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Rev. Brasileira de L ingstica Aplicada, v .l, n. 1,93-116, 2001
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A WWW e o Ensino de Ingls
Vera Lcia Menezes de Oliveira e Paiva Universidade Federal de
Minas Gerais
This article, theoretically supported by the social-cultural
theory and the communicative approach, discusses the role of the
Internet as a privileged environment for interaction and language
learning. Positive and negative points of the web are presented and
the potentialities of the new technology for language learning are
exemplified. The last part of the text presents a large variety of
resources available on the net.
Introduo
Os velhos laboratrios de lnguas estrangeiras esto em agonia
acelerada. As cabines que isolavam os alunos com seus fones de
ouvido e gravadores individuais, impedindo quase sempre a interao
com os demais colegas, cedem lugar aos laboratrios multimdia com
acesso Internet. Os novos laboratrios rompem as paredes da sala de
aula ao propiciar a comunicao com o mundo, trazendo para dentro da
escola possibilidades variadas de interao com nativos ou aprendizes
da lngua alvo. Como dizem Leiner at al (2000) the Internet is at
once a worldwide broadcasting capability, a mechanism for
information dissemination, and a medium for collaboration and
interaction between individuals and their computers without regard
for geographic location. Sendo assim, desnecessrio dizer que as
tecnologias de informao deveriam fazer parte dos currculos de
Letras, pois os professores deste sculo precisam estar
tecnologicamente alfabetizados para que possam integrar essas novas
formas de comunicao ao seu planejamento pedaggico.
A Internet
A Internet surgiu em 1969, quando o Departamento de Defesa dos
Estados Unidos, preocupado com a guerra fria, a corrida
armamentista e a necessidade de compartilhar de forma segura
informaes sigilosas, criou uma rede eletrnica - A ARPANET. Essa
rede tinha a finalidade de transferir, de forma espantosamente
rpida, uma grande quantidade de dados de um computador para
outro.
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A ferramenta inicial da Internet foi o correio eletrnico
associado possibilidade de transferncia de arquivos textos atravs
de acesso remoto (FTP - file transfer protocol). Em seqncia, veio a
World Wide Web (WWW) que rene informaes em forma de texto, imagens,
vdeo e som, de forma isolada ou multimdia. A primeira verso da WWW
foi colocada na Internet em 1991, mas foi com o lanamento do
navegador (browser) Mosaic, em 1993, e o conceito de hipertexto que
o crescimento da Web se intensificou (Crossman,1997;
Levy,1997:23-4).
No que diz respeito ao ensino de lngua inglesa como segunda
lngua, podemos afirmar que a criao, em maio de 1991, da lista de
discusso eletrnica TESL-L1 foi um marco na rea. Essa lista,
financiada em seus trs primeiros anos pelo Ministrio de Educao
Americano , atualmente, um projeto conjunto da USIS e da City
University de Nova York. Em 1997, a lista possua 14155 membros em
99 pases. Em 27 de fevereiro de 2001, as estatsticas da lista
registravam 27.749 membros em 159 pases, com uma mdia de 10
mensagens por dia.
A lista se divide em vrias sub-listas e, dentre elas, de
especial interesse para o propsito deste trabalho a TESLCA-L -
Technology, computers and TESL - fonte da maioria dos endereos
coletados para a formao de meu banco de dados de sites para ensino
e aprendizagem de ingls na Web. As outras sub-listas so: Fluency
First and whole language online seminar; Intensive English
Programs, teaching and administration; Adult Education and
Literacy; Jobs. employment, and working conditions in TESL/TEFL;
Materials Writers; e English for Specific Purposes.
Filiei-me a essa lista logo depois de sua criao e avalio que a
interao com colegas do mundo inteiro tem sido para mim uma
verdadeira oportunidade de educao continuada. Dvidas so
coletivamente discutidas; referncias bibliogrficas so sugeridas;
coletas de dados para pesquisa so constantemente realizadas;
contatos importantes so feitos; endereos de pesquisadores so
obtidos; projetos coletivos so realizados; livros so escritos a
vrias mos; sugestes de atividades para a sala de aula so trocadas;
chamadas para congressos so divulgadas; etc. Alm disso, h um banco
de dados com artigos e materiais para ensino; descri
! Para tornar-se membro, basta voc enviar uma mensagem eletrnica
para o seguinte endereo: [email protected]. com o seguinte
texto SUB TESL-L
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o de cursos; listas de software; informaes sobre as associaes
TESOL e IATEFL, etc. Esses arquivos so acessveis atravs de
comandos2 enviados por e-mail.
Com o desenvolvimento da Internet e o crescimento da WWW, um
nmero incalculvel de homepages tem sido criadas e os recursos para
a aprendizagem de ingls foram ficando cada vez mais diversificados
e sofisticados. Alm desses sites especficos para a aprendizagem de
lnguas, houve um aumento substancial na quantidade e qualidade de
input na lngua alvo, em forma de texto e udio. Hoje possvel ler
jornais no inundo inteiro publicados em ingls. Por exemplo, um site
brasileiro (Banca de Revistas http://w w w .bhnet.com .br/banca/)
disponibiliza o endereo de jornais e revistas no mundo inteiro e o
aprendiz pode ler e imprimir o que lhe interessa.
Segundo Flix (1998:19), os materiais vo se tomando mais
interessantes, em termos do que consideramos ideal para um bom
ensino de lngua, medida que a tecnologia vai se desenvolvendo. Ela
descreve a progresso de interatividade proporcionada pela
tecnologia da Web na seguinte seqncia: livros didticos eletrnicos;
som e vdeo (numa extenso menor); exerccios com feedback online;
tarefas interativas; mecanismos que permitem a comunicao direta com
o professor e com outras pessoas. Ela cita o aparecimento de CGF
(Common Gateway Interface), aplicativos de ajuda, plug-in (um
aplicativo adicional para paginadores da Web - browsers - que
habilita funes extras como exibio de videoclipes, imagens 3D ou
apresentaes multimdia), e JavaScript (linguagem de programao que
estabelece interatividade adicional ao ser embutida a pginas Web).
