Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
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Título: A HISTÓRIA DO COLÉGIO ALFREDO MOISES MALUF CONTADA PELAS
PESSOAS QUE ALI PASSARAM
Autor: Sirlei Maria Siofre
Disciplina/Área: História
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Alfredo Moises Maluf
Município da escola: Maringá
Núcleo Regional de Educação: Maringá
Professor Orientador: Profª. Ms. Isabel Cristina Rodrigues
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maringá
Relação Interdisciplinar: Geografia; Sociologia; Língua Portuguesa.
Palavras-chave: Memória; História Oral; Colégio Alfredo Moisés Maluf
Formato do Material Didático: Unidade Didática
Público: 8º ano do ensino fundamental
RESUMO: O trabalho descrito tem como objetivo escrever a história do Colégio Estadual Alfredo Moises Maluf, tendo como principal recurso metodológico a História Oral. Essa pesquisa será desenvolvida por alunos do 8º ano a partir da recolha de informações com discentes, docentes e funcionários que já passaram pela instituição. Os alunos coletarão informações e realizarão entrevistas; analisarão documentos, fotos e objetos; produzirão textos sobre o assunto, no qual tanto o material coletado, quanto suas produções farão parte do documento final produzido com vistas à valorização de seu ambiente escolar.
APRESENTAÇÃO
Esta Unidade Didática é resultado do envolvimento e participação nos
estudos oferecidos pela política de formação continuada para professores da
SEED, O Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – Turma 2013
em parceria com a Universidade Estadual de Maringá, sendo orientada pela
professora Isabel Cristina Rodrigues, a quem devo os mais profundos
agradecimentos pela revisão, correção, encaminhamento e indicação de
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leituras sobre o assunto.
O presente material tem por objetivo aprofundar estudos sobre a história
do Colégio Estadual Alfredo Moises Maluf.
Sentindo a necessidade de elaborar um acervo de documentos que vise
valorizar a memória histórica do Colégio, estruturou-se o presente projeto para
que alunos e comunidade conheçam e entendam a historicidade e a realidade
em que vivem; a fim de que se situem conscientemente em sua realidade,
conhecendo de maneira crítica a sua memória pessoal e coletiva, valorizando a
história e a memória do local em que estão inseridos.
Por meio da memória é possível encontrar a história e explicar um
passado que realmente existiu, mas sobretudo, é possível dar significados aos
fatos que muitas vezes parecem à primeira vista insignificantes. A viabilização
do projeto se dá porque há tempo disponível para sua elaboração e
implementação, há materiais disponíveis para que os alunos possam
reconstruir a História do colégio e principalmente, apoio teórico do orientador.
Neste material, existe a preocupação em estabelecer uma linha de trabalho
com base nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, já que proporcionar
à comunidade escolar uma leitura da história local a partir de suas vivências e
experiências, enquanto atores sociais inseridos no contexto da comunidade
escolar à qual pertencem é também estabelecer uma relação com os conceitos
propostos por tal documento, que preconiza a necessidade de que os alunos:
[...] conheçam e debatam as contradições, os conflitos, as mudanças, as permanências, as diferenças e as semelhanças existentes no interior das coletividades e entre elas, considerando que estão organizadas a partir de uma multiplicidade de sujeitos, grupos e classes com alguns interesses comuns e outros diferentes, de uma multiplicidade de acontecimentos econômicos, sociais, políticos, culturais, científicos, filosóficos (PCNs 1999 p.53).
Com isso é necessário que o professor crie situações de aprendizagem
para instigá-los a estabelecer relações entre o presente e o passado, com
atividades e práticas que os levem a questionar, refletir, analisar, pesquisar,
interpretar, pesquisar e comparar dentro do conteúdo de história.
Diante dessas premissas estruturou-se um projeto de implementação
cujo objetivo é empreender um estudo por meio do próprio aluno sobre o
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cotidiano vivido pelas pessoas da comunidade e conhecer o histórico do
colégio, para tanto, será feita uma contextualização para perceber quais os
interesses envolvidos na fundação do colégio e a qual setor social o mesmo
beneficiaria.
A Unidade didática será aplicada com os alunos do 8º anos do Colégio
Estadual Alfredo Moisés Maluf - Ensino Fundamental e Médio.
Visando facilitar a interação dos alunos com o conteúdo apresentado
neste trabalho, assim como, proporcionar maior compreensão do mesmo, a
presente Unidade Didática será dividida em três partes.
A Primeira Parte – A princípio iremos explicar aos alunos o objetivo do
projeto e como será desenvolvido, em seguida, serão trabalhados textos com
informações sobre história oral e entrevistas, fontes históricas, documentos,
patrimônio, cultura, bem como, leituras, reflexões, comentários, debates,
pesquisas em materiais do arquivo da escola e visita ao museu Kalil Haddad
como forma de motivação aos alunos para que sejam impulsionados a
investigar cada vez mais e perceber o significado do que está sendo
apreendido.
A Segunda Parte- Nesta fase, serão feitas pesquisas em documentos
(arquivo escolar e outros documentos do colégio), bem como, entrevistas com
as pessoas que passaram por ele. Serão também realizadas análises de
fotografias antigas e atuais e digitalização desses documentos e fotos, com o
intuito de fazer com que através dessa pesquisa, os alunos percebam que eles
fazem também parte dessa trajetória.
A Terceira Parte – Nesta etapa será feita a transcrição das entrevistas e
a composição e estruturação de um museu no colégio (museu fixo no ambiente
escolar e também museu digital).
Espero que esta Unidade Didática contribua de alguma forma, para
despertar no aluno o interesse pela história da comunidade na qual está
inserido, favorecendo um comprometimento com sua região, contribuindo
assim, para a formação do senso crítico do educando e valorização da História
oral como método pedagógico. Por fim, o desenvolvimento do projeto objetiva
fazer com que o aluno se reconheça como sujeito da história que está sendo
produzida e tenha maior interesse em participar das aulas de história.
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INTRODUÇÃO
Esse trabalho levará a reconhecer a importância da história local, abrirá
espaço para muitas ideias, buscando alternativas de mudança na dinâmica da
disciplina de história, despertando no aluno o prazer de investigar, coletar
informações, pesquisar o passado, localizando fatos significativos e refletindo
sobre o tempo da sua vida e de outros tempos, entendendo o que é patrimônio
histórico e cultural.
Na sociedade atual, a questão da memória coletiva encontra-se
esfacelada pela cultura do imediatismo, os jovens estão cercados de muitas
informações, de objetos tecnológicos, e em razão disso, crescem e não
aprendem a valorizar a sua própria história de vida, nem as que as cercam. As
consequências dessa ênfase na cultura imediata são a descaracterização e
desvalorização da cultura local, promovendo a depredação do patrimônio
público porque os mesmos não se reconhecem nessa cultura material.
Constata-se que os ambientes públicos não estão sendo preservados
por nossos jovens inclusive a instituição escolar. Por esta razão busca-se
promover um repensar com os alunos sobre patrimônio histórico e preservação
da memória, pois, percebe-se que dentro do ambiente escolar há pouca
conscientização dos alunos que vivem nesse mundo onde se enfatiza o ter e
não o ser. Como ressalta Hobsbawm (2007, p.13) “quase todos os jovens de
hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação
orgânica com o passado público da época em que vivem”.
