UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Exercício Físico e Reabilitação Daniele Cristina Fávero Renata Ferreira Negri OBESIDADE E EXERCÍCIO FÍSICO LINS – SP 2008
UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Exercício Físico e
Reabilitação
Daniele Cristina Fávero
Renata Ferreira Negri
OBESIDADE E EXERCÍCIO FÍSICO
LINS – SP
2008
DANIELE CRISTINA FÁVERO
RENATA FERREIRA NEGRI
OBESIDADE E EXERCÍCIO FÍSICO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Exercício Físico e Reabilitação sob a orientação dos professores M.Sc Wonder Passoni Higino e M.Sc Heloísa Helena Rovery da Silva.
LINS – SP
2008
DANIELE CRISTINA FÁVERO
Fávero, Daniele Cristina; Negri, Renata Ferreira
Obesidade e exercício físico / Daniele Cristina Fávero; RenataFerreira Negri. – – Lins, 2008.
54p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário CatólicoSalesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Exercício Físico e Reabilitação, 2008.
Orientadores: Wonder Passoni Higino; Heloisa Helena Rovery daSilva
1. Obesidade. 2. Exercício Físico. 3. Controle Ponderal. I Título.
CDU 796.4
DANIELE CRISTINA FÁVERO
RENATA FERREIRA NEGRI
OBESIDADE E EXERCÍCIO FÍSICO
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de especialista em Exercício Físico e Reabilitação.
Aprovada em: ____/____/____
Banca Examinadora:
Prof. M.Sc. Wonder Passoni Higino
Mestre em Biodinâmica da Motricidade Humana pela UNESP – Rio Claro
_______________________________________________________________
Profª. M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva
Mestre em Administração pela CNEC/FACECA - MG
_______________________________________________________________
LINS – SP
2008
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele nós não teríamos chegado até aqui.
Aos nossos familiares que compartilharam dos nossos ideais e
também nos incentivaram a prosseguir nessa jornada, fossem quais
fossem os obstáculos.
AGRADECIMENTOS
AO NOSSO ORIENTADOR WONDER, Pela paciência e dedicação que esteve conosco durante todo trabalho. Que Deus continue iluminando seu caminho e o conserve este profissional competente e atencioso.
Obrigada!!! A TODOS OS PROFESSORES DO CURSO, Agradecemos à atenção, veneração e competência em ministrar este curso com amor e carinho para com todos os alunos, sem distinção de nível de conhecimentos, nos estimulando pela busca de nossos objetivos.
Obrigada!!!
RESUMO
Nas últimas décadas tem havido rápido e crescente aumento no número
de pessoas obesas, o que tornou a obesidade um problema de saúde pública. Isso representa um fator de risco para várias patologias, o qual aumenta a incidência de mortalidade associado a outras doenças. No entanto, a obesidade pode ser controlada com a prática de exercício físico associada a uma dieta balanceada. Porém, há fatores que influenciam no controle da obesidade e exercício físico, dentre eles, o metabolismo do tecido adiposo, componentes do gasto energético e o gasto energético no exercício físico. O gasto energético diário é composto de três grandes componentes: taxa metabólica de repouso (TMR), gasto energético na atividade física (GE) e efeito térmico dos alimentos (ETA). A combinação de restrição calórica com exercício físico ajuda a manter a TMR, melhorando os resultados de programas de redução de peso de longo período. Isso ocorre por que o exercício eleva a TMR após a sua realização, pelo aumento da oxidação de substratos, níveis de catecolaminas e estimulação de síntese protéica. Entretanto, muitos almejam o equilíbrio energético, o qual consiste na relação de consumo (ingestão alimentar) e demanda energética (trabalho biológico). Esta relação entre consumo e demanda proporciona três situações: equilíbrio energético positivo, equilíbrio energético negativo e isoenergético. Assim, o exercício físico é uma opção capaz de alterar o equilíbrio energético induzindo modificações favoráveis na composição corporal, tornando-se necessário a aplicação de um programa de exercício físico regular sendo coerente com as condições físicas atuais do indivíduo, ajustando a intensidade, duração e tipo de exercício. Portanto, o exercício mais indicado para obesos seriam os chamados aeróbios, por utilizar grandes grupos musculares e ativar todo o sistema orgânico de oxigenação, não descartando a hipótese de trabalhar com exercícios resistidos, porém se optar pelos anaeróbios, deve-se aumentar o número de séries e repetições, elevando o gasto energético da sessão de exercício. Contudo, tanto os exercícios aeróbios como os anaeróbios trazem benefícios no controle do peso corporal, sendo o resultado mais eficaz na opção do aeróbio. O ideal é exercitar-se de 3 a 5 vezes por semana, com duração mínima de 30 minutos, numa intensidade leve a moderada (45 a 79% do VO2máx). Enfim, independente de qual exercício físico realizado, o importante é manter um estilo de vida ativo.
Palavras-chave: Obesidade. Exercício Físico. Controle Ponderal.
ABSTRACT
During the last decades, there has been a quickly and growing increase of obese people number what made obesity a public health problem. This means a risk factor to several pathologies, what increases the incidence of mortality associated to other diseases. Nevertheless, obesity can be controlled with physical exercising habit associated to a balanced diet intake. However, there are factors that have influence on obesity control and physical exercises, like fat tissue metabolism, energetic consumption compounds and the energetic consumption on physical exercise. Daily energetic consumption is made of three great compounds: metabolic rate in rest (MRR), energetic consumption on physical activity (EC) and food thermal effect (FTE). The combination between caloric restriction and physical exercising helps the maintenance of MRR, improving the results of long-term weight loss programs. This happens because MRR rises after exercises are done, by the increasing of substratum oxidation, catecholamines levels and proteic synthesis stimulation. Finally, energetic balance is desired, what is made of the relation between consumption (food intake) and energetic demand (biological work). This relation between consumption and demand affords three situations: positive energetic equilibrium, negative energetic equilibrium and isoenergetic. So, physical exercise is an option able to change energetic equilibrium inducing favorable changes in body composition, making necessary the application of a regular physical exercising program according to the current individual physical condition, adjusting exercises intensity, length and kind. Therefore, the most suitable exercises for obese people are the so-called aerobic ones, because they use large muscles groups and activate the whole body oxygen debt, but don’t rule out the hypothesis of working with strength exercises, although in the option of anaerobic ones the number of series and repetitions should be raised, improving the energetic consumption in each exercise session. However, even aerobic exercises as anaerobic ones bring benefits in body weight control, the result is more effective with the aerobic ones. The ideal is to exercise 3 to 5 times a week, 30 minutes at least, in a low to moderate intensity (45 to 79% VO2máx). At last, despite of doing physical exercises, the most important thing is to keep an active life style. Keywords: Obesity. Physical Exercises. Weight Control.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Diagrama dos fatores etiológicos da obesidade..................... 16
Figura 2: Relação consumo-demanda no equilíbrio energético.......... 38
LISTA DE TABELA
Tabela 1: Classificação da obesidade segundo o IMC............................ 14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACSM: Colégio Americano de Medicina Esportiva
AGL: Ácido Graxo Livre
CT: Colesterol Total
DCMB: Dieta Calórica Muito Baixa
EPOC: Consumo de Oxigênio Pós-Exercício
ETA: Efeito Térmico dos Alimentos
GE: Gasto Energético na Atividade Física
GH: Hormônio de Crescimento
GLUT4: Proteína Transportadora de Glicose
HDL: Lipoproteína de Alta Densidade
IL: Interleucina 6
IMC: Índice de Massa Corporal
Kcal: Quilocaloria
LDL: Lipoproteína de Baixa Densidade
LHS: Lipase Hormônio Sensível
LPL: Lipoproteína Lipase ou Lipase Lipoprotéica
mmHg: Milímetros de Mercúrio
OMS: Organização Mundial da Saúde
R C/Q: Relação Cintura Quadril
RNAm: Ácido Ribonucléico
TG: Triglicerídeos
TMR: Taxa Metabólica de Repouso
TNFα: Fator de Necrose Tumoral
UCP1: Proteína Desacopladora Identificada
UNIFESP: Universidade Federal de São Paulo
VLDL: Lipoproteína de Muito Baixa Densidade
VO2máx: Consumo Máximo de Oxigênio
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 11
CAPÍTULO I – CONCEITO DE OBESIDADE................................................ 13
1 CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE.............................................. 15
1.1 Classificação etiológica.................................................................. 15
1.2 Classificação anatômica................................................................. 17
1.3 Classificação segundo a quantidade e distribuição da gordura
em diferentes regiões anatômicas.................................................. 18
1.4 Classificação segundo a época de início........................................ 19
1.5 Determinantes da obesidade.......................................................... 20
1.6 Patologias associadas à obesidade............................................... 24
1.6.1 Doenças cardiovasculares.............................................................. 25
1.6.2 Dislipidemias................................................................................... 26
1.6.3 Diabetes mellitus............................................................................ 28
1.6.4 Outras alterações das funções orgânicas...................................... 29
CAPÍTULO II – FATORES QUE INLFLUENCIAM NO CONTROLE DA OBESIDADE.................................................................................................. 31
2 METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO...................................... 31
2.1 Componentes do gasto energético................................................. 35
2.1.1 Taxa metabólica de repouso.......................................................... 35
2.1.2 Efeito térmico dos alimentos........................................................... 36
2.1.3 Gasto energético na atividade física............................................... 36
2.2 Controle do peso corporal..............................................................
CAPÍTULO III – EXERCÍCIO FÍSICO E OBESIDADE...................................3 TIPOS, INTENSIDADE, FREQÜÊNCIA E DURAÇÃO DO
EXERCÍCIO FÍSICO.......................................................................................
37
40
43
CONCLUSÃO.................................................................................................
REFERÊNCIAS..............................................................................................
49
51
11
INTRODUÇÃO
Atualmente, a obesidade constitui um importante problema de saúde
pública, tanto pelo seu impacto na expectativa média de vida como pela piora
que causa na sua qualidade.
Estudos comprovam que a transição nos padrões nutricionais,
relacionando-os com mudanças demográficas, sócio-econômicas e
epidemiológicas ao longo do tempo, estão refletindo na diminuição progressiva
da desnutrição e no aumento da obesidade. (FRANCISCHI; PEREIRA;
LANCHA JÚNIOR, 2001)
Segundo Dâmaso (2003, p. 23) “no Brasil, em 1975, um pouco mais de
8% de crianças e adolescentes eram subnutridos e cerca de 4% eram obesos.
Hoje esse quadro se inverteu, apontando para 9% de obesidade e 3% de
subnutrição.”
Dados de fontes governamentais revelaram que 20 milhões de
brasileiros fazem apenas uma refeição por dia. Mas, nessa mesma população,
na mesma criança, pode conviver a obesidade, a anemia e a desnutrição.
