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Fundamentos do pastoreio racional voisin
Fundamentals of rational grazing voisin
LENZI, Alexandre1
1 Professor Dr. do Departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianpolis/SC -
Brasil,[email protected]
RESUMO: Com o enfoque de sustentabilidade, o manejo passa a ser
o principal fator a ser utilizado namanuteno e perenidade dos
pastos, e, por conseqncia para a conduo dos animais em
pastoreio.Para que isso ocorra Voisin postulou quatro leis bsicas,
sendo a primeira relacionada ao Tempo deRepouso adequado, que
permita planta armazenar em suas razes reservas suficientes para um
novoe vigoroso rebrote. A segunda lei prev que o Tempo de Ocupao de
um piquete pelos animais deveser suficientemente curto para que uma
planta no seja pastoreada mais de uma vez em um mesmoperodo de
pastoreio. A terceira lei tem como meta os Rendimentos Mximos, para
isto preciso ajudaros animais que tenham as maiores necessidades
nutricionais na obteno de alta ingesto voluntria deforragem em
termos quantitativos e qualitativos. A quarta lei busca o
equilbrio, pelos RendimentosRegulares, nesse sentido os animais no
devem permanecer por mais de trs dias em um mesmopiquete.
PALAVRAS-CHAVE: Consumo, Pastoreio Voisin, Produo animal,
Qualidade da forragem.
ABSTRACT:Focusing on sustainability the management turns the
mainly factor for pasture maintenanceand perennial, that will be
used, and for this reason, for the conduction of grazing animals.
For thisscenario to take place, Voisin postulate four basic law,
being the first in relation to the adequate RestTime that allow the
plant to store in the root enough reserve for a new and vigorous
regrowth. So, thesecond law emphasize that the total time of
animals permanence in the paddock should be short enoughto avoid
that the plant could be grazed more than once, in the same
Occupation Time. The third law lookfor the Maximum Yield, so it is
needed to help the animals that have the highest nutritional
requirements,contributing to then to have a higher forage voluntary
intake, both quantitative and qualitative. The fourthlaw search for
the equilibrium, through the Constant Yield, in this meaning the
animals should not remainmore than tree days in the same
paddock.
KEY WORDS: Intake, Voisin Grazing, Animal production, Forage
quality.
Revista Brasileira de AgroecologiaRev. Bras. de Agroecologia.
7(1): 82-94 (2012)ISSN: 1980-9735
Correspondncias para: [email protected] para publicao em
23/01/2012
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IntroduoO pasto, exclusivamente, responsvel por
quase 90% da carne bovina produzida econsumida no Brasil e pela
maior parte dos 31bilhes de litros de leite produzidos anualmente
noPas (IBGE, 2010). Por isso, h necessidade de secontinuar tendo
nas pastagens a principal fonte denutrientes do rebanho, pois a
forma mais prticae econmica de alimentao dos bovinos (SOUZAet al.,
2005).
Entretanto, o modelo que vigora na produoanimal em pastagens,
baseado no sistema depastejo contnuo ou no rotativo, porm atrelado
aaltas doses de nitrognio, tem se mostradoineficiente do ponto de
vista bioeconmico.Todavia, os ndices podem ser melhorados
peloaumento do ganho de peso individual e,principalmente, pelo
incremento de suacapacidade de suporte. Verifica-se, assim,
anecessidade de tornar os sistemas produtivos maiscompetitivos e
viveis economicamente, uma vezque, a produo animal, no Brasil,
ainda apresentandices de produtividade muito baixos, em
virtude,principalmente, da deficincia na alimentao, sejaem
quantidade e/ou qualidade, ao longo de todo oano.
Nesse sentido o Pastoreio Racional Voisin(PRV), a partir do
respeito s leis da natureza,atende s exigncias e s necessidades da
plantaforrageira, do solo e do animal, de maneira queestes no
venham a se contrapor. O manejoracional das pastagens um dos
fatores de maiorrelevncia para a produo animal sustentvel:
necessrio que seja o mais eficaz, para a proteoda pastagem e, ao
mesmo tempo, resulte em bomdesempenho animal (VOISIN, 1974),
tantoindividual como por rea.
