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7Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 Serpentes de Importncia
Mdica do Nordeste
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SERPENTES DE IMPORTNCIA MDICA DO NORDESTE DO BRASILSERPENTES DE
IMPORTNCIA MDICA DO NORDESTE DO BRASILSERPENTES DE IMPORTNCIA MDICA
DO NORDESTE DO BRASILSERPENTES DE IMPORTNCIA MDICA DO NORDESTE DO
BRASILSERPENTES DE IMPORTNCIA MDICA DO NORDESTE DO BRASIL
SNAKES OF MEDICAL IMPORTANCE IN NORTHEAST OF BRAZIL
Rejne M. Lira-da-Silva1, Yukari F. Mise1, Luciana L.
Casais-e-Silva2,3, Jiancarlo Ulloa1, Breno Hamdan1 e Tania K.
Brazil1,21Ncleo Regional de Ofiologia e Animais Peonhentos da Bahia
(NOAP), Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia; 2Escola Bahiana
de Medicina e Sade Pblica (EBMSP), Salvador, Bahia;3Universidade do
Estado da Bahia (UNEB); Salvador, BA, Brasil
Os resultados deste trabalho so conseqncia do projeto Serpentes
de importncia mdica da Regio Nordeste doBrasil, apoiado pelo
Ministrio da Sade (agosto/2003-fevereiro/2005), com o objetivo de
identificar as espcies deserpentes de importncia mdica que ocorrem
no Nordeste e os aspectos clnico-epidemiolgicos dos
acidentesprovocados por estes animais. Foram analisados 6.274
exemplares, consultados em colees herpetolgicas e emCentros de
Atendimento em Sade especficos em cada Estado. Os dados consultados
foram referentes procedncia,data de coleta, tamanho, sexo e nmero
de registro em coleo. Identificou-se 25 espcies: doze de
jararacasBothrops (B.atrox, B.brazili, B.erythromelas, B.jararaca,
B.jararacussu, B.leucurus, B.lutzi, B.marajoensis,
B.moojeni,B.muriciensis, B.neuwiedi e B.pirajai), e duas
Bothriopsis (B.bilineata e B.taeniata), nove Micrurus
(M.brasilensis,M.corallinus, M.filiformis, M.hemprichii,
M.ibiboboca, M.leminiscatus, M.psyches, M.spixii e M.surinamensis),
almde Crotalus durissus, Lachesis muta e trs espcies da famlia
Colubridae: Boiruna sertaneja, Philodryas olfersii
eP.patagoniensis, cuja distribuio variou nas diversas
fitofisionomias de cada Estado. Trs so consideradas
endmicas:B.lutzi, B.muriciensis e B.pirajai, esta ltima, tambm
vulnervel. C.durissus foi a de distribuio mais abrangente,seguida
de B.erythromelas e B.leucurus. B.brazili e B.marajoensis, espcies
botrpicas amaznicas raras, foram restritasao Maranho. Entre as
Micrurus, M.ibiboboca foi a de ocorrncia mais abrangente, seguida
de M.lemniscatus eM.corallinus. Pode-se afirmar que a fauna ofdica
de importncia mdica no Nordeste mais diversa do que seimaginava,
perfazendo 53% das espcies brasileiras. Com este trabalho, tambm
pudemos, confirmar a ocorrnciade Crotalus durissus na faixa
litornea e indicar as principais espcies que devem ser mais bem
estudadas devido sua abrangncia geogrfica e possibilidade de
encontro com a populao humana, como B.erythromelas,
B.leucurus,M.ibiboboca e M.lemniscatus.Palavras-chave: Serpentes.
Bothrops, Lachesis, Crotalus, Micurus.
The results of this study are the consequence of the Project
Snakes of medical importance of the Northeast of Brazil,supported
by the Ministry of Health (August/2003-February/2005), to identify
the species of snakes of medical importancewhich occur in Northeast
and the clinical and epidemiological aspects of accidents caused by
these animals. We examined6,274 specimens, found in Herpetological
collections and Health Care Centers in each specific state. The
data were foundconcerning the origin, date of collection, size, sex
and number of records in collection. It was identified 25 species:
twelveof Bothrops (B.atrox, B.brazili, B.erythromelas, B.jararaca,
B.jararacussu, B.leucurus, B.lutzi, B.marajoensis,
B.moojeni,B.muriciensis, B.neuwiedi and B.pirajai), two of
Bothriopsis (B.bilineata and B.taeniata), nine Micrurus
(M.brasilensis,M.corallinus, M.filiformis, M.hemprichii,
M.ibiboboca, M.leminiscatus, M.psyches, M.spixii and
M.surinamensis), beyondCrotalus durissus, Lachesis muta and three
species of the family Dipsadidae: Boiruna sertaneja (mussurana),
Philodryasolfersii and P. patagoniensis, whose distribution varied
in different vegetation of each state. Three are considered
endemic:B.lutzi, B.muriciensis and B.pirajai, the latter also
vulnerable. C.durissus was a broad distribution, followed by
B.erythromelasand B.leucurus. B.brazili e B.marajoensis Amazon
bothropic rare species were restricted to Maranho. Between
Micrurus,M.ibiboboca of occurrence was the most comprehensive,
followed by M.lemniscatus e M.corallinus. We can say that
theophidian fauna of medical importance in the Northeast is more
diverse than thought, making up 53% of the Brazilianspecies, and
also confirm the occurrence of Crotalus durissus the coastal strip
and indicate the main species to be betterstudied because of its
geographical scope and possibility of meeting with the human
population, as B.erythromelas,B.leucurus, M.ibiboboca and
M.lemniscatus.Key words: Snakes. Bothrops, Lachesis, Crotalus,
Micurus.
Recebido em 16/05/2009 Aceito em 08/06/2009Endereo para
correspondncia: Profa. Dra. Rejne M. Lira-da-Silva,Departamento de
Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Federalda Bahia,
Campus Universitrio de Ondina, Salvador, Brasil, 40.170-210. Tel:
71 32836564. FAX: 71 32836511. E-mail: [email protected].