Eu acrescentaria, tambm, a tecnologia Flash , que permite animaes
de muita qualidade.
Beaugrande (no prelo), ao discutir cognio e tecnologia na educao
e engarrafamentos na transmisso de informao, afirma que a
tecnologia sempre esteve presente na educao para viabilizar a
repre
2 Para conseguir a lista dos arquivos disponveis, o comando
INDEX TESL-L F=MAIL; arquivos dos subgrupos tambm podem ser obtidos
com os comandos: INDEX CALL F=MAIL; INDEX- FORUM F=MAIL; INDEX
TESOL F=MAIL etc. Arquivos particulares so obtidos atravs do
comando GET TESL-L F=MAIL3 CGI um programa que comunica com seus
documentos Web, criando mais dinamicidade e interatividade.
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sentao da informao. Ao longo do artigo, ele demonstra que as
vrias tecnologias empregadas na educao: quadro negro, caderno,
mquinas de ensinar4, laboratrios de lnguas apresentavam seus
bottlenecks, ou seja, suas limitaes na transmisso de informao.
Segundo ele,
later waves of more mechanised technologies like teaching
machines, PCs, and language laboratories, have not removed the
bottlenecks but have, on the contrary, implicated fresh
bottlenecks, mainly due to the requirements of the machines to
represent things in terms of codes that are not processed the way
humans process natural language.
B eaugrande prope su b s titu ir a palavra tecn o log ia no
planejamento educacional por Hipertecnologia e defende sua sugesto
da seguinte forma:
It can usefully link up with the term hypertext, which was
coined by Nelson (1965) to describe an ongoing system of
interconnecting documents. The hypertext would provide access to
the relations between any one text and the other texts which
relates or refers. In turn, the term hypermedia expands the concept
of hypertext to include other forms of digital information, e.g.,
graphic images, audio, video, and animation, and to present the
material interactively in response to the users choices. (Ebersole
1997:20; cf. Stebelman 1997)
Seguindo a linha de raciocnio de Beaugrande, podemos prever que
os recursos disponveis na Web, por serem no-lineares e
multidimensionais, podem oferecer aos aprendizes um ambiente mais
rico para aquisio da lngua inglesa do que os materiais
tradicionais. Assim, a Web, alm de sua caracterstica just in time
pode ser explorada de forma a ser just for , ou seja, adequada aos
diferentes estilos cognitivos e s formas preferidas de
aprender.
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4 Teaching m achines were predicted to kick-start an industrial
revolution in education, beginning with an apparatus which gives
tests and scores and teaches (Pressey 1926: 373; long-range surveys
in Cuban 1986; Benjamin 1988). Presseys machine, demonstrated at
the Ohio State University, presented one from a set o f
multiple-choice questions inscribed on a rotating cylinder, i f the
learner chose the correct answer by depressing one o f four keys,
the drum would rotate to the next question. If all answers were
correct, the student would be rewarded with a piece of candy.
(Beaugrande, no prelo)
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Segundo OLeary (2000:29), estudo publicado em S, Lawrence, April
1998, estimava a existncia de cerca de 320 milhes de homepages na
Web e a perspectiva era de que esse nmero aumentaria em 1000% em
poucos anos. Os inmeros sites disponveis na Web e todos os recursos
reunindo imagem e som criam um ambiente cognitivo que proporciona
nossa mente experincias semelhantes quelas vividas no nosso dia a
dia. Pensamos, aprendemos e recordamos, movendo nosso pensamento
atravs das palavras, imagens e sons, fazendo intervalos para
interpretar, analisar e explorar as informaes em nossa volta.
Voltamos ao ponto inicial e tentamos novos caminhos de raciocnio.
Assim tambm a Web. A aprendizagem atravs de seus recursos natural e
espontnea, pois podemos selecionar os materiais e escolher nossos
caminhos de acordo com nossos interesses e motivao. A aprendizagem
se d atravs de descobertas individuais, de soluo de problemas, de
tentativas diversas, do fazer e refazer, de acordo com o ritmo de
cada um. Mas a Web no apenas um local para se resolver problemas. E
um local para apresentar novas idias, experimentar, criar.
No ensino tradicional, o professor responsvel por fazer ou
induzir as conexes entre as informaes, pois o material didtico todo
previamente selecionado. Isso no significa que alguns alunos no
partam em busca de outras fontes ou de outras conexes, mas essa
autonomia bem menos provvel do que quando se trabalha com material
da Web. Quando usamos o material eletrnico, impossvel prever todas
as conexes que o aluno far atravs das inmeras possibilidades que o
hipertexto possibilita. As pessoas e os conhecimentos esto
inseridos em um emaranhado de informaes. Novos caminhos podem ser
gerados a qualquer momento quando uma pessoa faz uma conexo
justapondo conceitos que nunca haviam sido antes associados. Esse
ambiente, alm de ser mais propcio a um tipo de educao menos
conservadora, representa um estmulo a abordagens de ensino mais
centradas no aluno.
O aprendiz pode trabalhar sozinho ou se engajar em grupos,
aprimorando assim sua inteligncia interpessoal definida por Gardner
como a habilidade de compreender, trabalhar e conviver com os
outros5 (Altan, 2000:53). A Web nos ajuda a sair do foco no ensino
para o da aprendiza
5 Minha traduo de The ability to understand, work effetively
with, and get along with others.M Todas as citaes de autores
estrangeiros inseridas dentro de um pargrafo sero traduzidas para o
portugus, as demais sero mantidas no original para garantir uma
maior fidelidade ao texto original.
