-
Patologia do Membro Inferior
I TRAUMATISMOS DA BACIA
Mecanismos de leso:
Dividem-se em 2 grandes grupos:
1. Traumatismos de baixa energia so as leses resultantes de
pequenos
traumatismos como quedas de altura do prprio corpo e em que
as
leses mais frequentes so as fracturas dos ramos do lio e
iquiopbicos.
2. Traumatismos de alta energia neste grupo esto as leses
resultantes
de acidentes motorizados e as quedas superiores altura do
prprio
corpoque determinam:
Fracturas do anel plvico em livro aberto Fracturas verticais por
foras de cisalhamento Fracturas por compresso lateral
Classificao 1. Fracturas estveis: no h interrupo da continuidade
do anel plvico
ou no h descoaptao dos topos fracturios. As mais frequentes
so:
Ramos ilio-pbicos Ramos isquiopbicos Ambos Fractura isolada da
asa do ilaco
Tambm, sobretudo nos jovens encontramos:
Arrancamento das espinhas ilacas antero-superior ou
antero-inferior
Fractura do isquion Fractura do sacro Fractura do coccix
1
-
Estas fracturas representam 65% das fracturas da bacia,
habitualmente
no do complicaes e o seu tratamento mais frequente o repouso
no
leito durante a fase lgica.
2. Fracturas com rotura do anel plvico:para a rotura do anel
plvico
necessria fractura ou luxao em 2 pontos distintos do mesmo.
Assim a
fractura da metade anterior do anel ou distase da sfise pbica
aparece
associada fractura ou luxao na metade posterior do anel. So
fracturas relativamente frequentes, provocadas habitualmente
por
traumatismos de alta energia. O mecanismo de aco varivel,
sendo
produzidas por:
Foras transversais, de compresso, que aproximam as asas do
ilaco;
Foras sagitais que alargam as asas do ilaco, so as chamadas
leses em livro aberto
Foras verticais que tendem a dissociar as hemibacias uma da
outra.
Habitualmente o mecanismo de produo destas leses no nico,
sendo mais frequentemente misto. Dividem-se em 2 grandes
grupos:
Em que as leses so instveis ritatriamente, mas em que
verticalmente so estveis.
Em que as leses so instveis que rotatria quer verticalmente.
3. Fractura de Malgaigne: associao de fractura dos ramos lio
e
isquiopbicos com fractura longitudinal da asa do ilaco.
4. Fractura de Voillemier: o trao de fractura anterior passa
igualmente
pelos ramos ilio-isquiopbicos mas o trao de fractura
posteriormente
passa pelo sacro, mais frequentemente pelo buracos sagrados.
5. Fractura de Tanton: uma fractura de Malgaigne bilateral.
Estudo imagiolgico
2
-
1. RX Da bacia em:
o Ap o Incidncia craneo-caudal (inclinao da ampola de Rx de 60
no
sentido do crneo para a bacia e que nos d uma melhor
visualizao do anel plvico)
o Caudo-craneana (inclinao da ampola de 45 no sentido da bacia
para o crneo e permite uma melhor visualizao quer da
sfise pbica quer dos buracos obturados).
2. TC Este exame permite esclarecer dvidas de diagnstico e
classificao de
leses e pode dar-nos informaes adicionais sobre o estudo das
instabilidades plvicas.
Quadro clnico
necessrio exclur leses de outros rgos ou sistemas antes de
se
considerar a abortagem da fractura da bacia
As mais frequentes so as leses urinrias podendo envolver a
bexiga ou a uretra
As mais graves so as leses vasculares por hemorragia profusa por
leso de vasos de grande calibre e que por si s podem levar ao
choque hipovolmico e morte deo doente. A este popsito
importante dar a noo de que uma fractura da bacia que
apresenta
uma distase dos topos fracturrios superior a 2cm pode dar origem
a
uma hemorragia de aproximadamente 3l. se a distase for superior
a
5cm a hemorragia pode rondar os 6l.
Podem ainda ocorrer leses de vsceras abdominais ou leses
neurolgicas associadas.
ATENO: As fracturas do anel plvico tambm podem simular fractura
do colo do fmur pois as queixas do doente so soretudo dor da regio
inguinal.
