Top Banner
Pais Presentes, Filhos Ricos
56

Pais presentes filhos ricos

Apr 06, 2016

Download

Documents

 
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Pais presentes filhos ricos

Pais Presentes, Filhos Ricos

Page 2: Pais presentes filhos ricos

ConradoNAVARRO

Conrado Navarro é sócio-fundador do Dinheirama.com, autor de diversos livros sobre educação financeira e colunista de importantes veículos. Foi eleito o “Guru Financeiro do Ano”, em 2012, pela comunidade de investidores ADVFN.

RicardoPEREIRA

Ricardo é sócio-fundador do Dinheirama.com, com vasta experiência em educação financeira e no mercado financeiro, tendo passagens por bancos de investimento e também grandes organizações com atuação mundial.

Autores

Page 3: Pais presentes filhos ricos

Suas atitudes com o dinheiro refletem no futuro financeiro do seu filho ....................................... 04

Consumismo não é brincadeira (crianças não sabem disso!) ......................................................... 09

Muitos brinquedos, dívidas demais e pouca criatividade ............................................................... 12

A função da simplicidade no exercício criativo .............................................................................. 14

3 maneiras de prejudicar o futuro de seu filho (você não quer isso, quer?) ................................... 17

Erro 1: dê tudo o que seu filho quiser ............................................................................................... 19

Erro 2: fale uma coisa, mas faça outra ............................................................................................. 20

Erro 3: resolva todos os seus problemas ........................................................................................... 21

Pais precisam agir como pais (será que isso é bom?) ..................................................................... 22

Sim, você quer um filho que vá viver a própria vida (pode ser difícil de admitir, é verdade!) ........ 24

Dar mesada ajuda na formação dos filhos? ................................................................................... 26

Quando começar a preparar o filho para a independência? .......................................................... 29

Conheça 5 razões para praticar a educação financeira com os filhos ............................................ 32

Razão 1: a educação financeira é pouco (ou quase nada) ensinada nas escolas .............................. 33

Razão 2: os filhos precisam entender que dinheiro não nasce em árvore ........................................ 34

Razão 3: aprender a planejar é fundamental .................................................................................... 35

Razão 4: os filhos precisam saber controlar os gastos ..................................................................... 36

Razão 5: quem conhece os investimentos se planeja melhor ........................................................... 37

Mais do que ser pai ou mãe, seja você (é hora de agir!) ................................................................ 38

A educação financeira que transformou vidas ............................................................................... 40

ÍNDICE

Page 5: Pais presentes filhos ricos

Ao longo dos últimos anos, temos conversado com

muita gente que abriu mão de investir e criar a

própria aposentadoria para desenhar e planejar o

futuro dos filhos nos mínimos detalhes, um erro

terrível.

Isso é mais comum do que você imagina. Pense

rápido: quantos filhos você conhece que hoje

precisam ajudar a custear as despesas dos pais?

É comum ao encontrarmos amigos e familiares surgir aquela conversa sobre a

importância de cuidar do futuro financeiro dos

filhos. Somos pais e sabemos que a partir da notícia

da gravidez até o nascimento, gradualmente a

vida vai mudando. Depois nossas vidas quase que

passam a ser secundárias, pois dali em diante tudo

passa a girar em torno do bem estar da criança.

Por mais que o amor de pais leve ao desejo de

oferecer tudo de melhor para os filhos, alguns erros

são comuns: esquecer de planejar o próprio

futuro pensando apenas no do filho é um

bom exemplo.

Ao deixar de construir e garantir o

próprio o futuro, abre-se a chance de os próprios pais se tornarem

mais para frente um problema financeiro para os filhos.

05

Page 6: Pais presentes filhos ricos

Quem começa cedo tem a possibilidade de

encontrar boas soluções, tanto para os projetos

pessoais (como a aposentadoria), como também

para cuidar do futuro dos filhos (na proporção

saudável).

Muitas vezes, o cuidado financeiro vai além

do que a gente imagina, algumas atitudes e

exemplos são mais valiosos do que dinheiro:

o hábito de planejar e conversar sobre

finanças em casa sem tabus é um dos

exemplos que defendemos.

Ao longo desse material vamos trazer a você

uma série de ideias e argumentos que colocamos

em prática em nossas vidas pessoais. Queremos

compartilhar nossa experiência como pais, filhos

e também como pessoas que trabalham com

educação financeira.

A primeira lição desse eBook é simples: cuidar

hoje do seu futuro financeiro significa

tirar do seu filho o peso de ter que arcar

com algumas de suas despesas mais pra

frente. Você não gostaria de poupá-lo desta

responsabilidade? Então deve pensar um pouco

mais na construção do seu patrimônio, ajustar seu

orçamento e oferecer ao seu filho aquilo que existe

de mais valioso: seu exemplo. Transformar-se para

transformá-lo.

Entenda o seguinte: por mais que você

queira oferecer um futuro bom para

seus filhos, não pode abrir mão de programar e garantir o seu próprio futuro.

06

Page 7: Pais presentes filhos ricos

Temos, inclusive, acesso a consultores de

investimentos para nos auxiliar a encontrar as

melhores soluções para nossos objetivos.

Sair da zona de conforto e conhecer um pouco

mais sobre investimentos e os diversos produtos

disponíveis é fundamental, já que muitas

pessoas ainda investem apenas na poupança por

comodidade ou a partir de conselhos de pessoas

que nem sempre são as mais indicadas para tanto.

Somos, acima de tudo, otimistas e entusiastas em

relação ao tema. Sabemos o quanto famílias que

aprendem a lidar de forma natural com dinheiro e

planejamento são recompensadas com uma vida

mais tranquila e feliz.