O termo racional aplica-se pela presena dohumano para conduzir,
definir a eficincia tcnica,econmica, etolgica, cultural e social do
sistema.A interveno do humano no PRV deve contribuirpara o melhor
crescimento das pastagens e de suacolheita pelo animal, utilizando
recursos
tecnolgicos que preserve os fatores naturais, coma finalidade de
maiores e melhores resultadoseconmicos na produo animal, o que
implica,axiomaticamente, na diviso da rea, em parcelas.
Com este intuito, Andr Voisin estabeleceuquatro leis que devem
ser rigorosamenterespeitadas (VOISIN, 1974). A primeira
estabeleceque:
Tempo de repousoPara que uma forragem pastoreada pelo
animal possa dar o seu mximo rendimento, necessrio que, entre
dois pastoreiossucessivos, haja ocorrido um temponecessrio, que
possibilite a planta:
a) armazenar em suas razes, reservassuficientes para um incio de
rebrote vigoroso.
A remoo da parte area, pelo corte oupastoreio, representa um
estresse para as plantas,cuja magnitude depende da intensidade
efrequncia da desfolha a que a planta submetida.
Isso demonstra que plantas colhidas (maisfrequentemente) com
intervalos insuficientes tmseu sistema radicular comprometido, uma
vez queo estresse da desfolha precoce e muito intensapromove
mobilizao de reservas das razes pararecuperao da rea foliar
(MARTUSCELLO et al.,2005), sem o necessrio tempo para arecomposio
do sistema de reservas.
Assim, a rebrota das plantas fica, num primeiromomento, a merc
dos carboidratos no-estruturais (CNE). Dawson et al. (2000)
salientamque o maior beneficio das razes a capacidadede mobilizar
substncias de reservas para odesenvolvimento da parte area da
planta emmomentos de rebrota. De modo geral, logo que aplanta
inicia a rebrotao e h aumento do ndicede rea foliar (IAF), as
reservas no atuam maiscomo fonte de energia para a rebrotao e
passam
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novamente a ser acumuladas (DA SILVA et al.,2008).
J foi demonstrado que o nvel de concentraodos carboidratos de
reserva da planta interfere novigor de rebrota do pasto, tanto em
plantastropicais como em temperadas, observados naFigura 1 (BLASER,
1994). O crescimento radiculardurante a rebrotao do pasto
importante para aabsoro de nutrientes e de gua pela planta paraa
retomada do crescimento da parte area, queaps o pastoreio depende
do suporte radicular daforrageira (SARMENTO et al., 2008).
A produtividade da parte area reflexo do queacontece com o
sistema radicular, pois ambos se
interagem. Logo, qualquer fator que limite ocrescimento de razes
pode prejudicar a produode matria seca da planta forrageira.
b) Realizar a sua labareda de crescimento,ou uma alta taxa de
acmulo lquido de matriaseca/hectare/dia.
O perodo de repouso um fator decisivo nosistema de pastoreio
rotativo de plantasforrageiras, pois determina: 1 - o
rendimentoforrageiro, 2 - o valor nutritivo da forragem, 3 -
aperenidade da pastagem. Autores como Sarmentoet al. (2008) tambm
salientam a importncia doperodo de repouso para o bom
desenvolvimento
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Figura 1: Representao grfica do crescimento areo e a mobilizao
de carboidratos no-estruturaisnas razes da alfafa.Fonte: Blaser
(1994).
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das pastagens, contribuindo tambm para adescompactao do solo
pelo crescimento dosistema radicular, durante a rebrotao
daforrageira.
O crescimento da forragem pode ser melhorobservado e
representado por meio de uma curvasigmoide que acompanha o rebrote
do pasto(Figura 2) e mostra que o mesmo no produz suamxima
intensidade diria, at que transcorra umperodo de repouso
suficiente, para que as suasreservas radiculares se expressem. A
intensidadedo rebrote aumenta, at chegar ao ponto timo derepouso1,
quando o pasto deve ser consumidopelo animal. inconveniente o
pastoreio aps oponto timo de repouso, pois no se obter o
mximo rendimento da pastagem e a suaqualidade decresce com o
incremento docontedo de parede celular, isto , da
lignina,comprometendo a digestibilidade da plantaforrageira. No
entanto, se permitido ao animalpastorear a forragem antes do perodo
necessriode repouso, estar sendo infringida a primeira lei,pondo em
risco a perenidade da pastagem, a qualno ter tempo suficiente,
antes do prximopastoreio, para acumular em suas razes asreservas
para obter um rebrote vigoroso,manuteno e desenvolvimento (VOISIN,
1974).