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2001
gem. O professor deixa de ser aquele que transmite conhecimentos
para ser aquele que ajuda a organizar as informaes e que oferece
trilhas de conhecimentos, exercendo o papel de guia para seus
alunos. Segundo Collins6, (1991) citado em Telia (1996:11), a adoo
de tecnologias implica vrias mudanas. O professor deixa de fazer
palestras e exposies para ser um facilitador e um coach. Diz
Collins:
the teacher guides and empowers students to discover the facts,
processes and concepts necessary to complete their understanding of
a topic and to use this in writing a paper, creating a plan, or
carrying out a project. There is strong evidence that students
become empowered and engaged in the activities they carry out while
using computers
Kelm (1996:27) acrescenta que
[T]he techonology allows language instructors to function in new
roles, designer, coach, guide, mentor facilitator. At the same time
the students are able to be more engaged in the learning process as
active learners, team builders, collaborators, and discoverers.
Para o professor, a Web 6 rica era infinitas possibilidades de
combinaes e de fonte para tarefas diversas. Uma das tarefas do
professor no s a de buscar informaes, mas tambm a de divulgar
conhecimento em parceria com seus alunos. A situao ideal seria que
o professor fosse auxiliado por especialistas em informtica para
gerao e manuteno das homepages, mas a parceria com um Web Designer
e outros especialistas, na prtica, quase impossvel. necessrio,
portanto, que os educadores se alfabetizem tecnologicamente para
melhor proveito tirarem da tecnologia.
Vrios so os pontos positivos da Web, mas contrapontos negativos
tambm podem ser listados. O quadro abaixo nos ajudar a visualizar
os dois lados da mesma moeda.
5 COLLINS, A. The role o f technology in restructuring schools.
Phi Delta Kcippan, p.28-36, 1991.
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PONTOS POSITIVOS DA WEB
PONTOS NEGATIVOS DA WEB
Variedade de informao Excesso de informaoPossibilidade de
atualizao constante
Ausncia de atualizao em algumas homepages
Ambiente multimdia: imagem, som, vdeo
Lentido no carregamento da informao proporcional quantidade de
recursos
Facilidade de navegao Necessidade de atualizao constante de
softwares
Diversidade de material Nem todo material de boa qualidade
Possibilidade de escolha de informao
Nem toda informao confivel
Responsabilidade individual na escolha de informao
Excesso de opes dificultando a escolha
Cada um interage com a informao de acordo com seu prprio
ritmo
Leitura de muita informao na tela cansativa
Gratuidade da informao 0 preo do impulso telefnico caroFomento a
educao continuada Nem todos os cursos so gratuitosRapidez no acesso
informao Necessidade de refinamento na busca
das informaes. As informaes nem sempre so localizadas
Acesso a textos em processo de construo
Algumas homepages ficam eternamente em construo
Uso por tempo ilimitado Volatilidade da informao. Algumas pginas
desaparecem rapidamente
Possibilidade de acesso aos autores
Algumas homepages so annimas
Orientao da leitura atravs de mapas de navegao.
Algumas homepages so mal organizadas
Possibilidade de leitura no linear A viagem atravs de
hipertextos pode desviar a ateno do objetivo principal
A pesar dos possveis pontos negativos, a web apresenta um
ambiente rico em oportunidades de construo de conhecimento, cabendo
ao usurio saber lidar com as limitaes que listamos acima.
A seguir discutirei o suporte terico que nos permite eleger a
web com o um local privilegiado para a aprendizagem de lnguas
estrangeiras, e, em especial, a lngua inglesa.
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100
Suporte tericoRev. B rasile ira de L ingstica A plicada, v .l ,
n . l , 2001
A utilizao de material da web para aprendizagem de lnguas
encontra respaldo na teoria construtivista, na teoria scio-cultural
e na verso forte da abordagem comunicativa.
O construtivismo e o sciointeracionismo
Para Piaget, os aprendizes aprendem buscando informao no mundo e
construindo seu prprio conhecimento e no atravs de informaes
transmitidas por outros. O conhecimento construdo pelo indivduo
atravs de aes no mundo.
Ao ensinar nossos alunos a buscar e processar informaes
armazenadas na Web, estaremos contribuindo para formar cidados
responsveis pela construo de seu conhecimento e preparados para a
aprendizagem ao longo da vida. A formao continuada um requisito
atual e a autonomia uma caracterstica bsica dos aprendizes do sculo
21. Mas a Web no apenas o local de se buscai* informao. A rede o
local, por excelncia, das interaes, da colaborao, do
compartilhamento.
Vygotsky (1984:31) ressalta o papel social da linguagem ao
dizerque
Signos e palavras constituem para as crianas, primeiro e acima
de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funes
cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se, ento, a base de
uma forma nova e superior de atividade nas crianas, distinguindo-as
dos animais.
atravs da linguagem e da interao com os outros que as crianas vo
ampliando seus conhecimentos. No caso da aprendizagem de uma lngua,
a interao imprescindvel, pois a lngua por sua natureza social.
Aprende-se uma lngua para se comunicar com os outros, seja por meio
escrito ou por meio oral.
Um dos conceitos mais importantes na teoria proposta por
Vygotsky (1984:97) o conceito de zona do desenvolvimento proximal,
que ele define como
a distncia entre o nvel do desenvolvimento real, que se costuma
determinar atravs da soluo independente de problemas, e o nvel
de
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desenvolvimento potencial, determinado atravs da soluo de
problemas sob a orientao de um adulto ou em colaborao com
companheiros mais capazes.
