dia) e sulfato de estreptomicina (2,5 g/dia) durante dez dias, para
minimizar as infecções secundárias bacterianas (Figuras 5 e 6).
Figura 5: Equinos com lesões graves de pitiose nas regiões torácica, membro e face. Fonte: SANTURIO, 2004.
Figura 6: Mesmos animais mostrados na Figura 5, curados de pitiose no tórax, membro e face após o uso
do imunoterápico Pitium Vac. Fonte: SANTURIO, 2004. 2.7.2 Habronemose
A habronemose é uma helmintose que acomete equídeos (equinos, asininos e
muares), provocada por nematóides heteroxenos que parasitam o estômago dos
hospedeiros definitivos e têm como hospedeiros intermediários muscídeos cosmopolitas
das espécies Musca domestica, Stomoxys calcitrans e outros menos frequentes, cujos
ovos e larvas são eliminados nas fezes de equídeos (TIMOTHY, 2000).
O principal motivo da alta prevalência da habronemose no Brasil é a falha no
manejo sanitário dos rebanhos e muitas vezes a falta de informação sobre tratamento,
controle e ciclo evolutivo da doença. A enfermidade pode adquirir diversos nomes, de
52
acordo com cada região brasileira como: “Ferida de Verão”, “Câncer do Pântano”,
“Bursatti”, “Feridas Estivais”, “Ferida dos Machos” e “Esponja” (AIELLO et al., 2001).
Como descrito por Meldau (2010), a habronemose pode manifestar-se de quatro
formas:
Habronemose cutânea: Esta é a forma mais comum em equinos. É iniciada
por uma lesão previamente existente no animal, geralmente presente nos
membros (onde é mais comum ocorrer traumas), sendo posteriormente
contaminados pela larva das moscas infestadas por H. muscae.
Habronemose conjuntival: Caracteriza-se pelo aparecimento de uma ferida
elevada e proliferativa, em regiões que sempre estão úmidas, como a orbital,
geralmente no canto médio do olho. Quando as moscas pousam na região
ocular, acabam por deixar as larvas da H. muscae, gerando lesões nessa
região.
Habronemose pulmonar: O pulmão pode ser atingido pelas larvas
aberrantes ou erráticas. As larvas depositadas próximo ao nariz migram para
os pulmões, gerando granulomas parasitários próximos aos bronquíolos,
induzindo uma peribronquite nodular.
Habronemose gástrica: Esta forma ocorre quando os animais ingerem a
larva do parasita causador da habronemose (H. muscae, H. microstoma ou
Draschia megastoma), que são deixadas pelas moscas próximo à região da
boca do animal ou nos alimentos. Quando chegam ao estômago, essas larvas
instalam-se e se desenvolvem até a fase adulta, quando liberam seus ovos no
ambiente junto com as fezes dos animais parasitados. As fezes irão atrair
algumas espécies de moscas que serão hospedeiras intermediárias do parasita
causador da habronemose.
Há três espécies de Habronema - Habronema muscae, H. microstoma e H.
(Draschia) megastoma - e todas elas infestam o estômago de equinos. Os granulomas
gástricos e a maioria das lesões cutâneas parecem ser causados por H. megastoma,
embora lesões cutâneas típicas ocorram naturalmente e tenham sido produzidas
experimentalmente em equinos pela implantação cutânea de larvas de H. muscae ou H.
microstoma. Equinos de todas as idades são suscetíveis, mas a doença é mais comum
em adultos (BLOOD, 1983).
53
O ciclo evolutivo do Habronema é indireto, usando como vetor a mosca
doméstica (Musca domestica) e a mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans). As fêmeas
do Habronema fazem a ovipostura de ovos embrionados, que são eliminados com as
fezes, ou há a eclosão de larvas no intestino e são então eliminadas larvas. No meio
ambiente as larvas (L1) são ingeridas por larvas da mosca doméstica que vivem no
estrume. Temos então o desenvolvimento concomitante da mosca e da larva do
Habronema. Cerca de duas semanas mais tarde, temos as moscas adultas com a larva
infectante (L3) do Habronema. Essas moscas ao pousarem em feridas abertas na pele do
equino depositam as larvas e temos a denominada habronemose cutânea (MURO et al.,
2008).
A habronemose cutânea é ocasionada pela localização errática de larvas de
Habronema spp. e Draschia sp. na pele dos equinos (SANTURIO; CANTO, 2007) e
ocorre frequentemente nos períodos quentes e chuvosos (GODOY et al., 2007). As
lesões ocorrem mais nas regiões onde o cavalo não consegue remover as moscas: rosto,
linha média do abdômen, em torno do pênis e prepúcio, parte baixa dos membros,
cavidade orbital e locais de traumatismos (SANTURIO; CANTO, 2007). Menos
comumente, as lesões podem ser encontradas nas pernas e na cernelha, mas as que
ocorrem na região do machinho e da coroa são muito graves (BLOOD, 1983).
A habronemose gástrica é relativamente comum e, embora possa causar mortes
esporádicas, a maioria dos equinos acometidos não apresenta sinais da doença. As
habronemoses cutâneas e conjuntivas raramente são fatais, mas podem provocar
transtornos consideráveis (BLOOD, 1983).
As larvas de H. megastoma invadem a mucosa gástrica e provocam o
desenvolvimento de grandes massas granulomatosas. Esses “tumores” contêm os
vermes adultos e têm um orifício central, por onde os ovos e as larvas passam para a luz
do órgão. Em muitos equinos, as lesões produzem apenas uma gastrite crônica leve,
mas, em raros casos, pode ocorrer perfuração seguida por uma peritonite local, que pode
envolver o intestino, provocando constrição, ou o baço, produzindo abcessos. O H.
microstoma e o H. muscae não causam “tumores”, mas podem penetrar nas glândulas
do estômago. Cargas intensas causam inflamação e mesmo ulceração (BLOOD, 1983).
Na habronemose cutânea, as larvas das Habronema spp. depositadas nas feridas
causam inflamação local e o desenvolvimento de extenso tecido de granulação. Podem
ocorrer invasões bacterianas ou fúngicas secundárias (RADOSTITS et al., 2000). A
lesão começa como pequenas pápulas com centro erodido. O desenvolvimento é rápido
54
e as lesões podem atingir 30 cm de diâmetro em poucos meses (Figura 7). No ínicio
ocorre prurido intenso e isso pode levar ao autotraumatismo. Em seguida temos um
granuloma castanho avermelhado não cicatrizante. Mais tarde a lesão pode se tornar
fibrosa e inativa, mas só cicatriza no tempo frio (HAMMOND et al., 1986).