Os bons exemplos precisam se perpetuar, pois só

assim poderemos mudar a cultura predominante

por aqui, de pessoas não acostumadas com a

possibilidade de construir sonhos a partir da

priorização e também das boas escolhas na hora

de investir.

Investir, aliás, é um habito que precisa ser adotado

por todos no Brasil, principalmente por aqueles

que já são pais e mães.

Hoje temos a oportunidade de escolher

bons produtos financeiros e

planejar como queremos estar em horizontes de mais longo prazo,

algo impossível no Brasil de 20 anos atrás.

07

Page 8: Pais presentes filhos ricos

Outros esperam demais dos seus investimentos

(por falta de informação) e a frustração por não

conquistar excelentes resultados de imediato cria

barreiras significativas para valorizar e repassar a

cultura da educação financeira.

Nossa preocupação em preparar cada vez mais

conteúdo de cunho educacional tem fundamento:

queremos disseminar a educação financeira porque

ela funciona e porque acreditamos nela.

Este eBook deve ser visto como uma oportunidade

de alavancar o debate das famílias e aproveitar a

chance de promover o consumo consciente desde

cedo, sempre ao lado do hábito de investir.

08

Page 10: Pais presentes filhos ricos

Você provavelmente conhece a realidade de amigos e familiares em que

crianças cheias de brinquedos e com suas

vontades sempre atendidas contrastam com

um lar cheio de dívidas e discussões em torno

do dinheiro.

Brincar é importante, mas brincar com o

dinheiro pode ser fatal!

Bernadette Vilhena, educadora financeira,

pedagoga e estudiosa do consumo infantil,

garante que o brincar é fator essencial para o desenvolvimento infantil. Através das brincadeiras, as crianças exploram o meio, desenvolvem competências, compreendem o mundo, expressam sentimentos, estimulam os sentidos e descobrem inúmeras possibilidades criativas .

Ela diz mais: As brincadeiras também cumprem seu papel dentro da socialização econômica das crianças. Na infância, muitos de nós brincávamos de banco, de farmácia ou supermercado usando caixas vazias, potes, papéis usados e cédulas de dinheiro desenhadas à mão.

10

Page 11: Pais presentes filhos ricos

A imaginação também montava posto de gasolina, lava-jato e restaurante. Uma calculadora virava a caixa registradora e passávamos horas nos divertindo sozinhos ou com os amigos.

Temos a alegria de acompanhar nossas filhas nas brincadeiras de lojinha, parque de diversão e pet shop, onde o dinheirinho de brinquedo ou um ‘inventado talão de cheques’ fazem parte do cenário.

Com o passar dos anos, percebemos que surgem, de modo crescente, as ‘brincadeiras prontas’. A grande quantidade de brinquedos que as crianças possuem acabam diminuindo o espaço criativo para a construção das brincadeiras. A brincadeira começa a se confundir com o consumismo .

Algumas questões surgem:

Por que montar sua casinha

de bonecas ou a sua pista

de corrida se existe a opção

de adquirir algo pronto,

diretamente da fábrica?

Por que pegar o lençol da

cama para imitar a capa do

super-herói se a fantasia

completa está à venda?

Por que imitar o choro da boneca?

Ora, ela já tem uma boneca que faz

isso, basta colocar uma pilha.

11

Page 13: Pais presentes filhos ricos

O resultado é trágico:

Em outras palavras, brinquedos acumulados, uma

sensação de ter pouco e as dívidas familiares

crescendo.

A grande quantidade de brinquedos, além de dificultar o entendimento de limites, colabora

para formação de um adulto consumista, de acordo

com os estudos do Núcleo de Cultura e Pesquisas do

Brincar da PUC/SP.

Bernadette Vilhena alerta para o consumismo infantil:

Satisfação momentânea da criança

e pouco tempo depois o presente

é deixado de lado, aumentando o

número de “coisas” espalhadas pela

casa ou guardadas em um baú colorido.

Há um consumo excessivo de brinquedos, e o brincar está ficando de lado. As campanhas publicitárias investem no público infantil, despertando o interesse das crianças para o consumismo.

Muitas famílias, pensando que estão no caminho certo, aumentam consideravelmente suas despesas para atender aos pedidos dos filhos, comprando brinquedos que não suprirão as necessidades do brincar .

13

Page 15: Pais presentes filhos ricos

Atenção, pais: crianças precisam sonhar, brincar e criar! Não comprometam

o universo de fantasia infantil com tantos

brinquedos sofisticados, pois o fornecimento

de brincadeiras prontas compromete o

desenvolvimento de importantes habilidades,

inclusive financeiras.

Segundo Bernadette, a criança precisa entrar

em contato com brinquedos de pano, madeira,

rústicos, coisas simples mesmo. Brinquedos

que incentivem a criatividade e a liberdade de

expressão.

“ Vão brincar de super-herói ou princesa? Não precisa comprar as fantasias: deixe que seus filhos inventem suas roupas usando o que tem em casa! , completa.

A dica da especialista é clara: permita que as crianças

explorem o ambiente e usem elementos para dar

vazão à criatividade, como caixas, tampas de panela,

lençóis, almofadas, potes de plástico, colheres e por ai

vai. Claro que com os cuidados necessários para deixar

a disposição objetos que não coloquem a segurança

delas em risco.

Outro aspecto interessante acontece quando

os brinquedos são desmontados pela criança: nesse momento, ela

está demonstrando sua curiosidade e

criatividade diante dele. Algo para pensar

é que muitos pais infelizmente têm reações

negativas quando isso acontece. Como esperar que ele se mostre curioso para buscar a melhor alternativa de investimento quando crescer?

