passear sente a natureza by Nº.10 . Ano I . 2012 Ericeira – S. Lourenço – Ericeira Uma CAMINHADA de contrastes Destino Cidades e vilas medievais Crónicas do Gerês Leitura deturpada da Portaria Ecovia Lisboa a Badajoz AS VIVÊNCIAS DE FRANCISCO MORAIS Ligação Angola a Moçambique A aventura em BTT de PEDRO FONTES edição digital
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passearsente a natureza
byNº.10 . Ano I . 2012
Ericeira – S. Lourenço – EriceiraUma CAMINHADA de contrastes
Destino
Cidades e vilas medievais Crónicas do Gerês
Leitura deturpada da Portaria
Ecovia Lisboa a BadajozAS VIVÊNCIAS DE FRANCISCO MORAIS
Ligação Angola a MoçambiqueA aventura em BTT de PEDRO FONTES
edição digital
Registada na Entidade Reguladorapara a Comunicação Socialsob o nº. 125 987
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Capa Fotografia Ericeira(pág.38)
Praceta Mato da Cruz, 182655-355 Ericeira - PortugalCorrespondência - P. O. Box 242656-909 Ericeira - PortugalTel. +351 261 867 063www.lobodomar.net
Director Vasco Melo GonçalvesEditor Lobo do MarResponsável editorial Vasco Melo GonçalvesColaboradores Catarina Gonçalves, Luisa Gonçalves....
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2012, um ano que promete!2012 é um ano fundamental para o projeto editorial da revista Passear e precisamos da ajuda / colaboração de todos os nossos leitores. Para continuarmos esta nossa “caminhada” vamos ter que passar a vender a edição através de assinatura ou venda individual. O valor da assinatura é de 12 euros o que significa que cada número custa apenas 1 euro! Esperamos ter a vossa colaboração.Em Fevereiro vamos estar presentes na Nauticampo (8 a 12 de Fevereiro) com um stand e vamos organizar uma palestra subordinada ao tema: As atividades de ar livre como potenciadoras de negócios e como saída profissional. A palestra decorrerá no dia 11 de Fevereiro e contamos com a vossa presença.Nesta edição gostaria de destacar alguns temas: a Ecovia, que liga Lisboa a Badajoz, já desperta o interesse dos portugueses e Francisco Morais conversa com o Paulo Guerra dos Santos (responsável do Projeto Ecovias de Portugal) sobre as suas vivências; Pedro Fontes teve a ideia de ligar Angola a Moçambique de bicicleta, sem muita preparação partiu à aventura… e por fim, apresentamos o projeto Rede de Cidades e Vilas Medievais.
Sumário04 ASSINATURA PASSEAR06 Destino: Cidades e Vilas Medievais16 Crónicas do Gerês20 Ecovia Lisboa a Badajoz30 Ligação Angola a Moçambique38 Caminhada Ericeira - S.Lourenço50 Passear Jardim da Estrela58 Canoagem
ra Temos um Passado mas vamos caminhar juntos rumo ao Futuro!
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gratuita
passearsente a natureza
byNº. 2 . Ano I . 2011
Destino Geoparque de Porto Santo
Rumo a CuencaCrónica de viagens
EquipamentoGPS Oregon 450
Gama Stormproof™ Camera PouchTenda Specula Alpine da Vaude
Ericeira – S. Lourenço – EriceiraUma CAMINHADA de contrastes
DestinoCidades e vilas medievais
Crónicas do GerêsLeitura deturpada da Portaria
Ecovia Lisboa a BadajozAS VIVÊNCIAS DE FRANCISCO MORAIS
Ligação Angola a MoçambiqueA aventura em BTT de PEDRO FONTES
edição digital
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REDE DE CIDADES E VILAS MEDIEVAIS
Destinos para sentir a históriaA MARCA DA ÉPOCA MEDIEVAL UNE DOZE MUNICÍPIOS DA PENÍNSULA IBÉRICA,
CUJAS RUAS, ARQUITETURAS E SABORES TRANSPORTAM O VISITANTE A OUTRAS
ÉPOCAS.
Cada passo percorrido é um século de
história visitado. Cada prato degustado
é o resultado de prolongadas heranças.
Cada aroma sentido é uma consequên-
cia das antigas tradições e heterogéneas
paisagens naturais. Assim é a experiencia
que vivem os visitantes da Rede de Ci-
dades e Vilas Medievais, uma aliança en-
tre doze localidades da Península Ibérica
com um denominador comum: a marca da
época Medieval no seu património. E, ainda
assim, todas diferentes, cada uma com os
traços que as tornam genuínas.
Salpicando de História a Península Ibérica,
de Norte a Sudoeste, a Rede de Cidades
e Vilas Medievais apresenta-se ante o visi-
tante como um cúmulo de sensações de
outros tempos. Doze municípios unem-
Marvão
REDE DE CIDADES E VILAS MEDIEVAIS
Destinos para sentir a história7
se para promover e difundir a herança
histórica que lhes deixou a Idade Média
e que perdurou até ao século XXI através
das tradições, arquitetura, literatura e
gastronomia. Uma aliança que reúne lo-
calidades de Guipúscoa, Araba/Álava,
Navarra, Saragoça, Sória, Segóvia, Gua-
dalajara, Toledo, Cáceres, Badajoz e do
Alentejo, nomeadamente Marvão e Vila
Viçosa… E é precisamente esta variedade
de localização que lhes confere a cada
uma um valor de diferenciação, poten-
ciando os seus atributos com a influência
regional.
Caminhos empedrados são o cenário idí-
lico para uma fotografia familiar. Sabores
intensos que multiplicam as emoções de
uma viagem a dois. Locais naturais que
pedem para ser explorados por aventurei-
ros. Arquiteturas protagonistas de muitas
páginas da História que hoje encerram
silêncios, perfeitos para os visitantes soli-
tários. Assim é a oferta turística dos doze
destinos que compõem a Rede de Cidades
e Vilas Medievais: Hondarribia, Laguar-
dia, Estella-Lizarra, Sos del Rey Católico,
Almazán, Sigüenza, Pedraza, Consuegra,
Coria, Olivenza, Vila Viçosa e Marvão.
Doze joias para conhecerSituada na foz do Rio Bidasoa, a Noroeste
de Guipúscoa, levanta-se Hondarribia. Esta
localidade conta com um rico património
artístico e cultural. O seu centro histórico
Sigüenza Castillo baja
foi declarado Conjunto Monumental,
conservando grande parte das mura-
lhas e baluartes que a fortificavam. O
Castelo de Carlos V, hoje reconstruído
e transformado em Parador Nacional,
a Igreja de Santa María de la Asunción
y del Manzano ou a Ermita de Guada-
lupe são algumas das heranças que a
passagem da História deixou nesta lo-
calidade. Hondarribia é, hoje em dia, a
única cidade de Guipúscoa que ainda
conserva as suas muralhas.