Figura 7: Tecido granulomatoso com cerca de 20 cm de diâmetro na região palmo-lateral da articulação
metacarpofalangeana do membro torácico direito. Fonte: RIBEIRAL, 2006.
No olho, formam-se lesões semelhantes no ângulo interno, na membrana
nictante ou na pálpebra, as quais podem provocar lacrimejamento profuso e outros
sinais de irritação local (RADOSTITS et al., 2000) (Figura 8).
Figura 8: Feridas no canto medial dos olhos, com aproximadamente 2 cm de diâmetro, secreção serosa
e pequenos nódulos ulcerados coalescentes de coloração amarelada. Fonte: RIBEIRAL, 2006.
55
Na habronemose pulmonar, as larvas erráticas ou aberrantes podem atingir os
pulmões, caracterizando habronemose pulmonar (RIBEIRAL, 2006). Segundo Timothy
(2000), as larvas depositadas no nariz migram para os pulmões, onde causam a
formação de granulomas parasitários próximos aos bronquíolos, induzindo uma
peribronquite nodular (BERNE, 2001). Em raras ocasiões, durante a migração das
larvas pode-se detectar discretos sinais de bronquite (BLOOD, 1983).
Lesões granulomatosas podem ser vistas em todos os locais mencionados na
descrição dos sinais clínicos e, embora variem de tamanho, apresentam essencialmente
a mesma composição descrita acima. Os equinos que tiveram a forma cutânea da doença
podem apresentar pequenos nódulos no parênquima do pulmão. Estes são duros,
amarelados e contêm pus e larvas (BLOOD, 1983).
O diagnóstico é difícil na forma gástrica da doença, porque as larvas não são
fáceis de serem encontradas nas fezes. A biopsia das lesões cutâneas revela tecido
conjuntivo com áreas caseosas amareladas, pequenas, de até cinco mm de diâmetro. As
larvas podem ser encontradas em raspados de pele ou biopsias e, nas lesões oculares, no
saco conjuntival ou no corrimento. Ocorre uma acentuada eosinofilia local (BLOOD,
1983). Segundo Ribeiral (2006), o diagnóstico da habronemose cutânea é feito
facilmente, através da identificação das larvas encontradas em lesões, através de
raspado de pele ou biópsia da lesão. O diagnóstico da habronemose conjuntival é feita
através da presença de larvas na conjuntiva e durante a necropsia. E, o diagnóstico da
habronemose pulmonar é feito apenas através da necropsia.
A habronemose cutânea deve ser diferenciada de granuloma fúngico, já que a
forma e a histopatologia da lesão são bastante semelhantes. O diagnóstico diferencial é
feito pelo encontro de hifas do pseudofungo Pythium insidiosum. A proliferação de
tecido de granulação excessiva após um ferimento, carcinoma epidermóide,
botriomicose (granuloma bacteriano) e o sarcóide equino são os principais diagnósticos
diferenciais (SMITH, 1993; TIMOTHY, 2000). Qualquer lesão ulcerativa poderá ser
complicada por habronemose secundária, e a causa primária poderá passar
despercebida, se as biópsias para a histopatologia não contiverem tecido adequado
(THOMASSIAN, 1997).
A ferida evolui de forma rápida, podendo atingir grandes diâmetros. Possui o
centro ligeiramente côncavo com tecido de granulação irregular, vermelho e às vezes
recoberto por crosta acinzentada. O granuloma pode evoluir atingindo grandes volumes,
o que torna importante o tratamento precoce (THOMASSIAN, 1997).
56
O tratamento da habronemose cutânea visa a quatro objetivos: redução das
dimensões das lesões, redução da inflamação associada às lesões, eliminação do
Habronema adulto do estômago e redução das populações de vetores. Quando possível,
as lesões são reduzidas por debridamento cirúrgico (Figura 9). Se tais lesões estão
localizadas em áreas inacessíveis à cirurgia, a criocirurgia poderá ser uma alternativa
viável (SMITH, 1993; SANTURIO; CANTO, 2007).
Foram propostos diversos tratamentos para a redução da inflamação. Quando
estão presentes múltiplas lesões, deve-se administrar prednisona ou prednisolona na
base de 1 mg/kg durante 10 a 14 dias, seguida por 0,5 mg/kg por mais 10 a 14 dias. Se
ocorrerem apenas uma ou duas lesões isoladas, pode-se injetar triancinolona
intralesional na dose de 5 a 15 mg/lesão, não excedendo a dose total de 20 mg. Este
procedimento poderá ser repetido a intervalos de 10 a 14 dias, se houver necessidade.
Para as lesões que envolvem a conjuntiva, serão benéficas aplicações tópicas de
preparação corticosteróide oftálmica. As preparações tópicas de DMSO-corticosteróide
podem ser benéficas também em outras regiões. Diversas terapias inseticidas tópicas e
sistêmicas, por exemplo, ivermectina, foram recomendadas para lesões cutâneas, mas
seus benefícios para as lesões cutâneas já instaladas são motivo de controvérsia, com
base na crença de que a patogênese da habronemose cutânea esteja relacionada à morte
larval, que ocorre logo após seu ingresso na pele. A terapia inseticida sistêmica é
importante para a eliminação do Habronema adulto do estômago, o que reduzirá o
potencial de reinfecção; ivermectina a 0,2 mg/kg é eficaz. Diclorvos e dissulfeto de
carbono também são de conhecida eficácia contra o Habronema, e todos os cavalos
presentes nas instalações deverão ser tratados. A pré-administração em 30 minutos de
NaHCO3 a 2% aumentará a eficácia antihelmíntica, ao auxiliar na dissolução dos
tampões mucosos dos nódulos de Draschia megastoma. Para evitar a reinfecção das
lesões, é importante fazer curativos e dar proteção às feridas existentes, bem como o
controle das populações dos vetores. A pronta remoção e o destino adequado dos
dejetos e camas sujas são medidas vitais para eliminação dos habitats de reprodução dos
vetores (SMITH, 1993; SANTURIO; CANTO, 2007).