Gazeta Mdica da Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 2009 Gazeta Mdica da
Bahia. Todos os direitos reservados.
At o momento, existem 365 espcies de serpentescatalogadas no
Brasil, agrupadas em 75 gneros e 10 famlias
(4), das quais cerca de 16% (59 espcies) pode ser
consideradapotencialmente capaz de produzir envenenamentos
quenecessitem de uma interveno mdica. A essas, chamaremosde
serpentes de importncia mdica. Nesta categoria, estoaquelas que
apresentam glndulas que produzem toxinas eque portam presas (dentes
modificados para inoculao doveneno), dos tipos solenglifa,
proterglifa e opistglifa. NoBrasil, esto agrupadas nas famlias
Viperidae (Bothrops,Bothriopsis, Bothrocophias, Lachesis e
Crotalus), Elapidae
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8 Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20Rejne M. Lira-da-Silva, et
al.
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(Micrurus e Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna ePhilodryas).
Existem atualmente 23 espcies de Bothrops, 2de Bothriopsis e 1 de
Bothrocophias (jararacas), 24 deMicrurus (corais) e 3 de
Leptomicrurus (corais), Lachesismuta (surucucus) e Crotalus
durissus (cascavis) souniespecficas (4,7).
Serpentes da famlia Dipsadidae (antes Colubridae) noeram
consideradas uma ameaa real aos seres humanos. Porm,a partir de
1999, o Ministrio da Sade passou a considerarPhilodryas olfersii,
P. patagoniensis, P. viridissimus e Cleliaplumbea (=Boiruna
sertaneja) como serpentes de importnciamdica (21). Em 1992, aps um
bito confirmado de uma criana,decorrente de uma picada causada por
P. olfersii no Rio Grandedo Sul, evidenciou-se a necessidade de
ateno mdica aosacidentes causados por algumas espcies dessa famlia
(1,27),principalmente considerando-se que, muito provavelmente,os
acidentes por estas serpentes so subdimensionados e acasustica,
portanto, no reflete a sua magnitude (26).
A importncia de se identificar o gnero do agentecausador do
envenenamento por serpentes, ou seja, doacidente ofdico, vem de
longa data, mais precisamente dofinal do sculo XIX, com a publicao
de Otto Wucherer (36)(1820-1873) em 1867 e posteriormente quando
Vital Brazil(1897-1950) divulgou para a sociedade mdica a
especificidadedos venenos das serpentes, dos anti-venenos ou soros
anti-ofdicos (5,36). No entanto, s a partir de 1985, com a crise
dosoro, o Ministrio da Sade (MS) tomou a si aresponsabilidade por
este agravo (8), considerado ainda degrandes propores, apesar do
Pas j ter sado da suacondio quase totalmente rural. Em 1986, foi
criado oPrograma Nacional de Ofidismo que, em seguida, passou
aPrograma Nacional de Controle de Acidentes por AnimaisPeonhentos.
A obrigatoriedade da notificao desse tipo deacidente, a partir de
1987, e a sua incluso no Sistema deInformao de Agravos de Notificao
(SINAN) (2) foramdeterminantes para os primeiros estudos
regionalizados deepidemiologia dos acidentes ofdicos. Porm, o que
se verificounas primeiras aes de sistematizao foi uma ausncia
deinformaes atualizadas das equipes de sade, tanto emreferncia ao
diagnstico e tratamento, quanto identificaodo agente agressor (8).
Assim, com o objetivo de melhoraresse atendimento, a Coordenao
Nacional de Zoonoses eAnimais Peonhentos (CNCZAP-MS) passou a
coordenar asaes envolvendo as Secretarias Estaduais e
Municipais,Centros de Controle de Zoonoses e Animais
Peonhentos,Ncleos de Ofiologia e Laboratrios Produtores (2).
Dentreessas aes, foram apoiados os primeiros projetosregionalizados
sobre a distribuio das serpentes no pas. Oprimeiro, direcionado
para a regio Sul e Sudeste e o segundo,para a regio Nordeste, ambos
financiados pelo VIGISUS Estruturao do Sistema Nacional de
Vigilncia em Sade, apartir de 1998 (22).
Os resultados do presente trabalho so, portanto,conseqncia do
projeto Serpentes de importncia mdicada Regio Nordeste do Brasil,
desenvolvido no perodo de
agosto de 2003 a fevereiro de 2005, coordenado pelo
NcleoRegional de Ofiologia e Animais Peonhentos da
UniversidadeFederal da Bahia (NOAP/UFBA) e envolvendo 7 da
9Secretarias Estaduais do Nordeste e as Universidades Federalde
Pernambuco e do Cear. Este projeto deu um saltoqualitativo tanto no
conhecimento das espcies de serpentesque ocorrem no Nordeste quanto
da epidemiologia dosacidentes ofdicos. Alm disso, contribuiu para a
capacitaode vrios profissionais da sade, atravs dos cursos
deSerpentes e Ofidismo, oferecidos para todos os Estados,com exceo
do Rio Grande do Norte, atingindo cerca de 395pessoas, incluindo os
estudantes que participaram ativamenteda execuo do Projeto,
principalmente nos Estados da Bahiae de Pernambuco (18).
Atravs deste trabalho pretendeu-se ampliar oconhecimento sobre
as espcies de serpentes de importnciamdica do Nordeste do Brasil,
atualizando a sua distribuiogeogrfica. Esse conhecimento no s
possibilitar afundamentao necessria s aes da vigilncia
ambientalpelos rgos pblicos da regio, como permitir o
diagnsticopresuntivo da etiologia destes acidentes e subsidiar
aspolticas de produo e distribuio de soro antiofdico.
Material e MtodosPara atingir os objetivos do trabalho foram
utilizadas, como
fontes primrias, os registros de ocorrncia de 6.274 exemplaresde
serpentes, consultados em 17 instituies (Tabela 1), queincluram as
principais colees nacionais e regionais do pase os Centros de
Atendimento especfico em cada Estado,durante o perodo agosto 2003 a
agosto de 2004. Como fontessecundrias foram utilizados os dados de
novas ocorrnciaspara o Estado, coletados por outros pesquisadores
e/ou dadospublicados em peridicos nacionais e internacionais.
