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1 O Retorno de INANNA V. S. Ferguson «O Retorno da Inanna» foi escrito em seis meses por meio de «transcrição automática». Usando a memória de vidas passadas de V. S. Ferguson, Inanna revela como ela e os outros «deuses» se inseriram através do tempo em seres 1
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O Retorno de Inanna - V. S. Ferguson

Feb 28, 2023

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O Retorno de INANNA

V. S. Ferguson

«O Retorno da Inanna» foi escrito em seis mesespor meio de «transcrição automática». Usando amemória de vidas passadas de V. S. Ferguson,Inanna revela como ela e os outros «deuses» seinseriram através do tempo em seres

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multidimensionais de carne e osso como nós, paraativar nosso DNA latente e liberar à espéciehumana.

PALAVRAS DA AUTORA

Em 1990, enquanto lia o livro de ZechariaSitchin, «A Guerra dos Deuses», comecei a tervisões da vida de Inanna. Suas experiências comobisneta de Anu, do planeta Nibiru, tiveram vidapara mim durante um lapso de seis meses. Asvisões eram tão reais e familiares, que houvemomentos em que pensei que eu era Inanna. Anosdepois, Inanna voltou para mim e me pediu queescrevesse sua história para ela. Assim publiqueipor minha conta «Inanna Returns» (O Retorno deInanna) e um ano mais tarde, «Inanna Hyper-Luminal». Após, estive me esforçando por compreender asconseqüências do que aprendi de Inanna. Tenteiestabelecer a conexão entre a condição humana eas manipulações genéticas dos extraterrestres,incluindo Inanna e sua família. Seguir por esteatalho, levou-me a investigar cada um dosaspectos da experiência humana: nossa históriaque se repete, a destruição do meio ambiente, aameaça das mudanças terrestres, os governos esuas agências secretas, a economia e a reservafederal, as guerras intermináveis, e nossos meiosde comunicação controlados pelas corporações com

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seus tentáculos de propaganda, as companhias derelações públicas. O único elemento lógico que encontrei em tudoisto, é o fato de que a família de Inanna possuíauma «disfunção» e, parece, deixaram uma marcagenética em nós que nos induz a nos comportarcomo meninos maltratados que continuamtransmitindo, através de nosso DNA, os padrões decomportamento disfuncional às gerações seguintes.Para onde conduz isto e quando acabará, ninguémsabe. Mas Inanna e eu esperamos que na busca deuma visão maior e completa possamos, através doconhecimento, liberar a nós mesmos do miasma deamnésia em que todos vivemos. Espero que estas páginas lhes ajudem, de algumjeito, a recordar quem são, para que possam«conhecer a verdade e essa verdade lhes farálivres». E para que nós, a raça humana, possamosnos reunir muito em breve com o resto do Universocomo co-criadores soberanos em nosso caminho paraCasa. Vemo-nos no Coração.V.S. Ferguson

PALAVRAS DE INANNA

Eu, Inanna, retorno para contar como, faz 500.000anos, minha família das Pleyades tomou posse daTerra e alterou o genoma humano com o fim deproduzir uma raça de trabalhadores criada paraextrair ouro destinado à esgotada atmosfera deNibiru, nosso planeta e lar. Como fomostecnicamente muito superiores, esta raça de

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trabalhadores — a espécie humana — nos adoravacomo a deuses. Aproveitamo-nos deles para liberarguerras em meio de nossas disputas familiaresintermináveis até que, de um modo estúpido,desatamos sobre a Terra a terrível arma gandiva,que enviou uma onda de radiação destrutiva portoda a galáxia. Isto enfureceu à Federação Intergaláctica. Porcausa de nossas próprias ações, vimo-nosrestringidos por "A Parede", uma prisão defreqüência que congelou nossa evolução. Retornem comigo à antiga Suméria, a Babilônia eao Egito. Dentro de meus Templos do Amor, dou aconhecer segredos antigos da união sexual cósmicapleyadiana e de meus matrimônios sagrados.Através de meus olhos contemplem a Torre deBabel, o Grande Dilúvio, os Túneis das Serpentese os cristais em espiral na pirâmide de Gizé. Viajem comigo pelo tempo até a Atlântida,Cachemira e o Pacífico Noroeste dos EstadosUnidos à medida que encarno em meu Eumultidimensional para pôr a funcionar os códigosgenéticos que estão latentes dentro de suaespécie e para libertar a Terra do controle porfreqüências que exerce meu primo, o tiranoMarduk.

A Editora

A muito tempo conheço as histórias de nossosancestrais pleyadenses, os deuses que manipularamnosso DNA, usaram-nos como operários e nosocultaram a verdade o quanto somos realmenteusados para beneficiar a eles. Tinha lido sobre

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eles, ouvido falar deles e lido passagens delivros sobre as Pleyades tais como Bringers ofthe Dawn e Earth. Parecia-me que já conhecia bemessas histórias. De modo que quando SusanFerguson me chamou para me perguntar se estavainteressada em editar O Retorno de Innana, quaselhe respondi: "Oh, não, não mais histórias dedeuses!" Mas algo dentro de mim, disse: "Nãoresponda tão rapidamente, há um presente para tinisto". Eu escuto meu guia interior; além disso, cai-memuito bem Susan, e estava na lista para outroprojeto, de modo que lhe disse que eu gostaria deler o rascunho.Susan me enviou a primeira parte de seu livro.Foi de uma leitura rápida, engenhoso, bem contadoe me afetou profundamente. Através da voz deInanna, os deuses se apresentaram de uma maneirarealista e prática. Eram egoístas e fastidiosos,comportavam-se como pessoas que conheci antes ecom as que não queria interatuar. Reclamando,disse a Susan: "Inanna é tão malcriada eobstinada e tão desatenta às conseqüências desuas ações. Supõe-se que é uma deusa!" Susanrespondeu: "Exatamente! Os deuses foramadolescentes eternos, meninos malcriados eegoístas que obtêm o que querem ou brigam. Édifícil de acreditar que lhe tivéssemos entreguenosso poder a alguém tão ordinário e ambicioso e,entretanto, fazemo-lo constantemente uma e outravez".Tiveste já a sensação de ter ouvido algo tantasvezes que te faz pensar que o compreende muitobem, mas vem alguém e te diz uma coisa que

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possivelmente já ouviste antes, mas por algumarazão a escutas de um modo muito diferente, eessa coisa mudou toda a perspectiva? As palavrasde Susan me trouxeram um grande descobrimento:estes deuses são gente real que nos manipulampara nos fazer acreditar que são deuses. E comoeu tinha acreditado que estes personagens eramdeuses e já estava zangada porque não secomportavam como eu esperava que se comportassemos deuses, significava isso que ainda lhes estavaentregando meu poder, esperando que fossem maissapientes, mais compassivos que um humano comum,como eu? Tinha ainda essa enorme brecha em minhaconsciência que separa o divino e o humano emduas categorias completamente diferentes?Li de novo a história, com outros olhos, e destavez a senti no centro de meu ser. Inundei-me emum sentimento de respeito por Inanna, cuja vozressonava tão veraz à medida que contava suashistórias. Ela estava contando sua históriaexatamente como aconteceu; sabia que ela e osmembros de sua família eram ególatras,malcriados, e que tinham feito muito mal aoshumanos e à Terra. Ao não dissimular ou tratar dejustificar suas ações, Inanna estava aceitando aresponsabilidade pelo que eles tinham feito, eestava aqui para remediá-lo.De uma maneira muito singela e em uma linguagemfácil de entender, Inanna apresentou os deusescomo pessoas às que podia sentir e compreender.Para mim, as histórias já não eram simples mitos;minhas lembranças latentes se estimularam econheci a família de Anu como se fora minhaprópria família. Dava-me conta de que Inanna

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estava fazendo exatamente o que eu tinha estadofazendo em minha vida: indo ao passado para sanaras feridas, para evoluir. De repente sedesmistificou e descanonizou os deuses e osconheci então.Enquanto trabalhava na primeira parte, Susanestava terminando a segunda e me enviou isso.Estava muito intrigada quanto a como continuariaa saga na segunda parte do livro. Os deusesestavam atualizados, eram personagens do séculoXX que tratavam de sanar todas as feridas quetinham causado ao encarnar na forma humana paraativar os gens latentes e para devolver oconhecimento que com tanto afinco tinhamocultado. E era claro que tinham feito umtrabalho tão bom para "nos desconectar", queretificar o passado não foi tarefa fácil paranenhum deles.Cheguei a conhecer Inanna muito bem e a amá-lamuito. Freqüentemente sinto sua presença. Confiona claridade e a verdade que há dentro dela, eacredito em seu desejo sincero de retificar asações irrefletidas e egoístas de sua família.Também cheguei a amar muito a Susan, e lheagradeço por ter tido a coragem de nos trazerpara a Inanna para que contasse sua história, epor sua diligente investigação para corroborar osfatos históricos.Desfrutei muitíssimo o trabalho com este livro.Para mim foi uma experiência poderosa. Precavi-mede muitos campos onde ainda estava programadapara acreditar, coisas que não me serviam.Compreendi e senti profundamente minha conexãocom estes deuses, e exigi meu legado como um

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deles de um modo que não tinha tentado antes. Emseu próprio estilo franco, Inanna compartilha suasabedoria e acuidade de engenho para que se fechea brecha entre os deuses e os seres humanos. Elarecalca uma verdade singela, uma verdade muitoimportante: nós somos os deuses, sim, temos oconhecimento e o poder; está dentro de nosso DNA,só esteve inabilitado e latente dentro de nossosgens, mas está lá. Somente temos que acreditarnele para ativá-lo.Tera ThomasFevereiro de 1995Pittsboro, Carolina do Norte

ÍNDICE

PRIMEIRA PARTE: A família de Anu

01.- Inanna fala02.- Nibiru03.- Ninhursag04.- Enlil05.- Enki06.- Dumuzi07.- Ereshkigal08.- Os Templos do Amor09.- Marduk e a Guerra10.- O EKUR11.- Gilgamesh12.- Utu e os Túneis das Serpentes13.- Sargão o Grande14.- Tara

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15.- Gandiva16.- Interferência17.- Descida18.- Para os meninos

SEGUNDA PARTE: Melinar e os Eus Multidimensionais

01.- Os Sapatos02.- Os Brilhantes03.- Olnwynn04.- Montanha Perdida05.- O Guardião dos Cristais06.- O passado inexistente07.- Um pouco de interação08.- Chandhroma09.- Livros e Sapatos10.- O mundo das aparências11.- A Cortina12.- Voando ao Tibet13.- Almoço com Marduk14.- O Homem ideal15.- Um Helicóptero Negro16.- A nave nodriza17.- Fusão18.- Pó Cósmico19.- Depois

PRIMEIRA PARTE: A FAMÍLIA DE ANU

I.- INANNA FALA

Eu, Inanna, sou tão amada.De muitas maneiras, sou o amor perse.

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Nós como pleyadenses sempre soubemos que o amor éa essência da criação. Tudo o que fomos sempre éamor; amor à aventura, amor ao poder e amor àdiversão. Esta é a história de minha família, afamília de Anu, que chegou a seu planeta dasPleyades faz mais de 500.000 anos terrestres. E,como verão, nossa história é também sua história,porque em nossos laboratórios, minha famíliacriou sua espécie tal como existe agora. Nuncafomos realmente superiores a vocês, simplesmentemuito mais experimentados. Minha família tinhaestado divertindo-se no universo muito tempoantes de que chegássemos à Terra. Vocês foramnosso experimento genético na periferia destagaláxia.Retornemos ao começo. O tempo é o campo de jogodos deuses e, qual tempo usaremos? O seu ou onosso? Em realidade o tempo não existe, mas éútil porque se um não marcar limites, tudo sefunde. O pensamento é projetado para o espaçoatravés das freqüências infinitas de tempo quesão variáveis. Existe uma multidão de freqüênciasde tempo, e o tempo terrestre é muito diferenteao tempo que nós vivemos. Da perspectiva humana,parece que nós vivemos para sempre, o que nosfacilita muito poder nos divertir com oshabitantes da Terra.Como criamos a raça humana em sua forma atual semativar todo o seu DNA, nunca nos ocorreu quepoderiam ser algo mais que nossos escravos, ouque poderiam executar tarefas mais complicadasque cozinhar, limpar ou extrair ouro. Viemos àTerra para uma operação de mineração remota.Começamos a ensinar a nossos humanos, e os

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chamamos Lulus. Como desfrutávamos tanto do jogocom os Lulus, apegamo-nos muito a eles ecomeçamos a nos cruzar com eles. Apaixonamo-nospor nossa própria criação.Mas não podíamos deixar de brigar entre nósmesmos. Os Lulus nos adoravam como a deuses, umaprática que fomentávamos, e os enviávamos àbatalha a lutar e morrer por nós como peões emuma partida de xadrez. Eles estavam mais quedispostos a enfrentar-se à morte só para nosagradar, e os víamos como uma fonte renovável,pois sempre podíamos criar mais.Logo cometemos o engano de usar a Grande ArmaRadioativa, a Gandiva. Como resultado, ondas deradiação letal fluíram para o sistema solar, paraa galáxia, o que chamou a atenção do Conselho daFederação Intergaláctica. Quando se deram contade nosso comportamento imprudente, interferiram.Eles diriam "intervir". Minha família tinhaestado tão ocupada lutando, competindo e jogandoque se esqueceu por completo do chato Conselho. Ealém do mais, a Terra era nossa.Os membros do Conselho argumentaram que a Terratinha sido colonizada antes de chegarmos, e quetínhamos infringido a Lei do Primeiro Criador aopôr em perigo outros mundos com nossasmaravilhosas armas. Também nos acusaram dealterar as capacidades genéticas da espéciehumana, despojando-os assim da habilidade paraevoluir. Acusaram-nos de violar a Lei de NãoInterferência. Enredados em meio de nossospróprios problemas, pareceu-nos que isto não eraassunto deles. Nossa família, a família de Anu,estava em guerra, irmão contra irmão.

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Para nós, o Conselho da Federação Intergalácticanão importava em nada, até que nos vimos rodeadosda Parede. Não era uma parede real, como uma detijolo; esta era uma parede de freqüênciainvisível e, por conseguinte, para nós tudocomeçou a mudar. A magia desapareceu por completode nossas vidas; já não havia faísca, não haviaação. A vida se voltou muito sólida e densa,deixou de circular. A Deusa da Sabedoria estava aponto de nos ensinar algo que tínhamos esquecido,ou que possivelmente nem sequer tínhamos começadoa aprender ainda.Ao princípio o aborrecimento nos confundiu, poisnão o tínhamos experimentado antes, e nós nãogostamos. Tornamo-nos irascíveis, quase humanos,o que verdadeiramente nós não gostávamos.Eternamente tínhamos estado nos expandindo eexplorando o universo, criando com facilidade,nos divertindo. Nossas vidas tinham sidoemocionantes com o poder infinito que tínhamosdisponível, e logo nos sobreveio um estado deaniquilamento que nos deixou perplexos. Tínhamosdeixado de evoluir. Aconteceu para nos ensinarpor meio da experiência o que tínhamos feito aosLulus na Terra, a Parede era a disciplina quenossas próprias ações tinham magnetizado paranossa existência.Não podíamos acreditar que realmente tínhamoscessado de evoluir. Com relutância, dirigimo-nosao Conselho para fazer perguntas para nos fazerparecer sábios, para dissimular o fato de que nãosabíamos o que nos estava acontecendo. Elessabiam. Possivelmente são mais avançados que nós,mas não gostamos com uma idéia tão deprimente.

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Cuidadosamente o Conselho nos explicou queteríamos que outorgar aos terrícolas os mesmospoderes que nós possuímos! Informaram-nos quefomos responsáveis pelo que tínhamos feito. Quetolice! Nós não podíamos aceitá-lo. Podemimaginar que coisa chata seria se seus animaisdomésticos fossem iguais a vocês? Poderiamcomeçar a falar e inclusive lhes dizer o quegostariam de jantar. Onde terminaria, com umjantar de quatro pratos e trufas de chocolatecomo sobremesa?Muito chateados voamos para casa e, para variar,como era nosso costume, brigamos entre nósmesmos. Alguns imaginaram que a Federação estavaconspirando com nossos inimigos; outros pensaramque o Conselho obviamente queria ficar com aTerra. Os sírios eram mais antigos no Conselhoque nós os pleyadenses ou, eram-no osarcturianos? Alguns de nós cremos que era algopessoal e começamos a nos culpar uns aos outros.Somos uma família fraturada na verdade.Tentamos dissolver a Parede por meio de umsacrifício ritual colossal, belo e realmentehorripilante a gosto dos que se consideramentendidos nestes assuntos. Mas nada aconteceu;nada trocou, a Parede ainda estava ali e nosvoltamos ainda mais aborrecidos, estancados edesorientados. O desespero, anteriormentedesconhecido para nós, cravou suas garras dentrode nossas almas, nossas almas répteis, para serexatos.Então eu, Inanna, Rainha dos Céus — eu adoro essetítulo —, retorno para falar. Retorno a vocês,meus terrícolas, meus Lulus. Retorno para

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prepará-los para a mudança vindoura em seu DNA,para a transformação completa de seu planetaTerra e de seus formosos corpos. E, naturalmente,espero me liberar a mim mesma no processo!Suponho que se uma mãe não nutrir a seus filhosdevidamente, isto a persegue até que encontra amaneira de equilibrar a balança. Parece que eutambém devo equilibrar o que criei, e de certomodo ser como uma mãe para vocês.O que me recorda minha maravilhosa infância emnosso planeta lar, Nibiru, e todos aqueles queforam como mães para mim.

II.- NIBIRU

Ao contar minha história, não me ocuparei dotempo linear como o conhecem. O tempo terrestre éineficaz para descrever nossa relação com vocês.Um de nossos anos equivale a 3.600 anosterrestres! O tempo pleyadense é elástico,expansível e interdimensional. Alguns de nóspodem viajar a qualquer ponto do tempo queescolhamos, podemos até alterar os acontecimentosdesse tempo. Tais excursões têm seu preço, masuma vez conquistado o talento que se requer, quempode resistir? Viajar no tempo é um poucodivertido! Os conceitos fixos sobre o temposimplesmente não existem, assim não os esperemneste livro.Minha infância foi uma época mágica para mim. Ostabletes de argila cuneiformes que se encontraramna Suméria e Babilônia dizem que eu nasci naTerra, o que é certo. Meu irmão gêmeo, Utu, saiu

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primeiro da matriz de minha mãe, o que lhe davaprioridade nos direitos de herdeiro. Entretanto,eu não permiti que este desafortunado acidente denascimento me pusesse travas e, mais tarde navida, compensei-me mesma com generosidade poressa pequena frustração.Quando estávamos em condições de viajar, nosenviaram de retorno a nosso lar, Nibiru, umplaneta artificial que tinha sido desenhado pelatecnologia pleyadense para procurar matéria primaneste sistema solar, e que dá a volta a seusistema solar cada 3.600 anos. O planeta Nibirufoi dado a nossa família faz muitos eones e Anu,meu bisavô, herdou seu domínio de seu pai. Anu éo pai de Enlil, o qual é o pai de meu pai,Nannar. Minha mãe se chama Ningal e é a mulhermais adorável que conheci. Quero-a muito, masfreqüentemente me pergunto como me trouxe para omundo!Meu irmão gêmeo Utu e eu fomos os primeiros dafamília real que nascemos na Terra, como chamamosà Terra. Nessa época, ninguém sabia se asfreqüências da Terra afetariam o DNA dos meninospleyadenses. Por esses dias eram impossíveis depredizer as tormentas radioativas e as flutuaçõesmagnéticas deste planeta fronteiriço, de modo quenossos pais e avós não queriam correr riscos comnossos códigos genéticos preciosos.Criaram-nos no magnífico palácio de meu bisavôAnu e sua rainha irmã Antu. Minhas primeiraslembranças reais são de minhas correrias erisadas pelos pisos polidos de lápis lázuli; debrisas suaves que brandamente moviam cortinasbrancas enormes e que acariciavam os formosos

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cachos escuros de meu cabelo. Minha risada enchiaa casa. Meu pequeno corpo azul corria pelo meroprazer de sentir o piso fresco debaixo de meuspequenos pés rechonchudos! Todos me amavam e nãohavia quem me controlasse, só gente que meelogiava e me abraçava. A vida era perfeita!A maioria dos membros de minha família tem pelede tons azuis variáveis, como turquesa e lápislázuli cremoso mesclados, quentes azuis suavesque são conseqüência da alta quantidade de cobreem nosso sangue. Este cobre nos protege daradiação cósmica que bombardeia nosso planeta doespaço. Nossa tendência contínua de fazer aguerra faz tempo acabou com o amparo natural denossa atmosfera contra dita radiação, assim quenossos corpos se adaptaram ao aumentar o conteúdode cobre. Durante eones estivemos pulverizandoouro em nossa estratosfera para melhorar aatmosfera de nosso planeta, e necessitamos de umfornecimento constante desse ouro. Essa foi nossarazão principal para colonizar a Terra.Anu e Antu são as cabeças de minha família e osgovernantes de Nibiru. Embora nossa tendênciaseja permitir que cada qual faça o que lheagrade, inclusive até os extremos, eventualmentequase todos os de nosso grupo briguento acatavamas ordens de Anu e Antu.Extremo é uma boa palavra para descrever a Anu eAntu. Sei que podem parecer mimados, indulgentesou imoderados mas, para mim, assim era a vida, aforma em que fazíamos as coisas. Eu adorava ameus dois bisavôs e eles por sua vez me adoravam,especialmente Anu. De fato, meu nome, Inanna,significa "amada de Anu", e mais tarde isto me

