Matemática Básica Humberto José Bortolossi Departamento de Matemática Aplicada Universidade Federal Fluminense Parte 6 Parte 6 Matemática Básica 1 A reta numérica Parte 6 Matemática Básica 2 A reta numérica (Ir para o GeoGebra) Parte 6 Matemática Básica 3 Expansões decimais: exemplo 1 4.375 = 4 + 0.3 + 0.07 + 0.005 = 4 + 3 · 1 10 + 7 · 1 100 + 5 · 1 1000 = 4 + 3 · 1 10 + 7 · 1 10 2 + 5 · 1 10 3 . Como representar o número 4.375 em uma reta numérica? Parte 6 Matemática Básica 4 Folha 1
37
Embed
Parte 6 Matemática Básica 1 Parte 6 Matemática Básica 2 · Matemática Básica Humberto José Bortolossi Departamento de Matemática Aplicada Universidade Federal Fluminense Parte
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Matemática Básica
Humberto José Bortolossi
Departamento de Matemática Aplicada
Universidade Federal Fluminense
Parte 6
Parte 6 Matemática Básica 1
A reta numérica
Parte 6 Matemática Básica 2
A reta numérica
(Ir para o GeoGebra)
Parte 6 Matemática Básica 3
Expansões decimais: exemplo 1
4.375 = 4 + 0.3 + 0.07 + 0.005
= 4 + 3 · 110
+ 7 · 1100
+ 5 · 11000
= 4 + 3 · 110
+ 7 · 1102 + 5 · 1
103 .
Como representar o número 4.375 em uma reta numérica?
Em (∗) usamos a fórmula para a soma dos infinitos termos de uma progressão geométrica.
Parte 6 Matemática Básica 34
Expansões decimais: exemplo 3
0.9 = 1
Moral:existem números reais que possuemduas expressões decimais diferentes!
Parte 6 Matemática Básica 35
Expansões decimais
(Ir para o GeoGebra)
Parte 6 Matemática Básica 36
Folha 9
Expansões decimais
Exploraremos mais esse assunto posteriormente!
Parte 6 Matemática Básica 37
Números reais algebricamente(axiomaticamente): R é um corpo
Parte 6 Matemática Básica 38
Números reais algebricamente (axiomaticamente)
A partir do conjunto dos números naturais,é possível construir o conjunto dos números reais (R):
um corpo ordenado completo.
Não faremos esta construção aqui,mas explicaremos o significado de corpo ordenado completo.
Parte 6 Matemática Básica 39
R é um corpo
O conjunto dos números reais (R) munido das operações de adição (+) emultiplicação (·) é um corpo, pois satisfaz as seguintes propriedades:
(C1) Fechamento:a + b ∈ R e a · b ∈ R, ∀a, b ∈ R.
(C2) Comutatividade:a + b = b + a e a · b = b · a, ∀a, b ∈ R.
(C3) Associatividade:a + (b + c) = (a + b) + c e a · (b · c) = (a · b) · c, ∀a, b, c ∈ R.
(C4) Distributividade:a · (b + c) = a · b + a · c, ∀a, b, c ∈ R.
(C5) Existência dos elementos neutros:∃ 0 ∈ R tal que a + 0 = a, ∀a ∈ R. ∃ 1 ∈ R tal que a · 1 = a, ∀a ∈ R.
(C6) Existência do elemento simétrico:∀a ∈ R, ∃b ∈ R tal que a + b = 0. Notação: b = −a.
(C7) Existência do elemento inverso para elementos diferentes de zero:∀a ∈ R− {0}, ∃b ∈ R tal que a · b = 1. Notações: b = a−1 e b = 1/a.
Parte 6 Matemática Básica 40
Folha 10
Observações
� A notaçãoab
significa a ·b−1. A notação a−b significa a+(−b).
� O conjunto dos números racionais (Q) e o conjunto dosnúmeros complexos (C) munidos com as operações usuais deadição e multiplicação também são exemplos de corpos, poissatisfazem as sete propriedades que caracterizam um corpo.
� Existem estruturas algébricas que não satisfazem algumasdas propriedades que caracterizam um corpo. Por exemplo,a multiplicação de matrizes não é comutativa:
�a =
[1 11 0
], �b =
[1 10 1
], �a · �b �= �b · �a.
Parte 6 Matemática Básica 41
Propriedades decorrentes do fato de R ser um corpoTodas as proposições abaixo são verdadeiras!
� O elemento neutro da adição é único. [PA01]� O elemento neutro da multiplicação é único. [PA02]� 0 + a = a, ∀a ∈ R. [PA03]� 1 · a = a, ∀a ∈ R. [PA04]� Cada número real possui um único elemento simétrico. [PA05]� Cada número real diferente de zero possui um único elemento inverso. [PA06]� −a + a = 0, ∀a ∈ R. [PA07]� (1/a) · a = 1, ∀a ∈ R− {0}. [PA08]� −(−a) = a, ∀a ∈ R. [PA09]� 1/(1/a) = a, ∀a ∈ R− {0}. [PA10]� (b + c) · a = b · a + c · a, ∀a, b, c ∈ R. [PA11]� a · 0 = 0 · a = 0, ∀a ∈ R. [PA12]� (−1) · a = −a = a · (−1), ∀a ∈ R. [PA13]� −(a · b) = (−a) · b = a · (−b), ∀a, b ∈ R. [PA14]� (−a) · (−b) = a · b, ∀a ∈ R. [PA15]
Parte 6 Matemática Básica 42
Propriedades decorrentes do fato de R ser um corpoTodas as proposições abaixo são verdadeiras!