Anomenclatura dos txons seguiu Campbell & Lamar (2004)
(7),atualizada recentemente pela ltima lista de rpteis
publicadaspela Sociedade Brasileira de Herpetologia (4).
Os dados foram analisados atravs de um conjunto deprocedimentos
do pacote estatstico SPSS for Windows 11.0SPSS (32) e do Microsoft
Excel verso 2000. Para a construodos mapas de distribuio foram
estabelecidos os municpioscomo unidades amostrais e utilizou-se o
TAB para Windows TabWin verso 3.5.
ResultadosForam identificadas 25 espcies de serpentes de
importncia mdica na Regio Nordeste, das quais doze dognero
Bothrops (B. atrox, B. brazili, B. erythromelas, B.jararaca, B.
jararacussu, B. leucurus, B. lutzi, B. marajoensis,B. moojeni, B.
muriciensis, B. neuwiedi e B. pirajai), duas deBothriopsis (B.
bilineata e B. taeniata), nove de Micrurus(M. brasilensis, M.
corallinus, M. filiformis, M. hemprichii,M. ibiboboca, M.
leminiscatus, M. psyches, M. spixii e M.surinamensis), alm de
Crotalus durissus, de Lachesis mutae de trs espcies da famlia
Dpsadidae: Boiruna sertaneja,Philodryas olfersii e P. patagoniensis
(Tabela 2). Estes dados
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9Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 Serpentes de Importncia
Mdica do Nordeste
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Tabela 1. Instituies consultadas por Estado do Brasil (agosto de
2003 a agosto de 2004).
Estado InstituioAlagoas Museu de Histria Natural da Universidade
Federal de AlagoasBahia Museu de Zoologia da Universidade Federal
da Bahia
Ncleo Regional de Ofiologia e Animais Peonhentos do Departamento
de Zoologia da UniversidadeFederal da BahiaLaboratrio de
Herpetologia e Animais Peonhentos do Departamento de Zoologia da
UniversidadeEstadual de Feira de SantanaCentro de Pesquisas da
Lavoura CacaueiraCentro de Informaes Antiveneno da Secretaria de
Sade da Bahia
Distrito Federal Departamento de Zoologia da Universidade de
Braslia*Maranho Laboratrio de Herpetologia do Departamento de
Biologia da Universidade Federal do MaranhoPar Museu Paraense Emlio
Goeldi*Paraba Centro de Intoxicaes da Secretaria de Sade da
ParabaPernambuco Departamento de Zoologia da Universidade Federal
de Pernambuco
Laboratrio de Rpteis do Departamento de Biologia da Universidade
Federal Rural de PernambucoRio de Janeiro Museu Nacional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto Vital BrazilSo Paulo Instituto Butantan
Museu de Zoologia da Universidade de So PauloMuseu de Histria
Natural da Universidade Estadual de Campinas
* Colees consultadas via Internet ou em perodo anterior vigncia
do Projeto.
Tabela 2. Distribuio das espcies de serpentes de importncia
mdica nos Estados do Nordeste brasileiro (agosto de 2003 aagosto de
2004).
Famlia Espcie Distribuio nos Estados do NordesteViperidae
Bothrops atrox (Linnaeus, 1758) SE, AL, PB, CE, PI, MA
Bothrops brazili Hoge, 1953 MA*Bothrops erythromelas Amaral,
1923 BA, SE, AL, PE, PB, RN, CE, PIBothrops jararaca (Wied, 1824)
BABothrops jararacussu Lacerda, 1884 BABothrops leucurus Wagler,
1824 BA, SE, AL, PE, CE, MABothrops lutzi (Miranda-Ribeiro, 1915)
BA, PE**, PI, MA**Bothrops marajoensis Hoge, 1966 MABothrops
moojeni Hoge, 1966 BA, SE, PE, CE, PI, MA*Bothrops muriciencis
Ferrarezzi & Freire, 2001 ALBothrops neuwiedi Wagler, 1824 BA,
PB, CE, PIBothrops pirajai Amaral, 1923 BABothriopsis bilineata
(Wied, 1825) BA, SE, AL, PE, PB, CE, MA*Bothriopsis taeniata
(Wagler, 1824) MA*Crotalus durissus cascavella Linnaeus, 1758 BA,
SE, AL, PE, PB, RN, PI, CE, MACrotalus durissus collilineatus
Linnaeus, 1758 BA*Lachesis muta (Linnaeus, 1766) BA, SE*, AL, PE,
PB, RN*, CE, MA*
Elapidae Micrurus brasiliensis Roze, 1967 BAMicrurus corallinus
Merrem, 1820 BA, SE*, AL*, PE*, PB*, RNMicrurus filiformis Gnther,
1859 MA*Micrurus hemprichii Jan, 1858 MA*Micrurus ibiboboca Merrem,
1820 BA, SE, AL, PE, PB, RN, CE, PI, MAMicrurus lemniscatus
Linnaeus, 1758 BA, SE, AL, PE, PB, CE, PI, MAMicrurus paraensis
Cunha & Nascimento, 1973 MA*Micrurus spixii Wagler, 1824
MA*Micrurus surinamensis Cuvier, 1817 MA*
Colubridae Boiruna sertaneja Zaher, 1996 BA, AL, PE, PB, RN, CE,
PIPhilodryas olfersii Lichtenstein, 1823 BA, SE, AL, PE, PB, RN,
CE, PI, MAPhilodryas patagoniensis Shlegel, 1837 AL, PE, PB
*Distribuio referida apenas por CAMPBELL & LAMAR (2004). **
Distribuio referida apenas por SILVA (2004) e SILVA & RODRIGUES
(2008).
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10 Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20Rejne M. Lira-da-Silva,
et al.