57
Figura 9: Mesma lesão mostrada na Figura 7, após lavagem e tricotomia (A) e 45 dias após a cirurgia (B). Fonte: RIBEIRAL, 2006.
Em geral, o prognóstico para a resolução das lesões individuais é bom, se forem
atingidos os ideais terapêuticos. Os proprietários deverão estar cientes da possibilidade
de recidiva, caso não sejam praticados de modo efetivo os cuidados com as feridas e o
controle das moscas (SMITH, 1993).
2.7.3 Ferida Lacerante
Estes ferimentos geralmente são provocados por objetos irregulares, como arame
farpado, objetos fixos de metal, chifres e mordidas (ADAMS; STASHAK, 1994).
O cavalo, mais que outras espécies animais, precisa de cuidados adequados no
tratamento dos ferimentos. Um tratamento errôneo resulta em granulação exuberante,
cicatrizes excessivas, defeitos e, algumas vezes, perda da perfeita condição física. Os
ferimentos abaixo do carpo e tarso exigem tratamento cuidadoso para evitar
complicações (ADAMS; STASHAK, 1994).
A hemorragia deve ser controlada por ligação e/ou torção dos vasos e a ferida
deve ser completamente limpa. Após a tosa rente da área adequada, os pêlos das bordas
da ferida devem ser raspados até pelo menos 1 cm de distância da borda da ferida. Após
a raspagem, as bordas da ferida devem ser esfregadas com anti-sépticos e enxaguadas
com uma solução balanceada de eletrólitos. Pode-se utilizar um anestésico local para
58
insensibilizar o ferimento. A face distal da ferida necessita de muito pouco anestésico
local, devido à sua inervação rompida. A face proximal, entretanto é bastante sensível.
Além da anestesia local, o cavalo pode ser tranquilizado para facilitar o tratamento. Em
alguns casos pode ser necessário a anestesia geral, alternativamente (ADAMS;
STASHAK, 1994).
O debridamento de todos os ferimentos deve ser feito cuidadosa e
completamente. Toda a sujeira, pêlos e tecidos obviamente isolados da irrigação
sanguínea devem ser removidos do ferimento. Recomenda-se que seja utilizada uma
solução eletrolítica balanceada para lavar o ferimento. A ferida deve ser completamente
limpa, utilizando-se esponjas de gaze estéril, até que uma superfície saudável esteja
presente. As feridas podem também ser completamente lavadas com solução contendo
1% de povidona-iodo. Estas soluções podem também ser usadas sob pressão, para uma
limpeza mais completa. Em todos os casos, deve-se tomar cuidado para evitar o
aumento de contaminação da ferida, de modo que são utilizadas luvas cirúrgicas.
Antibióticos locais, como a penicilina utilizada para injeções intramusculares, podem
ser colocados em um ferimento ou injetados nos tecidos em torno do mesmo. Uma
melhor escolha são os antibióticos hidrossolúveis (ADAMS; STASHAK, 1994).
Qualquer ferimento incisado ou lacerado recente que permita sutura deve ser
suturado. Isto é especialmente verdadeiro se o ferimento está localizado abaixo do carpo
ou tarso. Os ferimentos recentes normalmente demonstram qualidades notáveis de
cicatrização se forem adequadamente debridados e suturados. No entanto, isto significa
que a ferida deve ser manejada adequadamente. As camadas profundas devem ser
suturadas com sutura sintética absorvível, enquanto que a pele deve ser suturada com
uma sutura não-capilar e não-absorvível. Geralmente, as suturas não-absorvíveis não
devem ser escondidas. Em áreas de tensão cutânea considerável, as linhas de sutura
podem ser reforçadas com suturas tipo “quill” (de colchoeiro). A pele normalmente se
rompe em “flaps” de formato triangular. Se o ápice do triângulo aponta na direção do
suprimento sanguíneo, a ponta do “flap” é muitas vezes perdida. No entanto, vale a pena
suturá-lo para minimizar a perda da pele. Os anestésicos locais que contém adrenalina
não devem ser utilizados para anestesiar um ferimento com “flap” de pele abaixo do
carpo ou do jarrete. A circulação destas regiões está, muitas vezes, no limite e a
adrenalina pode causar necrose (ADAMS; STASHAK, 1994).
59
Se for evidente que vai ocorrer à formação de uma bolsa no ferimento,
permitindo a acumulação de secreções, deve ser estabelecida uma drenagem ventral.
Sempre que houver dúvidas quanto à drenagem apropriada ou surja à possibilidade de
contaminação levando à infecção e drenagem, deve-se utilizar um dreno Penrose ou um
dreno de sucção. Ferimentos grandes, que exigem sutura em uma área difícil de ser
drenada, podem ser drenados utilizando-se um aparelho de sucção. Alguns ferimentos
realmente necessitam desta drenagem, mas ainda assim, devem ser suturados. Se não for
possível suturar-se um ferimento porque a superfície da pele foi arrancada ou por que a
duração do inchaço não permite a aposição, são recomendados o debridamento e
colocação de faixas de contrapressão com a medicação tópica adequada. A faixa de
contrapressão ajuda a manter as bordas da ferida em aposição; deve ser utilizada até que
o ferimento esteja praticamente cicatrizado, especialmente em ferimentos abaixo do
carpo ou tarso. Se for retirada a pressão, há uma tendência para o desenvolvimento de
tecido de granulação exuberante. Os curativos devem ser trocados com frequência
suficiente para que o exsudato não se acumule e irrite a área do ferimento (ADAMS;
STASHAK, 1994).
Os ferimentos, que algumas vezes não são práticos de suturar-se, como os na
parte superior do antebraço, podem ser tratados muito bem raspando-se os pêlos,
limpando-se a ferida e aplicando-se diariamente uma pomada cicatrizante que não
As radiografias não revelam corpos estranhos de madeira e outros materiais
moles. No entanto, a sinografia de contraste ou uma fistulografia podem delinear estes
objetos (ADAMS; STASHAK, 1994).
2.7.5 Ferida Granulomatosa
Tecido de granulação é o crescimento de pequenos vasos sanguíneos e de tecido
conectivo para preencher feridas de espessura total (GOMES; COSTA; MARIANO,
2005), produzido três a quatro dias após a lesão (NETO, 2003). O tecido é saudável
quando é brilhante, vermelho vivo, lustroso e granular com aparência aveludada.