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permitiu um poder importante sobre o resto dafamília.Em menina, em todas as partes me rodeavam abeleza e o amor. O palácio era um pavilhão abertosem limites e sem paredes. Os arquitetos tinhamdesenhado o interior como o exterior e vice-versae, como nos protegiam reguladores de freqüência,não necessitávamos de paredes ou vidro. Haviainumeráveis jardins paradisíacos de todos osdesenhos imagináveis que exibiam flores exóticas,novelo, aves e mariposas de todos os lugares dasgaláxias. Seria impossível descrever muitas dasespécies posto que são desconhecidas na Terra.Alguns dos jardins eram somente freqüências deluz e som; os nossos artistas de Nibiru adoramessas criações. Os jardins prediletos de minhabisavó Antu eram feitos de ouro e pedraspreciosas, as flores freqüentemente eram de rubie safira com folhas de ouro e prata. Na Terrarecriamos estes jardins em jóias para que nosfizessem recordar nosso lar. Nos escritos antigosda Terra há descrições verdadeiras desseslugares.Anu e Antu adoravam as festas. Eles celebravamtudo; um equinócio, um cometa, os solstícios e, éobvio, os aniversários. As festividades seprolongavam por semanas, inclusive meses. Todomundo vivia assim. Era minha vida.Anu, que era de aparência agradável e generoso,sempre estava pensando em um presente maravilhosopara sua querida Antu: um diadema novo, uma navevoadora ou um templo. O palácio devia ser enormesó para conter os presentes que lhe dava. Antu,que era bela e afetuosa, emanava gozo e prazer

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cabal. Sua paixão era preparar festas; tinha odom para a organização e nunca lhe escapava omínimo detalhe. Ela era o tipo de uma dessasanfitriãs consumadas que deixa qualquer umperguntando-se quem tem o poder, a esposa ou seumarido. Todos os das galáxias desejavam serconvidados ao palácio para desfrutar dos manjaresda cozinha de Antu. Das tortas se formavamfantásticos palácios mágicos, e a fruta esorvetes se exibiam apetitosamente por váriasmesas. Nossos vinhos eram excelentes.Nosso amor à beleza e a criatividade naturalmentese estende até o ato sexual, o qual é respeitadocom a mais alta deferência por minha gente noNibiru e através de todas as Pleyades. Setrouxerem seus conceitos terrestres sobre asexualidade e a moralidade na minha história,seria melhor que fechasse o livro agora mesmo.Para nós, o sexo tem que ver com as freqüênciasde energia e sua direção. Como nós usamos aenergia sexual para criar muitas coisas, seuponto central e amplificação é uma formaartística que todos nós aprendemos e desfrutamos.Vemo-lo como a força pura de energia que brota doPrimeiro Criador para o corpo e seus centrosreceptores. Quando já está no corpo, lhe troca adireção e se transforma segundo a habilidade ecapacidade do indivíduo. Poderia-se comparar comum sistema de circuitos eletrônicos que modificae distribui energia elétrica.Foram Antu e Anu quem me deu o conhecimento daUnião Sagrada. Antu encarna as forças apaixonadasda criação e lhe tem por uma grande professora dedito conhecimento. Para mim foi uma honra que ela

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me ensinasse. O poder da expressão sexual évenerado e de muitas maneiras entre nós. Esteconhecimento fazia parte de minha linhagemgenética, e como venho do sangue de Anu e Antu,nasci para amar e ser amada; por isso era suapreferida.Nos Templos do Amor em Nibiru, eles escolhiamsacerdotes e sacerdotisas apoiados em suahabilidade para receber e transmitir asfreqüências mais elevadas da União Sagrada. Paranós o prazer sexual não era nada menos que alívioe recreio. A uma escala maior, a união sexual éum grandioso gerador de néctar para o PrimeiroCriador. A conexão do sexo com a vergonha e aculpa foi consumada na Terra por outro membro deminha família, certamente não fui eu, paraescravizar aos Lulus e mantê-los temerosos. EmNibiru é de conhecimento geral o fato de que opoder sexual é parte da existência.Minha infância em Nibiru foi como estar em umparaíso e todos me adoravam. À medida quecrescia, minha educação recaiu sobre meu tia/avóNin. Seu nome verdadeiro é Ninhursag, mas eu lhechamo de Nin porque com ternura me cuidou quandoeu era uma menina. Ela é como uma mãe para mim ea quero muito. É a filha de Anu, mas não de Antu.Anu podia ter, e as teve, todas as concubinas quedesejasse. Nós somos muito tolerantes eexpressivos e tinha pouca importância o que Anudesfrutasse de muitas outras mulheres. O que eraimportante para nós era a linha de sucessão: quemherdaria o poder de Anu. Os matrimônios entreirmãos são comuns entre nós para assegurar a

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primeira linha de sucessão, e Antu era a irmã deAnu, e também sua esposa.Já sei. Estão escandalizados, mas lhes advertique não trouxessem sua moral aos assuntos deminha família. Por um lado, o casar-se com a irmãde um explicava com toda claridade quem tomaria opoder. Pelo outro, causava estragos. Anu eramuito ardente e tinha muitos filhos com muitasmulheres. Mas todos estes irmãos médios deramorigem a muitas rivalidades e a confusão em nossomundo e logo na Terra.Enlil, Enki e Ninhursag são os três filhosprincipais de meu bisavô, Anu. Enlil e Enki,ambos os varões, têm mães diferentes e Ninhursag,nascida de outra mãe, é a única mulher.Anu e Antu sempre me consentiam, mas minhatia/avó Nin, que por natureza era disciplinada esevera, deu-se conta de que eu tinha uma levetendência a deixar que meus impulsos setransbordassem. Evidentemente eu nunca vi istocomo um problema. A Nin deu a ingrata tarefa deme educar e, embora de vez em quando era duracomigo, sempre soube que me amava muito. Emrepetidas ocasiões necessitei desse amor.

III.- NINHURSAG

Ninhursag também é conhecida como a Deusa Mãe, aSenhora da Vida, a Senhora da Montanha e muitosoutros títulos afetuosos. Uma brilhantegeneticista e doutora, minha tia/avó Nin é aprofessora geneticista da casa de Anu. A mãe deNin era uma formosa cirurgiã de quem Anu seapaixonou em uma viagem ao Planeta da Sanação. Apersonalidade da mãe de Nin era muito diferente

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de Anu, e à medida que Nin crescia, encarnava aimpecável auto-disciplina e determinação de suamãe. Como não se inclinava muito pela festasintermináveis de Antu, Ninhursag pôs toda suaenergia nas artes de sanação e melhorasgenéticas. Possuía uma mente clara e aguda e ocoração de um anjo.Embora Nin tenha crescido em Nibiru, acompanhouseus irmãos à Terra para ajudar em suacolonização. A Enki e Enlil, os dois filhos deAnu, lhes tinha encomendado levar ouro e outrosminerais úteis a Nibiru. O ouro era essencialpara nós devido aos desequilíbrios que nossoguerrear constante tinham causado a nossaatmosfera.Nesses dias, a Terra era considerada não maiscomo uma fonte de minerais, um forte fronteiriçode indústria mineira na borda da galáxia. Seushabitantes eram as criaturas selvagens quevagavam pelas planícies extensas pastando em umaabundância de ervas. Também estavam as raças doPovo da Serpente e do Povo do Dragão, quepreferiam viver em túneis debaixo da superfícieda Terra para proteger-se das tormentasradiativas e mudanças magnéticas que eramfreqüentes.Ninhursag, Enki e Enlil foram a Terra com emoçãoe resolução. devido a que Enlil era o filho deAnu e Antu e o primeiro na linha de sucessão paraherdar o poder de Anu, foi escolhido como o líderdos dois grupos de astronautas de Nibiru. Umgrupo foi atribuído à nave satélite e permaneceuem órbita para inspecionar o planeta, informarsobre possíveis dificuldades e receber enlaces de

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trânsito. O outro grupo, que formava a maioriados astronautas, baixou à Terra com o propósitode colonizar eventualmente todo o planeta. Esteschegaram a viver e trabalhar aqui e lhes chamouos Anunnaki.Enki, o filho de Anu e uma princesa Dragão daTerra, era o segundo na linha de poder de seupai. Ele era um engenheiro professor e tinhacomeçado os projetos mineiros um pouco antes deque chegasse Enlil. Minha família inventou arivalidade entre irmãos médios e, como se poderãoimaginar, estes dois filhos do mesmo pai ediferentes mães discutiam constantemente quantoàs decisões que teriam que tomar. Ninhursag eranosso médica-chefe e professora geneticista naTerra e, por necessidade, a conciliadora dafamília. Os Anunnaki, nossos astronautas que commuito gosto seguiram a estes três filhos de Anu àTerra, estavam todos muito emocionados nasprimeiras etapas da nova aventura. Como lhestinham prometido riquezas e terra, os Anunnakiestiveram muito contentes por um tempo, masninguém estava preparado para uma escavação dessamagnitude! Eles nunca tinham feito algo tãofísico, tão rotineiro, de modo que o trabalho nasminas de ouro se converteu em uma tarefa nefasta.Enki até tratou de compor canções para manterseus espíritos alegres. Mas muito rapidamenteestes guerreiros, cientistas e engenheiros sevoltaram mal-humorados e logo zangados. E, comoos pleyadenses possuem uma espécie de "mente degrupo", o descontentamento se pulverizou como ofogo, negaram-se a cavar um centímetro a mais.

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Enlil e Enki estavam pasmados! Em casa semprepodiam motivar a seus "patrícios pleyadenses" Oque terei que fazer? Não queriam serdesacreditados e ser mau vistos por seu pai Anu.Fiéis à natureza da família, os irmãos começarama culpar-se mutuamente. Os insultos e brigas oslevaram aos punhos e, depois de um pouco desangue e umas quantas contusões, lhes ocorreu umasolução. Na Terra existiam muitas espécies dasquais poderiam extrair material genético paraproduzir uma raça de operários escravos. Istosolucionaria todos seus problemas e manteriacontentes aos Anunnaki; já se tinha feitoanteriormente em outros planetas. Às multidões deastronautas que aclamavam lhes anunciaram que osmaravilhosos "touros de Anu" haviam resolvidotudo! O capitalista Enlil e o grande Enki tinhama situação sob controle!Imediatamente consultaram a sua irmã, Ninhursag,que também pensou que era uma boa idéia. Elatinha estado administrando ervas curativas aostrabalhadores rendidos, e não gostava muito dever os Anunnaki realizando este tipo de trabalho,especialmente às mulheres. De modo que,acompanhada do Enki, que também sabia degenética, retirou-se ao laboratório e começou aexperimentar. Enlil se dedicou à agricultura, adesviar os rios e a construir obras de infra-estrutura, pirâmides e represas. Colonizar umplaneta do tamanho da Terra era um projeto deenvergadura.Quando penso em Ninhursag e Enki sós trabalhandolá no laboratório, experimentando com o materialgenético que tinham reunido, vem-me à memória um

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dia no que tiveram uma disputa terrível. Ninperdeu por completo o controle de si mesmo equase mata ao Enki. Como Enki sempre estavatramando maneiras de lhe levar a vantagem a seuirmão Enlil, queria ter um filho com sua irmã.Ele sabia que este menino, se era varão, seriaconsiderado como um rival de Enlil e de seusfilhos.Assim Enki se aproximou de sua irmã. Ninguém setinha atrevido antes a seduzir a Nin; não é quenão fosse formosa. Minha tia/avó era muito bela eamável. Mas todo mundo se sentia intimidado porsua capacidade, suas maneiras precisas e suaauto-disciplina veemente. Suponho que Ninhursagsempre tinha pensado que algum dia se casaria comum de seus irmãos. Seu pai Anu havia desposado asua irmã, como era nosso costume. De modo que,obviamente, Ninhursag pensou em casar-se comEnlil ou com o Enki. Mas a mãe de Enki, Vão,tinha-o convencido de que se casasse no ramo desua família terrestre, ou seja o Povo do Dragão,e Enlil se casou com uma enfermeira da qual seapaixonou perdidamente. Assim as coisas, nãohavia ninguém neste planeta remoto a quemNinhursag pudesse considerar como seu igual. Comoera idealista e obstinada por natureza, Ninpreferiu não escolher a nenhum que fosse inferiora ela.Ela era muito inocente quanto aos homens e nãomuito boa na arte da sedução. Não esperava queseu irmão casado a cortejasse e na verdade lhemostrasse uma paixão e um ardor tão profusos.Cedeu ante as refinadas técnicas de Enki e seruborizou como uma colegial. A pobre Nin

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simplesmente não estava acostumada a que aadulassem ou que a enganasse, um profissionalcomo Enki, que já tinha seduzido a tantas outrasmulheres que não teve que pensar duas vezes nasua jogada seguinte. Ninhursag caiu na armadilha.Acredito que como era a primeira vez que lhemassageavam seu ego feminino se deixou afetar porhormônios muito poderosos.Mas, para grande decepção de Enki, dessa uniãosaiu uma menina. Ninhursag estava ditosa eidolatrava à menina; Nin amava a todos os bebêsque conhecia; ela respeitava a totalidade davida. Durante uma larga ausência de Nin, Enkiesperou até que a menina alcançasse suamaturidade sexual e, para surpresa e escândalo deNin, procedeu a seduzir a esta filha e também aembaraçou! De novo, nasceu uma menina, mas istonão deteve Enki. logo que a segunda filha começoua ovular, Enki lhe fez avanços, decidido aproduzir um herdeiro varão.Ninhursag estava enfurecida! A idéia de que Enki,o próprio pai, pudesse corromper e fazer vítimasa suas duas garotinhas ingênuas, produzia-lhenáuseas. Seu orgulho estava profundamente ferido.sentiu-se totalmente usada e decidiu pôr fim aodesenfreio de seu irmão. Cozinhou um elixirirresistivelmente delicioso, cheio de ervasvirulentas e mortais que ela mesma tinhaconcebido. Enquanto Enki bebia o líquido comfelicidade, Nin disse em voz baixa as palavrassagradas de seu feitiço e assim lhe atirou ummalefício poderoso a seu irmão. Com a taça namão, Enki desabou.

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De uma maneira fria e desapaixonada, Ninhursagobservou como Enki sofria uma morte lenta epenosa. Ela queria que ele sofresse do mesmo modoque a tinha feito sofrer a ela e a suas filhas;queria que ele compreendesse a dor. O miserávelEnki começou a consumir-se e a envelhecerrapidamente, sua pele se tornou amarela. Ao temero pior, Anu, pai tanto de Ninhursag como de Enki,sentiu-se finalmente impulsionado a rogar a Ninpara que desistisse do malefício e invocasse amagia curadora. Com o tempo, Enki se recuperou eimplorou o perdão de sua irmã. Mas depois dissoNin mudou e já não voltou a confiar nos homens.Parece que minha família se assemelha a umadessas telenovelas que são tão populares naTerra. Poderiam preguntar-se por que.Durante a produção real dos operários escravos,cometeram-se muitos enganos, alguns cômicos,alguns horríveis, alguns inexprimíveis. Quandopor fim se achou a combinação correta de DNA, ese produziu o primeiro Lulu, o operário perfeito,o suficientemente inteligente para obedecerordens, mas não o suficientemente preparado parapensar por si mesmo ou rebelar-se. E, claro,tinha que ser capaz de sustentar uma pá.Entre as muitas espécies que existiam na Terranessa época havia uma criatura chamada Homoerectus. Este gênero comia as ervas e vegetação,e acompanhado de gazelas e outros animais amigos,vagava pelos estepes. A criatura tinha o poder decomunicar-se telepaticamente com os animais e comos de seu gênero. Livres e selvagens, eles eramum com a sabedoria natural das freqüências daTerra. Conheciamo-los porque desarmavam as

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armadilhas que púnhamos para capturar a seusanimais amigos. Esta criatura humana e os animaisse amavam entre si respeitosamente. De todo o DNAque tínhamos disponível, o do Homo erectus era omelhor. Enki se ofereceu para que sua esposa,Ninki, desse a luz ao primeiro Lulu. O materialgenético do Homo erectus se implantou no óvulo dafêmea pleyadense. O sangue do homem se mescloucom o nosso, a dos "deuses", e se fundiram ospotenciais genéticos. Assim, a espécie humanaleva códigos genéticos pleyadenses e nosso DNAestá para sempre combinado com o de vocês.Usaram-se os óvulos das fêmeas Anunnaki paraproduzir mais Lulus até que lhes dotou dacapacidade de reproduzir-se por si mesmos. Nãotodos os da família queriam que os Lulus sereproduzissem sem nossa ajuda, mas era muito maisfácil deixá-los que continuassem o processo semnós.A espécie humana como a conhecem foi criadamediante os procedimentos genéticos bem-sucedidasde Ninhursag e Enki a fim de que nosproporcionasse mão de obra escrava em nossasminas de ouro. Aqueles primeiros Lulus, seusancestrais, viam-nos como criadores, como"deuses". Nós fomentávamos essas crenças, porquenos facilitavam o controle sobre eles.Aqui é onde eu entro no jogo. Para os projetos,minha família e os Anunnaki requeriam de um fluxofixo e afresco de trabalhadores. Como Anu e Antume tinham instruído nas artes do amor e areprodução, meu trabalho era educar aosastronautas e aos Lulus quanto às freqüênciasmais eficazes da experiência sexual. Eu estava

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ditosa! Para este fim, fiz construir fabulosostemplos e dava origem a cerimônias e ritosmaravilhosos. Queria que minha bisavó, Antu,estivesse orgulhosa de mim. Modifiquei os ritostradicionais tântricos das Pleyades para que seajustassem a nossos objetivos na Terra.Como nos divertimos naqueles dias! Algunspoderiam chamar orgias às minhas cerimônias, maseu pessoalmente não referiria as minhas criaçõesartísticas de uma maneira tão crassa. A palavraorgia reflete a atitude triste da culturacontemporânea terrestre para a união mais sagradacom o Primeiro Criador. A experiência sexual émuito mais que uma fricção; é a chave de seupoder, é a secreção de todos os sistemashormonais que elevam as energias e unem doisseres em uma união sagrada. O respeito por estaexperiência produz bebês mais saudáveis emagnetiza uma alma similar à freqüência que segera e emite.As habilidades telepáticas dos Lulus osconverteram em gênios. Esses primeiros temposforam na verdade grandiosos. Ensinamos a nuncaquestionar nada.

IV.- ENLIL

Enlil é o primogênito de Anu e Antu, o primeirocandidato para herdar o poder e trono de Anu. É,sem sombra de dúvidas, o filho de minha bisavó,Antu, pois é uma pessoa minuciosa que sesobressai na logística. De Anu, Enlil herdou seucaráter apaixonado, o amor à ordem e uma grande

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beleza masculina. Seu cabelo é como o ouro e cainos cachos mais perfeitos. É alto inclusive paranós que medimos de 2 a 4 metros de altura. Suadestreza física se reflete em sua restrição eapego a sua própria integridade. Enlil é o pai demeu pai, Nannar.Parece que em toda sua história, meu avô cometeusomente um engano: violou a minha avó. Em minhafamília todos temos inclinações sexuais muitoardorosas. Quando Enlil ainda estava jovem, deuum passeio ao lado do rio e se encontrou com umaformosa mulher que nadava nua. Seu corpo brilhavaà luz do sol, seu cabelo ondeava molhado emcorrentes de ouro. Quando Enlil viu seus peitosdebaixo das águas, a luxúria o invadiu.O pobre Enlil tinha pensado em uma armadilha. Amãe desta bela nadadora a tinha convencido deseduzir Enlil desta maneira para que ficasse bemcasada, e o plano funcionou à perfeição. Enlil aobrigou à relação sexual, o que vai contra nossasleis. Procuraram Enlil e o prenderam, fizeram-lheum julgamento e o enviaram ao exílio. Nãoacredito que tenha esquecido a humilhação que lheproduziu esse castigo. Estava apaixonado pelagarota e suplicou a seus pais que lhe permitissemcasar-se com ela. Depois das bodas, perdoaram-no,mas ele nunca esqueceu e, até onde eu sei, jamaisvoltou a cometer um engano.Foi possivelmente esta experiência de erotismodesenfreado o que deixou Enlil com a tendência ajulgar as paixões de outros. À medida que osLulus se multiplicavam, os Anunnaki e os membrosde minha família começaram a copular com eles. Onível de interesse sexual saiu do controle e isto

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zangou a Enlil. Ele nunca esteve de acordo comque lhes déssemos a capacidade de reproduzir semnosso controle total. Os rasgos inimitáveis dascapacidades telepáticas dos Lulus lhe adicionavamuma emoção desconhecida à experiência sexual,especialmente depois de que eu os treinei.Correu o rumor de que os "deuses" estavam indoaos bosques para brincar e reproduzir-se com osLulus. De vez em quando, os Anunnaki perdiam ojulgamento e expressavam suas paixõesdesenfreadas aí mesmo nas ruas da Suméria! OsLulus eram tão lindos! Me parecia tudo muitodivertido.Naqueles dias, o nascimento não era o processodoloroso que conhecem hoje; era fácil e ummomento mágico para ser Um com a Deusa de toda avida. Era um momento para expressar união comtodo o cosmos, para formar mais manifestações doPrimeiro Criador. Não era um momento de dor!Certamente não nos envergonhávamos de nossoscorpos e suas funções. As Nibiruenses e as Lulusdesfrutavam da situação. Cada nascimento nostrazia mais Lulus e mais festividades, maisdiversão e mais cerveja! Mencionei que com osgrãos silvestres que cresciam na Terradesenvolvemos o aguamiel e as cervejas maisdeliciosas? As dávamos aos Lulus como recompensapor seu trabalho e nós mesmos tomávamos.Cada vez Enlil se sentia mais incomodado com acopulação desenfreada entre os Anunnaki e osLulus. Isto lhe causou uma obsessão, pensou quenossa estirpe se estava corrompendo por causadeste cruzamento inverificado, e se zangou pelaproliferação dos Lulus. Insone, Enlil começou a

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pensar em maneiras de reduzir a população Lulu,depois de todo o trabalho que eu realizei.Já se tinham estabelecido muitas hierarquiassociais entre os Lulus. Havia muita discussãoquanto a quem tinha mais "sangue divino", quemestava aparentado com qual "deus" e até onde seprolongava sua linhagem, assim como hoje em diamuitos humanos pretendem pertencer a tal ou qualrealeza.Já estivemos sobre e ao redor da Terra durantequase meio milhão de seus anos. Os Lulus sócomeçaram a escrever a respeito de nós nessastabuletas de argila faz 5.000 anos. Pensem nisso:transcorreram séculos enquanto as históriaspassavam de recordação em lembrança. Nosprimeiros tempos os Lulus tinham uma maiorcapacidade de memorizar dados; não obstante, aconsciência que eles tinham de nós como "deuses"oniscientes era controlada por nós. Eles foramengendrados para não questionar, e ao que o fazialhe esquivava ou lhe assassinava. Nósnecessitávamos de operários e não queríamos queos Lulus chegassem a ser iguais a nós;mantinhamo-los limitados. As tabuletas de argilaregistram somente o que nós lhes permitíamoscopiar aos escribas.A idéia de que a população Lulu chegasse ainvadir a Terra perturbou mais a Enlil. Queriadesfazer-se deles mas, como? A quem terei quematar?Enlil convocou uma reunião da família. Demandouque se fizesse algo quanto aos Lulus, e começou aexortar seus pontos de vista solenes quanto aoassunto. É obvio, a velha rivalidade de irmão

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contra irmão começou a esquentar-se. Enki se opôsfirmemente! Queixou-se de que depois de todo otrabalho que ele e Ninhursag tinham para produzirtrabalhadores tão eficientes, era algo absurdosequer pensar em destruí-los. Possivelmente haviamuito mais ruído lá fora, mas pelo menos agorahavia mãos suficientes para cavar nas minas deouro. Os irmãos bramaram e se enfureceram como decostume.Enlil não queria trocar de idéia apesar dassúplicas de seu irmão. Os filhos de Enlil e Enkise uniram à disputa, e houve muita irritação emambos os lados, mas ao final, como ele é filhonúmero um, Enlil prevaleceu. Seu plano não osmataria a todos, somente àqueles desafortunadosque morreriam de fome, de modo que se arrumou aprimeira escassez de mantimentos. Quando Enki eseus filhos saíram da reunião, estavam forjandoum plano para bloquear Enlil, porque mesmo que afome resultante fez que o canibalismo sepulverizasse por todo o país, passou-lhes comidade contrabando aos Lulus e a maior partesobreviveu. Supõe-se que Enlil tem autoridadeinapelável sobre o resto de nós por ser oprimogênito, mas não era tão fácil, porque somosuma família de indivíduos de caráter forte. Todossomos obstinados em acrescentar nossos poderes, enós não gostamos muito de fronteiras oulimitações de nenhum tipo. Enlil é igual; é filhode Anu, que nunca seguiu a ninguém em nenhumassunto. Uma vez que Enlil tinha tomado umadecisão e fixado seu rumo, era improvável quepudéssemos dissuadi-lo ou que desse um passoatrás.