A desvalorização do colégio pela maioria dos alunos leva a reflexão
sobre a possibilidade de recuperar a história do colégio escrita por eles. É
necessário mostrar sua importância e levá-los a valorizar esse ambiente
escolar. A maioria desses educandos está inserida nos arredores do colégio de
que trata esse projeto, e para eles a única opção que têm é estudar nele, mas
sendo para alguns, um castigo. É comum ouvir reclamações e desvalorização
do local.
As metodologias aplicadas nas aulas de História estão ainda longe de
se adaptarem às transformações do mundo tecnológico globalizado, não
conseguem levar os alunos a se perceberem como sujeitos ativos da história
de seu tempo e ainda acaba levando a um passado recente, a uma época
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ultrapassada, causando a falta de interesse deles e consequentemente, o
baixo aproveitamento do aprendizado do estudo na disciplina de História.
Considerando que a escola é o lugar transmissor de conhecimento
cientifico e produzido historicamente pela humanidade, e também um espaço
de produção de saberes, é necessário compreendermos as novas
problemáticas das comunidades e transformar o ensino de História mais
instigante e motivante, onde o professor utilize de diferentes metodologias e
fontes e os alunos possam relacionar com seu cotidiano o que aprendem em
sala de aula, entendendo o que acontece ao seu redor ou já aconteceu. Numa
perspectiva de proporcionar na sala de aula, de acordo com Schimidt (2002,
p.57) “um ambiente, um espaço onde se transmite informações, mas onde uma
relação de interlocutores constrói sentidos”, e será este nosso principal
objetivo.
ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
As atividades a serem desenvolvidas foram distribuídas em momentos,
assim descritos acima, na primeira parte estima-se que serão necessárias oito
horas aulas que serão descritas a seguir:
Primeiro Encontro: 4 aulas
Objetivo: divulgar o projeto ressaltando sua importância, e como ele será
desenvolvido.
Atividades:
Exposição do projeto utilizando-se do recurso: data show;
Discussão de partes do filme: “Narradores de Javé” para que os alunos
possam ter ideia dos passos que devem seguidos para a construção da
memória de um determinado local e sua importância histórica e social;
Discussão mediada dos principais aspectos abordados na produção
PRIMEIRA ETAPA
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fílmica - atividade de fixação sobre o filme;
Pesquisa e apresentação em grupos de textos a respeito da História e
Memória e História Oral.
Memória Oral
FILME: NARRADORES DE JAVÉ
GENERO: Longa-metragem
DURAÇÃO:01h42min
DIRETORA: Eliane Caffé
ANO: 2001
RESUMO: O filme mostra a união dos moradores de uma cidade para que ela não desapareça, após a construção de uma Usina Hidrelétrica. A solução foi escrever um livro sobre o vilarejo de javé transformando a cidade em um patrimônio histórico e cultural, assim não poderia ser inundada. Escrever um dossiê a história da comunidade. Por ser a maioria analfabeta mas bons de contar história, resolveram contratar alguém para relatar os fatos dos moradores que não tinham nada escrito, tudo era passado de geração de forma oral. Antonio Bia era um dos poucos que sabia ler e escrever e recebeu a missão de escrever o ”livro javérico” que contaria a história do local. Não foi fácil escrever pois os habitantes contavam história diferentes e dentre tantas tinham que prevalecer a memória do local. Entre tantas disputas e lendas sobre o povoado a memória coletiva tinha que ser mais forte.
Endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8
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ATIVIDADES:
1 – Quantas versões os moradores deram a história do local?
2 - Por que para a comunidade era importante resgatar sua memória?
3 – Qual a relação do filme com o projeto que será desenvolvido no colégio?
4 – Quais foram as dificuldades que Antônio teve para realizar as entrevistas?
5-- Qual a importância das entrevistas num trabalho de resgate da memória?
6- Por que o filme é intitulado “Narradores de Javé?”
PESQUISA
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No filme o objetivo é transformar o vilarejo em patrimônio histórico e
cultural, pesquise quais os patrimônios históricos e culturais do Brasil e porque
receberam este título.
Segundo Encontro: 4 aulas
Objetivo: Perceber através da leitura de “História e Memória” e “História Oral”
o que alguns historiadores entendem por memória e História Oral, sua relação
com a produção historiográfica e seus aspectos positivos e negativos.
Atividades:
Apresentação dos textos pelas equipes;
Discussão de pontos relevantes apresentados nos textos;
Atividades de fixação;
Produção Textual.
Texto 1: História e memória
MEMÓRIA E O ENCONTRO COM A HISTÓRIA
Trabalhar com a memória é possibilitar o encontro com a História. Por
meio da narração surgem histórias contadas dentro da História, e é este
movimento que se busca escrever por intermédio da história oral. Esses
interlocutores anônimos procuram dialogar com a história, não com a oficial
mas, com a nova história, colaborando numa sociedade mais justa que
segundo Trindade (1985), superou a distinção entre a história aprendida e a
história vivida.
Dessa maneira, pretende-se valorizar a memória das pessoas que
estudaram e trabalharam no colégio e também aquelas que ainda estão
presentes na instituição, contribuindo para o alargamento desse discurso,
considerando sempre esses entrevistados como interlocutores. Deve-se
salientar que, diante dos objetivos propostos o recurso metodológico que será
utilizado é a história de vida ou História oral.
Para tanto, esses interlocutores serão entrevistados e motivados a
descrever o que se encontra guardado em suas memórias, como tudo iniciou.
É essa memória individual e ao mesmo tempo coletiva que será utilizada como
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fonte para esclarecer ações importantes do passado. Ao coletar as
informações, os acontecimentos não vêm em ordem, além disso, pode haver
uma divergência dos fatos num movimento de ir e vir fragmentados, assim
cabe ao entrevistador orientar e dirigir a entrevista para que os fatos possam
ser esclarecidos. Roberto Da Matta (1992), ao se referir a temática diz: que “na
reconstrução de suas lembranças, ao recordar o passado, são as saudades
que emergem do presente.” Essas saudades fazem com que surjam
fragmentos vividos que vêm a tona, suas vivências e lembranças. Então elas,
muitas vezes, trazem primeiro o que queremos lembrar, fatos alegres e que nos
dão satisfação, depois podem vir fragmentos tristes marcados na nossa
memória – fatos que gostaríamos de mudar ou de esquecer.
Como afirma Le Goff (1996, p. 426): “O estudo da memória social e um
dos meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história,
relativamente como os quais a memória esta ora em retraimento, ora em
transbordamento”.
A História oral quando usada aproxima mais as pessoas da realidade. Ao
pedirmos para alguém falar do passado, também damos voz à comunidade na
qual essa pessoa vive e que interfere na sua construção social. O trabalho com
a História oral dá oportunidade para todos os tipos de pessoas participarem da
construção da História, dá maior significado a sua própria história, dando
pertencimento ao grupo, valorizando a identidade do sujeito. Além disso,
proporciona um intercâmbio cultural entre as gerações, na medida em que são
os idosos que têm por meio de suas memórias a perspectiva de como era o
passado e quais as mudanças efetuadas. O aluno, quando entrevistador,
poderá perceber mudanças e permanências através do tempo contado pelos
entrevistados. Sobre esta questão Thompson (1992) aborda que:
[…] a possibilidade de utilizar a história para finalidades sociais e pessoas construtivas desse tipo vem da natureza intrínseca da abordagem oral. Ela trata de vidas individuais menos e todas as vidas são interessantes. E baseia-se na fala, e não na habilidade da escrita, muito mais exigente e restritiva. (THOMPSON, 1992, p. 41).