Quando o suprimento vascular é pobre, o tecido apresenta-se de coloração rosa pálido
ou esbranquiçado para o vermelho opaco (GOMES; COSTA; MARIANO, 2005).
O tecido de granulação exuberante ocorre em equinos devido a diversas causas,
sendo frequentemente observado em feridas localizadas nos membros dos animais
(HUSSNI et al., 2003). Os tratamentos utilizados na tentativa de reduzir o tecido de
granulação exuberante incluem excisão cirúrgica, cauterização seguida de imobilização
com bandagens, ou uso de medicamentos, como corticosteróides, drogas adstringentes e
citotóxicas (FRETZ et. al., 1983).
Na maioria dos casos a perda de tecido nas feridas de membros é significativa e,
em razão da pouca elasticidade cutânea na região, não se consegue a redução e
cicatrização por primeira intenção. Nestes casos deve ser estimulada a granulação para
preencher as perdas de tecido e cicatrização por segunda intenção (RAISER, 1995b).
Para estimular a formação do tecido de granulação e evitar contaminação tem
sido recomendado o uso de bandagem não aderente. Para tanto, após debridamento e
limpeza com solução salina, aplicar gaze embebida em solução de nitrofurazona
(Furacin®) e/ou óleo de fígado de bacalhau acolchoando com bandagem firme
(RAISER, 1995b).
Feridas infectadas são melhor tratadas com açúcar granulado que é bactericida e
excelente estimulador da granulação (RAISER, 1995b).
O uso de bandagem logo após o debridamento confere proteção à contaminação,
absorve os exsudatos e contribui para reduzir o edema. No início da granulação a
bandagem úmida, não aderente, favorece a migração epitelial sobre o leito em
granulação (RAISER, 1995b).
62
Na primeira e segunda semanas as feridas de extremidades distais aumentam de
tamanho possivelmente em decorrência de forças de tensão que retraem a pele ao
contrário do que ocorre em outras áreas do corpo. As feridas localizadas mais
distalmente, como na superfície dorsal do metacarpo ou metatarso estão mais
predispostas à granulação excessiva (RAISER, 1995b).
Feridas retangulares cicatrizam em um período de tempo 30% menor que
aquelas arredondadas de mesmo tamanho. Assim, quando determinado ferimento for
estimulado a cicatrizar por contração, deve-se procurar dar-lhe forma retangular ao fazer
o debridamento e orientação para regeneração (RAISER, 1995b).
O tecido de granulação excessivo evita a reepitelização da ferida e retarda a
cicatrização. Fundamentalmente fatores que causem umidade, aquecimento excessivo
na ferida induzem granulação exuberante. Por outro lado, mínima mobilidade na ferida,
compressão, alta tensão de oxigênio e exposição ao ar ambiente oferecem menor
possibilidade de granulação excessiva (RAISER, 1995b). Na parte distal dos membros o
excesso deste tecido resulta em uma deformidade grave e o mesmo deve ser removido
até que se aproxime do nível da pele circundante (TURNER; McILWRAITH, 2002).
Existem diferentes maneiras de remover ou inibir a formação excessiva do
tecido de granulação: excisão cirúrgica, cauterização química, corticosteróide tópico,
imobilização e adaptação de enxerto de pele (RAISER, 1995b).
A excisão cirúrgica é o método mais simples e efetivo para controlar a
granulação excessiva. Deve ser feita de modo a preservar a margem epidermal para que
a cicatrização prossiga. A hemorragia difusa deve ser controlada com bandagem
compressiva. Até a cicatrização definitiva podem ser necessárias de duas a três
intervenções (RAISER, 1995b).
Substâncias cáusticas como nitrato de prata, permanganato de potássio
hipersaturado e sulfato de cobre têm sido utilizados para induzir necrose e diminuição
do tecido de granulação. Lembrar que estes cáusticos causam toxicidade também ao
epitélio. Assim, quando de sua aplicação, as bordas da ferida devem ser protegidas
(RAISER, 1995b).
A imobilização da região do ferimento só terá utilidade se o movimento de
bordas for fator irritante (RAISER, 1995b).
Tanto o uso tópico de corticosteróide como a terapia por irradiação têm sua
indicação baseada na inibição da divisão celular e da proliferação excessiva de
63
fibroblastos. Na prática o uso tópico de corticosteróide não tem vantagem comprovada e
as radiações (ultra-violeta, cobalto) têm custo muito elevado (RAISER, 1995b).
Quando a ferida for muito extensa o processo de contração será prolongado e
não será suficiente para permitir reparação cutânea. Neste caso deve ser considerada a
possibilidade de transplantação de pele para recobrir o tecido de granulação (RAISER,
1995b).
Para que se obtenha sucesso na transplantação é fundamental a preparação de
um leito adequado para receber o enxerto ou retalho. Para tanto deve ser debelada a
eventual presença de infecção. Nesses casos e naqueles em que houver abundante perda
de tecido com exposição de osso, tendão ou fáscia (tecidos pobremente vascularizados),
o resultado será melhor se primeiro for estimulada a formação de um leito de
granulação. A enxertia pode ser efetuada diretamente nas feridas em que o
debridamento e a excisão de tecidos desvitalizados ofereça um leito vascularizado, sem
edema, exsudato ou infecção. As feridas com tecido de granulação crônico devem ser
reavivados para o restabelecimento de um tecido saudável ricamente vascularizado
(RAISER, 1995b).
64
3. MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado um levantamento da casuística de feridas em equinos atendidos no
Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, em Patos – PB,
através da consulta aos prontuários do arquivo do HV, correspondente aos atendimentos
nos anos de 2006 a 2010, para definir quais os tipos de feridas mais comuns nesta
espécie.
Os dados obtidos foram compilados e discutidos frente aos obtidos na literatura
disponível na biblioteca do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da UFCG, bem como
em sites especializados, acerca do tema proposto.
65
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com o levantamento das fichas clínicas realizado no Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande (HV/UFCG), Campus de
Patos – PB, nos anos de 2006 a 2010 os cinco tipos de feridas cutâneas mais frequentes
em equinos foram Pitiose (37%), Habronemose (13%), Ferida lacerante (30%), Ferida
perfurante (10%) e Ferida granulomatosa (10%) (Figura 10).