“”

15

Page 16: Pais presentes filhos ricos

A escolha dos brinquedos também é importante e o

alerta da educadora financeira Bernadette Vilhena

merece destaque:

Vale destacar que o ato de brincar não pode

ficar restrito ao material. É preciso estimular as

brincadeiras ao ar livre, o artesanato, o teatro e a

dança. Todas essas condutas contribuirão para uma

infância cheia de lembranças agradáveis.

Lembre-se que cada ato de brincar traz consigo

uma mensagem, por isso a infância precisa ser

cuidada com carinho e atenção. O aprendizado

em relação aos limites, à criatividade, imaginação

e esforço serão essenciais para formar um adulto

financeiramente consciente.

No que se refere à escolha dos brinquedos, procure sempre pensar nas possibilidades criativas que ele proporcionará a seu filho, principalmente para crianças menores. Reserve somente as datas especiais para brinquedos especiais. Assim, além de estimular o desenvolvimento sadio da criança, você também estará educando financeiramente seu pequeno .

16

Page 18: Pais presentes filhos ricos

Educar os filhos não é uma ciência exata, nem tampouco uma daquelas atividades

repletas apenas de prazer e alegria. Dá orgulho,

mas dá trabalho, muito trabalho. Fórmulas,

manuais, livros, opiniões, são muitas as fontes de

informação capazes de oferecer aos pais exemplos

de como agir e do que (não) fazer.

Que não é fácil, isso todo mundo sabe, mas

as opções diante do desafio de criar

os filhos são apenas duas: assumir a

responsabilidade ou fingir tê-la assumido.

Os resultados estão por aí, sendo que alguns

deixam a desejar. Há muita gente mal-educada,

acomodada, arrogante e, para completar, infeliz.

As reflexões que colocamos aqui são

propositalmente fortes, mas também sinceras

e com grande dose de humildade. Tratam-se de

palavras de dois pais que certamente ainda errarão

muito, mas não por negligência ou preguiça –

longe de nós querer passar a imagem de donos da

verdade (contamos com sua correta interpretação).

Pensando justamente nos desafios de educar,

compartilhamos com você um pouco mais sobre o

que acreditamos.

Propomos sair da ultrapassada discussão em torno

de quem deve educar um filho: a escola não tem

esse papel. Quem forma o caráter e permite o

desenvolvimento sadio da personalidade de uma

criança é a família e a qualidade de seu entorno – o

resto (descobertas pessoais, sucesso profissional,

carreira, entre outros) será por conta dele.

18

Page 19: Pais presentes filhos ricos

Em relação ao valor do

dinheiro e da educação

financeira, a maioria

concorda que mimar

demais, ser incoerente

e criar um filho

dependente não é nada

interessante, certo?

Acompanhe então

os desdobramentos

de agir assim e veja

se concorda com os

nossos pontos de vista.

Erro 1:Dê tudo o que seu filho quiser

Brinquedos, viagens, mais dinheiro, tempo no computador, celular de última

geração, festas suntuosas, carro: dê tudo o que ele quiser e você só verá sorrisos

e bajulação partindo de seu rebento. Desdobre-se, endivide-se, mas garanta que

nada se coloque entre os sonhos de seu filho e ele.

Logo ele se tornará um adulto incapaz de lidar com as frustrações que a vida

certamente irá lhe impor. Isso sem falar no constante quadro de angústia

e ansiedade que ele sentirá por não compreender que resultados são

consequências de persistência e trabalho. Até então, para ele persistência e birra

eram sinônimos. Ele se tornará alguém intransigente e com um ego inflado.

A única certeza depois de dar tudo o que ele pediu é que a vida vai tirar dele

outras coisas. E ai muitos pais seguem segurando a barra, por anos a fio,

impedindo o filho de enfrentar a vida e escreverem a própria história. É grande a

chance desse filho se tornar um adolescente de 40 anos (ou mais).

19

Page 20: Pais presentes filhos ricos

Erro 2:Fale uma coisa, mas faça outra

Fale sempre de modo doce com seu filho, ensine

a ele que é preciso respeitar as pessoas, que

cidadania significa muito mais do que não jogar

o lixo no chão (isso é básico), encha-o de lições,

mas ao sair de casa faça exatamente o oposto do

que pregou. Na presença do pequeno grite com os

outros, dirija como se só existisse você e seu carro,

além de deixar a sujeira de seu cachorro bem no

meio da calçada.

Logo ele se tornará um adulto pouco sensível ao

bem-estar dos outros e aos aspectos essenciais da

vida em conjunto (leia-se cidadania).

Tome muito cuidado com suas palavras e pense que

você é o exemplo número um do seu filho. A gente

se surpreende com o quanto eles são capazes de

reproduzir o nosso comportamento.

20

Page 21: Pais presentes filhos ricos

Erro 3:Resolva todos os seus problemas

Leve sempre seu filho para onde ele precisa ir, cuide de

todos os documentos que dizem respeito à vida dele,

pague todas as suas contas sem impor limites, intimide

seus professores depois de conhecer suas notas e seu

comportamento na escola e faça questão de lembrá-lo

de que ele é incapaz de fazer tudo isso sem sua ajuda.

É muito provável que ele se tornará um adulto

altamente inseguro, incapaz de tomar simples decisões

e dependente da aprovação dos outros. Com todas

essas limitações, seu filho terá dificuldades em lidar

com qualquer pequeno fracasso, evitando, assim,

riscos maiores – e, com isso, abrindo mão de viver

plenamente qualquer sonho (eles dependem de sermos

capazes de arriscar).