�a · b
c= a · b
c=
ac· b, ∀a, b ∈ R, ∀c ∈ R− {0}. [PA16]
� −1a=
−1a
=1−a
, ∀a ∈ R− {0}. [PA17]
�1
a · b=
1a· 1
b, ∀a, b ∈ R− {0}. [PA18]
�a · bc · d
=ac· b
d, ∀a, b ∈ R, ∀c, d ∈ R− {0}. [PA19]
�a + b
c=
ac+
bc
, ∀a, b ∈ R, ∀c ∈ R− {0}. [PA20]
� −(a + b) = −a − b, ∀a, b ∈ R. [PA21]
� −a + bc
=−a − b
c, ∀a, b ∈ R, ∀c ∈ R− {0}. [PA22]
Parte 6 Matemática Básica 43
Propriedades decorrentes do fato de R ser um corpoTodas as proposições abaixo são verdadeiras!
�1
a/b=
ba
, ∀a, b ∈ R− {0}. [PA23]
�a/bc/d
=ab· d
c, ∀a ∈ R, ∀b, c, d ∈ R− {0}. [PA24]
Parte 6 Matemática Básica 44
Folha 11
[PA01]
O elemento neutro da adição é único.
Demonstração. Sejam 0 e 0′ dois elementos neutros para a adição.Então:
0′ (1)= 0′ + 0 (2)
= 0 + 0′ (3)= 0,
onde, em (1) usamos (C5), em (2) usamos (C2) e em (3) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 45
[PA02]
O elemento neutro da multiplicação é único.
Demonstração. Sejam 1 e 1′ dois elementos neutros para a multiplicação.Então:
1′ (1)= 1′ · 1 (2)
= 1 · 1′ (2)= 1,
onde, em (1) usamos (C5), em (2) usamos (C2) e em (3) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 46
[PA03]
0 + a = a, ∀a ∈ R.
Demonstração. Temos que:
0 + a (1)= a + 0 (2)
= a,
onde, em (1) usamos (C2) e em (2) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 47
[PA04]
1 · a = a, ∀a ∈ R.
Demonstração. Temos que:
1 · a (1)= a · 1 (2)
= a,
onde, em (1) usamos (C2) e em (2) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 48
Folha 12
[PA05]
Cada número real possui um único elemento simétrico.
Demonstração. Sejam a′ e a′′ dois elementos simétricos de um númeroreal a. Temos que
a′ (1)= 0 + a′ (2)
= (a + a′′) + a′ (3)= (a′′ + a) + a′ (4)
= a′′ + (a + a′) (5)= a′′ + 0 (6)
= a′′,
onde, em (1) usamos [PA03], em (2) usamos (C6), em (3) usamos (C2),em (4) usamos (C3), em (5) usamos (C6) e em (6) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 49
[PA06]
Cada número real diferente de zero possui um único elemento inverso.
Demonstração. Sejam a′ e a′′ dois elementos elementos inversos de umnúmero real a �= 0. Temos que
a′ (1)= a′ · 1 (2)
= a′ · (a · a′′) (3)= (a′ · a) · a′′ (4)
= (a · a′) · a′′ (5)= 1 · a′′ (6)
= a′′,
onde, em (1) usamos (C5), em (2) usamos (C7), em (3) usamos (C3),em (4) usamos (C2), em (5) usamos (C7) e em (6) usamos [PA04].
Parte 6 Matemática Básica 50
[PA07]
−a + a = 0, ∀a ∈ R.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 51
[PA08]
(1/a) · a = 1, ∀a ∈ R− {0}.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 52
Folha 13
[PA09]
−(−a) = a, ∀a ∈ R (o simétrico do simétrico de a é a).
Demonstração. Basta mostrar que (−a) + a = 0, pois (−a) + (−(−a))também é igual a 0 e o elemento simétrico é único. Agora
− a + a (1)= a + (−a) (2)
= 0,
onde, em (1) usamos (C2) e em (2) usamos (C6).
Parte 6 Matemática Básica 53
[PA10]
1/(1/a) = a, ∀a ∈ R− {0} (o inverso do inverso de a é a).
Demonstração. Basta mostrar que (1/a) · a = 1, pois (1/a) · (1/(1/a))também é igual a 1 e o elemento inverso é único. Agora
(1/a) · a (1)= a · (1/a) (2)
= 1,
onde, em (1) usamos (C2) e em (2) usamos (C7).
Parte 6 Matemática Básica 54
[PA11]
(b + c) · a = b · a + c · a, ∀a, b, c ∈ R.
Demonstração. Temos que
(b + c) · a (1)= a · (b + c) (2)
= a · b + a · c (3)= b · a + c · a,
onde, em (1) usamos (C2), em (2) usamos (C4) e em (3) usamos (C2).
Parte 6 Matemática Básica 55
[PA12]
a · 0 = 0 · a = 0, ∀a ∈ R.
Demonstração. Temos que
0 (1)= a · 0 − a · 0 (2)
= a · (0 + 0)− a · 0 (3)= (a · 0 + a · 0)− a · 0
(4)= a · 0 + (a · 0 − a · 0) (5)
= a · 0 + 0 (6)= a · 0,
onde, em (1) usamos (C6), em (2) usamos (C5), em (3) usamos (C4),em (4) usamos (C3), em (5) usamos (C6), e em (6) usamos (C5). Istomostra que a · 0 = 0. Por (C2), segue-se que 0 · a = a · 0 = 0.
Parte 6 Matemática Básica 56
Folha 14
[PA13]
(−1) · a = −a = a · (−1), ∀a ∈ R.