No entanto, a obesidade tem sido classificada como desordem primária
de alta ingestão energética, enquanto a inatividade física da vida moderna
parece ser o maior fator etiológico do crescimento dessa doença nas
sociedades industrializadas. (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004)
A obesidade está associada a algumas das mais prevalentes doenças
na sociedade moderna. Ela aumenta a incidência de diversos tipos de doenças,
especialmente as relacionadas com a síndrome metabólica. Dentre elas,
doenças cardiovasculares, dislipidemias, diabetes mellitus e outras alterações
das funções orgânicas. (TIRAPEGUI, 2006; CIOLAC; GUIMARÃES, 2004)
Porém, um dos métodos de prevenção e tratamento é aplicar ações de
educação em alimentação e em nutrição e para a prática de exercícios físicos
que alcancem de forma eficaz todas as camadas sociais da população. Não só
como prevenção, mas estas duas estratégias também correspondem as
principais formas de tratamento não-farmacológico da obesidade. No entanto,
mudar o estilo de vida, através de aumento na quantidade de atividade física
12
praticada e reeducação alimentar, é o melhor tratamento. (CIOLAC;
GUIMARÃES, 2004)
Estudos demonstram que os benefícios da atividade física sobre a
obesidade podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada ou alta,
indicando que a manutenção de um estilo de vida ativo, independente de qual
atividade praticada, pode evitar o desenvolvimento dessa doença. (CIOLAC;
GUIMARÃES, 2004)
Entretanto, o presente trabalho tem como objetivo descrever os
aspectos gerais da obesidade, relatando de forma sucinta a importância do
gasto energético relacionado ao exercício físico, destacando as melhores
maneiras de como reduzir e controlar o peso corporal através dos benefícios de
diferentes programas de exercícios físicos para prevenção e tratamento da
obesidade.
Para tanto, este estudo será norteado pela seguinte questão: de que
maneira pode-se minimizar a incidência da obesidade?
Dessa forma, para responder essa questão foi desenvolvida uma revisão
bibliográfica que abrangeu o período de 1998 a 2007, dividida em três
capítulos:
Capítulo I – Conceito de obesidade, classificação, determinantes e
patologias associadas à mesma.
Capítulo II – Fatores que influenciam no controle da obesidade,
metabolismo do tecido adiposo e controle do peso corporal.
Capítulo III – Exercício físico e obesidade, tipos, intensidade, freqüência
e duração do mesmo.
Contudo, espera-se que o presente estudo contribua de forma
significativa no entendimento de todos os aspectos relacionados à obesidade e
a importância do exercício físico no tratamento e prevenção da mesma.
13
CAPÍTULO I
CONCEITO DE OBESIDADE
Considerada atualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
uma epidemia global, a obesidade vem crescendo de forma alarmante tanto
nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento, acarretando
enormes prejuízos à sociedade.
Segundo Romero; Zanesco (2006) a OMS mostra que o número de
obesos entre 1995 e 2000 passou de 200 para 300 milhões, perfazendo quase
15% da população mundial. Estimativas mostram que, em 2025, o Brasil será o
quinto país no mundo a ter problemas de obesidade em sua população.
A ingestão de uma quantidade excessiva de calorias pode levar à
obesidade, mas o aparecimento e a prevalência do sobrepeso em crianças e
adultos não decorre somente em função da ingestão de nutrientes, mas
também por um decréscimo na atividade física levando a um balanço
energético desfavorável.
A obesidade é uma condição crônica que aumenta a morbidade de
muitas doenças e a mortalidade por todas as causas. Além disso, existe uma
crescente preocupação com o fato de aumentar a incidência da obesidade
infantil, aumentando também a quantidade de adultos obesos.
A obesidade entre os jovens mais que dobrou nos últimos 15 anos,
representando um risco para a saúde ainda maior na condição de adulto que a
obesidade teve início na vida adulta. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003)
Segundo Simão (2004) a obesidade é um excesso de gordura
generalizada ou localizada acima dos padrões normais, ou seja, maior que
20% de gordura para os homens e 30% de gordura para as mulheres.
O padrão da distribuição proporcional de gordura é de 12% do peso
corporal em homens e 15% do peso corporal em mulheres, sendo que essas
apresentam uma maior porcentagem devido à gordura sexo-específica que
está relacionada a funções biologicamente importantes para a procriação e
outras funções relacionadas aos hormônios. (MCARDLE; KATCH; KATCH,
2003)
14
As características genéticas das células gordurosas ocorrem pelo
comando da atividade regional da lipoproteína lipase (LPL), uma enzima que
tem dentro da célula adiposa com função na captação e na armazenagem de
moléculas de gorduras nos adipócitos, formando as células de gorduras.
(MCARDLE, KATCH; KATCH, 2003)
A gordura corporal está disposta no organismo em gordura essencial e
gordura de reserva. A gordura essencial consiste na gordura existente no
coração, nos pulmões, no fígado, no baço, nos rins, nos intestinos, nos
músculos e nos tecidos ricos em lipídios do sistema nervoso central e da
medula óssea, sendo essa gordura necessária para o funcionamento fisiológico
normal. O depósito de gordura de reserva inclui a gordura existente nos tecidos
adiposos viscerais que tem a função de proteger os vários órgãos internos no
interior das cavidades torácica e abdominal. (MCARDLE; KATCH; KATCH,
2003)
Contudo, a gordura corporal total exerce funções importantes no
organismo tais como: fonte de reserva de energia, proteção dos órgãos vitais,
isolamento térmico do organismo e carreador de vitaminas.
Para Guedes; Guedes (2003) existe diferença entre os conceitos
utilizados para descrever o excesso de gordura e de peso corporal, tornando
termos distintos, embora relacionados. O sobrepeso é um aumento do peso
corporal total em decorrência de modificações em apenas um ou mais de seus
constituintes (gordura, músculo, osso e água). Já a obesidade é o aumento na
quantidade generalizada ou localizada de gordura em relação ao peso corporal.
Para Dâmaso (2003) o indivíduo com sobrepeso apresenta o índice de massa
corporal (IMC) entre 25 a 29,9 kg/m² excedendo a média da população,
tomando por base a estatura, sexo e biotipo e, o indivíduo obeso apresenta o
IMC acima de 30 kg/m², elevando os riscos para a saúde.
Para compreender melhor, a tabela 1 apresenta os valores do IMC e
suas respectivas características.
Tabela 1: Classificação da obesidade segundo o IMC
Característica IMC (kg/m²)
Desnutrido < 18,5
15
Eutrófico 18,5 – 24,9
Sobrepeso 25 – 29,9
Obesidade Grau I 30 – 34,9
Obesidade Grau II 35 – 39,9
Obesidade Grau III ≥ 40 Fonte: Dâmaso (2003, p. 358)
Nessa perspectiva, pode haver importantes diferenças entre o que se
denomina de sobrepeso e de obesidade. Contudo, pode ser que o excesso de
peso corporal não seja condição de obesidade, devido a esse maior peso
corporal poder ser ocasionado por elevado desenvolvimento de outros
constituintes corporais e não pela quantidade de gordura. (GUEDES; GUEDES,
2003)
Outras diferenças entre os estados de sobrepeso e obesidade é que, em
geral, o balanço energético positivo deve ser certamente mais pronunciado e
sustentado por mais tempo no indivíduo obeso em relação ao de sobrepeso. E,
por último, como os obesos são mais pesados, eles gastam mais energia em
virtude da grande necessidade de energia requerida para movimentar uma
massa maior. Com isso, eles acabam apresentando uma taxa metabólica de
repouso maior em relação a pessoas com peso normal, resultante de uma
massa maior de tecido respiratório. (BOUCHARD, 2003)
No entanto, tanto o sobrepeso quanto a obesidade oferecem riscos para
a saúde, diminuindo a qualidade de vida e auto-estima desses indivíduos,
porém, a obesidade predispõe a um risco mais elevado.
1 CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE
A heterogeneidade da obesidade humana tem resultado na identificação
de vários subgrupos de indivíduos obesos. Para a classificação desta, são
utilizados quatro subgrupos mediante seus respectivos critérios:
1.1 Classificação etiológica
16
A etiologia da obesidade é uma das mais complexas, sendo
caracterizada como uma doença multifatorial. De fato, o seu desenvolvimento
possui múltiplas causas e é o resultado de complexas interações entre fatores
genéticos, psicológicos, socioeconômicos, culturais e ambientais.
(FRANCISCHI et al., 2000)
Pode-se afirmar que as tendências de transição nutricional ocorridas
neste século em diferentes países do mundo convergem para uma dieta mais
rica em gorduras (particularmente as de origem animal), açúcares e alimentos
refinados, e reduzida em carboidratos complexos e fibras. Aliando esse fator
com o declínio progressivo da atividade física dos indivíduos, percebe-se
alterações concomitantes na composição corporal, principalmente o aumento
da gordura. (FRANCISCHI et al., 2000)
Portanto, a obesidade, como uma doença multifatorial, pode ser
classificada em dois contextos: exógena e endógena, conforme figura 1.
Fonte: (DÂMASO, 2003, p. 5)
Figura 1: Diagrama dos fatores etiológicos da obesidade.
Genéticos
FATORES ENDÓGENOS
FATORES EXÓGENOS
Endócrinos
Psicogênicos
Medicamentosos
Neurológicos
Metabólicos
OBESIDADE
Alimentação
Estresse
Inatividade Física
17
A obesidade exógena é influenciada por fatores externos de origens
comportamental, dietética e ambiental, isto é, tendo como os principais fatores
desencadeantes o estilo de vida sedentário e uma dieta rica em lipídios, onde
esta parece permitir o superconsumo passivo de energia devido a sua
densidade energética e possivelmente sua baixa ação na saciedade. Logo, a
obesidade endógena é ocasionada por componentes genéticos, psicológicos,
medicamentosos, endócrinos, metabólicos e neurológicos. No entanto, a
obesidade de origem exógena é responsável por 95% ou mais dos casos, e a
de origem endógena está relacionada por aproximadamente 5% dos casos de
obesidade. (DÂMASO, 2003)
De fato, estudos demonstraram que algumas pessoas obesas comem
menos, mas são menos ativas fisicamente do que as pessoas do mesmo sexo
e idade, com conteúdo médio de gordura corporal. (WILMORE; COSTILL,
2001)
Enfim, a obesidade possui uma origem complexa e suas causas diferem
de uma pessoa à outra, tornando de vital importância reconhecer o seu
surgimento para o tratamento, bem como a prevenção de seu aparecimento.
1.2 Classificação anatômica
A obesidade pode ser caracterizada de acordo com a anatomia do tecido
adiposo, podendo ser hipertrófica ou hiperplásica. (GUEDES; GUEDES, 2003)
O corpo aumenta a quantidade do tecido adiposo de duas formas: a primeira é aumentando ou “enchendo” as células adiposas existentes, o que é chamado de hipertrofia. A segunda forma é aumentando o número total de células adiposas, o que é denominado de hiperplasia da célula adiposa. (SIMÃO, 2004, p. 138)
Segundo Powers; Howley (2005, p. 341) “existe cerca de vinte e cinco
bilhões de células adiposas num indivíduo com peso normal e de sessenta a
oitenta bilhões num indivíduo extremamente obeso.”