Apesar do conceito ter sido utilizado para explicar a
aprendizagem de crianas, considero-o perfeito para explicar a
aquisio de uma lngua estrangeira por crianas ou adultos. Para
Vygotsky, o nvel de desenvolvimento real de uma criana seria
definido por aquilo que uma criana pode fazer independentemente e a
zona de desenvolvimento proximal seria determinada pelos problemas
que a criana s pode resolver com alguma assistncia. Assim, tambm na
aprendizagem de uma lngua estrangeira podemos encontrar algo
paralelo a esses dois estgios. Um aprendiz de uma lngua estrangeira
capaz de utilizar algumas funes da lngua, mas pode no ser ainda
capaz de usar ou processar outras mais complexas por lhe faltar
estruturas lingsticas ou mesmo vocabulrio. No entanto, com a ajuda
de parceiros, atravs de testagem de hipteses e de negociao de
sentido, esse mesmo aprendiz pode obter sucesso em situaes
comunicativas, sejam elas via interao oral ou escrita. As interaes
eletrnicas - email ou chat - so excelentes canais para esse tipo de
aprendizagem colaborativa.
Hatch (1978:404) ressalta a importncia da conversao ao propor
uma teoria de aquisio que nega os pressupostos estruturalistas. Diz
ela:
It is assumed that one first learns how to manipulate
structures, that one gradually builds up a repertoire of structures
and then, somehow, learns how to put the structures to use in
discourse. We would like to consider the possibility that just the
reverse happens. One learns how to do conversation, one learns how
to interact verbally, and out of this interaction syntactic
structures are developed.
Para Hatch, antes da aquisio das estruturas sintticas, o falante
aprende como conduzir uma conversao. Ao interagir, o falante vai
adquirindo as estruturas sintticas. Assim, podemos concluir que a
aprendizagem se d atravs do esforo em se comunicar e, no atravs da
repetio e imitao de estruturas sintticas ordenadas em um nvel
crescente de dificuldade como prescrito pelas abordagens
estruturais. A Internet oferece um ambiente propcio interao com
falantes nativos ou aprendizes de lnguas estrangeiras em todas as
partes do mundo. Revela- se um excelente espao para o aprendiz ao
construir seu conhecimento do idioma e melhorar seu desempenho no
uso da lngua. Ao contrrio da
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sala de aula tradicional, que muitas vezes estimula a mera
imitao de modelos lingsticos, a Internet oferece situaes de
comunicao autnticas.
Vygotsky (1984:99) condena o conceito de aprendizagem como algo
puramente mecnico e lembra que pesquisas demonstraram que uma p
esso a s consegue im itar aqu ilo que est no seu n vel de
desenvolvimento. Para ele, o importante no a imitao pura, mas
aprender a ser capaz de resolver problemas7 independentemente.
Vygotsky (1984:102) resume sua teoria da seguinte forma:
Resumindo, o aspecto mais essencial de nossa hiptese a noo de
que os processos de desenvolvimento no coincidem com os processos
de aprendizado. O melhor, o processo de desenvolvimento progride de
forma mais lenta e atrs do processo de aprendizado; desta seqenciao
resultam, ento, as zonas de desenvolvimento proximal. Nossa anlise
modifica a viso tradicional, segundo a qual, no momento em que uma
criana assimila o significado de uma palavra, ou domina uma operao
como a adio ou a linguagem escrita seus processos de
desenvolvimento esto basicamente completos. Na verdade naquele
momento eles apenas comearam.
Percebo um paralelo entre os conceitos de processo de
desenvolvimento e processo de aprendizado de Vygostsky e a distino
que Krashen faz entre aquisio e aprendizagem, assim como acredito
haver uma proximidade entre o conceito de zona do desenvolvimento
proximal e a hiptese de input+z tambm de Krashen. Para ambos, a
aprendizagem de uma palavra ou de uma estrutura no garante que seu
uso seja incorporado ao desempenho do aprendiz, isto , no garante
sua aquisio, ou a finalizao do processo de desenvolvimento. O que
garante a aquisio (Krashen) ou o desenvolvimento (Vygotsky) , no
dizer de Krashen, a exposio ao idioma, input+i (linguagem que contm
alguns itens lingsticos levemente acima do nvel do aprendiz) e, no
conceito de Vygotsky, a zona de desenvolvimento proximal (uma
construo
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7 Eu acredito que aprender muito mais do que resolver problemas,
tambm estabelecer relaes, formar novas representaes, fazer conexes,
etc.
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colaborativa de oportunidades). Segundo Ohta (2000:52), o
construto da zona de desenvolvimento proximal (ZPD) especfica que o
desenvolvimento no pode acontecer se muita assistncia for dada ou
se a tarefa for muito fcil8. Percebe-se, pois, que tanto Krashen
quanto Vygotsky descredenciam a instruo formal como geradora de
aquisio/desenvolvimento e privilegiam as oportunidades
naturais.
Segundo Hay (2000:2)
[T]he brain is innately social and collaborative. Although the
processing takes place in our students individual brains, their
learning is enhanced when the environment provides them with the
opportunity to discuss their thinking out loud, to bounce their
ideas off their peers, and to produce collaborative work.
Acredito que a Internet oferea um ambiente propcio para que as
pessoas possam interagir, trocar opinies e participar de projetos
colaborativos. No h mais barreiras espaciais e temporais, desde que
o indivduo tenha acesso a um terminal de computador conectado
Internet. De sua casa, ou do laboratrio de sua escola, o estudante
pode acessar bibliotecas em vrias partes do mundo, assistir vdeos,
participar de diversos cursos online, e, ainda, acessar um imenso
mar de recursos para desenvolver as vrias habilidades envolvidas na
aprendizagem de uma lngua.
Means (2000:58) ressalta o potencial dos recursos oferecidos
pela tecnologia para propiciar uma aprendizagem significativa:
conexo com especialistas fora da sala de aula; ferramentas de
anlise e de visualizao; scaffolds9 para soluo de problemas; e
oportunidades t feedback, reflexo e reviso.
