témunhar. o fato de não se ter verificado não quer dizer que não fosse a perspectiva objetivamente pos- sível nesse momento. A revolução na Europa ocidental foi a possibilidade mais imediata de desenvolvimento da revolução mundial na época de Lenin. Essa revo- lução ocorreu e fracassou devido às traições dos social- -reformistas, mas ocorreu. Que o método dos grandes do marxismo é, como dissemos, científico, baseado numa escrupulosa análise da realidade, sem falsos esquemas, provam-no as hipó- teses que consideraram quando, em determinados mo- mentos, pensaram ver variantes diferentes das que até então preconizavam. Abraçaram, sem dúvida, essas no- vas variantes. Não considerou Marx que pOderia não se verificar uma etapa capitalista na Rússia, como con- sequência do triunfo da revolução socialista europeia? Não estudou Lenin a possibilidade e não preconizou a luta de guerrilhas após a revolução de 1905? Não con- siderou Trotsky, em 1919,perante o possível retrocesso da revolução européia, a possibilidade do epieentro da revolução se deslocar para o Oriente? E, por último, não assinalaram.os trotskistas, em 1938, que (mão se pode, à priori, negar categoricamente a possibilidade teórica de, sob a influência de circunstâncias completa- mente excepcionais (guerra, derrota, «craek» finan- ceiro, pressão revolucionária das massas, ete), os par- tidos pequeno-burgueses, incluindo o stalinismo, pode- rem ir mais além do que eles próprios desejam no rompimento com a burguesia»? Isto demonstra, sem margem para dúvidas, que os marxistas baseiam os seus prognósticos e hipóteses no curso real da luta de classes, num momento determi- nado e com o objectivo de desenvolver a revolução mundial. Que há de estranho, então, no fato dos triun- fos desta desenvolverem o marxismo? Os erros de Trotskye do trotskismo na China Isaae Deutseher relatou a polêmica entre Trotsky e Chen Thu-siu sobre as perspectivas do proletariado chinês. Chen sustentava, contra Trotsky, que, como consequência do desmantelamento da indústria pelos japoneses, a classe operária chinesa não participaria nas lutas revolucionárias imediatas de fins dos anos 30. Pondo de lado a honestidade intelectual do autor desaparecido (insiste nas circunstâncias que levaram, quase milagrosamente, ao triunfo do maoismo; destaca que, no campo, Mao conduzia uma política trotskista sem o saber), dos seus comentários decorre que as es- peranças de Trotsky no proletariado chinês eram erradas. Contra o que possa parecer, Deutscher não tem ra- zio e, muito possivelmente, tampouco Chen. Os pro- gnósticos de Trotsky, bem como os dos trotskistas, não podem ser isolados, tal como os de Marx e de Le- nin, do. caráter que decorre do fato de terem sido elaborados por analistas e estrategas da revolução so- cialista mundial, da qual a revolução chinesa é uma parte muito importante, mas somente uma parte. Considerados deste ângulo, os prognósticos de de Trostsky eram corretos, já que se verifica o mesmo que com os outros prognósticos marxistas. A análise de Trotsky de cada uma das etapas da revolução mun- dial foi a seguinte: até 1928,contra a reação stalinista na URSS, em primeiro plano, e, em segundo, pelo de- senvolvimento da revolução alemã, da greve inglesa e da revolução chinesa; depois desse ano, pela formação de frentes únicas operárias que derrotariam a marcha do fascismo ocidental para o poder, através da mobilio zação permanente do proletariado. Todos os seus prog- nósticos parciais, nacionais, entre eles os relativos à China, têm a ver com essas análises gerais mundiais. 18 19