58 | CIÊNCIAHOJE | 343 | VOL. 58 pelo Brasil Um mapa dos solos do país PROGRAMA PRETENDE ESTUDAR TODO O TERRITÓRIO BRASILEIRO EM ATÉ TRÊS DÉCADAS O país se prepara para ter um novo ‘mapa’ dos solos brasileiros. O mapeamento, com diferentes graus de detalhamento, permi- tirá gerar dados para o subsídio de políti- cas públicas, assim como para orientar a agricultura e apoiar decisões de crédi- to agrícola, entre outras ações. Coordena- do pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Programa Na- cional de Solos do Brasil (PronaSolos) en- volverá diversos ministérios e órgãos fe- derais e deve mapear todos os solos do país em até 30 anos. Segundo um dos organizadores do pro- grama, o agrônomo Amaury de Carvalho Filho, da Embrapa Solos, hoje apenas uma pequena parte do país (cerca de 5%) con- ta com mapas de solos em escala 1:100 mil ou com maior grau de detalhamento. Além disso, os dados de solos disponíveis encontram-se dispersos e de difícil acesso à sociedade, o que limita ainda mais sua utilização. “Os levantamentos pedológicos (es- tudos de identificação, caracterização e mapeamento de solos) começaram a ser feitos na década de 1950 no Brasil, para atender às necessidades prementes de planejamentos de caráter regional, abrangendo grandes extensões territoriais”, esclarece Carvalho Filho. “Mas, com as limitações de ordem financeira e de pessoal especializado, poucos foram os trabalhos realizados em escala de maior detalhe, o que dificulta o reconhecimento de sua utilidade e importância estratégica. Por essa razão, e uma série de outros fatores, a partir do início da década de 1990, os Principais classes de solo do Brasil, na escala de 1: 25.000.000 levantamentos sistemáticos de solos, pla- nejados em âmbito federal ou estadual, foram descontinuados”, relata. O agrônomo da Embrapa ressalta que esse tipo de mapeamento é imprescindível para direcionar as atividades agrossilvi- pastoris e de preservação ambiental, além de ser importante para outros propósitos, como a construção de estradas, a localiza- ção de cidades e áreas de deposição de resíduos e o auxílio a trabalhos de geologia. O PronaSolos está orçado em R$ 5,5 bilhões de reais e deve gerar ganhos para o país já em uma década. “O mapeamento de solos contribui para gerar riquezas tan- to de forma direta – como por meio do au- mento da produção agrícola e da maior eficiência no uso de insumos – quanto de forma indireta, assegurando a preservação ambiental e de recursos naturais”, aponta Carvalho Filho. “Assim, os resultados ob- tidos com o programa contribuirão de for- ma significativa para o desenvolvimento do país em bases sustentáveis, além de permitirem orientar as políticas públicas em todo o território nacional e integrar ações