8 Minha traduo de The construct o f the zone o f proximal
development (ZPD) specifies that development cannot occur i f too
much assistance is provided or if a task is too easy.9 O termo
scaffolding, segundo Ellis (1997:143), o processo atravs do qual os
aprendizes utilizam o discurso para ajud-los a construir estruturas
que esto aqum de sua com petncia, (minha traduao de the process by
which learners utilize discourse to help them construct structures
that lie outside their competence.
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A abordagem comunicativa e a web
O objetivo da abordagem comunicativa desenvolver a competncia
comunicativa do aprendiz. Para tanto, o ensino baseado em funes e
noes da lngua com nfase no processo comunicativo. Como ressalta
Littlewood (1981:4) o aprendiz necessita adquirir no somente um
repertrio de itens lingsticos, mas tambm um repertrio de estratgias
para us-las em situaes concretas10. Ele lembra ainda que a lngua
tem tambm um significado social e que o aprendiz deve aprender a
interpretar as situaes sociais e a usar formas aceitveis, evitando
as potencialmente ofensivas (Littlewood, 1981: 6).
O material disponvel na web apresenta uma srie de caractersticas
tpicas da abordagem comunicativa (ver Richards & Rodgers,
1986:67- 8). Dentre elas, ressalta-se o fato de o foco da maioria
dos recursos disponveis na web ser no significado e no na forma,
pois a rede mundial de computadores uma grande biblioteca que
oferece os mais diversos gneros e as mais diversas fontes de
informao. O material da Web geralmente contextualizado e a leitura
se torna mais rica devido s possibilidades de uso do hipertexto que
gera mais conexes e , conseqentemente, mais contexto.
Um dos recursos mais interessantes para a prtica do idioma o
chat, uma excelente forma de dilogo em que o aluno se engaja com o
objetivo de comunicar com falantes do ingls, nativos ou no. H opes
de chat, como o da Provedora Terra, que se dividem salas de acordo
com o nvel de conhecimento da lngua dos participantes. Assim, o
aprendiz no se sente constrangido e pode interagir com pessoas de
um mesmo nvel de proficincia, a partir do nvel bsico.
Inmeras pesquisas - Egbert (1999); Paiva (1999); Peyton (1999);
Warschauer (1999); Meskill & Ranglova (2000); Pellettiere
(2000); Souza (2000); Motta-Roth (2001) - vm indicando a relevncia
de atividades que se utilizam de chat e e-mail para promover a
aquisio da lngua alvo em oposio ao ensino formal de estruturas
lingsticas.
A possibilidade de comunicao talvez a maior qualidade da Web. O
aprendiz tem a oportunidade de participar de uma srie de formas de
comunicao autntica. Alguns exemplos so: deixar mensagens em li
10 M inha traduo de ...the learner needs to acquire not only a
repertoire o f linguistic items, but also a repertoire o f
strategies for using them in concrete situations.
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Rev. B rasile ira de L ingstica A plicada, v . l , n . l , 2001
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vro de visitas, enviar avaliao sobre um texto lido para o autor;
receber feedback automtico e pessoal aps fazer exerccios on-line,
etc. Assim, o aluno no precisa mais esperar pelo feedback do
professor e no pode mais ludibriar a si mesmo, buscando a resposta
em apndices ou encartes nos materiais didticos antes de fazer os
exerccios.
Os aprendizes iniciantes encontram tarefas simples de leitura e
escrita na rede. Um exemplo de leitura de nvel elementar so as
citaes que so enviadas diariamente (veja, por exemplo Dailylnbox
fhttp:// mailrom.dailyinbox.corn) ou ainda o servio AWAD -
A.Word.A.Day11 que envia d iariam ente uma palavra nova com exem
plo de uso contextualizado. Dados de 22 de fevereiro de 2001
indicam que 390167 pessoas no mundo inteiro recebem uma mensagem
diria de AWAD. O site, recentemente, comeou a promover sesses de
chat com lingistas famosos. No dia 26 de fevereiro de 2001, por
exemplo, o convidado foi David Crystal, autor de The Cambridge
Encyclopedia of the English Language e outros livros sobre lnguas.
Detalhes sobre os chats e transcrio dos anteriores podem ser
obtidos em http://wordsmith.org/chat
Para leitores de nveis intermedirios ou avanados, alm da
infinidade de opes na Web, h servios que enviam textos dirios. Dois
bons exemplos so Chicken Soup fo r the Soul: Home Delivery fhttp://
www.soupserver.CQm/ind.html~) que envia diariamente um e-mail com
uma narrativa ou, mais raramente, um poema; e MysteryNefs Solve-it,
que um servio que envia aos inscritos, pessoas que gostam de
histrias de mistrio, quinzenalmente, uma histria para que o leitor
tente solucionar o mistrio (quem o ladro ou quem o assassino). O
endereo desse servio http://www.MvsteryNet.com/. Os leitores
participam de um concurso, tentando solucionar o mistrio ao
descobrir quem o criminoso dentre os suspeitos listados no site
http://www.MvsteryNet.com/ solveit/ .
Quanto escrita, h tambm tarefas simples como preencher
formulrios, ou jogos como forca12 que podem ser utilizados por
principiantes. A habilidade de se usar a lngua de forma efetiva e
apropriada mais importante na Web do que a preciso gramatical. Os
aprendizes entram em contato com variantes escritas e orais as mais
diversas e tambm com
11 A rq uivos an tigos podem ser encontrados em http://w ordsm
ith .org/aw ad/ awadmail.html. Para se inscrever na lista o endereo
http://wordsmith.org/awad/ subscribe.html.12 Veja o site
http://www.allmixedup.com/hangman/
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106 Rev. B rasile ira de L ingstica Aplicada, v .l , n . l ,
2001
diversas interlanguages, pois o mundo inteiro interage em ingls
na Internet.
