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OS NVEIS COGNITIVOS DA TAXONOMIA DE BLOOM: EXISTE
NECESSARIAMENTE UMA SUBORDINAO HIERRQUICA ENTRE ELES?
Autoria: Iguatinan Gischewski Monteiro, Ktia Regina de Melo
Teixeira, Roberta Guasti Porto
Resumo
O presente artigo analisa a taxonomia dos objetivos educacionais
e a efetiva existncia
da hierarquizao de seus nveis cognitivos. Para tanto, fazemos
uma reviso da literatura sobre o assunto, seguida de um estudo
quantitativo, com o objetivo de verificar se existe relao de
causalidade entre os nveis de habilidades cognitivas. O teste foi
feito a partir de uma experincia de uso da referida taxonomia em
uma disciplina de um curso superior de Administrao de uma
universidade brasileira. As concluses sugerem, com base em avaliao
estruturada a partir da taxonomia, que a tal subordinao no se
sustenta em todos os nveis.
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1. Introduo A taxonomia dos objetivos educacionais, tambm
chamada taxonomia de Bloom
(1956) prope uma classificao dos nveis de aprendizagem. Com base
na Teoria da Aprendizagem, alicerada na interpretao sistemtica de
determinada rea de conhecimento (MOREIRA, 1999), a taxonomia busca
organizar os nveis de aquisio de habilidades cognitivas e permite a
mensurao da realizao dos objetivos educacionais.
Embora os estudos de Bloom tenham tido origem na dcada de 1950
nos Estados Unidos chegando ao Brasil na dcada seguinte sua
abordagem vem sendo objeto de novos estudos na atualidade
(OLIVEIRA; COSTA, 2001; RODRIGUES, 2009; CASTRO; MOREIRA, 2012), em
funo do maior controle do Estado sobre o aproveitamento dos alunos
de ensino superior por meios de exames nacionais como o antigo
Provo, o ENADE e o ENEM.
Teoricamente, a taxonomia valoriza a formulao de objetivos
educacionais verificveis que permitem, por meio de avaliaes
sistemticas, o conhecimento do diagnstico da aprendizagem dos
alunos. Neste artigo, analisamos uma experincia de uso da taxonomia
de Bloom em uma disciplina de um curso superior de Administrao de
uma universidade brasileira. Pretendeu-se verificar, por meio de
teste emprico e com o auxlio de tcnicas de investigao estatstica, a
hierarquia proposta por Bloom para os nveis de habilidade
cognitiva, verificando se os nveis descritos na referida taxonomia
so pr-requisitos uns dos outros. A anlise estatstica visa perquirir
a existncia de correlao entre os nveis cognitivos, buscando
compreender se de fato a hierarquizao proposta na teoria se traduz
em uma subordinao dos nveis.
O artigo se inicia com a reviso da literatura sobre a temtica.
Em seguida, apresentamos a metodologia da pesquisa e a anlise dos
resultados.
2. A taxonomia de Bloom
Em 1948, um grupo de psiclogos se reuniu em uma conveno da
Associao
Americana de Psicologia (APA) em Boston, interessados em
discutir testes de aproveitamento no que diz respeito avaliao
educacional. Os participantes perceberam que seria relevante
classificar e ordenar os objetivos educacionais de acordo com os
efeitos desejados da educao. Identificaram que, em geral, os
enunciados dos objetivos educacionais no eram muito claros e
dotados de significao. Eles consideraram que, se estes objetivos
deveriam direcionar o processo de aprendizagem, a terminologia
deveria buscar ser clara e significativa.
Benjamin Bloom assumiu a liderana desse projeto e, junto com
seus colaboradores, definiu que o primeiro passo seria a diviso do
trabalho de acordo com os domnios cognitivo, afetivo e psicomotor
dos objetivos educacionais. No domnio cognitivo, os objetivos
educacionais focam a aprendizagem de conhecimentos, desde a
recordao e compreenso de algo estudado at a capacidade de aplicar,
analisar e reorganizar a aprendizagem de um modo singular e
criativo, reordenando o material ou combinando-o com ideias ou
mtodos anteriormente aprendidos. J no domnio afetivo, os objetivos
do nfase aos sentimentos, emoes, aceitao ou rejeio de algo. No
domnio psicomotor, os objetivos educacionais so ligados habilidade
motora, manipulao de objetos ou aes que requerem coordenao
neuromuscular. So, geralmente, relacionados caligrafia, arte
mecnica, educao fsica e cursos tcnicos.