Nos adultos, a principal modificação na celularidade adiposa após uma
redução ponderal é o encolhimento dos adipócitos sem qualquer mudança no
18
número de células. Portanto, quando ocorre um aumento moderado de peso
em virtude da hiperalimentação faz com que os adipócitos preexistentes
aumentem de volume em vez de serem formados novos adipócitos. Nos casos
extremos de obesidade (70% de gordura corporal) quase todos os adipócitos
alcançam seu limite hipertrófico. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003)
Powers; Howley (2005) citam um estudo que foi realizado para
determinar o padrão de perda, manutenção e ganho de peso em portadores de
obesidade hiperplásica, hipertrófica ou de ambas. Aqueles com obesidade
hiperplásica ou combinada perderam peso rapidamente, mantendo-o por um
curto período de tempo e recuperando rapidamente. Sendo assim, pessoas
que possuem um número elevado de células adiposas têm dificuldade em
manter o peso perdido.
Nesse ponto, a identificação da obesidade do tipo hipertrófica ou
hiperplásica torna-se útil no prognóstico dos resultados dos distintos programas
de controle de peso corporal. Assim, um dos mecanismos mais importantes na
prevenção da obesidade é evitar o aparecimento de novas células adiposas e
controlar o tamanho das já existentes.
1.3 Classificação segundo a quantidade e distribuição da gordura em
diferentes regiões anatômicas
O excesso de gordura corporal muito elevada torna-se evidente a
classificação como obesidade mórbida. Proporções pouco acima do limite
desejável definem como obesidade leve. Para isso, quando a gordura relativa e
o IMC estão entre 25 a 30% para as mulheres e 15 a 20% para os homens e
menor que 27 kg/m² para ambos os sexos, respectivamente, denomina-se
obesidade leve. Mas, quando a gordura relativa está acima de 40% para as
mulheres e acima de 30% para os homens e o IMC para ambos os sexos
acima de 45 kg/m², define obesidade mórbida.
As reservas de gordura corporal são constituídas de triacilgliceróis, que
são armazenados principalmente em adipócitos, células que formam o tecido
adiposo.
19
“A distribuição dessa gordura nas diferentes regiões do corpo apresenta
um papel importante no risco de morte.” (BOUCHARD, 2003, p. 41)
A obesidade que segue o padrão masculino é denominada andróide
(central), ou do tipo maçã, a qual apresenta um acúmulo mais acentuado de
gordura nas regiões do abdome, tronco, cintura escapular e pescoço. Em
seguida, a obesidade do padrão feminino é denominada ginóide (periférica), ou
do tipo pêra, que é caracterizada pelo acúmulo de gordura na metade inferior
do corpo – regiões do quadril, glúteo e coxa superior. (GUEDES; GUEDES,
2003)
Pesquisas recentes estabeleceram que a obesidade andróide é um fator
de risco para as seguintes doenças: doença coronariana, hipertensão,
aterosclerose, acidente vascular cerebral, nível sérico elevado dos lipídios e
diabetes, além de ser mais importante do que a gordura corporal total como um
fator de risco para essas doenças. Mensurações da circunferência da cintura e
do quadril também elevam os riscos para a saúde se apresentarem uma
relação entre a cintura e o quadril (R C/Q) superior a 1,0 para os homens e 0,8
para as mulheres. (WILMORE; COSTILL, 2001)
Portanto, os riscos à saúde associados à obesidade estão relacionados
à distribuição da gordura no organismo, aumentando significativamente quando
o acúmulo maior se localiza na região central.
1.4 Classificação segundo a época de início
Considerada um dos principais problemas de saúde pública da
atualidade, a obesidade é a doença crônica mais comum entre crianças e
adolescentes nos países industrializados.
A obesidade se caracteriza pelo aumento gradual da quantidade de
gordura desde as idades mais precoces até o estágio adulto.
“Os períodos críticos de surgimento da obesidade progressiva são aos
12 primeiros meses de vida, na fase pré-escolar e na puberdade. A fase mais
grave inicia neste último período.” (GUEDES; GUEDES, 2003, p. 26)
20
Dâmaso (2003) ainda coloca que crianças de seis anos que começam a
ganhar peso, quando deveriam estar emagrecendo, têm maior probabilidade de
desenvolver uma obesidade persistente.
Para Simão (2004) os adolescentes tendem a aumentar o número de
células devido a três fatores: alterações hormonais, ingestão de alimentos
altamente calóricos e inatividade física.
De acordo com Denadai et al. (1998) durante a adolescência ocorre
crescimento celular acelerado, ocorrendo deposição de gordura acentuada,
tanto pelo aumento em número como em tamanho das células adiposas,
tornando o estirão de crescimento um fator agravante ou estimulador da
obesidade.
A origem da obesidade adulta e suas conseqüências adversas para a
saúde costumam residir na segunda infância. Crianças que ganham mais peso
que seus pares tendem a se tornar adultos com peso excessivo e com maior
risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Segundo Fernandez et al. (2004) 80% dos adolescentes tendem a ser
obesos quando adultos e, muitas vezes, a obesidade torna-se mais grave nos
adultos que foram obesos quando crianças do que naqueles indivíduos que
adquiriram a obesidade quando adultos.
Sendo assim, o aumento na obesidade infantil e na adolescência exige
intervenções imediatas para prevenir o aumento subseqüente no risco de
doenças e de morte quando essas crianças se tornam adultos. (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2003)
1.5 Determinantes da obesidade
Durante vários anos, acreditava-se que a obesidade era causada por
desequilíbrios hormonais resultantes da falha de uma ou mais glândulas
endócrinas e também pela alta ingestão de alimentos. (DÂMASO, 2003)
Existem informações importantes quanto ao aumento da prevalência da
obesidade no Brasil, principalmente quando se considera que este aumento,
apesar de estar distribuído em todos os estratos econômicos da população, é
21
proporcionalmente mais elevado nas famílias de mais baixa renda.
(FRANCISCHI; PEREIRA; LANCHA JÚNIOR, 2001)
Francischi; Pereira; Lancha Júnior (2001) concluem em seus estudos
que há indícios que o padrão de alimentação hiperlipídica e hipoglicídica esteja
se repetindo em nosso país, sugerindo que esta pode ser potencialmente uma
das causas do rápido incremento de obesidade em nosso país.
O peso corporal é função do equilíbrio energético e de nutrientes por um
longo período de tempo. Este equilíbrio energético é determinado pela ingestão
de macronutrientes, pelo gasto energético e pela distribuição de energia ou de
nutrientes. Quando o balanço energético positivo perdura por semanas ou
meses, o resultado é um ganho de peso, enquanto que um balanço energético
negativo exerce o efeito oposto.
Vários fatores podem contribuir para o estabelecimento da equação do
equilíbrio energético, entre eles a alimentação, o estresse e a atividade física.
Outros fatores como, genéticos, endócrinos, psicogênicos, medicamentosos,
neurológicos e metabólicos também podem influenciar o equilíbrio energético.
Alimentação: Dâmaso (2003) afirma que o controle alimentar é essencial
para a prevenção do sobrepeso e da obesidade, bem como para o tratamento,
adequando a ingestão às necessidades do organismo.
A qualidade e a quantidade dos alimentos consumidos, a freqüência das
refeições e os fatores que motivam uma pessoa a alimentar-se são aspectos
importantes no equilíbrio da ingestão alimentar.
Estresse: de modo geral, a obesidade também está relacionada a algum
fator de estresse. De fato, os vários contextos e causas do estresse como
choques emocionais, tensão nervosa crônica, frustrações emocionais,
superproteção etc, em geral, leva o paciente obeso ao aumento do peso
corporal.
Atividade Física: “O aumento na prevalência dos casos de sobrepeso e
obesidade, em todo o mundo, está ocorrendo proporcionalmente à diminuição
progressiva da energia gasta.” (BOUCHARD, 2003, p. 8)
É consenso na literatura mundial que existe uma relação inversa entre atividade física e adiposidade, ou seja, quanto mais ativo fisicamente for o indivíduo, menor será sua chance
22
de desenvolver a obesidade, sendo o contrário também verdadeiro. (DÂMASO, 2003, p. 8)
No entanto, a atividade física voluntária tem um papel importante no
desenvolvimento e/ou controle da obesidade.
Genéticos: com relação ao fator genético, estudos têm procurado
valorizar com ênfase os atributos associados ao genótipo no desenvolvimento
da obesidade.
Segundo Lopes et al. (2004) a co-existência de obesidade em vários
membros da mesma família, confirma a participação da herança genética na
incidência da mesma.
Dâmaso (2003) afirma que quando os pais apresentam peso normal,
apenas há a chance de 7% dos filhos nascerem obesos. Por outro lado, se um
progenitor é obeso, essa incidência aumenta para 40%, mas se ambos os pais
são obesos, esse valor aumenta para 80%. Lopes et al. (2004) confirmam essa
hipótese pelo fato de existirem indivíduos com uma alteração na termogênese,
no metabolismo basal ou na activação simpática, como a constatação de
poderem os fatores genéticos modificar os efeitos da atividade física sobre o
peso e a composição corporal.
A utilização nas pesquisas recentes de diversos protocolos utilizados
para determinar a causa da obesidade geneticamente permitiu revelar a
existência confirmada de pelo menos 30 genes envolvidos na obesidade e a
possibilidade da implicação de mais alguns. (LOPES et al., 2004)
Endrócrinos: muitas alterações que ocorrem nos obesos ainda são
desconhecidas, tornando evidente que o sistema endócrino exerce um papel
relevante no surgimento da obesidade. (DÂMASO, 2003)
O sistema endócrino nem sempre traduz fatores de estilo de vida, como
ingestão alimentar aumentada e inatividade física, com o excesso de
adiposidade. Mas, cabe ressaltar que podem existir algumas disfunções
endócrinas responsáveis pela obesidade em indivíduos acometidos por algum
tipo de síndromes relacionadas com alterações hormonais. (DÂMASO, 2003)
Psicogênicos: a origem psicogênica da obesidade vem sendo muito
discutida nos últimos anos. Foi relatado diversas vezes modificações no
comportamento alimentar do obeso, como a síndrome da ingestão noturna,
23
geralmente associadas em fases de estresse psicológico, ansiedade etc. que
podem gerar a obesidade.
A superalimentação pode funcionar como um mecanismo para afastar
sentimentos desconfortantes de agressividade ou depressão que, muitas
vezes, acontecem por preconceitos enfrentados pelo obeso.
Medicamentosos: com relação a medicamentos, muitos têm sido usados
no controle de outras doenças, e que podem determinar o excesso de apetite e
subseqüente obesidade pela hiperfagia.