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Com essas pessoas idosas os alunos podem ter uma grande história de
vida, aprender com os seus depoimentos, pois os conteúdos das entrevistas
são riquíssimos. Ao se referir a essa temática Thompson (l992, p. 41), diz:
“Com elas se aprende algo mais que o simples conteúdo. As gravações
demonstram como é rica a capacidade de expressão de pessoas de todas as
condições sociais”.
Ao trabalhar com a memória o sujeito revela sua identidade, como ela foi
formada, que aspectos estão vivos ou que se sobressaem sobre outros
acontecimentos. O que para um é difícil falar sobre certos assuntos para outro
é mais fácil e empolgante. Para cada um surge algo importante que poderá ser
diferente para outro interlocutor. Assim memória e identidade estão juntas como
diz Pollak:
O despeito de variações importantes encontram-se um núcleo resistente, um fio condutor; uma espécie de leite-motiv, em cada história de vida. Essas características de todas as histórias de vida sugerem que esta última deva ser considerada e como instrumentos de reconstrução de identidade. (POLLAK, 1989, p 13).
Ecleia Bosi (1987) afirma que a arte de contar história está em
decadência, isso ocorre pela falta de interesse de muitos pelo passado, não há
mais incentivo para que anciões narrem suas histórias. Ao trabalhar com os
depoimentos dos velhos guardiões da lembrança coletiva e familiar, estamos
valorizando sua sabedoria e autoridade de que são portadores. Os alunos, ao
entrarem em contato com esses sujeitos históricos, desenvolverão o sentido
que não encontramos mais em nossa sociedade – o de escutar as pessoas
mais velhas e principalmente ter paciência. Ações que nossos adolescentes,
nestes tempos da internet e rapidez, não estão mais propensos.
Dessa forma, o estudo que se pretende efetivar proporcionará essa
releitura sobre o passado do Colégio e, por conseguinte, da comunidade na
qual o mesmo está inserido. Quando os moradores começarem a relembrar o
início do colégio, como esse espaço contribuiu para suas relações trazendo
recordações tristes e na maioria alegres, os alunos notarão que cada
lembrança individual faz parte da memória coletiva, e que a mesma tem sua
relevância social, porque faz com que a História de determinado local possa
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ser relembrada e escrita, e principalmente contextualizada e entrelaçada com a
História regional ou mundial.
Bosi (1987) completa quando diz:
Uma memória coletiva se desenvolve a partir de laços de convivências familiares, escolares, profissionais. Ela entretém a memória de seus membros, que acrescenta, unifica, diferencia, corrige e passa a limpo. Vivendo no interior de um grupo, sofrem-se as vicissitudes da evolução de seus membros e depende de sua interação. (BOSI 1987 p 71)
Ao estudar a memória individual Halbwachs (1990) não se prende a
realidade psíquica da pessoa, e sim, a fato de como essa memória depende do
grupo, da maneira que ela se constrói, do significado ela passa a ter (relação
de dependência com o grupo do qual faz parte). Neste sentido, notamos que a
memória coletiva envolve as memórias individuais, sem se confundir com ela e
aqui surge a narração do presente sobre o passado.
Sobre essa temática Bosi diz:
A memória do individuo depende do seu do seu relacionamento com a família, com a classe social, com a escola, com a igreja, com a profissão, enfim com os grupos de convívio e os grupos de referência peculiares a esse indivíduo (BOSI, 1987, p. 17).
Por meio dos depoimentos fecham-se lacunas e surge uma história da
qual, pessoas simples se tornam sujeitos históricos e não meros coadjuvantes.
Com diz Le Goff:
A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que memória coletiva sirva para libertação e não para a servidão dos homens (LE GOFF, 1990 p. 477).
A utilização dessa metodologia dará condições para que professores e
alunos se apropriem do conhecimento por meio de pesquisa de campo, da
memória da comunidade e discussões em sala, sobre o material coletado por
meio de entrevistas, fotografias, cartas, arquivos da escola.
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Texto 2: História Oral
HISTÓRIA ORAL
Acervo pessoal 2011
Há várias décadas atrás, ouvir os idosos contar histórias era natural, sentavam
toda a família ao redor dos nossos avos que relatavam história de infância. Isso era
frequente contavam as histórias varias vezes era uma maneira de manter a cultura e
tradições da família.
Hoje com o mundo sempre em movimento não temos tempo para nada é uma
correria, nossas crianças já não tem mais essa oportunidade de ouvir as memórias de
nossos anciões, elas acabam sendo desvalorizadas e esses guardiões da memória
coletiva e familiar já não tem mais tanta importância.
Contudo, envelhecer é sinal de já ter passado por muitas experiências, de se ter
muitos testemunhos para contar. Assim, participar de relatos feitos por essas pessoas
nos remete ao privilégio de poder partilhar dessa memória e ouvir sobre a cultura de um
povo.
A história oral participa colhendo esses fragmentos de memória e recuperando
informações do passado. Dando possibilidade desses sujeitos, participarem e registrarem
sua própria história de vida. Histórias que, junto a outras podem fornecer informações
para refazer a história local, bem como outras histórias que nos permitirão, então,
compreender o presente por meio do passado e que portanto, devem ser preservadas.
Nós não nos lembramos de tudo que acontece na nossa vida, nosso cérebro só
guarda uma pequena porcentagem do que acontece conosco, principalmente fatos que
marcam nossa vida que poderão ser tristes ou alegres.
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Guardar e lembrar não são a mesma coisa. Depende dos momentos podemos
lembrar algo através de objetos, cheiros, fotos e outros. Eles auxiliam a vir à tona algo
que está guardado em nossa memória. Quando vimos alguém ou trocamos informações
podemos recordar de acontecimentos de nossas vidas que até então pareciam
esquecidos. Nós temos a sensibilidade de acumular na nossa memória informações ao
longo do tempo que individualmente ou coletivamente se farão necessárias para
esclarecer fatos da nossa história.
Em muitas sociedades os mais velhos passam seu conhecimento através da
história oral, contam para os mais novos a cultura e experiências de seu povo. Hoje
podemos usar gravadores para registrar entrevistas, guardar depoimentos, isto é,
podemos transformar falas, bem como fotos, objetos, roupas, documentos entre outros,
em fontes materializadas que nos levarão a conhecer o passado.
Por meio dos depoimentos fecham-se lacunas e surge uma história da qual,
pessoas simples se tornam sujeitos históricos e não meros coadjuvantes,
compreendendo o que é história e trazendo ela para mais próximo da realidade,
facilitando a compreensão do passado pelas futuras gerações por meio das experiências
vividas pelos anciões.