O material na Web no est organizado de acordo com nenhum tipo de
seqncia. o navegante quem estabelece as seqncias atravs de seu
interesse e motivao. A complexidade lingstica no o fator
determinante e sim o significado.
O papel do professor que integra a internet sala de aula
tradicional ou que trabalha na modalidade distncia o de moderador e
no o de transmissor de conhecimentos. O professor modera as
discusses online e sugere endereos que ele considera interessantes,
assegurando, sempre que possvel, uma margem de escolha feita pelo
prprio aprendiz. Assim em uma aula de leitura, o professor pode
indicar um site com atividades de leitura, mas permitir que o aluno
escolha o texto cujo tema lhe atraia mais. Alguns exemplos de sites
so o English online: materiais fo r teaching and learning e seu
link dedicado habilidade de leitura [http://eleaston.com/reading
materals.htmll. o English on-line reading project
[http://www.geocities.eom/philliptowndrow/1 com 25 opes de tex tos,
ou ainda o W estern /Pacific L iteracy N etw ork Fh ttp ://
literacynet.org/cnnsfA> cuja descrio transcrevemos a seguir:
The Learning Resources site offers web-delivered instruction
using current and past CNN San Francisco bureau news stories. The
Western/Pacific Literacy Network and the CNN San Francisco bureau
have partnered to develop an online literacy site that benefits all
learners and instructors. This material is intended for adult
literacy and educational purposes. Though the intended audience is
adults, instructors and learners (of all ages) are encouraged to
use this material to promote better literacy.
Each module includes the full text of each story and interactive
activities to test comprehension. The learner can choose to read
the text, listen to the text, and view a short video clip of the
story. Each module is designed for ease of use so the learner can
use it independently. The instructor can also incorporate any story
into class activities and lesson plans.
A Web um ambiente para se aprender ingls de forma comunicativa,
pois oferece oportunidades para o aprendiz usar a lngua para
propsitos comunicativos (verso fraca da abordagem comunicativa
-
-
Rev. B rasile ira de L ingstica A plicada, v .l , n .l , 2001
107
aprendendo a usar a lngua) e tambm oferece oportunidade para o
aprendiz aprender a lngua atravs do uso da lngua (verso forteusando
a lngua para aprender13). Predominam recursos que se inserem dentro
da verso forte, ou seja, onde h oportunidades para se usar a lngua
e assim adquiri-la . So exemplos os chats, os fruns, os sites que
administram projetos colaborativos ao redor do mundo cujo objetivo
especfico no a aprendizagem de lngua, mas a aproximao de pessoas de
diferentes culturas. A Web est, ainda, repleta de homepages onde se
pode aprender alguma coisa, seguindo instrues em ingls: dar n em
gravatas e fazer dobraduras so bons exemplos cujo feedback seria o
produto final - o n da gravata e o objeto obtido pela dobradura.
Receitas culinrias so outro bom exemplo para se aprender vocabulrio
referente comida, principalmente se o aprendiz as colocar em
prtica.
Warschauer et al (2000:7) listam 5 razes principais para o uso
da Internet no ensino de ingls: contextos autnticos e
significativos; aumento de letramento atravs da leitura, escrita e
oportunidades de publicao na Internet; interao, a melhor forma para
se adquirir uma lngua; vitalidade obtida pela comunicao em um meio
flexvel e multimdia; e empowerment, pois o domnio das ferramentas
da Internet os toma autnomos ao longo da vida. Resta ao professor
saber tirar proveito do que a Web nos oferece.
Potencialidades da wefo para o ensino de lngua inglesa
Vrias publicaes foram feitas com o objetivo de indicar as
potencialidades da web para o ensino de lngua inglesa, como por
exemplo, Warschauer (1995), Bosswood (1997), Atkinson (1997), Paiva
(1997), Sperling (1997), Felix (1998) e Souza (1999). Todas essas
publicaes tiveram como objetivo divulgar as tecnologias da
Internet, indicar sites de interesse de professores e aprendizes de
lngua inglesa, e incentivar o professor a inserir as novas
tecnologias em seu fazer pedaggico.
13 Ver H owat (1984:279) para a distino entre as duas verses da
abordagem comunicativa.
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108 Rev. B ras ile ira de L ingstica Aplicada, v .l , n . l ,
2001
As primeiras publicaes contavam a histria da Internet e
desvendavam todos os mistrios do email, incluindo os cdigos para
substituir as acentuaes que no eram possveis com os primeiros
softwares, o significado dos emoticons14 e outras peculiaridades do
gnero recm nascido. As publicaes seguintes exploravam a web como um
todo e suas potencialidades: mecanismos de busca, mecanismos de
comunicao (listas de discusso, newsgroups, moos, videoconferncia),
criao de pginas, bibliotecas eletrnicas, publicao, corpora,
multimdia (grficos, sons, vdeo) e projetos colaborativos.
Paralelamente aos livros que iniciavam os professores s
novidades trazidas pela Internet, um outro grupo de publicaes -
Pennington (1996), Fotos (1996) e Levy (1997) - traava uma viso
geral do ensino de lngua mediado por computador dentro de uma
perceptiva histrica que sinaliza para um novo horizonte com
alternativas criadas pelas novas tecnologias. As trs obras discutem
o potencial do ensino multimdia, da comunicao mediada por
computador e os conceitos e princpios que subjazem a nova
metodologia.
Um terceiro grupo de publicaes rene uma srie de trabalhos
narrando experincias e pesquisas na rea. Merece destaque o livro
World CALL: global perspectives on computer-assisted language
leaming que rene trabalhos selecionados do primeiro congresso
mundial de ensino de lnguas mediado por computador (Debski e Levy,
1999). Outros trabalhos seminais nesse grupo so reunidos por Egbert
e Hanson-Smith (1999), Warschauer15 (1995), Warschauer & Kem
(2000).