Neurológico: no caso da obesidade ocasionada por fator neurológico,
isso é devido a tumores hipotalâmicos e patologias tumorais hipofisárias que
comprometem os centros hipotalâmicos da fome e saciedade. (DÂMASO,
2003)
Metabólicos: no que diz respeito a fatores metabólicos, a redução da
taxa metabólica é provavelmente uma das mais freqüentes causas da
obesidade. Essa taxa está relacionada ao gasto de energia em repouso para a
manutenção essencial do funcionamento do organismo. (DÂMASO, 2003, p.
12)
Para compreender melhor, Dâmaso (2003) cita vários fatores que
interferem no gasto energético em repouso, dentre eles:
a) quantidade de massa magra: quanto maior for a porcentagem de
massa magra de um indivíduo, maior será seu gasto de energia
diário;
b) temperatura corporal: quanto maior for, maior será a taxa metabólica
basal;
c) depressão: diminui a atividade do sistema nervoso simpático,
reduzindo o metabolismo de repouso;
d) hormônios: a tiroxina e adrenalina aumentam o gasto de energia, e
se ocorrer diminuição desses hormônios, pode causar efeito inverso;
e) idade: com o envelhecimento, há diminuição na quantidade de
massa magra, o que diminui o gasto de energia diário;
f) área corporal: quanto maior a área corporal, maior será a taxa
metabólica de repouso.
Francischi et al. (2000) destaca que o envelhecimento está ligado ao
ganho de peso, por estar associado a fatores como declínio na taxa metabólica
24
de repouso em conseqüência da perda de massa muscular, diminuição na
prática de atividades físicas e aumento no consumo alimentar.
Para Monteiro; Riether; Burini (2004) cerca de 60% das mulheres na
idade da menopausa apresentam um rápido ganho de peso entre 2,5kg e
5,0kg, cuja etiologia permanece ainda desconhecida. No entanto, eles ainda
consideram que o término do ciclo menstrual não afeta a ingestão de alimentos
e reduz pouco a taxa de metabolismo basal; logo, uma parcela do peso ganho
nesta fase, pode ser atribuído à simples redução da atividade física.
Sendo assim, não se preconizam ações abruptas ou tratamentos sem
fundamento científico, já que a adoção de hábitos saudáveis de vida, seja pela
reeducação alimentar e/ou pelo aumento no nível de atividade física diária,
ocorre através de mudanças no estilo de vida, principalmente nos casos de
obesidade na vida adulta.
Contudo, torna-se evidente que o desenvolvimento e o subseqüente
controle da obesidade não se expressam de forma isolada, decorrentes de um
único fator. Dessa forma, é importante iniciar seu tratamento após sua
identificação, para que o provável efeito benéfico da intervenção possa resultar
em melhor qualidade de vida para o obeso.
1.6 Patologias associadas à obesidade
A obesidade está associada a algumas das mais prevalentes doenças
na sociedade moderna. Os maiores riscos à saúde causados por ela
aumentam progressivamente e desproporcionalmente ao aumento de peso.
A obesidade aumenta a incidência de diversos tipos de doenças,
especialmente as relacionadas com a síndrome metabólica, na qual é um
estado em que o indivíduo possui diversos fatores de risco para doenças
cardiovasculares. (TIRAPEGUI, 2006)
Durante muitos anos, pesquisadores diziam que o principal risco à saúde
era o excesso de gordura corporal. Com isso, foi concluído que o sobrepeso e
a obesidade estão associados a um aumento da taxa global de mortalidade,
pois à medida que os valores do IMC aumentam, mais elevado é o risco de
mortalidade por algum tipo de doença. (WILMORE; COSTILL, 2001)
25
Segundo Mcardle; Katch; Katch (2003) homens menos aptos, porém
magros, mostram um risco mais alto de mortalidade em relação a homens com
gordura excessiva, porém aptos. Sendo assim, aumentar o nível de atividade
física melhora a aptidão cardiovascular de pessoas com peso excessivo do que
somente a dieta, reduzindo o risco para a saúde.
Mcardle; Katch; Katch (2003) confirmam que ainda não foi esclarecido
se a perda de peso por parte de um adulto obeso ou com peso excessivo reduz
o risco de saúde até o nível dos indivíduos que nunca aumentaram o peso.
Entretanto, serão apresentadas as principais doenças que acometem
indivíduos com excesso de gordura corporal:
1.6.1 Doenças cardiovasculares
A inatividade física e baixo nível de condicionamento físico têm sido
considerados fatores de risco para mortalidade prematura. Estudos têm
demonstrado forte relação entre inatividade física, obesidade e presença de
fatores de risco cardiovascular e, por outro lado, a prática regular de atividade
física tem sido recomendada para a prevenção e tratamento de doenças
cardiovasculares, seus fatores de risco, e outras doenças crônicas. (CIOLAC;
GUIMARÃES, 2004)
No Brasil, a principal causa de morte são as doenças cardiovasculares
derivadas da obesidade, da hipertensão, do diabetes mellitus e do tabagismo.
(DÂMASO, 2003)
“O aumento do peso corporal é um dos fatores determinantes para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, de forma que para cada kg de
peso adquirido a pressão arterial sistólica se eleva em 1 mmHg.” (DÂMASO,
2003, p. 66)
A adiposidade abdominal, a resistência à insulina e a intolerância à
glicose são fatores coadjuvantes no desenvolvimento das doenças
cardiovasculares em obesos.
A maior prevalência de hipertensão na obesidade tem sido atribuída à
hiperinsulinemia decorrente da resistência à insulina presente em indivíduos
obesos, principalmente naqueles que apresentam excesso de gordura na
26
região do tronco. A hiperinsulinemia promove ativação do sistema nervoso
simpático e reabsorção tubular de sódio, o que contribui para aumentar à
resistência vascular periférica e a pressão arterial. (CARNEIRO et al., 2003)
De acordo com um estudo realizado por Carneiro et al. (2003) no
Ambulatório de Obesidade da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
com o objetivo de analisar o excesso de gordura corporal a fatores de riscos
para doenças cardiovasculares no período de março de 1998 a novembro de
1999, com participação de 499 pacientes do sexo feminino e masculino que
apresentavam sobrepeso e obesidade, os indivíduos com obesidade grau 1
apresentaram valores de riscos mais elevados que aqueles com sobrepeso. A
alta prevalência de hipercolesterolemia foi observada nos pacientes com
sobrepeso, e a prevalência desta condição se manteve praticamente inalterada
com o aumento do IMC. Sendo assim, eles concluíram que em todos os
subgrupos de indivíduos obesos (IMC > 30 kg/m2) a maior concentração de
gordura na região abdominal se associou a maior prevalência de hipertensão
arterial. Também constataram que nos indivíduos hipertensos houve elevação
dos valores da pressão sistólica e diastólica com o aumento do IMC, atingindo
diferença estatisticamente significativa entre grupos com sobrepeso e com
obesidade grau 3.
Contudo, o aumento na adiposidade corporal eleva a pressão arterial,
principalmente em indivíduos que apresentam distribuição central de gordura,
embora o aumento da gordura esteja também associado ao aumento de
prevalência de outros fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Segundo Carneiro et al. (2003) a chance de um indivíduo com obesidade
grau 3 ser também portador de hipertensão é sete vezes maior que a chance
de um indivíduo que apresenta apenas sobrepeso. Em indivíduos com mais de
40 anos, a presença de obesidade grau 3 se associa a um risco cinco vezes
maior de ocorrência de hipertensão arterial quando comparados aos indivíduos
com sobrepeso. Assim, os estudos sugerem que não é recomendado
envelhecer com IMC > 30 kg/m2, uma vez que a prevalência de hipertensão
neste grupo é alta, elevando o risco de eventos cardiovasculares.
1.6.2 Dislipidemias
27
O desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto calórico, juntamente
com o sedentarismo, os quais estimulam a obesidade, são fatores que
contribuem para o desenvolvimento das dislipidemias. Tanto o excesso de
gordura corporal, quanto à distribuição anatômica desta gordura, estão
relacionadas com as dislipidemias.
A adiposidade na região central do corpo influencia as concentrações
plasmáticas de lipídeos e de lipoproteínas, independentemente da quantidade
de gordura corporal total. Com isso, o risco para a saúde é aumentado, pois as
células adiposas viscerais são metabolicamente muito ativas e, quando são
estimuladas pela adrenalina, determina a quebra dos triglicerídeos (TG) com
conseqüente aumento de ácidos graxos livres no sangue. (DÂMASO, 2003)
A maior quantidade de gordura corporal diminui as atividades da LPL, o
que dificulta o catabolismo das lipoproteínas de baixa densidade (LDL-C), bem
como o decréscimo na síntese hepática de TG. O aumento nos níveis de TG e
LDL-C e VLDL-C (colesterol ruim) e diminuição do HDL-C (colesterol bom)
além de desenvolver a dislipidemia, torna elevado o risco de hipertensão,
diabetes, doenças cardiovasculares e aterosclerose. (GUEDES; GUEDES,
2003)
De acordo com Pitanga (2001) homens e mulheres ativos fisicamente
provavelmente têm maiores níveis de HDL-C e menores níveis de LDL-C que
seus pares inativos fisicamente. A hipótese dessas alterações em indivíduos
ativos fisicamente baseia-se no aumento da atividade da LPL, acelerando o
catabolismo das lipoproteínas ricas em triglicerídeos e aumentando a
concentração de HDL-C em função do exercício físico.
No entanto, existem indivíduos que utilizam dietas ricas em lipídeos e
apresentam peso normal ou baixo, sugerindo que, possivelmente, o excesso de
lipídeos ingerido possa estar em equilíbrio com a quantidade consumida pelo
organismo. Esta proteção pode ser fisiológica, com taxa metabólica ou
oxidação de lipídeos alterados, ou comportamental devido ao aumento na
atividade física. (ROSADO; MONTEIRO, 2001)
Cambri et al. (2006) colocam que pesquisas têm demonstrado que a
prática regular de exercício físico pode promover efeitos crônicos como:
diminuição na concentração de TG, LDL, colesterol total (CT), resistência à
insulina, massa corporal, IMC, com concomitante aumento nos níveis de HDL,
28
massa corporal magra e taxa metabólica basal. Desta forma, os exercícios
físicos apresentam relação inversa com o desenvolvimento de doenças
crônico-degenerativas.
No geral, os exercícios físicos podem contribuir indiretamente para
melhorias do perfil lipídico, auxiliando na redução da massa corporal, pois para
cada kg de massa corporal perdida, ocorre redução de 1% nos níveis de CT e
LDL, diminuição de 5-10% nos TG e aumento de 1-2% nas concentrações de
HDL. (CAMBRI et al., 2006)
A obesidade e a elevação dos lipídeos plasmáticos estão relacionados
com o aumento no percentual de gordura, a má qualidade e a quantidade
inadequada de alimentos ingeridos, a diminuição da prática de exercício físico
e a degradação da qualidade de vida.