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Enlil era o chefe de comunicações da estaçãoespacial que dava a volta a Terra e foi oprimeiro a saber da mudança polar que seaproximava. Muito por cima do planeta, osastronautas começaram a observar as flutuaçõesmagnéticas e os bamboleios inevitáveis. O eixo doplaneta estava a ponto de voltear-se. Isto otínhamos notado antes, mas nunca tinha havido umapopulação tão numerosa para evacuar. Enlilguardou tudo em segredo e decidiu aguardar até oúltimo momento possível, de modo que só houvessetempo suficiente para transportar as famílias deAnu e aos Anunnaki à estação de embarque.Assegurou-se de que não houvesse tempo suficientepara resgatar aos Lulus. Enlil queria sair-se coma sua, por cima de Enki, sem importar asconseqüências.De uma forma inesperada o Grande Dilúvio nos caiuem cima. Enki enviou a seu piloto, Matali, paraque me recolhesse. Nem sequer tinha empacotado!Lembro quando estava de pé em meu quarto tratandode decidir quais jóias levar. Tinha tantoscolares de ouro, lápis lázuli, braceletes deesmeralda e marfim; se só pudesse levar uns baúsa mais. Matali se esquivava de minha frustração eme dizia que me apressasse. Eu não conseguiacompreender a gravidade do que vinha.Lembro muito bem quando estava sentada na nave,chorando nos braços de Ninhursag. Dos portaisvimos como uma onda tragava as planícies da Terrae arrastava os nossos preciosos Lulus. Nuncaantes tinha experimentado uma perda, eu nãoestava pronta para sentir uma pena assim. Eracomo se eu também me estivesse afogando. Em meu

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coração ouvia os gritos dos Lulus desesperados;em minha imaginação via as mulheres que eu tinhatreinado em meus Templos, aferrando-se a suascolunas, rezando a mim, entre todas as pessoas.Mas suas orações não foram respondidas e seinundaram na morte; suas túnicas brancasflutuaram por um momento em bolhas ondulantes etudo terminou.Me partiu o coração. Não sabia quanto amava aosLulus; não sabia que uma parte de mimpermaneceria com eles debaixo desse crueldilúvio. Ninhursag era a única que pareciacompartilhar minha tristeza. Choramos dedesespero. Quem nos prepararia deliciosascervejas? Quem procuraria o ouro?Esta vez a rivalidade entre o Enlil e Enki tinhaservido de algo. Os espiões do Enki lhe tinhaminformado da mudança polar. Em todas as culturasantigas da Terra há histórias de um dilúvio e umhomem que se salvou em um arca. Enki escolheu aesse homem. Informado de que haveria um grandedilúvio, Enki resolveu salvar pelo menos umafamília dos Lulus. Em meio de sua vaidade,escolheu um homem de sua mesma dotação genética.Todas essas histórias dizem que Noé foi escolhidopor sua bondade, pois, não, Noé incluso separecia com Enki. E não houve um arca, foi umsubmarino, e os animais "em pares" era realmentematerial genético armazenado apropiadamente paraque pudessem se recriados mais tarde. Desafiandoa Enlil, Enki resgatou os Lulus.Quando Enlil descobriu os Lulus sobreviventes,enfureceu-se. Com seus filhos, lançou acusaçõesde traição e outros crimes abomináveis contra

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Enki e seus filhos. Enlil sustentava que Enkitinha desafiado as leis de Anu. Por conseguinte,Enki pronunciou o melhor discurso de sua vida,astutamente elogiando e lisonjeando a Enlil porseu plano "divino". Disse que Enlil, em meio dagrandeza de sua sabedoria visionária, tinhaescolhido o material genético de entre o lixo dasespécies e chegou até ao melhor que havia entreos Lulus. E que se esses sobreviventes solitáriostinham suportado os horrores do dilúvio, entãoseus gens deveriam ser dignos de servir a Anu eaos Nibiruenses.Para nossa surpresa, Enlil acreditou! Acreditoque estava trocando de opinião, pois ondeconseguiria os operários para as minas e paraconstruir seus monumentos?Cada membro da família jurou solenemente nuncamais voltar a destruir os Lulus. Em um momento degenerosidade sincera, e possivelmente um pouco deculpa, Enlil concedeu a vida eterna a Noé, pelomenos como a conhecemos. Preparou-se então todotipo de leis para regular a copulação ereprodução dos Lulus. Embora tudo resultou bempara as duas partes em conflito, houve umamudança, uma piora da rivalidade entre Enlil eEnki. Nós sabíamos que essa grande rivalidadeocasionaria outras dificuldades no futuro.

V.- ENKI

Nós os pleyadenses nos consideramos da raça deorigem réptil. Como evidência de nossa conexãocom vocês, a espécie humana possui um cérebroréptil localizado no cerebelo, o qual controla as

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funções autônomas do corpo. Em todos os mundos,incluindo o sistema solar pleyadense, abundammuitas raças. Em sua linguagem não há palavraspara descrever estas raças; nem sequer poderiampronunciar esses nomes, pois os sons lhes seriammuito estranhos.Quando Anu chegou pela primeira vez a Terra faz500.000 anos, o Povo do Dragão e o Povo daSerpente já estavam aqui. Obviamente, não queriamcompartilhar seu planeta. Anu queria o ouro, maso Povo do Dragão temia que ele não respeitariaseus métodos pacíficos. Eles tinham demoradoeones distribuindo linhas de energia magnética aoredor da Terra e tinham construído inumeráveistúneis em colaboração com o Povo da Serpente. Osvórtices de energia que potencializam suascivilizações se encontram nesses túneis junto comenormes armazéns de pedras preciosas e metais.Houve um bom número de batalhas na Terra e emseus céus, mas finalmente se fizeram acertos,demarcaram-se limites, e Anu aceitou casar-se comuma princesa Dragão chamada Vão para selar aaliança. Desta união saiu o menino Enki.Vão é muito formosa. A Anu parecerammisteriosamente atrativos seus olhos vermelhos esua pele metálica dourada. Seu filho, Enki, temum porte de elegância aristocrática e tem umacauda. Eu gosto da cauda, acredito que lheadiciona mistério à seu rosto de Merlin. Tambémtem orelhas bicudas com lóbulos largos, o queparece ter causado um pouco de confusão quanto aquem realmente é, mas o fato de Enki ser parecidocom a criatura mítica chamada o Diabo écompletamente acidental. Meu querido Enki é um

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ser bondoso cujo defeito principal consiste emser incapaz de dizer "não".Certamente não é um demônio.Enki foi educado em Nibiru. A sua mãe, Vão, nãogostava de ir muito as festas sem fim queoferecia minha bisavó Antu, de modo que Vão eEnki estavam felizes de mudar-se da Terra. AliVão vivia com sua gente nos túneis, e Enkiconstruiu um formoso reino no mar chamado Abzu.As estruturas do Abzu foram construídas de pratae lápis lázuli. Tinha parte no alto de umamontanha e parte inundada sob a água. Isto eraalgo prático, pois a parte inundada ofereciaamparo das ondas de radiação incertas que seestendiam pela Terra nos primeiros dias.Quando Enki não estava trabalhando no Abzu,construía represas e desviava águas. Como era umamante da água, freqüentemente remava sozinhopelos pântanos da Suméria e Babilônia em um botepequeno e estudava os peixes, insetos e ervas quehavia nas ribeiras dos rios. Enki amava seuplaneta. Suponho que o aprendeu de Vão. A belezada Terra corre pelo sangue de seu povo antigo.Infelizmente, Anu enviou Enlil à Terra depois queEnki tinha estado ali um bom tempo. Quando Enlilchegou para fazer-se líder da colônia, Enkilembrou o fato de que ele era o filho legítimo deAnu, de modo que ele não tinha que aceitá-lo.Dividiram-se os domínios. A Enki tocou o Egito eo Abzu. Enlil assumiu o controle da Suméria, asoperações mineiras na África, o porto espacial eo tráfego dos astronautas, tanto os que estavamem órbita, como os que estavam na Terra.Ninhursag me contou que Enlil e Enki brigavam

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quando eram meninos. Em segredo ela pensava queAntu os tinha enviado à Terra para que suas rixascontínuas não interferissem com suas festas.Enki não incentivou muito às pessoas do Dragãopara que colaborasse com seu meio irmão Enlil. OsDragões naturalmente preferiam a Enki, pois eraum deles e protegia muito a sua mãe, Vão. Enkinão estava de acordo com nenhuma das decisões quetomava Enlil, o que causou estragos na Terra.Nenhum dos dois tinha razão nem estavamequivocados, cada um queria sair-se com a sua eter o controle absoluto. Os filhos de Enki eEnlil chegaram a compartilhar os mesmossentimentos, e seus pais não vacilaram emutilizá-los em seus conflitos. Toda a família eos Lulus foram arrastados para esta rivalidade,que foi o catalisador de toda a desafortunadahistória da Terra.Embora eu seja a neta de Enlil, desfruto sempreda companhia de Enki. Ele é alguém com quem sepode divertir; ama às mulheres, a todas! Enlil étão sério. Enki e Enlil são como a água e oazeite.À medida que passava o tempo na Terra, seguia-sesubdividindo os territórios entre os filhos deEnki e Enlil para evitar a guerra. Era fácil verque se eu mesma não corresse atrás, terminariacom as mãos vazias neste grupo briguento, demaneira que decidi fazer uma visita a EnkiColoquei meu melhor vestido de ornamento, minhasmelhores jóias e voei para o Abzu. Sabia que Enkiguardava os ME’s divinos lá e tinha a esperançade me aproveitar de sua debilidade pela bebida eas mulheres. Os ME’s estão apoiados em uma

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tecnologia que apenas se está descobrindo naTerra. Imagine um computador que contém todo oconhecimento do universo. Este computadortransfere o conhecimento à mente do usuário emforma de hologramas. De modo que o conhecimentose transmite ao usuário holográficamente e em suatotalidade, assim que o conhecimento não ocorrepor partes em forma linear. O possuidor dos ME’stem um entendimento da informação que há em cadaum dos ME’s instantaneamente. O conhecimento époder; poder para criar civilizações, parapredizer o movimento das estrelas, para viajaralém da Terra, para regular a atmosfera, todas asciências e as artes. Eu queria ter esse poder.Como sempre, Enki estava predisposto. Enquantoelogiava minha beleza e encantos, abraçou-me deum modo inapropriado. Os serventes de Enki nosseguiram até um rincão acolhedor onde haviabandejas com manjares deliciosos importados deNibiru, bolos especialmente preparados e cervejassumérias. Quando Enki estava distraído, empapeisua cerveja com minhas ervas mágicas. Estas ervasincrementam a freqüência de Um, especialmente emhomens de idade cuja potência já está decaindo.Enki estava feliz e não me podia tirar os olhosde cima, posto que sou tão encantadora. Bebeumuita cerveja. Enki tem um grande senso de humore eu lhe contava as histórias mais engraçadassobre as sacerdotisas em meus templos.Festejamos, bebemos e rimos durante três dias. Emmais de uma ocasião dancei para Enki, algo assimcomo o número dos sete véus que pode ser tãoeficaz, lhe encantou!

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Finalmente, pedi-lhe os ME’s. Muitos dos filhosjá os possuíam, e eu somente queria minha própriasérie. A princípio esteve resistente; ele sabiaque isso estava proibido. Enlil se enfureceria sesoubesse que os obtive sem sua permissão. Tereique dizer-lhe. Então, servi outro gole a Enki.Não via por que o grande Enki tinha que pediralgo a seu irmão! Contei-lhe uma história dotemplo particularmente picante. Enquanto aindaria, pedi-lhe os ME’s com minha voz mais doce.Enki estava tão excitado com minhas seduções quefinalmente disse que sim! Acredito que também lheproduzia prazer a idéia de quanto Enlil ficariazangado.Enki começou a sentir os efeitos das ervas eficou dormindo. Quando começou a roncar, guardeios ME’s em um estojo de ouro que havia trazido.Os ME’s se vêem como cristais de doze lados degrande beleza e cor e somente se podem ativar sea gente conhecer os sons sagrados que os fazemvibrar e emitir seus segredos. Em Nibiru,Ninhursag me tinha ensinado estes sons.Quando os roncos de Enki se faziam mais fortes,escapuli-me pela porta com os ME’s. Tinha levadoduas naves comigo. Uma era oficial e a outra eraminha nave privada. Tinha o pressentimento de queEnki poderia trocar de opinião e trataria derecuperar os ME’s quando despertasse. De modo queenviei minha nave oficial para casa como chamarize me afastei em minha nave pequena, a que possopilotar com facilidade.Ao despertar, Enki não recordava muito bem oacontecido e seus serventes tiveram que lherecordar que me tinha entregue os ME’s. Como se

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sentiu um pouco abandonado e usado, seu egomasculino entrou em ação. Com um grito ordenou aseus serventes que me perseguissem, que metrouxessem junto com os ME’s. Eu sabia que era umpretexto para que eu retornasse e para acalmarEnlil e aos outros deuses. Com astúcia eu tinhaprevisto esta possibilidade e estava escondida asalvo clandestinamente em um santuário dosDragões com meu ME’s.Na família de Anu se tem o costume de que, setiver a vontade para tomar o poder, respeitam-lhepor isso. Enki e Enlil estavam tão impressionadoscom meu atrevimento que me concederam o direitode conservar os ME’s. Nomearam-me membro doconselho familiar, o Panteão dos Doze. Eu tinhaalcançado tudo o que queria e mais! Declarei-meRainha dos Céus e da Terra. Agora possuía atecnologia para fundar minhas próprias cidades ealcancei um lugar de maior poder dentro de minhafamília. Obtive o poder porque com coragem metinha apropriado disso, e ainda quero muito aEnki!

VI.- DUMUZI

Embora parecia que minha vida era cor de rosa eque eu estava totalmente satisfeita, as coisascomeçaram a ver-se funestas para mim. Para poderreclamar meu lugar legítimo na família de Anu,tinha que me casar com alguém cuja linhagemgenética me desse poder. Eu tinha crescidocompetindo com meu irmão, Utu, e com os outrosjovens varões. Via-me como alguém igual a eles. A

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idéia de me casar e ser dominada por alguém comessa dotação genética não me atraía muito.Na cultura pleyadense, a energia feminina érespeitada. A lei permitia às mulheres direitosiguais, assim como a oportunidade de expressarseus talentos inatos. Não obstante, a maioria dasmulheres dependiam de um "bom matrimônio" paradefinir seu posto no mundo. Poderia-se dizer quea mulher pleyadense era considerada igual aohomem, mas sob condições, e os limites destaseram fixados pela natureza individual de cadamulher.Meu irmão Utu e é obvio meus pais me pressionavampara que formasse um matrimônio poderoso, o quedaria muito mais força a nosso ramo da família.Utu brincava comigo, me perguntando se queriaterminar como Ninhursag. Tinha visto a vida deminha tia/avó como a de solteirona, e isso eu nãogostava muito. Seguras no meio do poder que lhesgarantia o matrimônio, as mulheres de minhafamília tranqüilamente tomavam seus postos aolado de seus maridos. Tranqüilamente é umapalavra que não me chamava muito a atenção. Eudesejava o poder para mim, não queria que ninguémme controlasse!Não obstante, com toda essa pressão para que mecasasse, comecei a procurar e a pensar qual doscandidatos disponíveis me parecia interessante.Enlil tinha tido êxito em engendrar um filho comNinhursag; o que constituiu outra derrota paraEnki, que só tinha tido filhas com ela. O nome domoço era Ninurta, e foi educado comigo e com Utuem Nibiru. Eu passei muito tempo com ele quandofomos meninos e sempre estávamos competindo e

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freqüentemente brigando. Sua mãe Ninhursagsimplesmente o adorava de um modo repugnante; eratão malcriado. Ninurta poderia ser geneticamenteapto, mas nem sequer valia a pena mencioná-lo.Enki teve vários filhos varões, mas o único queestava disponível era o menor, Dumuzi. Ah, sim,Dumuzi.Como era o filho menor de Enki, Dumuzi tinha oposto mais baixo. Atribuíram-lhe o Escritório dePastor Real. Quem inventaria esse título? Estavaencarregado de todos os animais domésticos naTerra. Já sei, todos temos que comer e osrebanhos são muito importantes para asobrevivência dos Lulus. ouvi todos essesargumentos de meu irmão Utu e de meus pais. Mas,alguma vez lhes regozijastes com o aroma dasovelhas ao final do dia? Meus pais estavam afavor da união. Acredito que não viam a hora deeu estar casada e sem problemas.Consolei-me com a idéia de ser membro da famíliade Enki. Freqüentemente o podia convencer de quefizéssemos algo agradável juntos, e tinha emmente me converter em rainha do Egito. Vi-memesma flutuando em uma barcaça dourada sobre oNilo, reclinada sobre uma era de flores, e asmultidões me aclamando. Com os ME’s em minhaposse e um matrimônio poderoso, minhas ambiçõesem planejamento começaram a tomar forma. Assimque me casei com o Dumuzi.O matrimônio era… bom, o matrimônio. Dumuzi nãoera muito brilhante e certamente não era casalpara mim. Acredito que seus irmãos o tinhamtratado muito mal, especialmente Marduk, o maior.Dumuzi era frívolo e egoísta. Passava o tempo

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olhando-se em um espelho esperando que oatendessem. Sua mãe vivia para ele, concedia-lhetodos os seus desejos. Eu comecei a evitá-lo tudoo que podia.Estava tão aborrecida que assumi tarefas extrasnos Templos do Amor, como se conhecia meustemplos. Inventava toda classe de desculpas e emminha nave voava de templo em templo inaugurandotoda classe de novas cerimônias. Comportava-meexatamente como um executivo moderno que parte emviagens de negócios só para afastar-se de suamulher. Desenhei uma quantidade de rituais novosque tinham como centro o Dumuzi e a mim com fimde pacificá-lo a ele e a nossas famílias. Osrituais continham todo este assunto a respeito denosso matrimônio e a arte de fazer o amor, arespeito da esposa tímida e seu maravilhosomarido. Esta primeira telenovela deu aos Lulusarquétipos sobre os quais moldar suas própriasvidas. Os rituais se desenharam para estimulá-losa produzir filhos dentro de um ambiente feliz.Para mim, era um escapamento à fantasia. Euinventei minha vida em um ritual como eu queriaque fora, mas não o era.Possivelmente foi minha falta de entusiasmo peloDumuzi o que nos deixou sem um filho. Paraassegurar nossos direitos ao poder, tinha quehaver um filho que herdasse esse poder. Essa eraa lei. Mas, qualquer que fora a razão, nós nãotínhamos herdeiro. Então, me ocorreu o seguinte:Se outros tinham tido filhos com suas irmãs, porque não Dumuzi? Anu e Antu tinham engendrado aEnlil, que a sua vez engendrou a esse malcriadoNinurta com Ninhursag.