Ao longo do tempo pode-se observar que os educadores sempre
buscaram desenvolver com mais afinco a domnio cognitivo, de modo
que muitos dos objetivos j vinham sendo desenvolvidos com bastante
preciso. Desta forma, no fim da dcada de 1940, os pesquisadores
liderados por Bloom, de posse de uma lista de objetivos cognitivos
e materiais
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de avaliao, procuraram orden-los (ATHANASSIOU; McNETT; HARVEY,
2003). O trabalho foi intitulado de taxonomia de objetivos
educacionais: o domnio cognitivo (BLOOM, 1956). A discusso sobre o
domnio afetivo s foi publicada em 1964 e no causou tanto impacto
quanto o primeiro.
Embora todo o grupo tenha colaborado no desenvolvimento do
trabalho, o mesmo ficou conhecido como Taxonomia de Bloom (FERRAZ;
BELHOT, 2010). Segundo Bloom (1972), uma verdadeira taxonomia uma
srie de classificaes ordenadas e dispostas com base em um princpio
ou conjunto de princpios. Ela pode ser testada e deve ser coerente
com pontos de vista tericos. Alm disso, deve ser vlida para
assinalar fenmenos ainda no descobertos.
Os nveis da taxonomia dos objetivos educacionais no domnio
cognitivo so: conhecimento, compreenso, aplicao, anlise, sntese e
avaliao.
Figura 1. A taxonomia de Bloom: domnio cognitivo
Fonte: Bloom (1956, 1971, 1972, 1973) Conforme se pode perceber
na Figura 1, a teoria preconiza pela existncia de uma
hierarquia nos nveis da taxonomia. O processo se inicia com a
evocao e o reconhecimento do conhecimento pelo aluno, prolonga-se
pela compreenso do conhecimento e na habilidade de aplicao deste
conhecimento. A partir de ento, parte-se para a habilidade do
indivduo na anlise de situaes que envolvem o conhecimento e na
sntese deste conhecimento em novas organizaes. Finalmente, culmina
com a habilidade do aluno na avaliao do conhecimento para promover
o julgamento de valor para certos propsitos.
No nvel do conhecimento, os objetivos educacionais relacionados
a esta etapa do mais nfase memria. Implicam a lembrana ou
reconhecimento de determinados elementos de um assunto sem
necessariamente se ter um entendimento ou uma sistematizao dos
detalhes. Em uma situao de verificao do conhecimento, a questo
encontrar indcios de que o conhecimento est armazenado na mente do
aluno e analisar o saber que o indivduo possui. O conhecimento
envolve a evocao de conhecimento de especficos e de maneiras e
meios de tratar com estes conhecimentos e de conhecimento dos
universais e abstraes num certo campo. No que diz respeito ao
conhecimento de especficos pode-se citar o conhecimento de
terminologia e de fatos especficos. O conhecimento de meios e
maneiras de tratar com especficos abrange o conhecimento de
convenes, tendncias e sequncias, classificaes e categorias,
critrios e metodologia. Finalmente, o conhecimento dos universais e
abstraes num certo campo abrange o conhecimento de princpios e
generalizaes e de teorias e estruturas.
No segundo nvel cognitivo, o da compreenso, o aluno demonstra
entendimento do que lhe est sendo comunicado em no apenas
memorizao. Ele capaz de traduzir o contedo em outras formas de
expresso escrita ou falada, indicando que compreende, internaliza e
sistematiza os conhecimentos. A compreenso pode ocorrer atravs de
translao, interpretao ou extrapolao. A translao se baseia na
preciso e fidelidade ao material da comunicao original ainda que a
forma seja alterada. J a interpretao pressupe
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uma reordenao ou nova viso do material. A extrapolao uma extenso
alm dos dados fornecidos para determinar implicaes de acordo com a
comunicao original.