A História oral permite recolher dos entrevistados relatos de período históricos
através de experiências vividas e a partir de interlocutores diferentes. Por meio da
história oral podemos também escrever autobiografias e biografias.
Sirlei Maria Siofre
ATIVIDADES
1 – Faça um quadro comparativo com os autores que aparecem no texto 1 e suas conceituações sobre memória e sua importância histórica?
2 – Após a leitura dos textos como você conceituaria memória e História Oral.
3 – Quais as fontes históricas que podem ser utilizadas para o trabalho historiográfico com a memória?
4 – O que são fontes históricas e qual sua utilidade?
5 – Com base no que foi discutido o que são documentos históricos?
6 – Qual a diferença entre guardar e lembrar? Dê exemplos.
7 – Por que nos esquecemos de fatos que ocorreram conosco e/ou outros lembramos com mais frequência e clareza?
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PRODUÇÃO
Após assistir ao filme e fazer as leituras dos
textos, produza um texto abordando a importância de se
reconstruir a História do Colégio e não se esqueça de
mostrar quais os instrumentos metodológicos para sua
concretização.
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Terceiro Encontro: 13 aulas
Objetivo: Compreender como é o processo metodológico para a produção da
entrevista e escolha do entrevistado.
Atividades:
Leitura e discussão do texto Arte da Entrevista;
Produção do questionário;
Pesquisa e listagem das pessoas que serão entrevistadas;
Divisão das equipes para a realização das entrevistas;
Realização das entrevistas em contraturno com a supervisão da
professora.
TEXTO: A Arte da Entrevista
SELEÇÃO DA TESTEMUNHA
De modo geral, deve-se dar prioridade a entrevistas com pessoas de
certa idade, mas é preciso levar em conta o cansaço da testemunha, limitar o tempo das entrevistas e evitar perguntas excessivamente meticulosas do ponto de vista cronológico. Pode acontecer, que ela não lembre, perturbe - se e assim interrompa a entrevista.
O entrevistador deve saber ouvir, guardar silêncio, respeitá-la, estar disposto a tomar pacientemente a conversa, suscitar a recordação através de um questionamento discreto, orientá-la sem precipitação não impedindo de perder-se em digressões, caso ela o faça em demasia. Repetir em voz alta suas palavras se estas não forem claramente audíveis, procurar não falar ao mesmo tempo em que ela, não insistir quando evita a recordação dolorosa. Não se precipitar em perguntar de novo, porque as recordações precisam às vezes de um tempo para vir à tona, repetir a mesma pergunta de diferentes maneiras para tentar vencer resistência.
É indispensável criar relações de confiança entre o informante e entrevistador. Evidentemente convém conservar todas as entrevistas, sejam elas consideradas boas ou não.
O LUGAR DA ENTREVISTA
O entrevistado tem diversas opções de lugares para a entrevista, no entanto, em casa, ele pode criar um ambiente mais favorável à conversação e receber melhor o entrevistador.
Em casa sentir-se-á mais a vontade, num ambiente que conhece cercado de recordações, fotografias suscetíveis de avivar suas lembranças, e depois poderá ter seus familiares mais próximos e dar mais confiança. Mas cuidado. Outras pessoas poderão querer falar no lugar.
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Convém evitar a ameaça do telefone, verdadeiro instrumento de tortura para o entrevistado. Levar junto o roteiro de entrevistas, não deixá-lo totalmente livre. Há o risco de se afastar do tema tratado.
Duas horas de entrevistas é uma boa medida, já que um relato em profundidade exige da testemunha esforços de concentrações consideráveis, e do entrevistado uma forte tensão, pois ele tem que evitar qualquer distração e formular as perguntas no momento adequado. Também conviria não se limitar a uma única sessão.
TIPOS DE ENTREVISTAS:
As entrevistas podem ser abertas e fechadas. Nas abertas o
entrevistador deixa a pessoa livre para explanar sobre o fato que se deseja e as vezes vai interrogando o entrevistado para que possa ter mais detalhes. Na fechada é feito um roteiro no qual o entrevistador segue para obter as informações.
Para recuperar a história local do colégio temos que usar diversas ferramentas como, fazer um levantamento entre os alunos parentes ou amigos que estudaram no colégio para ser selecionado para entrevistas, arrecadação de documentos, fotos que possam contribuir para o trabalho. Usaremos ainda arquivos familiares e escolar, objetos antigos e tudo que possa contribuir para a valorização do projeto e a história do próprio aluno.
Reconstruir a História de um lugar é dar vida às pessoas simples que não fizeram grandes feitos heroicos, mas apenas viveram intensamente a vida.
Usos & abusos da História Oral organizadoras: Marieta de Moraes Ferreira e Janaina
Amado p. 233 - 237
ATIVIDADES SOBRE O TEXTO
Chegou o momento de estruturarmos as entrevistas, por isso cada grupo
seguirá os seguintes passos:
a) Definir qual tipo de entrevista utilizará;
b) Estruturar sua entrevista;
c) Elencar pessoas que podem ser entrevistadas;
d) Buscar material que possa ser utilizado como fonte histórica na
reconstrução da História do Colégio.
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ENTREVISTAS FECHADAS
Qual seu nome?
Quando e onde você nasceu?
Qual seu endereço?
Seus pais ou responsáveis estudaram nesta escola?
Ate qual serie você estudos?
A escola ficava a que distância de sua casa?
Com que idade começou a frenquentar a escola?
Quantos professores havia?
Como era a sala de aula?
Como era a mobília?
Tinha luz elétrica?
O que sentiu quando foi pela primeira vez a escola?
Como era a regime de frequência?
Onde era realizado o recreio? Qual o horário?
Gostava da escola?
Qual o objetivo do colégio além de acolher os alunos?
Como era o horário de aula?
Como era o uniforme? Era obrigado?
ENTREVISTAS ABERTAS
O entrevistador se baseará nos seguintes tópicos:
Lembranças da família e do meio social;
Lembranças do espaço escolar;
Exemplos de roteiro de entrevistas
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Lembranças do ritmo escolar;
Lembranças de alegrias e tristezas na escola;
Lembranças do estudo;
Lembranças dos professores;
Lembranças das tradições orais;
Lembranças da leitura.
ENTREVISTAS PARA PROFESSORES
Nome:
Idade:
Profissão:
Quando iniciou suas atividades nesse colégio?
Como foi seu primeiro dia?
Qual diretor estava no poder?
Descreva o colégio nessa época?
Como eram os alunos?
Qual matéria lecionava?
Como eram o comportamento dos alunos?
Tinha violência?
Como era a tarefa?
Quais as mudanças ocorridas no colégio?
Além de instituição escolar que outras funções tinham o colégio?
Quais projetos tinha a escola?
O que mais marcou durante o período como professora?
Do que sente mais saudades?
Para recuperar a história local do colégio os alunos terão que praticar a
arte da pesquisa e nesse caso, seu trabalho será essencial porque eles terão
que, juntamente com o professor compor as fontes históricas para que se
construir a história do colégio. Para tanto, serão necessários à utilização de
diversas ferramentas como: levantamento e seleção de alunos, parentes ou
amigos que estudaram no colégio para participar das entrevistas, pesquisa e
arrecadação de documentos e fotos oriundas de arquivos familiares e escolar,
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objetos antigos e tudo que possa que contribuir com o trabalho, valorização do
projeto e a história do próprio aluno.