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indicam que o Nordeste do Brasil possui 43% das serpentesde
importncia mdica do Brasil e estas, representam 6,8% dafauna ofdica
nacional. A distribuio destas espcies variounos diversos
ecossistemas e fitofisionomias de cada Estado.Trs espcies so
consideradas endmicas do Nordeste:Bothrops lutzi, registrada neste
trabalho para a Bahia e oPiau e referida por Silva (2000) (29) para
Pernambuco eMaranho; B. muriciensis, apenas em Alagoas e B.
pirajaiapenas na Bahia. Esta ltima encontrava-se, tambm,
nacategoria vulnervel, na ltima lista nacional de espciesameaadas
de extino do Ministrio do Meio Ambiente(Instruo Normativa n. 3, de
27/05/2003).
A espcie de distribuio mais ampla foi Crotalus durissus,seguida
de Bothrops erythromelas e B. leucurus. A primeira,registrada em
todos os Estados nordestinos, a segunda, coma nica exceo do Estado
do Maranho e a terceira com anica exceo do Estado do Piau.
Entre as espcies botrpicas amaznicas raras, foramregistradas B.
brazili e B. marajoensis, ambas com ocorrnciarestrita ao Maranho
(7), embora a primeira no tenha sidoidentificada nas colees
visitadas.
Entre as nove espcies de Micrurus registradas, M.ibiboboca foi a
de ocorrncia mais abrangente nos Estados(todos), seguida de M.
lemniscatus (com exceo doMaranho e Rio Grande do Norte) e M.
corallinus (com exceodo Maranho, Cear e Piau). M. brasiliensis foi
registradaapenas para a Bahia e as outras seis espcies foram
restritasao Estado do Maranho, e, mesmo assim, com informaesobtidas
na literatura (7).
Entre as dipsaddeas, apenas Philodryas olfersii foiregistrada em
todos os Estados, seguida de Boiruna sertaneja,ausente apenas em
Sergipe e no Maranho. P. patagoniensisfoi registrada somente em
quatro Estados (Bahia, Alagoas,Pernambuco e Paraba).
DiscussoEntre as famlias de serpentes de importncia mdica,
os
viperdeos so, sem dvida, o mais importante grupo para asade
pblica, devido alta freqncia de acidentes e aosmais graves
acidentes registrados, no s no Brasil, mas emoutros pases
americanos (20). Para efeito de discusso seroexcludos os dados das
serpentes de importncia mdica daFamlia Dipsadidae.
Entre os Viperdeos, destaca-se o gnero Bothrops comalgumas
espcies responsveis pelos 90% dos cerca de 20.000acidentes ofdicos
anuais notificados no Brasil (21). Osresultados deste trabalho
mostram que 50% (12 das 24espcies) dessas espcies ocorrem no
Nordeste brasileiro.Nessa regio, portanto, revela-se uma nova
importncia ada obteno dos dados clnico-epidemiolgicos
(aindaescassos) das espcies endmicas, alm daqueles que,
emboraconhecidos, atinge populaes e ncleos humanos
distintosdaqueles j obtidos nas regies Sudeste e Sul do pas.
Nessecontexto, destacam-se B. pirajai, endmica do sudeste daBahia e
de algumas reas do recncavo baiano, e B.
muriciencis, endmica do Alagoas, ambas restritas a reas deMata
Atlntica ombrfila, um dos biomas mais ameaados domundo devido,
principalmente, fragmentao e perda dehabitat.
Bothrops erythromelas Amaral 1923 (Figuras 1 e 1a)
foiconsiderada por muito tempo restrita caatinga (35), mas,Campbell
& Lamar (6,7) ampliaram a sua distribuio paraambientes ridos e
semi-ridos que circundam florestastropicais secas e decduas, reas
rochosas, vegetaesrasteiras de bromlias terrestres e ao longo de
margens derios, porm, nunca alcanando o litoral. No entanto, Mise
etal. (23) tambm registraram a sua ocorrncia na RegioMetropolitana
do Salvador (Lauro de Freitas e Salvador,municpios litorneos
caracterizados por apresentaremformaes secundrias de Mata Atlntica
e restingas). Aampliao da distribuio desta espcie no est restrita
Bahia, mas tambm Paraba, Alagoas e Rio Grande do Norte,ressaltando
que, neste ltimo, a caatinga atinge o litoral.Embora constatada a
sua ampla distribuio nos Estadosnordestinos, provavelmente esta no
seja a principal espciecausadora de acidentes nessa regio, lugar
indicado para a B.leucurus na Bahia (15,20). Essa constatao, no
entanto, aindacarece de dados sobre a abundncia, aspectos da
biologia eetologia das espcies e, principalmente, da sua
identificaonos postos de atendimento mdico para os outros
Estados.
Bothrops leucurus Wagler 1824 (Figuras 2 e 2a) a espciede
viperdeo mais comum na faixa atlntica do Nordeste, atagora
registrada desde o Cear at o Esprito Santo (20,25), desdeo nvel do
mar at 300-400m (7). No Estado da Bahia, adapta-sebem a ambientes
urbanos densamente povoados, inclusiveos peridomiciliares, com
ocorrncia em praticamente todas asfitofisionomias (14,34). Os
resultados desse trabalho permitemampliar a sua ocorrncia at o
Estado do Maranho e, tambm,a sua distribuio vertical, desde o nvel
do mar (RegioMetropolitana do Salvador) at cerca de 1200 m
(ChapadaDiamantina, Bahia) (18). No Estado de Pernambuco, B.
leucurusfoi encontrada em um remanescente de Mata
Atlntica,localizado na regio semi-rida de Pernambuco, na Serra
dosCavalos, Parque Ecolgico Joo Vasconcelos Sobrinho,municpio de
Caruaru (081836' 083000'S e 360000' 361010'W), em altitude de 900m
(13)).