A cultura vitivinícola inunda cada metro
quadrado de Laguardia, vila medieval
em pleno coração da Rioja Alavesa. As
suas inúmeras adegas combinam-se
com o sabor medieval de lugares com
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dest
ino
interesse histórico, como as cinco portas de
acesso da muralha, a Igreja de Santa María
de los Reyes – cuja fachada gótica conserva
um dos poucos pórticos policromados de Es-
panha -, a Plaza Mayor ou a casa natal do
fabulista Félix María Samaniego. Seguindo
a muralha pelo exterior, pode-se rodear a
localidade caminhando pelos seus passeios:
o Collado, os Sietes, a Barbacana, o Paseo
de la Cigüeña e a Plaza Nueva. Lugares que
permitem deixar fluir a imaginação e con-
templar as vinhas da região
A cultura antiga é uma das apostas da
oferta de Estella-Lizarra, levantada na zona
oeste de Navarra. Comprovado pelas suas
já tradicionais Semana de Estudos Medie-
vais, Semana de Música Antiga, e Semana
Hondarribia CASCO HISTORICO
9
Estella-Lizarra SAN PEDRO ILUMINADO
10
dest
ino
Sefardí, encontros que se desenvolvem
nesta cidade repleta de monumentos re-
ligiosos e imponentes arquiteturas civis,
como o Castelo Mayor, o Palácio de los
Reyes de Navarra, o Palácio de Justiça ou
o Parque de las Calaveras. O seu nasci-
mento remonta a 1090, mas o auge da
cidade produziu-se no século XII. Uma
grande efervescência construtiva dotou a
localidade de uma fisionomia urbana que,
em parte, hoje ainda se mantém. A cidade
possui igrejas, como a de San Pedro de la
Rúa, San Miguel, San Juan e ainda hos-
pitais atendidos por Confrarias que dão
a entender a importância que tem a pre-
sença de peregrinos. Cidade-caminho, em
pouco tempo transformou-se em escala
da peregrinação compostelana.
Sos del Rey Católico
A Aragonesa Sierra de la Peña é o cenário
onde se encontra Sos del Rey Católico,
vila declarada como Bem de Interesse Cul-
tural. Esta localidade é já de si um mon-
umento, com as suas casas de pedra de
alvenaria, beirais, portais com aduelas e
escudos, janelas góticas e renascentistas…
Elementos que a convertem num conjunto
pitoresco. Ainda que historicamente a lo-
calidade sempre se denominou “Sos”, nos
inícios do século XX a Câmara Municipal
solicitou à monarquia a alteração para
“Sos del Rey Católico”, como homenagem
a Dom Fernando II de Aragón, que nasceu
nesta vila, tendo obtido a autorização por
parte do Rei Alfonso XIII, segundo uma
Real Ordem de 9 de Janeiro de 1925.
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Sos del Rey Católico
Coria CONJUNTO MONUMENTAL CORIA media
12
dest
ino Almazán, cidade do século XII situada no
topo de uma colina e rodeada de uma
belíssima paisagem: cerca de 6000 hec-
tares de massa florestal e o rio Douro, que
passa próximo das suas muralhas. Sendo
cidade fronteiriça, constituiu um podero-
so concelho que erigiu uma potente cerca
amuralhada com quatro portas maiores.
Semelhantes recursos constituem hoje em
dia uma das principais atrações da zona,
devido à grande quantidade de possibi-
lidades que oferece ao nível do turismo
ativo.
A Sierra Norte da província de Guadala-
jara alberga a cidade de Sigüenza, com a
sua imponente Catedral de Santa María
ou Fortis Seguntina, assim conhecida pela
sua estrutura de fortaleza. Uma cidade,
onde a gastronomia assume um papel
protagonista – destacam-se os guisados
à base de caça, a truta em escabeche, o
cordeiro e cabrito e a doçaria conventu-
al -, bem como o artesanato, de caráter
familiar e tradicional (botas e tapetes).
Sigüenza é uma cidade situada estrate-
gicamente para controlar a passagem do
alto Henares e os vales dos rios Dulce e
Salado. Esta é a razão pela qual estava já
povoada desde a época do Paleolítico e
Neolítico. Os antecedentes históricos mais
antigos situam-se no Cerro de Villavieja ou
Mirón, onde estiveram os Celtiberos. Os
Romanos preferiram a Vega del Henares
e procuraram um ponto estratégico num
cruzamento da calçada Emérita Augusta
Laguardia
Almazan
Laguardia
que atravessava estas terras ligando Mé-
rida a Saragoça. Os Visigodos levantaram
a sua cidadela no século V sobre os restos
das ruínas romanas e no ano 712 seriam
os muçulmanos quem construiriam neste
mesmo lugar a sua alcáçova: aqui vive-
ram até ao século XII. Bernardo de Agen,
monge e soldado cisterciense de Cluny, é
nomeado bispo de Sigüenza em 1121, com
a obrigação urgente de conquistar a cidade
e restaurar a diocese. Após algumas bata-
lhas, Bernardo de Agen conquista a cidade
no dia 22 de Janeiro de 1124, dia de São
Vicente, dando assim início à sua história
medieval.
Pedraza encontra-se a mais de mil metros
de altura, na Serra de Guadarrama… uma
paisagem com numerosas espécies flo-
restais e plantas aromáticas. Passear e
fazer algumas compras, rodeado de pa-
lácios e casas nobres, sempre sob o seu
imponente castelo, é um excelente mo-
tivo para o visitante. Em Julho é cenário
do Concerto das Velas, uma festa que se
celebra com a vila iluminada com 40.000
velas. O pulso vital recuperado por Pe-
draza é um mérito reconhecido pela
fundação internacional Europa Nostra,
que em 1996 concedeu à localidade um
diploma “pela recuperação da vida desta
vila Medieval, mediante uma respeitosa
reabilitação dos seus antigos edifícios,
com a frequente colaboração de inicia-
tivas privadas”.
Nas proximidades dos Montes de Toledo
Consuegra conta com doze moinhos
13
Pedraza plaza baja
originais do século XVI, mostra da essên-
cia manchega da localidade. Além disso, o
Castelo Medieval de origem árabe, várias
igrejas e monumentos, bem como edifícios
civis de interesse histórico, completam o
património desta vila medieval. Encontro
imperdível é a Batalha Medieval, cada 15
de Agosto, onde se recria o ataque no qual
morreu o filho de El Cid em 1097, Conhe-
cer Consuegra é realizar uma viagem desde
a antiga Consaburum romana, à Consocra
medieval, sede do Grande Priorato de San
Juan de Jerusalém, terra do último cavaleiro
medieval: Don Quixote e com o abundante
cheiro a açafrão.
Os passeios por Coria, nas Vegas del Alagón,
seguem os passos dos vetões, romanos, go-
dos, árabes, judeus e cristãos. As mural-
has romanas, o Castelo dos Duques de
Alba – do Século XV – a Catedral Góti-
co-Plateresca e o Convento de la Madre
de Dios é apenas uma pequena amostra
da herança deixada ao longo dos sécu-
los nesta localidade. Uma região históri-
ca, rodeada de azinheiras, que foi de-
clarada Bem de Interesse Cultural com a
categoria de Conjunto Histórico.