A pastagem necessita de um perodoadequado para se refazer do
ltimo pastoreio.Entretanto, se este tempo reduzido
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Figura 2: Curva sigmoide que expressa o rebrote do pasto, para
as condies da Austrlia.Fonte: Adaptado de Sounness (2004).
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gradativamente, chegando a ser quase nulo, pode-se comprometer o
desenvolvimento da forragem,levando-a a um colapso. Ocorre ento, o
fenmenoque Voisin (1974) denominou de acelerao forado tempo.
Pedreira et al. (2007) salientam que os mtodostradicionais de
uso de estratgias de pastoreiobaseadas em calendrio para colheita
degramneas tropicais, com perodos fixos epredeterminados de
rebrotao, so inflexveis egeneralistas ao extremo. Deste modo
Parsons &Penning (1988), apontaram que o melhor balanoentre
fotossntese, produo e senescncia para opastoreio rotativo so
obtidas quando a forragem colhida ao atingir a mxima taxa de
acmulolquido.
Tempo de ocupaoOs perodos de ocupao devem ser curtos
(PARSONS & PENNING, 1988), ou seja, o tempode permanncia dos
animais no piquete em uso,no qual, devem permanecer at que a
forragemdisponvel2 seja totalmente consumida; mas paraisto
necessrio que se use alta cargainstantnea, pois haver maior
eficincia nacolheita da forragem, reduzindo o tempo deocupao.
O tempo total de permanncia de umpiquete deve ser
suficientemente curto paraque uma planta no seja pastoreada mais
deuma vez, em um mesmo perodo de ocupao.
A segunda lei est intrinsecamente ligada primeira. Com efeito,
se a forragem pastoreadamais de uma vez pelo animal durante o
mesmoperodo de permanncia deste no piquete, estaforragem no ter um
perodo de repousosuficiente para atender o que determina a
primeiralei.
Logo, para que a primeira lei no sejanegligenciada, necessrio
que a segundatambm no seja. Somente um tempo de
ocupao reduzido, far com que os animais noconsumam o rebrote das
plantas durante essemesmo perodo de permanncia no piquete.
Para que o tempo de ocupao seja o maisbreve, necessrio se
utilizar alta cargainstantnea3, onde o animal consuma a
forragemdisponvel no menor tempo possvel e de maneirauniforme, mas
sempre se mantendo uma restevaque no deixe o solo exposto e to
poucocomprometa nova rebrotao.
Segundo Pinheiro Machado (2010) as altascargas instantneas
colaboram para que osanimais exeram boa eficincia da colheita
deforragem, durante o pastoreio, chegando a nveissuperiores a 75%.
Klapp (1986) afirma que nosistema de pastoreio condicionado (como
foichamado por ele o pastoreio rotativo racional) ecom boas
pastagens, sero consumidos, mais de70% da forragem disponvel,
podendo estapercentagem, em casos favorveis, ir a mais de90%. Por
sua vez (MOTT, 1968 apud KLAPP,1986) estima esta eficincia de
pastoreio entre72% a 86% da forragem em boas condies
depastoreio.
Braga et al. (2007) concluram que medidaque houve aumento da
oferta de forragemapresentava-se como consequncia aumentocontnuo da
taxa de desaparecimento de forragem,ao contrrio da eficincia de
pastejo que decresceexponencialmente. Estes dados mostram
aimportncia do manejo sobre a eficincia decolheita. Para Hodgson
(1990), este responsvelpor 40 a 80% da produo animal em
pastagens.
Nesse sentido Cser et al. (1999) verificaramque as produes de
leite foram bastanteuniformes com um dia de pastoreio, pelo fato de
autilizao da forragem disponvel em um diaproporcionar uma qualidade
mdia uniforme,minimizando o pastoreio seletivo. As mudanasocorridas
na pastagem ao longo do perodo deocupao dos piquetes so
desfavorveis
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seleo da forragem preferida, uma vez que hreduo dos tamanhos dos
bocados, aumento dotempo de pastoreio e da taxa de bocados(BRNCIO
et al., 2003).
Em trabalho realizado por Lista et al. (2007),com diferentes
perodos de ocupao no pastoreiorotativo, observaram que ocorreu
aumento linearnos teores de lignina com o avano do perodo deocupao,
comprometendo a qualidade daforrageira pastoreada.