Figura 10 – Casuística de feridas cutâneas em equinos, de acordo com o tipo, atendida no Hospital Veterinário da UFCG / Campus de Patos – PB, no período de 2006 a 2010. Fonte: PESSOAL.
Pitiose
A pitiose equina é uma doença que pode estar presente em todas as regiões do
Brasil, principalmente em regiões com baixadas, sujeitas a alagamentos. Esta condição é
comumente observada em pequenas ou grandes áreas de inúmeras propriedades do
nosso país durante o período chuvoso (MACIEL et al., 2008). Os animais acometidos
de pitiose atendidos no HV/UFCG, no período compreendido entre os anos de 2006 e
2010, também eram provenientes de uma pastagem com essas características, apesar de
localizada em uma região semi-árida do país.
Na maioria dos animais que apresentaram pitiose, observou-se que o
aparecimento da doença coincidiu com épocas de maior precipitação pluviométrica e a
37%
13%
30%
10%
10%
Tipos de feridas cutâneas em equinos
Pitiose
Habronemose
Ferida Lacerante
Ferida Perfurante
Ferida Granulomatosa
66
consequente formação de águas paradas. A maior parte dos 32 animais acometidos
durante o período estudado não tinha raça definida (SRD) e alguns eram da raça Quarto
de Milha e Inglês, observando-se que não houve predisposição de sexo ou idade (Tabela
1), sendo a forma clínica mais comum a cutânea, o que está de acordo com Riet-Correa
et al. (2007).
Tabela 1 – Casuística de pitiose em equinos, segundo raça, sexo, idade, época de
ocorrência e evolução dos casos, atendida no Hospital Veterinário da UFCG / Campus de Patos – PB, no período de 2006 a 2010.
Raça Sexo Idade Época de ocorrência
Evolução
SRD M 1 ano e 6 meses Dezembro Óbito Quarto de Milha M 7 meses Maio Cura
SRD F 2 anos Outubro ─ SRD F 6 anos ─ ─ SRD M 1 ano e 6 meses Março Cura SRD F ─ Maio Óbito SRD M 12 anos Maio ─ Inglês F 5 anos Abril Cura
Manga Larga F 8 anos Novembro Cura SRD F 2 anos Junho ─ SRD M 5 anos Dezembro Óbito SRD F 10 anos Novembro Óbito
Quarto de Milha M 8 anos Setembro ─ SRD F 6 anos Agosto Cura SRD F 6 anos Julho ─ SRD F 4 anos Maio ─ SRD F 7 meses Julho Cura SRD F 3 anos Julho Cura SRD F 5 anos Abril Cura SRD F 7 anos Julho Cura SRD M 2 anos e 3 meses Março Cura SRD F 10 anos Maio Cura
Quarto de Milha F 11 anos Setembro Cura Quarto de Milha M 3 anos Abril Cura
SRD F 4 anos Maio Cura SRD M 6 anos Novembro ─ SRD M 5 anos Julho ─
Quarto de Milha F 6 anos Janeiro Cura SRD M 2 anos e 6 meses Maio ─ SRD F 7 anos Agosto Cura
Mestiço de Inglês Mestiço
F M
7 anos 5 anos
Maio Setembro
─ Cura
SRD – Sem raça definida M – macho; F - fêmea
67
Em todos os casos de pitiose, foram observados granulomas ulcerados com
abundante secreção serossanguinolenta, prurido intenso e presença de “kunkers”, de
forma semelhante aos relatos da literatura.
Como tratamento da pitiose, segundo os dados levantados realizou-se a
intervenção cirúrgica realizada em 81% dos casos (Figura 11). A ressecção sempre foi
realizada abrangendo-se toda a lesão, com uma margem de segurança para evitar as
recidivas, conforme sugerido por Santurio et al. (2006) e Dória, (2009). Os demais
casos (19%) foram tratados realizando inicialmente limpeza com água corrente e
clorexidina degermante, seguida de curetagem quando necessário e aplicação de pasta
de sulfato de cobre (CuSO4) associada com açúcar granulado em quantidade que
recobrisse a ferida, seguida de bandagem compressiva.
Figura 11 – Proporção do número de casos de pitiose
equina tratados cirurgicamente e não-cirurgicamente. Fonte: PESSOAL.
Após excisão cirúrgica, a limpeza com água corrente e clorexidina degermante,
tratamento antisséptico pós-operatório empregado nos casos ocorridos no HV/UFCG,
segundo o levantamento realizado, foram eficientes para a redução do número de
bactérias, bem como para a remoção de tecido desvitalizado, uma vez que a clorexidina
possui atividade residual prolongada e ação satisfatória na presença de matéria orgânica,
conforme citado por Slatter (2007).
Na literatura encontram-se diversos fármacos propostos para o tratamento da
pitiose como, por exemplo, a anfotericina, descrita por Radostits et al. (2000) como
propiciadora de bons resultados, quando associada à excisão cirúrgica. Após a excisão
cirúrgica, os medicamentos mais utilizados de acordo com o levantamento deste
81%
19%
Tratamento da Pitiose
Cirúrgico
Não-cirúrgico
68
trabalho foram Penicilina, Monofenilbutazona e Flunixin Meglumine. A penicilina foi
prescrita para prevenir as infecções secundárias (MACIEL et al., 2008) e os AINE´s
como analgésicos. Também era administrado soro antitetânico, como prevenção ao
tétano, já que as feridas eram deixadas a cicatrizar por segunda intenção.
Maciel et al. (2008) afirmam que a ressecção cirúrgica total do granuloma
combinada com imunoterapia específica para P. insidiosum, é o tratamento mais
indicado para cura de pitiose clínica em equinos, o que não é realizado no HV/UFCG.
Faz-se uso de curetagem quando necessário e aplicação de pomada cicatrizante e
antiinfecciosa (nitrofurazona) associada com açúcar granulado em quantidade que
recubra a ferida, que é em seguida coberta com gaze e bandagem compressiva. Esta,
utilizada para reduzir o fluxo sanguíneo, promover a estase e ajudar na aproximação das
extremidades da lesão (GOMES; COSTA; MARIANO, 2005), controlando também a
hemorragia, evitando a formação de edemas, obliterando espaços mortos e impedindo a
formação excessiva do tecido de granulação (SLATTER, 1998). Após a bandagem,
opta-se por colocação de spray ou unguento repelente e cicatrizante.