Demonstração. Basta mostrar que a+(−1) ·a = 0, pois a+(−a) tambémé igual a 0 e o elemento simétrico é único. Temos que
a + (−1) · a (1)= 1 · a + (−1) · a (2)
= (1 + (−1)) · a (3)= 0 · a (4)
= 0,
onde, em (1) usamos [PA04], em (2) usamos [PA11], em (3) usamos(C6), e em (4) usamos [PA12]. Isto mostra que (−1) · a = −a. Por (C2),segue-se que a · (−1) = (−1) · a = −a.
Parte 6 Matemática Básica 57
[PA14]
−(a · b) = (−a) · b = a · (−b), ∀a, b ∈ R.
Demonstração. Para a primeira igualdade:
− (a · b) (1)= (−1) · (a · b) (2)
= ((−1) · a) · b (3)= (−a) · b,
onde, em (1) usamos [PA13], em (2) usamos (C3), e em (3) usamos[PA13]. Para a segunda igualdade:
− (a ·b) (4)= (−1) · (a ·b) (5)
= (−1) · (b ·a) (6)= ((−1) ·b) ·a (7)
= (−b) ·a (8)= a · (−b),
onde, em (4) usamos [PA13], em (5) usamos (C2), em (6) usamos (C3),em (7) usamos [PA13], e em (8) usamos (C2).
Parte 6 Matemática Básica 58
[PA15]
(−a) · (−b) = a · b, ∀a, b ∈ R.
Demonstração. Temos que:
(−a) · (−b) (1)= −(a · (−b)) (2)
= −(−(a · b)) (3)= a · b,
onde, em (1) usamos [PA14], em (2) usamos [PA14], e em (3) usamos[PA09].
Parte 6 Matemática Básica 59
[PA16]
a · bc
= a · bc=
ac· b, ∀a, b ∈ R, ∀c ∈ R− {0}.
Demonstração. Para a primeira igualdade:
a · bc
(1)= (a · b) · 1
c(2)= a ·
(b · 1
c
)(3)= a · b
c,
onde, em (1) usamos a definição do símbolo “/”, em (2) usamos (C3), eem (3) usamos a definição do símbolo “/”. A segunda desigualdade ficacomo exercício.
Parte 6 Matemática Básica 60
Folha 15
[PA17]
−1a=
−1a
=1−a
, ∀a ∈ R− {0}.
Demonstração. Para a primeira igualdade:
− 1a
(1)= (−1) · 1
a(2)=
−1a
,
onde, em (1) usamos [PA13] e em (2) usamos a definição do símbolo “/”.Para a segunda igualdade: basta mostrar que (−a) · (−1/a) = 1, pois(−a) · 1/(−a) também é igual a 1 e o elemento inverso é único. Agora:
(−a) · −1a
(3)= (−a) ·
(−1
a
)(4)= a · 1
a(5)= 1,
onde, em (3) usamos a primeira equação, em (4) usamos [PA15], e em(5) usamos (C7).
Parte 6 Matemática Básica 61
[PA18]
1a · b
=1a· 1
b, ∀a, b ∈ R− {0}.
Demonstração. Basta mostrar que (a ·b) · ((1/a) · (1/b)) = 1, pois (a ·b) ·1/(a · b) também é igual a 1 e o elemento inverso é único. Agora:
(a·b)·(
1a· 1
b
)(1)= (b·a)·
(1a· 1
b
)(2)=
(b ·
(a · 1
a
))·1b
(3)= (b·1)·1
b(4)= b·1
b(5)= 1,
onde, em (1) usamos (C2), em (2) usamos (C3), em (3) usamos (C7),em (4) usamos (C5), e em (5) usamos (C7).
Parte 6 Matemática Básica 62
[PA19]
a · bc · d
=ac· b
d, ∀a, b,∈ R, ∀c, d ∈ R− {0}.
Demonstração. Temos que:
a · bc · d
(1)= (a · b) ·
(1
c · d
)(2)= (a · b) ·
(1c· 1
d
)(3)= (a · b) ·
(1d· 1
c
)(4)= a ·
(b · 1
d
)· 1
c(5)= a · b
d· 1
c(6)= a · 1
c· b
d(7)=
ac· b
d,
onde, em (1) usamos a definição do símbolo “/”, em (2) usamos [PA18],em (3) usamos (C2), em (4) usamos (C3), em (5) usamos a definiçãodo símbolo “/”, em (6) usamos (C2), e em (7) usamos a definição dosímbolo “/”.
Parte 6 Matemática Básica 63
[PA20]
a + bc
=ac+
bc
, ∀a, b ∈ R, ∀c ∈ R− {0}.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 64
Folha 16
[PA21]
−(a + b) = −a − b, ∀a, b,∈ R.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 65
[PA22]
−a + bc
=−a − b
c, ∀a, b,∈ R, ∀c ∈ R− {0}.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 66
[PA23]
1ab
=ba
, ∀a, b ∈ R− {0}.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 67
[PA24]
abcd
=ab· d
c, ∀a ∈ R, ∀b, c, d ∈ R− {0}.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 68
Folha 17
[PA25]
∀a, b, c ∈ R, a = b ⇒ a + c = b + c e a = b ⇒ a · c = b · c.
Demonstração. Basta usar o princípio da substituição. Se a = b, entãoa + c = b + c. Do mesmo modo, se a = b, então a · c = b · c.
Parte 6 Matemática Básica 69
[PA26]
∀a, b, c ∈ R, a+ c = b + c ⇒ a = b e a · c = b · c e c �= 0 ⇒ a = b.
