PÁGINAS 6 A 9 VAI O LIXO PARA ONDE CONHEÇA O ATERRRO SUBTERRÂNEO QUE RECEBE QUASE 40% DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS NO RS ZERO HORA | SÁBADO E DOMINGO | 22 E 23 DE JUNHO DE 2019 COMPORTAMENTO 50 ANOS DEPOIS, AS DESCULPAS DA POLÍCIA POR STONEWALL INN PÁGINA 13 DESCUBRA O CARRO CRIADO POR ALUNOS DE ENGENHARIA EM ERECHIM. ELE FAZ MAIS DE 500 KM/LITRO PÁGINAS 16 A 18 Celina Joppert, consultora empresarial “SER FELIZ DÁ TRABALHO. É UM CULTIVO” PÁGINAS 2 A 4 Nº173 Área de 73 hectares em Minas do Leão é visitada, diariamente, por 139 caminhões carregados. Sob o solo, já há 14 milhões de toneladas de lixo
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PÁGINAS 6 A 9
VAI OLIXOPARA ONDE
CONHEÇA O ATERRROSUBTERRÂNEO QUE RECEBEQUASE 40% DOS RESÍDUOS
PRODUZIDOS NO RS
ZERO HORA | SÁBADO E DOMINGO | 22 E 23 DE JUNHO DE 2019
COMPORTAMENTO50 ANOS DEPOIS, AS DESCULPASDA POLÍCIA POR STONEWALL INNPÁGINA 13
DESCUBRA O CARRO CRIADO PORALUNOS DE ENGENHARIA EM ERECHIM.ELE FAZ MAIS DE 500 KM/LITROPÁGINAS 16 A 18
Celina Joppert,consultora empresarial“SER FELIZ DÁ TRABALHO. É UM CULTIVO”PÁGINAS 2 A 4
Nº173
Área de 73 hectares emMinas do Leão é visitada,
diariamente, por 139 caminhõescarregados. Sob o solo, já
há 14milhões de toneladas de lixo
“Gotinha”quevailonge
Desde a estreia,a série Singular já passoupormais de 70municípiosgaúchos. Acesse todasas histórias:gauchazh.com/singular
Erechim
PortoAlegre
29/6 – Porto AlegrePróxima parada:
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ESTUDANTES DE ENGENHARIAMECÂNICA CRIAM VEÍCULO QUEANDA 543 QUILÔMETROS COM
UM LITRO DE GASOLINA E, DEQUEBRA, DESENVOLVEM NOÇÕES
DE ADMINISTRAÇÃO, GESTÃO,MARKETING E RECURSOS HUMANOS
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S eja demanhã, à tarde,à noite ou emplenamadrugada, umgrupode jovens pode ser visto
diligentementemexendo emumveículo branco, de formato estranho,aparência que indica fragilidade eque, a julgar pelo que se vê, não temnada de especial. Eles testam, abrem,fecham,mexem, levampara cá epara lá. Passampor praças, galpões,avenidas, o estacionamento de umsupermercado. Estudam, dia apósdia,maneiras de tornar o “carrinho”,comoo chamam, cada vezmelhor.A equipeDropTeam, formada por
estudantes de EngenhariaMecânicano campus Erechim do InstitutoFederal de Educação, Ciência eTecnologia do Rio Grande do Sul(IFRS), fez o protótipo do zero.O nome do time – drop, em inglês,nesse contexto, significa “gota”– faz referência ao formato doveículo, assim desenhado embuscade aerodinâmica, e também aoobjetivo dos jovens: fazê-lo ir longerodando com apenas uma gota decombustível. A equipe tenta tambémdesenvolver tecnologias que possamser implementadas em larga escalapara diminuir a poluição e reforçaro uso racional dos recursos fósseis.Eles estão chegando lá. OAlbatroz
(informaçãode bastidores: o nomedoúltimomodelo havia sido trocadopara “Murphy”,mas as coisas
começaramadar errado, talvezpor conta de uma certa lei...) vooubaixo emcompetição realizada naCalifórnia (EUA), emabril: alcançou543 quilômetros por litro de gasolina,conquistando a terceira colocaçãona categoria combustão internaa gasolina, atrás de uma equipecanadense e umanorte-americana.É issomesmo: um veículomovido