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Eu estava inspirada.Foi fácil convencer a Dumuzi para seduzir a suairmã. Falei-lhe com entusiasmo sobre a magníficalinhagem genética de sua família, e suanecessidade narcisista de reproduzir-seencarregou-se do resto. A irmã de Dumuzi sechamava Geshtinanna, e era pavorosamenteinocente, nada ambiciosa como eu. Fiz que meusserventes preparassem um picnic detalhado,completo com vinhos de ervas para estimular alibido. Eles tinham que encontrar-se em umacolina que dava aos rebanhos que estavam fazendoo que os animais fazem na primavera. Eu tinhapensado em tudo e, como Geshtinanna era tãoingênua, não tinha a menor idéia de que aestávamos enganando. Depois de dois goles devinho, Dumuzi chegou à parte sobre ter um filhojuntos e até aí chegou a amenidade. Geshtinannaprotestou; ela queria permanecer pura para seumarido, quem quer que fosse. Dumuzi tratou depersuadi-la, mas ela se negou abertamente. Dumuziperdeu o controle e a violou! Suponho que essaervas que pus no vinho tiveram a culpa. São muitoeficazes nos homens.Estupro! Era algo que não podia ficar semcastigo. Nem sequer Enlil pôde esquivar o castigopor este delito. Dumuzi e eu tínhamos dado agoraa seu irmão maior, Marduk, uma muito boa razãopara desfazer-se de seu irmão. Marduk tinhaestado trabalhando sistematicamente na maneira deficar com o Egito, Marduk não me quer e nãoqueria arriscar-se com minhas ambições ou asdinastias que eu esperava estabelecer.

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Dumuzi correu para mim e para sua mãe,atormentado de pesadelos e presságios sobre suamorte. Animamo-lo a que fugisse e fizemos acertospara nos encontrar em segredo e lhe levar comidae água. Assim ele poderia esconder-se até que seacalmassem as coisas e eu poderia falar com Anupara pedir clemência. Mas Marduk não perdeutempo. Seus verdugos perseguiram Dumuzi para ascolinas e o apanharam como se fosse um coelhinho.Foi algo horrível, parece-me que os homens deMarduk se excederam. O pobre Dumuzi morreu porcausa das armas radioativas que com crueldade lhedispararam. Meu marido estava morto e eu estavasem descendência.Nesse momento me veio à memória uma leipleyadense útil: se um homem morrer semdescendência, mas não obstante tinha um irmão,esse irmão, mesmo que estivesse casado ou não,estava obrigado a casar-se com a viúva e procriarum filho com ela. Felizmente, Dumuzi tinha esseirmão, Nergal, tão de aparência agradável einteligente. Eu sempre o tinha admirado. Mas erauma pena que já estivesse casado com minha meiairmã no mundo subterrâneo. Pois bem, eu nuncapermito que complicações exíguas se interponhamem meu caminho. Decidi ir visitar a loira, rainhado escuro mundo subterrâneo, Ereshkigal, para lhereclamar a meu marido legítimo, seu marido,Nergal.

VII.- ERESHKIGAL

Ereshkigal é minha meia irmã. Com uma esposa tãoboa e bela como minha mãe, era de esperar-se que

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meu pai, Nannar, estivesse satisfeito. Mas afidelidade não era o costume na família de Anu.Possivelmente era o contraste com minha mãe o quefazia que a mãe de Ereshkigal fora tãofascinante. A única palavra que escassamentedescreve a sua espécie é Raksasas. Ela era metadeserpente e metade demônio, muito atrativa, e deseu corpo saía e se retorcia o Kundalini. Suapele era de um verde claro acobreado e seu cabeloformava o que se poderia chamar "cachosaterradores". Seu corpo era forte e sensual.Tinha os olhos de uma cobra com o poder parahipnotizar a Nannar. Como Deus da Lua, meu paicertamente tinha seu lado escuro.A atração apaixonada entre eles dois somentepoderia se definir como combustão espontânea.Ereshkigal era um autêntico broto de uma fusãoerótica. A ninguém lhe ocorreu questionar suabeleza assombrosa. Ela herdou o melhor de seuspais, e ela sabia.Não a culpo por não me haver querido. Acreditoque de certo modo ela sentia por mim o que Enkisentia por Enlil. Eu era a filha legítima deNannar e ela era o fruto da concubina. Além deestar cativado por sua beleza, Enki sentia certasimpatia por ela. Até chegaram a conceber umfilho que se chamou Ningishzidda. Enki como decostume não pôde controlar-se e, como engenheirochefe de minas, tinha dado a Ereshkigal o podersobre o mundo subterrâneo. Enki se deixaconvencer muito facilmente e eu gostaria de vercomo Ereshkigal utilizava seus notáveis encantossobre ele. Nós as garotas fazemos qualquer coisapara valermos neste mundo. Mas todo esse cabelo

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loiro era tão falso como todas as perucas queusava para realçar sua cabeleira!O mundo subterrâneo não está exatamente debaixo,embora parte dele está. Está localizado no queagora chamam a África e os extensos depósitos deouro que nós cobiçamos estão lá. Foi uma operaçãomineira enorme. Constantemente voavam as navesdesde a Terra até à estação na órbita paraentregar os metais refinados. Das profundidadesda Terra tirávamos ouro e outros metais preciososcomo prata, cobre, urânio e diamantes. Tinha quehaver uma força de trabalho gigantesca e, com opasso dos séculos, procriaram-se homens emulheres para que fossem operários maiseficientes. Nossos geneticistas constantementemelhoravam o aspecto de sua obediência esubmissão. Não obstante, de vez em quando tinhaque aplicar a disciplina.Na Terra havia pelo menos três espécies quecomiam carne humana, assim que os "come-carne"era uma ferramenta disciplinadora muito útil. Quemelhor ameaça para um trabalhador resistente quea idéia de ser devorado vivo?Olhem-no desde nosso ponto de vista: nósestávamos cumprindo com nosso dever. Tínhamos quesubministrar partículas de ouro a nosso planetaNibiru para nossa atmosfera esgotada, oumorreríamos todos. Fizemos todo o necessário paratirar o ouro das minas. Ereshkigal era a maisindicada para este trabalho; não lhe incomodava"motivar" aos operários com histórias decanibalismo. Dentro de si tinha um pouco dessavocação de come-carne. Não é que comesse humanostodo o tempo; só uma dentada de vez em quando.

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O canibalismo tem diferentes significados paradiversas espécies. Um grupo poderia vê-lo comouma maneira de absorver a força, sabedoria epoder da pessoa que se come. Para eles, é ummétodo ritual de aumentar sua consciência, assimcomo sua capacidade física e sexual. Quandoingerem a seu inimigo, obtêm a experiência de suavida. Outros somente se comem o cérebro da vítimapara obter sua inteligência. Em seu planeta aindahá vestígios disto.Há outro tipo de canibalismo mais generalizadoque é muito mais sutil. Há quem conhece a arte dedevorar a energia das pessoas sem que elassaibam. Pensem como o temor os pode adoecer; quãorendido e desgastado se sente uma pessoa porcausa da raiva, a cólera ou o ciúmes. Aonde vaiessa energia? Por que se vêem tão cansados epálidos aqueles que são viciados no álcool e nasdrogas? Possivelmente aqueles que os controlam jánão precisam comer sua carne.Agora sabem de onde procedem essas históriassobre pessoas que levam às Antípodas, assam-nas eas comem, os demônios! Para alguns era umarealidade. Mas não existem os demônios, somentevárias espécies que os controlaram por meio dotemor. Este é um universo de livre-arbítrio, oque quer dizer que são livres para fazer o quequiserem, e também o são outros seres. Esse é oproblema. Se todos começarmos como iguais, comoinduzimos aos outros a que façam o que queremosque façam? Há alguma regra? Pode-se enganar aoutros? Quem valoriza a quem e a que? Se teconverter no tirano de outro, te devolve essatirania? Bloqueia-te isto com o tempo? Essa é a

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pergunta mais interessante para nós agora queestamos apanhados pela Parede.Eu não estava pensando em assuntos de metafísicaquando descendia em minha nave para o mundosubterrâneo. Meu irmão Utu e meus pais opinaramque tinha que estar destrambelhada. Eles nãopensavam que Ereshkigal receberia a sua meia irmãque acabava de enviuvar com os braços abertos, eme advertiram que não fosse. Mas eu tinha outrascoisas em mente, como a dotação genética de seumarido Nergal, além de seus olhos azuis. Pordireito, ele chegaria a ser meu marido eproduziríamos herdeiros. Dizia-se que Ereshkigaltinha um palácio fabuloso, que estava todotalhado a ouro. Imagino que fazia falta todo esseesplendor para animar-se, pois o viver afastadada Suméria e Egito deve ter sido deprimente paraela.À medida que me aproximava dos portões, abatia-meum pouco todo o ouro e as colunas de mármore quedescreviam monstros serpentinos retorcendo-se edevorando Lulus mortos de pavor. Um poucoexagerado, pareceu-me. Mas isso era só o começo.Tive a boa idéia de avisar a Ninshubar, minhacriada, que me esperasse na nave. Disse-lhe quese não aparecesse em três dias, ela deveria voara casa e procurar ajuda. Tinha prestado um poucode atenção ao que disseram meus pais. Nãoobstante, eu estava confiante. Uma garota devearriscar-se, deve ter coragem. Depois de tudo,tinha-me arriscado a conseguir os ME’s divinos.Eu sabia que podia ser muito persuasiva.Ereshkigal não saiu precisamente correndo para mesaudar. De fato, não a via por nenhum lado.

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Apareceu um horrível guardião que disse que sechamava Neti. Meu deus, como ele era grande!Disse a esse monstro quem era eu, e ele me guioupor um labirinto que tinha uma série de portões,o que deve ter sido um sistema de segurançadesenhado para proteger o ouro de Ereshkigal.Logo este guardião ordenou a mim, Inanna, quetirasse todas asminhas jóias protetoras e minhasvestimentas. Todos nós usávamos uma variedade deaparelhos defensivos para nos proteger daradiação. Também levava comigo os utensílios decabeça com reguladores de campo e sistemas decomunicação. Meu vestido tinha seu escudo deamparo estandard tecido dentro do tecido. Nuncase sabe o que se pode encontrar quando a gentevoa pelo espaço, ou na Terra.Ao chegar ao sétimo portão, me ordenou quetirasse o vestido. Não é que eu seja muitomodesta, mas começava a chatear a forma como meestavam tratando. Além disso, eu queria saberaonde se estavam levando as jóias. Finalmente,entrei em um salão onde Ereshkigal celebrava umaaudiência.Era exatamente como me tinham contado; havia umestrado de ouro enorme e Ereshkigal estavasentada sobre um trono majestoso com diamantesincrustados. Embora eu estivesse nua, ia saudarcom amabilidade, quando esses juízes com aspectode ogros começaram a me lançar acusações defalsidade e traição. Era algo ridículo; nãoentendia do que estavam falando e tinha sede.De repente, Ereshkigal tirou sua arma de plasma eem um momento me disparou uma boa dose deradiação, mais que suficiente para me matar. Eu

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estava assombrada! Rapidamente vi como euflutuava por cima de meu precioso corpo, querapidamente trocou de seu quente tom azul a umíndigo morto!Ereshkigal ordenou a seus guardas que pendurassemmeu corpo na parede como se faz em um açougue. Vicomo meu corpo se decompunha. Viajando em astral,segui a minha criada, Ninshubar, que ia voltandoa Nippur, a cidade de meu avô, Enlil. Observeicomo ela entrava em seu templo e lhe suplicou queme salvasse. Ele se recusou! Disse que eu sabiamuito bem o que aconteceria ali; todos sabiam queEreshkigal me desprezava.Então minha criada foi a meu pai, Nannar. Eletambém disse que não! E eu segui flutuando no ar,escutando o sermão de meu pai: "é muito teimosa,todos sabíamos que só encontraria problemas ao irprocurar o marido de Ereshkigal". Até disse queme tinham dado meu castigo! Meu próprio pai!Talvez teria preferido um filho varão?Eu ainda flutuava no ar, tratando de me acostumara estar sem um corpo. Na mente de minha queridacriada motivei um pensamento e velozmente ela foiao Abzu de Enki. Já tinha uma história lacrimosamuito convincente preparada e, bendito seja Enki,decidiu intervir. Ele tinha algo de poder sobreEreshkigal, pois tinha sido ele quem lhe tinhaconcedido o mundo subterrâneo. Fez acertos paraque levassem meu corpo à Grande Pirâmide e, com aajuda de Ninhursag, ressuscitou-me.Durante três dias tive uma dor de cabeçahorrível. Decidi nunca mais voltar a visitar essabruxa e me esquecer do DNA de seu marido.

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Estar separada de meu corpo não foi algo tãofunesto, mas me levou a pensar quanto desfrutavade certas coisas, como dançar, ou inclusivecomer. Tinha-me apegado muito a este corpo e aminha vida na Terra com os Lulus. O tempo queestive fora de meu corpo me fez querer muito maisa Terra. Também aprendi a não confiar em ninguém,exceto em mim mesma.Decidi estender meus Templos do Amor à Índiameridional onde me tinham dado territórios queninguém mais queria. Às bordas do rio Indoconstruí as cidades Mohenjo-Daro e Harappa.

VIII.- OS TEMPLOS DO AMOR

A desembocadura do rio Indo era o centro decomércio do Este naquela época. Pus todo meuempenho e os ME’s divinos para criar negócios ecomércio entre a Suméria, Babilônia e Egito e oVale do Indo. Eu gosto dos tesouros da Terra etenho a habilidade para os negócios; sou umacomerciante inata. Meus templos eram escritóriosde intercâmbio que serviam como lugares de trocae negócios com vários produtos, assim como desalões de aprendizagem e adoração.Convidei a minha mãe, Ningal, para que meajudasse a desenhar e construir os templos. Elatem uma paixão pela arquitetura e trouxe consigoa sua boa amiga, Maia, a arquiteta mais famosa denosso tempo, para planejar Mohenjo-Daro e Harapa.Maia já tinha desenhado outros templos na Sumériamas nós três queríamos superar as criaçõesanteriores. Nós três construímos umas estruturas

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tão formosas e valiosas que Anu e Antu vieram àsadmirar.Eu sempre apreciei o lápis lázuli. Seus azuisprofundos realçam muito bem os tons de minhapele, mas não havia suficiente para construirtodos os templos, por isso pedi a Enki quedesenvolvesse um substituto em seus laboratórios.Em pouco tempo tinha mais que suficiente lápis, ecobri os pisos dos templos, as colunas e astelhas do teto com um novo lápis falso, que erameu presente de Enki. O mármore e o ouro semesclaram elegantemente, com turquesa, malaquitae lápis em ritmos geométricos.Também convidei a Tara para que me ajudasse nostemplos. Tara é a esposa de meu amigo Matali, opiloto de Enki. Matali não agrada muito bem àminha família; suponho que nos conheceu como"deuses" a muito tempo. Ele prefere confiar noPovo da Serpente e por isso se casou com a Tara,sua bela princesa da raça serpente.A linhagem da Tara é a mais antiga no planetaTerra. Matali diz que o Povo da Serpente é muitomais sábio que a de Nibiru. Ele me contouhistórias fabulosas de seu reino que está nasprofundezas do planeta. Diz que trabalham comfreqüências que nós não entendemos. A aquisiçãodo poder material não lhes interessa.O que compreendi foi que Tara era a melhorbailarina que eu tinha visto. Eu sabia que seuestilo de balé atrairia os mercadores de todo oEste a meus templos. Ela seria uma pessoa muitoútil, de modo que a convidei a treinar asbailarinas de meu templo. Tara é uma formosamulher de pele cremosa verde pálido e olhos

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escuros doces de amêndoa que piscam como estrelasno céu noturno. Colares de pérolas negras ebolinhas de ouro cobriam seus firmes peitos nus.Minha amiga Tara me ajudou a instaurar umacultura grandiosa e florescente.Também convidei a Ninhursag. Ela estava dedicadacompletamente a administrar cura a seus queridosLulus na pirâmide. Seu amor e sua compaixão portodos os seres viventes a converteram em nossamédica mais brilhante. Tinha um grupo deenfermeiras maravilhosas que lhe ajudavam, mas eusabia que ela estava muito sozinha. Passava muitotempo com seu filho Ninurta, o que não era bompara nenhum dos dois. Conhecem o tipo de mãe quemexerica sem cessar com seu filho sobre o restoda família? Bom, assim era minha Nin.Eu queria que Ninhursag fundasse o que vocêschamam hospitais, mas nós vemos sua medicinamoderna como algo absolutamente barbárico. Nósusamos formas de pensamento e freqüências, nãodrogas ou bisturis. Ser a única matriarcasolteira na Terra estava saindo caro a Nin, e eua queria muito. Estava envelhecendo um pouco masela sempre o negava. Nin se apresentava maiscompetente e fresca que nunca, mas eu sabia averdade. Eu mesma me sentia um pouco só e via comquanto coragem ela seguia adiante.Ao observar a vida de Ninhursag, junto com minhaspróprias experiências, comecei a sentircompreensão pela mulher. À medida que o tempopassava na Terra, os homens de minha família setornavam mais e mais dominantes. Era como se amesma atmosfera deste planeta remoto nosestivesse afetando a todos.

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Nas Pleyades a mulher é respeitada como símboloda grande Deusa e é tratada com consideração.Nossa lei proíbe estritamente golpear ou violar auma mulher. As freqüências fronteiriças da Terraaparentemente produziram um giro desta tradição.Nossos homens estavam adotando uma atitudediferente com a mulher. Os filhos de Enki,guiados por Marduk, inventaram leis que proibiamàs mulheres certas liberdades em seusterritórios. É óbvio que eu estava zangada etranstornada por essas leis tão ridículas. Então,em minhas terras, eu enfatizava o fortalecimentoe a melhora da energia feminina. Decidi ensinaraos Lulus alguns dos Mistérios Pleyadenses.Quando Ninhursag e Enki criaram os Lulus,deixaram alguns componentes chaves inativos.Embora os Lulus e todos os humanos nascidosdeles, incluindo os habitantes da Terra hoje,possuem nossos gens, alguns destes não funcionam,porque tinham sido desconectados de propósito.Aos Lulus foi ensinado a chamar a minha famíliade "divina", mas nós escassamente o fomos. Osfilhos de Anu são os adolescentes eternos, epalavras como ambiciosos nos descreveriam commais precisão. Intencionalmente tínhamos deixadoos códigos genéticos de nossa raça trabalhadoraparcialmente funcionando para que fossem maisdóceis. Eu sabia que não podia interferir nofuncionamento do DNA dos Lulus, mas ninguém podiaevitar que lhes ensinasse certos segredos. E comoo pensamento cria a realidade, eu esperava quealgumas de minhas sacerdotisas e sacerdotespudessem acender os "gens divinos" que estãopresentes em todos os Lulus e fomentar deste modo

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sua evolução latente por meio da secreçãohormonal.Na época atual o Samkhya é tudo o que fica dasabedoria pleyadense. Samkhya é uma palavrasânscrita que significa "enumerar". O conceitoSamkhya sugere que a matéria está organizada apartir de dois componentes primários, Consciênciae Energia que interagem para criar o universo.É o pensamento focado conscientemente no que moveas freqüências de energia para que se convertam asi mesmos no teatro de todos os mundos infinitose inumeráveis. Os físicos em seu tempo presentese estão aproximando deste entendimento, mas osfalta um componente e esse é o amor. Não a classede amor que experimentaram como humanos — umpouco limitado e impossível de predizer —, a nãoser o amor como uma força primária. A umcientista contemporâneo nunca lhe ocorreria medirum estado de consciência como o amor, mas esse éo segredo. O amor é a peça que falta em todas asteorias de campo unificado.O amor do Primeiro Criador é a causa principaldeste universo e de todas as outras realidadesdimensionais que existem. Não dizem seusprofessores que o amor é a maior de todas asvirtudes? Não obstante, é muito simples, muitoóbvio para a maioria das pessoas.De modo que ensinei este Samkhya em meus templos.Ensinei a minhas garotas e a alguns dos homensque queriam aprender a usar suas formosas mentese corpos para trazer esta força, a força do amordivino, a Terra, a nossas cidades, nossos campose a nossos filhos.

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Foi uma época maravilhosa para todos nós. Osnegócios prosperavam. Às mulheres lhes permitiater suas propriedades e manter sua fortuna porseparado se o queriam. Deste modo ninguém asescravizava. Ambos os sexos eram soberanos, e oshomens eram igualmente felizes. Houve umflorescimento da civilização e as artes. Nossoscampos eram abundantes, o comércio com a Sumériae Egito gozava de prosperidade e as artes dadança, o canto, a pintura e a escultura estavamem todo seu apogeu. Os rumores das obrasarquitetônicas de Maia se pulverizaram por todomundo.De todos os rituais iniciados em meus templos, orito do matrimônio era o favorito. Assacerdotisas se vestiam e preparavam à noiva, queera educada nas artes de agradar a seu marido eem métodos de assegurar a concepção quando odesejasse. O marido também era preparado einstruído nestes assuntos. Nesses tempos era deconhecimento geral o fato de que o maior prazerse conseguia estimulando à fêmea ao ponto maiselevado do êxtase. A noiva se convertia no canalpara toda a energia feminina na criação e omarido se convertia em toda a energia masculina.Essa união permitia que as forças do PrimeiroCriador e da grande Deusa se expressassem naTerra.O segredo desta união é a concentração. Nóstreinávamos ao casal para que obtivesse umaconcentração profunda olhando-se mutuamente aosolhos enquanto estavam realizando o ato. Cadacélula do corpo, assim como toda a consciência doser, deve estar ali nesse momento. Todo

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pensamento deve estar enfocado no agora. Umamulher não pode obter estados elevados deconscientiza nesta união se está preocupada com alista de legumes ou alguma outra tolice. Pensarno passado ou preocupar-se com o futuro somentedebilita a experiência.Receitávamos vinhos e elixires para aumentar aconcentração daqueles que requeriam de ajuda, masnossos melhores alunos não necessitavam nenhumtipo de ajuda exterior. As energias que elesemanavam reforçavam a fertilidade de nossaagricultura e a felicidade de nosso povo.Freqüentemente curavam aos doentes.No Vale do Indo se amava e se venerava aosanimais. Em nossas transações usávamos elefantese bois. Chegamos a querê-los tanto que osvenerávamos nos templos. Eu tinha lugaresdestinados para que os velhos se retirassem comsegurança. Ali lhes amava e lhes protegia. Osmeninos os visitavam com freqüência. Muitos dosLulus ainda conservavam o dom de falar com osanimais e lhes buscava para que treinassem aoselefantes, ao búfalo asiático, aos bois, leões,gazelas e toda classe de animais.Até hoje meus olhos se enchem de lágrimas quandorecordo a meus dois leões domésticos. Estascriaturas me amavam com todo seu coração e foramuma grande bênção para mim. A sabedoria que meensinaram nunca me deixará. O macho me permitiamontar sobre seu lombo pelas ruas e nunca meabandonava. A fêmea me cuidava com os instintosfirmes de uma mãe. Estou segura de que nuncasenti tanto amor e lealdade como os que eles mebrindaram.