Assim, nesse momento inicia-se com a supervisão da professora em
contraturno as entrevistas com as pessoas elencadas pelos grupos e com
mediação do docente. Esta parte é fundamental na execução do projeto e será
exaustiva, porém prazerosa ao mesmo tempo porque por meio de conversas
com pessoas que ajudaram a construir a história do colégio os alunos
construirão sua própria identidade.
Construir a História de um lugar é dar vida às pessoas simples que não
fizeram grandes feitos heroicos, mas apenas viveram intensamente a vida.
Nesse momento do trabalho o objetivo será mostrar que a história do
Colégio está inserida num processo dinâmico e maior como o bairro, a cidade,
o Estado, o país, o continente. Sendo assim, serão trabalhados textos, material
iconográfico e visita ao Museu Kalil Hadadd para que os alunos possam
compreender em quais circunstâncias históricas surgiu à cidade de Maringá e o
bairro Herman Moraes de Barros.
Quarto Encontro: 3 aulas
Objetivo: Conhecer os motivos econômicos e políticos do governo
paranaense, mediante a política nacional, para a implementação da cidade de
Maringá, assim como, entender os motivos dessas terras terem sido
exploradas pelas companhias particulares de terras, como a Companhia Norte
Melhoramentos do Paraná.
Atividades:
Leitura e discussão dos textos: “O desbravamento da região de
Maringá”, Bairro Hermann Moraes de Barros, Alfredo Moisés Maluf, U
pouco sobre o Colégio
SEGUNDA ETAPA
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Atividades de fixação.
O desbravamento da região de Maringá
Em meados da década de 1930 o escritório da Companhia de Terras Norte do Paraná, onde eram negociados os lotes da região, ficava situado em Londrina. Os compradores se dirigiam ao escritório para adquirir as propriedades, e logo partiam para começar a derrubada das árvores nativas, visando preparar o terreno para a prática da agricultura, em especial para a plantação de café.
O primeiro lote de Maringá, de numeração 1/A, foi adquirido pelo padre alemão Emílio Clemente Scherer, que chegou ao Brasil em 1938, fugindo do nazismo. O padre Scherer é considerado o primeiro pioneiro desbravador de Maringá. A propriedade que ele adquiriu - localizada em uma região próxima ao local que hoje é o bairro Cidade Alta, em Maringá -, foi batizada de Fazenda São Bonifácio. Foi nesta propriedade que, a 12 de fevereiro de 1940, surgiu a primeira igreja de Maringá, a Igreja São Bonifácio, construída com madeira retirada de árvores cortadas na própria fazenda. A igreja existe até hoje, próximo ao bairro da Cidade Alta, no prolongamento da Rua Dolores Duran.
Maringá Velho dos anos 1940.
Surgiu também um pequeno povoado que servia como ponto de apoio aos pioneiros desbravadores que já começavam a trabalhar nas propriedades rurais locais: a área que hoje é chamada de Maringá Velho.
A formação do Maringá Velho não se deu de forma precária e desordenada. O historiador do Patrimônio Histórico de Maringá, João Laércio Lopes Leal, conta que o povoado cresceu obedecendo a um planejamento criado por Aristides Souza Mello, diretor da Companhia de Terras Norte do Paraná, que projetou o pequeno povoado de seis quadras, formado por poucas casas e estabelecimentos comerciais, estes voltados a atender às necessidades básicas da população rural.
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Na época, havia uma "picada" - caminho aberto na mata à golpes de facão - que ligava a região onde hoje é centro da cidade até o Maringá Velho. O traçado da picada acabou servindo de referência para a construção da avenida Brasil. O ponto onde a picada terminava ficou conhecido como "fim da picada", nomenclatura que perdura até hoje.
1º Hotel do Maringá Velho.
Em 10 de novembro de 1942 a Companhia de Terras Norte do Paraná
inaugurou a Pedra Fundamental de Maringá. O nome da cidade foi uma sugestão de Elizabeth Thomas, mulher de Arthur Thomas, diretor presidente da Companhia. "Maringá" era o nome de uma canção de Joubert de Carvalho que foi um grande sucesso dos anos 1930, e era frequentemente entoada pelos desbravadores locais enquanto trabalhavam na derrubada da mata nativa.
Na ocasião da inauguração da Pedra Fundamental de Maringá, a Companhia de Terras Norte do Paraná também inaugurou o Hotel Campestre que hospedaria investidores interessados em adquirir propriedades na região.
Fundação de Maringá
A fundação oficial de Maringá e data em que a cidade comemora seu aniversário é 10 de maio de 1947, quando a Companhia de Terras Norte do Paraná (que foi adquirida por investidores brasileiros nos anos 1940 e foi rebatizada como Companhia Melhoramentos Norte do Paraná em 1951) abriu um escritório na cidade, no cruzamento entre a avenida Duque de Caxias e a rua Joubert de Carvalho (a construção existe até hoje). Foi nessa data que a Companhia iniciou a venda dos lotes na região do Maringá Novo.
A primeira residência construída no Maringá Novo ficava na Av. Brasil, entre as avenidas Getúlio Vargas e Duque de Caxias, e pertencia ao gerente da Companhia, Alfredo Werner Nyffeler. Construída em madeira, a casa atualmente encontra-se no campus da UEM (Universidade Estadual de Maringá), para onde foi transferida em 1984, e atualmente abriga o Museu da
Bacia do Paraná.
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Em 1947, a futura cidade era distrito de Mandaguari. No ano seguinte, em 1948, Maringá foi elevada à categoria de Vila, tornando-se um município independente em 14 de novembro de 1951, pela Lei nº 790/91, que incluía os distritos de Iguatemi, Floriano e Ivatuba como parte do município de Maringá.
Fonte: http://www.odiario.com/historiademaringa/
Conheça um pouco a história do bairro Herman Moraes de Barros
Conjunto Herman Moraes de Barros
Próximo ao centro, o conjunto Herman Moraes de Barros está totalmente ocupado. Iniciou-se com o Conjunto Habitacional pela COHAPAR com pessoas vindas de fora de Maringá e de outros bairros da cidade e que a 20 anos residem nesta região.
No inicio de sua formação, a situação das pessoas que ali decidiram residir era muito ruim. Haviam poucas casas e boa parte das terras estavam destinadas a plantação e cultivo da soja. Não havia asfalto, nem estabelecimento comerciais, postos de saúde e escola. Não havia coleta de lixo, as pessoas tinham que fazer buracos e enterrar o lixo, não existia lazer e o único meio de transporte era a TCCC.
Fazem apenas quinze anos que passaram asfalto nessa região. Em relação ao esgoto, o Herman tem um dos melhores da cidade, porém um dos mais caros. Outras virtudes do bairro atualmente são: a água, a coleta de lixo, a escola e o transporte coletivo, que é um dos melhores e mais eficientes da cidade e por isso, o meio de locomoção mais usado pelas pessoas que ali residem (juntamente com o carro).
Quanto à escolaridade, os moradores dizem que a creche é ótima, e que o Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf a cada dia melhora mais.