A única certeza depois de manter seu filho

em uma “bolha” é que a vida dele vai ser

marcada por dependência, desilusão e, quem

sabe, depressão. Dependência de elogios e

consentimento; desilusão por viver sempre a

sensação de que não realizou tudo o que seria

capaz; e depressão porque deve ser muito

difícil precisar do consentimento dos outros

para viver. Coloque dinheiro (ou a falta dele)

nessa equação toda e o quadro toma contornos

ainda mais sérios.

21

Page 23: Pais presentes filhos ricos

O que percebemos é que tem muitos pais “brincando de educar” por aí.

Isso para não mencionar aqueles que ainda

transferem essa responsabilidade para

educadores, babás e/ou parentes.

E não pense que estamos defendendo a

presença constante dos pais como fator

crucial para a formação de uma pessoa por

inteiro, com caráter e autossuficiente. Nada

disso.

Defendemos que os pais participem

como pais, exercendo sua autoridade

com respeito, dedicação, limites, muito

amor e paciência.

Convenhamos, já é hora de parar com essa história de

pais serem “amiguinhos” de seus filhos, um discurso raso

e frequentemente usado como desculpa nas horas em

que é preciso ser mais presente como pai ou mãe.

Educar, nós pensamos, é muito mais do que colocar

na escola, encher o dia de atividades e ter alguém

“olhando”. Educar é saber dizer “não” para muitos

desejos do filho, é ser o exemplo para ele e valorizar sua

independência.

Educar é ser o cidadão que se deseja formar, sendo capaz

de ser feliz com seus próprios defeitos e frustrações,

mas também ciente de que toda e qualquer conquista

é fruto de nossas escolhas e de como lidamos com suas

consequências. Entender que filhos são seres humanos, e

não projetos de vida, talvez seja um bom começo.

23

Page 25: Pais presentes filhos ricos

Será que existe uma idade recomendada para os filhos deixarem a casa

dos pais? Esse é um tema que tira o sono de

muitas famílias, seja por insegurança, medo,

pouca informação e, principalmente, pelo

pouco diálogo em casa.

Bernadette Vilhena defende que a

independência do jovem acontece aos

poucos e é construída desde que ele aprende

a falar, andar e se alimentar. Antes da

primeira oportunidade de morar sozinho, que

geralmente acontece quando ele ingressa na

faculdade, os movimentos de independência

devem ser estimulados e comemorados.

É fato que muitos filhos estão demorando

demais para buscarem sua independência e

acabam morando com os pais até aos 24/30

anos, segundo dados do IBGE.

São chamados de “geração canguru”, mas também

é comum encontrarmos muitos “adolescentes”

de 40 anos, como costumamos dizer (há quem já

enxergue alguns com 50 anos ou mais).

Os custos para morar sozinho são altos e isso

talvez seja um motivo forte para continuar

vivendo na casa dos pais. Paralelamente, acontece

uma acomodação por parte dos filhos e uma

“encantadora proteção excessiva” de papais e

mamães, que acabam retardando o processo de

maturidade desses jovens.

25

Page 27: Pais presentes filhos ricos

Pense em como você orienta seu filho nesse sentido. É importante conversar com ele sobre onde pretende gastar, sobre a importância de guardar uma parte para realizar algum sonho, sobre a diferença entre querer, precisar e ter que comprar agora.

Entendemos perfeitamente que como pais a emoção fala mais alto, mas nosso conselho é para que você conduza essa situação de outra maneira. Quando for dar a mesada, combine com ele e deixe claro que você não irá dar mais dinheiro caso ele estoure o orçamento.

Essa conduta será muito importante para a formação dele como consumidor consciente, entende? Com a mesada, a criança começa a entender os limites, como trabalhar a tolerância à frustração e aprenderá a gerir esse pequeno recurso. Pouco a pouco aprimorará sua inteligência financeira e no futuro saberá lidar com valores maiores .

O fato é que você precisa aguentar firme e

não ceder. Lembre-se que você está no

comando da formação desse filho e

nossos pequenos precisam de limites! Ele

poderá ficar bravo, triste, bater porta,

mas quando estiver mais maduro será

capaz de compreender sua atitude e

será grato por isso. Tudo conduzido com

carinho, acompanhamento e clareza nas

explicações.

“ ”

A mesada é instrumento eficaz de educação financeira, mas para isso não basta entregar

uma quantia de dinheiro aos filhos. Precisamos orientar

e acompanhar como ele faz o uso desse recurso.

Bernadette é taxativa:

27

Page 28: Pais presentes filhos ricos

Insistimos na questão dos limites e do não

pedagogicamente contextualizado. Explicações e

paciência são sempre as condutas mais adequadas

nesses momentos. Conhecemos muitos adultos

com dificuldades em administrar seu salário e

frequentemente pedem adiantamento, os famosos

“vales”.

Outros extrapolam nas compras, usam mais de um

cartão de crédito ou entram no cheque especial.

Aprender a lidar com essas questões na infância

contribuirá para que na vida adulta se use o

dinheiro com mais equilíbrio e inteligência.

É importante você analisar a situação como um

todo. Será que ele sabe lidar bem com o tempo?

Talvez um mês inteiro para administrar a mesada

seja ainda difícil, perde-se a noção e gasta

tudo. Uma sugestão da especialista é o uso da

semanada, assim, ele aprenderá a trabalhar com

valores menores em tempos menores.

Um ponto interessante é entender a diversidade

humana. Cada um de seus filhos já apresenta um

perfil e uma forma de lidar com o dinheiro. Uns

precisam ser acompanhados mais de perto, outros

uma explicação basta.

28

Page 30: Pais presentes filhos ricos

Desde pequena a criança começa a ser preparada para a independência. Todo o

aprendizado que teve durante sua vida será

colocado em prática quando ela precisar cuidar

sozinha da sua vida. Que aprendizado foi esse?