Todas as obras listadas apresentam experincias e sugestes para o
uso efetivo do computador e da Web para o ensino de lnguas. Na
impossibilidade de discutir detalhadamente todo o potencial das
novas ferramentas, tento representar, no diagrama abaixo, uma viso
geral das potencialidades da Web para o ensino de lngua
inglesa.
14 Emoticons ou smileys so carinhas feitas com caracteres para
expressar em oes.15 Warschauer um dos pesquisadores mais produtivos
na rea. Seus inmeros artigos podem ser encontrados em sua homepage
http://www.gse.uci.edu/markw/.
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Rev. B rasile ira de L ing stica A plicada, v .l , n .i , 2001
109
PROJETOS Colaborativos de uma Mesma escola ou em
conjunto com Alunos de outras escolas
INTERAAO Fruns, listas de keypals, listas de discusso, chat,
*
videoconferncia, FAQ1, contato com especialistas
SOFTWARES diversos e jogos
CURSOSPlanos de aula
Aulas Just in time lessons
Transparncias Cronogramas
PUBLICAO DE ALUNOS E
PROFESSORES criao de paginas,
peridicos eletrnicos e sites voltados para
publicaes de trabalhos de alunos
RESOURCE CENTERS Materiais especficos para
o desenvolvimento das habilidades orais e escritas.
BIBLIOTECAdicionrios, corpora,
pginas diversas, peridicos acadmicos,
jornais, revistas,
mecanismos de busca, informaes institucionais,
informaes tursticas.
MULTIMDIAudio, vdeo e imagens
Ser impossvel, por questes de espao, listar em um nico artigo
exemplos de sites para cada uma das potencialidades listadas no
diagrama. No entanto, gostaria de indicar, pelo menos alguns a
guiza de exemplo.
Projetos colaborativos
H vrios projetos colaborativos na Web que podem ser usados para
se aprender a lngua atravs de seu uso. Um bom exemplo o GLOBE
(Global Leaming and Obsewation to Benefit the Environment) onde os
alunos podem aprender cincias se envolvendo em investigaes reais.
http://professor.21ccea.org.tw/fen/ Outros sites so Global School
House e KidlinL O Global School House rhttp://www,gsh.org/1 oferece
projetos colaborativos desde 1984, dando oportunidade a professores
de colaborar, comunicar, e compartilhar experincias de
aprendizagem. O projetokidlink
fhttp://www.kidlink,org/english/general/intro,htmn cria redes
de
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110 Rev. B rasile ira de L ingstica A plicada, v .l , n . l ,
2001
comunicao entre crianas do mundo inteiro atravs de interaes me-
diadas por falantes de diversos idiomas.
Um dos projetos colaborativos mais interessantes para aprendizes
de ingls o Internet Writing Exchange, http://www.ruthvilmi.net/
hut/Proiect/, criado, em 1993, por Ruth Vilmi na Universidade de
Helsinki, na Finlndia. Nesse projeto comunicativo e flexvel, alunos
do mundo inteiro desenvolvem a habilidade de escrita produzindo
textos em conjunto com outros aprendizes e recebendo feedback de
seus pares globais e de seus professores.
Corsos
Quem se inscreve em English Lessons Emailed Daily, recebe em sua
caixa postal aulas dirias. A inscrio pode ser feita em http://
www.bluevalleys.com/english-lessons/. Alm desse servio, voc pode
encontrar no site exemplos de grias, phrasal verbs, exerccios de
mltipla escolha com respostas automticas, piadas, citaes
(quotations), listas de verbos irregulares, e cartes postais. O
site vinculado ao dicionrio Cambridge online e ao clicar duas vezes
em qualquer palavra, voc acessa o significado daquela palavra.
Just in time lessons so planos de aula que podem ser enviados
semanalmente, ou diariamente, para a caixa postal do professor. No
endereo http://www.english-to-go.com. o professor poder encontrar,
gratuitamente, uma aula completa. Caso deseje receber um plano de
aula por dia, dever pagar uma a quantia de $7,50 (sete dlares e
cinqenta cents), com acesso mnimo de 3 meses ($22,50). No entanto,
qualquer pessoa pode se inscrever para receber, semanalmente, um
plano de aula gratuito, elaborado por um grupo de especialistas que
utilizam notcias recentes da agncia de notcias Reuters.
Discovery school pode ser muito til para professores
interessados e m 14content based approach, ou seja, ensinar vrios
contedos em lngua inglesa e assim fornecer input necessrio para a
aprendizagem da lngua. Em http://school.discovery.com /lessonplans/
program s/ classroomplanetarium/q.html, voc vai encontrar vrios
planos de aula sobre histria, geografia, fsica, literatura,
etc.
F inalm ente, temos o ESLNetW orld.com Fhttp://
www.eslnetworld.com/1 que um site feito especialmente para os
aprendizes de ingls como lngua estrangeira e os ensina a usar os
recursos da
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Internet como uma forma de melhorar as habilidades lingsticas e
de desenvolver conscincia cultural.