Descendendo até Badajoz encontramos
Olivenza, fundada pelos templários no
Século XIII, foi o último território a in-
corporar-se a Espanha, no ano de 1801.
A sua riqueza monumental provém, na
sua maioria, da etapa de domínio por-
tuguês, destacando-se as suas muralhas
14
dest
ino Consuegra - Paisagem
medievais, a imponente Torre da Homenagem do Alcázar e Palácio del Ayuntamiento.
Nas suas redondezas são visíveis as amostras do património etnográfico, como choças
de pastores, casas de lavradores ou moinhos de vento. Os seus monumentos históricos,
património culinário e folclore, com muitas conotações fronteiriças, conjugam-se com
a riqueza dos seus pastos para gerar uma paisagem única na Extremadura.
Já em Portugal, Vila Viçosa é um catálogo de atrações arquitetónicas em pleno Alente-
jo. Igrejas, ermitas, conventos, o seu Castelo e o Palácio Ducal, entre outros exemplos,
concentram-se numa vila de apenas 5.400 habitantes. O bom vinho da região será o
acompanhamento perfeito para suculentos pratos como a sopa de cação ou migas
alentejanas.
Altiva e inexpugnável encontramos também a portuguesa vila de Marvão, sobre uma
montanha de granito no Alto Alentejo. Rodeada de guaritas, baluartes e precipícios,
tanto a vila como a sua região envolvente estão incluídos na lista de candidatos a
Património da Humanidade. No exterior das muralhas, destaca-se o convento gótico de
Nossa Senhora da Estrela, além dos antigos Paços do Concelho, a Prisão e a Torre do
Relógio no interior.
Em resumo, a Rede de Cidades e Vilas Medievais oferece ao visitante uma série de
atrações que respondem ao crescimento exponencial que, tanto Espanha como Portu-
gal estão a experimentar a nível de turismo cultural, rural, ativo e gastronómico. Doze
tesouros medievais onde é inevitável viver e sentir a História.
15
Villa Vicosa Fachada Castelo
16
Crónicas do GerêsPrecisam-se pessoas de
excelência e com formação!
17
Todos nós sabemos que as aTividades ao ar livre e em especial as aTividades na monTanha nos proporcionam momenTos únicos de conTacTo com a naTureza e de descoberTa de nós próprios. as sensações aqui obTidas ulTrapassam por vezes a compreen-são daqueles que não Têm por hábiTo caminhar livremenTe nos seus Tempos livres e são uma oporTunidade de es-cape do sTress que a vida urbana e cosmopoliTa nos impõe ao longo da semana.
Texto e fotografia: Rui Barbosa
Assim, muitos de nós procuram os grandes
espaços e a imensidão dos vales, o verde
das florestas e as alturas dos picos serranos
como os momentos de descompressão de
um dia-a-dia que nos faz quebra a ligação
secular à terra e à Natureza.
O caminhar, ou os outros desportos de
«aventura» devem ser em si atividades que
nos façam recordar essa ligação e que nos
proporcionem momentos de paz e de re-
laxação. Muitos de nós procuram as áreas
protegidas nacionais para concretizar este
objetivo natural de procurar esta ligação e
certamente que não esperamos que nos
imponham custos absurdos e sem sentido
para podermos usufruir desses momen-
tos, se bem que teremos de aceitar que
a proteção da Natureza e integração res-
ponsável na Natureza sejam imperativos
dos quais não se deve abrir mão.
Assim, na gestão ambiental é aceite que
as estratégias de gestão mais rígidas
(introdução de regulamentação, zona-
mento, etc.) apenas serão eficazes se
forem complementadas por técnicas
de gestão mais flexíveis, pois só as mu-
danças de comportamento dos visi-
tantes asseguram bons resultados. São
muitos os autores que defendem que
os impactos negativos provocados por
comportamentos inadequados dos visi-
tantes decorrem da falta de consciên-
cia relativamente ao valor dos recur-
sos e aos cuidados necessários para os
preservar e, como tal, defendem que é
pela consciencialização dos visitantes e
pela alteração dos seus comportamen-
tos que melhor se pode defender os re-
cursos naturais.
Em 2009 a publicação da Portaria 1245,
de 13 de Outubro, suscitou enorme
controvérsia tendo sido fortemente
contestada a vários níveis pois daquele
texto constava o pagamento de uma
taxa de €200,00 para as declarações,
pareceres, informações ou autorizações
de atividades de visitação dentro das
áreas protegidas. Após vigorosa con-
testação pública em virtude do modo
como tratava várias matérias sensíveis,
sobretudo em relação aos interesses
das populações locais, esta portaria
viria a ser revogada em virtude das
dúvidas e equívocos suscitados, tendo
sido estes, inclusive, merecedores do
reconhecimento público da então Min-
istra do Ambiente e do Ordenamento
do Território, Dra. Dulce Pássaro, como
18
“…um grupo superior
a dez pessoas, para
atravessar esta zona
a pé pela estrada
seria cobrado uma
taxa de €152,00…”
melhor consta no preâmbulo da Portaria
138-A/2010 onde era referido que “a
interpretação que tem vindo a ser re-
alizada da mencionada Portaria não se
revela conforme o espírito que presidiu
à sua elaboração”. A suspensão da por-
taria 1245/2009 equivaleu ao reconheci-
mento da validade dos argumentos que
serviam de base à sua contestação.
A 4 de Março de 2010 é publicada a Por-
taria 138-A cuja interpretação inicial por
alguns dos serviços do ICNB, IP ia no sen-
tido da desobrigação do requerente da
visita do pagamento prévio de qualquer
taxa, aliás tal como
consta do seu preâm-
bulo.
Numa leitura total-
mente deturpada da
mesma portaria os
serviços do ICNB, IP in-
vertem por completo o
seu sentido ao incluir a
visitação num campo dúbio de “outros
serviços não previstos”, contemplado
no Ponto VI da tabela que está inclusa à
referida Portaria. A conjugação desta in-
terpretação da portaria com estabeleci-
do no Plano de Ordenamento do Parque
Nacional da Peneda-Gerês (POPNPG)
– somente para citar a área protegida
mais importante do território português,
evidenciou a perversidades criadas cujo
exemplo seguinte é um caso académico:
a estrada nacional 308-1, entre a Por-
tela de Leonte e a Portela do Homem,
atravessa a Área de Ambiente Natural es-
tabelecida no POPNPG. Na zona de maior
proteção está classificada como Zona de
Proteção Parcial do Tipo I e atividade hu-
mana é permitida para fins de visitação
em trilhos, estradas, caminhos existentes
ou outros locais autorizados.