Demonstração. Observe:
a + c = b + c (1)⇒ (a + c)− c = (b + c)− c (2)⇒ a + (c − c) = b + (c − c)(3)⇒ a + 0 = b + 0 (4)⇒ a = b,
onde, em (1) usamos [PA25], em (2) usamos (C3), em (3) usamos (C6),e em (4) usamos (C5). Se c �= 0, então existe 1/c. Logo:
a · c = b · c (5)⇒ (a · c) · 1c= (b · c) · 1
c(6)⇒ a · (c · 1
c) = b · (c · 1
c)
(7)⇒ a · 1 = b · 1 (8)⇒ a = b,
onde, em (5) usamos [PA25], em (6) usamos (C3), em (7) usamos (C7),e em (8) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 70
Observação
Na Passo (5) da demonstração dada para [PA26], o certo seria escrever
a · c = b · c e c �= 0 (5)⇒ (a · c) · 1c= (b · c) · 1
c,
no lugar de simplesmente
a · c = b · c (5)⇒ (a · c) · 1c= (b · c) · 1
c.
Note que a condição c �= 0 foi indicada anteriormente e, então, ela ficousubentendida. Essa é uma prática comum. Moral: fique atento ao que foisuposto anteriormente!
Parte 6 Matemática Básica 71
[PA27]
∀a, b, c ∈ R, a + c = b + c ⇔ a = b.
Demonstração. (⇒) [PA26]. (⇐) [PA25].
Parte 6 Matemática Básica 72
Folha 18
[PA28]
∀a, b ∈ R, ∀c ∈ R− {0}, a · c = b · c ⇔ a = b.
Demonstração. (⇒) [PA26]. (⇐) [PA25].
Parte 6 Matemática Básica 73
[PA29]
∀a, b ∈ R, a · b = 0 ⇔ a = 0 ou b = 0.
Demonstração.
(⇐) Se a = 0, então a · b = 0 · b = 0 por [PA12]. Se b = 0, entãoa · b = a · 0 = 0 por [PA12]. Assim, se a = 0 ou b = 0, então a · b = 0.
(⇒) Sejam a, b ∈ R tais que a · b = 0. Se a = 0, então a = 0 ou b = 0.Se a �= 0, então existe 1/a e, portanto,
a · b = 0 (1)=⇒ b · a = 0 (2)
=⇒ b · a · 1a= 0 · 1
a(3)=⇒ b · 1 = 0 (4)
=⇒ b = 0,
onde, em (1) usamos (C2), em (2) usamos [PA28], em (3) usamos (C7)e [PA12], e em (4) usamos (C5). Assim, se a �= 0, então b = 0 e,consequentemente, a = 0 ou b = 0. Em todos os casos, se a · b = 0,então a = 0 ou b = 0.
Parte 6 Matemática Básica 74
[PA30]
∀a, b, c ∈ R, a · c = b · c ⇔ a = b ou c = 0.
Demonstração.
(⇐) Se a = b, então a·c = b·c por [PA25]. Se c = 0, então a·c = a·0 = 0e b · c = b · 0 = 0 por [PA12]. Logo, a · c = 0 = b · c.
(⇒) Se c = 0, então a = b ou c = 0 (nada há para se fazer). Se c �= 0,então por [PA28], se a · c = b · c, então a = b e, assim, a = b ou c = 0.Em todos os casos, se a · c = b · c, então a = b ou c = 0.
Parte 6 Matemática Básica 75
[PA31]
ab=
cd
⇔ a · d = b · c, ∀a, c ∈ R, ∀b, d ∈ R− {0}.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 76
Folha 19
[PA32]
ab+
cd
=a · db · d
+b · cb · d
=a · d + b · c
b · d, ∀a, c ∈ R, ∀b, d ∈ R− {0}.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 77
Usando os axiomas e as propriedadesde números reais para resolver
equações
Parte 6 Matemática Básica 78
Resolvendo equações. . .Estas propriedades são úteis para se resolver equações!
2 · x − 5 = 9[PA27]⇐⇒ (2 · x − 5) + 5 = 9 + 5
(C3)⇐⇒ 2 · x + (−5 + 5) = 9 + 5
[PA07]⇐⇒ 2 · x + 0 = 14
(C5)⇐⇒ 2 · x = 14
[PA28]⇐⇒ 12· (2 · x) =
12· 14
(C3)⇐⇒(
12· 2
)· x =
12· 14
[PA08]⇐⇒ 1 · x =12· 14
[PA04]⇐⇒ x = 7.
Parte 6 Matemática Básica 79
Resolvendo equações. . .
x · x = x[PA27]⇐⇒ x · x − x = x − x(C6)⇐⇒ x · x − x = 0(C5)⇐⇒ x · x − x · 1 = 0(C4)⇐⇒ x · (x − 1) = 0
[PA29]⇐⇒ x = 0 ou x − 1 = 0[PA27]⇐⇒ x = 0 ou (x − 1) + 1 = 0 + 1(C3)⇐⇒ x = 0 ou x + (−1 + 1) = 0 + 1
[PA07]⇐⇒ x = 0 ou x + 0 = 0 + 1(C5)⇐⇒ x = 0 ou x = 1
Parte 6 Matemática Básica 80
Folha 20
O que está errado neste argumento?
x = 1 ⇐⇒ x2 = x
⇐⇒ x2 − 1 = x − 1
⇐⇒ (x − 1) · (x + 1) = x − 1
⇐⇒ (x − 1) · (x + 1)x − 1
=x − 1x − 1
⇐⇒ x + 1 = 1
⇐⇒ x = 0
É verdade que x = 1 ⇒ x2 = x , mas é falso que x2 = x ⇒ x = 1.
Apenas para x �= 1,(x − 1) · (x + 1)
x − 1=
x − 1x − 1
⇔ (x − 1) · (x + 1) = x − 1.
�
�
Parte 6 Matemática Básica 81
Resolvendo equações. . .
Verdadeiro ou falso?