O nvel cognitivo da aplicao pode apresentar-se atravs de ideias,
procedimentos ou mtodos generalizados em uma situao nova para o
estudante. A aplicao vista como o domnio que o aluno possui sobre
determinado assunto na medida em que capaz de ler uma realidade
nova a partir de um conceito do qual se vale para resolver um
problema. Esse domnio possibilita ao aluno certa independncia
intelectual, fazendo com que ele no dependa constantemente de seu
professor.
A anlise, quarto nvel cognitivo, tem a inteno de esclarecer a
comunicao, indicar como a mesma organizada e a maneira como
consegue transmitir seus efeitos. As anlises podem ser de
elementos, de relaes e de princpios organizacionais. A anlise de
elementos diz respeito identificao de elementos includos em uma
comunicao. A anlise de relaes abrange as conexes e interaes entre
elementos e partes de uma comunicao. J a anlise dos princpios
organizacionais compreende a organizao, a disposio sistemtica e
estrutura que conservam a comunicao unificada. Desta forma, a
anlise implica na diviso do conhecimento nas partes que o
constituem e na capacidade de relacionar essas partes, separar seus
elementos e conceber seus princpios norteadores.
A sntese pode ser definida como a combinao de elementos e partes
que formam um todo constitudo em um padro ou estrutura
anteriormente no evidenciado. Alguns exemplos de sntese so: produo
de uma comunicao singular, produo de um planejamento ou indicao de
um conjunto de operaes ou derivao de um conjunto de relaes
abstratas. A sntese representada por uma forma de pensamento
diferente. O aluno passa a produzir ideias, planos e produtos
prprios, tornando-se independente. Anderson (2001), ao revisitar a
taxonomia de Bloom preferiu nome-lo de Criatividade para distinguir
o termo Sntese da conotao de resumo.
A avaliao, ltimo nvel cognitivo proposto pela taxonomia,
pressupe julgamento de valor, seja quantitativo ou qualitativo,
acerca de um material. Os julgamentos podem ser em termos de
evidncia interna ou em termos de critrios externos. A avaliao tem
se mostrado uma das mais importantes categorias de objetivos
educacionais, onde se torna frequente que o aluno seja chamado a
participar atravs de um julgamento de determinado fenmeno.
Essa breve descrio de cada um dos nveis educacionais baseou-se
nas obras de Bloom et al. (1956), Bloom, Hastings, e Madaus (1971),
Bloom, Krathwohl, e Masia (1972, 1973).
Segundo Lopes, Santana Junior e Pereira (2008), a taxonomia uma
simplificao dos nveis de aquisio de conhecimento, em uma tentativa
de melhorar a percepo do grau de aprendizagem do indivduo. Vale
ressaltar, segundo os autores, que h dissenso sobre a importncia
maior entre o ser criativo e o ser crtico, traduzidos pela posio
hierrquica entre os dois ltimos nveis da taxonomia, considerados
mais altos nveis de desenvolvimento intelectual.
A taxonomia de Bloom pode auxiliar o professor a estabelecer
aonde se pretende chegar com o processo de ensino-aprendizagem. No
entanto, para utilizar este mtodo necessrio planejar as sequncias
didticas de forma que garantam a eficcia e a eficincia no processo
de aprendizagem significativa (SOGAYAR; LONA, 2011). De acordo com
Pelissoni (2009), importante que os instrumentos de avaliao
educacional abarquem os diferentes nveis de taxonomia para preparar
os alunos para ambientes cada vez mais dinmicos e que exigem uma
atuao profissional multifacetada. Adicionalmente, o uso da
taxonomia prov aos estudantes uma ferramenta prtica de avaliao de
performance individual e um entendimento a respeito de quais
comportamentos indicam que um alto grau de cognio est sendo
alcanado. Desta forma, a taxonomia suporta o desenvolvimento da
responsabilidade
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do aluno com seu prprio desempenho e aprendizado (ATHANASSIOU;
McNETT; HARVEY, 2003). 3. Metodologia
O objetivo geral da pesquisa foi verificar se, efetivamente,
existe uma hierarquizao
dos nveis da taxonomia dos objetivos educacionais no domnio
cognitivo. Para realizar esse propsito, era necessrio um passo
preliminar, qual seja relacionar o plano de ensino da disciplina de
Filosofia do Curso de Administrao, cujos objetivos haviam sido
elaborados de acordo com a Taxonomia de Bloom (1956), com o
instrumento de avaliao da unidade analisada (uma prova) a partir da
anlise das notas dos alunos.