3
-
Tratamento
Sempre que h descoaptao importante dos topos fracturrios o
tratamento destas leses cirrgico, devendo a estabilizao das
mesmas ser
efectuado de urgncia caso haja complicaes. Muitas vezes, para
tratamento dos fracturas articulares recorre-se a
prteses. Utilizam-se vrios materiais: ao inoxidvel, titnio
(incuos). Nos idosos, com osteoporose acentuada, necessrio que
o
membro seja mobilizado rapidamente. No se utiliza, nestes casos
hidroxiapatite, que necessita de mais tempo para solidificar. Esta
usada em doentes mais jovens. Prognstico
A mortalidade associada a estas leses da bacia de cerac de 10%,
das
quais metade consequncia de hemorragia plvica.
II FRACTURAS DO FMUR PROXIMAL
Mecanismos de aco e etiopatogenia
Ocorrem habitualmente acima dos 60 anos, sobretudo no sexo
feminino (4:1), e aps traumatismos de moderada ou de pequena
intensidade.
A falta de controle e de coordenao muscular associadas ao
defeitos de viso acentuados, so os aspectos mais relevantes que
condicionam
este tipo de fracturas
A osteoporosesurge como a causa predisponente mais importante,
havendo contudo outros factores ambientais nomeadamente uma
alimentao inadequada com falta de elementos ricos em clcio,
o
excesso de consumo de lcool e o sedentarismo. Algumas doenas
como o s. de m absoro intestinal, tumores como o mieloma
mltiplo
ou d.metasttica com localizao no colo do fmur contribuem
tambm
para o aparecimento desta patologia.
No adulto jovem a fractura do colo do fmur rara, estando
associada a traumatismo de alta energia (acidentes de viao, quedas
de altura,
4
-
choques elctricos de correntes de alta voltagem ou crises de
epilepsia,
apresentando geralmente maior gravidade)
Classificao
Segundo a localizao do seu trao principal:
Intra-capsulares: Subcapitais (o trao de fractura imeditamente
subjacente
cabea do fmur)
Transcervicais (se localizadas mais distalmente em relao epfise
femural)
Extra-capsulares (esto localizadas fora da cpsula e so mais
distais em relao cabea do fmur):
Basicervicais (situadas na base de implantao do colo do
fmur)
Pertrocantricas (grande ou pequeno trocanter) Subtrocantricas
(abaixo do macisso trocantrico)
Sintomatologia
Dor,localizada quer fece externa da anca quer regio inguinal
Impotncia funcional do membro com impossibilidade absoluta de
levantar o calcanhar na cama
Encurtamento A rotao externa que se verifica principalmente na
fractura extra-
capsular
Nas intra-capsulares pode-se verificar uma pequena sufuso
hemorrgica se j tiverem passado alguns dias.
Tratamento
sempre cirrgico e sempre que possvel nas 48h-72h subsequentes
queda, com o objectivo prioritrio de salvar a vida do doente
minimizando o aparecimento das complicaes
5
-
Nas fracturas intra-casulares descoaptadas hemiartroplastia ou a
artroplastia total da anca porque a cabea do fmur no vai ser vivel
e
naturalmente tem que ser substituda por uma prtese
Nas fracturas extra-capsulares a indicao cirrgica dever ser a
reduo e a osteossntese da fractura
s 24h-48h aps a cirurgia o doente dever ser sentado num cadeiro,
seguindo um plano de reabilitao adaptado com a ajudo do
fisioteraputa (cinesiterapia respiratria e mobilizao activa e
passiva
dos membros).
Complicaes
Gerais: - Infeces respiratrias, urinrias, embolias gordas,
complicaes
trombo-emblicas de escaras de decbito. Da a necessidade de
operar rapidamente o doente para evitar acamamentos
prolongados.
Estas complicaes so muito graves e podem levar morte do
doente se no forem tratadas precocemente.