No h dvidas de que, o perodo de ocupaoinfluencia a produo
animal, e ocupaes nosuperiores a um dia fornecem as produes
maisaltas (KLAPP, 1986), j que assim evita-se maiorflutuao no valor
nutritivo da forragem entre oincio e o fim do pastoreio (CLIPES et
al., 2006).
Rendimentos mximosCumpridas as duas leis antes enunciadas, o
desempenho individual ser maximizado, desdeque se observe o
seguinte:
preciso ajudar os animais que tenham asmaiores necessidades
nutricionais,contribuindo para que tenham alta ingestovoluntria de
forragem em termos quantitativose qualitativos.
A qualidade da forragem varia entre diferentes
espcies, entre estdios vegetativos e estratos daplanta. As
partes superiores das folhas possuemmenor contedo de parede celular
e so, portanto,mais palatveis e digestveis.
Rgo (2001), estudando a densidade e acomposio qumica do
capim-tanznia, verificouque o teor de protena bruta (PB) foi maior
nosestratos superiores e a fibra em detergente neutro(FDN)4 nos
estratos inferiores. Para a autora,esses resultados ocorreram em
funo da maiorpresena de folhas e colmos, respectivamente,
nosestratos superiores e inferiores.
No Quadro 1, observam-se as diferenasqualitativas nos diferentes
estratos do Cynodonnlemfuensis, onde o estrato superior de
melhorvalor nutricional, favorecendo maior ingesto deforragem, pela
sua palatabilidade, refletindopositivamente na produo animal.
Os teores mais elevados de protenaencontrados, na frao folha em
relao ao colmo,reforam as afirmaes de Burns et al. (1989), emque o
manejo das forrageiras que permitam maiordisponibilidade da poro
lmina foliar necessrio para o maior desempenho animal empasto.
Nesse sentido, o manejo do pasto deve serdirecionado maior
contribuio da massa deforragem de folhas, pois a quantidade de
folhas na
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Quadro 1 Composio de diferentes estratos de pasto estrela
Cynodom nlemfuensis com 18 diasde repouso na vacaria 7 Nia bonita
Cuba, em 19 de junho de 1992.Fonte: Adaptado de Pinheiro Machado
(2010).Nota: Os nmeros entre parnteses correspondem ao feno de
alfafa, para efeito comparativo.
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pastagem, sobretudo na poro efetivamentepastoreada (estratos
superiores), socaractersticas importantes para aumentar oconsumo
animal, resultando em melhordesempenho animal. Tal fato pode ser
explicadopela melhor relao folha/colmo encontrada nosestratos
superiores das forrageiras, resultando emmelhor qualidade.
Em condies de pastoreio, o consumo influenciado pela
disponibilidade de forragem epela estrutura da vegetao como a
relaofolha/colmo (RODRIGUES et al., 2008). possvel,por meio do
manejo, modificar a estrutura dospastos visando otimizar a colheita
da forragempastoreada e, consequentemente, maximizar aproduo animal
pela criao de ambientes depastoreio mais favorveis (CARVALHO
&MORAES, 2005).
Matthews (2008) salienta que quanto maior aqualidade da
pastagem, maior ser o consumo poranimal. Vale ressaltar que o
consumo s sercontrolado pelo valor nutritivo da forragem se
aquantidade de forragem disponvel e a estrutura dodossel no forem
limitantes.
Por isso, o conhecimento da interao entreestrutura do dossel
forrageiro e comportamentoingestivo um passo fundamental, a fim de
que omanejo do pastoreio possa ser considerado dentrode uma
realidade de eventos fisiolgicos,baseados na forma e funo das
plantasforrageiras e na maneira pelas quais estasinfluenciam e
determinam o consumo de forragemde animais em pastoreio (REIS &
DA SILVA,2006). Para atender aos requerimentos nutricionaisvariveis
dos ruminantes, com o objetivo deaumentar-se a eficincia da produo
animal empasto, deve-se controlar e alocar, por meio domanejo, a
qualidade e a quantidade da forragemdisponvel (BLASER, 1994).