a gasolina e desenvolvido no Brasilconseguiu se locomover demaneira35 vezesmais eficiente que amarcade um carro de rua consideradoeconômico, que rode 15 quilômetroscomum litro de gasolina. E sagrou-semerecedor do título de veículomais eficiente da América Latina,em competição realizada pelamultinacional petrolífera Shell.– Ele vibra bastante, a condução
é pesada, comparando comumautomóvel de rua. Omotoristafica quase imóvel, encolhido, parapoder caber nele. É questão deaerodinâmica. Por incrível quepareça, é apertado – fala IzequielBalsanelo, 21 anos, estudantedo 5º semestre de EngenhariaMecânica e piloto do “carrinho”.Oveículonãoprezapeloconforto:
pesa cerca de 50quilos, recebe umúnicopassageiro–oprópriopiloto–eédifícil demanobrar.Basicamente, sósemovepara frente, fazendo até 50quilômetros por hora (os alunos nãopassamde 20, por segurança).Mas
é para isto que servemos protótipos:para testar conceitos que, se deremcerto, podemseraplicadosnosveículosdodia adia.Enão seriabom?–Aspessoas achamquase
inacreditável. O quemais notamosé umestranhamento: “Meu carroconsegue fazer nomáximo 15quilômetros por litro”, dizem, “e vocêsfazem500!”.Mas é a tecnologia, né?Oprincipal fundamento doprotótipoé você desenvolver a tecnologia parapoder aplicar no carro de rua.Ou seja, toda a tecnologiadesenvolvida aqui umdia vai seraplicada emumcarro de rua. Aindaquedificilmente umcarro de ruavá fazer umaquilometragemdessa,devido àmassa – pondera o piloto.O projeto, hoje com 14 alunos
e dois professores integrantes,começou em2016, quando aequipe participoude sua primeiracompetição.Naquele ano, porém, elessequer conseguiramfinalizar a prova.–Aquilo nos deixou com
“sangue nos olhos”. Queríamosmuitoconseguir resultadosmelhores. Entãocomeçamos a trabalharmais emais,e em2017 já chegamos aopódio damaratonanacional para veículoseficientes. Ano após ano, temos feitomodelosmelhores, sempre buscandoumaprimoramento –descreveGabriel Salini, 21 anos, alunodo9º semestre e ex-capitão da equipe.Mas não é só de competição e bons
resultados que o timeDrop é feito.O que faz eles levantaremcedo,ocuparemdiversos turnos fora de aulapreocupados comaveloz “gotinha”e, por vezes, seguiremmadrugadaadentro testando amáquina não éapenas a busca de status e recordes:é o companheirismo euma série deaprendizados que tambémse buscadesenvolver entre os integrantes.O responsável é o professorAirton
CampanholaBortoluzzi, que lecionatanto no curso técnico quanto nobacharelado emMecânica.No IFRS,comonos demais institutos federais,toda pesquisa émuito voltada parasua aplicação prática. E é comessaideia queBortoluzzi decidiu criar aequipe. Engenheiro comdestacadacarreira profissional – estava prestesa disputar umcargo de gerente deprojetos emumagigantesca empresade alimentos quando resolveudaraulas –, ele quer passar tanto osconhecimentos teóricos quanto osempíricos para os jovens.–Não é só para dar aula que vou lá.
Ajudo os alunos, futuros engenheiros,a fazer o que eu fazia. Se possível,fazermelhor, porque vão contarcomminha experiência. É isso quetento passar noprojeto: a parte degerenciamento, de planejamento,de atingimento demetas, e buscar atécnica necessária. Fico satisfeitocom isso, esse é omeu resultadodoprojeto – garante o professor.