Atualmente sabe-se que Bothrops moojeni Hoge 1966(Figuras 3 e
3a) a principal espcie dos cerrados brasileiros,distribuindo-se
desde o Paran, alcanando os estadosnordestinos, no extremo-oeste da
Bahia, sul do Piau e doMaranho (20). Os dados deste trabalho
ampliam a suadistribuio para uma regio mais ao norte do Piau
(Florianoe Uruu), extremo oeste de Pernambuco (Petrolina) e
litoralde Alagoas (Macei), esta ltima registrada na
ColeoHerpetolgica do Museu de Zoologia, da Universidade deSo Paulo
(USP-SP).
O complexo B. neuwiedi foi dividido em sete espcies: B.neuwiedi,
B. diporus, B. lutzi, B.mattogrosensis, B.pauloensis,B. pubescens e
Bothrops marmoratus (7,29,30), alertando quepode haver hibridizao
entre elas (29). B. neuwiedi rene,
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11Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 Serpentes de Importncia
Mdica do Nordeste
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dessa maneira, as antigas B. n. goyasensis, B. n.
meridionalis,B. n. paranaensis e B. n. urutu, ocorrendo na Bahia,
MinasGerais, Gois, So Paulo, Rio de Janeiro, Esprito Santo eParan.
B. lutzi, foi elevada categoria de espcie esinonimizada com B. n.
neuwiedi, B. n. piauyensis e B.iglesiasi, com uma ocorrncia
restrita ao Maranho, Piau,Cear e Bahia (7,17,29,30). Neste
trabalho, Bothrops lutzi Miranda-Ribeiro 1915 (Figuras 4 e 4a) s
foi registrada para a Bahia ePiau, embora ela ocorra tambm em
Pernambuco e Maranho(29). Bothrops neuwiedi Wagler 1824 (Figuras 5
e 5a) foiregistrada neste trabalho para Bahia, Paraba, Cear e
Piau.
Bothrops jararaca Wied 1824 (Figuras 6 e 6a) a espciemais comum
da regio Sudeste do Brasil, ocupa umadiversidade de habitats, desde
florestas tropicais esemitropicais decduas, semidecduais, cerrado
at regiesantropizadas, como reas cultivadas e zona urbana (7,20).
Podeser encontrada desde o sul da Bahia at o Rio Grande do
Sul(6,7,28). Recentemente essa distribuio foi ampliada no seulimite
norte do Estado da Bahia at os municpios de AmliaRodrigues e Miguel
Calmon (11,16). Os dados deste trabalhomantm a distribuio acima,
porm, ampliam-na em direoleste-oeste, devido captura de um exemplar
no municpio dePalmeiras, vila Caet-Au e um em Ibicoara (Estado da
Bahia),ambos na regio da Chapada Diamantina, com altitudes
entre400-1.400m, coberta de vegetao aberta, como cerrados ecampos
rupestres e, por vezes, fragmentos de matas ciliarescom vegetao
densa.
Bothrops jararacussu Lacerda 1884 (Figuras 7 e 7a), assimcomo a
B.jararaca, encontrada predominantemente noSudeste e Sul do pas e
no Nordeste, apenas no Estado daBahia. considerada a maior espcie
do gnero podendoalcanar 2,5m de comprimento e de maior quantidade
de venenonas glndulas (7,20). Da mesma maneira que para B.
jararaca,os dados deste trabalho indicam uma ampliao da
suadistribuio no sentido leste-sudoeste da Bahia, alcanandoo
municpio de Vitria da Conquista. H referncia de capturade
exemplares em lavouras de cacau no municpio de BoaNova, entre 700 e
900m de altitude (3).
At a dcada de 80 Bothrops marajoensis (Figura 8) eraconsiderada
endmica das savanas da Ilha de Maraj, noEstado do Par (12), mas,
recentemente, constatou-se a suadistribuio nas terras de baixa
altitude da costa do delta doRio Amazonas no muito acima do nvel do
mar (7). Osresultados confirmam sua ocorrncia no estado do
Maranho,municpios de So Lus e Pinheiro, a partir de
exemplaresdepositados na Coleo Herpetolgica do Instituto
Butantan(IB-SP).
Bothrops atrox Linnaeus, 1758 habita praticamente todosos pases
da Amrica do Sul, com exceo do Chile, Paraguai,Uruguai e Argentina
(6,7), tratando-se de um complexo deespcies das florestas amaznica
e atlntica, consiste em umasrie de populaes animais nesta faixa de
distribuio. NoBrasil, B. atrox (Figuras 9 e 9a) sempre foi referida
para aregio amaznica, ocorrendo no Nordeste apenas no estadodo
Maranho. Os dados deste trabalho ampliam a sua
distribuio para os estados do Alagoas, Paraba, Cear ePiau,
corroborando o seu registro em 1995, para Sergipe (19).As suspeitas
de que os registros no Nordeste do Pas tenhamsido baseados em
exemplares de B. leucurus (7), podem serdescartadas, na medida em
que foram examinados econfirmados, nesse trabalho, os exemplares
que j estavamidentificados na Coleo Herpetolgica do Instituto
Butantan(SP).
Entre as espcies endmicas do Nordeste, esto B. lutzi,B.
muriciencis e B. pirajai.
Como j referido, B. lutzi ocorre na Bahia, Piau, Pernambucoe
Maranho. B. muriciencis (Figuras 10 e 10a) foi descrita por(10),
como endmica do municpio de Murici, encontrada naMata de Murici,
maior remanescente de floresta atlntica noEstado de Alagoas,
distante apenas 70 km da capital, Macei.Os tipos de B. muriciencis,
depositados na ColeoHerpetolgica do Museu Nacional da Universidade
Federaldo Rio de Janeiro, foram examinados e confirmados.
Desde a descrio de Bothrops pirajai (Figuras 11 e 11a)em 1923,
so escassas as citaes deste animal, assim comopoucas as informaes
sobre a sua histria natural. Alocalidade-tipo desta espcie o
municpio de Ilhus, no sulda Bahia e os registros posteriores
indicam a sua ocorrnciapara outros municpios das regies Centro e
Sul e para omunicpio de Monte Santo, entre os Rios Itapicuru e
SoFrancisco, no Centro-Oeste do mesmo Estado (3,6,7). Pareceum
animal restrito s reas de floresta primria de terras demdia e baixa
altitude, aparecendo em plantaes de cacau ecabruca. A publicao da
nova lista das espcies da faunabrasileira ameaada de extino coloca
esta jararaca, nacategoria Em Perigo (Instruo Normativa do
Ministrio doMeio Ambiente, n. 3, de 27/05/2003), indicando
fortementemaiores estudos que subsidiem a sua conservao. Trata-sede
uma espcie rara, conforme indica o pequeno nmero deexemplares j
obtidos e os depoimentos de pessoas residentesem reas onde foi
coletada (3).