Feita essa primeira etapa, foi realizado um estudo quantitativo,
com o objetivo de verificar se existe uma relao de causalidade
entre os nveis de habilidades cognitivas na viso da Taxonomia de
Bloom (1956). O teste foi feito a partir das notas das questes da
prova de Filosofia. O estudo estatstico comeou com a anlise da
distribuio que melhor descreve a populao em estudo. Foi elaborado o
teste estatstico Anderson-Darling para verificar a hiptese da
normalidade (WERKEMA, 2002) das notas totais dos alunos da turma de
Filosofia, onde:
H0 a distribuio aproximadamente normal Ha h evidncias de que a
distribuio no normal Calcula-se o valor de p-Valor e consegue-se a
seguinte concluso: Caso o p-Valor seja menor do que 0,05, rejeita
H0 e Ha vlido. H fortes
evidncias de que a distribuio das notas totais no segue uma
distribuio normal. Caso o p-Valor seja maior do que 0,05, no
rejeita H0 e Ha no vlido. Ento
a distribuio das notas totais aproximadamente normal. Em
seguida, com a finalidade de verificar a hierarquia dos nveis
cognitivos de Bloom,
foi utilizada a anlise de regresso. A racionalidade esperada que
exista uma relao de causa e efeito entre os diversos nveis de
habilidades cognitivas na viso da taxonomia de Bloom, comprovando
assim a hierarquizao prevista na teoria do autor (BLOOM, 1956). A
regresso linear simples permite verificar essa relao de
causalidade, pois um mtodo de anlise da relao entre uma varivel
independente e uma varivel dependente. O mtodo ento estuda a
influncia de uma determinada fonte de variao (X) contnua sobre
outra varivel resposta que est sendo analisada (Y), tambm contnua
(BERRY, FELDMAN, 1985; NEWCOMER, 2006). Essa expectativa contribuiu
para a elaborao de algumas hipteses levantadas a seguir.
Segundo Downing (2000), o objetivo ao se fazer o teste de
hiptese decidir se uma afirmao, em geral, sobre parmetros de uma ou
mais populaes , ou no, apoiada pela evidncia obtida de dados
amostrais.
Para o estudo utiliza-se o teste de hiptese para responder se
existe uma relao de causa e efeito entre os diversos nveis de
habilidades cognitivas na viso da Taxonomia de Bloom. Considera-se
a varivel (Y) como sendo as notas da questo da prova relativa ao
nvel cognitivo da Taxonomia de Bloom a ser analisado e a varivel
(X) as notas das questes da prova relativa ao nvel cognitivo da
Taxonomia de Bloom que pode influenciar a nota da varivel resposta
(Y) a ser analisada.
H0 no h relao entre Y e X Ha existe relao forte entre Y e X
Calcula-se o valor de p-Valor e consegue-se a seguinte concluso:
Caso o p-Valor seja menor do que 0,05, rejeita H0 e Ha vlido.
Existe relao entre
Y e X.
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Caso o p-Valor seja maior do que 0,05, no rejeita H0 e Ha no
vlido. No existe relao entre Y e X.
Traduzindo os termos X e Y, foram levantadas as seguintes
hipteses:
H0 a nota de conhecimento no influencia a nota de compreenso. Ha
a nota de conhecimento influencia a nota de compreenso.
H0 a nota de compreenso no influencia a nota de aplicao. Ha a
nota de compreenso influencia a nota de aplicao. H0 a nota de
conhecimento no influencia a nota de aplicao. Ha a nota de
conhecimento influencia a nota de aplicao. H0 a nota de aplicao no
influencia a nota de anlise. Ha a nota de aplicao influencia a nota
de anlise. H0 a nota de compreenso no influencia a nota de anlise.
