SALVADOR TERÇA-FEIRA 18/1/2011 OPINIÃO A3 FALE COM A REDAÇÃO: 71 3340 8990 / 71 3340 8992 / SEGUNDA A SEXTA: 6 ÀS 22H / SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS: 9 ÀS 20H. SUGESTÕES DE PAUTAS: [email protected] / CLASSIFICADOS PO- PULARES: 71 3533 0855 / WWW.ATARDE.COM.BR/CLASSIFICADOS / PU- BLICIDADE: 71 3340- 8757/8731. FAX 3340-8710. CIRCULAÇÃO CAPITAL: 71 3340-8612. FAX 3340-8732. CENTRAL DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE: 71 3533 0850 / INTERIOR: 0800 71 8500. PREÇO PROMOCIONAL PARA BAHIA E SERGIPE: MENSAL R$ 44,00 / SEMESTRAL R$ 253,00 / ANUAL R$ 486,00. VENDA AVULSA BAHIA E SERGIPE: DIAS ÚTEIS: R$ 1,75 E DOM. R$ 2,75 / OUTROS ESTADOS: R$ 4,00 E DOM. R$ 5,00. REPRESENTANTE PARA TODO O PAÍS: PEREIRA DE SOUZA E CIA LTDA. RIO DE JANEIRO: 21 2544 - 3070 / SÃO PAULO: 11 3259 - 6111 / SEDE: RUA PROF. MILTON CAYRES DE BRITO, Nº 204 - CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP 41822-900 - SALVADOR - BA. REDAÇÃO: (71) 3340-8800, PABX: (71) 3340-8500. FAX: (71) 3340-8712/8713. 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Propostas para melhorar o ensino no País existem aos montes. Umas, que apontam para o médio prazo, considerando que reformas nes- sa área é tarefa que só ecoa uma geração depois. Está aí o novo Plano Nacional de Educação, muito mais enxuto e racionalizado em seus 20 pontos, que traz no seu bojo uma proposta de Lei de Responsabilidade Educacional, verdadeira bomba sobre a cabeça de gestores irrespon- sáveis. Se for aprovado pelo Congresso, esta- remos daqui aplaudindo de pé. Por outro lado, o senador Cristóvam Buar- que, o incansável Cristóvam, tem-nos apre- sentado propostas com possíveis resultados de curto ou curtíssimo prazo. A primeira, que obrigaria a qualquer detentor de cargo público – de vereador a presidente da República – a matricular os seus filhos na rede pública de educação. Que tal? Já imaginaram a corrida dessa gente para resolver o que postergaram a vida toda? E olhe que tal determinação só entraria em vigor daqui a sete anos! A outra proposta do grande SenEducador é, simplesmente, federalizar o ensino público brasileiro, com nossos professores tendo o mesmo tratamento que funcionários do Ban- co do Brasil, da Caixa, Petrobras e outras “joias da coroa” que costumam chegar à excelência profissional. E salarial. Imaginem um país de brancosnegrosmestiços pensantes, bem informados politicamente e bem remunerados em suas profissões, escolhendo por si mesmos o que é melhor para suas vidas. Enquanto isso, 20 mil torcedores histéricos re- ceberam Ronaldinho na Gávea; o BBB 11 estreou com poderosa audiência; e a região serrana do Rio quase desaparece sob os temporais. Jorge Portugal Educador e poeta [email protected] Suje suas mãos T empo de férias para a meninada. As fa- mílias mais pobres aproveitam para in- corporar toda a turma à labuta para uma graninha extra. Aquelas em melhores condi- ções financeiras ficam a buscar o que fazer com os que não estão na escola. O livro de Matthew Crawford sobre a im- portância de se trabalhar com as mãos no mundo contemporâneo foi inspirador deste texto. Assim como ele, também percebo o quanto deixamos de lado os trabalhos ma- nuais. Nossa vida está repleta de equipa- mentos, todos eles enlatados, hermetica- mente fechados, de tal forma que não nos resta alterativa a não ser trocar tudo quan- do algum desses aparelhos quebra. Não ex- perimentamos futucar nada! Bom exemplo disso são os carros, hoje quase todos computadorizados. Alguns modelos já nem vêm com aquela varetinha para controle do nível óleo. Tudo está num painel infor- matizado. Muitos jovens já adquirem os seus primeiros carros com ar-condicionado e, fe- chados nestes e com um som nas alturas, nem ouvem o barulho do motor, o que não permite ao motorista-aprendiz “sentir” o ruído do carro e, assim, compreender melhor como ele fun- ciona. Nada disso importa, basta rodar. Que- brando, trocam-se as peças por inteiro. Isso vale para carros, geladeiras, liquidificadores, sons qualquer coisa. Também nossas escolas pouco valorizam os trabalhos manuais ao longo do ano. É sempre muito aula-conteúdo! Hoje, muitas crianças têm até nojo de pegar em barro, não gostam de se melar, não caminham descalças, não sabem apertar um parafuso, não observam a lua e as estrelas, não trepam mais em árvores – verdade que estas cada vez mais raras! Experimentar essas sensações é algo que nos dá outra dimensão da vida