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Depois de uns quantos centenas de seus anos,comecei a perder o encanto de estabelecer umanova civilização no Vale do Indo. Os negóciosestavam indo bem, os templos estavam construídos,e minhas sacerdotisas estavam tão bem treinadasque já podiam dirigir as coisas sem mim. Meuamigo Matali me levava com freqüência à cidadesuméria de Uruk para controlar as entregas degrão e coisas assim. Sentia saudades da Suméria,Egito e o Abzu de Enki. Minhas cidades não eramtão sofisticadas; não tinha porto espacial comacesso à estação em órbita. Sentia-me como seestivesse estancada no interior do país.Além disso, não tinha marido. Matali dizia quepor sorte não estava casada com nenhum de meusparentes, pois ele não os tinha em muito altaestima!Enquanto este dilema me deixava perplexa, meocorreu uma magnífica idéia. Lá em Uruk, Anuestava outorgando os poderes de monarquia aalguns dos Lulus que mais sobressaíam na época.Anu lhes delegava um poder limitado a aqueles quegovernavam as cidades. Demos aos Lulus controlesobre os assuntos humanos que careciam deimportância para nós.A monarquia se estava convertendo em uma parteimportante na nova vida da Terra. Por que nãopodia ser eu a encarregada de outorgar estepoder? Se podia convencer a Anu de que eu podiasubstitui-lo, ele não teria que preocupar-se comtudo isso e teria mais tempo para si e para asfestas de Antu. Eu sabia que Antu gostaria daidéia.

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Antu sempre me tinha querido e eu tinha esculpidoseu rosto nas estátuas das deusas de meustemplos. O fato de ser a irmã de Anu lhe tinhaoutorgado um poder indisputável e tinha conexõespolíticas por toda a galáxia. A Antu nuncapareceu lhe incomodar o fluxo contínuo deconcubinas de Anu. Eu sempre suspeitei que elasabia inundar-se em estados de consciênciaenlevados. É uma dama tão feliz, cheia do quechamam hoje de vida!Com o fim de convencer a Anu e a Antu de que euera a pessoa indicada para escolher os reis,construí um templo em Uruk. O templo em si estavadedicado a Anu. Na parte interior, a área maisimportante, coloquei uma cama de ouro sólido como nome de Antu gravado visível e belamente sobreela. A cama estava elevada sobre um estrado eestava soberbamente adornada com flores frescas esedas flutuantes. Este templo em Uruk se chamavaa Morada de Anu. Mas a cama que estava dentro dolugar sagrado mostrava a todos a que mulherescutava Anu. Que detalhe! Ambos adoraram! Quandolhes pedi que me concedessem o direito deoutorgar a monarquia, ambos concordaram. Claroque eu devia informar a Anu sobre minhasdecisões. Minha bisavó Antu estava feliz com asperspectivas de minha nova carreira. E que melhormaneira de encontrar um marido?

IX.- MARDUK E A GUERRA61

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Marduk, o filho mais velho de Enki, é o últimohomem na galáxia a quem eu quereria como marido.Enki amava a vida e às mulheres de todas as raçase por isso engendrou muitos, muitos filhos, osquais competiam entre si por terras, reino,exércitos e riqueza.Meu marido Dumuzi era o mais jovem dos filhosprincipais, mas já estava morto e nãorepresentava uma ameaça para nenhum dos outros.Nergal, casado com minha meia-irmã Ereshkigal,era o segundo na linha do poder. Enki chegou atéa engendrar um filho com sua nora Ereshkigal.Possivelmente foi assim como ela recebeu asAntípodas, onde Nergal reinava com ela. Enki tevemuitíssimos outros filhos que chegaram a ser umverdadeiro ninho de víboras de irmãos e irmãs.Aparece em cena Marduk, que reclamava tudo parasi mesmo. Alguns poderiam pensar que Marduk erade Marte, mas quaisquer que fossem seus gensreais, nasceu como um tirano réptil inato. Saiuda matriz de sua mãe calculando como ia controlarcada coisa e a cada pessoa. Todos os rasgosrépteis clássicos convergem em um grande Marduk.É muito alto, de olhos vermelhos penetrantes epele amarela olivácea que é um pouco escamosa.Tem vestígios de guelra nas bochechas. Nasceu comuma cauda como seu pai Enki, mas mais tarde a feztirar por meio de cirurgia laser. Ele alegava quea cauda lhe estorvava, mas todos sabíamos que suavaidade o tinha obrigado a cortar. A muitosparece que Marduk é esquisitamente belo,friamente magnífico e que tem uma mente brilhante

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e a concentração de uma cobra. Ele sim possui umaespécie de beleza, para quem gosta dessa espécie.Os filhos de Enki sempre estavam discutindo entresi, inclusive quando eram meninos. Quando Enki eseu irmão Enlil lutavam pelo poder, também ofaziam seus filhos. Pode haver aliançastemporárias, mas cedo ou tarde um queria impor-sesobre o outro e os irmãos chegavam aos golpes.Quando eram meninos, alguns dos moços receberamhorríveis feridas dessas armas de plasma debrinquedo. Algumas das mães rivais ensinavam aseus filhos a colocar formas de pensamento dedemônios imaginários nos sonhos dos outrospequenos. As mulheres aprenderam que se os filhosse mantinham no poder, também o fariam elas.Começaram a descuidar de suas filhas e só sepreocupavam com procurar matrimônios poderosospara as pobres.Uma reunião familiar freqüentemente era umdesastre e às vezes chegava a converter-se em ummotim. Os moços brigavam e suas mães os açulavam.Normalmente Enki se retirava no meio do temor e odesespero. Nunca gostou de disciplinar a ninguém.Depois de muito conflito e engano, a Marduk deu oEgito para que o governasse. Enki preferiu ficarno Abzu trabalhando em seus projetos genéticos,de modo que lhe entregou o domínio do rio Nilo eos territórios adjacentes ao Senhor Marduk.Imediatamente Marduk começou a construir enormesestátuas monolíticas de si mesmo por toda parte.Estas obras de arte aumentavam sua beleza etinham como fim intimidar ou aterrorizar aosLulus. O mandato por meio da intimidação era ocódigo de Marduk. Todos os tiranos da história da

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Terra de um modo ou outro se inspiraram noprimogênito de Enki.Como o Egito era o domínio de Enki, sua proleficou encarregada de regular os padrõesclimáticos ao redor do Nilo. Deste modo secontrolava o fornecimento de água e se evitavamas inundações. Em Nibiru o controle do clima sefaz por meio de reguladores de freqüência. NaTerra um satélite em forma de disco deelectroprata e ouro cruzava os céus e, por meiode emissões magnéticas que vocês ainda nãoconhecem, regulavam-se as quantidades de água e aformação de nuvens. Este procedimento fez que osLulus pensassem que nós controlávamos o sol e quenós somos deuses aos que eles deviam adorar.Marduk adorou esta idéia e se autodenominou oDeus do Sol, Ra, e por todo o Egito fundoutemplos onde lhe adoravam. Ele era extremamentevaidoso e sempre queria sair-se com a sua.Deus Sol, o Brilhante, Possuidor de Céu e Terra equase todo título que dava aos outros deuses,Marduk o apropriava cedo ou tarde. Até Enki lhetinha medo. Parecia que Marduk tinha o poder desubmeter a mente de Enki; exercia uma espécie decontrole mental sobre seu pai. De algum modo todaa força de Enki se transferia a Marduk, o quedeixava a Enki impotente.A grande pirâmide de Gizé era chamada de Ekur,uma palavra que quer dizer casa que é como umamontanha. Enki e seus filhos construíram esteEkur em Gizé. Marduk escolheu o lugar eNingishzidda, o filho de Enki e Ereshkigal,instalou a tecnologia Pleyadense dentro. Apirâmide era o gerador principal de poder que

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usávamos em todos nossos veículos espaciais, osdiscos que controlavam o clima e os sistemas decomunicação. Nessa época as transmissões dasPléyades, de nosso planeta Nibiru e da estação deórbita, chegavam ao Ekur. Aquele que controlava agrande pirâmide exercia o poder na família.Marduk e Nergal começaram a lutar pelo controledo Ekur. Marduk fez clones de si mesmo e formouum exército de guerreiros ferozes e valentões,grandes de estatura e facilmente substituíveis.Com estas legiões de clones atacou os exércitosdo Nergal e sobreveio a guerra. Quando os filhosde Marduk conseguiram se apoderar do Ekur,venceu-os a ambição e a avareza. Começaram abrigar entre eles mesmos e moveram suas legiõespara o portal espacial que pertencia a Enlil, oirmão de Enki. Esta briga provocou a Enlill e atoda a família e deu origem a uma larga esangrenta guerra familiar que terminou dividindoa família de Anu em dois grupos definidos, osEnlilitas e os Enkitas.Enlil não aceitava que os filhos de seu irmãorival Enki controlassem o Ekur e o portoespacial. Não queria lhes entregar o manejo dascomunicações entre as Pléyades, Nibiru e aestação orbital aos Enkitas. Enlil e seus filhosficaram à altura das circunstâncias. Escolheu aNinurta como chefe das forças enlilitas contraMarduk. Ninurta sendo o filho de Enlil eNinhursag, vivia para agradar a seu pai,executava suas ordens de uma maneira obsessiva eusualmente tinha êxito. Sempre me pareceu queNinurta era uma pessoa muito estranha,excessivamente egocêntrico e ressentido, uma

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espécie de menino mimado. Como era o centro deatenção de sua mãe, cresceu com algumascaracterísticas insuportáveis. Quando fomosmeninos Ninurta e eu brigávamos violentamente.Mas esta vez estávamos brigando juntos no mesmobando. Como neta de Enlil, eu sou enlilita denascimento. Vi com agrado que o filho deNinhursag saísse vitorioso nas batalhas para ogrupo de minha família.Meu próprio pai Nannar também comandavaexércitos. Eu insisti em ir à batalha. Tinhaalcançado o nível de Falcão Dourado noconhecimento das armas. Lutei ao lado de Ninurtae uma vez lhe levei uma arma que necessitava comurgência. Suspeito que foi a única vez que sealegrou comigo!A guerra foi inefavelmente espantosa e usamos aosLulus como soldados. De vez em quando as grandesondas de radiação chegavam a povos inteiros eLulus inocentes morriam em quantidades. Muitosmais morreram de fome no domínio africano deNergal porque Ninurta evaporou todas as águas nosrios e chamuscou as terras com fogo de plasma.Ninurta também usou o que vocês chamariam guerraquímica; o terrível míssil Madhava envenenavatudo o que encontrava pela frente. Havia muitostipos de armas destrutivas, mas a mais engenhosade todas era a arma Ruadra. Esta produzia umholograma de enormes exércitos de monstros edemônios que atacavam armados com pistolas deplasma e que emitiam gritos horripilantes deguerra. Os Lulus de Marduk nunca se imaginaramque se tratava somente de uma aparição, de modoque deram a volta e fugiram deixando que os

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clones sozinhos enfrentassem às legiões deNinurta.Ao final da guerra, Ninurta conseguiu alagar oAbzu, obrigando a Enki e a seus filhos a retirar-se da grande pirâmide. Empregando o amparo doEkur, os enkitas geraram uma parede de luzvenenosa ao redor do complexo. Esta parede era umcampo energético estimulado pelas enormescapacidades da grande pirâmide. Nenhuma arma dasnossas podia penetrá-la.Ninurta convocou a meu irmão gêmeo, Utu, e lheordenou que lhe cortasse todos os fornecimentosde água ao Ekur. Sem água não poderiam sobreviverpor muito tempo. O desespero obrigou a um dosfilhos menores de Enki a escapar para procurarágua, mas em seu ousado intento a arma engenhosade Ninurta o deixou cego. Um membro da mesmafamília fez muita agressão a outro, o que nãotinha ocorrido antes. Até o Marduk tinhautilizado assassinos para matar a meu maridoDumuzi.Então interveio Ninhursag. Já tinha visto muito.Era algo muito vil que estivéssemos degolandoseus Lulus, mas matar e aleijar aos membros denossa própria família era algo intolerável.Ordenou a seu filho Ninurta que lhe desse umaroupa protetora contra a radiação e lentamente seaproximou do Ekur. Ninguém se atrevia a agredirNinhursag, nem sequer Marduk. Ela é a filha deAnu e podem estar seguros de que Enki se sentiumuito nervoso quando lhe ordenou que baixasse aparede venenosa.Começaram as negociações de paz. Ninhursaginformou a Enki e a seus filhos que Anu lhe tinha

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dado autoridade para pôr fim a esta loucura.Ordenou a Enki que imediatamente se rendesse anteEnlil. Enki procurou Marduk para lhe pedirconselho e este aceitou. Nesses tempos Mardukainda tinha medo de Anu.

X.- O EKUR

A grande pirâmide em Gizé, o Ekur, é um receptornatural de energias. Inclusive sem as melhoras datecnologia pleyadense qualquer pirâmide recolhe eamplifica as freqüências circundantes. De modoque a ira e o ódio que geraram nossas guerras seamplificaram com a presença do Ekur. Comoconseqüência do ódio que sentíamos pelos nossos,a atmosfera da Terra se voltou pesada e seobscureceu. Esta nova densidade, na freqüênciabaixa, estava penetrando dentro de cada coisavivente sobre a Terra e a estava alterando. Emmeio de sua sabedoria, Ninhursag se deu conta doque estava acontecendo, mas o resto de nós não onotou.Seus cientistas contemporâneos entendem o campomagnético que rodeia a todos os corpos astrais,que se conhece como a magnetosfera. À medida quea magnetosfera rodeia a todo o planeta, é atraídapara as regiões polares na Terra onde seconcentra. Eles também estão conscientes de que amagnetosfera protege a Terra dos ventos reveses,que estão compostos de partículas de plasma deelevada energia que viajam a 200 milhas porsegundo. Estes ventos reveses literalmentebombardeariam o planeta se não fora pelo campo

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magnético circundante que desvia os ventosreveses de plasma.O plasma é o material mais abundante em suagaláxia e, por conseguinte, uma fonte de energiaapetecível. As pirâmides continham uma tecnologianossa atualmente desconhecida para vocês quepermitia acesso ao plasma dentro dos ventosreveses. Daí se tirava energia. As pirâmides secolocaram estrategicamente ao redor do planeta ese usavam como receptores de plasma. O Ekur era oreceptor de energia maior na Terra. Todas nossasnaves espaciais estão dotadas de receptoressimilares de menor escala. É obvio, todos osplanetas que os pleyadenses colonizaram têmpirâmides para receber energia de plasma.O Ekur foi desenhado para conectar o plasma dosventos reveses com o campo magnético que há nocentro da Terra. Este plasma de alta energia secanalizava como um funil pelo eixo vertical dapirâmide, enquanto que o magnetismo do centro daTerra era dirigido para cima pelo mesmo eixo.Ambos eram concentrados em uma trajetóriacoerente e intensa, similar ao que seuscientistas conseguiram fazer com a luz natecnologia laser.Milhares das que nós chamamos "pedras cantantes"recebem e conduzem esta energia. Há fragmentosenormes de âmbar, rubi e safira; cristais altosde citrina, esmeralda e água-marinha estão em umaordem harmônica com a ametista, o diamante e oquartzo. Muitas das pedras seriam desconhecidaspara vocês, como por exemplo o uzup, que serecolhe no sistema solar pleyadense.

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As "pedras cantantes" colocam-se de uma maneiraconsecutiva em uma espiral em todo o centro doEkur. No centro da espiral há um cristal azulmonolítico. O ápice do cristal se alinhaperfeitamente com a ponta da marquise da pirâmidepara que haja uma amplificação de energiamagnífica. As "pedras cantantes" são umespetáculo digno de presenciar.Quando o plasma entra pela parte superior do Ekure o magnetismo entra da terra, encontram-se nocristal azul que está no centro. As duas energiasse unem, redemoinham em meio de um vórtice depoder extremamente capitalista em forma de torés,uma forma geométrica que se parece com uma roscade pão. Quando o torés se forma, as duas energiasse convertem em uma bela união de forças em formade espiral. O torés de fluxo magnético emconseqüência fica em movimento com um anel quevolteia sobre si mesmo para dentro e outro parafora. Nesta forma criamos o movimento perpétuo.A beleza desta tecnologia não é algo incomum paranós. As formas que nós os pleyadenses usamosdevem estar em harmonia com seu propósito; porisso, a função nunca é maior que a forma. Algodeve refletir-se e ser igual à outra ou sediminui o poder. Nossa espaçonave e nossascidades são da beleza e elegância mais perfeitas.Estou consciente de que há um debate quanto a sea cobertura exterior do Ekur era de brancoalabastro ou turquesa. Era de ambos. Em um lapsode 300.000 anos experimentamos com diferentescoberturas para ver qual gerava mais poder, mas amarquise sempre foi de ouro, pois este é ummagnífico condutor.

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Depois de assinados os acordos de paz, autorizou-se a Ninurta para que desmontasse todos ossistemas bélicos do Ekur, deixando somentesuficiente poder para controlar os climas e unsquantos instrumentos de comunicação. Eu o seguipara a grande Pirâmide. Quando Ninurta desmontouas pedras cantantes, eu lhe pedi umas quantasesmeraldas. Ele se negou, indicando de uma formasantarrã que todas as pedras deviam sertransferidas ao novo centro de poder emHeliópolis, o domínio de Enlil.Ninurta, que sempre era rígido e inflexível,perseguia meu Pai Nannar a todas as partes. Amboseram filhos de Enlil, mas meu pai é tãoencantador e bom moço, tão lógicamente dotado queera evidente que entre os dois Enlil preferia ameu pai. Ninurta somente podia esperar cumprircom seus deveres direito para ganhar a aprovaçãode Enlil. Por isso Ninurta era muito minucioso,muito aborrecido. O dever e a integridade sãoqualidades maravilhosas, mas Ninurta não tinhasenso de humor.Enlil é estrito em sua fidelidade à autoridadenibiruense e, uma vez que tinha promulgado umalei na Terra, seguia-a ao pé da letra. Seu irmãoEnki é mais flexível, mais criativo. GeralmenteEnlil tomava partido por Nibiru, enquanto queEnki sentia um amor profundo pela Terra e osLulus e freqüentemente lutava pelo melhoramentoda humanidade.Como parte do acordo de paz, Enki fez certasexigências em favor dos Lulus que tinha sidomuito prejudicados por nossa guerra. destruíram-se muitas cidades e os Lulus morreram em grandes

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quantidades. Enki exigiu que se restaurassem ascidades que tinham ficado em ruínas e que seconstruíssem novas. Queria dar aos Lulus apossibilidade de ser mais que trabalhadoresescravos, portanto se decretaram leis que lhesdavam a oportunidade de escolher trabalho apoiadoem seus talentos. Lhes proporcionou uma extensavariedade de ocupações mais produtivas em suasestruturas sociais.Como conseqüência da devastação da guerra,limitou-se o poder dos filhos de Enki. Marduk seenfureceu quando se inteirou de que a seu meio-irmão Ningishzidda tinha sido outorgado Gizé e ocontrole sobre o Egito. Ningishzidda eraconsiderado neutro na divisão familiar porque éfilho de Enki, mas sua mãe, Ereshkigal, é a netade Enlil. Marduk cobiçava todo o Egito; elequeria o mundo inteiro.A Ninurta deu o controle da nova capital daSuméria, Kish, o que lhe deu ainda mais poder eenfureceu mais a Marduk. Ele queria Kish e odomínio da Suméria, assim como sua cidadefavorita, Babilônia. Todos amávamos Babilônia;era tão formosa naqueles dias e seus famososjardins eram o marco para muitos de nossosfestivais mais famosos. O povo de Babilônia mechamava Ishtar, e em minha honra construíram umformoso portão de pedra coberto de ouro e lápislázuli. Se viajarem lá hoje, na cidade velhapoderão ver vestígios dos templos que construímospara nós.De Marduk tinham arrebatado a maioria dosdomínios que desejava. Refletindo sobre suasperdas, decidiu tomar uma atitude em segredo e

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inventou um plano para utilizar aos Lulus contraos outros deuses.Seguindo um programa de austeridade, disciplinasde concentração intensas, Marduk ativou suavontade de cobra. Por meio de cristais e raios defreqüência colocou formas de pensamento nasmentes receptivas dos Lulus. Sua magia teve muitoêxito. Pela primeira vez os Lulus pensaram quepoderiam ser iguais a nós! Despertaram na noitecom uma visão: uma torre enorme que chegava até océu e o conhecimento de como construí-la.Parecia como se os Lulus chegassem de todas aspartes da Terra enquanto se reuniam nas planíciesnos subúrbios de Babilônia. Começaram a construiruma torre que chegasse até o céu onde poderiamexigir igualdade de parte dos deuses. Um poucomuito perigoso! Marduk deve ter pensado que maistarde poderia tirar essa tolice de seus cérebros.O Deus Marduk dá, e o Deus Marduk tira!Nessa época, os Lulus somente falavam em umalinguagem muito simples. Os conceitos complexosnão se encontravam em seu idioma porque seuvocabulário estava restringido às palavras quenecessitavam para executar trabalhos manuais ouobedecer ordens. Mas ainda possuíam restos desuas habilidades telepáticas originais da épocaem que ainda estavam em harmonia com os animaisda Terra. Essas habilidades telepáticas estavamfuncionando a pleno vapor quando de uma formamisteriosa começaram a reunir-se para construirsua torre até o céu.Quando Enlil se deu conta de que os Lulus estavamfazendo, apressou-se ao lugar, caminhou entreeles e os admoestou para que suspendessem o

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projeto. Disse-lhes que este ato era algo contraa vontade de seus criadores e que deveriam deter-se ou do contrário seriam castigados. Parasurpresa do Enlil fizeram caso omisso de suaspalavras. Era como se nunca o tivessem visto.Enlil se deprimiu. Somente um Deus poderiaproduzir esta magia e o único que ele seimaginava que poderia fazê-lo era o desprezadofilho de Enki, Marduk. Enlil sabia que teria quetomar medidas drásticas e gerar um campoenergético mais forte que o de Marduk.Enlil destruiu a torre de Babel com um raio departículas. Os Lulus ficaram estupefatos. Amaioria morreu e os que tiveram a má sorte deviver experimentaram as agonias que produz aradiação. Além disso sua memória tinha sidoremovida. Os Lulus caminharam cambaleando semrumo, sem saber aonde ir ou de onde tinham vindo.Era algo deprimente. Cada Lulu começou a sentiruma parede invisível de separação que crescia aseu redor por toda a Terra. As cidades e os povosficaram invadidos pelas freqüências de separaçãode Enlil. E a partir desse momento todos oshumanos foram animados a pôr em destaque suaheterogeneidade e a desenvolvê-la. Para cadaregião se criaram novos idiomas; umas raçascomeçaram a denegrir a outras e às pessoas e lheensinou a temer-se mutuamente. Os Lulusaprenderam a odiar e a brigar entre eles mesmos.Além disso, a cada Deus deram nomes diferentes,houve disputas quanto a qual dos deuses era overdadeiro, embora freqüentemente só se tratavado mesmo Deus, mas com um nome diferente. Mechamavam Ishtar, Vênus, Hathor, Afrodite,

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Lakshmi, Rhiannon e muitos outros nomes.fomentou-se a dissensão entre os Lulus. Nuncamais permitiu a seus antepassados unir-se contranós e nunca mais recordaria a espécie humana quetodos vinham da mesma fonte: uma criaturaselvagem da Terra e minha tia/avó Nin.Minha última experiência com o Ekur tem a vercomigo e com Marduk. Talvez recordam que quandoassassinaram a meu marido Dumuzi, foi Marduk quemesteve por detrás de tudo. É certo que antes edepois da guerra meu maior desejo era governar oEgito, mas Dumuzi era muito fraco para apropriar-se dele por si só. Egito era tão rico e, comminha ajuda e resolução, este poderia ter sidodomínio de Dumuzi e eu teria sido sua rainha.Marduk estava decidido a frustrar minhasambições. Nunca gostei de estar ao lado deMarduk. Sua necessidade de controlar a todo mundoera tão insuportável. Até seu aspecto merepugnava. Sua beleza cruel e majestosa tinhacomo único fim gerar temor.Houve uma investigação depois da morte de Dumuzi.Marduk alegou que, embora ele tinha dado a ordemde deter sua fuga, a morte de Dumuzi tinha sidoum desafortunado acidente, a conseqüência detropas muito agressivas.Durante a guerra eu obtive fama por minha corageme domínio das armas. Quando escutei a desculpatão patética de Marduk pelo assassinato de meumarido, perdi a razão. Anunciei minhadeterminação de acabar com Marduk. Como eu tinhaa reputação de uma combatente aguerrida, e queinspirava temor, Marduk fugiu para o Ekur.