Locais: - A infeco, porque se trata de doentes muitas vezes
desproteinizados com uma capacidade de resistncia diminuida
- Necrose asseptica da cabea do fmur nas fracturas intra-
capsulares. Ao haver interrupo dos vasos cervicais, a cabea
do
fmur fica comprometida porque os vasos do ligamento redondo
no
so sufucientes
- Pseudartrose sobretudo em osteossnteses precrias
- Nas fracturas extra-capsulares, a complicao local mais
habitual
a consolidao viciosa. Acontecem quando h desmontagem do
material de osteosstese ou quandoos doentes efectuaram carga
precoce com falncia do implante. Normalmente a deformidade
adquirida em varo. Clinicamente apresenta-se com um
encurtamento marcado do membro lesado e diminuio do ngulo
cervico-diafisrio que poder era inferior a 125. - Compresso do
citico
6
-
- Hemorragia
Prognstico
Em doentes de idade muito avanada a taxa de mortalidade elevada
da ordem dos 25% no primeiro ms aps a cirurgia. No entanto, se
o
doente tiver um tratamento imediato e houver uma preveno das
complicaes gerais, esta taxa diminuir significativamente.
As fracturas intra-capsulares so mais frequentes na mulher do
que no homem, raramente surgem antes da menopausa e a sua
frequncia
aumenta significativamente aps a menopausa e com a idade. Tm
um
prognstico mais reservado que as fracturas extra-capsulares
devido s
suas complicaes de natureza vascular podendo evoluir para
necrose
assptica.
As fracturas intra-capsulares encravadas em abduo tm melhor
prognstico.
III LUXAO DA ANCA
Etiopatogenia
mais frequente nos adultos do que nas crianas, devido a
traumatismo violento, normalmente ao nvel do joelho, que transmite
a fora ao longo
do fmur e desloca a cabea do fmur, muitas vezes com fractura
de
parede posterior. tpico nos acidentes de viao, por embate do
joelho
no tablier.
Quanto maior a aduo maior a probabilidade de luxao. A luxao
posterior mais frequente ao contrrio do que acontece no
ombro.
Clnica
Luxao posterior: membro em aduo, rotao interna e encurtamento
marcado
Luxamento anterior: membro em rotao externa e abduo
7
-
Rx
A cabea do fmur no est coaptada ao acetbulo, havendo uma quebra
da linha de Shenton. O bordo inferior do colo do fmur continua-
se com esta linha.
Complicaes
Compromisso da vascularizao Fractura associada que tem que ser
reduzida anatomicamente pois pode
evoluir para a artrose
PATOLOGIA DO MEMBRO INFERIOR
IV COXARTROSE:
Definio: um processo articular, degenerativo, extremamente comum
sendo
responsvel por uma incapacidade associada dor, rigidez e
restries
da mobilidade da articulao coxo-femural;
Classificao:
Primria: Resultado de um nmero de processos patolgicos que levam
insuficincia da articulao. Existem diversos factores que podem
acelerar o processo fisiolgico de envelhecimento:
o Incongruncia das superfcies articulares o Instabilidade
articular como causa de frico mecnica anormal o Concentrao das
foras de presso o Traumatismo directo da cartilagem o Causas
constitucionais (exemplo: obesidade, hipoparatiroidismo,
disfuno hipofisria, menopausa, etc)
o Causas idiopticas
Secundria: pode verificar-se na presena de 1 ou mais factores
causais bem conhecidos:
8
-
o Congnitos: displasia acetabular, luxao congnita da anaca o De
desenvolvimento: doena de Perthes, epifisilise supererior
dofmur
o Metablicos: gota, pseudogota o Infecciosos: estafilococica,
tuberculose, brucelose o Sexulamente transmitidos: sindrome de
Reiter, estafilococica o Ps-traumticos: fracturas envolvendo
superfcies articulares o Genticos: hemofilia, doena de Guacher,
mucopolissacaridose,
anemia de clulas falciformes
o Doenas auto-imunes: artrite reumatide, espondilite
anquilosante, artrite psorisica
o Necrose vascular: idioptica, ou secundria a fractura,
baroartrose, abuso de alcol e esteroides
Fisiopatologia: As caractersticas fundamentais da doena artrsica
da anca so:
- Leses na cartilagem articular e a insuficncia mecnica.
Clnica: - Dor ( sintoma principal, normalmente sempre presente).
