O saco dos contos - Santillana · 34 Desde muito pequeno que Lom adorava que o seu velho criado lhe contasse um conto antes de dormir. 001181 033-048.indd 34 27/04/17 14:56

Um conto asiático adaptado por Sílvia Moral

Ilustrado por Marta Álvarez

O saco dos contos

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Desde muito pequeno que Lom adorava que o seu velho criado lhe contasse

um conto antes de dormir.

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Todas as noites ouvia histórias maravilhosas sobre magos poderosos,

tigres ferozes, elefantes velhos e sábios, …

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— Conta-me outra história, por favor — suplicava Lom ao criado.

— Não, Lom, já são horas de dormir. Amanhã contar-te-ei outra —

respondia-lhe sempre o criado.

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E, assim, Lom aconchegava-se na cama, sem deixar de pensar nas histórias

que acabara de ouvir.

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Lom gostava de se gabar junto dos seus amigos de conhecer muitos

contos fantásticos.

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— Porque não nos contas alguns desses contos? — pediam os amigos

vezes sem conta.

— Não! — respondia Lom muito irritado. — Os contos são meus e não

quero contá-los a ninguém!

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Toda a gente sabe que os contos que não são contados secam, tal qual

as plantas quando não são regadas. Como Lom não queria partilhar

os contos com ninguém, estes acabaram por ficar aprisionados dentro

de um saco que o menino tinha no seu quarto.

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Com o passar dos anos, Lom transformou-se num belo jovem, conheceu

uma rapariga muito bonita e decidiram casar.

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Mas, na noite anterior ao casamento, o velho criado ouviu uns barulhos

estranhos que vinham do quarto de Lom. Um murmúrio de vozes vinha

do interior do saco dos contos!

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Os contos estavam zangados por não poderem sair daquele saco.

— Vamos ficar aqui para sempre… Lom vai pagar caro por isto! — dizia um.

— Amanhã vou transformar-me em serpente e vou mordê-lo — sugeriu outro.

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O velho criado, assustado com o que escutara, decidiu ajudar Lom.

Por isso, no dia seguinte, durante o casamento, esteve com muita atenção, …

mas não viu nenhuma serpente…

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De repente, lembrou-se: a serpente podia estar escondida debaixo

de uma das almofadas que cobriam o chão do quarto dos noivos!

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O criado correu para casa e levantou, uma a uma, todas as almofadas,

até finalmente encontrar a serpente. Agarrou-a pela cabeça e levou-a

para longe de casa. Tinha salvado a vida de Lom!

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Desde aquele dia, Lom não deixou mais de contar histórias; primeiro

à mulher, depois aos filhos, e estes, por sua vez, contaram-nas aos seus filhos.

E foi assim que os contos nunca mais voltaram a ficar presos no saco.

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