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Voei para as pirâmides. Vestida com uma armadurade ouro e brandindo minhas armas, de uma formaarrogante ordenei a Marduk que saísse. Ele não mefez conta, algo que eu detesto e, é óbvio, perdia calma, lhe lançando toda classe de maldições aMarduk levantei meu raio de plasma e comecei adisparar aos lados da grande pirâmide. As pedrasdo Ekur começaram a tremer.Foi todo um espetáculo. Com meus peitos ao ar eformosa desatei minha fúria pasmosa; é que eu soumuito apaixonada. Todos contamos piadasdepreciativas sobre a operação da cauda deMarduk, e lhe gritei Grande Serpente e outrosnomes excelentes que não vou repetir aqui.Os outros deuses se estavam pondo nervosos. Meuirmão Utu decidiu chamar Enlil e, conscientes deque Anu é a única pessoa que eu escuto, Enlil ochamou. Sobre os céus de Gizé apareceu umholograma de Anu. Ele me rogava, sua amadaInanna, que desistisse de minha ira. Anu sabiaque Marduk tinha escondido armas no Ekur e nãoqueria que sua Inanna fora machucada. Ele me ama.Anu me aconselhou que levasse Marduk a julgamentodiante dos deuses. Eu aceitei porque depois detudo não sabia como ia entrar na pirâmide e já meestavam acabando as imprecações.Nós nunca antes tínhamos tido um julgamento real.Com Enlil, o tinham banido por violar a suafutura esposa, mas nunca foi processado em umacorte. Ninguém sabia o que fazer e ninguém queriajulgar a outro deus por algo que eles quereriamfazer mais tarde. Abriria-se um precedente decastigo que algum dia recairia sobre eles. Postoque Marduk tinha contratado alguém para que

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matasse Dumuzi, seria seu crime punível com apena de morte? Ninguém queria pronunciar umasentença de morte sobre um membro da família deAnu.Disseram-me que fizesse eu mesma a punição eminha adrenalina ainda estava fluindo. Me ocorreuo castigo perfeito: selar Marduk dentro do Ekur,ou seja, enterrá-lo vivo, sem comida e sem água.Como ninguém queria tomar a iniciativa, todosestiveram de acordo com meu plano, enterraria-sevivo Marduk no Ekur. Eu estava feliz.Eu sabia que sem água e comida, a energia dapirâmide manteria vivo Marduk por um tempo. Istolhe assegurava uma morte lenta, prolongada ehorrível. Estava muito feliz comigo mesma. Eu soutão criativa e tinha vingado Dumuzi. Não é quetivesse estado muito apaixonada por ele, mastinha chegado a desprezar Marduk e o queria forade meu caminho para sempre. Pessoalmente estivelá para as cerimônias. Simplesmente se baixaramalavancas e blocos enormes de pedra caíram um emcima do outro, selando Marduk em sua tumba.Bom, Marduk tem mãe. Ela não estava muito felizcom o que tinha passado e começou a suplicar aEnki. Ainda mais patética foi a irmã-esposa deMarduk, Sarpanit, que desfilava nua dia e noitefrente ao Ekur. Fez todo um espetáculo chorando egolpeando as paredes com suas pequenas mãos quesangravam. Reuniu-se uma multidão de Lulus aobservar e Enki fracamente cedeu.Pressionou-me para que me retratasse. Enki e eufomos muito bons amigos. Depois de tudo, ele metinha dado os ME’s divinos. Então,relutantemente, aceitei que o soltassem.

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Eu sabia que isso era um engano mas não podiadiscutir muito tempo com Enki. Então aceitei coma condição de que Marduk fizesse oferendas emtodos meus templos para suplicar minha piedade.Removeu-se então a marquise da pirâmide por meiode raios de plasma poderosamente concentrados eficou em liberdade Marduk. Se Marduk e eu nostínhamos desprezado antes, podem imaginar queeste pequeno incidente não melhorou nossarelação. Talvez de vez em quando ele despertavana noite, e ouvia meus gritos horripilantes: "Queo enterrem vivo!" Ele já era meu inimigo e eusabia que eventualmente procuraria a vingança.Mas enquanto isso o tinham mandado ao exílio comocastigo pelo assassinato de Dumuzi.As ambições de Marduk de governar o mundo nãodesapareceriam tão rapidamente. Algum diaretornaria. Escuros e cavilosos, o olhosvermelhos de Marduk impregnavam minha alma.Sentia-o esperando, conspirando em meio de suaira silenciosa.

XI.- GILGAMESH

No sistema solar pleyadense nós somos recoletoresde informação para o Primeiro Criador. O PrimeiroCriador é e nós somos enviados a reunirexperiências no tempo e o espaço. Vocês poderiamme julgar com apoio nas normas de seu mundo, maseu nunca me julguei mesma; eu simplesmente estavavivendo e aprendendo. Se uma experiência não erasatisfatória, seguia com outra.O Primeiro Criador manifesta uma "matriz dematrizes" a que chamamos Deusa Mãe e a partir

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dela se originam muitas outras fontes de criação.Uma multidão de seres elevados criam osPensamentos. Estes se convertem em som o qual asua vez flui a seu próprio nível de freqüência emanifesta as realidades.Minhas aventuras foram parte de todo o movimentoque tinha sido criado antes de mim. Eu venho deuma linhagem: eu sou o Primeiro Criador, a DeusaMãe e também sou meus antepassados antigos deoutras dimensões e sistemas. Sou parte de Anu eAntu, sou Enlil e Ninhursag e levo os meuspróprios pais dentro de mim. A consciência detudo o que veio antes de mim a expresso em meupoder para criar.Naquela época na Terra eu não via que minhasações pudessem machucar aos Lulus e a suasfuturas gerações: vocês. Certamente não sabia queesse dano retornaria a minha vida e construiria aParede.Depois de que Anu me outorgou o direito deconceder a monarquia, eu voava entre o Uruk e oVale do Indo. Através de minhas rotas de comérciohavia um fluxo abundante de grãos e outrosprodutos, minhas sacerdotisas se faziam maisricas cada dia e todo mundo era feliz. Nãoobstante, eu seguia sem marido.Estava nas mesmas condições que minha tia/avóNin. Não via nenhum candidato apto para me casar.Durante os anos via como Ninhursag ficava maisretraída e rígida. Eu não queria terminar comoela. Não sou o tipo de solteirona e me sentiacomo um canhão solto em coberta. Eu era tãoformosa e somente um pouco desumana. O que era oque tinha que fazer?

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Com o fim de solucionar este pequeno problema,resolvi combinar o ritual da monarquia com o domatrimônio sagrado. Nesta cerimônia tão formosa,o futuro rei se convertia em meu marido por umanoite. O templo era coberto de flores e banhadocom a luz das velas. O aroma das flores e os sonsde bela música enchiam os salões do templo.Vestiam-me com sedas, coroavam-me com uma tiarade ouro e os sacerdotes e sacerdotisas meconduziam à cama sagrada onde esperava meu amado.Desta maneira tive muitos filhos e dava origem amuitas linhagens reais a partir destascerimônias. Eu, que não tinha marido verdadeirode minha própria raça, podia desfrutar dacerimônia de bodas uma e outra vez. Entre osLulus era muito popular a cerimônia do matrimôniosagrado, motivo pelo qual eles me amavam muito eeu obtive poder sobre as cidades.Este costume de ter filhos com os Lulus era muitocomum entre os homens da família de Anu. Enkiperdeu a conta de quantas amantes tinha tido ouquantos filhos tinha engendrado. Meu pai Nannar emeu irmão Utu não eram diferentes. Eusimplesmente lhe dava forma a uma prática comum ea converti em um ritual detalhado. Esta cerimôniado matrimônio sagrado me converteu na pessoa maisapreciada pelos Lulus.Dita cerimônia também me permitiu formar homenssuficientemente capazes para que me chamassem aatenção. Eu lhes transmitia conhecimento,sabedoria e magia. A maneira mais segura detransmitir estas freqüências se encontra no atode união sexual executado com a consciência maiselevada e uma concentração profunda. Eu sou uma

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perita nestas coisas e muitos homens sebeneficiaram destas iniciações.Por meio de minha infusão genética, o DNA dosLulus se fortaleceu e se amplificou. Sem sabê-lotambém eu atei às linhagens de milhares de sereshumanos e por todas as suas vidas futuras. Meusgens se infiltraram em um rio de pessoas e sem eumesma sabê-lo estava me convertendo em partedeles.Já sabem como é isso; a gente está sentado por aíum pouco aborrecida esperando que passe algoemocionante e, por sincronia é atraído a um novomundo, sem nenhum pensamento consciente quantoaonde irá. A promessa de uma experiência nova efresca o atrai e fica apanhado na rede do tempo.Desta mesma forma eu estava para sempre atraídapela vida da Terra e pelas vidas de seushabitantes.Meu irmão Utu estava felizmente casado com suaesposa, Aia, e de vez em quando eu os visitava.Utu e eu estávamos muito unidos e sei que ele mequer, mas se mantinha muito ocupado com ostransportes da Terra para a estação espacial eescassamente tinha tempo para nos ver. Aia estavamuito ocupada com seus filhos, suas escolas e suaroupa. Ninurta e sua esposa, Gula, estavam namesma situação. Gula não falava de outra coisaque de seus meninos.Ninurta tinha tantas obrigações que não tinhamuito tempo para ver sua esposa. Eu admirava aestas mulheres por sua dedicação a seus filhos,mas isso não era suficiente para mim. Não via ahora de retornar aos templos para me informarsobre o movimento comercial. A cerimônia do

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matrimônio sagrado me deu a liberdade dedesempenhar meus cargos e de desfrutar dosprazeres de muitos maridos e muitos filhos.Minhas cerimônias atraíam homens de todos oslugares do mundo. Eu estava acostumado a observaros homens que entravam nos templos e indagavasobre suas capacidades e inteligência e meacostumei a escolher os melhores. Então um diaconheci um homem que rechaçou minhas propostas:Gilgamesh!Meu irmão Utu o tinha convertido no quintogovernante da dinastia de Uruk. Nesse tempo euestava em uma viagem de negócios no Vale do Indoe meu irmão Utu estava ansioso para conceder amonarquia a Gilgamesh. Utu o estimava muitoporque ele pertencia a sua linhagem. Numa época,Utu sentiu uma grande atração por uma dassacerdotisas de meu templo e esta união produziuum menino varão que era tão apetecível que porsua vez se uniu com uma dama nibiruense. Seufilho era Gilgamesh e sustentava que era doisterços Deus e um terço humano, asseveração quesegundo eu, lhe dava certos direitos.Gilgamesh era extremamente formoso, o que vocêschamariam "um homem e tanto". Era muito popularentre as pessoas, todo mundo o queria, e Utuestava encantado com este rei herói que levavaseu sangue nas veias.Como era muito inteligente, Gilgamesh começou aaprender tudo o que podia sobre a história daTerra e a família de Anu. Quanto mais aprendia,mais o obcecava a idéia da morte. Gilgamesh nãoqueria morrer. Depois de tudo, raciocinava, eleera dois terços Deus e portanto deveria ser

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imortal como Utu e os outros deuses. Rogou a suamãe e a seu avô que o ajudassem. Utu basicamentelhe disse que esquecesse o assunto, que os outrosdeuses não o permitiriam e que devia desfrutar dotempo que lhe tinha atribuído.Consternado e deprimido, Gilgamesh começou abeber em excesso. Exagerou na comida, na bebida,no sexo e se tornou briguento. Estava desesperadopor esquivar a idéia do temor à morte. Seucomportamento excêntrico e seus ímpetos violentosinterrompiam o fluxo de vida normal em Uruk.Os deuses pensaram que teriam que fazer algo paraacalmá-lo. Gilgamesh necessitava de umcompanheiro, e no deserto vivia um homem chamadoEnkidu, que era um dos experimentos genéticos deEnki e um êmulo em força física para Gilgamesh.Os deuses decidiram capturar Enkidu para queservisse de companhia a Gilgamesh.Enkidu ainda era um selvagem e estava em umestado inocente de telepatia com os animais dasestepes e dos bosques. Com o fim de capturar aEnkidu, os deuses o enviaram a uma de minhassacerdotisas para que o seduzisse. Ele nuncatinha visto uma mulher tão formosa. Enfeitiçadopor seu corpo sedutor se deixou vencer pelapaixão e copulou com ela uma e outra vez. Durantesete dias e noites Enkidu se perdeu no mar de suabeleza e em um transe de paixão enlevada. Quandofinalmente esteve satisfeito, foi procurar a seusanimais amigos mas eles já não o reconheciam e,quando tratou de aproximar-se, eles fugiram nomeio do temor. Enkidu tinha mudado para sempre.Como se sentisse sozinho e perdido, sem onde ir,o pobre Enkidu timidamente seguiu a sacerdotisa

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para Uruk, onde foi entregue ao Gilgamesh.Começaram sua amizade com uma luta, examinando oalcance da força de cada um. Quando Enkidu provouque era um êmulo para o Gilgamesh, os dois seuniram fraternalmente.Gilgamesh compartilhou seu temor à morte com seunovo amigo. A compaixão de si mesmo que expressouGilgamesh levou Enkidu às lágrimas e lhe falousobre um lugar que ele tinha encontrado com asgazelas na Terra dos Cedros, a morada secreta dosDeuses. Ali Gilgamesh poderia exigir aimortalidade. Enlil tinha criado um horrívelmonstro chamado Humbaba para que vigiasse seudomínio, a Terra dos Cedros. Enkidu disse aGilgamesh que para conseguir entrar na moradateriam que lutar com Humbaba. Emocionados pelasexpectativas de um novo desafio, os dois partirammuito animados.A morada dos Deuses existe em uma dimensãodiferente a da Terra mas se pode entrar atravésde um portal do tempo que está situado na Terrados Cedros. A Terra vibra a uma freqüênciadiferente de Nibiru e nós podemos entrar navibração da Terra unicamente através de ditosportais, posto que são as portas para viajarentre dimensões. Humbaba era um monstroholográfico que escondia uma arma mortal queprotegia esta entrada. Nós, como pleyadenses,devemos retornar com regularidade a nossa própriafreqüência de tempo, de outro modo envelhecemos àmesma velocidade com a que o fazem os humanos.Como um ano em Nibiru equivale a 3.600 na Terra,para vocês somos imortais.

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Do céu Utu e eu observamos como Gilgamesh eEnkidu se aproximavam do portal do tempo ecomeçavam a atacar à Humbaba. Impressionou-nostanto sua coragem que decidimos acabar com oholograma e lhes fizemos pensar que tinhamdecapitado ao monstro. Logo os enviaríamos deretorno a Uruk como se não tivesse passado nada.Pensando que o monstro estava morto, Gilgamesh eEnkidu jaziam extenuados ao lado de uma corrente.Gilgamesh estava muito suarento da batalha etirou a roupa para banhar-se. Vá! Era tãoformoso, tinha uma larga cabeleira negra e umcorpo tão escultural; irradiava tanta virilidade,que me invadiu o desejo. Queria estar com ele.Da minha nave que flutuava sobre ele, gritei:"Oh, Gilgamesh, desejo sentir seus fortes braçosao redor de minha magra cintura e me deleitar nosgozos prazenteiros de sua virilidade". Também lheofereci terra e riquezas, poder e fama; o usual.Podem imaginar minha frustração quando se negou.Até me insultou dizendo como eu tinha convertidoa tal homem em rã e a outro em lobo. Expressoucom desvario: "É um fogo de cocção que se apagacom o vento, uma porta traseira que não protegenem do vento nem da tormenta, um palácio que sederruba sobre quão valentes o defendem, um poçocuja tampa se desaba.... um sapato que remói o péde seu dono". Não era minha culpa que tivessevivido mais que todos os homens que foram meusamantes.Ele seguiu me insultando: "A qual de seus amantesamaste para sempre? Qual de seus pastores tesegue agradando? Vamos, deixa que mencione atodos seus amantes?"

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Ninguém se tinha atrevido nunca a me falar de umamaneira tão repugnante e o inferno não conhecefúria como a de uma mulher desprezada! Eu não iatolerar isto nem sequer de um homem que fora doisterços deus. Fui diretamente falar com Anu ecomecei a me queixar. Felizmente Antu estava ali.Anu tratou de me acalmar mas também assinalou queo que Gilgamesh havia dito era parcialmentecerto. Bom, possivelmente tinha perdidorapidamente interesse em alguns de meus amantes,mas não recordo ter convertido a nenhum em rã.Além disso, eu sou Inanna, Rainha do Céu, amadade Anu, e ninguém me fala dessa maneira! Melosa e lentamente roguei a Anu que me desse umaarma para surrar a Gilgamesh, uma arma grande deradiação. Disse-lhe que se não me entregasseisso, desataria toda classe de terrores astraisdas outras dimensões. Anu sabia que eu só tratavade persuadi-lo para que me aplacasse e me deu oque queria.Anu me recordou que o uso de uma arma tão letalenvenenaria as colheitas. Ele se perguntava se eutinha suficiente grão em reserva para meu povo.Quando lhe disse que sim, ele aceitou.Agora vejo que de vez em quando eu tinha muitomau gênio. Desta vez meu irmão Utu estavatotalmente contra meu plano. Ele queria muito aGilgamesh posto que era de seu sangue e fezacertos para que não funcionasse a arma. Istodeve ter agradado muito a Anu. Fiquei furiosaporque meus planos de vingança malograram eapresentei uma queixa formal. Anu consultou comseu filho Enlil, que decidiu que Gilgamesh eEnkidu deveriam ser castigados por ter atacado à

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Humbaba, desafiando com sua ação as armas dosdeuses. Anu propôs a pena de morte, mas Enlil nãoestava disposto a ver morrer Gilgamesh e arrumoua disputa oferecendo matar somente a Enkidu.Enkidu não pôde aceitar que se negociou sua mortede um modo tão frio e caiu em depressão. Enquantoo pobre Enkidu jazia doente e inconsciente,Gilgamesh se obcecou mais com sua própria morte ecomeçou a chorar e a queixar-se de seu destino.Com muita dificuldade se dava conta de que seuamigo estava doente. Este egoísmo completamentenarcisista me convenceu de que Gilgameshrealmente era um dos nossos, um verdadeiro filhoda família de Anu. Os deuses em meio à suacompaixão, tiveram misericórdia de Enkidu ecomutaram a pena de morte. Enviaram-no atrabalhar o resto de sua vida como escravo nasminas, um destino do qual não havia volta. NenhumLulu retornava do mundo subterrâneo doEreshkigal. Ditoso Enkidu.Quanto ao Gilgamesh, seu desespero cada vez maioro obrigou a pressionar a seu avô Utu para que lheajudasse. Decidiu procurar a imortalidade dosDeuses com mais afinco, algo que muitos humanostambém desejaram.