Essa criança teve bons exemplos e suporte

emocional?

Dentro de toda a formação dada pela família, é

extremamente relevante a formação financeira dos

filhos. Junto aos pais, as crianças começam a ter

as primeiras noções econômicas. Elas observam,

absorvem e imitam o modelo financeiro familiar.

Falar sobre dinheiro e seus desdobramentos

desde cedo é importante para que os

filhos adquiram habilidades para cuidar

com inteligência de suas contas e projetos

financeiros no futuro.

O viver por conta própria envolve o cuidado

integral com sua rotina, saúde e a gestão do seu

financeiro. A idade ideal para morar sozinho depende da maturidade de pais e filhos frente a essa nova etapa da vida. O conselho é que esse processo não demore muito para acontecer, mas que seja algo natural, construído ao longo da trajetória e do relacionamento sincero entre pais e filhos , escreve Bernadette Vilhena em um de

seus textos.

30

Page 31: Pais presentes filhos ricos

Ela diz ainda que o fundamental é os pais saberem

que o “sair de casa” é um processo natural,

assim, terão condições de passar segurança para

seus filhos e vivenciarem essa nova etapa com

mais tranquilidade. A desafiadora missão de

educar acompanhará filhos e pais por toda vida,

a diferença é a abordagem de acordo com cada

idade.

Muitos pais infelizmente não sabem lidar

com o crescimento e a independência

dos filhos. Esquecem que eles cresceram

e continuam tomando decisões que não

cabem mais a eles. Isso pode ser muito

perigoso e costuma terminar em uma

dependência financeira pesada.

Os pais precisam de maturidade emocional para

compreender esse processo e perceber que os filhos

estão prontos para caminhar por conta própria.

A partir disso, a relação muda de nível! Explicamos:

pais e filhos se tornarão parceiros de vida.

Mudança pessoal requer maturidade e

comprometimento, sempre. Pais e filhos

precisam conversar sobre o futuro. Aceitar que a

independência é positiva e que faz parte da vida já

é um ótimo começo.

31

Page 33: Pais presentes filhos ricos

Razão 1:A educação financeira é pouco (ou quase nada) ensinada nas escolas

A maioria das escolas não disponibiliza educação financeira

em seus currículos. Assim, o melhor é que os pais conversem

sobre finanças com os filhos. O ideal é começar cedo, antes

dos cinco anos, pois, segundo a educadora financeira Cássia

D’ Aquino, é até esta idade que construímos as bases da

nossa relação com o dinheiro.

Grande parte dos pais não se sente à vontade para falar

sobre dinheiro com os filhos, pois são inseguros com seus

próprios comportamentos em relação às suas situações

financeiras. Entretanto, não é preciso ser um mestre em

finanças para passar conhecimentos básicos para as crianças.

A tarefa deve ser leve e envolvente, caso contrário se torna

chata e pode acabar diminuindo o interesse da criança.

Você certamente se pergunta em alguns momentos

por que é importante praticar

educação financeira com os filhos.

Acreditamos que nesse momento,

ao acompanhar esse material, as

dúvidas sejam poucas. Para acabar

de vez com elas, conheça algumas

razões apontadas pela Consultora

de Investimentos da Órama,

Sandra Blanco:

33

Page 34: Pais presentes filhos ricos

Razão 2:Os filhos precisam entender que dinheiro não nasce em árvore

As crianças precisam desde cedo aprender que dinheiro

é finito. Precisam compreender que o cartão de crédito

e o caixa eletrônico não permitem ter acesso a quanto

dinheiro eles quiserem e que é preciso trabalhar para

ter recursos financeiros.

Dar mesada é um assunto controverso entre os

especialistas. Alguns dizem que é válido, pois ensina as

crianças a planejar o uso do dinheiro, enquanto outros

argumentam que o melhor é remunerar a criança ou

adolescente por tarefas, desta forma, vão aprender o

seu valor.

A grande questão é que o que for combinado

deve ser mantido e os pagamentos realizados

sempre na data combinada. Outro ponto que

os pais devem estar atentos é que os valores

pagos precisam ser compatíveis com a idade

da criança.

34

Page 35: Pais presentes filhos ricos

Razão 3:Aprender a planejar é fundamental

As crianças devem aprender que a compra de

objetos de mais alto valor precisa ser planejada.

Uma boa maneira de ensinar isso é envolvê-los no

planejamento de uma viagem, por exemplo.

Aqueles que recebem mesada ou são remunerados

por tarefas devem ser incentivados a guardar

dinheiro para adquirir seus pequenos sonhos de

consumo, como, por exemplo, o ingresso de um

show, um jogo ou um vídeo game.

Porém, os pais devem ficar atentos a dois pontos:

• Nãoadiantanadaincentivaracriançaa

economizar para adquirir o que deseja se este

comportamento não é praticado na família;

• Ospaisdevemprestaratençãoseostiosou

avós facilitam a vida das crianças.

Aliás, envolver toda a família nessa tarefa também

é importante. Eles precisam, pelo menos, conhecer

as suas iniciativas para não adotarem atitudes

contrárias ao trabalho de educação feito por você.

35

Page 36: Pais presentes filhos ricos

Razão 4:Os filhos precisam saber controlar os gastos

Quem vive com o orçamento sob controle costuma

ter uma vida financeira de qualidade, superior

àqueles com as contas desorganizadas e que

gastam mais do que a renda recebida. Por isso é

tão importante ensinar os filhos a controlar seus

gastos também.

Famílias que não estão com a vida financeira

saudável podem aproveitar a situação para mudar

o cenário com a colaboração dos filhos. Envolvê-los

nesta missão pode ser um grande aprendizado para

todos.