Ha a nota de compreenso influencia a nota de anlise. H0 a nota de
conhecimento no influencia a nota de anlise. Ha a nota de
conhecimento influencia a nota de anlise.
4. Anlise dos dados
4.1. A taxonomia de Bloom e a disciplina Filosofia
O plano de ensino da disciplina de Filosofia do Curso de
Administrao em estudo foi
concebido a partir da Taxonomia de Bloom. Isso significa que
cada um dos objetivos educacionais foi elaborado levando-se em
conta os nveis cognitivos propostos pela Taxonomia. O plano de
ensino apresenta uma matriz, reproduzida abaixo:
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Contedo
Proc. Cognitivo
A- Introduo B- Unidade I C- Unidade II D- Unidade III
1- Conhecimento
A1- Reconhecer a impossibilidade de uma fundamentao definitiva
para o mistrio do mundo.
B1.1- Descrever o mito da caverna de Plato. B1.2- Apresentar o
pensamento de Maquiavel em O Prncipe. B1.3- Explicar como Descartes
formulou o Penso, logo existo.
C1.1- Definir fenmeno. C1.2- Definir paradigma como matriz
filosfica, modelo e exemplar e tambm paradigma pessoal.
D1.1- Explicar o que significa o processo de personalizao da
tica. D1.2- Definir o caminho da evoluo e o caminho da regresso.
D1.3- Definir trabalho, amor e conscincia de si.
2- Compreenso
A2- Compreender os limites da razo para compreender a vida.
B2.1- Explicar a homologia entre virtude e conhecimento, de
acordo com Plato. B2.2- Distinguir virtude e fortuna. B2.3-
Explicar por que o pensamento de Maquiavel no maquiavlico. B2.4-
Explicar filosoficamente a passagem da concepo teocntrica para a
concepo antropocntrica do mundo.
C2.1- Explicar a frase de Kant: o que vemos das coisas o que ns
colocamos nelas. C2.2- Explicar que todo ponto de vista a vista de
um ponto. C2.3- Compreender a importncia do autoconhecimento para a
correta apreenso da realidade.
D2.1- Explicar que os nveis de moralidade do indivduo interferem
na sua apreenso da realidade. D2.2- Exemplificar condutas de
regresso e condutas de evoluo. D2.3- Compreender o processo de
humanizao do ser humano e sua luta contra a alienao. D2.4- Explicar
a diferena entre amor e paixo.
3- Aplicao
A3- Refletir sobre a razo de ser de cada ato seu, sua
B3.1- Demonstrar a falcia da culpa e do castigo.
C3.1- Relativizar a presuno de verdade da teologia, da
D3.1- Analisar os momentos de alienao e de humanizao na vida
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liberdade. B3.2- Relacionar o pensamento de Maquiavel com a
liderana e a gesto em tempos de crise. B3.3- Demonstrar a
importncia da dvida metdica.
filosofia e da cincia. C3.2- Perceber a existncia de filtros
pessoais que interferem na apreenso da realidade. C3.3- Identificar
a continuidade e a descontinuidade no processo de mudana de
paradigmas.
pessoal e das pessoas em geral. D3.2- Reconhecer momentos de
fuso com o outro e de alteridade.
4- Anlise A4- Distinguir os dois lados da moeda.
B4.1- Problematizar dilemas valendo-se da analogia do mito do
caverna B4.2- Analisar eventos da administrao luz do pensamento de
Maquiavel.
C4.1- Analisar problemas da vida e da gesto pontificando os
lados positivo e negativo de cada posicionamento. C4.2- Identificar
os diferentes tipos de paradigmas em abordagens tericas e
cientficas.
D4- Analisar de que maneira a viso fusional da vida interfere na
compreenso da realidade, na vivncia de conflitos e na liberdade da
pessoa.
5- Sntese
A5- Compreender que a moeda uma s.
B5.1- Justificar a importncia do consenso prprio para a vida
feliz. B5.2- Justificar a importncia da malcia para a pessoa no se
deixar prejudicar.