No entanto, as atividades organizadas ou
realizadas por grupos superiores a dez
pessoas e não previstas em carta de des-
porto de natureza estão sujeitas a autori-
zação do ICNB, IP. De onde se conclui que,
a um grupo superior a dez pessoas, para
atravessar esta zona a pé pela estrada se-
ria cobrado uma taxa
de €152,00, acrescida
das atualizações anu-
ais. Em viaturas, o mes-
mo grupo, ou até um
grupo superior, poderia
fazer esta travessia sem
qualquer taxa exceto no
curto período em que é
cobrada uma taxa de 1,5€ por viatura (ida
e volta).
A conjugação dos planos de ordena-
mento das áreas protegidas com a por-
taria agora em vigor evidencia uma falta
de conhecimento profunda por parte de
quem tutela ou regulamenta este tipo de
atividades e não pode ser admissível. Por
outro lado, a inexplicável necessidade de
regulamentar e de se executar um pro-
cesso pouco claro, pode criar situações
deveras complicadas para aqueles que
somente pretendem tirar partido daquilo
19
que a Natureza de melhor nos pode proporcionar.
Não se pretende alterar planos de ordenamento, pretende-se sim, aliás exige-se, pes-
soas de excelência e com a formação suficiente que sejam capazes de conciliar a pro-
teção do nosso património natural e ambiental com a simples desfrutar do prazer de
caminhar e de contemplação dos grandes espaços de uma forma ordenada e respon-
sável por parte de quem o pretenda.
20
DESTINO – A ECOVIA
De Lisboa a Badajoz em bicicleta
UMA VIAGEM DE DESCOBERTA TRANSVERSAL DO PAÍS, NUMA ESPÉCIE DE TOMOGRAFIA AXIAL COMPUTORIZADA “TAC” DAS CIDADES, DAS VILAS, DOS CAMPOS E DOS SEUS INTERVENIENTES.Texto: Paulo Guerra dos Santos / Projeto Ecovias Portugal Fotografia: Francisco Morais
Entr
e M
ora
e A
vis,
no
Ale
ntej
o
21
Tem 39 anos, é arquiteto de profissão e já
o chamam de herói no local de trabalho.
Em apenas 4 dias, Francisco Morais per-
correu com a sua bicicleta os mais de 330
quilómetros que ligam a capital portu-
guesa a Badajoz, no outro lado da fron-
teira. Arrancou do Montijo e escolheu
Coruche, Mora e Estremoz como pontos
de descanso nesta viagem por trilhos,
caminhos e estradas secundárias de Por-
tugal.
Ex-militar, treinado para situações de
stress físico e psíquico, nem a curta du-
ração dos dias de Inverno o demoveu de
pedalar sozinho.
Viajou a solo e apesar de ter optado pelo
conforto dos quartos de hotel e das re-
feições quentes, a sua autonomia era
total. Equipado a rigor transportou no
atrelado uma tenda e até um mini-fogão
de sobrevivência, construído por si. Com
o computador Magalhães 2 e o acesso à
banda larga móvel comunicava todas as
noites com a esposa e o filho.
Num relato invejável, deixou-nos o seu
testemunho.
Vila de Sousel, no Alentejo
22
Ecovias de Portugal (EP):Como surgiu a
ideia de fazer uma viagem turística em
bicicleta?
Francisco Morais (FM): Viajar em bicicleta
era um desafio pessoal que me propu-
nha há já algum tempo. Tenho viajado
de carro e a pé por vários países, em
atividades de média e alta montanha,
mas quando viajamos de bicicleta parece
que o tempo se prolonga e o espaço per-
corrido é vivido com muito mais inten-
sidade. A descoberta recente da Ecovia
Lisboa-Badajoz, que liga a nossa capital
por caminhos secundários a Espanha, foi
a alavanca que faltava para avançar com
esta ideia. E de certa forma ao alcançar-
mos Espanha ficamos com a sensação
que França e o resto da Europa estão já
ali à distância dos nossos pedais. Foi a
primeira vez que fiz uma ligação inter-
nacional em bicicleta.
VIAJEI A SOLO E EM AUTONOMIA TOTAL
EP: Porquê viajar sozinho?
FM: Viajei a solo e em autonomia total
para o caso de ser necessário. Mas a ideia
era sermos um grupo de três ou quatro,
todos na vertente da BTT de competição
e lazer. O objetivo era proporcionarmo-
nos umas mini férias em jeito de passeio/
treino com algum ritmo na pedalada,
distribuir o equipamento logístico e cum-
prir os mais de 330km em três dias. No
entanto as condições climatéricas adver-
sas nos dias programados acabaram por
adiar a viagem. Quando finalmente uma
janela de bom tempo surgiu no fim de se-
mana de 4,5 e 6 de Novembro apenas eu
estava disponível para arrancar e acabei por
fazê-lo sozinho, munido de GPS e com toda
a carga que me proporcionasse o melhor
conforto.
EP: Qual o grau de preparação física que
fizeste para esta viagem?
FM: Sendo esta viagem acessível a quase
todos, não exige nenhuma preparação físi-
ca em particular. Basta ter alguns hábitos
utilitários em bicicleta, conhecimentos bási-
cos de mecânica e espírito de aventura. Ao
contrário das provas de BTT onde se procu-
ra sobretudo bater tempos, neste tipo de
passeio viajamos com calma, conhecemos,
aprendemos e comunicamos. Este percur-
so, apesar de ter sido concebido para ser
feito em 7 dias, eu completei-o em apenas
4. Mas sem dúvida alguma que em grupo
seria bem mais divertido e com uma média
de 50 km por dia nem se dá pela distância
a passar …
EP: Quais os maiores receios no que toca a
segurança pessoal e risco rodoviário?
FM: Em bicicleta é sempre muito impor-
tante refletir sobre o capítulo da segurança
pessoal e material. Viajar acompanhado é
certamente a melhor recomendação que se
pode fazer nomeadamente quando percor-
remos ou paramos em grandes zonas ur-
banas, mas não foi o caso. Materialmente,
ter o simples hábito de utilizar um cadeado
23
é o suficiente para ganhar algum conforto
psicológico mesmo nas paragens rápidas.
Outro truque é limitar ou tornar menos
aparente a utilização de tecnologia topo de
gama ou bens materiais avultados. No en-
tanto, é de salientar que depois de sair da
Grande Lisboa, insegurança parecia ser um
mito urbano. Do ponto de vista rodoviário e
na partilha dos percursos com veículos mo-
torizados, é de lembrar as noções do código
da estrada e de compreender que em última
instância o ciclista é sempre o elo mais fraco.
O APARATO CAPTAVA DE TAL FORMA A AT-
ENÇÃO DAS POPULAÇÕES LOCAIS QUE O CHE-
GARAM A BATIZAR COM O NOME DE “GIN-
GARELHO”!
Her
dade
da
Ago
lada
de
Cim
a, C
oruc
he, n
o Ri
bate
jo
Rio Caia, fronteira Portugal/Espanha, próximo de Badajoz
EP: O que foi necessário levar para esta
viagem e como o transportaste?