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 ⇐⇒ 2 · x2 − 5 · x = 0
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 ⇐= 2 · x2 − 5 · x = 0 (x = 0 é um contraexemplo)
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 =⇒ 2 · x2 − 5 · x = 0
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 ⇐⇒ 2 · x2 − 5 · x = 0 e x − x3 �= 0
�
�
�
�
Parte 6 Matemática Básica 82
Cuidado com as implicações e equivalências!
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 =⇒ 2 · x2 − 5 · x = 0
=⇒ x · (2 · x − 5) = 0
=⇒ x = 0 ou 2 · x − 5 = 0
=⇒ x = 0 ou x =52
Cuidado!
Toda solução de2 · x2 − 5 · x
x − x3 = 0 é solução de 2 · x2 − 5 · x = 0,
mas nem toda solução de 2 · x2 − 5 · x = 0 é solução de2 · x2 − 5 · x
x − x3 = 0!
Parte 6 Matemática Básica 83
Cuidado com as implicações e equivalências!
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 =⇒ 2 · x2 − 5 · x = 0
=⇒ x · (2 · x − 5) = 0
=⇒ x = 0 ou 2 · x − 5 = 0
=⇒ x = 0 ou x =52
Cuidado!
Você pode usar implicações (⇒) para resolver equações, mas
nem todo número obtido no final pode ser solução da equação original.
Parte 6 Matemática Básica 84
Folha 21
Cuidado com as implicações e equivalências!
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 =⇒ 2 · x2 − 5 · x = 0
=⇒ x · (2 · x − 5) = 0
=⇒ x = 0 ou 2 · x − 5 = 0
=⇒ x = 0 ou x =52
Cuidado!
É preciso tirar a “prova real”!
x = 0 não é solução da equação2 · x2 − 5 · x
x − x3 = 0!
Parte 6 Matemática Básica 85
Cuidado com as implicações e equivalências!
Usando-se equivalências, esta particularidade não aparece!
2 · x2 − 5 · xx − x3 = 0 ⇐⇒ 2 · x2 − 5 · x = 0 e x − x3 �= 0
⇐⇒ x · (2 · x − 5) = 0 e x · (1 − x2) �= 0
⇐⇒ x · (2 · x − 5) = 0 e x · (1 − x) · (1 + x) �= 0
⇐⇒[x = 0 ou x =
52
]e
[x �= 0 e x �= 1 e x �= −1
]
⇐⇒ x =52
Parte 6 Matemática Básica 86
Números reais algebricamente(axiomaticamente): R é ordenado
Parte 6 Matemática Básica 87
R é ordenado
Existe um subconjunto dos números reais, denominado conjunto dos númerosreais positivos e designado por R+, que satisfaz as seguintes propriedades:
(O1) Dado a um número real, existem três possibilidades que se excluemmutualmente: ou a é positivo, ou a = 0 ou −a é positivo.
Em símbolos: se a ∈ R, então ou a ∈ R+, ou a = 0 ou −a ∈ R+.
(O2) A soma e produto de números positivos são ainda números positivos.
Em símbolos: se a, b ∈ R+, então a + b ∈ R+ e a · b ∈ R+.
Notação: escreveremos a > 0 para indicar que a é um número positivo, isto é, quea ∈ R+.
Diremos que um número real a é negativo se −a é positivo. O conjunto dosnúmeros reais negativos será designado por R−. Escrevemos a < 0 para indicarque a é um número negativo, isto é, que a ∈ R−.
Escrevemos a < b para indicar que b − a > 0 e escreveremos a > b para indicarque b − a < 0.
Parte 6 Matemática Básica 88
Folha 22
Números reais positivos e a reta numérica
−5 −4 −3 −2 −1 0 11 2 3 4 5
números reais positivosnúmeros reais negativos
Parte 6 Matemática Básica 89
Observações
� Fato: a > 0 ⇔ −a < 0. Prova:
a > 0 ⇔ a é positivo ⇔ −(−a) é positivo⇔ −a é negativo ⇔ − a < 0,
onde, na segunda equivalência, usamos [PA09].
� Fato: a < b ⇔ b > a. Prova:
a < b ⇔ b − a > 0 ⇔ −(b − a) < 0 ⇔ −b − (−a) < 0⇔ − b + a < 0 ⇔ a − b < 0 ⇔ b > a.
Exercício: justifique cada umas das equivalências.
� Corolário: a > b ⇔ a − b > 0. Prova: a > b ⇔ b < a ⇔a − b > 0. Exercício: justifique cada umas das equivalências.
Parte 6 Matemática Básica 90
Propriedades decorrentes do fato de R ser ordenado
Todas as proposições abaixo são verdadeiras!
� ∀a ∈ R, ou a > 0, ou a = 0 ou a < 0 (tricotomia). [PO01]� ∀a, b, c ∈ R, a < b ⇒ a + c < b + c. [PO02]� ∀a, b ∈ R, ∀c > 0, a < b ⇒ a · c < b · c. [PO03]� ∀a, b ∈ R, ∀c < 0, a < b ⇒ a · c > b · c. [PO04]� ∀a, b, c ∈ R, a < b e b < c ⇒ a < c. [PO05]� ∀a, b ∈ R, ou a < b, ou a = b ou a > b. [PO06]� ∀a, b, c ∈ R, a < b ⇔ a + c < b + c. [PO07]� ∀a ∈ R− {0}, (i) a > 0 ⇔ 1/a > 0 e (ii) a < 0 ⇔ 1/a < 0. [PO08]� ∀a, b ∈ R, ∀c > 0, a < b ⇔ a · c < b · c. [PO09]� ∀a, b ∈ R, ∀c < 0, a < b ⇔ a · c > b · c. [PO10]� ∀a, b ∈ R, (i) a < b ⇔ −a > −b e (ii) a > b ⇔ −a < −b. [PO11]� ∀a, b ∈ R, a · b > 0 ⇔ (a > 0 e b > 0) ou (a < 0 e b < 0). [PO12]� ∀a, b ∈ R, a · b < 0 ⇔ (a > 0 e b < 0) ou (a < 0 e b > 0). [PO12]� ∀a ∈ R, a �= 0 ⇔ a2 > 0. [PO16]
Parte 6 Matemática Básica 91
[PO01]
∀a ∈ R, ou a > 0, ou a = 0 ou a < 0 (tricotomia).