A maior parte das datas é ocupada por residências, geralmente próprias, e as famílias são constituídas principalmente por três ou quatro pessoas.
A população desse bairro tem idade entre 20 e 50 anos. Há poucos desempregados e grande parte dos trabalhadores possui carteira assinada. A renda per capita por família gira em torno de 3 salários mínimos.
Os moradores que ali residem, querem que o bairro melhore cada vez mais. Lutam pela volta do posto de saúde que existia nesse conjunto habitacional e que bem atendia a todo o bairro. Esse posto foi transferido para um bairro vizinho, porém distante para muitos moradores se a situação for de emergência. Querem a abertura de uma agência bancária na região, a melhoria do policiamento, do esporte e do lazer e sonham com a construção de uma vila olímpica e a limpeza das ruas.
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Alfredo Moisés Maluf
Foi um pioneiro de Maringá – Alfredo Moisés Maluf
nascido em 10/07/1890 e falecido em 06/03/1983, casado com D.
Francisca do Amaral Maluf, teve 4 filhos. Sua origem era libanesa
e chegou a Maringá em 1948 onde abriu comércio e o Posto
Maluf. Foi cidadão honorário de Maringá em 1946 e exerceu a
função de presidente da Associação Comercial. Foi um dos
fundadores do Lar dos Velhinhos. Era rotariano e muito católico.
Era bem relacionado com o povo e sua casa ponto de encontro
dos amigos da cidade e da região. Na década de 50 era um dos
comerciantes que mais vendia gasolina na região. Por seu
carisma e participação ativa em Maringá, foi homenageado como
pioneiro da cidade e seu nome dado ao nosso Colégio.
Fonte:
http://www.mgaalfredomoises.seed.pr.gov.br/modules
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Um pouco sobre o Colégio...
Fonte: Foto retirada do Google Maps em 24 de novembro de 2013
O Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf fica localizado no Conjunto
Residencial Hermann Moraes de Barros e foi inaugurado em 10 de agosto de
1981, como parte integrante do Complexo Escolar Rodrigues Alves,
desmembrando-se do mesmo em março de 1982. Seu nome foi dado em
homenagem a um pioneiro de Maringá – Alfredo Moisés Maluf.
Atualmente atende aproximadamente 1400 alunos (começou em 1982
com 148), dos bairros Hermann Moraes de Barros, Grevílea I, II, III, Quebec,
Copacabana I e II, Jardim Vitória, Paris, Parque das Bandeiras, Parque das
Palmeiras e Jardim Diamante. Seu diretor em 1982 era Antônio Favaro Neto e
a direção auxiliar Naídes Souza Rocha. Hoje a direção atual conta com a
Professora Suely Chigutti Yamashita e a diretora auxiliar Professora Josaine
Aparecida Alves Garcia.
Desde sua inauguração o Colégio pôde contar com profissionais
comprometidos com a qualidade da educação e com a formação de cidadãos
participativos e críticos de sua realidade, capazes de transformar e realizar. Por
isso hoje, conta com videoteca, biblioteca, laboratório de informática (Paraná
Digital), auditório, laboratório de ciências, quadra coberta, sala de projeções,
sala de hora-atividade para professores com computador, além do
compromisso da atual direção na manutenção permanente e conservação de
carteiras, janelas, portas, banheiros, etc. para que alunos, professores,
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funcionários tenham infraestrutura adequada para melhor executar seus
trabalhos.
Assim, em conjunto com a comunidade escolar (professores, direção,
equipe pedagógica, alunos, funcionários, APMF, Conselho Escolar, pais,
Grêmio Estudantil) fazem a HISTÓRIA DO COLÉGIO MALUF, com suas
participações em Festivais de Danças Folclóricas, projetos de Meio Ambiente,
de Cidadania, de Leitura, de Viagens Culturais, de Gincanas, de movimentos
sociais e também nas lutas junto aos órgãos competentes para melhorias e
reformas na estrutura do Colégio. É através de pessoas comprometidas com a
Educação que é possível fazer uma escola pública de qualidade e cidadãos
brasileiros cada vez melhores.
Fonte: http://www.mgaalfredomoises.seed.pr.gov.br/modules
REGISTRO FOTOGRAFICO DA INAUGURAÇÃO DO COLÉGIO
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ATIVIDADES
RESPONDA:
1) Por que o nome do Colégio é Alfredo Moisés Maluf?
2) Em sua opinião ao homenagear o colégio com esse nome, as pessoas daquele momento estavam corretas? Por quê.
3) Qual a relação da Companhia Norte Melhoramentos do Paraná com o surgimento de Maringá?
4) Por que o governador da época não efetuou a colonização por vias estatais?
5) Como surgiu o bairro e qual sua função social naquele contexto?
6) Analisando a fotografia de inauguração identifique as pessoas ilustres que estavam presente e sua função na sociedade.
7) Analisando a planta da escola houve mudanças estruturais? Descreva quais.
8) Caracterize a comunidade escolar em torno do colégio
9) Pesquise quatro pessoas ilustres que foram homenageadas no bairro em que vivem conferindo nome de ruas e faça uma biografia das mesmas.
Após a leitura e discussão dos textos acima os alunos irão para a
sala de computação para elaborarem um texto utilizando de recursos midiáticos
para compor uma das atividades do museu, esta produção será a primeiro
contato que o visitante terá no museu.
PRODUÇÃO DIGITAL
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Quinto Encontro: 8 aulas
Objetivo: demonstrar como se faz a análise histórica das imagens, nesse caso as fotografias.
Atividades:
Analisar das fotos de arquivo pessoal, escolar e público que ressaltem o bairro, a cidade de Maringá e a escola;
Identificar os lugares de memória da cidade, bairro e escola;
Descrever após as análises as mudanças e permanências;
Transcrever as entrevistas abertas;
Analisar o material recolhido iconográfico e escrito;
Produzir textos relacionando as entrevistas e as fotos com os textos estudados;
Identificar e selecionar as fotos e os objetos que serão expostos;
Montar o museu NA ESCOLA E O VIRTUAL.
Observe as fotos abaixo
Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf acervo pessoal outubro 2013
TERCEIRA ETAPA
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ATIVIDADES:
1) Com base no que foi estudado explique porque estas fotos são fontes
históricas.
2) Quais as dificuldades encontradas na realização das entrevistas?
3) O que os entrevistados ensinaram-lhe de importante sobre a história do
colégio?
4) Faça um paralelo e mostre as relações entre a história do colégio, com
a da cidade, do Estado e do Brasil.
5) Por que a formação desse museu é importante para a comunidade
escolar?
6) Elabore um folder para divulgar o museu do colégio para que outras
pessoas possam vir conhecer o trabalho realizado pelo oitavo ano.
7) Você sente orgulho de estudar nesse colégio? Por quê?
Na atualidade a internet é um recurso relevante para que o
professor possa realizar e complementar sua aulas, sendo assim, os alunos se
encarregarão de estruturar um museu digital, para que alunos de outras
escolas em diferentes regiões da cidade, estado, país e até o mundo possam
conhecer o trabalho realizado pelos alunos de resgate da história e memória do
colégio em que estudam.
PRODUÇÃO DIGITAL
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ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA
A História oral, apesar de muito questionada por alguns, é uma fonte que
na atualidade vem sendo cada vez mais utilizada por muitos historiadores.