e possibilita outra relação com os saberes e conheci- mentos. Fazer experimentos científicos com coisas simples, construir bugigangas com sucatas, montar um radinho de galena (será que você sabe o que é isso?!) e tantas outras pequenas coisinhas vão possibili- tando uma formação científica mais ampla, uma relação mais direta com a natureza e com o ambiente e, desse modo, uma for- Nelson Pretto Professor associado da Faculdade de Educação/Ufba [email protected] EDITORIAL Lei existe para todos O direito de todos os brasileiros a uma vida digna é inalienável e, por isso mesmo, cons- ta da Carta Magna. Mas também na Cons- tituição está escrito que a ninguém é dado o direito de desconhecer e descumprir as leis, fato que vem acontecendo na Bahia, com a conivência e até participação de autori- dades constituídas, em relação às ocupa- ções de fazendas, por parte de grupos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), quando estes resistem a sair da área invadida. Uma situação já complicada agravou-se com a solução adotada pelo governo es- tadual logo após a ocorrência de um con- flito envolvendo integrantes do MST e po- liciais militares, quando estes cumpriam uma ordem da Justiça para a reintegração de posse em uma fazenda no município de Itapitanga, no sul da Bahia, em 2007. A partir de então, sem que tenha havido uma ordem escrita ou uma portaria oficial, a Polícia Militar recebeu orientação para que, antes de cumprir o mandado de reinte- gração, submeta o assunto à apreciação da Casa Militar do governo. O que de fato passou a acontecer foi a protelação das determinações judiciais, sob o argumento oficial de que seria necessário planejar as operações de forma que se evi- tassem conflitos. A questão é que, em alguns casos, conforme levantamento feito pelas su- cursais de A TARDE no interior do Estado, as ocupações já duram dois anos apesar de a Justiça ter determinado a reintegração de posse logo após a invasão das propriedades. Além de prejuízos financeiros e econô- micos dos proprietários se prolongarem e se tornarem irrecuperáveis, resta o fato de que a desobediência de uma autoridade, no caso a PM, às decisões da Justiça configura uma situação de Estado anárquico, o que pode estimular a ação de grupos bando- leiros, interessados somente em saquear fazendas, manchando e deturpando as ações daqueles que realmente lutam pelo direito de trabalhar na terra. O estado de direito é uma conquista im- prescindível da sociedade humana, mas, para que subsista, é essencial que a lei, além de respeitada, seja por todos cumprida. “Vamos apoiar a reforma agrária, mas não vamos tolerar a invasão de terras” GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DE SÃO PAULO, defendendo que cabe ao Estado oferecer terras devolutas para a criação de assentamentos rurais mação mais sólida em todos os campos. Mas não tenhamos saudosismo dessas atividades manuais em contraposição aos avanços tecnológicos, principalmente das comunicações, com destaque para a inter- net. Resgatar essas práticas manuais é ab- solutamente compatível com uma plena imersão no universo da cibercultura. Na- vegue pela internet e encontre pistas de “Como as Coisas Funcionam”, descubra o tal radinho de galena e tente fazer um, passeie pelos sites em busca de experiências e téc- nicas para consertar as coisas. Uma forte articulação entre educação, cultura, ciência e tecnologia pode contri- buir para que suas férias sejam mais ba- canas, além de contribuir para pensar em escolas que se constituam em ricos espaços formativos dessa juventude, que é estimu- lada a fazer poucos trabalhos manuais e a pouco criar. Uma juventude que, na pri- meira necessidade, compra tudo pronto! Nestas férias, role no chão, trepe em ár- vore e, se possível, participe de colônias de férias, mas escolha as mais rústicas – não pense em hotel cinco estrelas, com tudo à mão –, privilegie a experiência de viver o coletivo, em situações mais próximas da realidade de boa parte da população bra- sileira. Futuque um jardim ou a horta da comunidade. Pegue um aparelho velho, quebrado e desmonte-o, olhe as peças, tente dar outra utilidade para elas. Faça expe- rimentos, faça arte. Dispa-se das resistên- cias e aproveite a vida simples, com as mãos meladas de barro ou de graxa. Hoje, muitas crianças têm até nojo de pegar em barro, não gostam de se melar, não caminham descalças, não sabem apertar um parafuso (...) Educação, mistérios e tragédias