Portanto, é importante a participação em programas regulares de
exercícios físicos direcionados a redução do peso corporal e ao aumento da
capacidade aeróbica, a fim de que seja possível obter benefícios mais
significativos em relação a valores de lipoproteínas plasmáticas mais
adequados e, conseqüentemente, prevenção de doenças cardiovasculares.
1.6.3 Diabetes mellitus
A obesidade, particularmente aquela localizada na região abdominal,
pode elevar o risco da ocorrência de diabetes mellitus não-dependente de
insulina (tipo 2) em dez vezes. (FRANCISCHI et al., 2000)
A obesidade e a resistência insulínica estão presentes em mais de 80%
dos casos, e o tratamento requer dieta balanceada, hipocalórica e a realização
de exercícios físicos. Mas, se forem insuficientes, é necessário o uso de
medicamentos.
As células adiposas são responsáveis pela produção e pela liberação de
algumas substâncias que estimulam o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Com isso, a deficiência na produção das proteínas transportadoras de glicose
(GLUT-4) do tecido adiposo acaba promovendo elevação nos níveis de insulina
e glicose na corrente sangüínea.
29
Para Francischi et al. (2000) o tecido adiposo atua aumentando a
demanda por insulina e, em pacientes obesos, é criada resistência a esta, o
que ocasiona aumento na glicemia e, conseqüente hiperinsulinemia. Contudo,
a sensibilidade do tecido adiposo à insulina pode permanecer alta, o que
sugere que a lipogênese possa estar favorecida. Em alguns casos, essa
resistência pode ser atribuída à diminuição na concentração de receptores de
insulina, ou em falha no mecanismo de trânsito celular.
Além desses fatores, a obesidade visceral aumenta a quantidade de
ácidos graxos livres (AGL) no plasma, promovendo maior atividade lipolítica e
provocando uma exacerbada exposição dos tecidos hepáticos aos AGL,
mudando a ação da insulina, criando resistência à mesma.
1.6.4 Outras alterações das funções orgânicas
Evidências mostram que homens e mulheres obesos apresentam maior
risco de desenvolver algum tipo de câncer, principalmente cólon e próstata,
mamas, endométrio e ovários, respectivamente. Alterações ortopédicas, ósteo-
artrites, principalmente nas articulações dos joelhos, disfunções menstruais e
ácido úrico também são comuns em indivíduos obesos. (GUEDES; GUEDES,
2003)
A prevalência e a extensão das alterações das funções orgânicas variam
de acordo com o indivíduo e o grau de obesidade. Muitas pessoas obesas
apresentam problemas respiratórios, levando a uma letargia por causa do
aumento do dióxido de carbono no sangue, e a policitemia devido à menor
oxigenação. Essas alterações podem levar a uma coagulação anormal
(trombose), ao aumento do tamanho do coração e à insuficiência cardíaca
congestiva.
O aumento na quantidade de gordura acumulada na região peitoral e
abdominal limita os movimentos respiratórios e diminui o volume pulmonar. Na
medida em que o indivíduo se torna mais obeso, ocorre sobrecarga muscular
para a ventilação, resultando em disfunção da musculatura respiratória.
(FRANCISCHI et al., 2000)
30
Em geral, pessoas com obesidade acabam apresentando uma menor
tolerância ao exercício devido a problemas respiratórios por causa da grande
massa corporal que deve ser movida durante o mesmo. (WILMORE; COSTILL,
2001)
Contudo, a obesidade pode estar associada a uma série de desordens,
como problemas no trato digestivo (problemas no fígado e esofagite),
tromboembolias, diminuição na capacidade cardíaca e problemas de pele,
maior incidência de complicações cirúrgicas e obstétricas, e mais
suscetibilidade a acidentes. (FRANCISCHI et al., 2000)
Entretanto, a duração e progressão do estado de obesidade são outros
fatores importantes na associação entre o excesso de gordura e os índices de
morbidade e mortalidade, tornando os efeitos nocivos mais aparentes quando o
excesso de gordura é mantido por volta de 10 anos ou mais.
Sendo assim, a obesidade deve ser evitada e/ou tratada o quanto antes
e, a principal etapa do tratamento deve consistir numa reestruturação do
comportamento do indivíduo, através do aumento na quantidade de atividade
física praticada e reeducação alimentar, em busca de um estilo de vida
saudável.
31
CAPÍTULO II
FATORES QUE INLFLUENCIAM NO CONTROLE DA OBESIDADE
2 METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO
O armazenamento de gorduras envolve etapas múltiplas como ingestão
dos alimentos, digestão, absorção e o processamento dos mesmos para que
sejam utilizados ou armazenados no tecido adiposo.
De acordo com Bouchard (2003, p. 207) “o tecido adiposo representa o
maior reservatório de energia do organismo.”
Em seres humanos, dois tipos de tecidos adiposos são encontrados: o
tecido adiposo marrom e o tecido adiposo branco, amplamente distribuído por
todo o organismo.
O tecido adiposo branco é a maior reserva de triglicerídeos nos períodos
de excesso de energia e de mobilização durante períodos de deprivação. Sua
função é regular o balanço energético e auto-regulação sobre os processos de
crescimento e desenvolvimento. Esse tecido desenvolve importante papel na
regulação do metabolismo lipídico, podendo ser dividido em periférico e central.
O tecido adiposo periférico está distribuído entre a pele e os músculos.
Em seguida, o tecido adiposo central se localiza circundante e entremeado às
vísceras da cavidade peritoneal. (DÂMASO, 2003)
O tecido adiposo marrom tem o papel de regular o gasto energético, pois
desempenha função termogênica. Nesse tecido encontra-se a proteína
desacopladora identificada (UCP1) que desempenha o papel na produção de
calor, através da fosforilação oxidativa mitocondrial, sem produzir ATP. Esse
tecido encontra-se distribuído na região interescapular. (DÂMASO, 2003)
Os tecidos adiposos são constituídos de adipócitos e pré-adipócitos, que
são células ricas em triglicerídeos. Este último consiste em células dentro do
tecido adiposo que contêm gotas de gordura e, por estímulo hormonal, podem
se transformar em adipócitos. Segundo Dâmaso (2003) a obesidade humana é
caracterizada principalmente pela hipertrofia dos adipócitos e, em indivíduos
32
com obesidade severa há um aumento no número de adipócitos devido ao
recrutamento de pré-adipócitos inativos.
Nos últimos anos, estudos têm identificado o tecido adiposo como um
órgão endócrino. Contudo, novas pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o
intuito de investigar os principais mecanismos moleculares e hormonais e a
inter-relação destes com o sistema nervoso central, para então compreender a
regulação do consumo e do gasto energético.
A maior parte de diversas doenças está relacionada à ação do tecido
adiposo como órgão endócrino, uma vez que os adipócitos sintetizam diversas
substâncias como adiponectina, glicocorticóides, fator de necrose tumoral
(TNFα), hormônios sexuais, interleucina-6 (IL-6) e leptina, que atuam no
metabolismo e controle de diversos sistemas. (ROMERO; ZANESCO, 2006)
No entanto, a leptina, uma das principais substâncias sintetizadas, é
uma proteína composta por 167 aminoácidos, tornando um hormônio
polipeptídeo, produzido principalmente no tecido adiposo branco. Ela é
responsável pelo controle da ingestão alimentar, atuando em células neuronais
do hipotálamo no sistema nervoso central. A ação da leptina no sistema
nervoso central (hipotálamo) promove a redução da ingestão alimentar e o
aumento do gasto energético, além de regular a função neuroendócrina e o
metabolismo da glicose e de gorduras. (ROMERO; ZANESCO, 2006)
A expressão da leptina é controlada por diversas substâncias, como a
insulina, os glicocorticóides e as citocinas pró-inflamatórias. Estados
infecciosos e as endotoxinas também podem elevar a concentração plasmática
de leptina. Inversamente, a testosterona, a exposição ao frio e as
catecolaminas reduzem a síntese de leptina.
Situações de estresse impostas ao corpo, como jejum prolongado e
exercícios físicos intensos, provocam a diminuição dos níveis circulantes de
leptina, comprovando dessa maneira, a atuação do sistema nervoso central na
inibição da liberação de leptina pelos adipócitos.
A concentração plasmática de leptina está parcialmente relacionada ao
tamanho da massa de tecido adiposo presente no corpo. Indivíduos obesos
apresentam um aumento do número de células adiposas, o que significa uma
maior quantidade de RNAm encontrada em seus adipócitos do que em sujeitos
eutróficos. Entretanto, a concentração sérica de leptina não é dependente
33
somente do tamanho do tecido adiposo, uma vez que a redução de 10% do
peso corporal provoca diminuição de cerca de 53% de leptina plasmática,
sugerindo que outros fatores, além da adiposidade tecidual, estão envolvidos
na regulação de sua produção. (ROMERO; ZANESCO, 2006)
A leptina reduz o apetite a partir da inibição da formação de
neuropeptídeos relacionados ao apetite. Assim, altos níveis de leptina reduzem
a ingestão alimentar enquanto que baixos níveis induzem à hiperfagia.
No entanto, indivíduos obesos apresentam elevados níveis plasmáticos
de leptina, cerca de cinco vezes mais que aqueles encontrados em sujeitos
magros. As mulheres possuem maior concentração plasmática de leptina que
os homens. Esses contrastes indicam que os mecanismos que controlam o
metabolismo e o peso corporal em humanos são mais complexos do que se
imagina, e maiores investigações relacionadas ao gênero e à espécie são
necessárias. (ROMERO; ZANESCO, 2006)
A hiperleptinemia, encontrada em pessoas obesas, é atribuída a
alterações no receptor de leptina ou a uma deficiência em seu sistema de
transporte na barreira hemato-cefálica, fenômeno denominado resistência à
leptina, semelhante ao que ocorre no diabetes mellitus. A produção de leptina
em pessoas eutróficas segue um ritmo circadiano e aumenta durante o ciclo
menstrual em mulheres.
Quando os primeiros trabalhos reportaram que a administração exógena
de leptina em camundongos de genes ob/ob (obesos) provocava redução da
hiperfagia e do peso corporal nesses animais, gerou-se grande expectativa a
respeito de sua utilidade no tratamento da obesidade em seres humanos. A
esperança de utilizar a leptina exógena no tratamento de humanos obesos foi
ainda intensificada, pois até o momento, existem apenas duas drogas
aprovadas pelo Food and Drug Administration para o tratamento e controle da
obesidade, a sibutramina e o orlistat. Mas, a grande maioria de pessoas
obesas apresentam quadro de resistência à leptina, ou seja, apresentam
grandes quantidades de leptina na circulação, mas seu efeito de saciedade e
inibição do apetite não ocorre. Dessa forma, a eficácia da administração de
leptina a esses indivíduos permanece duvidosa e seus efeitos ainda não foram
comprovados. (MOTA; ZANESCO, 2007)
34
Já Lopes et al. (2004) confirmam que a leptina funcional pode ser
produzida pelo músculo e liberada na circulação sangüínea, reforçando a
hipótese de que a leptina contribui aos efeitos de regulação do peso e da
gordura corporal, podendo constituir-se numa via de aplicação da terapia
gênica no tratamento da obesidade.