FM: Levei uma muda diária de roupa de
viagem, um impermeável, um par de sa-
patilhas extra, roupa confortável para a
noite, luvas e gorro impermeáveis, estojo
de primeiros socorros, saco-cama, manta
térmica, acessórios e estojo de mecânica,
estojo de higiene, luzes e pilhas, portátil
e internet. Tudo transportado num re-
boque fixo ao eixo traseiro, numa espécie
de veículo longo em bicicleta. O aparato
captava de tal forma a atenção das pop-
ulações locais que o chegaram a batizar
com o nome de “gingarelho”!
EP: Como planeaste toda a logística asso-
ciada à viagem e aos pontos de paragem?
FM: O guia/roteiro disponibilizado na pá-
gina das Ecovias de Portugal* contém
informação e contactos suficientes para
programar esta logística. Em pleno Ou-
tono e com etapas longas a realizar, uma
boa noite de descanso era fundamental.
O procedimento foi simples: depois de
prévia análise da distância e altimetria da
cada etapa a dormida seria determinada
a meio da mesma. Para isso, ao longo do
dia ia atendendo a variáveis como o clima,
o tempo de progressão, a hora prevista de
chegada e então comunicaria com a esta-
lagem, pensão ou parque de campismo
no local de destino. Inicialmente pensei
dormir uma ou duas noites na tenda mas
acabei por me render ao conforto de uma
hospedagem a preço acessível.
Quanto à alimentação também foi muito
simples. Embora tenha levado um par de
latas e outras iguarias de reserva, bastou
utilizar a restauração indicada nos pontos
previamente marcados no trilho de GPS*
ou referenciados no roteiro turístico. Du-
rante o dia a alimentação era propositad-
amente à base de frutos secos, fruta fres-
ca que comprava pelo caminho e sopa
quente pela hora do almoço. Tudo sem-
pre acompanhado com muitos líquidos.
À noite procurava uma refeição completa
e dois dedos de conversa na restauração
local.
“GRANDE MALUCO!”, “TU ÉS DOIDO, NÃO
TENS JUÍZO!”, “…E SOZINHO?”. FORAM ES-
TAS ALGUMAS DAS EXPRESSÕES DITADAS
POR AMIGOS E FAMILIARES
EP: Qual foi a reação das pessoas que
te são mais próximas ao saberem desta
aventura?
FM: Foi assim: “Grande Maluco!”, “Tu és
doido, não tens juízo!”, “…e sozinho?”.
Foram estas algumas das expressões dita-
das por amigos e familiares, no trabalho
e em casa. Mas uma pontinha de inveja
graciosa percebia-se. Afinal, não passa
de um passeio em bicicleta até Badajoz.
EP: Descreve-nos as diferentes paisagens
por onde passaste nestes 4 dias de peda-
ladas.
FM: Neste percurso, feito no sentido
Lisboa-Badajoz, deu para perceber três
24
níveis de paisagem: a urbana/peri-urba-
na, a natural e a paisagem rural/agrícola.
Nas etapas de Montijo-Pegões-Coruche
sentimos os impactes desordenados no
urbanismo em grande parte devido às
atividades abastecedoras da grande Lis-
boa. É uma parte do percurso essencial-
mente para rolar e que só se começa a
naturalizar com a aproximação à vila de
Coruche.
A paisagem natural foi aparecendo de
forma gradual à medida que pedalava ao
longo do rio Sorraia até Mora. Um dos
pontos altos é a vista para a barragem
do Maranhão, a caminho de Avis. Mais
à frente, já em pleno Alto Alentejo a
caminho de Estremoz e de Elvas, passa-
mos por grandes planaltos rurais ornamen-
tados pelas cores e tons da época e com
vasta atividade agrícola e de pastoreio. Pa-
rar e olhar é obrigatório e o uso da máqui-
na fotográfica recomenda-se.
A chegada a Badajoz remete-nos nova-
mente ao ambiente urbano, quase em jeito
de receção ao nosso ambiente normal de
grande cidade. Porém de muito melhor
qualidade, urbanisticamente falando.
FOI QUASE FAMILIAR. FOI ESPETACULAR!
EP: Qual a parte do percurso que mais te
agradou?
FM: A generalidade do percurso está muito
bem conseguido mas as paisagens pito-
25Vila de Avis, no Alentejo
26
rescas das zonas naturais e rurais são as
mais acarinhadas. Neste sentido, os tri-
lhos entre Pegões e Elvas passando por
Coruche, Mora, Avis e Estremoz foram
os que mais gostei. Visto que habito e
trabalho em meio densamente urbano,
onde os relacionamentos são muitas
vezes distantes e impessoais, estas eta-
pas marcaram-me pelo oposto, no estilo
e formas de lidar das populações, pela
natureza evidente, pelo comércio ambu-
lante, pela receção local nas estadias e
pensões. Foi quase familiar. Foi espeta-
cular!
EP: Qual o troço que menos gostaste?
FM: Definitivamente os primeiros 55
quilómetros, do Montijo a Pegões, pela
descuidada organização semi-industrial
da paisagem, talvez consequência da
proximidade com Lisboa. É um troço
para rolar, sem grandes paragens.
EP: Que boas memórias mais se desta-
cam no contacto com as populações lo-
cais?
FM: Destaco duas. Em primeiro lugar o
conforto e a simpatia dos vendedores
ambulantes locais. Talvez pelo meu
aspecto técnico de lycra ornamental,
quando parava com o intuito de com-
prar fruta a vizinhança desconfiava. Mas
em menos de nada e com dois dedos de
conversa, a banana e a maçã passavam a
ser oferta da casa!
Em segundo lugar, o ar incrédulo das
gentes, quando as abordava para pedir
indicação de local para almoço ou abas-
tecimento de água: “Vai para Badajoz por
caminho velho!?” (leia-se terra batida)
“Você devia era apanhar ali a estrada. É
mais rápida…”. Eu ainda tentava explicar
que o objetivo era mesmo o de não ir pela
estrada principal!
… E DEPOIS CAMINHAR MAIS 30 METROS.
TUDO ISTO SOBRE ESTRUME FRESCO, POIS ERA
UM CAMINHO CONTÍGUO A UMA VACARIA!
EP: Algum momento de registo menos
agradável?
FM: Nestes quatro dias registei apenas um
momento menos bom. Foi ao terceiro dia
na ligação Mora-Avis-Estremoz. Parei na
vila de Sousel para um breve descanso e
comer alguma coisa. Pela indicação do GPS
tinha ainda mais duas horas de viagem,
apesar de já serem 17:30h e quase noite.