Agravado pela
imobilidade;
- Rigidez (matinal);
- Edema (devido a derrame acompanhante) e Incapacidade
funcional;
- Atrofia dos msculos regionais;
- Hipersensibilidade generalizada;
Imagio e Laboratorialmente: - Laboratrialmente inespecfico;
- Radiologicamente: na fase inicial os RX podem ser Normais;
- medida que a doenavai avanando:
- Aumento gradual da interlinha articular,
- Esclerose subcondral;
-Quistos ou gedos;
9
-
- Osteofitos;
- da mesma forma se pode encontrar alteraes sobreponiveis em
espelho ao
nvel do acetbulo.
Tratamento Medidas conservadoras:
- Reduo de peso em doentes obesos;
- Fisioterapia ajuda a manter funcionalidade;
- Utilizao de auxiliares de marcha, aumentar a carga sobre a
articulao
atingida;
- Exerccio limitado para evitar rigidez;
- Analgsicos se a dor moderada;
- AINES se a dor mais intensa;
Tratamento cirrgico: principal objectivo o alvio da dor; Quatro
alternativas cirrgicas principais:
I Artrodese: Fixao cirrgica da articulao. Com perda total
dos
movimentos da anca. Por vezes aconselhada a jovens podendo ser
um recurso
til para artroplastica falhada;
II Artroplstica: Substituio total da articulao, preservando ou
restaurando
a mobilidade da articulao e permitindo o restabelcimento da
funo. Taxa de
sucesso elevada;
III Osteotomia: Para realinhar deformidades e distribuir de
forma mais
uniforme, as cargas transmitidas de modo a evitar a instalao da
coxartrose;
IIII Artrosplatia de resseco (Opereao de Girdlestone): tem
indicao
excepcional, sendo um procedimento de recurso nas artroplasticas
infectadas,
onde com a remoo de todo o material protsico ( prtee mais
cimento) se
pode controlar infeco. Produz-se uma rearticulao fibrasada???
Com pouca
estabilidade e com mobilidade restrita.
10
-
V OSTEOCONDROMATOSE SINOVIAL
Metaplasia Sinovial, deve retirar-se toda a sinovial
(sinovectomia) e ter o cuidado da articulao no ficar rgida por
falta de lubrificao devido a
ausncia de lquido sinovial.
VI NECROSE ASSPTICA (da cabea do fmur)
Etiopatogenia: doena em que houve uma morte por isqumia dos
constituintes celulares do osso e da medula. Resulta da obliterao
de
um vaso com reduo significativa do aporte sanguneo a uma
determinada rea da epifise femoral.
Causas: - Luxao da cabea do fmur: existe, invariavelmente, uma
rotura do
ligamento redondo;
- Fractura do colo do fmur: nas fracturas intracapsulares existe
uma
interrupo extensa de afluxo sanguneo cabea do fmur;
- Hemoglobinopatias: estas doenas em especial a anemia das
clulas
folciforme esto associadas com reas localizadas de enfarte sseo
epifisrio e
metafiso-diafisrio;
- Teraputica Corticosteroide;
- Alcoolismo;
- D. de Gaucher, disbarismo, radioterapia e doenas do
colagnio;
Clnica: - Dor
- Rigidez articular;
- Impotncia funcional;
Imagiologia: RX: mostra cabea do fmur mais opaca
(hipotransparente) de aspecto
heterogneo, em fases iniciais pode ser Normal;
- RMN: constitui o melhor meio de diagnstico precoce desta
situao;
11
-
Tratamento: - Idealmente deve ser precoce; - Descompresso da rea
da necrose de forma a aumentar o fluxo sangineo;
- Nas fases tardias:
- Cirurgia:
Osteotomia para reorientao do suporte para a cabea do fmur;
Artroplastia de substituio.
VII FRACTURAS DA EXTREMIDADE DISTAL DO FMUR
Introduo: devem ser sempre consideradas como um prognstico
reservado;
Classificao: -Supracondilianas;
- Condilianas;
Etiologia e Mecanismos: - Resultam N de traumatismos violentos
indirectos;
- Nalguns casos (crianas) a fractura impactada sem
deslocamento
significativo, existindo uma angulao posterior devido tenso dos
gmeos na
insero proximal dos cndilos femurais;
Anatomia Normal e Patolgica: O cndilo s por si bastante
resistente e raramente fracturado, mesmo
existindo uma zona frgil no cndilo troclear;
- As zonas anatmicas frgeis so a chanfradura ntercondiliana e a
transio
epifiso-diafisria onde as corticias da difise so mais estreitas
e o canal mais
largo.