Mas, para os pais que não se sentem confortáveis

com a situação, organizar o orçamento do

supermercado, por exemplo, já é uma boa

iniciativa.

O importante é que as crianças entendam

as consequências do uso incorreto

do dinheiro. Portanto, se elas fizerem

escolhas erradas, apenas oriente. Deixe

que assumam as consequências de suas

escolhas.

36

Page 37: Pais presentes filhos ricos

Razão 5:Quem conhece os investimentos se planeja melhor

Aos que têm filhos maiores, recomendo que comecem a

conversar sobre investimentos. Mostrar para eles que é

possível obter rendimentos e ganho de capital com aplicações

financeiras é importante. Por volta dos 15 anos, você já pode

apresentar algumas opções de investimento disponíveis no

mercado.

Ainda para quem tem filhos por volta dos 15 anos, é

interessante que os pais que dão mesada ou remuneram os

filhos por tarefas realizadas incentive-os a começar a investir.

Fazer depósitos regulares em bons fundos de ações (veja aqui

algumas opções) ou operar ações através de uma corretora a

fim de aprender como funciona esse mercado são boas opções

de investimentos para os adolescentes.

37

Page 39: Pais presentes filhos ricos

Nesse espaço final é muito importante lembrar que você, pai ou mãe, sempre será o exemplo

mais importante para os seus filhos. Mais do que o

discurso, os exemplos possuem um potencial enorme

de transformação.

É fundamental para os filhos enxergarem em você

alguém que age de acordo com o que prega, o que

nem sempre é o que vemos quando o assunto é

dinheiro e planejamento financeiro. De acordo com

recente pesquisa do Instituto Ipsos/Fenaprevi, dois

terços das famílias no Brasil não pensam em poupar.

O dado é muito alarmante e reforça nosso argumento

de que os pais precisam, antes de pensar apenas

no futuro dos filhos, assegurar a própria situação

financeira.

Então lembre-se: cuidar da própria vida e

do próprio dinheiro é a melhor maneira de

garantir que seu filho será capaz de definir

e buscar os próprios sonhos. Isso é amor!

Obrigado pela companhia em mais este eBook.

Esperamos ter colaborado com sua formação

financeira e com o reflexo dessa consciência no

futuro de seus filhos. Ficamos à disposição.

Abraços e até a próxima,

Conrado Navarro e Ricardo Pereira

E-mail: [email protected]

Twitter: @Dinheirama

Site: www.dinheirama.com

39

Page 41: Pais presentes filhos ricos

O aspecto mais importante da educação financeira familiar são os exemplos.

E nada mais interessante que observá-los para

aprender com eles.

Abrimos espaço para histórias reais de educação

financeira, relatos repletos de lições importantes

sobre o relacionamento das crianças com o

dinheiro, mensagens de pessoas como você, que

aceitaram compartilhar conosco o que fazem

no dia a dia para ensinar aos filhos mais sobre

cidadania e finanças pessoais.

Confira a seguir histórias que ilustram a

importância do assunto e lembre-se: educação

financeira é uma questão, sobretudo, humana,

que tem relação com nossas prioridades de vida

e, assim, com nossos hábitos e atitudes.

Reúna a família, conheça essas

histórias de vida e inspire-se

para que você e sua família

também alcancem uma

vida mais feliz através da

educação financeira.

Aproveite!

41

Page 42: Pais presentes filhos ricos

Em termos econômicos, lembro bem

que durante a infância e adolescência

vivíamos o período da hiperinflação e

dos vários planos econômicos que nunca

davam certo até o advento do plano real

em 1994. Minha vida era feliz dentro das

restrições orçamentárias deles, mas os

dois sempre valorizam a educação e o

sonho de um futuro melhor para nós.

Um fato que nunca esqueço que

aconteceu durante o plano cruzado

do Presidente Sarney foi que minha

mãe pediu para eu ir ao açougue para

comprar frango para fazer de almoço

e, chegando lá, o vendedor disse que

não tinha frango, só a carcaça, e foi

isso que almoçamos. Isso porque os

alimentos nesta época foram sumindo

das prateleiras.

Minha história começa em 1968, ano de meu nascimento.

Nasci num bairro de classe média pobre do subúrbio do

Rio de Janeiro. Meus pais eram comerciantes e tinham

uma pequena loja na região da baixada fluminense. O

nível de educação deles não era dos melhores: meu pai

somente tinha o nível primário e minha mãe o científico.

Davis Kurt Zuchen

42

Page 43: Pais presentes filhos ricos

A educação financeira para mim começou

nessa fase da infância e adolescência, nas

quais víamos o sacrifício deles no trabalho

para nos dar uma boa alimentação e uma

boa educação. Compartilhávamos em casa

os problemas financeiros e eu minha irmã

ajudávamos nossos pais dentro do possível.

Com 8 anos meu pai decidiu que a cada

domingo eu ou minha irmã ajudaríamos na

loja até às 12h. Imagina um garoto dessa

idade tendo que ir a cada 15 dias trabalhar

e meus colegas me chamando para jogar

bola! Foi um tormento para mim na época,

mas depois vi que foi importante na minha

formação entender que a vida não era um

conto de fadas e sim uma realidade bem

diferente.

Além disso, uma vez ao mês íamos com meu pai ao

centro do Rio de Janeiro na região do Saara fazer

compras para a loja. Lá aprendi com ele a negociar

valores de mercadorias, prazos de pagamentos, etc.

Em dezembro eu e minha irmã ajudávamos nossos

pais na loja com as vendas de Natal - ironicamente

meu pai me colocava no caixa. Com esses relatos

vocês podem ver que a educação financeira

começou bem cedo em minha vida.

