organizadoras LEIDE PAROLIN MARINONI VÂNIA OLIVEIRA DE CARVALHO KERSTIN TANIGUCHI ABAGGE SUSANA GIRALDI Dermatoses do recém-nascido, na Síndrome de Down, no paciente infectado pelo HIV, em pacientes transplantados, e Moléstia de Hansen. capítulos específicos: A a Z ATLAS DE PEDIÁTRICA DERMATOLOGIA
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organizadorasLEIDE PAROLIN MARINONI
VÂNIA OLIVEIRA DE CARVALHOKERSTIN TANIGUCHI ABAGGE
SUSANA GIRALDI
Dermatoses do recém-nascido, na Síndrome de Down, no paciente infectado pelo HIV, em pacientes transplantados, e Moléstia de Hansen.
capítulos específicos:
A a ZATLAS DE
PEDIÁTRICADERMATOLOGIA
A T L A S D E D E R M A T O L O G I A P E D I Á T R I C A
Autores ......................................................................... XI Prefácio ........................................................................ XIII Histórico da organizadora ......................................... XVHistórico da primeira edição .................................... XVII
DDactilite........................................................................ 28Deficiência de biotinidase ......................................... 28Dermatite atópica ....................................................... 29Dermatite da área das fraldas ................................... 31Dermatite de contato ................................................. 32Dermatite de contato alérgica ................................... 32Dermatite de contato na região posterior da coxa 35Dermatite de contato por irritante primário .......... 35Dermatite factícia ....................................................... 36Dermatite herpetiforme ............................................. 37Dermatite seborreica .................................................. 38Dermatofibroma ......................................................... 40Dermatomiosite .......................................................... 40Dermatose bolhosa crônica da infância .................. 41Dermatose bolhosa do diabético .............................. 41Dermatose plantar juvenil ......................................... 42Dermografismo ........................................................... 43Disceratose congênita ................................................ 43Disidrose ...................................................................... 43
Displasia ectodérmica ................................................ 44Distrofia das vinte unhas ........................................... 45Doença de Behçet ....................................................... 45Doença de Darier ....................................................... 46Doença de Kawasaki .................................................. 47Doença de Leiner........................................................ 48Doença de Milroy ....................................................... 49Doença de Rosai Dorfman ........................................ 49Doença do soro ........................................................... 49Doença mão-pé-boca ................................................. 50
RReação adversa a BCG ............................................... 177Reação ID .................................................................... 177Rosácea ........................................................................ 178
SSarampo ....................................................................... 179Sífilis ............................................................................. 180Sinais menores de atopia ........................................... 180Síndrome da pele dura ............................................... 182Síndrome da pele escaldada estafilocócica .............. 183Síndrome da varicela congênita ................................ 184Síndrome das unhas amarelas ................................... 184Síndrome de Ascher ................................................... 185Síndrome de Bannayan-Riley-Ruvalcaba ................ 186Síndrome de Berardinelli-Seip.................................. 187Síndrome de Bloom.................................................... 187Síndrome de Chediak-Higashi ................................. 188Síndrome de Cornelia de Lange ............................... 189Síndrome de Cushing ................................................. 190
SUMÁRIO
IX
A T L A S D E D E R M A T O L O G I A P E D I Á T R I C A
Síndrome de Ehlers-Danlos ...................................... 190Síndrome de Gianotti Crosti ..................................... 191Síndrome de Griscelli ................................................. 192Síndrome de Howell-Evans ....................................... 192Síndrome de Klippel-Trenaunay ............................. 192Síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber ................. 192Síndrome de Melkerson-Rosenthal .......................... 193Síndrome de Menkes .................................................. 193Síndrome de Naxos .................................................... 193Síndrome de Netherton ............................................. 194Síndrome de Olmsted ................................................ 194Síndrome de Parry-Romberg .................................... 195Síndrome de Peutz-Jeghers ....................................... 196Síndrome de Proteus .................................................. 197Síndrome de Rothmund-Thomson .......................... 198Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) ........................ 198Síndrome de Sturge-Weber ....................................... 199Síndrome de Sweet ..................................................... 200Síndrome de Wiskott-Aldrich .................................. 201Síndrome do Blue Rubber Bleb Nevus .................... 202Síndrome do nevo epidérmico ................................. 202Síndrome Gardner-Diamond ................................... 202Síndrome pápulo-purpúrica das luvas e meias ....... 203Siringocistoadenoma papilífero ................................ 203Siringoma .................................................................... 203