Classificao: Fracturas unicondilianas: - Com o condilo destacado
na sua totalidade (superfcies articulares e
inseres ligamentares no esto atingidas);
12
-
- Fractura de Hoffa: esta fractura compreende um fragmento mais
ou menos
importante da face posterior do cndilo, uma fractura
transcondiliana que
atinge a cortical posterior sendo mais frequentes no cndilo
externo;
Complicaes: Fracturas Expostas: Normalmente a exposio anterior,
o fragmento diafisrio perfura o fundo do saco sinovial e a
pele;
- Leses de vasos e nervos;
- Fracturas associadas: podero coexistir com as fracturas da
rtula ou da
extremidade superior da tbia;
Clnica:
Sintomas e inspeco: Exame clnico dever ser sumrio e resumir-se
inspeco para no agravar as leses. H um episdio traumtico seguido
de
dor, impotncia funcional e deformidade na regio supracondiliana
e
desalinhamento da extremidade. Rotao externa do p. A coxa
est
aumentada de volume.
Palpao: na palpao suave podemos sentir a extremidade distal da
difise anterio, sobrepondo-se rtula;
- Deve-se procurar alteraes da sensibilidade no territrio do
nervo citico;
- Pesquisa de pulsos perifricos: a abolio do pulso pedioso e
tibial posterior
impe uma arteriografia de urgncia a fim de confirmar o
diagnstico de
eventuais leses arteriais.
- RX de frente e de perfil:
- Suficientes para o diagnstico;
- Necessrio radiografar a fmur na sua totalidade incluindo o
joelho e a anca;
Complicaes: - Primrias:
- Infeco ( fractura exposta) e aps cirurgia;
- Dificuldade de reduo;
- Fenmenos tromboemblicos.
13
-
Tardias: - Calo vicioso: valgo, varo, recurvatum, alteraes da
congruncia patelo-
femural. O elemento mais frequente do calo vicioso o recurvatum
ps-bscula
do fragmento distal, tem como consequncia a hiperextenso da
perna sobre a
coxa.
- Pseudartrose;
- Rigidez;
- Perturbaes no crescimento;
Tratamento: As fracturas articulares da extremidade inferior do
fmur devem ter uma reduo cirrgica anatmica, uma fixao interna rgida
tendo em vista
uma recuperao funcional precoce.
VIII Fracturas da Extremidade Proximal da Tbia
Anatomopatologia e mecanismo de produo
- Superfcies de contacto: os cndilos so suportados pelos
planaltos. A superfcie maior do lado interno e a carga distribuda
uniformemente pelo
menisco e superfcie articular do planalto. Do lado exterior a
superfcie de
contacto est praticamente reduzida ao menisco:
- Mecanismo de compresso em valgo exagerado: pode efectuar-se
uma fractura do planalto externo e em 60% dos casos romper-se o
menisco.
Diagnstico: Baseia-se na clnica e no RX:
- Histria de de traumatismo no joelho por atroplemento, acidente
de trabalho,
queda ou acidente desportivo, com dor e impotncia funcional;
- Hemartrose com pouca tenso;
- Deformidade lateral e mobilidade anormal nos movimentos de
extenso e
flexo;
14
-
- RX em dois planos fornece o diagnstico, com incidncia em
obliquo d-nos
uma melhor localizao dos fragmentos;
- TC em caso de dvida.
Classificao (segundo Mason Hohl): Fractura coaptada: fora em
valgo ou varo, em jovens sem osteoporose. So
raras as leses ligamentares. So mais frequentes as leses do
menisco
externo quando do planalto do mesmo lado;
Fractura por compresso: combinao de uma fora axial e valgo, com
o joelho
em extenso, planalto afunda-se devido compresso de cndilo. No
h
separao de fragmentos, leses ligamentares so raras;
Fractura compresso-separao: mecanismo misto com compresso axial
e
valgo com o joelho semiflectido. Apresenta leses ligamentares,
,meniscais e,
por vezes, fractura da extremidade superior do perneo. A linha
da fractura
pode ser vertical ou obliqua e atingir a espinha da tbia;
Tratamento: A finalidade conseguir um joelho estvel, indolor,
com bom arco de
mobilidade e evitar artrofias musculares significativas;
- Tratamento ortopdico-funcional e/ou currgico com uma reduo
anatmica
correcta, uma osteossntese rgida e uma mobilidade precoce,
embora a carga
se faa mais tardiamente;
Complicaes:
- Sequelas tardias (artroses);
- Calos viciosos extra-articulares podem originar flexum ou
recurvatum
- Desvio sem o calo vicioso. Aps osteossntese;
- Lassides crnicas sem o colo vicioso. Nas leses ligamentares no
tratadas;
- Necrose do planalto tibial;
15
-
-Pseudoartrose (rara);
- Fracturas do planalto tibil externo podem ter uma paralisia do
nervo citico,
popliteu externo.