C5.1- Exercer a liberdade de escolher e assumir a
responsabilidade pela escolha. C5.2- Ter a mente aberta para novos
paradigmas.
D1- Problematizar a questo da verdade, unificando os conceitos
de ideia e realidade em uma viso integrada.
Quadro 1: Material de avaliao da disciplina de Filosofia I
Fonte: Plano de ensino da disciplina de Filosofia I
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A prova, objeto da anlise do presente artigo, contemplou a
Introduo do curso e a Unidade I. No que tange o nvel conhecimento,
procurou avaliar se o aluno era capaz de reconhecer a
impossibilidade de uma fundamentao definitiva para o mistrio do
mundo (A1) e avaliar se o aluno era capaz de descrever o mito da
caverna de Plato (B1.1) Na esfera da compreenso, averiguou se o
aluno era capaz de explicar o conceito de homologia entre virtude e
conhecimento, de acordo com Plato (B2.1). No mbito da aplicao, a
prova questionava se o estudante estava apto a demonstrar a falcia
da culpa e do castigo valendo-se do mito da caverna de Plato
(B3.1). E por fim, relacionada anlise, a ltima questo requeria que
o aluno problematizasse dilemas valendo-se da analogia do mito da
caverna (B4.1). Sob esse enfoque, a prova elaborada perpassava
todos os ditos nveis da taxonomia dos objetivos educacionais no
domnio cognitivo, exceto pelos nveis de sntese e avaliao. A
distribuio das questes foi feita da seguinte forma:
2 questes para o nvel cognitivo de Conhecimento; 1 questes para
o nvel cognitivo de Compreenso; 1 questo para o nvel cognitivo de
Aplicao; 1 questo para o nvel cognitivo de Anlise.
As questes da prova foram as seguintes: A1- Reconhecer a
impossibilidade de uma fundamentao definitiva para o mistrio
do mundo. B1.1- Descrever o mito da caverna de Plato. B2.1-
Explicar a homologia entre virtude e conhecimento, de acordo com
Plato. B3.1- Demonstrar a falcia da culpa e do castigo. B4.1-
Problematizar dilemas valendo-se da analogia do mito do
caverna.
4.2. Anlise da distribuio
Existem numerosas razes para conhecermos o tipo de distribuio,
porque grande parte das variveis psicolgicas, fsicas e biolgicas
tem distribuio normal ou prxima da normal. Foi realizado o teste de
normalidade (teste estatstico Anderson-Darling) para verificar a
hiptese da normalidade das notas totais dos alunos da turma de
Filosofia. Pelos resultados apresentados abaixo, podemos afirmar
que se trata de uma distribuio aproximadamente normal. A distribuio
normal tem propriedades muito interessantes e teis que nos ajudam
na descrio dos dados e na interpretao dos desvios-padres, conforme
caractersticas a seguir:
Mdia 15,29 Desvio Padro 5,699 Teste Anderson-Darling (p-Valor
> 0,05) 0,113
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Grfico 1. Teste de Normalidade - Anderson-Darling Fonte:
resultados da pesquisa
4.3. Verificao da hierarquia entre os nveis cognitivos da
taxonomia de Bloom 4.3.1. Anlise de Regresso entre as notas de
Conhecimento e Compreenso Considerando o teste de hiptese: Y a nota
de compreenso e o X a nota de
conhecimento. H0 a nota de conhecimento no influencia a nota de
compreenso. Ha a nota de conhecimento influencia a nota de
compreenso.
Conhecimento
Com
pree
nsao
543210
5
4
3
2
1
0
S 2,13354R-Sq 9,3%R-Sq(adj) 7,3%
Fitted Line PlotCompreensao = - 0,412 + 0,6135 Conhecimento
Grfico 2. Regresso Linear Conhecimento x Compreenso
Fonte: resultados da pesquisa
Concluso: O p-Valor calculado foi de 0,009 e menor do que 0,05,
portanto rejeita-se H0.
Conclui-se ento que a nota de conhecimento tem influncia na nota
de compreenso.