TTalon Noire .................................................................. 204Telangiectasias ............................................................ 204Terra firma-forme ....................................................... 205Tinha crural................................................................. 205Tinha da cabeça .......................................................... 206Tinha da face ............................................................... 207Tinha do corpo ........................................................... 208Tinha do pé ................................................................. 208Tinha negra ................................................................. 209
Dermatoses no paciente infectado pelo HIV 251Candidíase oral ........................................................... 252Dermatite seborreica .................................................. 252Herpes simples ............................................................ 253Herpes-Zóster .............................................................. 253Melanoníquia .............................................................. 254Molusco contagioso ................................................... 254Onicomicose ................................................................. 255Tinha do pé ................................................................. 256
Dermatoses em pacientes transplantados 257Síndrome da pega ....................................................... 258Discromia ungueal .................................................. 258Doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) 258Mucosite ................................................................... 260Xerose e ceratose pilar ............................................... 260Infecções oportunistas ................................................. 260
Moléstia de Hansen ..................................... 263Hanseníase indeterminada ........................................ 264Hanseníase tuberculoide ............................................ 264Multibacilar, Dimorfo Virchowiana e Virchowiana 265Reacões hansênicas .................................................... 266Prova da unhada (de Bechelli) .................................. 267Prova da histamina .................................................... 268Teste de sensibilidade ............................................. 268
SUMÁRIO
A T L A S D E D E R M A T O L O G I A P E D I Á T R I C A
Jandrei Rogerio MarkusPediatra e infectologista com especialização em Der-matologia Pediátrica – UFPR.
Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente com área de concentração em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Professor de Pediatria do ITPAC Porto Nacional.
Juliana Gomes Loyola PresaPediatra com especialização em Dermatologia Pediá-trica – UFPR.
Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente com área de concentração em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Professora-adjunta de Pediatria – UFPR e professora do curso de Medicina da Faculdade Pequeno Príncipe.
Kerstin Taniguchi AbaggePediatra e dermatologista, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente com área de concentração em Derma-tologia Pediátrica – UFPR.
Professora assistente de Pediatria e do curso de es-pecialização em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria.
Leide Parolin MarinoniPediatra e professora do Departamento de Pediatria – UFPR.
Coordenadora do curso de especialização em Der-ma tologia Pediátrica – UFPR.
Marjorie Uber IurkPediatra com especialização em Dermatologia Pediá-trica – UFPR.
Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente com área de concentração em Dermatologia Pediá-trica – UFPR.
Autores
XII
A T L A S D E D E R M A T O L O G I A P E D I Á T R I C A
Renata Robl ImotoPediatra com especialização em Dermatologia Pediá-trica – UFPR.
Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente com área de concentração em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Susana GiraldiDermatologista e pediatra, título de Dermatologia Pe-diátrica pelo Instituto Nacional de Pediatria da Cidade do México.
Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente com área de concentração em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Sócia fundadora da Sociedade Latino-Americana de Dermatologia Pediátrica.
Vânia Oliveira de CarvalhoPediatra e doutora em Saúde da Criança e do Ado-lescente com área de concentração em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Professora associada de Pediatria e do curso de es pe cialização em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Presidente do Departamento Científico de Der-matologia da SBP.
COLABORADORESDanielle Arake ZanattaPediatra e aluna do segundo ano do curso de especiali-zação em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Iwyna França Souza Gomes VialMédica e mestranda da pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente – UFPR.