Podemos afirmar que a utilização da memória e da História oral é mais
uma possibilidade de construção histórica e que não pode ser desprestigiada
por conta de velhos preconceitos, tendo em vista que “a ideia de que a História
é antes de tudo, o resultado de fontes escritas é bastante antiga”. Sobre esta
questão Paul Thompson diz que:
[…] a história oral não é necessariamente um instrumento de mudança, isso depende do espírito com que seja utilizado, não obstante, a história oral pode certamente ser um meio de transformar tanto o conteúdo quanto a finalidade da História. Pode ser utilizado para alterar o enfoque da própria história e revelar novos campos de investigação, pode derrubar barreiras que existiam entre professores e alunos, entre gerações entre instituições educacionais e o mundo exterior; e na produção da história, pode devolver às pessoas que fizeram e vivenciaram a história um lugar fundamental mediante suas próprias palavras. (THOMPSON, 1992, p. 22)
O autor reforça a ideia de que o que importa de fato é como a pesquisa
é realizada, levando-se em consideração a seriedade do trabalho e o que os
sujeitos históricos tem a dizer, pois tais relatos são também relevantes, tendo-
se em vista que estamos conferindo vozes a uma parcela que na historiografia
tradicional a mantiveram calada, mas que são testemunhas do passado. Não
estamos enfatizando que a História se fará apenas por meio de relatos, pois é
necessário a contextualização para dar significado ao que foi relatado. Na
perspectiva de Thompson:
[…] a história oral, ao contrário, torna possível um julgamento muito mais imparcial: as testemunhas podem, agora, ser convocadas também entre as classes subalternas, os desprivilegiados e os derrotados. Isso propicia uma reconstrução mais realista e mais imparcial, do passado, uma contestação ao relato tido como verdadeiro. Ao fazê-lo, a história oral tem um compromisso radical em favor da mensagem social da história como um todo. (THOMPSON, 1992, p 26).
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Além de trazer ao cenário historiográfico os sujeitos que por muito tempo
foram relegados a História oral, alia o estudo acerca da memória e contribui
para o regaste nacional e criação de uma consciência história. Pois segundo
LE GOFF:
O estudo da memória social é um dos meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história, relativamente aos quais à memória está ora em retraimento, ora em transbordamento (LE GOFF, 1990, p.422)
A História utilizando-se desses recursos metodológicos se torna
democrática, dando voz a diferentes pessoas uma vez que pode ser realizada
por estudantes em grupo, individualmente, em escolas, universidades, na
educação de adultos ou em centros comunitários, falando sobre aspecto do
dia-a-dia ou reunindo pessoas de níveis diferentes, torna algo acessível e
próximo porque como enfatiza Le Goff:
A memória é onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva para libertação e não para a servidão dos homens. (LE GOFF, 1990, p.471).
Considerando tais pressupostos, percebemos que o trabalho no ensino
fundamental e médio, por meio do estudo da memória e da História Oral pode
tornar-se mais atraente, uma vez que o foco e o enfoque são outros, seu
cotidiano, possibilitando desta forma, maior apreensão dos objetivos do ensino
de História. Estudar sobre temporalidade, modificando sua forma de pensar
individualmente e coletivamente. Como já foi enfatizado, é uma outra
possibilidade de trabalho, que para Halbwachs (1990) se torna mais
interessante, pois:
[…] não é na história aprendida, é na história vivida que se apóia a nossa lembrança. O lugar recebe a marca do grupo e vice-versa. Todas as ações do grupo podem se traduzir em termos espaciais e o lugar ocupado por eles é somente a reunião de todos os termos. Cada aspecto, cada detalhe desse lugar em si mesmo, tem um sentido
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que é inteligível apenas para os membros do grupo, porque todas as partes do espaço que ele ocupou correspondem a outros tantos aspectos diferentes da estrutura e da vida de sua sociedade (HALBWACHS, 1990, p. 133).
Luís Vidigal coloca também que:
O desenvolvimento curricular disciplinar ou a realização área – Escola feita através do recurso a testemunhos orais pode contribuir para a concretização de projetos que sejam não só motivadores, mas que permitam também aos alunos, adquirir autonomia no processo de reconhecimento do passado do seu meio social e local (VIDIGAL, 1995 P.83).
Constata-se a inexistência de estudos que falam especificamente sobre
o colégio, todavia não é somente sua formação que se torna instigante, mas o
cotidiano, a fim de que se complete esse cenário e isso é favorecido pela
História Oral na medida em que permitem imaginar os diferentes aspectos
vivenciados pelos alunos do colégio. O trabalho usando a memória acontece
porque o que interessa são lembranças vividas e com a análise estas
experiências poderão se mostrar plenas de significados, revelando segredos e
detalhes da instituição. O historiador tem que ser um bom ouvinte e o
interlocutor um auxiliar ativo porque, como enfatiza Thompson (1992):
A história é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimulam professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. Ajuda os menos privilegiados, e especialmente os idosos, a conquistar dignidade e autoconfiança. Propicia o contato – e, pois, a compreensão – entre classes sociais e entre gerações. E para cada um dos historiadores e outros que partilhem das mesmas intenções, ela pode dar um sentimento de pertencer a determinado lugar e a determinada época. Em suma, contribui para formar seres humanos mais completos. Paralelamente, a história oral propõe um desafio aos mitos consagrados das histórias, ao juízo autoritário inerente a sua tradição. E oferece os meios para uma transformação radical do sentido social
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da história. (THOMPSOM, l992, p. 44).
Trabalhar com a memória é possibilitar o encontro com a História. Por
meio da narração surgem histórias contadas dentro da História, e é este
movimento que se busca escrever por intermédio da história oral. Esses
interlocutores anônimos procuram dialogar com a história, não com a oficial,
mas com a nova história, colaborando numa sociedade mais justa que segundo
Trindade (1985), superou a distinção entre a história aprendida e a história
vivida.
Dessa maneira, pretende-se valorizar a memória das pessoas que
estudaram e trabalharam no colégio e também aquelas que ainda estão
presentes na instituição, contribuindo para o alargamento desse discurso,
considerando sempre esses entrevistados como interlocutores. Deve-se
salientar que, ao pesquisar a memória desses entrevistados e os objetivos
propostos a serem alcançados, o recurso metodológico que será utilizado é a
história de vida ou História oral.
Para tanto, esses interlocutores serão entrevistados e motivados a
descrever o que se encontra guardado em suas memórias, como tudo iniciou.
É essa memória individual e ao mesmo tempo coletiva que será utilizada como
fonte para esclarecer ações importantes do passado. Ao coletar as
informações, os acontecimentos não vêm em ordem, além disso, pode haver
uma divergência dos fatos num movimento de ir e vir fragmentados, assim
cabe ao entrevistador orientar e dirigir a entrevista para que os fatos possam
ser esclarecidos.
Roberto Da Matta (1992), ao se referir a temática diz: que “na
reconstrução de suas lembranças, ao recordar o passado, são as saudades
que emergem do presente.” Essas saudades fazem com que surjam
fragmentos vividos que vêm a tona, suas vivências e lembranças. Então elas,
muitas vezes, trazem primeiro o que queremos lembrar, fatos alegres e que nos
dão satisfação, depois podem vir fragmentos tristes marcados na nossa
memória – fatos que gostaríamos de mudar ou de esquecer.