ECONÔMICOA equipe Drope Team completa,diante de seu orgulho: o Albatroz.Na página ao lado, o alunoIzequiel dentro do “carrinho”
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Esses ensinamentos são passadosdesde a seleção. Curiosamente, nãose olha para ohistórico escolar dosconcorrentes: os “recrutadores” –sim, porque tudo funciona comose fosse uma empresa de verdade– avaliamo comportamento, amotivação e a capacidadede trabalharemgrupodos interessados. O que sebusca,mais do que a criação de umcarro eficiente, é a evolução de cadaumapartir da evolução da equipe.– E, a partir disso, a gente tem
avaliação do desenvolvimentoindividual. Orientamos eles sempreembusca domelhor desempenho– orgulha-se Bortoluzzi.Nas paredes dos laboratórios
utilizados pela equipe, logo se notaesse foco. Há seções com anotaçõessobre o que se fez ou se está fazendo,o que se testou e o que se estáplanejando, quais são os problemase quais as sugestões paramelhorar.Os próprios alunos definiramumaespécie de livro de regras queprevê, para os faltosos oumenosparticipantes, punições como a nãoparticipação de competições e, maisgrave de todas, a expulsão do grupo.É tudo levadomuito a sério.Tambémpudera: a “brincadeira”,
alémdedemandarmuito tempodeles,tambémcusta caro. Cadamodelotemumcusto estimadode atéR$40mil. Desde o início doprojeto,calcula o coordenador do grupo,foramgastos aproximadamenteR$200mil entre desenvolvimento deprotótipos, viagens para participar decompetições e compra demateriais.O instituto federal banca algumasdessas despesas,mas amaior parte sóé possível por conta de patrocínios.Para essa turma, representar
Erechim, o Rio Grande do Sule o Brasil com resultados tão
significativos é uma formade devolver à comunidade osinvestimentos feitos no ensinopúblico. Por isso a equipe estásempre pensando em formas demostrar suas conquistas e agradecerpelo apoio que tem recebido.Mas eles queremmais.Agora, com toda a disposição que
já demonstraram emotivados pelosbons resultados obtidos, o objetivo éaprimorar o protótipo até conseguirtorná-lo aindamais eficiente,chegando aosmil quilômetrospor litro. Alguémduvida?
O que é?Protótipo Veicular deAlta Eficiência Energética
Quem faz?Equipe Drop Team, formada porestudantes de Engenharia Mecânicado Instituto Federal do Rio Grandedo Sul (IFRS) – Campus Erechim
Desde quando?A ideia do projeto começou em 2015,e em 2016 a equipe já participavade competições nacionais
ResponsávelProfessor Airton Campanhola Bortoluzzi
ApoioDiversas empresas e entidades de Erechim
ObjetivoAmeta atual da equipe édesenvolvero primeiro veículo brasileiro comautonomia demil quilômetrosconsumindoapenas um litro degasolina – seria um recordenopaís
Conquistas• 3º lugar na Shell Eco-marathonBrasil 2017 (Rio de Janeiro/RJ)• 1º lugar na Shell Eco-marathonBrasil 2018 (Rio de Janeiro/RJ)• 3º lugar na Shell Eco-marathonAmericas 2019 (Sonoma, Califórnia/EUA)• Medalha de Mérito LegislativoErechinense e Comenda Boa Vistado Erechim – Centenário
Para saber maisfacebook.com/dropteamifrs
O PROJETO
O GRANDEAPRENDIZADO É
FAZER COM QUE AENGENHARIA SEJA
APLICADA NA PRÁTICA.LOGO NA SELEÇÃO
OS ALUNOS PERCEBEMQUE A PARTE TÉCNICA
É SECUNDÁRIA.O OBJETIVO DOPROJETO NÃO É
O CARRO: É ODESENVOLVIMENTO
PROFISSIONAL EPESSOAL DELES.
AIRTON CAMPANHOLABORTOLUZZI
Professor de Mecânica doIFRS – campus Erechim
ENSINOOprofessor Bortoluzzi (acima) usa oprojeto para implementar lições de trabalhoem equipe, planejamento e atingimento de metas na área de engenharia
DIA A DIAOs estudantes trabalham em todas as fases do projeto, que é pago peloInstituto Federal do RS e por empresas e entidades parceiras de Erechim