Rev, B rasile ira de L ingstica A plicada, v .l , n . l , 2001
111
Listas de discusso
H inmeras listas de discusso de interesse de professores de
ingls. Voc pode encontrar descries dessas listas e instrues de
filiao no
endereo:http://www.ling.lancs.ac.uk/staff/visitors/kenji/kitao/int-mail.htm
Resource Centers
Estou denominando de Resource Centers as homepages pessoais ou
institucionais que disponibilizavam materiais diversos para
aprendizagem de ingls. Veja, abaixo, alguns endereos onde voc pode
encontrar esses materiais.
http://www.comenius.com/http://www.eslcafe.com/http ://w w w.
studv.
com/http://www.englishresources.co.uk/http://ilc2.doshisha.ac.jp/users/kkitao/online/http://www.leamenglish.org.uk/
Bibliotecas
Textos literrios, enciclopdias, jornais, revistas, trabalhos
inditos, peridicos, dissertaes, teses, resenhas, etc, esto
disponveis na web. O projeto Gutemberg, http://promo.net/pg/, por
exemplo, rene uma srie de livros de literatura que j so de domnio
pblico. Selecionei outros endereos que acredito serem de utilidades
para professores e alunos de ingls.
Bibliotecas virtuais: http://www.netlibrarv.net/
http://www.bartlebv.org/ http://iIc2.doshisha.ac.jp/users/kkitao/
library/En glish.htm
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112 Rev. B rasile ira de L ingstica Aplicada, v .l , n .l ,
2001
Enciclopdias: http://www.britarmica.com/ (Enciclopdia Britnica}
http://www.bartlebv.com/65/ (Enciclopdia
Colmbia}http://encarta.msn.com (Enciclopdia Encarta}
Dicionrios: http://www.babvlon.com/ http://www.dictionary.com/
http://www.x-word.com/thesaurus/
Corpora: professores e alunos interessados no apenas no
significado, mas tambm no uso de vocbulos e de expresses, podem
contar com alguns sites que renem corpora diversos.
http://titania.cobuild.collins.co.uk/form.htmlhttp://thetis.bl.uk/h
ttp ://vlc.polyu.edu.hk/scripts/concordanceW W W ConcappE.htm
Multimdia
Rdio, TV, vdeo, trailers de filmes, arquivos de imagem e som
tambm podem ser acessados pela web. As limitaes dos equipamentos e
da tecnologia de transmisso de dados ainda so barreiras para a
utilizao plena desses recursos. Seguem alguns endereos:
Rdio: no endereo http://windowsmedia.com/radiotuner/ voc pode
localizar estaes de rdio nas mais diversas lnguas.
Cinema: encontre trailers, roteiros, trilhas sonoras emhttp
://us. imdb. com/
Imagens: h inmeras bibliotecas de imagens que o professor pode
utilizar para criao de material impresso ou virtual. Listo a seguir
alguns endereos:
http://nzwwa.com/mirror/clipart/http://www.clipart.com/http://www.fg-a.com/gifs.html
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Rev. B rasile ira de L ing stica A plicada, v . l , n . l , 2001
113
Publicaes
Um dos melhores sites para publicao gratuita o Geocities, local
onde hospedo minha homepage, http://geocities.com/veramenezes . Se
voc quiser construir a sua, o endereo http://geocities.yahoo.com .
Outros endereos so:
http://www.freeservers.com/http://help.freeservers.com/cgi-bin/help/http://hotwired.lvcos.com/webmonkey/kids/
Software
Uma coleo de software teis para o ensino/aprendizagem de ingls
pode ser encontrada em http://www.orst.edu/dept/eli/softlist/
http://darkwing.uoregon.edu/-call/software.html
Para criar exerccios de mltipla escolha, jumbled sentences,
palavras cruzadas, dentre, outros, voc pode usar o software
gratuito hot-potatoes http://web.uvic.ca/hrd/halfbaked/ que grtis
para fins educacionais, se o exerccio for publicado na web. Outro
recursos so http://groups.vahoo.com para criao de listas de
discusso e http://www.blackboard.com/ para criao e gerenciamento de
cursos online.
CONCLUSO
A Internet, apesar de ser, no meu entender, o maior avano
tecnolgico na comunicao humana, no tem um administrador geral, um
territrio livre sem uma organizao pr-determinada e problemas podem
aparecer. Nesse territrio livre, nem sempre to fcil localizar o que
se deseja e informaes pouco confiveis podem ser encontradas. Os
benefcios da Internet, no entanto, em muito superam suas possveis
falhas, e o professor pode fazer uso desse enorme banco de dados
para criar ambientes de aprendizagem.
Estamos diante de uma nova tecnologia que requer um novo modelo
de comunicao e, conseqentemente, nova demandas cognitivas. A lngua
da Internet o ingls e exatamente por isso que a aprendizagem de
lnguas estrangeiras se toma cada vez mais necessria e tambm cada
vez mais acessvel a um grande nmero de pessoas.
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114 Rev. B rasile ira de L ingstica A plicada, v .l , n . l ,
2001
Usar a Internet no ensino de ingls um desafio que demanda
mudanas de atitude de alunos e professores. O aluno bem sucedido no
mais o que armazena informaes, mas aquele que se toma um bom usurio
da informao. O bom professor no mais o que tudo sabe, mas aquele
que sabe promover ambientes que promovem a autonomia do aprendiz e
que os desafia a aprender com o(s) outro(s) atravs de oportunidades
de interao e de colaborao.
Finalmente, temos que estai* conscientes de que, apesar de todas
as possibilidades da Web, esse recurso ainda no est disponvel para
toda a populao. No obstante os esforos da Secretaria de Educao a
Distncia do MEC com o projeto PROINFO que equipa as escolas
pblicas, a porcentagem de escolas com acesso Internet ainda est
longe do desejvel. Outro problema a qualidade das conexes que ainda
so lentas e o nmero de computadores disponvel nas escolas que ,
muitas vezes, insuficiente para atender a todos os alunos.
Vencidos os obstculos, a Internet ser cada vez mais utilizada no
ensino de ingls, pois prov muito input compreensvel, oportunidades
variadas de interao, possibilidade de insero em uma comunidade
mundial de aprendizes e falantes da lngua e conseqente comunicao
significativa enriquecida com negociao de sentido em contextos
reais.
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