Pinheiro Machado Filho (2007) salienta quecom altas cargas
instantneas em PRV, os animais
passam de seletivos a vorazes, pelo aumento nacompetio
alimentar, mas sem alterar aproduo. Essa melhor qualidade da
forragem noPRV se deve a melhor relao folha/colmo queexiste no
momento em que a planta deve serpastoreada, onde h participao mais
expressivade folhas jovens e tenras, contribuindo para que asmesmas
tenham boa composio qumica e altadigestibilidade. Portanto, prticas
de manejo queprocuram manter maior proporo de lminasfoliares na
pastagem podem determinar aumentona qualidade nutritiva da forragem
e maiorconsumo voluntrio.
No PRV, logo que entram no piquete, osanimais estabelecem uma
estao de pastoreio,onde realizam a seleo interespecfica
(entreespcies forrageiras) e intraespecfica (dentro deuma espcie
forrageira). Assim, ao pastarestabelecem uma hierarquia da dieta,
priorizandoalgumas plantas e, dentre essas plantas as partesmais
novas, tenras e com mais folhas (PINHEIROMACHADO FILHO, 2007).
A conduo do pastoreio deve proporcionar aosanimais de maiores
necessidades (vacas emlactao, novilhos em terminao) essas
partesmais digestveis, permitindo que os mesmos faamo desnate da
pastagem, ou seja, consumamprincipalmente a ponta das folhas, onde
seencontram os maiores teores de PB. J para osanimais de menores
exigncias alimentares (vacasde descarte), os estratos inferiores da
forragemfornecem os requerimentos necessrios, podendoento se
realizar o repasse, consumindo aforragem por inteiro, mas sempre
atendendo asegunda lei.
Pinheiro Machado (2010) menciona ganhossuperiores a 1.400
g/cab/dia em machos e 1.250g/cab/dia em fmeas no desnate. Para
gadoleiteiro, o autor salienta que h registros superioresa 25 kg
leite/dia no desnate de pastagenstemperadas. Resultado semelhante
foi observado
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por Klapp (1986) que obteve produes de 19,4 kgleite/ha/dia para
as vacas que pastorearam oestrato superior e 13,8 kg leite/ha/dia
para asvacas que pastorearam o estrato inferior.
Em trabalho desenvolvido por Blaser et al.(1986) foram
observados resultados semelhantes,onde as melhores produes foram
obtidas no lotede desnate, com um ganho por animal de 40% ecom uma
produo de leite em torno de 35% emrelao aos animais de repasse.
Esse manejopermite maximizar a produo animal pela elevadacarga e
alto desempenho individual, tornandoassim, o manejo da pastagem
cada vez maiseficaz.
Rendimentos regulares necessrio que haja regularidade na
produo. Para isso, deve-se levar em conta:Para que um animal
possa dar rendimentos
regulares preciso que este no permaneapor mais de trs dias em um
mesmo piquete.Os rendimentos sero mximos, se o animalno permanecer
por mais de um dia no mesmopiquete.
De fato, um animal alcana o mximorendimento no primeiro dia de
pastoreio, e osrendimentos vo diminuindo medida que o tempode
permanncia em cada piquete aumenta(BLASER, 1994). Segundo Pinheiro
Machado(2010), os rendimentos vo diminuindo medidaque o tempo de
permanncia em cada piqueteaumenta, particularmente, em condies
tropicaise subtropicais.
Cser et al. (1999) observaram a forragem deum piquete de
capim-elefante em pastoreio durantevrios dias, e concluram que o
valor nutritivo daforragem mais alto no primeiro dia e mais baixono
ltimo de ocupao. Verifica-se que com oaumento no tempo de ocupao
dos piquetes,houve decrscimo linear nos teores proteicos e
nadigestibilidade da forrageira, pois medida que
aumenta a permanncia dos animais nos piquetesocorre queda no
valor nutritivo da pastagem,diminuindo a taxa de ingesto voluntria
deforragem, consequentemente havendo reflexosnegativos na produo
animal. Em contrapontoSilveira & Pinheiro Machado Filho
(2006)observaram que altas cargas instantneas,juntamente com tempos
muito curtos de ocupao(12 a 24 h), dos piquetes resultaram em
melhoraproveitamento da pastagem e maior produo demassa no rebrote
seguinte, mas sem alterar aproduo de leite.