Jeanine Magno Franz Pediatra com especialização em Dermatologia Pediá-trica – UFPR.
Professora de Pediatria e Dermatologia Pediátrica da Universidade Regional de Blumenau.
Presidente da Distrophic Epidermolysis Bullosa Research Association – DEBRA Brasil.
Leontina da Conceição MargaridoDermatologista e professora-doutora do Departa-mento de Dermatologia da Universidade de São Paulo e da Universidade Mackenzie (SP).
Mariana CanatoPediatra, com especialização em Dermatologia Pediá-trica – UFPR.
Mestranda da pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente – UFPR.
Nara Frota AndréPediatra e aluna do segundo ano do curso de especiali-zação em Dermatologia Pediátrica – UFPR.
Priscila Vernizi Roth Pediatra com especialização em Dermatologia Pediá-trica – UFPR.
Médica do Complexo Hospital de Clínicas – UFPR.
Agradecimento especial Jandrei Rogerio Markus, pela digitalização do arquivo de diapositivos.
Professor Dinarte José Giraldi, pela obtenção de inúmeras imagens.
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Prefácio
O bom exercício da medicina é dificultado, com frequência, pelo não reconhecimento das lesões
cutâneas de dermatoses, bem como de várias doenças com manifestações na pele. No entanto, embora muitas vezes não seja fácil, a precisão diagnóstica é fundamen-tal, pois muitas enfermidades têm início na infância, passam despercebidas e só se manifestarão na ado-lescência ou na idade adulta, já com complicações ou sequelas permanentes.
A despeito de todas as investigações e conquistas biológicas, laboratoriais e imunológicas, o estudo da lesão elementar continua o elo de orientação e o guia imprescindível para análise diagnóstica, sem nos esquecer das características clínicas e manifestações sistêmicas. A morfologia das lesões é sempre a base indispensável de nossos conhecimentos, e o estudo morfológico das lesões não se perderá com o tempo. Assim, esta obra será sempre permanente e basilar para melhor qualificar todos os profissionais da saúde, da graduação à pós-graduação.
No entanto, apenas a descrição de uma erupção não é suficiente, em especial para os que não a estudaram durante o curto tempo da graduação médica, mesmo em se tratando de doenças comuns. Diante dessa rea-lidade, a abordagem mais completa e atual das enfermi-dades contidas neste Atlas é imprescindível.
Esta obra, elaborada de modo tão primoroso e ma gistral, evidencia objetivamente as características importantes e de referência para a identificação das doenças dermatológicas listadas de “A a Z”, mesmo para aqueles que as observam pela primeira vez. Além disso, também privilegia a epidemiologia, a fisiopatologia e a imunologia, que indicarão sua morbidade, prognóstico, prevalência e terapêutica atual. Alguns capítulos exi-giram maior detalhamento, para mitigar graves enfer-midades, a exemplo das endemias brasileiras, antigas e atuais, algumas milenares, como a moléstia de Hansen, a tuberculose, a sífilis e outras.
XIV
A T L A S D E D E R M A T O L O G I A P E D I Á T R I C A
A Sociedade Brasileira de Pediatria tem, reconhecida-mente, a professora Leide Parolin Marinoni como um de seus maiores expoentes, com o mais alto destaque científico, nacional e internacionalmente reverenciada, justificando ter qualificado várias gerações de grandes profissionais, aqui representadas pelas coautoras deste Atlas, as pro-fessoras Vânia O. Carvalho, Kerstin T. Abagge e Susana Giraldi. Essa competência se reflete neste magnífico tra-balho, com lógica e didática essenciais, imprescindível para subsidiar a diagnose das dermatoses pediátricas, não apenas aos pediatras e dermatologistas, mas a todas as especialidades médicas, deste e de outros países.