4.3.2. Anlise de Regresso entre as notas de Aplicao e Compreenso
Considerando o teste de hiptese: Y a nota de aplicao e o X a nota
de
compreenso. H0 a nota de compreenso no influencia a nota de
aplicao. Ha a nota de compreenso influencia a nota de aplicao.
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Grfico 3. Regresso Linear Compreenso x Aplicao Fonte: resultados
da pesquisa
Concluso:
O p-Valor calculado foi de 0,229 e maior do que 0,05, portanto
no rejeita H0. Conclui-se ento que a nota de compreenso no tem
influncia na nota de aplicao.
4.3.3. Anlise de Regresso entre as notas de Aplicao e
Conhecimento: Considerando o teste de hiptese: Y a nota de aplicao
e o X a nota de
conhecimento. H0 a nota de conhecimento no influencia a nota de
aplicao. Ha a nota de conhecimento influencia a nota de
aplicao.
Grfico 4. Regresso Linear Conhecimento x Aplicao Fonte:
resultados da pesquisa
Concluso O p-Valor calculado foi de 0,528 e maior do que 0,05,
portanto no rejeita
H0. Conclui-se ento que a nota de conhecimento no tem influncia
na nota de aplicao. 4.3.4. Anlise de Regresso entre as notas de
Anlise e Aplicao: Considerando o teste de hiptese: Y a nota de
anlise e o X a nota de aplicao.
Compreensao
Apl
icac
ao
543210
5
4
3
2
1
0
S 2,32101R-Sq 3,2%R-Sq(adj) 1,0%
Fitted Line PlotAplicacao = 2,479 + 0,1883 Compreensao
Conhecimento
Apl
icac
ao
543210
5
4
3
2
1
0
S 2,34849R-Sq 0,9%R-Sq(adj) 0,0%
Fitted Line PlotAplicacao = 2,062 + 0,1997 Conhecimento
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H0 a nota de aplicao no influencia a nota de anlise. Ha a nota
de aplicao influencia a nota de anlise.
Grfico 5. Regresso Linear Aplicao x Anlise Fonte: resultados da
pesquisa
Concluso: O p-Valor calculado foi de 0,149 e maior do que 0,05,
portanto no rejeita
H0. Conclui-se ento que a nota de aplicao no tem influncia na
nota de anlise. 4.3.5. Anlise de Regresso entre as notas de Anlise
e Compreenso: Considerando o teste de hiptese: Y a nota de anlise e
o X a nota de compreenso. H0 a nota de compreenso no influencia a
nota de anlise. Ha a nota de compreenso influencia a nota de
anlise.
Grfico 6. Regresso Linear Compreenso x Anlise Fonte: resultados
da pesquisa
Concluso O p-Valor calculado foi de 0,039 e menor do que 0,05,
portanto rejeita-se H0.
Conclui-se ento que a nota de compreenso tem influncia na nota
de anlise. 4.3.6. Anlise de Regresso entre as notas de Anlise e
Conhecimento:
Aplicacao
Ana
lise
543210
5
4
3
2
1
0
S 1,90917R-Sq 4,6%R-Sq(adj) 2,4%
Fitted Line PlotAnalise = 1,805 + 0,1771 Aplicacao
Compreensao
Ana
lise
543210
5
4
3
2
1
0
S 1,86334R-Sq 9,1%R-Sq(adj) 7,1%
Fitted Line PlotAnalise = 1,772 + 0,2630 Compreensao
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Considerando o teste de hiptese: Y a nota de anlise e o X a nota
de
conhecimento. H0 a nota de conhecimento no influencia a nota de
anlise. Ha a nota de conhecimento influencia a nota de anlise.
Grfico 7. Regresso Linear Conhecimento x Anlise
Fonte: resultados da pesquisa
Concluso O p-Valor calculado foi de 0,009 e menor do que 0,05,
portanto rejeita-se H0.
Conclui-se ento que a nota de conhecimento tem influncia na nota
de anlise.