XII.- UTU E OS TÚNEIS DAS SERPENTES

Quando Anu começou pela primeira vez a colonizara Terra faz mais de 500.000 anos, já existiammilhares de quilômetros de túneis subterrâneos.Ditos túneis e covas foram construídos pelo Povodo Dragão e o Povo da Serpente. Nesses primeirosdias, Anu lutou, não somente pela Terra, mas

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também por estes túneis, já que são de valorestratégico crucial porque eles guardam osportais de tempo.O tratado que solucionou a guerra entre osenkitas e os enlilitas concedeu a meu pai Nannartoda a península do Sinai. Aqui se encontrava ocentro de controle da missão, o porto espacial ea entrada aos túneis. A meu irmão gêmeo Utu deramo controle destes serviços por ser filho deNannar.Utu é uma pessoa muito dedicada ao dever e nossoavô Enlil lhe tinha toda a confiança. Utu e eusempre nos quisemos muito e, como somos gêmeos,estamos telepaticamente unidos,Mas Utu tem o mesmo caráter de minha mãe Ningal.Ele tem uma inteligência silenciosa, uma têmperade dignidade e humildade. Eu sou como meu pai:aventureira e apaixonada. Com seu olharmisterioso e penetrante meu pai podia cativar aqualquer um.Como já o disse antes, Utu amava muito aGilgamesh e verdadeiramente queria lhe ajudar.depois que levaram Enkidu a trabalhar nas minaspelo resto de seus dias, Utu foi visitarGilgamesh. Bom, imediatamente Gilgamesh lhe rogouque lhe concedesse a imortalidade dos Deuses.Utu lhe sugeriu que se ele podia de algum modoprovar seu merecimento diante dos outros deuses,pelo menos eles lhe poderiam conceder uma vidamais larga. Além de que, Enlil tinha concedido aimortalidade a Noé. Então Utu lhe transmitiuvisões do Tilmun, a terra dos Viventes. Isto sefez nos sonhos de Gilgamesh para não despertar aira dos outros deuses.

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Tilmun é a terra dos Viventes porque está porfora do tempo terrestre e em uma dimensãodiferente a da Terra. Como já o mencionei, nósdevemos abandonar a freqüência da Terra aintervalos regulares. Se não o fizéssemos, nossoscorpos eventualmente se ligariam a Terra eenvelheceríamos como os humanos. Todos nósviajávamos regularmente ao Tilmun; lá tínhamosformosas casas. Para chegar ao Tilmun tem queviajar pelos túneis das serpentes.Os túneis em si mesmos são maravilhosos. Noprincípio se formaram mediante os vermes dasserpentes e vão em forma de círculos concêntricoscom curvas intermináveis. A cor da luz nesteslugares é um dourado esverdeado e se vê que asparedes brilham com uma substância viscosa. Ababa não é mais que um selador mas repele aoshumanos bastante bem. Muitos quilômetros dostúneis estão em total escuridão. Em muitasestranhas ocasiões acharam os humanos na entradadestes túneis. Para encontrar as entradas e teracesso, tem que estimular a energia serpente, oque vocês chamam de kundalini ou chi. Sem umdomínio destas forças sutis, a entrada permaneceinvisível. A mitologia da Terra esta cheia dehistórias sobre estes lugares. Alguns humanos emestados alterados tropeçaram com eles sem sabê-lo, mas muito poucos retornaram. Os xamãs daschamadas tribos primitivas da Terra obtiveramacesso com freqüência, mas eles preferem guardarsilêncio quanto a isto.Na época presente há sete entradas em ditostúneis. Uma está localizada debaixo da Esfinge noEgito e outra está em Jerusalém. Uma terceira

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entrada está no fundo do oceano Pacífico perto deum lugar chamado Vanuata. O lago Titicaca noPeru, o Monte Shasta na Califórnia e o Monte Merúnos Himalaias guardam outras três. A sétimaentrada jaz sob o grosso gelo da Antártida. AAntártida é também a locação de um torésmagnético que dá potência a todos os túneis comenergia de plasma.Em sonhos, Utu disse a Gilgamesh que entrandopelos túneis das serpentes poderia encontrar oTilmun, a terra dos Viventes, onde vivia Noé, osobrevivente do Grande Dilúvio. Se Gilgameshencontrasse Noé, talvez este lhe desse o segredoda imortalidade. Como os túneis eram seu domínio,Utu pensou em ajudar a Gilgamesh projetando unsquantos hologramas úteis dentro do cérebro deGilgamesh para guiá-lo em seu caminho.Eu pessoalmente estava já aborrecida de todo esseassunto de Gilgamesh, isso já não era algo paramim. Mas Utu não deixava de me contar cadadetalhe da viagem do pobre Gilgamesh. Eleobservava cada passo de seu precioso neto. Maistarde os Lulus compartilharam seu ávido interessee a lenda da busca da imortalidade por parte deGilgamesh se fez muito popular. Ilustrava todosos seus temores, esperanças e derrotas. SeGilgamesh não podia viver para sempre, então quemde sua raça poderia fazê-lo?Nos primeiros dias da colonização da Terra Enkitinha ampliado os túneis. Lhe pareceu muito lentoo método dos vermes, de modo que usou raiosantimatéria para evaporar a rocha. Em algunslugares este procedimento deixava borbulhasgrandes sobre as paredes que refletiam luz de uma

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maneira muito estranha. Enki adorava e estavafeliz com seus túneis de borbulhas. Em seulaboratório do Abzu, Enki sempre estavainventando monstros e criaturas mutantesgenéticas, de modo que criou uma boa quantidadede monstros feios para que vigiassem as entradasnos túneis que conduzem a outras dimensões.Com a ajuda de Utu, Gilgamesh cruzou as montanhase chegou até a entrada de um dos túneis. Ali seencontrou com alguns dos guardiães escorpiões deEnki. Estes eram monstros com pernas humanas ecorpos e cabeças de escorpião. Assustaram muito aGilgamesh e lhe advertiram que estes túneisescuros se convertiam em um labirinto de mortepara quase todos os humanos. Negaram-lhe aentrada. Logo, como por arte de magia, Utu deu osinal para que o deixassem passar.Por isso lhe pareceu como uma eternidade,Gilgamesh vagou em escuridão total através dolabirinto, chocando-se contra as paredes,machucando seu corpo e chamando Utu como umlouco. O ar era tão pesado que com muitadificuldade podia respirar, mas não obstantecontinuou sua viagem. Como via toda classe dedemônios horríveis que o empurravam contra asparedes, começou a acreditar que estava louco.Perdeu todo o sentido de orientação e sua únicarealidade era a escuridão.Então aconteceu algo extraordinário. Gilgameshcomeçou a ver em meio da escuridão, mas não emsua forma normal, mas sim com o olho de um deus.Os gens que tinha herdado de Utu começaram aativar os cones de seus olhos. Ao princípio sóvia os contornos dourados das paredes, como em

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uma foto em infravermelho e, embora pensava queainda caminhava em meio da escuridão total, oscontornos lhe serviram como guia e evitaram quegolpeasse seu corpo contra as paredes.Ao sair do túnel, Gilgamesh entrou no jardim dosdeuses. A princípio estava aturdido, mas começoua refrescar-se com água e frutas. Ele estava emum dos jardins famosos de minha bisavó Antu. Elaos construiu não somente em Nibiru mas também emqualquer lugar onde Anu o permitia. Há muitaslendas que falam sobre estes jardins porque, alémde frutas e flores reais, sempre há uma seçãocomposta de ouro e pedras preciosas. Imaginemtrepadeiras de uvas forjadas em ouro e prata comuvas de ametista e peridoto. Abundavam fileirasde trigo dourado e milho e, entre uma pletora deperfeições artísticas, as rosas eram o maismaravilhoso. Antu tinha convertido esta formaartística em uma paixão pleyadense e as mulheresnobres competiam entre si em justas centenáriasprojetando hologramas de seus jardins através dasgaláxias. Gilgamesh, já ensangüentado e sujo de sua duraprova no túnel, estava devidamente aniquilado.Utu lhe sugeriu que se banhasse na piscina dojardim e logo o dirigiu a uma mulher coberta comum véu que estava sentada ao bordo do mar e quese chamava Siduri. Ela era da raça dos Dragões eservia vinho aos deuses antes de que cruzem o marpara chegar a seus lares. Gilgamesh lhe perguntoucomo podia encontrar a Noé.Siduri lhe explicou que nenhum homem podia cruzaresse oceano. Para os Lulus esse mar era conhecidocomo as águas da morte. Gilgamesh contou a Siduri

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toda sua história e lhe informou que era doisterços deus, enquanto Utu flutuava no ar por cimadeles. Ao ver Utu, Siduri chamou o barqueiro paraque levasse Gilgamesh à morada de Noé.O velho Noé reviveu as memórias do Grande Dilúviopara seu hóspede, enfatizando o fato de que foramos deuses os que tinham decidido destruir aosLulus. Como tinha aprendido muito a respeito dosdeuses durante os séculos, Noé sabia que nós nãosomos de confiança e disse a Gilgamesh querenunciasse à sua busca pela imortalidade.Mas Gilgamesh não se deixou convencer, assim Noélhe sugeriu entrar em um teste de integridadepara provar sua dignidade aos Deuses.Possivelmente se Gilgamesh pudesse permaneceracordado e atento durante uma semanaimpressionaria aos deuses e lhe poderiam concedersua petição. Então o pobre Gilgamesh se sentoupara provar-se a si mesmo, mas imediatamenteficou dormido.Exacerbado, Noé lhe contou então sobre uma plantaque crescia no fundo do mar e que o poderiatornar imortal. Com valentia Gilgamesh mergulhoue trouxe a planta até o bote, só para que aroubasse uma serpente. Para Gilgamesh, aimortalidade dos Deuses lhe tinha escapado parasempre, até com toda a ajuda de Utu.Utu estava triste, mas não havia nada mais quemeu irmão pudesse fazer por Gilgamesh. Essa era alei: os Lulus devem permanecer em um estado deinconsciência, uma espécie de sonho. Manipulaçõesgenéticas lhes tinham arrebatado sua divindadefazia muitos milênios. Nem sequer o amor que Utusentia pelo Gilgamesh pôde trocar isto. Gilgamesh

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retornou a Uruk, onde reinou até sua morte e ondeera conhecido como o que tinha visto os túneis.

XIII.- SARGÃO, O GRANDE

Sargão foi o amor de minha vida na Terra. Juntosfizemos amor apaixonadamente, tivemos formososbebês e fundamos reinos grandiosos. Vi-o pelaprimeira vez em meu templo. Ele era o copeiro deUr-Zababa, rei da cidade de Kish. Chamou-me aatenção porque era muito parecido com meu paiNannar. Tinha seus mesmos olhos. Embora ninguémsabia com exatidão quem era o pai de Sargão, eutinha minhas suspeitas.A mãe de Sargão era uma sacerdotisa em um de meusTemplos do Amor. Quando nasceu, ela o envolveu emmantas em uma cesta de juncos e o colocou no rio.Enquanto ela orava, cuidadosamente observava comoflutuava até chegar a um homem chamado Akki queestava encarregado de irrigar os campos com águado rio. Akki tirou Sargão das águas, adotou-ocomo seu filho e lhe ensinou a cuidar do jardim.À medida que crescia, suas qualidades inatas deliderança o levaram até a corte de Kish. Mas foisua beleza e seu humor o que me induziu a amá-lo.Era alto e forte, de maçãs do rosto altos e finasmaneiras. Era extremamente inteligente e seupróprio ser impunha lealdade.Senti-me atraída do primeiro momento em que o vie, para minha sorte, ele sentiu o mesmo. Foi comouma super voltagem em nossos corpos. Não me tinhamedo nem era tímido. Ele sabia o que eu queria etomou-me como a um deus; nossa cópula foi divina.Ao princípio permanecemos em um estado de êxtase

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durante mais de duas semanas. Asseguramos asportas douradas de meus aposentos com a poderosaespada de Sargão e unicamente deixávamos que devez em quando os serventes nos trouxessem vinho ecomida. Não necessitávamos de comida, vivíamos donéctar de nosso amor e paixão.Nosso único desejo era jazer entrelaçados nosbraços do outro e passar horas simplesmentetocando e explorando com nossos lábios e pontasdos dedos o recém-achado território de nossoscorpos. Nossos olhos desejosos procuravamprofundamente nos do outro como se já tivéssemosestado juntos antes e de algum modo nostivéssemos separado. À medida que nos perdíamosna união, fortaleciamo-nos e nos convertíamos emum.Às vezes, nas agradáveis tardes, nos banhávamosnas piscinas de meu jardim sob árvores frutíferasà luz salpicada do sol. Eu só punha minhas jóias;colares de ouro, lápis lázuli e pérolas caíamsobre meus peitos. Uma cadeia de diamantes lhedava a volta a minha cintura e braceletes deesmeralda adornavam minhas pernas e tornozelos.Sentado sobre as águas com flores fragrantes quenos rodeavam, Sargão beijava meu corpo comternura, acariciava meus peitos firmes e tomava otempo para excitar a poderosa força de minhapaixão até que eu brandamente lhe suplicava queme penetrasse. Sua virilidade me satisfazia àmedida que ondas de prazer murmuravam por todomeu ser. Nossos dois corpos pareciam dissolver-se, palpitavam como uma luz branca à medida quenos convertíamos em um oceano de criação eterna.A consciência de dois como a gente ficava no

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vasto silêncio da eternidade e nosso prazer seconvertia em música nos reino mais elevados.Sargão me adorava e eu o converti em meu rei.Como tudo o que tocávamos prosperava e florescia,construímos um reino novo ao que chamamos Acádia.Ali desenhamos e fundamos uma bela cidade nova,Agade. No Agade construímos um maravilhoso templodedicado a mim chamado Ulmesh que queria dizersuntuoso e rutilante, como certamente o era. Aosmúsicos dava instruções para que tocassem dia enoite em meu templo. Nosso povo era feliz epróspero; suas casas eram construídas com lápis eprata. Em nossas adegas abundavam os grãos e asfrutas, os velhos e as mulheres respeitavam-se enossa juventude radiava com a beleza daconfiança. Os pequenos jogavam alegremente nestacidade de amor. Sargão o Grande e sua queridaInanna governavam o reino mágico da Acádia. Estefoi um período extraordinário para mim.Quando Acádia estava firmemente estabelecida, eucomecei a exortar a Sargão a que tomasse maisterras. Os Lulus tinham estado brigando entreeles mesmos e eu convenci a meu irmão Utu de queuma união com Sargão traria um tempo de paz eabundância do qual poderíamos nos beneficiar. Utuse reuniu com meu pai Nannar e com meu avô Enlil.Sargão caiu extremamente bem a Enlil;possivelmente recordava a seu próprio filhoNannar. Enlil concedeu a Sargão a monarquia naSuméria e Acádia. Inventamos uma nova caligrafiachamada acadiana para anotar nossos lucros.Eu nunca pude ter feito conquista de tantoalcance sem a aprovação de Enlil. Em anosposteriores esqueceria eu este fato duro e frio.

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A época de Sargão, segundo a contagem do tempoterrestre foi 2.334 – 2.279 a.C. Seu reinado foium tempo de muita glória para mim. Nesses dias euera a Rainha do Céu e da Terra no trono. Enlilpermitiu a Sargão que conquistasse o mundoconhecido do Egito até a Índia e fizemos aliançase acordos comerciais com Ninurta, Nergal eNingishzidda. Por nossas rotas passavamlivremente os grãos e o vinho, o cobre e o ouro etoda classe de mercadorias. Nosso povo seenriqueceu e inclusive os deuses pareciam estarsatisfeitos. Mas de conformidade com o defeitohumano da arrogância, Sargão cometeu um graveengano. Vi-o, o poder lhe tinha subido à cabeça.Começou a pensar que era igual aos deuses etristemente começou a beber em excesso.Sargão e eu havíamos trazido para o mundo umaformosa menina cujo nome era Enheduanna. Ela eracomo eu, formosa e teimosa. Tinha o dom da poesiae passava horas compondo hinos à grandeza de seupai, a suas conquistas e a sua beleza física.Estava apaixonada por seu pai e decidida a nosseparar.Eu não podia culpá-la por seus sentimentos; nãohavia ninguém em seu mundo que se igualasse a seupai. Mas seus constantes cuidados tiveram umefeito insidioso em Sargão. Ela se fezsacerdotisa para não ter que casar-se e esperouSargão no templo. Recitou-lhe seus poemas, encheuseu ego de sonhos de juventude e virilidade e lheserviu vinho. Sargão queria desesperadamenterealizar um ato heróico para agradar à sua filha.Havia um templo em Babilônia que tinha sidoconsagrado por Marduk. Era algo sagrado para ele

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e era sua maneira de manter suas garras sobre aBabilônia durante seu período de exílio. Elesempre tinha sido muito suscetível e possessivoquanto a Babilônia.Sargão concebeu uma cerimônia na qual transladouo chão sagrado a um novo lugar onde serviria comoa base simbólica para uma nova Babilônia que eleconstruiria. Não se imaginou que este ato trariagraves conseqüências. Quando Marduk se inteiroudo sacrilégio, levou a arma Pasupata Plasmon àsua espaçonave e voou sobre os campos da Acádia eSuméria. Ondas de radiação de alta intensidadedestruíram as colheitas em questão de minutos, oque produziu um período de escassez que obrigou opovo a rebelar-se contra Sargão. Ele se viuobrigado a reprimir centenas de rebeliões. Homensque uma vez o amaram e o adoraram levantaram suasespadas contra ele e os louvores se converteramem maldições à medida que os Lulus, mortos defome, viam que seus meninos morriam em seusbraços. Nosso império começou a desintegrar-se.Eu não estava envelhecendo mas Sargão sim. Ecomeçou a cair ante meus olhos. Com horror viacomo suas bebedeiras se convertiam em umpesadelo. Inclusive começou a me amaldiçoar, asua amada Inanna. Sargão se mudou para o templopara estar perto da Enheduanna. Na noite eu jaziasozinha na enorme cama de cedro que tínhamosconstruído para os dois. Enquanto brisas suavesmoviam as cortinas brancas de seda através dacama, atormentavam-me as lembranças agoradolorosas de nossa magnífica paixão e uma friasolidão se apoderou de meu coração. Eu não podiapermitir que tudo o que tínhamos edificado se

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esfumasse... Os tempos pacíficos, as belascidades. Tinha que mudar o destino, tinha quelutar. Não estava disposta a perder o quetínhamos construído e não me importava o quecustasse.A imagem de Sargão em sua cama agonizando etremendo, com a Enheduanna a seu lado, ainda estácravada em minha memória Poderia ser este o mesmohomem cuja força me tinha levado ao êxtase, omesmo homem a que eu tinha coroado como rei? Paramim, o final de Sargão foi uma tragédia que mudouminha vida para sempre. Já não era a mesma; umaparte de mim morreu esse dia. A menina exuberanteque corria rindo por pisos de lápis já tinhadesaparecido. Não havia príncipe que meresgatasse ou a meu povo. Eu sabia que dependiade mim tomar o que era meu, e estava bemconsciente de que os outros deuses se apressariama reclamar minhas terras se eu não lutasse.Coloquei os objetos de guerra e desfilei entre aslegiões de meus soldados montada sobre meu leão.Reanimando as minhas tropas, tirei de dentro demeu ser ferozes gritos de guerra. Meus soldadosestavam impressionados; a deusa Inanna os guiariapessoalmente à batalha. Ombro a ombro lutei comeles como um homem enquanto me convertia na deusada morte e da destruição. Durante dois anosconduzi a meus dedicados exércitos à batalha ematei a milhares de homens.Um após o outro fui colocando os filhos de Sargãono trono durante minha ausência. Enheduannaescrevia poemas que ilustravam meus massacresdizendo que sua mãe, Inanna, fazia correr rios desangue. Ferozmente lutando pelo que eu acreditava

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que era meu, perturbei o equilíbrio dos deuses.Aconteceu uma reunião na casa de Enlil. Enlil eNinurta tomaram uma decisão: teremos que deterInanna. Os deuses decidiram permitir que Mardukretornasse a Babilônia. Enlil e Ninurta sabiamque Marduk com gosto cercearia as atividades deInanna: eu que uma vez quis enterrá-lo vivo. Comodiz o ditado, o inimigo de meu inimigo é meuamigo.Marduk não tinha esquecido que quando estavapreso na grande pirâmide de Gizé, Utu lhe tinhatirado todo o fornecimento de água e, ao chegar aBabilônia, imediatamente tomou medidas paraproteger o bebedouro da cidade, o rio Eufrates.As forças de engenharia de Marduk reduziram osfornecimentos de água às cidades circundantes, oque exasperou aos outros deuses. Chamaram Nergalda África para que dialogasse com seu irmãoMarduk. Nergal se despediu de minha querida irmãEreshkigal e empreendeu a viagem para Babilônia.Entrou na casa de Marduk e começou a adular a seuirmão. Que façanha de engenharia tinha obtidoMarduk! Entretanto, terei que admitir que odesvio do rio Eufrates lhes tinha roubado a águaaos outros deuses. Anu e Enlil estavamcontrariados.Marduk replicou que dos tempos do Grande Dilúvioo equilíbrio de poder na Terra se trocou de umamaneira inaceitável, que tinha sido redistribuídoartificialmente e que não enchia suas aspirações.Adicionou que certas armas e fontes de podertinham sido injustamente furtadas de Enki eexigiu que as devolvessem a ele, não a Nergal.