Demonstração. Seja a ∈ R. Por (01) uma e somente uma das trêscondições ocorre: (1) a é positivo, (2) a = 0, (3) −a é positivo. Assim,uma e somente uma das três condições ocorre: (1) a > 0, (2) a = 0,(3) a < 0.
Parte 6 Matemática Básica 92
Folha 23
[PO02]
∀a, b, c ∈ R, a < b ⇒ a + c < b + c.
Demonstração. Temos que
a < b (1)=⇒ b − a > 0 (2)
=⇒ b + 0 − a > 0 (3)=⇒ b + (c − c)− a > 0
(4)=⇒ (b + c)− (c + a) > 0 (5)
=⇒ (b + c)− (a + c) > 0(6)=⇒ a + c < b + c,
onde, em (1) usamos a definição de “<”, em (2) usamos (C5), em (3)usamos (C6), em (4) usamos (C3) e [PA21], em (5) usamos (C2), e em(6) usamos a definição de “<”.
Parte 6 Matemática Básica 93
[PO03]
∀a, b ∈ R, ∀c > 0, a < b ⇒ a · c < b · c.
Demonstração. Temos que
a < b e c > 0 (1)=⇒ b − a > 0 e c > 0 (2)
=⇒ (b − a) · c > 0(3)=⇒ b · c − a · c > 0 (4)
=⇒ a · c < b · c,
onde, em (1) usamos a definição de “<”, em (2) usamos (O2), em (3)usamos [PA11], e em (4) usamos a definição de “<”.
Parte 6 Matemática Básica 94
[PO04]
∀a, b ∈ R, ∀c < 0, a < b ⇒ a · c > b · c.
Demonstração. Temos que
a < b e c < 0 (1)=⇒ b − a > 0 e c < 0 (2)
=⇒ b − a > 0 e − c > 0(3)=⇒ (b − a) · (−c) > 0 (4)
=⇒ b · (−c)− a · (−c) > 0(5)=⇒ − b · c + a · c > 0 (6)
=⇒ a · c − b · c > 0(7)=⇒ a · c > b · c,
onde, em (1) usamos a definição de “<”, em (2) usamos a definição de“<”, em (3) usamos (O2), em (4) usamos [PA11], em (5) usamos [PA14]e [PA09], em (6) usamos (C2), e em (7) usamos a definição de “>”.
Parte 6 Matemática Básica 95
[PO05]
∀a, b, c ∈ R, a < b e b < c ⇒ a < c.
Demonstração. Temos que
a < b e b < c (1)=⇒ b − a > 0 e c − b > 0 (2)
=⇒ (b − a) + (c − b) > 0(3)=⇒ (c − b) + (b − a) > 0 (4)
=⇒ c + (−b + b)− a > 0(5)=⇒ c + 0 − a > 0 (6)
=⇒ c − a > 0 (7)=⇒ a < c,
onde, em (1) usamos a definição de “<”, em (2) usamos (O2), em(3) usamos (C2), em (4) usamos (C3), em (5) usamos [PA07], em (6)usamos (C5), e em (7) usamos a definição de “<”.
Parte 6 Matemática Básica 96
Folha 24
[PO06]
∀a, b ∈ R, ou a < b, ou a = b ou a > b.
Demonstração. Sejam a, b ∈ R. Por [PO01], uma e somente uma dastrês condições ocorre: (1) b − a > 0, (2) b − a = 0, (3) b − a < 0. Assim,usando as definições de “>” e “<” e as propriedades [PA25], (C3), [PA03],[PA07] e (C6), concluímos que uma e somente uma das três condiçõesocorre: (1) b > a, (2) a = b, (3) b < a.
Parte 6 Matemática Básica 97
[PO07]
∀a, b, c ∈ R, a < b ⇔ a + c < b + c.
Demonstração.
(⇒) Verdadeira por [PO02].
(⇐) Sejam a, b, c ∈ R tais que a + c < b + c. Temos que
a + c < b + c (1)=⇒ (a + c)− c < (b + c)− c(2)=⇒ a + (c − c) < b + (c − c)(3)=⇒ a + 0 < b + 0 (4)
=⇒ a < b,
onde, em (1) usamos [PO02], em (2) usamos (C3), em (3) usamos (C6),e em (4) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 98
[PO08]
∀a ∈ R− {0}, (i) a > 0 ⇔ 1/a > 0 e (ii) a < 0 ⇔ 1/a < 0
Demonstração. Vamos demonstrar (i). A demonstração de (ii) ficará comoexercício.
(⇒) Suponha, por absurdo, que exista a ∈ R tal que a > 0, mas 1/a = 0ou 1/a < 0. Se 1/a = 0, então por [PA12], a · 1/a = a · 0 = 0, umacontradição, pois a · 1/a = 1. Se 1/a < 0, então −(1/a) > 0 e, portanto,a · (−(1/a)) > 0. Mas a · (−(1/a)) = −(a · 1/a) = −1, por [PA14] e (C7).Concluímos então que −1 > 0, um absurdo.
(⇐) Basta usar (⇒) substituindo “a” por “1/a” e observar que, por [PA10],1/(1/a) = a.