Além de seu importante papel no metabolismo, a leptina também parece
participar no controle dos sistemas hematopoiético, imune, reprodutor,
cardiovascular e no metabolismo ósseo.
Um outro hormônio recentemente descoberto é a grelina, que participa
também na regulação do balanço energético. Essa é um peptídeo gástrico
composto por 28 aminoácidos, que estimula a secreção de hormônio do
crescimento (GH) e aumenta a adiposidade. (DÂMASO, 2003)
De acordo com Romero; Zanesco (2006) recentes estudos com roedores
sugerem que a grelina, administrada perifericamente ou centralmente,
independentemente do GH, diminui a oxidação das gorduras e aumenta a
ingestão alimentar e a adiposidade.
Sendo assim, esse hormônio parece estar envolvido no estímulo para
iniciar uma refeição. Sabe-se ainda que os níveis de grelina sejam
influenciados por mudanças agudas e crônicas no estado nutricional,
encontrando-se elevados em estado de anorexia nervosa e reduzidos na
obesidade.
Sua concentração plasmática é diminuída após refeições ricas em
carboidratos, concomitantemente à elevação de insulina plasmática. Por outro
lado, níveis plasmáticos aumentados de grelina foram encontrados após
refeições ricas em proteína animal e lipídeos, associados ao pequeno aumento
da insulina plasmática. (ROMERO; ZANESCO, 2006)
Entretanto, o aprofundamento dos conhecimentos sobre esses
peptídeos torna-se de grande relevância na manutenção e preservação da
qualidade de vida da população, e poderá proporcionar novas abordagens
terapêuticas no tratamento da obesidade.
“Os lipídeos são caracterizados como macronutrientes, pois são
necessários em quantidades de 20% a 30% da ingestão calórica total,
fornecendo cerca de 9 calorias por grama.” (DÂMASO, 2003, p. 221)
35
A unidade estrutural dos lipídeos é o ácido graxo, sendo essa molécula
que confere a natureza gordurosa, tornando-os insolúveis no meio aquoso.
Nesse sentido, o ácido graxo é sintetizado e transformado em triglicerídeos
para ser armazenado no fígado e no tecido adiposo.
A lipólise e a lipogênese representam as vias do metabolismo lipídico,
responsáveis pela degradação e síntese de lipídeos, respectivamente.
“A lipólise ocorre no tecido adiposo sob a ação da enzima lipase
hormônio sensível (LHS), enquanto que a lipogênese é estimulada nos tecidos
adiposos e no hepático sob a ação, principalmente, da enzima LPL.”
(DÂMASO, 2003, p. 222)
Portanto, o aumento da ingestão de carboidratos, em dietas
hipercalóricas, estimula o processo de lipogênese dentro de alguns dias.
Enquanto isso, dietas com alto teor de lipídeos provoca aumento imediato e
direto na deposição lipídica no organismo.
2.1 Componentes do gasto energético
O metabolismo envolve todas as reações químicas das moléculas
biológicas dentro do corpo, incluindo tanto a síntese (anabolismo) quanto a
degradação (catabolismo) das mesmas.
“O gasto energético diário total pode ser dividido em três componentes:
taxa metabólica de repouso (TMR), efeito térmico dos alimentos (ETA) e gasto
energético na atividade física (GE).” (BOUCHARD, 2003, p. 121)
2.1.1 Taxa metabólica de repouso
A TMR é a energia necessária para o corpo manter os processos
fisiológicos normais, compreendendo aproximadamente 70% do gasto
energético diário. (BOUCHARD, 2003)
Contudo, sua mensuração exige critérios como a realização pelo período
da manhã, em jejum e antes de qualquer atividade física, além de não ter
fumado nas últimas 12 horas que antecedem a medida.
36
Bouchard (2003, p. 84) “cita que estudos mais recentes demonstraram
que, para qualquer tamanho corporal especificado e composição corporal, a
TMR pode ser bastante diferente entre os indivíduos.”
A necessidade energética para manutenção do metabolismo de repouso
é proporcional ao tamanho e às variações associadas à composição corporal.
Indivíduos mais altos e mais pesados tendem a apresentar o metabolismo de
repouso mais elevado que indivíduos de menor estatura e peso corporal.
Aspectos morfológicos como sexo e idade são outros fatores
determinantes na TMR. Mulheres apresentam esse metabolismo cerca de 5% a
10% menor que os homens, devido as diferenças metabólicas específicas de
ambos os sexos. Além disso, com o envelhecimento, a quantidade de células
metabolicamente ativas diminui, fazendo com que a TMR se reduz entre 2% e
5% a cada década de vida e em ambos os sexos. (GUEDES; GUEDES, 2003)
2.1.2 Efeito térmico dos alimentos
O ETA é definido como o aumento da taxa metabólica associado à
digestão, à absorção, ao transporte, ao metabolismo e ao armazenamento do
alimento ingerido, representando aproximadamente 10% do gasto energético
diário total. (WILMORE; COSTILL, 2001)
O ETA é melhor medido por calorimetria indireta. No entanto, é medido
por um período de tempo após a refeição, com o indivíduo deitado ou sentado,
em repouso. Após, é calculado como a área sob a curva de resposta, gerada
pelos valores do gasto energético contra o tempo, colocados em gráfico, sendo
expresso como porcentagem de energia total ingerida. Dependendo do
tamanho das refeições ingeridas no teste, o ETA pode durar até 6 horas.
(BOUCHARD, 2003)
Segundo Wilmore; Costill (2001, p. 667) “o componente do ETA pode ser
defeituoso nas pessoas com obesidade em razão de um defeito do
componente de desperdício de energia, levando a um excesso de calorias.”
2.1.3 Gasto energético na atividade física
37
O GE é simplesmente a energia despendida acima da TMR para realizar
uma determinada tarefa ou atividade. Representa os 15% a 30% restantes do
gasto energético. (WILMORE; COSTILL, 2001)
A quantidade total de atividade física realizada durante um dia é a soma
do exercício programado, das atividades associadas à vida diária e das
atividades musculares improdutivas, como inquietação e tremores, algumas
vezes referidas como termogênese da atividade física sem exercício.
“Estudos demonstram que a realização de movimentos espontâneos
pode justificar variações entre 100 e 800 Kcal na demanda energética/dia de
indivíduos obesos e não-obesos.” (GUEDES; GUEDES, 2003, p. 65)
Contudo, especialistas da área têm procurado enfatizar a importância de
se adotar um estilo de vida fisicamente ativo, pois existem evidências na
literatura mostrando que o exercício físico pode aumentar cronicamente o gasto
energético, favorecendo o balanço energético negativo.
2.2 Controle do peso corporal
Como já foi citado no capítulo I, o sobrepeso e a obesidade atingem
grande parte da população mundial e estão associados ao aumento da
mortalidade e ao desenvolvimento de doenças crônico-degenerativos. Assim,
várias pessoas almejam alcançar equilíbrio no balanço energético.
O equilíbrio energético é fator determinante tanto na redução do peso
corporal como na sua manutenção. Consiste na relação entre o consumo
(ingestão de alimentos) e demanda energética (trabalho biológico). (GUEDES;
GUEDES, 2003)
No caso do organismo humano, a energia necessária para atender a
demanda solicitada pelo trabalho biológico é sintetizada dos alimentos que são
consumidos. Portanto, o equilíbrio energético indica o estado nutricional com
repercussões diretas na variação do peso corporal. (GUEDES; GUEDES,
2003)
Segundo Dâmaso, (2003); Guedes; Guedes, (2003); Foss; Keteyian,
(2000) a relação consumo-demanda energética proporciona 3 situações:
equilíbrio isoenergético, equilíbrio positivo e equilíbrio negativo (figura 2).
38
Quando a ingestão for igual ao gasto energético, o peso se manterá
estável, caracterizando um equilíbrio isoenergético. Se a ingestão for maior que
o gasto energético, ocorrerá um equilíbrio energético positivo, o qual levará a
um aumento do peso corporal. E, quando o gasto energético exceder a
ingestão, o equilíbrio energético será negativo ocasionando redução do peso
corporal.
Fonte: (Tavares, 2004)
Figura 2: Relação consumo-demanda no equilíbrio energético.
Assim, sempre que um indivíduo se preocupar em emagrecer, sua
refeição deve estar associada à equação do equilíbrio energético. Essa
equação estabelece que a massa corporal permanecerá constante quando a
ingestão calórica diária for igual ao gasto calórico diário. (SIMÃO, 2004)
Contudo há três maneiras de desequilibrar a equação do equilíbrio
energético para obter perda de peso: manter o gasto energético e reduzir a
ingestão calórica abaixo das necessidades diárias ou manter a ingestão
calórica e aumentar o gasto calórico através de atividades físicas adicionais ou
39
combinar as duas maneiras anteriores, reduzindo a ingestão alimentar diária e
aumentando o gasto energético diário. (SIMÃO, 2004; DÂMASO, 2003;
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003) Atualmente existem diversas formas de se combater a obesidade, dentre
elas a dieta e o exercício físico.
As dietas hipocalóricas, também conhecidas como dieta calórica muito
baixa (DCMB) reduzem o aporte calórico e, conseqüentemente, o organismo
vai buscar energia nos estoques para atender às necessidades biológicas,
provocando assim uma redução no peso corporal. (MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2003; SIMÃO, 2004)
Segundo Simão (2004) as dietas com baixo teor calórico, em média de
800 à 1200 calorias por dia, provocam perda de até 45% do peso corporal
sendo oriunda do tecido muscular.
Já McArdle; Katch; Katch (2003) dizem que a DCMB pode ser benéfica
para obesidade clínica grave, na qual a gordura corporal ultrapassa as 40 à
50% da massa corporal. Portanto, este tipo de dieta é recomendada pelos
médicos somente em obesos graves que necessitam de intervenções
cirúrgicas. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003; SIMÃO, 2004)
Diferentemente do que ocorre com as dietas hipocalóricas ou DCMB,
que possuem resultados a curto prazo, os exercícios físicos demonstram ser
mais eficientes a médio e longo prazo no processo de redução do peso
corporal. O exercício físico é uma opção capaz de alterar o equilíbrio
energético induzindo modificações favoráveis na composição corporal.
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003)
No entanto, torna-se necessário a aplicação de um programa de
exercício físico regular, sendo coerente com as condições físicas atuais do
indivíduo ajustando a intensidade, duração e tipo de exercício.
40
CAPÍTULO III
EXERCÍCIO FÍSICO E OBESIDADE
O incremento da prática de exercícios físicos constitui um dos
procedimentos mais empregados para o tratamento da obesidade.