Parabenizo as autoras pelo êxito desta obra; meus respeitos aos notáveis colaboradores que tiveram a honra dela participar, com material observado em locais pri-vilegiados, como o Departamento de Pediatria da Uni-versidade Federal do Paraná e outros do mesmo padrão de qualidade.
Prefaciar este importante Atlas de Dermatologia Pediátrica de A a Z constitui um privilégio e uma honra máxima e inenarrável.
Meus parabéns aos leitores, pela escolha inteligente.
Leontina da Conceição Margarido
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Histórico da organizadora
A autora e organizadora desta obra, Dra. Leide Parolin Marinoni, formou-se pela Universidade Federal
do Paraná, onde, pela classificação em 6º lugar no curso, recebeu o prêmio Pravaz, com a bolsa para realizar a Residência de Pediatria no Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo e, posteriormente, bolsa pa-ra o Curso de Aperfeiçoamento em Pediatria e Pue ri-cultura no Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo.
Médica e professora do Departamento de Pe-diatria desde 1960. Em 1978, fundou o Ambulatório de Derma tologia Pediátrica, atendendo à demanda de crianças com doenças cutâneas que procuravam o hospital e, prin cipalmente, visando ensinar aos alunos do Curso de Medicina noções básicas de Dermato-logia Pediátrica, uma vez que um terço das consultas em pediatria são por queixas dermatológicas. Desde então, vem orientando alunos, residentes e médicos de todo o país.
Organizou o Curso de Especialização em Derma-tologia Pediátrica, reconhecido pela Universidade Federal do Paraná e pelo Ministério da Educação para formação de pediatras nesta área, os quais atuam como médicos e professores em Faculdades e Uni-versidades de vários estados do país. Tem formado mestres e doutores pelo Curso de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal do Paraná.
Membro honorário da Academia Paranaense de Medicina e membro efetivo da Academia Paranaense de Pediatria. Ministrou cursos e palestras em congres-sos em várias cidades do Paraná e de outros estados, autora e coautora de inúmeros trabalhos científicos pu-blicados em revistas nacionais e internacionais.
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Histórico da primeira edição
A elaboração deste Atlas teve início na década de 1970. A inspiração foi o reflexo de uma vida dedi-
cada não apenas a ensinar, mas também a aprender, fomentada pelo interesse nos pequenos detalhes, desde as primeiras imagens obtidas no ambulatório do Hos-pital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
Esta obra mostra a busca pelo conhecimento e de-monstra inabalável perseverança. As imagens nela con-tidas são fruto do anseio pela obtenção e divulgação de um conhecimento mais atual e correto para todos.
A publicação de um atlas com as imagens adquiridas ao longo de tantos anos não seria possível sem a orga-nização e o zelo da Dra. Leide Parolin Marinoni, que armazenou o acervo em local apropriado e climatizado.
A digitalização de mais de 10.000 imagens foi reali-zada em aproximadamente dois anos, complementada por revisões, avaliação imagem a imagem, história clínica dos pacientes atendidos em um dos primeiros servi-ços de Dermatologia Pediátrica do Brasil.
A escolha das mais de 600 imagens que compõem a obra e a elaboração do material escrito foi possível pelo empenho incansável dos autores e colaboradores. O re-sultado deste projeto encontra-se neste Atlas e pode ser avaliado em cada imagem e em seus respectivos textos, permitindo o aprendizado das doenças dermatológicas que acometem crianças.
O Atlas de Dermatologia Pediátrica de A a Z é o legado de uma equipe dedicada à Dermatologia Pediátrica e cer-tamente possibilitará o aprendizado de muitas gerações.
Leide Parolin MarinoniKerstin Taniguchi Abagge
Jandrei Rogério MarkusSusana Giraldi
Vânia Oliveira de Carvalho
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AABSCESSO Lesão nodular na derme e no tecido celular subcutâneo, maior que 1 cm, com conteúdo purulento. Caracteriza-se por calor, rubor, edema e dor local. Pode ser único ou múltiplo (fig. 1), causado mais frequente-mente pelo Staphylococcus aureus, inoculado após picada de inseto, punção local ou abrasões.