A cicatrização ocorre por segunda intenção, onde o ferimento preenche-se com
tecido de granulação e a pele restabelece continuidade pela epitelização e/ou pela
contração do ferimento, o que resulta numa diminuição do tamanho da ferida aberta,
conforme relatado por Pope (1996) e Probst (1998). Se existir um excesso de
granulação, ela é removida até que se aproxime do nível da pele circundante, para não
haver deformidade grave (TURNER; McILWRAITH, 2002). A presença crescente de
tecido de granulação é interessante, devido ao fato deste possuir grande quantidade de
fibroblastos que sintetizam o colágeno necessário para o processo de reepitelização.
A recorrência é um achado comum, especialmente quando o tecido
comprometido não foi totalmente removido. Apesar da taxa de recidiva ser
relativamente alta (DÓRIA, 2009), foram observados apenas dois casos nos equinos
tratados cirurgicamente, no presente levantamento.
Habronemose Cutânea
Apenas animais sem raça definida (SRD) e da raça Quarto de Milha foram
diagnosticados com Habronemose (Tabela 2), observando-se que não houve
predisposição de sexo, idade e época de ocorrência, sendo a forma clínica mais comum
a conjuntival, o que está de acordo com o referido por Meldau (2010).
69
Tabela 2 – Casuística de habronemose cutânea em equinos, segundo raça, sexo, idade, época de ocorrência e evolução dos casos, atendida no Hospital Veterinário da UFCG / Campus de Patos – PB, no período de 2006 a 2010.
Raça Sexo Idade Época de
ocorrência Evolução
Quarto de Milha M 8 anos Março Cura SRD M 5 anos Setembro Cura SRD M 5 anos e 2 meses Fevereiro Cura SRD F 4 anos Fevereiro Cura SRD F 4 anos Março Cura
Quarto de Milha F 6 anos e 5 meses Janeiro ─ SRD M 8 anos Novembro Cura SRD F 1 ano e 6 meses Novembro Cura SRD F 2 anos e 6 meses Maio Cura SRD SRD
F M
2 anos e 6 meses 10 anos
Abril Outubro
Cura ─
M – macho; F - fêmea SRD – Sem raça definida
Segundo Blood (1983), Radostits et al. (2000) e Meldau (2010) a habronemose
conjuntival ou ocular tem ocorrência bastante comum e o local de maior frequência da
lesão é no canto medial do olho. Dos 11 casos descritos de habronemose, nove
apresentavam a forma conjuntival no canto medial do olho, sendo que dois destes
concomitantemente apresentavam habronemose cutânea. Foram detectados pequenos
nódulos não ulcerados nas feridas do canto medial dos olhos e o animal lacrimejava
excessivamente, conforme citado por Radostits et al. (2000).
Segundo Thomassian (1997), o tratamento cirúrgico é indicado quando as
feridas são muito extensas e quando estão causando transtornos estéticos. Em 45% dos
animais atendidos com habronemose no HV/UFCG, nos anos de 2006 a 2010, o
tratamento cirúrgico foi empregado (Figura 12).
70
Figura 12 – Proporção do número de casos de Habronemose equina tratados cirurgicamente e não-cirurgicamente. Fonte: PESSOAL.
Smith (1993) afirma que o tratamento da habronemose cutânea visa reduzir as
dimensões das lesões e a inflamação associada às mesmas; eliminar o parasita adulto do
estômago e reduzir a população de vetores.
Nos casos levantados, a ressecção do tecido de granulação foi feita desviando-se
dos principais vasos encontrados na região, como forma a reduzir o sangramento. Em
alguns casos a hemostasia foi realizada por cauterização térmica, conforme recomenda
Aiello (2001).
O curativo após a cirurgia foi realizado com limpeza diária da ferida utilizando
solução de clorexidina degermante e água corrente, associada à aplicação tópica de uma
pasta contendo nitrofurazona e triclorfon (Neguvon®)¹, estes últimos servindo
respectivamente como bacteriostático e parasiticida. Diariamente o tecido necrótico
residual era removido. Em alguns casos fez-se uso também do açúcar granulado, devido
ao seu poder bactericida que, por sua vez, acelera o processo de granulação, diminui o
edema local, melhora a oxigenação e irrigação da ferida, debrida os tecidos mortos e
desvitalizados, não provoca reação alérgica, é indolor e de baixo custo (COELHO,
2002; RAISER, 1995b).
Os animais foram vermifugados com ivermectina por via enteral ou parenteral.
Desta forma, o tratamento citado por Smith (1993) torna-se viável pela fácil via de
administração, baixo custo e êxito obtido.
¹Neguvon® - Laboratório Bayer
45%
55%
Tratamento da Habronemose
Cirúrgico
Não-cirúrgico
71
Quando necessário, fez-se uso de curetagem das feridas e bandagem, esta
realizada com uma faixa de algodão e atadura, que, de acordo com Smith (1993), evita a
reinfecção das lesões, sendo importante fazer curativos e dar proteção às feridas
existentes. Para o controle de vetores foi realizada a remoção diária do esterco e
sujidades das baias, depositando-os em locais fechados.
Nos casos de habronemose conjuntival foi feito apenas limpeza ocular com
solução de NaCl a 0,9%, pois não havia lesão ulcerativa apesar da eliminação constante
de secreção purulenta e do excessivo lacrimejamento, que de acordo com Radostits et
al. (2000), são sinais clínicos iniciais da conjuntivite parasitária provocada pela
Habronema spp. ou Draschia spp. Segundo Slatter (2007) poderia-se utilizar o líquido
de Dakin, desde que este seja diluído à metade da concentração usual, antes da
aplicação nas feridas.
Também foi aplicado repelente local para evitar que moscas se instalassem na
ferida e depositassem larvas, de acordo com a orientação de Smith (1993).
No pós-operatório, os medicamentos mais utilizados foram Penicilina,
Monofenilbutazona e Flunixin Meglumine, além de soro antitetânico. Tal prescrição
visava reduzir o risco de infecções secundárias e reduzir a inflamação e a dor, bem
como prevenir o tétano.