Parte 6 Matemática Básica 99
[PO09]
∀a, b ∈ R, ∀c > 0, a < b ⇔ a · c < b · c.
Demonstração.
(⇒) Verdadeira por [PO03].
(⇐) Sejam a, b ∈ R e c > 0 tais que a ·c < b ·c. Como c > 0, por [PO08],1/c > 0. Temos que
a · c < b · c(1)=⇒ (a · c) · (1/c) < (b · c) · (1/c)(2)=⇒ a · (c · 1/c) < b · (c · 1/c)(3)=⇒ a · 1 < b · 1 (4)
=⇒ a < b,
onde, em (1) usamos [PO03], em (2) usamos (C3), em (3) usamos (C7),e em (4) usamos (C5).
Parte 6 Matemática Básica 100
Folha 25
[PO10]
∀a, b ∈ R, ∀c < 0, a < b ⇔ a · c > b · c.
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 101
[PO11]
∀a, b ∈ R, (i) a < b ⇔ −a > −b e (ii) a > b ⇔ −a < −b.
Demonstração. Vamos demonstrar (i). A demonstração de (ii) ficará comoexercício.
(⇒) Temos que
a < b(1)=⇒ b − a > 0 (2)
=⇒ − (b − a) < 0 (3)=⇒ − b − (−a) < 0
(4)=⇒ − a > −b,
onde, em (1) usamos a definição de “<”, em (2) usamos que x < 0 se, esomente se, −x > 0 e, também, usamos [PA09], em (3) usamos [PA21],e em (4) usamos a definição de “>”.
(⇐) Se −a > −b, então −b < −a. Usando (⇒), concluímos que−(−b) > −(−a). Por [PA09], segue-se que b > a. Logo, a < b.
Parte 6 Matemática Básica 102
[PO12]: Parte 1
∀a, b ∈ R, a · b > 0 ⇔ (a > 0 e b > 0) ou (a < 0 e b < 0).
Demonstração.(⇒) Se a · b > 0, então a �= 0, pois, caso contrário, a · b = 0 · b = 0, umacontradição. Assim, ou a > 0 ou a < 0. Se a > 0, então 1/a > 0 por[PO08]. Por (O2), (1/a)·(a·b) > 0. Mas (1/a)·(a·b) = (1/a·a)·b = 1·b =b por (C3), [PA08] e [PA04]. Logo b > 0. Assim, a > 0 e b > 0. Se a < 0,então 1/a < 0 por [PO08]. Logo −(1/a) > 0. Por (O2), −(1/a)·(a·b) > 0.Mas − (1/a) · (a · b) = −(1/a · a) · b = −1 · b = −b por (C3), [PA08] e[PA13]. Logo −b > 0 e, portanto, b < 0. Assim, a < 0 e b < 0. Em todosos casos, concluímos que se a · b > 0, então (a > 0 e b > 0) ou (a < 0 eb < 0).
(⇐) Se a > 0 e b > 0, então a · b > 0 por (O2). Se a < 0 e b < 0, então−a > 0 e −b > 0. Logo (−a) · (−b) > 0 por (O2). Mas, (−a) · (−b) = a ·bpor [PA15]. Assim, a · b > 0. Desta maneira, mostramos então que se(a > 0 e b > 0) ou (a < 0 e b < 0), então a · b > 0.
Parte 6 Matemática Básica 103
[PO12]: Parte 2
∀a, b ∈ R, a · b < 0 ⇔ (a > 0 e b < 0) ou (a < 0 e b > 0).
Demonstração. Exercício.
Parte 6 Matemática Básica 104
Folha 26
[PO13]
Se a ∈ R e a > 0, então a2 > 0.
Demonstração. Exercício. Sugestão: use que a2 = a · a e (O2).
Parte 6 Matemática Básica 105
[PO14]
A sentença “se a ∈ R e a2 > 0, então a > 0” é falsa!
Demonstração. Exercício. Sugestão: apresente um contraexemplo paraa sentença.
Parte 6 Matemática Básica 106
[PO15]
Se a ∈ R e a < 0, então a2 > 0.
Demonstração. Exercício. Sugestão: use que a2 = a · a = (−a) · (−a) =(−a)2, [PO11] e (O2).
Parte 6 Matemática Básica 107
[PO16]
a �= 0 ⇔ a2 > 0.
Demonstração. Exercício. Sugestão: para a �= 0, separe nos dois casospossíveis: a > 0 e a < 0.
Parte 6 Matemática Básica 108
Folha 27
[PO17]
(i) a > 0 ⇔ a3 > 0, (ii) a < 0 ⇔ a3 < 0.
Demonstração. Exercício. Sugestão: use que a3 = a2 · a e aspropriedades e os axiomas anteriores.
Parte 6 Matemática Básica 109
Observações� A notação a ≥ b indica que a = b ou a > b. Ela deve ser lida
da seguinte maneira: a é maior do que ou igual a b. Sãoverdadeiras as afirmações 3 ≥ 3 e 7 ≥ 5.
� A notação a ≤ b indica que a = b ou a < b. Ela deve serlida da seguinte maneira: a é menor do que ou igual a b. Sãoverdadeiras as afirmações 3 ≤ 3 e 5 ≤ 7.
� Todas as propriedades enunciadas anteriormente continuamverdadeiras se trocarmos “>” por “≥” e/ou “<” por “≤”.
� Alguns autores usam o símbolo R+ para indicar os reais não-negativos e o símbolo R+∗ para indicar os reais positivos.
� O conjunto dos números racionais (Q) munido com asoperações usuais de adição e multiplicação também é exemplode um corpo ordenado.