Nos casos em que se observam poucos sinais flo-gísticos (abscesso frio), é provocado por outros agentes etiológicos como Mycobacterium tuberculosis, mico-bactérias atípicas (fig. 2) e outros.
Fig. 1 Fig. 2
ABUSO FÍSICO2
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AABUSO FÍSICO Lesão não acidental infligida pelos pais ou outros adultos vinculados ou não à criança ou ao adolescente. Suspeita-se de tal ocorrência quando há negação de evento traumático, explicação incompatível ou conflitante com a lesão clínica, mecanismo de trau-ma inverossímil ou demora na busca de auxílio médico. As lesões variam de acordo com o agente causal. As mais comuns são as equimoses, que se apresentam em dife-rentes estágios de evolução, e devem levantar suspeita quando presentes em crianças menores de 6 meses, ou nu merosas, localizadas na face (fig. 3), no dorso, pes-coço, orelhas e nádegas, com formato de objetos (cintos, utensílios domésticos) ou marcas de mordedura.
Queimaduras, especialmente aquelas com formatos de objetos identificados, como cigarros, ferros de passar roupa, facas (eritema e vesículas com formato linear: fig. 4), são indicadoras de abuso físico. Contenção de membros pode determinar lesões graves com edema, bolhas e necrose da mão por torniquete intencional no punho (fig. 5). Outros sinais indicadores são fraturas repetidas ou múl-tiplas, principalmente quando associadas a lesões de pele ou mucosas. Anomalias congênitas, doenças neu-rológicas ou psiquiátricas, gestações não planejadas, famílias com conflitos, violência doméstica, pobreza, baixo nível educacional e abuso de drogas são condi-ções que aumentam o risco de abuso infantil. Profissio-nais de saúde devem estar atentos às características clínicas das lesões e aos fatores de risco e notificar os casos suspeitos.
Fig. 3
Fig. 4
Fig. 5
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FFARMACODERMIAS Manifestações cutâneas e sistêmi-cas produzidas por diferentes mecanismos de hipersen-sibilidade a drogas. São frequentes e caracterizadas prin-cipalmente por lesões urticariformes, exantemáticas e purpúricas, desencadeadas por anti-inflamatórios, an ti-bióticos, anti-convulsivantes, e quimioterápicos. A rela ção temporal com o uso do fármaco estabelece o agente causal.
As reações alérgicas a antibióticos e anti-inflamató-rios são caracterizadas frequentemente por mecanis-mo de hipersensibilidade imediata, e as manifestações clínicas tanto podem começar logo após a administra-ção da primeira dose da medicação quanto na vigência ou mesmo no final do tratamento. As lesões iniciam no tron co, são urticariformes ou maculopapulares, erite-matosas e disseminadas (fig. 266) incluindo palmas e plantas, e variam de intensidade (fig. 267), com ou sem edema associado.
Na reação a drogas com eosinofilia e sintomas sis-têmicos (DRESS) ocorrem manifestações exantemáti-cas, urticariformes, de grau variável (fig. 268), associadas a febre, astenia, linfadenopatia e eosinofilia sanguínea, comumente observada 2 a 6 semanas após o início da medicação. Os anticonvulsivantes, principalmente a Fig. 266
F
FARMACODERMIAS 79
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carbamazepina, bem como as sulfonamidas, são os de-sencadeantes mais frequentes e a reação caracteriza-se por erupção eritematosa e descamativa disseminada, associada a edema de lábios e pálpebras (fig. 269).
Outra manifestação frequente do metotrexate é a hiperpigmentação acastanhada da pele, com formação de bolhas localizadas principalmente nas pregas cutâ-neas, mais frequentemente no pescoço, axilas e períneo (fig. 271).