Ferida lacerante
Foram verificadas 21 ocorrências de feridas lacerantes em equinos, durante o
período levantado. A maioria dos animais não tinha raça definida (SRD) e a minoria era
da raça Quarto de Milha, não havendo predisposição de sexo, idade e época de
ocorrência (Tabela 3). Também foi observado que a maior parte dos ferimentos foi
provocada por objetos cortantes, como arame farpado e chifrada, o que corrobora
Adams e Stashak (1994).
72
Tabela 3 – Casuística de feridas lacerantes em equinos, segundo raça, sexo, idade, época
de ocorrência e evolução dos casos, atendida no Hospital Veterinário da UFCG / Campus de Patos – PB, no período de 2006 a 2010.
Raça Sexo Idade Época de
ocorrência Evolução
SRD M 14 anos Abril Cura SRD M ─ Maio Cura SRD F 3 anos e 6 meses Setembro Cura SRD F 9 anos Março Cura
Quarto de Milha F 10 anos Dezembro ─ SRD F 3 anos Novembro ─ SRD F 3 anos Agosto ─ SRD F 1 ano e 1 mês Fevereiro ─
─ M 8 anos Julho Cura SRD M 1 anos e 7 meses Janeiro Cura SRD M 8 anos Setembro Cura
Quarto de Milha M 6 anos ─ Cura SRD M 3 anos Outubro Cura SRD F 7 anos Setembro Cura SRD F 5 anos Abril Cura SRD M 6 anos Junho ─
Quarto de Milha F 2 anos e 4 meses Setembro Cura Apaloosa F 8 meses Maio Cura
SRD F 2 anos Abril ─ SRD SRD
F F
8 anos 13 anos
Janeiro Fevereiro
─ ─
SRD – Sem raça definida M – macho; F - fêmea
Nas feridas lacerantes a hemorragia normalmente não é intensa, a menos que
tenha sido aberto um grande vaso, devendo ser controlada por ligação e/ou torção dos
vasos (ADAMS; STASHAK, 1994), fato este não observado nos casos clínicos objeto
deste levantamento.
As feridas foram limpas realizando primeiramente a raspagem dos pêlos de suas
bordas, seguida da lavagem com água corrente e clorexidina degermante, a qual possui
amplo espectro antibacteriano, baixa toxidade e atividade residual, sendo mais indicada
que a iodopovidona, que possui atividade residual limitada em decorrência da inativação
do iodo livre pela matéria orgânica presente na ferida, além de poder ser lesiva aos
tecidos (SLATTER, 2007).
A maioria das lacerações não pôde ser suturada, pois já havia-se ultrapassado o
período de seis horas de sua ocorrência até a chegada ao HV/UFCG, estando, portanto
73
contaminadas. Nestes casos, utilizou-se Penicilina e Monofenilbutazona ou Flunixin
Meglumine, a primeira como agente bactericida e os demais como terapia antiflogística
e analgésica; associados à limpeza da ferida.
Três dos casos ocorridos foram tratados cirurgicamente, extirpando-se o tecido
de granulação excessivo. As demais feridas, que já tinham mais de cinco dias de
evolução, com os bordos das feridas já afastados pela perda tecidual, foram tratadas por
segunda intenção, conforme cita Harari (1999) (Tabela 4).
Tabela 4 – Casuística de feridas lacerantes em equinos, segundo raça, sexo, idade da lesão e tratamento realizado, atendida no Hospital Veterinário da UFCG / Campus de Patos – PB, no período de 2006 a 2010.
Raça Sexo Idade da lesão Tratamento SRD M 1 dia Não-cirúrgico SRD M 5 dias Não-cirúrgico SRD F 5 dias Não-cirúrgico SRD F 15 dias Não-cirúrgico
Quarto de Milha F 1 dia Não-cirúrgico SRD F 15 dias Não-cirúrgico SRD F 10 dias Não-cirúrgico SRD F ─ Não-cirúrgico
─ M ─ Não-cirúrgico SRD M 5 dias Cirúrgico SRD M 6 meses Não-cirúrgico
Quarto de Milha M 3 dias Não-cirúrgico SRD M 1 semana Não-cirúrgico SRD F 10 horas Não-cirúrgico SRD F 10 dias Não-cirúrgico SRD M ─ Não-cirúrgico
Quarto de Milha F ─ Não-cirúrgico Apaloosa F 20 dias Cirúrgico
SRD F 8 dias Não-cirúrgico SRD SRD
F F
12 horas 7 horas
Não-cirúrgico Cirúrgico
SRD – Sem raça definida M – macho; F - fêmea
Outra forma de tratamento aplicada em feridas laceradas foi o debridamento,
processo que remove o tecido desvitalizado impedindo a decomposição e o aumento do
crescimento bacteriano (SLATTER, 1998; BOJRAB, 1991). Desta forma, converte-se
um ferimento contaminado em um ferimento cirurgicamente limpo, contendo tecido
com irrigação sanguínea adequada para a cicatrização normal. Deve-se escolher a
melhor forma de debridamento para evitar o retardo na cicatrização e uma subsequente
74
infecção. Após o processo de debridamento, fez-se uso de uma pasta de nitrofurazona
com açúcar granulado, associados à aplicação de sulfadiazina spray, esta com finalidade
repelente e cicatrizante. A maioria das feridas foi deixada sem ataduras, para melhor
ventilação e cicatrização conforme recomendado por Thomassian (1997). Em poucos
casos colocou-se bandagem compressiva, com finalidade hemostática, durante dois a
três dias. Em todos os casos administrou-se soro antitetânico como profilaxia do tétano.
Ferida perfurante
Dos equinos acometidos de feridas cutâneas, durante o período ao qual
correspondeu o presente levantamento, 11 ocorrências foram de feridas perfurantes.
Observou-se que não houve predisposição de raça, sexo, idade e época de ocorrência
(Tabela 5). A maioria dos ferimentos foi provocada por objetos pontiagudos, tais como
chifrada, vidro, projétil de arma de fogo, ponta de faca e madeira. Estes agentes
agressores implantam bactérias e sujidades no interior dos tecidos, o que, com a
evolução do processo, forma galerias, fístulas ou sinus (RAISER, 1995b;
THOMASSIAN, 1997).