Parte 6 Matemática Básica 110
Observações
� O conjunto dos números complexos (C) munido com asoperações usuais de adição e multiplicação não pode serordenado com uma estrutura compatível com a ordenaçãode R.
De fato: i não satisfaz o princípio da tricotomia. Certamentei �= 0. O número i não é maior do que 0, pois
i > 0 ⇒ i · i > i · 0 ⇒ i2 > 0 ⇒ −1 > 0 (absurdo).
O número i não é menor do que 0, pois se i < 0, então −i > 0e, portanto,
(x − 5) · (x − 1) > 0[PO12]⇐⇒ (x − 5 > 0 e x − 1 > 0) ou (x − 5 < 0 e x − 1 < 0)
[PO07, PA03, C3, C5]⇐⇒ (x > 5 e x > 1) ou (x < 5 e x < 1)
⇐⇒ x > 5 ou x < 1
Parte 6 Matemática Básica 113
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Parte 6 Matemática Básica 114
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b
Parte 6 Matemática Básica 115
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado
Parte 6 Matemática Básica 116
Folha 29
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado, (a, b) é um intervalo aberto
Parte 6 Matemática Básica 117
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado, (a, b) é um intervalo aberto, [a, b) éfechado à esquerda
Parte 6 Matemática Básica 118
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado, (a, b) é um intervalo aberto, [a, b) éfechado à esquerda, (a, b] é fechado à direita
Parte 6 Matemática Básica 119
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado, (a, b) é um intervalo aberto, [a, b) éfechado à esquerda, (a, b] é fechado à direita. Os cinco intervalosda direita são ilimitados
Parte 6 Matemática Básica 120
Folha 30
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado, (a, b) é um intervalo aberto, [a, b) éfechado à esquerda, (a, b] é fechado à direita. Os cinco intervalosda direita são ilimitados: (−∞, b] é a semirreta esquerda, fechada, deorigem b.
Parte 6 Matemática Básica 121
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado, (a, b) é um intervalo aberto, [a, b) éfechado à esquerda, (a, b] é fechado à direita. Os cinco intervalosda direita são ilimitados: (−∞, b] é a semirreta esquerda, fechada, deorigem b. Os demais têm denominações análogas.
Parte 6 Matemática Básica 122
Intervalos
Sejam a, b ∈ R, com a ≤ b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidossão denominados intervalos:
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}, (−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b},(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}, (−∞, b) = {x ∈ R | x < b},[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}, [a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x},(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}, (a,+∞) = {x ∈ R | a < x},
(−∞,+∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a e b:[a, b] é um intervalo fechado, (a, b) é um intervalo aberto, [a, b) éfechado à esquerda, (a, b] é fechado à direita. Os cinco intervalosda direita são ilimitados: (−∞, b] é a semirreta esquerda, fechada, deorigem b. Os demais têm denominações análogas. Quando a = b,o intervalo fechado [a, b] reduz-se a um único elemento, chama-seintervalo degenerado e os outros três intervalos da esquerda, neste caso,são vazios.
Parte 6 Matemática Básica 123
Observações
� Outras notações para intervalos:
]a, b[ para indicar o intervalo (a, b),
[a, b[ para indicar o intervalo [a, b), etc.
� −∞ e +∞ não são números! Eles são apenas símbolosusados para indicar que os intervalos são ilimitados. Portanto,não podemos somá-los, multiplicá-los ou executar qualqueroperação considerando-os como se fossem números.
Parte 6 Matemática Básica 124
Folha 31
Intervalos
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}
a b
Parte 6 Matemática Básica 125
Intervalos
(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}
a b
Parte 6 Matemática Básica 126
Intervalos
[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}
a b
Parte 6 Matemática Básica 127
Intervalos
(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}
a b
Parte 6 Matemática Básica 128
Folha 32
Intervalos
(−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b}
b
Parte 6 Matemática Básica 129
Intervalos
(−∞, b) = {x ∈ R | x < b}
b
Parte 6 Matemática Básica 130
Intervalos
[a,+∞) = {x ∈ R | a ≤ x}
a
Parte 6 Matemática Básica 131
Intervalos
(a,+∞) = {x ∈ R | a < x}
a
Parte 6 Matemática Básica 132
Folha 33
Resolvendo inequações. . .
CUIDADO!
1 − 2 x − 6x − 1
> 0 ⇔ 1 >2 x − 6x − 1
⇔ 2 x − 6x − 1
< 1
⇔ 2 x − 6 < x − 1
⇔ 2 x − x < −1 + 6
⇔ x < 5.
Existe algo de errado neste desenvolvimento? Sim!
�
Parte 6 Matemática Básica 133
Resolvendo inequações. . .
2 x − 6x − 1
< 1 ⇔ 2 x − 6x − 1
−1 < 0 ⇔ 2 x − 6 − (x − 1)x − 1
< 0 ⇔ x − 5x − 1
< 0
Esta última inequação pode ser resolvida usando-se uma variaçãode [PO12]:
x − 5x − 1
< 0
(x − 5 > 0 e x − 1 < 0) ou (x − 5 < 0 e x − 1 > 0)
Mas vamos resolvê-la usando um método mais esquemático!
Parte 6 Matemática Básica 134
Resolvendo inequações. . .
2 x − 6x − 1
< 1 ⇔ 2 x − 6x − 1
−1 < 0 ⇔ 2 x − 6 − (x − 1)x − 1
< 0 ⇔ x − 5x − 1
< 0
Sinal dex − 5
Sinal dex − 1
Sinal de(x − 5)/(x − 1)
5
5
5
1
1
1
S = {x ∈ R | 1 < x < 5} =]1, 5[.
Parte 6 Matemática Básica 135
Números reais algebricamente(axiomaticamente): R é completo