A taxa de mortalidade, de cerca de 10%, é decorrente do comprometimento hepático (hepatite fulminante), renal, pulmonar e de sistema nervoso central. Na suspei-ta de DRESS deve ser realizada investigação completa do possível comprometimento sistêmico. O diagnóstico precoce e a suspensão do fármaco, associados ao uso de corticoides sistêmicos, melhoram o prognóstico. Hiper-pigmentação residual pode ser permanente.
As reações cutâneas ao metotrexate podem se ma-nifestar de diferentes formas, como reação fototóxica, com lesão eritematosa semelhante a queimadura solar (fig. 270), localizada nas áreas expostas a radiação ul-travioleta.
Fig. 269
Fig. 271
Fig. 270
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HEMANGIOMA DA INFÂNCIA (HI)90
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A ulceração é a principal complicação do HI su-perficial e misto, e é mais frequente na região perioral (fig. 303) e no períneo (fig. 304), onde é facilitada pela oclusão, hiper-hidratação e maceração.
Está complicação é dolorosa e resulta em cicatriz inestética.
Hemangioma profundo e misto, localizado na região periorbitária e palpebral (fig. 305), por falta de estímulo
Fig. 303
Fig. 301
Fig. 302
Fig. 305
Fig. 304
H
HEMANGIOMA DA INFÂNCIA (HI) 91
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visual, pode causar perda parcial ou total da visão, ou resultar em alterações visuais permanentes, como as-tigmatismo e desvio de eixo.
Os localizados na ponta nasal (em Cirano – fig. 306), por alterar o crescimento da cartilagem, causam cica-triz inestética.
vida (fig. 309) e pode estar associada a hemangiomas viscerais (principalmente hepático).
Na involução natural do HI, há clareamento e di-minuição gradativa do volume, com telangiectasias (fig. 307) até o completo desaparecimento.
Os de maior volume alteram o trofismo da pele, po-dendo deixar sequelas inestéticas (fig. 308).
A hemangiomatose neonatal é caracterizada por vários hemangiomas superficiais de pequeno diâmetro ao nascimento ou que surgem nos primeiros meses de
Fig. 306
Fig. 307
Fig. 308
Fig. 309
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LINFANGIOMA114
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Na mucosa, as vesículas são esbranquiçadas e agru-padas (fig. 381). O linfangioma macrocístico é um tumor da cor da pele, de consistência cística e assintomático, que na região cervical era anteriormente denominado higroma cístico (fig. 382).
Fig. 380
Fig. 381 Fig. 382
L
LINFOMA CUTÂNEO DE CÉLULAS T 115
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É frequente o aumento de volume e dor no decurso de doenças infecciosas. Devem ser diferenciados de outras malformações vasculares profundas. O trata-mento é realizado com infiltração de substâncias es-clerosantes, cirurgia ou medicamentos como sildenafil e sirolimus.
LINFOMA CUTÂNEO DE CÉLULAS T (Micose fun-goide) Linfoma cutâneo primário que raramente tem início na infância. Apresenta grande variabilidade clí-nica, como manchas, pápulas ou placas eritematosas (fig. 383), assim como poiquilodermia (hipo e hiper-pigmentação associadas a telangiectasias).
As lesões apresentam clareamento central e trajetos serpiginosos ou arciformes (fig. 384), localizadas princi-palmente no tronco e nas nádegas, com prurido variável. Mimetiza dermatite atópica e pitiríase liquenoide.
A forma de micose fungoide hipopigmentada apresenta melhor prognóstico e é caracterizada por manchas hipocrômicas (fig. 385), com descamação fina nos limites, assintomáticas. É a apresentação mais observada na faixa etária pediátrica e nas crianças com pele de fototipos V e VI e deve ser diferenciada da pi-tiríase alba e do vitiligo. A biópsia e o estudo imuno--histoquímico devem ser realizados nas dermatoses hipopigmentadas de curso prolongado, sem resposta ao tratamento, e permitem confirmar o diagnóstico.Fig. 383
Fig. 384
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LÍNGUA GEOGRÁFICA116
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LÍNGUA GEOGRÁFICA (Glossite migratória benigna) Áreas despapiladas eritematosas na base da língua com aspecto geográfico (fig. 386). Caracterizadas por rápida mudança do formato, benignas, recorrentes, assinto-máticas ou pouco sensíveis a alimentos salgados, ácidos e quentes. Também observada em pacientes portadores de psoríase.