Por isso uma pedalada noturna era inevi-
tável. Na saída de Sousel e já em pleno tril-
ho, o mapa digital indicava uma porteira
elétrica (cabo metálico com baixa volta-
gem que serve para canalizar o gado em
área restrita). À noite em andamento, nem
as luzes montadas no guiador foram sufi-
cientes para detetar o cabo. Além de algu-
mas descargas elétricas sentidas tive de sair
da bicicleta, pousá-la e encontrar a pega
da porteira para a abrir e depois caminhar
mais 30 metros. Tudo isto sobre estrume
fresco, pois era um caminho contíguo a
uma vacaria! Mais ainda, quando voltei a
27montar-me na bicicleta verifiquei que uma corda plástica
se tinha enrolado nos carretos traseiros. Uma aventura!
Acabei por chegar a Estremoz já depois das 20:00h. As
reparações mecânicas ficaram para o dia seguinte.
EP: Como considerações finais, o que gostarias de dizer
sobre esta Ecovia?
FM: No geral é um percurso turisticamente apelativo e
uma experiência única onde há muito por explorar. Estas
rotas permitem até criar variantes com diferentes objetivos
e são inclusivamente um bom pretexto para visitar fami-
liares e amigos. O roteiro turístico é elucidativo e orien-
tado para nos proporcionar os melhores POI’s (Points of
Interest). Os rios, os açudes e as barragens são pontos de
observação obrigatórios a aproveitar. Enquanto viagem de
lazer recomenda-se fazê-la em grupo e com temperatu-
ras mais amenas para usufruir ao máximo cada momento,
cada pedalada.
Vila de Coruche, no Ribatejo
* PODE DESCARREGAR GRATUITAMENTE OS TRILHOS DE GPS, BEM COMO O ROTEIRO
TURÍSTICO DA ECOVIA DE LISBOA A BADAJOZ EM www.ecovias.pt.vu
Dados técnicos no final desta viagem:
Nº de dias/etapas: 4
Nº de noites: 3
Clima: Tempo húmido e fresco
Data: Início de Novembro, 2011
Distância: 361 km, divididos em 108+55+115+83km
Média: 10 km/h incluindo os tempos de paragem para fotos, abastecimentos e
descanso
Pavimento: terra batida e asfalto, com alguns pontos de lama, areia solta e seixo
CAMINHADA NAS MARGENS DO RIO LIZANDROA parte final do rio Lizandro é o cenário escolhido para uma caminhada de cerca de 15 quilómetros onde as paisagens se alteram com frequência ao longo de uma linha condutora que é o rio.
Características do percursoData: 05 de Fevereiro de 2012Local: Rio Lizandro, junto à EriceiraHora: 09.30Distância: 14,7 kmTipo: CircularDificuldade: MédiaDuração: +/- 5 horasPreço: 15 Euros por participante (pagamento no local)Inscrições: Até ao dia 02 de Fevereiro
Organização e informações:
OFERTA de um
bilhete para a NAUTICAMPO, no valor de 5 €, aos 25 primeiros inscritos.
O sonho comanda a vida…DURANTE SETE ANOS DESENVOLVI A MINHA ATIVIDADE PROFISSIONAL EM ÁFRICA (BENIN E MALAWI), A QUAL DESPERTOU-ME O INTERESSE EM REALIZAR UMA VIAGEM ÉPICA PELO CONTINENTE, ATRAVESSANDO O MAIOR NÚMERO DE PAÍSES POSSÍVEIS.
Texto e Fotografia: Pedro Fontes
31
LIGAÇÃO ANGOLA A MOÇAMBIQUE
O sonho comanda a vida…
Possivelmente influenciado pelo aproxi-
mar dos 35 anos de idade (na altura) e
fortemente movido pelo desejo de re-
alizar algo que me marcasse para o fu-
turo, iniciei uma série de projetos virtuais
que gostaria de efetuar. Sentia que estava
na altura de largar todas as preocupações
(profissionais e pessoais) e enfrentar algo
que nem eu mesmo sabia muito bem o
que era. Apenas tinha a noção que seria
uma viagem pelas zonas mais remotas de
África.
De início não estava definido o meio de
transporte nem o itinerário a percorrer,
mas após algumas considerações optei
por escolher a bicicleta. Quanto ao tra-
jeto, este seria um pouco mais arrojado,
pois planeava partir do extremo Sul do
continente Africano, até ao extremo Norte
(Cabo das Agulhas a Ceuta).
Dada a minha falta de experiência neste
tipo de andanças, pois nunca havia reali-
zado qualquer tipo de viagem do género
(nem mesmo de autocarro ou comboio),
acabei por escolher um trajeto bem mais
curto, mas que tivesse um significado
especial.
Esse itinerário acabaria por ser a ligação
entre duas Capitais Africanas de Língua
Oficial Portuguesa - Luanda e Maputo.
A escolha do uso da bicicleta como meio
de transporte deveu-se principalmente a
três fatores. Um deles é o indubitável
desafio físico e mental, que outro meio
de transporte não poderia proporcio-
nar. Além deste fator, o uso da bicicleta
propícia um contacto mais autêntico
com as populações locais e sua cultura.
Outro fator que influenciou a minha
escolha foi o seu caráter não poluente,
que exorta a preservação do Meio Ambi-
ente e cujo impacto ambiental é ínfimo.
Após muitos dias a sonhar com a reali-
zação de um sonho, chegou a altura de
fazer uma pausa no quotidiano e dedicar-
me a 100% nos preparativos da viagem.
Confesso que por entre muitos medos e re-
ceios que pairavam antes de avançar com
a “oficialização” da viagem, houve uma
pessoa que me deu coragem para seguir
em frente. Essa pessoa é a Joana Oliveira
(a qual nunca conheci pessoalmente) que
efetuou uma viagem na América do Sul
com o Nuno Brilhante (blogue movimentos
constantes) e que um certo dia escreveu-
me um e-mail questionando-me se eu
conseguiria viver nos “...e se...”. Seguida-
mente, escreveu uma frase que me fez
acordar, para enfrentar todos os desafios
institucionais que teria pela frente, ainda
antes de colocar uma pausa na minha car-
reira profissional e dar início à oficialização
da minha viagem - “...começar é metade
do caminho percorrido...”
32
33
34
O 1º Dia (Viana - Maria Teresa)Aterrei em Luanda no passado Sábado
dia 27, no entanto só consegui iniciar
a viagem no dia 31 de Março de 2010.
Iniciei a viagem com 2 horas de atraso,
mas afinal de contas o que são 2 horas
numa viagem de meses? Ou no trânsito
de Luanda?
Uma vez no local escolhido para a par-
tida e depois da bicicleta apetrechada,
aventurei-me a dar as primeiras peda-
ladas numa bicicleta que tinha mais de
25kg de carga.
Nos primeiros 10 metros mais parecia
um miúdo a andar pela primeira vez
numa bicicleta sem rodinhas. Nunca
consegui manter a bicicleta em linha
reta, mas após ganhar alguma veloci-
dade, a situação endireitou-se.