O Quadro 02 sumariza os resultados obtidos atravs dos testes de
hipteses realizados: X\Y COMPREENSO APLICAO ANLISE
CONHECIMENTO P-Valor = 0,037 < 0,05, rejeita-se H0. H RELAO
entre as notas de Conhecimento e Aplicao r= 0,305 coeficiente de
correlao de Pearson moderada
P-Valor = 0,528 > 0,05, no rejeita H0. NO H RELAO entre as
notas de CONHECIMENTO e APLICAO r=0,094 coeficiente de correlao de
Pearson fraca
P-Valor = 0,009 < 0,05, rejeita-se H0. H RELAO entre as notas
de CONHECIMENTO e ANLISE r=0,375 coeficiente de correlao de Pearson
moderada
COMPREENSO P-Valor = 0,229 > 0,05, no rejeita H0. NO H RELAO
entre as notas de COMPREENSO e APLICAO r= 0,179 coeficiente de
correlao de Pearson fraca
P-Valor = 0,039 < 0,05, rejeita-se H0. H RELAO entre as notas
de COMPREENSO e ANLISE r= 0,302 coeficiente de correlao de Pearson
moderada
APLICAO P-Valor = 0,149 > 0,05, no rejeita
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H0. NO H RELAO entre as notas de APLICAO e ANLISE r= 0,214
coeficiente de correlao de Pearson fraca
Quadro 2: Sumrio dos resultados da pesquisa quantitativa Fonte:
resultados da pesquisa 5. Concluso
A primeira anlise realizada para o teste emprico diz respeito
distribuio que
melhor descreveria a populao em estudo. Atravs da aplicao do
teste estatstico Anderson-Darling, para verificar a hiptese da
normalidade das notas totais dos alunos da turma de Filosofia,
concluiu-se que se trata de uma distribuio aproximadamente normal,
demonstrando, assim, que a prova elaborada foi um bom instrumento
de avaliao.
O estudo da taxonomia dos objetivos educacionais, proposta por
Bloom leva a crer que os nveis de conhecimento, compreenso,
aplicao, anlise, sntese e avaliao, postos em uma estrutura
hierarquizada, so necessariamente subordinados em relao ao nvel
anterior.
Com base em avaliao estruturada a partir da taxonomia realizada
em curso de Filosofia sugere-se que a tal subordinao no se sustenta
em todos os nveis.
A partir da anlise feita com base em testes de hipteses,
concluiu-se que o nvel de aplicao no se relaciona com os demais
nveis contidos nas questes da prova: conhecimento, compreenso e
anlise. Entretanto, o teste apontou que h relao entre os demais
nveis cognitivos: Conhecimento e Compreenso, Conhecimento e Anlise
e Compreenso e Anlise.
Com base nas anlises de regresso e correlao, verificou-se a
existncia de influncia entre as respostas da prova com relao aos
nveis cognitivos: Conhecimento e Compreenso, Conhecimento e Anlise
e Compreenso e Anlise. Contudo, as anlises apontaram que h uma
correlao fraca entre o nvel de Aplicao com os demais nveis
cognitivos existentes nas questes da prova.
Desta forma, com base nas evidncias acima apontadas pelo estudo
emprico realizado na prova do curso de Filosofia, o estudante se
mostra capaz de reproduzir uma informao de forma exata que lhe
tenha sido dada (conhecimento) bem como compreend-la, sem
necessariamente possuir a capacidade de transportar essa informao
para uma situao nova e especfica (aplicao).
Outra concluso obtida no mesmo estudo que o estudante, de certo
modo, se mostra incapaz de transportar uma informao para uma situao
nova e especfica (aplicao), mas capaz de analisar situaes que
envolvam o conhecimento e a compreenso.
Dessa feita, o estudo realizado sugere que a subordinao prevista
entre os diversos nveis cognitivos de hierarquia da taxonomia dos
objetivos educacionais, no se aplica, em sua totalidade, nesta
situao especfica de anlise. Abre-se, assim, espao para a realizao
de novas pesquisas que verifiquem a necessria subordinao hierrquica
entre os nveis da taxonomia de Bloom, em especial, no que diz
respeito ao nvel cognitivo de aplicao e suas relaes com os demais
nveis.
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