Ponto timo de repousoO ponto timo de repouso (Foto 1) se refere
ao
estdio de crescimento a que a planta se encontrano momento ideal
para o corte, seja por meio daceifa ou pelo animal. Neste ponto, h
um conjuntode fatores favorveis para o uso da pastagem, emque se
tem bom desenvolvimento do sistemaradicular com reservas de (CNE)
suficientes paraum novo rebrote, sem que haja comprometimentoda
raiz. Em relao parte area da planta esta seencontra com um bom
ndice de rea foliar,composto por folhas jovens e tenras, colmos
no-lignificados, e ausncia de material senescente,favorecendo a
ingesto voluntria.
Pastos velhos e lignificados possuem menorvalor nutritivo, pelo
fato de diminuir os teores deprotena bruta e aumentar o contedo de
fibra medida que as plantas envelhecem, fazendo comque o animal
aumente o tempo de pastoreio,ocorrendo maior taxa de bocados e
diminuindo oconsumo voluntrio de forragem, afetando aprodutividade
do sistema.
Cndido et al. (2005) concluram que ascaractersticas morfognicas
e estruturais dasplantas forrageiras variaram em resposta
aosperodos de repouso, sendo as maiores respostasverificadas nas
variveis relacionadas ao processode alongamento de colmos, como a
taxa de
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alongamento das hastes e a relao folha/colmo.De acordo com os
mesmos autores, oprolongamento do perodo de repouso propiciou,com o
decorrer dos ciclos de pastoreio, odesenvolvimento de dossel mais
alto e maiorbiomassa de forragem verde, no incio do perodode
pastoreio, porm com proporo crescente decolmos, acarretando
acentuado comprometimentoda relao folha/colmo.
Alm deste inconveniente, ocorre tambm oaumento de perdas de
forragem pela senescncia.Em estudo com forrageiras tropicais,
CARNEVALLI(2003) observou que a mxima taxa de acmulolquido em
pastagens no sistema rotativo estavarelacionada ao ponto em que o
estdio dedesenvolvimento interceptava 95% da radiaoincidente.
Pastoreios iniciados com 95% de interceptaoluminosa pelo dossel
forrageiro resultaram emforragem com valores mais elevados de
protenabruta e digestibilidade, consequncia das maiorespropores de
folhas e menores propores dehastes e material morto na massa de
forragem em
pr-pastoreio (DA SILVA & NASCIMENTOJUNIOR, 2006). A partir
desse ponto, os autoresobservaram modificao na dinmica de produode
forragem caracterizada por elevao das taxasde senescncia e acmulo
de colmo e reduo nataxa de acmulo de lminas foliares.
Quando a planta forrageira atingiu o ndice deinterceptao
luminosa (IL) de 95%, obteve-se aoponto timo de repouso. Para
forrageiras de hbitorasteiro, esta condio ocorre com o incio
dasenescncia das folhas basais, enquanto paraplantas de hbito ereto
este momento coincidecom dobramento das folhas pelo prprio
peso.
Segundo Parsons et al. (1988), para otimizar aproduo de
forragem, em pastoreio rotativo, osestudos sobre manejo devem estar
centrados emencontrar o ponto timo entre a necessidade daplanta
forrageira de conservar rea foliar parafotossntese e a prerrogativa
fundamental deremover esse tecido antes de sua senescncia,para a
manuteno da produo animal. Alm, doefeito direto da intensidade da
desfolha sobre acapacidade fotossinttica do rebrote necessrio
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Foto 1: No primeiro plano piquete em rebrota; ao fundo direita,
piquete logo aps a sada dosanimais; ao fundo esquerda, piquete em
ponto timo de repouso.Fonte: Ccero Berton (2003).
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tambm considerar o seu efeito sobre a taxa deperdas por
senescncia. Quanto mais intensa adesfolha, menor a quantidade de
folhas velhasremanescentes e maior a renovao.
O consumo de matria seca das pastagens estdiretamente ligado ao
desempenho dos animais,porque determina a quantidade de
nutrientesingeridos, os quais so necessrios para atenders exigncias
de manuteno e produoanimal.
A qualidade da forragem em pastoreio est emcontnua mudana, fruto
da dinmica decrescimento e senescncia dos componentesmorfolgicos do
pasto (folhas, hastes etc.), bemcomo de sua composio qumica e
fenologia(CARVALHO et al., 2005). A elevao da altura dodossel
compromete o consumo, em virtude damenor proporo de folhas em suas
camadassuperiores, reduzindo o tamanho do bocado.