Com relação aos investimentos, os dois não

possuíam nada além do imóvel próprio, pois como

vivíamos na hiperinflação, todo dinheiro ganho era

imediatamente consumido em contas, educação

e supermercado - as coisas aumentavam de preço

todo dia. Na época a inflação chegava a 30% ao

mês!!! Como consequência, não viajávamos e os

brinquedos eram simples.

43

Page 44: Pais presentes filhos ricos

Com relação à educação, estudei o

primário e o ginásio em escola pública, só

indo para um colégio privado no científico

- a escola era no bairro do Méier, ia e

voltava de ônibus, pois não tínhamos

carro. No fim de 1986, prestei vestibular

para medicina. Não passei em nenhuma

faculdade pública e não tinha condições

de pagar faculdades privadas.

Foi aí que surgiu em minha mente a

grande sacada, ou virada na minha vida,

que permanece até hoje comigo e que na

minha opinião são os pilares fundamentais

na educação financeira: metas, disciplina

e planejamento aplicando. Foi assim que

passei para medicina na UERJ em 1987 e

na especialização em anestesia na UFF

em 1993.

Mas nem tudo são flores, pois logo aconteceriam

as maiores perdas para mim. Há uma semana de

começar a faculdade meu pai faleceu e em 1994 foi a

perda de minha mãe.

Tinha tudo para dar errado, certo? Errado. Graças a

tudo que relatei a vocês nos parágrafos anteriores

tive os alicerces para continuar minha vida. Trabalhei

muito. A organização e a educação financeira,

finanças e investimentos tornaram minha segunda

profissão. Fiz muitos cursos, congressos e assino

jornais e revistas especializadas no assunto – sempre

equilibrando minha vida particular e financeira.

Hoje, aos 46 anos, sou realizado na vida particular,

profissional e financeira (independência financeira).

Tenho certeza que tudo foi graças aos fundamentos

aprendidos em minha vida durante a infância e

adolescência.

44

Page 45: Pais presentes filhos ricos

Seu então professor, certamente

buscando desenvolver o raciocínio

lógico e a relação de causa e efeito,

propôs o seguinte trabalho: a partir de

alguns parâmetros disponíveis - desde

o custo da maternidade até a última

mensalidade do colégio -, calcule

quanto cada um de vocês custou até

hoje para a sua família.

Foi um alvoroço na classe. Eram

muitos dados, muitos cálculos e uma

verdadeira incredulidade ao final

com os resultados: a grande maioria,

incluindo Renata, ficou assombrada

com o vulto do valor calculado. Uma

exorbitância!

Um interessante exercício de matemática realizado por

minha filha, quando cursava o ensino fundamental - hoje

ela é uma feliz profissional de Jornalismo, atuando no RJ -,

plantou a semente deste relato.

Jorge Mauricio de Castro

45

Page 46: Pais presentes filhos ricos

Percebi que a verdadeira dimensão da

palavra “patrimônio”, geralmente tão

vinculada às questões materiais, poderia

ser reinterpretada e expandida. Passei

então a prestar mais atenção a tudo aquilo

que muitos classificam como custo e que

prefiro contabilizar como investimento,

como formação de patrimônio, dentro deste

particular conceito.

Ao buscá-la no colégio, ouvi todo o detalhamento

do exercício no caminho de casa, que terminou com

a singela e definitiva sentença: “Pai, como você

seria rico se não me tivesse!”. Na hora não pude

deixar de rir muito com sua franqueza e conclusão.

Não me recordo dos valores numéricos, mas eram

relevantes.

Mais tarde comecei a pensar mais seriamente

em toda aquela experiência e a refletir sobre a

tal “riqueza perdida”. Concluí que faria tudo

novamente, pois minha percepção de riqueza

estava muito mais ligada ao fato de vê-la se

desenvolvendo, caminhando pela vida e realizando

sonhos do que pelo possível tamanho da minha

conta poupança.

46

Page 47: Pais presentes filhos ricos

Eu e minha esposa Ingrid anteriormente

já havíamos iniciado a educação

financeira com ela e com o irmão Caio,

de 5 anos, explicando de onde vem o

dinheiro, como funcionam as relações de

trabalho, a importância de poupar, etc.

Aproveitamos esta oportunidade para

propor à Larissa algo mais do que

simplesmente dar a mesada: decidimos

incentivá-la a empreender.

Propusemos então que ela buscasse algo

que pudesse criar, negociar, vender e,

assim, ganhar o dinheiro da mesada na

forma de uma produção própria.

Em setembro de 2013, minha filha Larissa - então com 9

anos - me pediu, pela primeira vez, uma mesada.

Paulo Lima

47

Page 48: Pais presentes filhos ricos

Como ela e uma amiga já haviam criado um

embrião de “empresa” no condomínio onde

moramos para vender pulseiras artesanais e

bijuterias, pensei que a ideia dela viria desta

vertente.

Qual não foi nossa surpresa, após uma

semana de “pensamentos e meditações”,

quando ela veio nos dizer que queria

escrever um livro!

A Larissa é, desde pequena, uma ávida

leitora. Tanto no formato papel quanto

digital, os livros a encantam. Com base nisto

e sabendo que trabalho com livros digitais,

ela me apresentou sua ideia.

Como ela sempre teve uma alimentação

saudável - até hoje não toma refrigerantes e

consome muitas frutas - e percebe que muitos

de seus colegas não têm a mesma prática, ela

pensou em escrever um livro falando sobre a

importância de se alimentar bem.