Tabela 5 – Casuística de feridas perfurantes em equinos, segundo raça, sexo, idade, época de ocorrência e evolução dos casos, atendida no Hospital Veterinário da UFCG / Campus de Patos – PB, no período de 2006 a 2010.
Raça Sexo Idade Época de
ocorrência Evolução
Puro Sangue Inglês M 2 anos e 6 meses Março ─ SRD F 1 ano Outubro Cura SRD F ─ Junho Cura SRD F 3 anos Junho Cura SRD M 2 anos Junho Cura
Quarto de Milha F 3 anos Agosto Cura Paint Horse F 3 anos e 6 meses ─ ─
SRD F 6 anos Junho Óbito SRD M 6 anos Maio ─
Mangalarga SRD
F F
2 anos 11 meses
Janeiro Fevereiro
Óbito Cura
M – macho; F - fêmea SRD – Sem raça definida
As feridas perfurantes apresentaram edema e secreção purulenta. Devido a isto, à
profundidade dos traumas e por terem sido ocasionadas havia mais de seis horas, as
75
feridas foram tratadas por cicatrização por segunda intenção, conforme recomendado
por Turner e McIlwraith (2002). Após a limpeza e antissepsia da ferida com água
corrente e solução de clorexidina degermante, aplicou-se pasta de nitrofurazona mais
açúcar tratamento este realizado até a completa cicatrização. Administraram-se ainda
antibióticos de amplo espectro de ação, comumente bactericidas, e AINES,
especialmente com atividade antiinflamatória e antipirética, minimizando as infecções
bacterianas secundárias e a dor. Em alguns casos utilizou-se ainda água oxigenada para
limpeza da ferida e soro antitetânico, como prevenção do tétano.
Os ferimentos perfurantes, em geral, foram mais graves quando ocasionados por
projéteis de arma de fogo, os quais se inclinam em sua trajetória pelo tecido quando o
projétil se fragmenta. O processo de rolamento do projétil aumenta significativamente
sua capacidade destrutiva, pois na medida em que este se move dentro do corpo, dá-se
um aumento efetivo do diâmetro da lesão. Isso explica porque um pequeno ferimento na
entrada do projétil pode não revelar o significativo dano interno (ECHEVÉRRI, 1994).
Ferida granulomatosa
A ocorrência de feridas granulomatosas não seguiu um padrão definido,
distribuindo-se ao longo de todo o ano, sem predisposição de raça, sexo ou idade
(Tabela 6).
Tabela 6 – Casuística de feridas granulomatosas em equinos, segundo raça, sexo, idade,
época de ocorrência e evolução dos casos, atendida no Hospital Veterinário da UFCG / Campus de Patos – PB, no período de 2006 a 2010.
Raça Sexo Idade Época de
ocorrência Evolução
SRD F 2 anos Outubro ─ SRD F 10 anos Março Cura SRD M 10 anos Junho Cura
Quarto de Milha M 10 anos Março Cura SRD F 7 anos Abril Cura
Puro Sangue Inglês F 12 anos Janeiro Cura SRD M 11 anos Junho Cura
Quarto de Milha F 8 anos Setembro ─ SRD F 1 ano e 6 meses Agosto Cura SRD SRD
F F
2 anos 7meses
Julho Junho
Cura Cura
SRD – Sem raça definida M – macho; F - fêmea
76
De acordo com o levantamento realizado, observou-se que a maioria dos
ferimentos granulomatosos foram provocados por objetos cortantes, especialmente por
arame farpado. Os ferimentos apresentavam-se sujos e com secreção
serossanguinolenta.
A presença crescente de tecido de granulação é interessante, devido ao fato deste
possuir grande quantidade de fibroblastos que sintetizam o colágeno necessário para o
processo de reepitelização, conferindo capacidade contrátil e reduzindo a área cruenta
(BLANES, 2004). A reação inflamatória ocorre com maior intensidade nos primeiros
dias após a lesão estando presente acentuadamente até a primeira semana, tendendo a
diminuir com o passar dos dias (HOSGOOD, 2007).
Embora o tecido de granulação seja fundamental para o processo de cicatrização,
quando encontrado em excesso nas partes distais dos membros dos equinos, evita a
reepitelização da ferida retardando a cicatrização, devendo ser removido até que se
aproxime do nível da pele, conforme proposto por Turner e McIlwraith (2002).
Em todos os casos verificados no presente levantamento, realizou-se a excisão
cirúrgica do tecido de granulação, seguida da cauterização térmica e, quando possível,
imobilização das feridas com bandagens compressivas. Em alguns casos empregaram-se
ataduras úmidas nas feridas, as quais auxiliam no debridamento por meio de liquefação
do coágulo e absorção de resíduos necrosados, enquanto deixa o tecido viável intacto
conforme relatado por Fossum (2005). Em outros casos foi utilizado também o
policresuleno (Albocresil®)², como auxiliar na remoção dos debris e da granulação
excessiva, promovendo o debridamento químico, além de apresentar ação contra germes
e contra sangramentos locais, de acordo com Raiser (1995b).
Na maioria dos casos, a perda de tecido foi significativa, em razão da pouca
elasticidade cutânea da região cárpica e társica. Nestes casos, foi estimulada a formação
de tecido de granulação para preencher as perdas de tecido com aplicação de pasta de
nitrofurazona com açúcar granulado, seguindo a orientação de Raiser (1995b).
Também foi realizada antibioticoterapia com penicilina, administrada pela via
intramuscular, e analgesia, administrando fármacos do grupo dos antiinflamatórios não
esteroidais, como flunixin meglumine, monofenilbutazona e fenilbutazona. Utilizou-se
ainda soro antitetânico como prevenção do tétano.
²Albocresil – Laboratório Altana Pharma Ltda.
77
5. CONCLUSÕES
- A incidência de lesões cutâneas na espécie equina na rotina do Hospital
Veterinário da UFCG/Campus de Patos – PB é elevada;
- Protocolos baseados na higiene diária, com limpeza das feridas, remoção do
tecido necrosado, proteção e hidratação são efetivos na maioria dos casos, com exceção
das neoplasias;
- A orientação técnica de pessoal treinado para realizar os curativos diariamente
é essencial para o sucesso do tratamento, especialmente em feridas nos membros, cuja
cicatrização é mais lenta, devido a fatores como maior facilidade de contato com
sujidades, pouco tecido e menor vascularização.
78
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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