Estudos comprovam a eficácia do exercício para aumento de queima de
gordura e diminuição da massa corporal. Pessoas que se exercitam
regularmente conseguem alcançar melhores resultados na perda de massa
corporal do que as que não realizam nenhum tipo de exercício. (FERNANDEZ
et al., 2004)
Via de regra, tem-se comprovado que indivíduos com sobrepeso e
obesidade são mais hipoativos que hiperconsumidores de alimentos,
destacando a inatividade física como fator mais importante no aumento e na
manutenção do peso corporal em níveis elevados. (GUEDES; GUEDES, 2003)
Contudo, a prática de exercícios físicos é difícil e desmotivante para
indivíduos obesos, principalmente porque o excesso de peso reduz a eficiência
mecânica e a amplitude de movimentos, causando desconforto, dores e uma
certa resistência psicológica.
O exercício físico demonstra modesta influência na perda de peso em
relação às dietas hipocalóricas que são efetivas no início do processo, porém o
exercício tem importante participação na manutenção do peso corporal dentro
dos limites desejáveis por longo tempo.
Evidência científica sugere que a combinação da modificação da dieta com exercício é o procedimento mais efetivo para obter a perda de peso, e a manutenção do exercício pode ser um dos melhores requisitos para a permanência do peso a longo prazo. (SIMÃO, 2004, p. 147)
O corpo não gasta energia somente durante a prática de exercício físico,
mas o metabolismo permanece temporariamente elevado após o término da
atividade. Esse fenômeno é denominado de consumo de oxigênio pós-
exercício (EPOC). Isso se torna importantíssimo quando o objetivo é redução
do peso corporal, pois mantêm o gasto energético substancialmente elevado
41
aproximadamente 24 horas ou mais pós-exercício. (WILMORE; COSTILL,
2001)
Durante o exercício ocorre o aumento da lipólise resultante da maior
secreção do hormônio de crescimento, maior atividade do sistema nervoso
simpático no tecido adiposo e aumento das catecolaminas circulantes. E,
durante a recuperação, essas substâncias permanecem elevadas, favorecendo
menor armazenamento de gordura no corpo. (DÂMASO, 2003; WILMORE;
COSTILL, 2001)
Pessoas com grande quantidade de gordura na região abdominal
apresentam alta concentração de triglicerídeos intramusculares. Entretanto,
durante exercício aeróbio em intensidade moderada, mulheres obesas têm
maior oxidação desses triglicerídeos do que as eutróficas. (DÂMASO, 2003)
O exercício físico resulta na preservação de massa magra, ajudando o
organismo a ter um metabolismo mais alto, e diminuição de gordura,
principalmente durante o repouso (SIMÃO, 2004). Sendo assim, durante um
programa de redução de massa corporal somente com dieta e sem exercício, o
resultado é perda de menos gordura e mais musculatura. (SABIA; SANTOS;
RIBEIRO, 2004; WILMORE; COSTILL, 2001)
Dessa forma, a vantagem da utilização do exercício isoladamente nos
programas de perda de peso é que a composição do peso perdido é mais de
tecido adiposo do que de tecido magro. (POWERS; HOWLEY, 2005)
Existe também a necessidade de ressaltar que, para executar o mesmo
esforço físico, indivíduos mais pesados utilizam mais energia do que os de
peso corporal menor, devido à maior massa corporal extra a ser movida.
(GUEDES; GUEDES, 2003)
Segundo Pitanga (2001) estudos populacionais têm demonstrado que
indivíduos vigorosamente ativos apresentam maiores níveis de HDL quando
comparados a sedentários, mesmo após ajustamento estatístico no peso
corporal.
Muitas pessoas acreditam que, exercitando uma determinada área do
corpo, a gordura dessa área será utilizada, e assim, diminuirá. No entanto,
pesquisas evidenciaram que a redução local é um mito e que o exercício,
mesmo localizado, mobiliza todos os depósitos de gordura do corpo.
(DÂMASO, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001)
42
Para Tirapegui (2006) a utilização do exercício físico planejado como
única estratégia no tratamento da obesidade é limitada, pois o déficit energético
criado é relativamente pequeno para a quantidade de energia necessária a
uma perda de peso corporal significativa. Entretanto, os benefícios do exercício
regular no metabolismo e na saúde de um indivíduo são inúmeros.
Uma vez que o exercício físico e a intervenção dietética em crianças de
oito anos de idade muito obesas podem diminuir a velocidade de aumento da
quantidade de células adiposas, que está relacionada à obesidade quando
adultas, é óbvio que se deve enfatizar o tratamento durante a infância.
(POWERS; HOWLEY, 2005)
As evidências revelam que o exercício é uma parte importante de
qualquer programa de perda de peso. Todavia, para maximizar essas perdas
ponderais e de gordura corporal é necessário que o exercício seja combinado
com uma diminuição da ingestão calórica. (WILMORE; COSTILL, 2001)
O exercício físico regular resulta benefícios para o organismo, como
melhora na capacidade cardiovascular e respiratória, diminuição na pressão
arterial em hipertensos, melhora na tolerância a glicose e na ação da insulina.
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003; FRANCISCHI et al., 2000; CIOLAC,
GUIMARÃES, 2004)
O exercício também contribui para redução do peso corporal através da
criação de balanço energético negativo. (GUEDES; GUEDES, 2003)
O aumento da prática da atividade física significa uma perturbação no
equilíbrio do balanço energético e de macronutrientes. O treinamento induz à
mudanças adaptativas: o aumento na capacidade de exercitar em alta
intensidade por períodos maiores e o aumento da oxidação de gorduras, que
promove sua perda gradual e mantém o peso perdido alcançado inicialmente
com a dieta hipocalórica. (GUEDES; GUEDES, 2003; FRANCISCHI et al.,
2000)
Contudo, ao prescrever um treinamento físico com o objetivo de obter
algum efeito fisiológico de treinamento, seja ele para melhorar o
condicionamento físico ou a prevenção e tratamento de doenças, devem-se
levar em consideração quatro princípios básicos. (MCARDLE; KATCH; KATCH,
2003; GUEDES; GUEDES, 2003; CIOLAC; GUIMARÃES, 2004; HERNANDES
JÚNIOR, 2000)
43
O primeiro é o princípio da sobrecarga, que preconiza que, para haver
uma resposta fisiológica ao treinamento físico, é necessário que o exercício
seja realizado numa sobrecarga maior do que a que se está habituado, a qual
pode ser controlada pela intensidade, duração e freqüência do exercício,
respeitando a individualidade de cada um.
O segundo é o princípio da especificidade, que se caracteriza pelo fato
de que modalidades específicas de exercício desencadeiam adaptações
específicas que promovem adaptações fisiológicas específicas.
Já o terceiro é o princípio da individualidade, pelo qual deve-se respeitar
a individualidade biológica de cada indivíduo na prescrição de um determinado
programa de exercício.
Enfim, o quarto princípio é o da reversibilidade, que se caracteriza pelo
fato de que as adaptações fisiológicas promovidas pela realização de exercício
físico retornam ao estado original de pré-treinamento quando o indivíduo
retorna ao estilo de vida sedentário.
Portanto, ao elaborar um programa de treinamento, o profissional de
educação física além de dominar os quatro princípios também deve levar em
consideração o tipo, intensidade e duração do exercício, para que possa
alcançar o suposto objetivo.
3 TIPOS, INTENSIDADE, FREQÜÊNCIA E DURAÇÃO DO EXERCÍCIO
FÍSICO
A energia gasta durante as atividades físicas depende da intensidade e
da duração, correspondendo ao maior efeito sobre o gasto energético humano.
Em indivíduos muito sedentários, a energia gasta pela atividade física pode ser
menor que 100 kcal/dia enquanto em um atleta este valor pode exceder 3000
kcal/dia. (FRANCISCHI; PEREIRA; LANCHA JÚNIOR, 2001)
Dados experimentais concluíram que o exercício físico de baixa a
moderada intensidade controla o apetite, diminuindo o consumo voluntário de
alimentos. No entanto, esforços físicos mais vigorosos podem induzir aumento
na ingestão de alimentos. (GUEDES; GUEDES, 2003)
44
Contraditoriamente, Dâmaso (2003) ressalta que a diminuição do apetite
ocorre em níveis intensos de exercício, nos quais os níveis elevados de
catecolaminas, o aumento da temperatura corporal e condições de umidade e
calor elevados poderiam suprimir o apetite.
Mcardle; Katch; Katch (2003) ressaltam um estudo feito em crianças
com gordura excessiva que foram submetidas a 4 meses de exercício aeróbico
em sessões de 40 minutos, 5 dias por semana, sem qualquer restrição
dietética. As crianças submetidas ao exercício acumularam muito menos tecido
adiposo visceral que os controles que não se exercitaram.
De acordo com Dâmaso (2003) as intensidades dos exercícios são
expressas em porcentagens do consumo máximo de oxigênio (VO2máx)
durante o exercício, correspondendo intensidades leves valores iguais ou
menores a 45%, intensidades moderadas entre 50% a 65% e altas
intensidades estão para valores maiores que 65% do VO2máx.
Para Dâmaso (2003) o total de energia despendido em 30 minutos de
exercício realizado a 75% do VO2máx é maior quando comparado ao exercício
realizado a 50% do VO2máx. Porém, exercício em intensidade moderada seria
mais indicado para pessoas obesas, pois resulta em maior oxidação de
gorduras. Já, exercícios em intensidades altas apresentam grandes riscos de
lesões. Adicionalmente, nessa intensidade há predominância de carboidratos
como fonte de energia, diminuindo a oxidação de lipídeos.
No entanto, conforme a intensidade do exercício aumenta, ocorre
aumento progressivo na oxidação de carboidratos e um correspondente
decréscimo na oxidação de gorduras.
Com isso, o treinamento induz adaptações no músculo esquelético que
aumentam a utilização de gorduras e diminui a oxidação de carboidratos,
visando a economia nas reservas de glicogênio para prolongar o tempo de
esforço. (FRANCISCHI; PEREIRA; LANCHA JÚNIOR, 2001)
Fernandez et al. (2004) concluíram em seu estudo que, grupos que
praticaram exercício físico 3 vezes por semana, por 3 meses, com duração de
40 minutos no primeiro mês, 50 minutos no segundo e 60 minutos no terceiro
mês, reduziram a massa corporal e o IMC, quando comparados a valores inicial
e final. Isso indica que, mesmo sem uma dieta restritiva, o exercício físico é
capaz de promover uma perda de massa corporal.