Bothriopsis bilineata (Figuras 12 e 12a) uma serpenteabundante
nas florestas primrias, com uma estreitaassociao com cursos dgua.
Alguns autores referem queela encontrada sobre troncos de rvores ao
longo de crregose nas bordas das clareiras de florestas, outros
afirmam t-laencontrado somente em floresta primria ou em
florestassecundrias antigas prximas s matas primrias (6,7).
Osregistros deste trabalho indicam a sua distribuio para
osfragmentos de Mata Atlntica dos Estados da Bahia,
Alagoas,Sergipe, Paraba, Pernambuco e Cear.
A situao das populaes de Lachesis muta (Figuras 13e 13a) na Mata
atlntica est intimamente associada deteriorao deste Bioma,
originalmente distribudo em umarea superior a 1,3 milho de km, em
17 Estados brasileiros,ocupando cerca de 15% do territrio nacional.
Hoje estreduzido a menos de 7% desse total, ou cerca de 100 mil
km,resultado dos impactos dos diferentes ciclos de exploraoeconmica
desde o incio da colonizao europia e da altadensidade demogrfica em
sua rea de abrangncia.
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12 Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20Rejne M. Lira-da-Silva,
et al.
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Figura 1. Bothrops erythromelas Amaral 1923. Foto:
BrenoHamdan.
Figura 2. Bothrops leucurus Wagler 1824. Foto: BrenoHamdan.
Figura 3. Bothrops moojeni Hoge 1966. Foto: Breno Hamdan.
Figura 4. Bothrops lutzi Miranda-Ribeiro 1915. Foto:
DanielLoebmann.
Figura 5. Bothrops neuwiedi Wagler 1824. Foto LucianaCasais.
Figura 6. Bothrops jararaca Wied 1824. Foto: Breno Hamdan.
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13Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 Serpentes de Importncia
Mdica do Nordeste
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Figura 1a. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropserythromelas no Nordeste do Brasil.
Figura 2a. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropsleucurus no Nordeste do Brasil.
Figura 3a. Distribuio geogrfica dos registros de Bothropsmoojeni
no Nordeste do Brasil.
Figura 4a. Distribuio geogrfica dos registros de Bothropslutzi
no Nordeste do Brasil.
Figura 5a. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropsneuwiedi no Nordeste do Brasil.
Figura 6a. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropsjararaca no Nordeste do Brasil.
BERYTHROMELAS
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B lutzi
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B leucurus
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B neuwiedi
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B moojeni
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B jararaca
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
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14 Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20Rejne M. Lira-da-Silva,
et al.
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Figura 7. Bothrops jararacussu Lacerda 1884. Foto:
BrenoHamdan.
Figura 9. Bothrops atrox Linnaeus, 1758. Foto: Luciana
Casais.
Figura 10. Bothrops muriciencis Ferrarezzi & Freire 2001.
Foto:Jiancarlo Ulloa.
Figura 11. Bothrops pirajai Amaral 1923. Foto: Breno Hamdan.
Figura 12. Bothriopsis bilineata Wied 1825. Foto:
BrenoHamdan.
encontrada desde o norte do Estado do Rio de Janeiro at aParaba,
com alguns enclaves midos do Cear e, provavelmente,do Piau (20).
Dos 8 estados nordestinos citados na suadistribuio, apenas em
quatro deles pde-se identificarexemplares, dos quais a Bahia foi o
que apresentou a maiorquantidade de registros, particularmente no
litoral sul (92,9%de todos os registros neste Estado) (33). Existe
uma verdadeiracarncia de dados biolgicos e, principalmente,
ecolgicos,desta espcie. A dificuldade em encontrar indivduos no
campoou, at mesmo, registrados em colees cientficas, evidenciatal
raridade. Dentre todas as 17 colees visitadas no decorrerdeste
trabalho foram contabilizados registros de 101 indivduosnos ltimos
cem anos. Apesar da maioria dos indivduosestudados nesse trabalho
terem sido encontrados em reas deconservao da Bahia, isto no
suficiente para determinarque as populaes encontram-se livres do
risco de extino,uma vez que no existem estudos sobre a relao do
tamanhodo fragmento e as necessidades biolgicas da espcie (33).
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15Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 Serpentes de Importncia
Mdica do Nordeste
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Figura 7a. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropsjararacussu no Nordeste do Brasil.
Figura 8. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropsmarajoensis no Nordeste do Brasil.
Figura 9a. Distribuio geogrfica dos registros de Bothropsatrox
no Nordeste do Brasil.
Figura 10a. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropsmuriciencis no Nordeste do Brasil.
Figura 11a. Distribuio geogrfica dos registros de
Bothropspirajai no Nordeste do Brasil.
Figura 12a. Distribuio geogrfica dos registros deBothriopsis
bilineata no Nordeste do Brasil.
B bilineatus
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B jararacussu
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B muriciensis
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B marajoensis
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B pirajai
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
B atrox
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
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16 Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20Rejne M. Lira-da-Silva,
et al.
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Figura 13. Lachesis muta Linnaeus 1776. Foto:
GiuseppePuorto.
Figura 14. Crotalus durissus cascavella Linnaeus 1758.
Foto:Breno Hamdan.
Figura 15. Micrurus ibiboboca Merrem 1820. Foto:
LucianaCasais.
Figura 16. Micrurus lemniscatus Linnaeus 1758. Foto:Luciana
Casais.