Como afirma Le Goff (1996: 426): “O estudo da memória social e um dos
meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da historia,
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relativamente como aos quais a memória esta ora em retraimento, ora em
transbordamento”.
A História oral quando usada aproxima mais as pessoas da realidade. Ao
pedirmos para alguém falar do passado, também damos voz à comunidade na
qual essa pessoa vive e que interfere na sua construção social. O trabalho com
a História oral dá oportunidade para todos os tipos de pessoas participarem da
construção da História, dá maior significado a sua própria história, dando
pertencimento ao grupo, valorizando a identidade do sujeito. Além disso,
proporciona um intercâmbio cultural entre as gerações, na medida em que são
os idosos que têm por meio de suas memórias a perspectiva de como era o
passado e quais as mudanças efetuadas. O aluno, quando entrevistador,
poderá perceber mudanças e permanências através do tempo contado pelos
entrevistados. Sobre esta questão Thompson (1992) aborda que:
[…] a possibilidade de utilizar a história para finalidades sociais e pessoas construtivas desse tipo vem da natureza intrínseca da abordagem oral. Ela trata de vidas individuais menos e todas as vidas são interessantes. E baseia-se na fala, e não na habilidade da escrita, muito mais exigente e restritiva. (THOMPSON, 1992, p. 41).
Com essas pessoas idosas os alunos podem ter uma grande história de
vida, aprender com os seus depoimentos, pois os conteúdos das entrevistas
são riquíssimos. Ao se referir a essa temática Thompson (l992, p. 41), diz:
“Com elas se aprende algo mais que o simples conteúdo. As gravações
demonstram como é rica a capacidade de expressão de pessoas de todas as
condições sociais.”
Ao trabalhar com a memória o sujeito revela sua identidade, como ela foi
formada, que aspectos estão vivos ou que se sobressaem sobre outros
acontecimentos. O que para um é difícil falar sobre certos assuntos para outro
é mais fácil e empolgante. Para cada um surge algo importante que poderá ser
diferente para outro interlocutor. Assim memória e identidade estão juntas como
diz Pollak:
O despeito de variações importantes encontram-se um núcleo resistente, um fio condutor; uma espécie de leite-motiv, em cada história de vida. Essas características de
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todas as histórias de vida sugerem que esta última deva ser considerada e como instrumentos de reconstrução de identidade. (POLLAK, 1989, p 13).
Ecleia Bosi (1987) afirma que a arte de contar história está em
decadência, isso ocorre pela falta de interesse de muitos pelo passado, não há
mais incentivo para que anciões narrem suas histórias. Ao trabalhar com os
depoimentos dos velhos guardiões da lembrança coletiva e familiar, estamos
valorizando sua sabedoria e autoridade de que são portadores. Os alunos, ao
entrarem em contato com esses sujeitos históricos, desenvolverão o sentido
que não encontramos mais em nossa sociedade – o de escutar as pessoas
mais velhas e principalmente ter paciência. Ações que nossos adolescentes,
nestes tempos da internet e rapidez, não estão mais propensos.
Dessa forma, o estudo que se pretende efetivar proporcionará essa
releitura sobre o passado do Colégio e, por conseguinte, da comunidade na
qual o mesmo está inserido, percebendo por meio da fala dos interlocutores,
que após expor suas lembranças, muitas entrevistas serão feitas por meio de
pequenos fragmentos, ele estará mostrando sua identidade, valorizando seu
meio no qual viveu. Quando os moradores começarem a relembrar o início do
colégio, como esse espaço contribuiu para suas relações trazendo recordações
tristes e na maioria alegres, os alunos notarão que cada lembrança individual
faz parte da memória coletiva, e tem sua relevância social, porque faz com que
a História de determinado local possa ser relembrada e escrita, e
principalmente contextualizada e entrelaçada com a História regional ou
mundial.
Bosi (1987) completa quando diz:
Uma memória coletiva se desenvolve a partir de laços de convivências familiares, escolares, profissionais. Ela entretém a memória de seus membros, que acrescenta, unifica, diferencia, corrige e passa a limpo. Vivendo no interior de um grupo, sofrem-se as vicissitudes da evolução de seus membros e depende de sua interação. (BOSI 1987 p 71)
Ao estudar a memória individual Halbwachs (1990) não se prende a
realidade psíquica da pessoa e sim como essa memória depende do grupo e
como ela constrõe, que relação ela passa a ter em relação de dependência
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com o grupo de que ele faz parte. Também para complementar esse
pensamento, notamos que a memória coletiva envolve as memórias
individuais, sem se confundir com ela. Surge a narração do presente sobre o
passado.
Sobre essa temática Bosi diz:
A memória do individuo depende do seu do seu relacionamento com a família, com a classe social, com a escola, com a igreja, com a profissão, enfim com os grupos de convívio e os grupos de referência peculiares a esse indivíduo (BOSI, 1987, p. 17).
Por meio dos depoimentos fecham-se lacunas e surge uma história da
qual pessoas simples se tornam sujeitos históricos e não meros coadjuvantes.
Com diz Le Goff:
A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que memória coletiva sirva para libertação e não para a servidão dos homens (LE GOFF, 1990 p. 477).
A utilização dessa metodologia dará condições para que professores e
alunos se apropriem do conhecimento por meio de pesquisa de campo, da
memória da comunidade e discussões em sala, sobre o material coletado por
meio de entrevistas, fotografias, cartas, arquivos da escola.
REFERÊNCIAS
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história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vagas, 1996 HOBSBAWN, E. A Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991 (trad. Marcos Santarrita). São Paulo: Cia das Letras,1995. HALBAWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990 LE GOFF, Jaques. História e memória. Campinas: Ed. Unicamp, 1990. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná – História. SEDD, Curitiba. 2008. POLLACK, Michael. Memória e identidade social. In: Estudos Históricos: teoria e história. Vol.5. nº 10. Rio de Janeiro: Vértice, 1992. ____________Memória, esquecimento e silêncio. In: Estudos históricos. Rio de Janeiro: Vértice, 1989. SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A formação da consciência histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de historia. Campinas: Unicamp, 2005. THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1992. TRINDADE, Lanna Salvia. A reconstrução social da memória. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras FFCL-USP/Ciências Sociais, 1985. VIDIGAL, Luis. História oral e projetos pedagógicos. Lisboa: Livraria Arco Íris, 1995. ODIÁRIO.COM. Histórico de Maringá. Disponível em: http://www.odiario.com/historiademaringa/. Acesso em 28 de agosto de 2013 as 10h12min. PARANÁ. Secretaria da Educação. Colégio Alfredo Moisés Maluf. Disponível em: http://www.mgaalfredomoises.seed.pr.gov.br/modules. Acesso em 28 de agosto de 2013 as 14h23min. CAFFÉ, Eliane; ABREU, Luiz Alberto. Narradores de Javé [filme – vídeo]. Gullane Filmes. Magadê Agente Aalton Brasil. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8. Acesso em 26 de agosto de
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