Nos primeiros 10km tive a companhia
de um grupo de amigos de Luanda
que me ajudaram bastante nos primei-
ros tempos em Angola. Foram segu-
ramente os 10km que me custaram
menos de toda a etapa (apesar desta
estar no início). Foram 20 minutos
em que não me sentia sozinho e nem
parecia que já tinha iniciado a Grande
Viagem. O que é bom acaba rápido e
a companhia tinha que regressar a Lu-
anda.
Parámos para as últimas despedidas
e últimas fotos. Não demos nenhum
abraço porque eu já estava todo trans-
pirado e não queria dar banho a nin-
guém.
Rumo ao desconhecidoDespedidas feitas e fiz-me à estrada. Para
trás ficaram Luanda e um grupo de amigos
que deu-me muito mais do que alguma vez
esperei. Acho que ainda não estava em mim,
nem tinha a noção no que estava metido.
Pedalava agora em Angola, sozinho e rumo
a Este sem saber onde iria comer ou dormir.
Mantive esta sensação durante quase todo o
dia… Para mim estava a dar uma volta de
bicicleta no jardim, apesar de nunca ter es-
tado nestas paragens.
Planeava fazer +/- 50km no dia de hoje em
cerca de 2h30 e para isso contava com 4,5
litros de água para me hidratar.
Circulava na estrada que liga Luanda ao
Dondo, uma via bastante movimentada e
35com muito trânsito pesado. Valiam-me
as bermas largas e em bom estado que
me permitiam pedalar fora da faixa de
rodagem.
Aos poucos ia-me habituando à bici-
cleta e aos seus 25kg extra. Desde que
não guinasse o volante ou não baixasse
dos 10km/h, a bicicleta manter-se-ia em
linha reta. O facto de a estrada ser sem-
pre a direito, também ajudava bastante.
Nunca experimentei a bicicleta em carga
antes desta viagem. Agora vejo que se
tivesse feito uns testes prévios, não teria
perdido nada. Nem sequer vou falar que
mais de metade das coisas que trans-
portava que nunca foram testadas. Já
para não falar que algumas horas antes
de apanhar o avião para Luanda, eu ainda
não tinha a bicicleta na caixa nem sequer
as malas feitas. Mais uma vez, valeu-me
a malta que se sacrificou e acordou mais
cedo para me ajudar.
Bem… vou-me concentrar na viagem…
“Ao fim de 1h30 de viagem, reparei que já tinha bebido quase 2 litros de água e que a minha camisola estava completa-mente ensopada em suor.”
Ao fim de 1h30 de viagem, reparei que já
tinha bebido quase 2 litros de água e que a
minha camisola estava completamente en-
sopada em suor. Atribui este fenómeno ao
facto de ter iniciado a viagem na melhor
36
hora do dia. As 13h30 e de o termóme-
tro do relógio marcar 37ºC!
Com a excitação da partida, tinha-me
esquecido de tomar o pequeno-almoço
e de almoçar. Este desleixo estava ago-
ra a custar-me caro. Fraqueza, cabeça
pesada e dores no corpo eram as conse-
quências que se faziam sentir. Safaram-
me uns figos secos e umas bolachinhas
de chocolate que trazia comigo. Para
ajudar à festa, comi uma espiga de mi-
lho assado que consegui à troca de uma
carteira de sais de frutos. De hora a hora
era obrigado a parar para pôr mais um
reforço cá para dentro.
A dada altura estava a andar tão deva-
gar que pensei que o vento estivesse de
frente… nada… estava a favor. Pensei
que estivesse alguma coisa a travar uma
roda, ou os calços de travão estivesse
fechados… mas nada… eram apenas os
25kg de carga a dar uma ação da sua
graça numa ligeira subida e que aliados
ao meu cansaço, faziam-me circular a
uns extraordinários 10km/h!
Chegada a Maria TeresaFinalmente e ao fim de +/-75km, cheguei
Ao longo de 17 quilómetros caminhámos por paisagens diversificadas, um intercâmbio entre as regiões saloias e a costa fustigada pelo Atlântico. Um percurso circular com início e término na vila da Ericeira.
CaminhadaUm percurso de contrastesTexto e Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
39
Ericeira F.B. Nabos Sto.Isidoro S. Lourenço
Duração5.30 horasDistância 17,7 KmDificuldade
Tipo: Circular Localização: EriceiraApreciação Geral: Dificuldade média
Fort
e de
Mil
Rego
s
40 Nesta edição voltamos a explorar
os contrastes entre as zonas sa-
loias e costeira no concelho de
Mafra. O percurso é circular e não levan-
ta dificuldades de maior, apenas a sua
extensão e a passagem junto à Praia de
São Lourenço poderão criar dificuldades.
A região interior é a que tem maiores de-
clives mas não são muito acentuados o
que tornam a progressão muito simples
e que permite que nos concentremos na
paisagem.
Tudo começa no centro da Ericeira mas,
rapidamente, dirigimo-nos para NE rumo
à pacata aldeia Fonte Boa dos Nabos que
marca a entrada na terra batida. Entre
hortas e terrenos já sem atividade agrí-
cola caminhamos calmamente até San-
to Isidoro, outra pequena aldeia com
uma arquitetura incaracterística mas onde
podemos ver uma Igreja matriz com ele-
mentos manuelinos, é um extraordinário
repositório de arte decorativa, sendo de-
tentora de inúmeras preciosidades artísti-
cas, tais como um Calvário pintado sobre
madeira, diversas imagens estofadas dos
séculos XVI a XVIII e retábulos constituídos
por azulejos setecentistas integrados num
forro cerâmico, único nos templos do Con-
celho de Mafra. O nosso trajeto não chega
a entrar no coração da povoação mas, se
achar interessante, pode fazer um pequeno
desvio.
Caminhamos por paisagens mais abertas
rumo às três eólicas que dominam o nos-
so horizonte mas, antes de chegarmos ao
caminho das eólicas podemos ver as ruínas
do Palácio do Paço de Ilhas num elevado
41
Fonte Boa dos Nabos
42 estado de degradação!
Passadas as eólicas vamos encontrar a Casa
do Futuro pouco antes de começarmos a
caminhar numa zona muito densa de ve-
getação e com algum declive que nos le-
vará a um vale verdejante, já muito perto da
praia de São Lourenço. Este vale é de grande
beleza natural e marca a transição da cami-
nhada para a zona costeira. A aproximação à
praia faz-se junto a uma ribeira onde se pode
observar alguma fauna.
Na praia de São Lourenço pode surgir um
problema de progressão no nosso trajeto. Se
a maré estiver baixa podemos subir ao Forte
de Santa Susana por um trilho feito nas rochas
e já parcialmente destruído. É uma passagem
que tem de ser feita com alguma calma e cui-
dado para evitar quedas. Se a maré não nos
ajudar temos que voltar à estrada (EN 247)
para depois retomar o trajeto previamente
definido.