Assim nasceu O Espanta Tranqueiras. A

história se passa no sítio de um casal de avós,

onde os netos passam as férias. Neste sítio,

no lugar de alimentos saudáveis e frutas, o

avô planta árvores de “tranqueiras”: balas,

refrigerantes, algodão-doce.

48

Page 49: Pais presentes filhos ricos

Pensando em ampliar a plantação de

refrigerantes, pois o verão prometia ser

quente, o avô busca suas ferramentas no

celeiro e lá descobre, empoeirado num

canto, um robô. Este robô é o Espanta

Tranqueiras e revolucionará toda a lavoura

do sítio, substituindo as “tranqueiras” por

alimentos saudáveis.

O livro foi preparado de outubro/2013 a

março/2014. Fiz a revisão final, submissão

à loja, Larissa gravou a narração e a

publicação foi em julho deste ano, estando

disponível em 51 países. A repercussão na

mídia foi grande.

O valor obtido com a venda do livro será

convertido em uma poupança para a Larissa.

E é desta poupança que, mensalmente,

pretendemos tirar (aos poucos, é claro!) a tão

sonhada mesada.

49

Page 50: Pais presentes filhos ricos

Quando conseguiram guardar uma

pequena quantia, ensinei-os a colocar

o dinheiro na poupança, pois ela daria

“filhotes” (juros) e o valor aumentaria.

Passados alguns meses, equiparei

o valor a ser recebido dos dois,

justificando que a menina tinha feito

aniversário e agora poderia ganhar

igual ao irmão.

Nesta mesma ocasião, firmamos um

compromisso de que toda semana

iriam ler um livro ou um gibi e em

recompensa receberiam a semanada.

Esse seria o trabalho deles.

Tenho dois filhos, uma menina de 8 e um guri de 11 anos.

Fiz um acordo no início de 2014 que toda semana daria uma

semanada, sendo que no início ela ganhava R$ 10,00 e ele

R$ 20,00. Eu orientei para que guardassem a metade no cofrinho e

o restante poderiam utilizar com seus gastos, a exemplo de lanches.

Marcelo Rubles

50

Page 51: Pais presentes filhos ricos

Continuamos com a mesma proposta, guardar

R$ 10,00 e poder gastar R$ 10,00. Em paralelo,

traçamos a meta de que deverão juntar

R$ 100,00 até o final do ano de 2014, quando

eu completarei o valor para que possamos

comprar um tablet para cada, condicionando

ainda que tenham passado em todas as

matérias na escola.

Transcorridos mais uns meses, fizemos

a contagem do dinheiro e verificamos

quanto cada um tinha gastado. Fiz algumas

orientações e uma minigincana sobre o que

tinham aprendido das leituras dos livros, além

de algumas outras perguntas. Quem acertava

ou tinha poupado conforme o combinado eu

dava algumas notas de dinheiro como forma de

premiação.

A experiência tem sido muito interessante, pois

ensino que não devem comprar nada “fiado”

e sempre pagar à vista. E os dois passaram por

situações que precisaram de dinheiro e o tinham

guardado.

Em um certo dia minha filha queria comprar

uma camiseta para pagar depois e não

conseguiu falar comigo pelo telefone.

Posteriormente, quando foi me contar, eu falei

que ela sabia a resposta e perguntei qual era.

Ela respondeu: “já sei papai, não posso comprar

se não tiver o dinheiro”.

51

Page 52: Pais presentes filhos ricos

O João já está mais consciente sobre

o uso do dinheiro. Ele sempre me

pergunta: “pai, esse preço é caro ou

barato?; pai, posso comprar com minha

mesada ou não?”. A propósito, falando

em mesada, eu estipulei uma mesada

para eles com a proposta de que eles

guardassem uma parte.

Fui ao banco com eles, sentamos na

frente do gerente e pedi para abrir uma

caderneta de poupança pra cada um.

Eles ficaram muito “emocionados”.

Cada um recebeu o seu cartão da

poupança e estão guardando um pouco

da mesada.

Sempre estou lendo os artigos de toda a equipe do

Dinheirama. Já tenho meus investimentos em tesouro direto,

ações e poupança. E a partir de algumas leituras de artigos

relacionados à educação financeira infantil, comecei a falar

com meus dois filhos sobre isso - João Vítor de 8 anos e

Henrique de 5 anos.

Ronaldo Antunes

52

Page 53: Pais presentes filhos ricos

A cada dois meses eu levo um extrato da

conta para eles acompanharem. Inclusive

o Henrique já tem mais dinheiro guardado

que o irmão. Já percebi que ele é mais

econômico. O João eu tenho que cuidar,

porque de vez em quando ele me pede

adiantamento da mesada para poder gastar.

Sempre que sai um artigo referente à

educação financeira infantil, converso com

eles e explico como funciona tal situação.

53

Page 54: Pais presentes filhos ricos

Compunha a grade curricular a disciplina

Financial Education, até então estranha aos

meus ouvidos. Foi meu primeiro contato com o

assunto e já se vão 23 anos.

Ainda nos EUA eu e minha esposa participamos

de diversos cursos sobre finanças pessoais

e investimentos e, desde então, passamos

a transmitir aos nossos filhos e, mais

recentemente, às nossas netas a importância

de realizar um planejamento financeiro, de

comprar o necessário, evitando o consumismo,

de poupar e investir para garantir um futuro

financeiro equilibrado.

Buscamos, ainda, mostrar que a ausência da

educação financeira é a grande responsável pelo alto

índice de endividamento da população brasileira.

A prática tem mostrado que valeu a pena.

Morei nos EUA de 1988 a 1990. Minha filha iniciou

o high school em Washington, D.C. e, no primeiro

mês de aula, fui surpreendindo.

Luiz Paulo Guimarães

54