Figura 18. Micrurus corallinus Linnaeus 1758. Foto: AntnioJorge
S. Argolo.
As cascavis (Crotalus durissus) tm sido reconhecidas,ao longo do
tempo, como ocorrendo em regies ridas ousemi-ridas. O Ministrio da
Sade, bem como o prprioInstituto Butantan (So Paulo) tm pontuado a
suadistribuio excluindo-a do litoral brasileiro e Campbell
&Lamar(7) ainda referem que esta espcie parece estar ausenteda
costa atlntica do Brasil. No entanto, os 502 registros
destetrabalho, indicam a presena C. durissus cascavella (Figuras14
e 14a) em pelo menos sete dos 10 municpios da RegioMetropolitana de
Salvador e em sete, dos 20 municpios doLitoral Norte da Bahia,
onde, decididamente, o clima no rido e muitas dessas ocorrncias
esto localizadas emambiente de dunas e restingas dentro do bioma de
MataAtlntica. Nesse aspecto, chamam a ateno os registrosrecentes de
quatro exemplares em Salvador, dos quais trsnos bairros da
Paralela, Cabula e Stella Maris. Apesar de Miseet al. (24) j terem
considerado os registros dessa serpente nos
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17Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 Serpentes de Importncia
Mdica do Nordeste
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Figura 13a. Distribuio geogrfica dos registros de Lachesismuta
no Nordeste do Brasil.
Figura 14a. Distribuio geogrfica dos registros de
Crotalusdurissus cascavella no Nordeste do Brasil.
Figura 15a. Distribuio geogrfica dos registros de
Micrurusibiboboca no Nordeste do Brasil.
Figura 16a. Distribuio geogrfica dos registros de
Micruruslemniscatus no Nordeste do Brasil.
Figura 17. Distribuio geogrfica dos registros de
Micrurusbrasiliensis no Nordeste do Brasil.
Figura 18a. Distribuio geogrfica dos registros de
Micruruscorallinus no Nordeste do Brasil.
M corallinus
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
Lachesis
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
M lemniscatus
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
Crotalus
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
M frontalis
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
M ibiboboca
at 00 --| 55 --| 5050 --| 500
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18 Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20Rejne M. Lira-da-Silva,
et al.
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municpios litorneos da Bahia como uma ampliao na suadistribuio
geogrfica atriburam-na ao crescentedesmatamento durante o processo
de metropolizao dacidade do Salvador para ambientes que foram
antropizadosao longo do tempo e, portanto, tornaram-se abertos
permitindoa sua migrao do cerrado ou da caatinga para o litoral
dedunas e restingas. No entanto, h indcios da existncia decascavis
no sculo XVI, na abrangncia da cidade que estavase formando
(Salvador) quando ainda era caracterizada pela densaMata Atlntica
que recobria a larga faixa litornea nordestina (31).Este dado
sugere que este animal pode ter migrado para a costaquando ela
ainda esta era rida (logo depois do final da ultimaglaciao) e se
manteve nos enclaves mais abertos, no caso asrestingas, quando a
costa comeou a ser tomada por florestas.Em todos os outros Estados
do Nordeste, houve registrosespordicos de Crotalus durissus em
vrios municpios, porm,os dados mais consistentes e que permitem uma
anlise maisapurada so aqueles do Estado da Bahia.
As duas espcies de Micrurus mais amplamentedistribudas no
Nordeste so, sem dvida M. ibiboboca e M.lemniscatus, ambas com
padro coral de colorao em trade.No s estas, mas outras espcies
desse gnero compreendemgrupos complexos e por suas caractersticas
fossoriais, osestudos so difceis e, conseqentemente escassos.
Optou-se neste trabalho pela orientao de Campbell & Lamar (7),
aqual no foi suficiente para separar alguns exemplaresexaminados,
devido sobreposio de caracteres, o querefora a importncia de uma
reviso cuidadosa destas duasespcies.
M. ibiboboca (Figuras 15 e 15a) um animal adaptado aregies
xerofticas semiridas como a caatinga nordestina, semreferncia at
agora de outra espcie simptrica do gnero(6,7,35). Presente em todos
os Estados nordestinos, embora asua distribuio meridional no esteja
bem estabelecida, estdescrita para Minas Gerais, Gois e Rio de
Janeiro. Costumaser confundida com M. lemniscatus que habita a
mesma regio,mas na faixa litornea (20).
M. lemniscatus (Figuras 16 e 16a) distribui-se no vale dabacia
amaznica, cerrados do Brasil Central e uma larga faixalitornea,
desde o Rio Grande do Norte at o Rio de Janeiro(20), o que
demonstra seu habitat variado, desde reas abertascomo savanas,
regies rochosas e plancies submetidas ainundaes at formaes de
florestas tropicais midas,associaes de florestas de galeria e
florestas secundrias.So encontradas tambm prximas de habitaes
humanas eem ambientes midos ou aquticos. Os novos registros
destetrabalho ampliam a distribuio desta espcie para o Piau,onde
ainda no tinha sido registrada e, na Bahia, para aChapada
Diamantina e sudoeste do Estado, onde ocorre emsimpatria com M.
ibiboboca, discordando das observaesde Campbell & Lamar
(7).
M. brasiliensis (Figuras 17) ocorre no Brasil Central, doMato
Grosso, Gois, Minas Gerais e Bahia at o sul do
Paraguai,primariamente em altitudes de cerca de 700m (7).
Importasalientar que as espcies acima descritas, M. ibiboboca,
M.
leminiscatus e M. brasiliensis, compreendem um grupo
queapresenta caractersticas morfolgicas muito prximas, o
quejustifica a ateno dos pesquisadores.
M. corallinus (Figuras 18 e 18a) uma coral de pequenoporte,
medindo de 500-980 mm com anis pretos simples, entredois brancos,
diferindo assim da maioria das espciesbrasileiras com padro coral
de colorao, que apresentamtrades de anis pretos entre os vermelhos.