Segundo Cano et al. (2004), em pastos maisaltos, h manuteno de
folhas em fase dematurao. Isso evidenciado pelo aumento deFDN e FDA
e reduo da Digestibilidade in vitro damatria seca na frao lmina com
a maior alturado dossel.
A qualidade da forragem pode variar em funodo estdio de
desenvolvimento da planta emdecorrncia de alteraes na composio
qumica,digestibilidade e estrutura da vegetao os quaistm influncia
direta no consumo dos animais empastoreio (REIS & DA SILVA,
2006).
Assim, quanto maior a digestibilidade do pasto(e menor o teor de
fibra bruta), maior ser aingesto em matria seca, visto que
pastagenscom menor teor de fibra tm maior densidadealimentar. Quer
dizer, para um mesmo volume oanimal estar ingerindo mais matria
seca(PINHEIRO MACHADO FILHO, 2007). Portanto,no PRV possvel
compatibilizar adequada ofertade pasto em termos quantitativos e
qualitativos,ocorrendo a otimizao da colheita do pasto pelo
animal, maximizando a produtividade do sistema.
A arte de saber saltarRefere-se habilidade do humano, que
comanda o pastoreio, ou seja, o pastor, paraidentificar,
escolher e utilizar os piquetes quetenham alcanado o ponto timo de
repouso,independentemente de sua localizao napastagem.
Este conhecimento gera a conscincia e anecessidade de se aceitar
perodos de repousovariveis, de forma que o ritmo de crescimento
dasplantas determine a natureza das aes demanejo empregadas.
Estratgias de manejodefinidas desta forma respeitam o equilbrio
entreprocessos de crescimento e desenvolvimento dasplantas
forrageiras, de acordo com a condio deutilizao e produo.
Para se cumprir fielmente as leis do PRV, osanimais devero sair
de um piquete j utilizado,para um outro que esteja no seu ponto
timo derepouso, independentemente da distncia que oanimal deva
percorrer, dando assim rea ondese maneja os animais um formato
semelhante aum tabuleiro de xadrez. S assim o animalmanter alto
nvel de ingesto voluntria deforragem em quantidade e qualidade.
A arte de saber saltar, somada ao rigorosorespeito aos tempos
variveis de repouso eocupao, o fundamento para se obter
altasprodutividades e a perenidade das pastagens(PINHEIRO MACHADO,
2010). oportunosalientar que esta uma das ferramentas
maisimportantes para o manejo racional das pastagens,pois por meio
dela que o piquete utilizadoquando este se encontra em seu estdio
dedesenvolvimento adequado, ou seja, existe boaproduo de biomassa
rea, sistema radicularbem desenvolvido, e, valor nutritivo da
forrageira,capaz de atender aos requerimentos nutricionaisdos
animais em pastoreio.
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Consideraes finaisA produo animal nos ltimos anos vem
demonstrando a sua fragilidade econseqentemente o seu fracasso
em termosambientais e econmicos, uma vez que o ambienteesta cada
vez mais degradado e os produtoresencontram-se endividados e
descapitalizados, ouseja, a cincia convencional caminha no
sentidooposto da preservao e da sustentabilidade.Diante deste
quadro necessrio que sedesenvolvam alternativas viveis, que
permitamaos agricultores uma sada digna e de formasustentvel.
Notas1 Ponto timo de Repouso Voisin (1974)chamou de ponto timo
de repouso da pastagem,quando esta se encontrava no momento de
serpastoreada e cuja identificao para a entrada dogado um
fundamento bsico do manejo racionaldos pastos. A planta, ao longo
da curva sigmoide,no tem apenas mudanas quantitativas, mastambm
qualitativas, que interferem na produo.2 Forragem disponvel poro da
massa deforragem, expressa como peso ou massa porunidade de rea,
que est acessvel para oconsumo dos animais (PEDREIRA, 2002).3 Carga
instantnea relao entre o nmero deanimais ou de unidades animais
(UA) e a rea daunidade de manejo por eles ocupada, medida numponto
especfico do tempo (portanto, uma medidainstantnea). Tambm chamada
de lotaoinstantnea (PEDREIRA, 2002).4 FDN fibra em detergente
neutro e FDA fibraem detergente cido so mtodos laboratoriais
queconsistem no fracionamento dos componentesfibrosos da
forragem.
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