IX FRACTURAS DA RTULA
Introduo: 1% das leses do esqueleto; - Acidentes de viao so a
causa mais frequente, 25% destas fracturas
ocorrem principalemnte em adultos jovens;
- Mais em homens;
Etiologia: - Mais provvel no adulto, excepcionais na criana;
- Fracturas bilaterais no so raras;
- Acidentes de viao so a causa mais comum;
Mecanismos
- Fracturas de mecanismo indirecto: forte contraco muscular
rompendo a
rtula transversalmente;
- Fracturas de mecanismo directo: traumatismo directo na face
anteriror da
rtula. Fracturas cuminutivas
Anatomia patologica e classificao Fracturas sem rotura do
aparelh extensor:
- fracturas verticais coaptadas e na sua metade ext;
- Raramente se efectuam a meio da rtula: 4%;
- Fracturas parcelares (4,5%);
Fracturas com rotura do aparelho extensor:
-As mais provveis (92%);
- Quatro tipos:
- Fractura transversal;
- Fractura transversal com fragmento inferior cuminutivo
- Fracturacuminutiva
16
-
- Fractura transversal com fragmento superior cuminutivo
Outras leses do aparelho extensor:
- Rotura do tendo quadricipede: afecta essencialmente idosos, a
ruptura
habitualmente surge ao nvel do polo da rtula e a maior parte das
vezes
incompleta, miosite ossificante se no houver tratamento;
- Rotura do tendo rotuliano: arrancamento do plo inferior da
rtula ou da
tuberosidade da tbia;
- Arrancamento da tuberosidade anterior da tbia: muito rara
Clnica: Histria de traumatismo violento sobre o joelho com dor
intensa, impotncia
funcional;
- Extenso activa impossvel;
- A maior parte das vezes o doente no consegue deambular;
Observao e Palpao - Aumentode volume do joelho, por vezes eroses
na pele ou feridas;
- impossibilidade de elevao da perna;
- Palpao d-nos sinais de descoaptao da fractura;
RX ( frente e perfil): Permitem o estudo do trao, sua direco e
conduta teraputica;
- dever-se- realizar uma axial da rtula a 30;
Diagnstico: por vezes difcil quandoas fracturas esto coaptadas e
o trao da fractura longitudinal;
Recorrer a uma incidncia axial da rtula para obter
diagnstico;
Complicaes e sequelas:
- Impotncia funcional;
- Infeco;
17
-
- Rigidez;
- Atrofia do quadricipede;
- Artrose
Tratamento
Ortopdico:
- Nas fractursa sem descoaptao;
- Evacuao da hemartrose;
- Imobilizao em joalheira gessada em 5 semanas
- Reabilitao;
Cirrgico - Fracturas descoaptadas tm indicao para cirurgia e
fixao com
osteossnteses internas mas se houver demasiada cominuo,
dever-se-
proceder a uma patelectomia.
- Se a rtula for retirada no se verifica claudicao. Do ponto de
vista esttico
as senhoras no gostam de ficar sem rtula!
- Fica-se com um dfice de fora de extenso de cerca de 30% que
no
importante para o dia-a-dia mas muito importante para
desportistas;
Rtula bipartida
Anomalia congnita caracterizada pela existncia de um ponto de
ossificao
suplementar no ngulo supra externo do osso. Trata-se de uma
anomalia
bilateral (deve-se radiografar o joelho oposto).