Parece serdependente da umidade da mata o que faz com que
suaexistncia esteja relacionada com a presena de
ambientesflorestais (20). uma das espcies de corais mais comum
nasregies sul e sudeste do pas, ocorrendo principalmente nafaixa
litornea, desde Ilhus na Bahia, at Santa Catarina enoroeste do Rio
Grande do Sul(20), com uma distribuiovertical de 500m. Porm, essa
distribuio foi ampliada noNordeste, desde 1996 atingindo o municpio
de Simes Filho,na Bahia e a reserva de Nsea Floresta, no Rio Grande
doNorte (9).
Devido influncia amaznica no Estado do Maranho,cinco espcies de
corais amaznicas esto assinaladas para oNordeste, restritas a este
Estado: M. filiformis, M. hemprichi,M. paraensis, M. spixii e M.
surinamensis (7), porm, nenhumadelas foi registrada nas colees
cientficas e/ou regionaisvisitadas, decorrentes deste trabalho.
ConclusesConsiderando que a maior parte dos dados aqui
analisados
refere-se a registros e animais consultados em coleescientficas
e/ou regionais, principalmente na coleo doInstituto Butantan (SP)
(52,21%), deve-se inferir que, na suamaioria, foram animais
remetidos das diversas localidades doNordeste e, portanto,
refere-se a dados numericamenteestimativos e no representativos de
uma freqnciadistributiva que possa explicar os fatores que
porventuraestejam influenciando essa distribuio. Indicam muito
maiso encontro do animal com o homem, por fatores
possivelmenteimpactantes naturais (como queimadas ou
precipitaochuvosa elevada) ou de interveno antrpica (comoconstruo
de barragens, queimadas para agricultura), do que,propriamente,
zoogeogrficos. Apesar disso, devido aonmero de exemplares
analisados e credibilidade de suasrespectivas fontes, pode-se
afirmar que a fauna ofdica deimportncia mdica no Nordeste mais
diversa do que seimaginava, perfazendo 43% das espcies brasileiras.
Pode-se,ainda, indicar as principais espcies que devem ser
melhorestudadas, devido sua abrangncia geogrfica epossibilidade de
encontro com a populao humana, comoBothrops erythromelas,
B.leucurus, Micrurus ibiboboca eM. lemniscatus.
AgradecimentosOs autores agradecem aos representantes das
Secretarias
de Sade dos Estados da Bahia, Daisy Schwab Rodrigues(CIAVE); da
Paraba, Maria de Ftima Leandro Marques(CEATOX/Joo Pessoa) e
Sayonara Ma. Lia Fook Meira
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19Gaz. md. Bahia 2009;79 (Supl.1):7-20 Serpentes de Importncia
Mdica do Nordeste
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(CEATOX/Campina Grande e Universidade Estadual daParaba); de
Alagoas, Dr. Valmir Costa; de Pernambuco Dr.Doralcio Fortes Lins e
Silva; do Piau, Dr. Francisco de AssisBorges Moraes; de Sergipe,
Dr. Antnio Medeiros Venncio;do Cear, Dr. Benedito Neilson Roli e do
Maranho, Dr.Jakeline Maria Trinta Rios, os quais permitiram o
acesso aosanimais conservados responsveis pelos acidentes
ofdicos.Agradecem tambm aos curadores das colees
cientficasherpetolgicas: Dr. Ana Lcia Prudente da Costa
(MuseuParaense Emlio Goeldi), Dr. Anbal Rafael Melgarejo
Gimenez(Instituto Vital Brazil), Dr. Antonia Marli Vieira da
Encarnao(Centro de Pesquisas da Lavoura Cacaueira - CEPLAC),
Dr.Diva Maria Borges-Nojosa (Universidade Federal do Cear),Dr.
Flora Alcua Junca (Universidade Estadual de Feira deSantana), Dr.
Francisco Lus Franco (Instituto Butantan), Dr.Giuseppe Puorto
(Diretor do Museu Biolgico do InstitutoButantan), Dr. Gabriel Omar
Skuk Sugliano (Museu de HistriaNatural da Universidade Federal de
Alagoas), Dr. Gilda V.Andrade (Departamento de Zoologia da
Universidade Federaldo Maranho), Dr. Guarino Colli (Instituto
Central de Cinciasda Universidade de Braslia), Dr. Hussan Zaher
(Museu deZoologia da Universidade de So Paulo), Dr. Ivan
Sazima(Museu de Histria Natural da Universidade Estadual
deCampinas), Dr. Jlio Csar de Moura-Leite (Museu de HistriaNatural
Capo da Imbuia da Pontfica Universidade Catlica doParan), Dr.
Miriam Camargo Guarnieri (Universidade Federalde Pernambuco), Dr.
Ronaldo Fernandes (Museu Nacional daUniversidade Federal do Rio de
Janeiro) e Prof MsC ZenildeMoreira Borges de Morais (Universidade
Federal Rural dePernambuco). Agradecemos tambm aos colaboradores,
entrebolsistas do Projeto, tcnicos estudantes de Mestrado
eestagirios do Ncleo Regional de Ofiologia e AnimaisPeonhentos
(NOAP/UFBA), alm daqueles das instituiesque nos receberam: Agustn
Camacho Guerrero (UFBA), AizeAnne Alves do Nascimento (FTC),
Arnaldo Jnior (UFPE), BrenoHamdan (UFBA), Bruno Santos Ambrosi
(FTC), Carlos Estevode Souza Jnior (FTC), Clarissa Machado Pinto
Leite (UFBA),Eduardo Freire de Abreu Brasileiro (FTC), Eduardo
MendesFattori Gonalves (UFBA), Fbio Conceio de Menezes
(FTC),Fernanda Rodamilans (UFBA), Guilherme Mortimer Jordo(UFBA),
Ilca Priscila de Arajo (UFPE), Isabela Mariz (UFPE),Lina Maria
Almeida Silva (UFBA), Lucas Rhr (UFPE), MarcoTullio Lima Barreto
(UEPB), Mrio Ferreira (UFPE), Milena Pinho(UFPE), Ricardo de Faria
Jnior (UFBA), Roberta SmaniaMarques (UFBA), Simone Santos Silva
(CIAVE).
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