45
Um programa ideal de exercício para redução ponderal deve haver
equilíbrio entre intensidade e duração, de forma a promover um alto dispêndio
calórico de 300 a 500 kcal por dia, não ultrapassando uma perda de peso de 1
kg por semana, representando dessa forma, sucesso na manutenção do peso
perdido, poucos riscos de desnutrição e de complicações médicas. (ACSM,
2003; DÂMASO, 2003; GUEDES E GUEDES, 2003; FRANCISCHI; PEREIRA;
LANCHA JÚNIOR, 2001)
No estudo de Monteiro; Riether; Burini (2004) realizado com mulheres na
menopausa e que apresentavam IMC igual ou superior a 30 kg/m2, durante 40
semanas, dividido em dois grupos, sendo um grupo dieta (GD, n=13) - teve
apenas acompanhamento com nutricionista, e um grupo exercício (GE, n=13) -
teve intervenção nutricional acoplada à caminhada de 60% a 80% da FC
máxima, três sessões semanais e com duração de 60 minutos. Ambos
diminuíram o peso corporal e o IMC, mas apenas o grupo exercício foi o que
mais reduziu o IMC, constatando mudanças positivas de categoria na
classificação, diminuindo os riscos para saúde, promovendo mudanças de
comportamento e, conseqüentemente, melhoria na qualidade de vida dessas
mulheres.
Resultados de pesquisas recentes demonstraram que o exercício
moderado, realizado duas vezes por semana, associado à reeducação
alimentar, aumentou a TMR e diminuiu a massa adiposa tanto em mulheres
obesas na pré-menopausa quanto em adolescentes. (DÂMASO, 2003)
Embora a maioria dos estudos tenha examinado o efeito do exercício
aeróbio sobre a perda de peso, a inclusão do exercício resistido mostra
vantagens. O exercício resistido é um potente estímulo para aumentar a
massa, força e potência muscular, podendo ajudar a preservar a musculatura,
que tende a diminuir devido à dieta, maximizando a redução de gordura
corporal.
Francischi; Pereira; Lancha Júnior (2001) citam um estudo feito por Balor
et al. em 1996, onde examinaram 18 indivíduos obesos após se submeterem à
redução de peso, divididos em grupo de exercício aeróbio (A) e grupo com
treinamento de força (WT), medindo composição corporal por pesagem
hidrostática e TMR por espirometria. Após 12 semanas de exercícios físicos,
sem dietas, apenas o grupo A apresentou perda de peso, de gordura e
46
aumento do VO2 pico. Porém, apenas o grupo WT apresentou tendências em
aumento de massa magra e na TMR. Com esses resultados, pode-se perceber
que os tecidos magros e gordos respondem de maneira diferente à distintos
tipos de treinamento.
Com relação ao treinamento com pesos e níveis plasmáticos de leptina,
Mota; Zanesco (2007) mostram em um estudo envolvendo jovens fisiculturistas
e jovens sedentários com sobrepeso ou com peso considerado normal, que os
níveis de leptina eram semelhantes entre os grupos, e que o treinamento com
pesos com objetivo de hipertrofia muscular não influenciava a concentração de
leptina, independentemente das variações na composição corporal
encontradas.
Recente estudo comparou diferentes protocolos comumente utilizados
de treinamento com pesos (força máxima, hipertrofia muscular e resistência
muscular localizada), em dias diferentes, além de outro dia de controle, sem
exercício algum, nas mesmas condições, para observar o comportamento dos
níveis plasmáticos de leptina. Não houve nenhuma alteração na concentração
plasmática de leptina entre os diferentes tipos de protocolos empregados.
Poucos estudos foram realizados para verificar os efeitos do exercício
físico sobre os níveis plasmáticos de grelina. Esse fato é compreensível em
virtude desse hormônio ser relativamente novo. Entretanto, os poucos
trabalhos realizados mostram que os níveis plasmáticos de grelina não se
modificam em resposta ao exercício.
Enfim, Mota e Zanesco (2007) concluíram que o exercício físico aeróbio
não promove qualquer alteração nos níveis plasmáticos de grelina. A razão
para isso ainda não é clara, pois ainda não se conhece qual ou quais seriam os
mecanismos de controle neuro-hormonal da secreção de grelina.
De acordo com Santos et al. (2002) a redução nos depósitos de gordura
corporal, associada ao treinamento com pesos, pode ser produto da elevação
do EPOC, acarretada pela estimulação de alta intensidade. Isso contribui muito
para manutenção do peso corporal perdido por aumentar a massa muscular e a
TMR.
Portanto, o treinamento de força no tratamento do sobrepeso e da
obesidade é importante, pois o incremento do tecido muscular aumenta a TMR,
facilitando a oxidação de gorduras. Contudo, aliar os dois tipos de tratamentos,
47
ou seja, o treinamento de força e a dieta são fundamentais, pois o primeiro
preserva a massa magra enquanto que o segundo intensifica a perda de
gordura.
É consenso que os benefícios do treinamento físico regular sobre
parâmetros metabólicos e a conseqüente redução na mortalidade são
fundamentais na melhora da qualidade de vida de pessoas obesas. De fato,
parece que o treinamento não representa alterações muito significativas sobre
as taxas de perda de peso, mas possui relevante contribuição na manutenção
do peso perdido.
Estudos demonstram que os benefícios da atividade física sobre a
obesidade podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada ou alta,
indicando que a manutenção de um estilo de vida ativo, independente de qual
atividade praticada, pode evitar o desenvolvimento dessa doença. (CIOLAC;
GUIMARÃES, 2004)
Contudo, pensando em emagrecimento, o exercício mais indicado para
obesos, são aqueles que provoquem impacto positivo no controle do peso
corporal, ou seja, exercícios que utilizem grandes grupos musculares e que
possam ativar todo o sistema orgânico de oxigenação. (GUEDES; GUEDES,
2003). Os exercícios que prestam essa finalidade são os chamados aeróbicos,
que incluem esforços de média a longa duração. (GUEDES; GUEDES, 2003;
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003)
Ao iniciar as rotinas de exercício físico, o indivíduo sedentário deverá se
exercitar no mínimo 3 vezes por semana. As sessões não devem ser
realizadas em dias consecutivos e sim dar um tempo suficiente para que o
organismo se recupere de forma eficiente. (GUEDES; GUEDES, 2003)
Os principais estudos indicam que o ideal é exercitar-se de 5 a 6 vezes
por semana, e que somente duas vezes por semana não deverá produzir
modificações significativas quanto ao controle do peso corporal. (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2003; GUEDES; GUEDES, 2003; CIOLAC; GUIMARÃES,
2004)
Assim, para efeito do controle do peso corporal, os exercícios físicos
com duração inferior a 30 minutos são classificados de curta duração, já entre
30 e 60 minutos, de média duração e, acima de 60 minutos, de longa duração.
(GUEDES; GUEDES, 2003)
48
Contudo, ao levar em conta o controle do peso corporal, 45 minutos é o
tempo mínimo para que ocorram adaptações metabólicas e funcionais, esse
tempo deverá elevar-se gradativamente até alcançar 75 a 90 minutos por
sessão. (GUEDES; GUEDES, 2003)
Segundo Dâmaso (2003, p. 302) “evidências indicam que para
indivíduos obesos são necessários de 60 a 90 minutos de exercício moderado
ou um tempo menor, mas de forma mais intensa.”
O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 2003) recomenda
que programas de exercício para obesos comecem com o mínimo de 150
minutos semanais (30 minutos por sessão/5dias por semana) em intensidade
moderada e progridam gradativamente para 200 a 300 minutos semanais na
mesma intensidade e, se por algum motivo o obeso não puder aumentar, que
ele seja incentivado a realizar pelo menos o mínimo recomendado, pois mesmo
que o peso não reduza, haverá benefícios para a saúde.
Entretanto, segundo o ACSM (2003) os exercícios recomendados para o
emagrecimento seriam os aeróbios moderados de 60 à 79% VO2máx, com
freqüência de 3 a 5 vezes por semana, em sessões de 50 à 60 minutos.
A caminhada, a corrida, o ciclismo, a natação são exemplos de exercício
aeróbio, ou melhor, que induzem à adaptações metabólicas e funcionais para
controle do peso corporal. (GUEDES; GUEDES, 2003)
Além do exercício aeróbio, o treinamento de resistência também
constitui elementos positivos destinados a conseguir uma redução ponderal.
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003; CIOLAC; GUIMARÃES, 2004)
A recomendação atual para prática de exercício resistido, com objetivo
na redução do peso corporal, é realizar o maior número de séries (duas à três),
isso elevará o gasto energético da sessão de exercícios. (CIOLAC;
GUIMARÃES, 2004)
No entanto, tanto o exercício aeróbio como anaeróbio, aliado à
orientação nutricional, promove maior redução ponderal, quando comparado
com a orientação nutricional somente.
Enfim, seja qual for o tipo de exercício físico utilizado no tratamento da
obesidade, a intensidade da atividade deve ser sempre crescente, uma vez que
o indivíduo destreinado ou sedentário não é capaz de realizar uma atividade de
alta intensidade no começo do tratamento.
49
CONCLUSÃO
O presente trabalho demonstrou que as maiores causas da obesidade
são devido a fatores extrínsecos, isto é, alimentação inadequada e
sedentarismo.
Estudos mostraram que peso corporal elevado, principalmente, acúmulo
excessivo de gordura na região abdominal, tem extrema relação com doenças
cardiovasculares, diabetes mellitus e outras disfunções orgânicas.
Portanto, pessoas que se exercitam regularmente conseguem alcançar
melhores resultados na perda de massa corporal do que as que não realizam
nenhum tipo de exercício.
Ficou evidenciado nesse trabalho que, uma alimentação balanceada
combinada com exercício físico são as melhores formas de reduzir o peso
corporal, pois o exercício físico ajuda a prevenir a massa corporal magra e
aumentar a TMR, auxiliando na manutenção do peso perdido ao longo do
tempo. Assim, somente uma dieta hipocalórica reduz o peso, mas também
diminui a massa muscular juntamente com a gordura, dificultando sua
manutenção.
Os exercícios físicos mais preconizados pelos pesquisadores para
emagrecimento são os de características aeróbias (caminhada, corrida,
natação, ciclismo, etc) em intensidades leve a moderada (45 a 79% do
VO2máx), de 3 a 5 vezes por semana e no mínimo 30 minutos por sessão.
Esses exercícios são indicados por envolverem grandes grupamentos
musculares e metabolizar, principalmente, a gordura.
Os exercícios resistidos também podem ser aplicados, pois promove
incremento da massa muscular com concomitante aumento na TMR, o que
facilita a oxidação de gorduras. Porém, o número de séries e repetições deve
ser alto.
Contudo, o exercício físico é uma opção capaz de alterar o equilíbrio
energético induzindo modificações favoráveis na composição corporal. Além de
melhorar a composição corporal, o exercício físico proporciona outros
benefícios, tais como: melhora na capacidade cardiovascular e respiratória,
50
diminuição da pressão arterial em hipertensos, melhora na tolerância a glicose
e na ação da insulina, entre outros.
Enfim, não importa o tipo de exercício físico praticado, mas sim a busca
pelo estilo de vida ativo, melhorando sua qualidade de vida.
51
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