LINHAS DE BEAU Marcam uma parada do crescimento da matriz ungueal, provocada por trauma físico ou pro-cessos inflamatórios inespecíficos determinados por der-matoses como psoríase, dermatite atópica, doença de Kawasaki e doença mão-pé-boca. Caracterizam-se por depressão transversa irregular e em faixa na lâmina un-gueal que inicia na região próxima à cutícula e progride com o crescimento da unha até seu bordo distal (fig. 387 – após 1 mês de infecção grave neonatal).
Figura 388 Linhas múltiplas assintomáticas (linhas de Beau) em paciente com psoríase.
Fig. 385
Fig. 386
Fig. 387
Fig. 388
ANEXOSCapítulos específicos
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O exame da pele do recém-nascido (RN) é difícil, pelas características fisiológicas como: a pele aver-
me lhada, que limita a visualização de lesões eritema-tosas, e a icterícia. Lesões de pele podem ser congênitas ou adqui ridas no período perinatal, ou representar con-dições transitórias que refletem a fisiologia da matura-ção da pele e, ainda, dermatoses permanentes. Embora a maioria compreenda erupções transitórias ou lesões benignas, podem também ser sinal de infecção grave ou doenças genéticas. É importante o exame dermatoló-gico completo para a detecção precoce de dermatoses, evitando assim exames invasivos desnecessários.
Dermatoses do RECÉM-NASCIDO
APLASIA CÚTIS232
recém-nascido
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APLASIA CÚTIS Lesão presente ao nascimento e ca-racterizada por ausência localizada e bem demarcada da epiderme e tecido subcutâneo. Mais frequentemente localizada no couro cabeludo, caracteriza-se por área deprimida, recoberta por crosta hemática, com ausên-cia de cabelos (fig. 734), mais frequentemente com for-mato arredondado.
Na evolução, assume aspecto de cicatriz (fig. 735) e é permanente. Pode estar associada a defeitos na calota craniana, síndrome de Adams-Oliver e trissomia do 13.
BOLHA DE SUCÇÃO Caracterizada por bolhas solitá-rias (fig. 736) ou erosões no dorso dos dedos ou das mãos, causadas pela sucção vigorosa realizada pelo re-cém-nascido no período intrauterino. O diagnóstico diferencial inclui a epidermólise bolhosa (p. 56).
Fig. 734
Fig. 735 Fig. 736
CISTOS DE MÍLIA 233
recém-nascido
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CANDIDÍASE CUTÂNEA CONGÊNITA E NEONATAL Infecção causada por cândida, adquirida intraútero na forma congênita, cujas lesões estão presentes ao nas-cimento ou surgem nos primeiros 6 dias de vida. Carac-teriza-se por placas eritematosas com pústulas e crostas amareladas (fig. 737). Na neonatal, a infecção manifesta--se entre o 6o e o 28o dias de vida, e as lesões localizam-se na cavidade oral e região perineal. O diagnóstico é confirmado pela presença de esporos e pseudo-hifas no exame micológico direto, e cultura positiva para Candida. A doença é restrita à pele, com boa resposta ao tratamento antifúngico nos recém-nascidos a termo; nos pre maturos, pode ser grave e fatal pelo comprome-timento sistêmico.
CISTOS DE MÍLIA Cistos de inclusão epidérmica, ca-rac te rizados por pápulas peroladas ou esbranquiça-
das, localizadas principalmente na região peripalpebral, frontal (fig. 738) e no mento.