X FRACTURAS DOS OSSOS DA PERNA
Classificao - Fracturas isoladas da tbia ou do perneo ou de
ambos os ossos;
- Fracturas cominutivas ou esquirolosas
. Fracturas coaptadas ou descoaptadas;
18
-
- As facturas de um tero superior do perneo podem estar
associadas a
leses neurulgicas ( paralisia do nervo citico popliteu externo)
ou a leses
ligamentares do joelho;
- As fracturas de um tero inferior do perneo podem originar uma
subluxao
da articulao tbio-trsica.
Tratamento
- Conservador: poder-se- realizar no caso de frcturas no
descoaptadas e com boa estabilidade intrnseca. Cada vez menos
frequente.
- Cirrgico: o tratamento de eleio para as fracturas instveis e
descoaptadas o encavilhamento intramedular;
- A utilizao de fixadores externos estar reservada para as
facturas expostas
ou, em casos de excepo, a fracturas fechadas;
- Todos os doentes que aparecem com fracturas expostas seguem
um
protocolo:
- Zaragatoa;
- AB;
- Lavagem com soro;
- Imobilizaes provisrias com talas no bloco;
- Cobertura com compressas embebidas em Betadine
- Primeiras seis horas levar o doente para o bloco para
desbridamento e
fixao ssea (evitar risco infeccioso e vascular)
Complicaes - Infeco;
- Pseudoartrose;
- Atraso de consolidao;
- Complicaes neurovasculares;
19
-
XI TRAUMATISMOS DA TIBIO-TRSICA
A-Entorse: - Leso mais frequente da tbio-trsica;
- Consequncia de uma distenso articular, podendo ser um
simples
alongamento ou uma rotura de ligamentos, com a rotura da
cpsula
articular;
Trs Graus de Entorses:
I. Benigno: Alongamento das fibras que constituem os ligamentos
e algumas delas podem romper-se, ligamento no seu conjunto foi
respeitado;
II. Gravidade Mdia: existe uma rotura fascicular dos ligamentos
mas no existe rotura da cpsula;
III. Grave: rotura ligamentar e capsular: - A Artrografia um
exame complemenar que podemos utilizar.
- Entorse da tbio-trsica que provoque instabilidade articular,
dever ser
tratado cicurgicamente;
Clnica: - Edema;
- Dor mobilizao e carga;
Tratamento: Entorse de Grau I: contenso elstica, gelo e AINE
durante oito dias em que no dever haver apoio do membro;
Entorse de Grau II: Imobilizao gessada por trs ou quatro semanas
com repouso absoluto nos primeiros dias;
Entorse de Grau III: Cirurgia se so pessoas jovens e
desportistas. Em pessoas de idade avanada, imobilizao gessada por
quatro a seis semanas;
BFractura
Clnica:
20
-
- Dores intensas;
- Impossibilidade de marcha sem apoio;
- Edema;
- Deformidade marcada
-As fracturas por compresso vertical so as que tm prognstico
mais
reservado, podendo evoluir para artrose;
- A doena de Sudek uma complicao frequente, quando existe um
envolvimento traumtico marcado dos tecidos moles;
- As fracturas da tbia-trsica podem estar associados a fracturas
de um tero
superoir do perneo, necessitando exames radiogrficos adequados
para o seu
diagnstico;
- Fracturas da tbio-trsica so quase sempre tratadas
cirurgicamente;
XII TRAUMATISMO DO RETROP
A. Fracturas do Astrgalo:
Clnica:
-Dor
- Impossibilidade de efectuar apoio plantar mais dfice da
mobilidade da tbio-
trsica;
Tratamento
- Cirrgico Artrodese
Complicaes: Necrose avascular a mais frequente
B. Fracturas do Calcneo
- Clnica: - Edema do calcanhar;
- Dor aguda compresso lateral;
- Perda acentuada da mobilidade das articulaes vizinhas;
21
-
Prognstico: Depende fundamentalmente do seu envolvimento
articular; Tratamento - Trao fracturrio no articular e diastase
mnima: imobilizao gessada
durante duas a trs semanas;
- Trao fracturrio articular e diastase significativa: cirurgia
para repor anatomia
Sequelas : Artroses cujo tratamento frequentemente a artrodose.
Uma dor persistente localizada articulao subastragalina aps
fractura articular do calcneo, ter que passar normalmente por uma
artrodese subastragalina.
22