O regresso à Ericeira faz-se sempre junto à
costa com o Atlântico como cenário pas-
sando pelas praias dos Coxos e Ribeira de
Ilhas, os grandes palcos do Surf interna-
cional. Já na Ericeira, o seu porto de pesca,
merece uma pausa para observar a ativi-
dade piscatória. Sugiro que apreciem a vis-
Praia de São Lourenço
43
Todo o cuidado é pouco na transposição
da passagem junto
à praia de São Lourenço.
44
Praia dos Coxos
Praia Ribeira De lhas
45
ta que se tem da vila quando estamos na
extremidade do pontão.
Locais de interesseAo nível das edificações neste trajeto en-
INFORMAÇÕES ÚTEISLocalização: Praça da Estrela, 1200-667 Lisboa
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Elétricos (Carris): 25E, 28E
Metro: Linha Amarela (Estação Rato)
Equipamentos: Instalações sanitárias, casa de ferramentas, lago, miradouro, coreto,
jardim de infância, centro de dia, biblioteca, café-esplanada, parque infantil, polides-
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4º PERCURSO - DA BARRAGEM DE BEMPOSTA À BARRAGEM DE ALDEAVILLA
CONTINUANDO A DESCER O RIO DOURO, DESDE QUE O MESMO ENTRA EM TERRITÓRIO PORTUGUÊS, AINDA NA RESERVA NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL, NAVEGAREMOS AGORA ENTRE A BARRAGEM DE BEMPOSTA E A BARRAGEM DE ALDEAVILLA.
* aKademia do Kayak
RESERVA NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL
Canoagem
59
60
Este percurso inicia-se na Barragem de
Bemposta, num acesso pertencente á
EDP, na margem portuguesa. Junto da
barragem existe um pequeno complexo,
temporário, no qual se encontram alguns
responsáveis da EDP que a pedido no lo-
cal, autorizam a usar o acesso privado
para colocar os kayaks na água, a cerca de
300 m do paredão. As viaturas, que como
tem sido mencionado nos percursos ante-
riores devem ser pelo menos duas, terão
que ser estacionadas fora da zona privada,
próximo da barragem.
Percurso excelente para passeio, com rio
estreito e muita vegetação em ambas as
margens. Alguns locais convidam a uns
mergulhos caso o calor aperte. Estamos
numa zona com um microclima de grande
amplitude térmica, pelo que no verão é
normal as temperaturas atingirem os 32
graus por volta do meio-dia e,à noite ter
necessidade de usar um agasalho.
As barragens distam entre si aproximada-
mente 30 quilómetros. Ao quilómetro 9,
existe na margem portuguesa um parque
de merendas, Juncal. Com mesas e algu-
mas sombras torna-se um local ótimo para
descansar.
Continuando a navegação, ainda em rio
com as margens muito próximas, passa-
mos por algumas arribas de beleza indes-
critível. Aos poucos o rio vai alargando e
a paisagem muda. No lado espanhol en-
contramos algumas praias fluviais e alguns
cais de amarração para barcos turísticos.
A melhor e mais movimentada, com bar e
balneários é a Playa del Rostro, que fica ao
quilómetro 20.
Retemperadas as forças e continuando a
descer, o rio apresenta-se algo mais po-
luído, com grande acumulação de lixo
em alguns locais nas margens. Neste ul-
timo troço do percurso, fruto da poluição,
conseguimos avistar, junto á superfície,
grandes cardumes de Percas do Rio, uma
espécie que chega a atingir os 2 kg.
O local para saída da água fica ao
quilómetro 27, na margem portuguesa.
É o acesso por estrada mais próximo da
Barragem de Aldeavilla, sendo o mesmo
efetuado pela aldeia de Bruço, seguindo
as placas que indicam Rio/Pesca.
A Barragem de Aldeavilla é a única bar-
ragem do Parque Natural do Douro Inter-
nacional que somente é acessível por es-
trada na parte espanhola.
Bom passeio !!!
Informações:- Parque Natural Douro Internacional - (http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007-AP-
DouroInternacional );
- Câmara Municipal Miranda do Douro – (http://www.cm-mdouro.pt/)
- Câmara Municipal Mogadouro – (http://www.mogadouro.pt/)
- Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (http://snirh.pt/) – Informação
detalhada sobre caudal, cota, descargas, etc.
Conselhos úteis:- Utilizar pelo menos duas viaturas, sendo que uma será para o resgate (colocação da
viatura no final do percurso);
- Iniciar o passeio durante a manhã, podendo assim apreciar com mais tempo a fauna
e flora local;
- Colocar protetor solar com abundância e usar chapéu;
- Não esquecer de levar agua e uma ou duas barras energéticas;
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2011 TUDO SOBRE JARDINSNÚM
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níveis de ruído e sem emissões de gases, não necessitam cabos nem tomadas proporcionando assim uma liberdade de movimentos absoluta. Especialmente prático é o facto de que, graças a um desenho inovador, as três baterias dis-poníveis e os carregadores de 36 V são compatíveis com qualquer das cinco famílias de aparelhos a bateria.
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2011 TUDO SOBRE JARDINSNÚM
ERO 16
A família cresce: na Primavera de 2009 começou a euforia quando apareceram os primeiros podadores de sebes a bateria STIHL. Agora, os profissionais e os amantes da jardinagem podem recorrer a outros quatro aparelhos com tecnologia Ião Lítio, descobrindo valiosos aliados, sobre-tudo, em zonas sensíveis ao ruído. Os novos modelos a bateria STIHL: um soprador, duas foices a motor e uma motosserra - assim como o cortador de relva VIKING – acrescentam numerosas vantagens: trabalham com baixos
níveis de ruído e sem emissões de gases, não necessitam cabos nem tomadas proporcionando assim uma liberdade de movimentos absoluta. Especialmente prático é o facto de que, graças a um desenho inovador, as três baterias dis-poníveis e os carregadores de 36 V são compatíveis com qualquer das cinco famílias de aparelhos a bateria.
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2011 TUDO SOBRE JARDINSNÚM
ERO 17
A família cresce: na Primavera de 2009 começou a euforia quando apareceram os primeiros podadores de sebes a bateria STIHL. Agora, os profissionais e os amantes da jardinagem podem recorrer a outros quatro aparelhos com tecnologia Ião Lítio, descobrindo valiosos aliados, sobre-tudo, em zonas sensíveis ao ruído. Os novos modelos a bateria STIHL: um soprador, duas foices a motor e uma motosserra - assim como o cortador de relva VIKING – acrescentam numerosas vantagens: trabalham com baixos
níveis de ruído e sem emissões de gases, não necessitam cabos nem tomadas proporcionando assim uma liberdade de movimentos absoluta. Especialmente prático é o facto de que, graças a um desenho inovador, as três baterias dis-poníveis e os carregadores de 36 V são compatíveis com qualquer das cinco famílias de aparelhos a bateria.
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Sistema a bateria Ião LítioInteligente, inovador, único – genuinamente STIHL
N.º 17 . ANO IV . 2011
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Casa do Castelo na atouguia da Baleia
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