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Logo ameaçou que envenenaria todo o rio Eufratesse não se cumpriam suas demandas.Aqui me abriu uma porta. Sempre gostei muito bemde Nergal, que era tão inteligente e de aparênciaagradável. Pensava que era uma lástimadesperdiçá-lo com minha irmã Ereshkigal. Enki játinha perdido o controle sobre seus filhos faziaanos. Nergal e Marduk estavam agora a bordo deuma verdadeira disputa fraternal.Se eu pudesse me aliar com Nergal, ele poderia meajudar a obter minhas ambições. Assim preparei umjantar tranqüilo para meu cunhado Nergal. Eleaceitou com prazer o convite. Estivemostotalmente de acordo, fizemos planos, fizemosamor. A família de Anu era ególatra e narcisista.Era muito fácil nos motivar à guerra ou a pazporque só nos moviam nossos próprios interesses eo que nos convinha nesse preciso momento. Uma vezinundados nos esforços penosos da ambição, nósperdíamos de vista o caráter e nos esqueciamos daverdade singela de que o caráter é o destino.No dia seguinte Nergal retornou à casa do Mardukna Babilônia e se negociou um acordo. Nergaldevolveria as armas e as pedras cantantes aMarduk, mas este deveria sair da Babilônia e voarà terra das minas na África e as recuperar parasi. Marduk aceitou com relutância.Antes de partir, Marduk advertiu a Nergal que nãotocasse nos controles que regulavam o rioEufrates. Como irmãos são irmãos, no momento emque Marduk saiu, Nergal entrou à força na sala decontrole mas para sua surpresa descobriu que todaa sala estava cheia de armadilhas. Quando Nergaldesmontou os controles, soltaram-se venenos no

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rio. Marduk também inventou um mecanismo quealterava os satélites que regulavam o clima nocaso de alguém destruir sua sala de controle.Sobre Babilônia os céus se tornaram negros,aumentaram as tormentas, os rios se poluíram etoda a área da Acádia e Suméria ficou devastada.Enki apreciava muito o sistema de águas daSuméria e não podia suportar que o Eufratesestivesse envenenado. Furioso culpou a seu filhoNergal desta ofensa destruidora. A esta iraNergal reagiu cancelando a elevação de umaestátua de Enki que já estava planejada. Só paraprovar um ponto, e por minha sugestão, Nergalqueimou a casa de Marduk.Como Marduk estava na África, pelo menostemporariamente, eu coloquei no trono da Acádia aNarim-sem, neto de Sargão. Meu pai Nannar adoravaesse moço e Nergal também o apreciava. Minhaaliança com Nergal, apoiada em sua inimizade comseu irmão Marduk, deu-me tanto poder que Narim-sem e eu pudemos continuar guerreando econquistando territórios por um tempo.Suponho que já estava voltando um pouco agressivae a brutalidade da guerra estava me mudando.Algumas das histórias sobre mim eram verdadeiras,outras não. Eu sim entregava os escravoscapturados aos campos de trabalho. Impulsionadapela ira, a ambição e minha solidão, voltei-medesumana. Sentia-me e me comportava como uma lobaencurralada. As ações de minha vida estavamcomeçando a aparecer em meu rosto. Minha belezase estava convertendo em algo duro e cruel.Punha-me mais pintura mas isso não servia. Eracolérica e irritável, exceto quando queria algo.

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Voltei-me manipuladora para obter o que queria;era uma hárpia, uma beleza convertida em besta.Narim-sem teve muito êxito e se escreveu sobresuas campanhas nas tabuletas de argila. Mas umdia fomos muito longe. Chegamos até as Montanhasde Cedro do Líbano, muito perto do portoespacial. Enlil reuniu aos deuses e todos ficaramde acordo: Inanna tinha começado a guerra e tereique detê-la. Ninguém me defendeu. Emitiu-se umaordem para minha detenção.Eu não ia permitir que Enlil me pusesse nacadeia, de modo que escapei em minha nave. Astropas de Enlil chegaram até meu templo de Agadee, ao ver que eu não estava, levaram-se todas asarmas e fontes de poder. Eu me escondi no paláciode Nergal em Etiópia, onde ele todos os dias medava informações sobre o que acontecia.Entre os deuses começou a circular o rumor de queeu tinha desafiado a Anu. Isto era falso, masproporcionou a Enlil a desculpa que necessitava.Como castigo por desafiar a Anu, destruíram acidade de Agade. A bela cidade de prata e lápisque Sargão e eu tínhamos construído devia servaporizada. Atiraram os raios antimatéria e Agadese esfumou. Até este dia ninguém descobriu olugar onde uma vez existiu minha querida Agade.Enlil, com seu estilo firme, trouxe seus homensda montanha, as hordas gutianas para que tomassemAcádia. Aqueles que eram leais a mim foramdegolados. Como eu não estava para as guiar,minhas legiões se desmoralizaram e fugiram paraos estepes.No palácio de Nergal me sobreveio uma depressãoque nunca antes havia sentido. A derrota e a

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perda plasmaram seus feios rostos sobre meu corpoenquanto eu me sentava abatida sobre meu tronodurante dias. Ninguém podia me convencer para quecomesse ou falasse.Sonhei que estava engatinhando por um deserto.Minha querida Ninhursag me chamou com o apelidoque me pôs quando era uma garotinha: "Nini!Nini!" Vi o rosto triste de Dumuzi, o marido quenão tinha amado. Senti o eco da risada assassinade minha irmã Ereshkigal. Por um momento senti acarícia tenra de Sargão, unicamente para meencontrar em um ninho de serpentes. Corriaassustada em uma gelada noite e me vi apanhada emuma teia com uma enorme aranha cujos olhosvermelhos e garras cortantes estavam prontas parame devorar. Despertei gritando... gritando.Era eu, Inanna, vulnerável? Era eu tão diferentede quantos escravos tinha capturado ou àsmulheres que haviam me trazido taças douradas devinho? Estava eu de algum modo limitada em meupoder? Por que estava aqui, vivendo neste corpoazul?Minha mãe Ningal me enviou uma mensagem mesuplicando que retornasse à casa. Prometeu-me queali estaria a salvo em seus braços. Deu-me suapalavra de que meu pai Nannar tinha garantidoamparo contra as acusações. Segundo ele, eu játinha sido castigada o bastante. Ela orava paraque eu retornasse a casa, mas eu devia renunciara meus caminhos aventureiros e inovadores.Com prazer viajei a Ur, o lar de minha queridamãe Ningal. Eu, Inanna, outrora Rainha do Céu,fui a casa de minha mãe.

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XIV.- TARA

O que faz uma garota como eu quando perde tudo?Depois de uma época em que chorando dormia nosbraços de minha mãe, comecei a me sentir como umaparva. Aqui estava eu, Inanna, Rainha do Céu,escondida na casa de meus pais. Quando comecei ame recuperar me senti um pouco coibida eenvergonhada. Pela primeira vez comecei arefletir sobre o significado de minha vida esobre o que tinha feito. No profundo de minhaalma sentia uma angústia e me perguntava seoutros também a sentiam. Era algo estranho e novopara mim.Diariamente chamava a meu amigo Matali econversávamos muito tempo. Matali era consideradocomo o melhor engenheiro de energia de plasma.Era um físico que podia consertar tudo.De vez em quando voava na nave de Enki poramizade, mas fazia tempo se desiludiu do modo devida dos deuses. Matali tinha se casado com Tarae foi viver com sua gente para começar uma novavida.Tara era da antiga raça do Povo Serpente, osNagas, uma raça que viveu na Terra eones antesque minha família. O Povo da Serpente veio de umsetor diferente da galáxia, do Altair, para viverno centro da Terra. Matali sugeriu que fosse comeles ao Reino da Serpente. Ele pensava que amudança me faria bem, assim vieram me pegar nacasa de minha mãe.Tara e eu tínhamos chegado a ser muito amigas noVale do Indo, onde ela tinha ensinado às minhassacerdotisas as artes da dança. Ela tinha

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aprendido a arte da dança celestial dosApsarases, os dançantes do céu. Tara era umaperita. Por meio de uma concentração intensa elapodia levantar seu magro corpo no ar e executarmovimentos celestiais de máxima elegância egraça. Das pontas de seus dedos até os sinos deouro que cantavam brandamente sobre seustornozelos, a dança da Tara é uma expressãodeliciosa de sentimento.Eu a amo tanto! A serpente tão desolada pôs seusbraços a meu redor e começou a chorar. "Oh, minhaquerida amiga!", expressou. Por um momento meuorgulho me impediu de chorar, mas muito em brevecomecei a fazê-lo. A beleza da Tara não erasomente física, procedia de seu interior. Elapossuía um tranqüilo equilíbrio de ser, umasabedoria carinhosa. Todo isso a fazia atraente.Não é de estranhar que Matali a amasse. Ele nosolhava fixamente e de um modo amoroso, enquantochorávamos uma nos braços de outra, e a navesubia pelos céus procurando um portal do tempo.O Reino do Povo Serpente era na verdade extenso.Dentro da Terra existem muitas cidades queresplandecem cada uma com torres de alabastrobranco. O ar é fresco e é regulado por sistemassofisticados cujas fontes de energia estão nospólos da Terra. Há pomares e campos de cultivoque produzem mantimentos em abundância para agente. O Povo Serpente possui uma grandevariedade de corpos: uns são humano, outrosmetade serpente ou réptil. Podem ver na escuridãoe, com suas habilidades telepáticas, podem teracesso às mentes de um grupo, se o desejarem.

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À medida que os dias passavam no Reino daSerpente, eu não deixava de fazer perguntas aTara; rogava-lhe que me entregasse seus segredos.O que dava a ela essa integridade e essa beleza?Como podia eu obter esse estado mágico? Tara mecontou muitas coisas, de como sua gente tinhavindo a este planeta fazia muito tempo paraconstruir suas cidades e túneis subterrâneos.Contou-me que entre eles somente havia uma pessoaque sabia tudo, e que lhe chamava A Sábia, aVelha Mulher Serpente.Implorei-lhe que me levasse a ela. Fizeram-seacertos para que Tara, Matali e eu viajássemosjuntos à morada da Velha Mulher Serpente. Seunome é impronunciável em seu idioma atual; é umsom que transmite amor. Dos ombros para baixo émulher, mas dos ombros para acima tem a cabeça deserpente. Emana uma energia que eu nunca haviasentido antes e que não a tornei a sentir após.Não é nem jovem nem velha e quando você trata deolhá-la fixamente se transforma continuamenteante seus olhos. Em um momento é belezadeliciosa, no seguinte um demônio furioso. Nãoobstante, a gente nunca sente medo em suapresença. É como se ela encarnasse tudo o que é,e isso está muito bem.Quando me sentei frente a ela, fez um gestoindicando que sabia o que eu queria. Sabia quemera eu e tudo o que tinha feito. Parecia meconhecer inclusive além de minha vida comoInanna. Era como se sempre nos tivéssemosconhecido; como se de algum modo eu sempretivesse estado em sua mente. Olhava-me com umacuriosidade familiar e compaixão. Não mostrou

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nenhum desejo de me controlar ou me manipular.Encontrou prazer em minhas aventuras, em meudeleite e irradiava seu amor incondicional.Pouco a pouco tudo o que nos rodeava se convertiaem uma luz dourada intermitente, o tempo começoua derreter-se e senti que as dimensõesconvergiam. Em minha mente vi que a Terra tinhaexistido durante eones. Neste lugar da galáxiatinham existido três esferas e esta Terra atualera a terceira. Ao final de cada ciclo a esferatinha sido destruída e em seu lugar se criou umnovo planeta.Tive uma visão do que foi a primeira Terra. Estaépoca mais sutil e mais amável que a da colônianibiruense. Havia um grande amor no planeta e oseres que existiam estavam dedicados a retornarao Primeiro Criador.Nesse tempo vi, um dia, muitas ladeiras comgrupos de pessoas, todos vestidos de brancosentados sobre as costas do mar. No topo de umaladeira havia um pavilhão de mármore com colunasaltas e debaixo destas havia doze casais em umafileira em forma de meia lua. Começaram a cantar:"Illiii... OHhhh... AHhhh...". Repetidas vezesestes tons fluíam pelas ladeiras até que tudovibrava em som. Havia uma multidão de entidadescom rostos brilhantes que entoavam as mesmasfreqüências e, à medida que a energiaincrementava, os seres começavam a converter-seem luz. A princípio a luz somente rodeava seuscorpos, mas logo seus corpos eram luz. Cadahomem, mulher e menino sobre essas ladeiras seconverteu em uma luz. À medida que suasfreqüências continuavam pulsando e ascendendo, o

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som se convertia em uma espiral. Estas energiasque se formavam atraíram para a luz em espiralanjos e outros seres elevados. Finalmente oPrimeiro Criador aspirou a espiral enquanto oprazer resplandecia através de todo o universo.Em nosso estado de êxtase e prazer sublime,tínhamos presenciado uma ascensão em massa. Vidaque alegremente retornava a sua fonte: o PrimeiroCriador. De algum modo Tara, Matali e euestávamos nesse pavilhão de mármore e, nãoobstante, estávamos ainda em presença da VelhaMulher Serpente. Era como se não existisse aseparação dos eones, como se estivéssemossimultaneamente em ambos os tempos e lugares. Pornossos rostos corriam lágrimas de felicidade.Em nossos corações agradecemos à Velha MulherSerpente e nos despedimos dela. Nossos corposestavam carregados de força elétrica, e foisuficiente por um dia.De retorno para o reino dos deuses, Marduk estavaconspirando e planejando. Nergal não se deu porvencido e estava formando alianças com osenlilitas, os inimigos de seu pai Enki. Aanimosidade entre os filhos de Enki e Enlil seconcentrou na atmosfera da Terra. Dasprofundidades do Reino Serpente observávamos comoos deuses se aproximavam cada vez mais da suadestruição.

XV.- GANDIVA

Os filhos de Enki cresceram conscientes de quetoda a Terra lhes teria pertencido se não tivessesido por Enlil e seus filhos. O rancor e aversão

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que Enki sentia por seu irmão Enlil se infiltrounas vidas de seus filhos como um veneno. Osenkitas estavam apaixonadamente decididos avingar-se e se opunham a cada passo que davaEnlil. Como Enki perdeu o controle sobre seusfilhos, o ódio deles afundou a família. Marduk eseu filho Nabu trataram de arrebatar o poder aseus próprios irmãos. Nergal não estava dispostoa entregar todo seu poder a Marduk e opôs a maiorresistência chegando até a formar uma aliança comNinurta, filho de Enlil.Ninurta comandava os esquadrões de vôo enlilitasque patrulhavam a Terra. Ele tinha conduzido asfamosas Hordas Gutianas para a Acádia paradestruir o que ficara de meus exércitos.Também lhe encomendou a tarefa de recuperar ossistemas de águas do Eufrates depois que Mardukos tinha poluído.Ninurta e sua esposa, Gula, estavam na cidade deLagash. Ninurta, a quem adorava voar e comandar aforça aérea, também era aficionado à construção ea engenharia. Esperava ansiosamente o desafio delimpar o rio. Mas detestava o assunto de governare não tinha paciência para a vida social quesuportam estes deveres. Sua esposa Gula estavamuito dedicada a ele mas Ninurta era muitoesquisito para ser companhia de alguém. Talvezele tenha levantado uma parede a seu redor paradesviar os constantes cuidados de Ninhursag, suadominante mãe.Ninurta ficou muito introvertido, descuidou docontrole do governo e desaparecia durante dias.Escapava em sua nave favorita, o Pássaro Negro.

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Ele queria construir pirâmides; dos tempos daguerra sentiu inveja das grandes pirâmides doEgito e convidou aos arquitetos que tinham tomadoparte no desenho e construção de Gizé para quecomeçassem a trabalhar na Suméria. Isto o manteveocupado por um tempo perto de casa, por isso suaesposa se alegrou. Mas paulatinamente a tentaçãode voar sozinho em sua nave o venceu. Afastou-sede toda civilização e voava sem cessar através demontanhas longínquas. Ali formou uma legião delutadores e lhes ensinou as artes marciais.Desfrutava muito da companhia destes homensrústicos.Ninurta estava enfastiado do estilo de vida desua família, os deuses. Preocupado por nossosconflitos eternos, ele recordava sua infânciaquando a Terra era ainda uma aventuradesconhecida. Desejava essa época quando estavalivre das ominosas responsabilidades de ser ofilho de Enlil. Tenho que reconhecer que eu nuncacheguei a compreender completamente a Ninurta.Ele é uma pessoa muito complexa, atormentado pelacarga de seus deveres e uma necessidade prementede simplesmente ser um garotinho brincalhão, ogarotinho que talvez nunca tinha sido.Como Ninurta estava fora por longos períodos,Marduk começou a olhar a Babilônia e suas cidadescircundantes. Ele e seus seguidores começaram ainfiltrar-se nos povos da campina e, empregandohologramas, aparecia-se ante os líderes de certastribos identificando-se com diversos nomes. Aestas tribos lhes incentivou a que se inclinasseme adorassem ao Deus Marduk. Ele executou muitosmilagres para as pessoas, deu-lhes poder e

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riqueza e lhes advertiu que os deuses de Enlil esua classe eram deuses falsos. Dizia-lhes que osque não o adorassem seriam castigados; condenadosao inferno para sempre.Durante séculos os humanos tinham sido preparadospara adorar algo que estava por fora deles, ouseja a nós. Contra esta manipulação eles tinhammuito pouca defesa.Como foram, ou seja, qual dos deuses eraverdadeiro? Certamente todos os deuses eramvolúveis; mais de uma vez tinham deixado oshumanos abandonados à sua sorte. As pessoas dastribos raciocinava que possivelmente deveriamadorar ao deus que lhes proporcionasse o melhor,ou que talvez seria melhor lhe obedecer a aqueleque ameaçava com castigos horríveis.Marduk era um gênio para confundir as pessoas.Começou a ganhar na devoção dos Lulus aocorromper levemente o poder dos outros deuses. Aciência do controle mental e a propaganda paralavar o cérebro estavam em suas primeiras etapas.Devido à ausência de Ninurta, Enlil teve quenomear alguém mais idôneo para a tarefa degovernar a Suméria. Escolheu a meu pai Nannar. Dacidade de Ur, Nannar e minha mãe Ningal começarama reconstruir as rotas comerciais normais e arestaurar a agricultura e os negócios na área. Ostemplos reataram suas atividades normais e seconstruíram novos zigurates.Não obstante, as coisas não estavam bem de tudo.No ar da Terra se sentia a fricção e oantagonismo. Era como se o planeta fosse um serque não pudesse suportar os ódios e disputas dosdeuses. Uma sensação de ansiedade começou a

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rodear tudo. A ambição e a avareza corriam rápidopor toda a Terra; logo que se inaugurava umamonarquia era destronada por outra. Asescaramuças aumentavam enquanto os estados deânimo se exacerbavam. Os olhos de Marduk liam porcima de seus futuros domínios.Podem ler a história deste tempo, pois seescreveu muito nas tabuletas de argila. Marduk eseu filho Nabu lutaram sem cessar para ganhar oterritório e controle do porto espacial. Ao ladode Enlil estavam meu pai Nannar, meu irmão Utu,Ninurta e Nergal, filho de Enki.Para acabar com essas horríveis guerras, Matalifoi visitar seu velho amigo Enki. Matali sempretinha estado ao comando da nave pessoal de Enki eos dois tinham passado muitas horas juntos.Matali rogou a Enki que falasse com seus filhos.O que se obteria com toda esta luta? Com certezaa Terra e sua gente só sofreriam mais. E se osfilhos de Enki e Enlil morressem na batalha? Oque sobraria a um dos dois patriarcas? Oresultado desta guerra só poderia ser aaniquilação mútua, posto que ambos os ladostinham armas poderosas. Se Anu escolher oGandiva, ninguém poderia evitar a aniquilação.Quem poderia predizer o fim de uma guerra tãodevastadora?Depois de escutar Matali, Enki visitou seu filhoNergal e tratou de raciocinar com ele. Mas Nergalse negou; ele sempre tinha acreditado que Enkipreferia a Marduk. A verdade era mais comovedora:Marduk exercia uma forma sutil de controle mentalsobre seu pai e Enki era simplesmente impotenteem presença de Marduk. Nergal se zangou muito

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pelos esforços de Enki para que se obtivesse apaz com Marduk. Enfurecido, disse a Enki quepartisse e amaldiçoou tanto a seu pai como a seuirmão, prometendo destruí-los.Sozinho, o pobre Enki chorou tristemente. Nãosabia o que fazer e recordava as épocas maisfelizes, as festas de Antu.Os profetas da fatalidade começaram amultiplicar-se por toda a Terra. Todo sacerdote eadivinho contava histórias da destruição que seavizinhava e oráculos em todos os templosprofetizaram o fim do mundo. Muitas das prediçõesforam absurdas e nunca se cumpriram, mas era comose a gente estivesse viciada nestespronunciamentos. Quanto mais horrorosas eram aspredições, mais gente pagava para as escutar. Os profetas estavam na verdade fazendo seuagouro!Levantaram-se novos edifícios para abrigar osLulus que desejavam reunir-se para encher-se detemor. Entre as profecias mais populares estavamos contos de escassez de alimento e a devastaçãode cidades inteiras, enquanto que os terremotos edilúvios lutavam pelo segundo lugar. Os Lulusgastavam todo seu dinheiro por vir e escutarestes contos, que os assustavam até a loucura.Este temor gerava uma energia da qual Mardukaprendeu a alimentar-se, e começou a fomentar omedo projetando imagens holográficas no céu ecriando cenas aterradoras. Experimentou com aenergia desse temor, manipulando-a e modificando-a para saciar seu apetite. Era melhor que a carnehumana e mais fácil de administrar.

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As profecias se tornaram realidade. Num diaterrível, os exércitos de Marduk caíram sobreNippur, a cidade sagrada de Enlil. Ninurta chegoucom suas tropas para defendê-la, mas o templo eos tronos sagrados já estavam destruídos. Enlilrespondeu de uma maneira implacável ordenando adestruição da Babilônia, a cidade preferida deMarduk, assim como de todos os seus centroslogísticos.Enlil reuniu o conselho de guerra e fez a Anu atemida pergunta. A arma Gandiva só podia ativar-se sob a ordem de Anu porque, uma vezdesencadeada, não se podia predizer o resultado.Nergal tratou de reunir-se pela última vez comseu irmão Marduk. Se este renunciava a suaspretensões de domínio supremo, o Gandivapermaneceria inativo. Enki, que estava presentecom Marduk e Nabu, parecia estar em um estado decegueira, como se sua vontade tivesse sidominada. Sumido na escuridão, Enki jogou sua ira efrustração sobre Nergal, pelo que a ira desteaumentou. Decidido a usar o Gandiva, Nergaldeixou Marduk e seu pai. Agora já nada poderiadetê-lo.Todos os deuses estavam conscientes dos perigospossíveis do Gandiva. Inclusive Marduk sentiumedo quando se deu conta de que seu irmão Nergalestava disposto a usá-lo.Anu se encheu de angústia. A inveja de seusfilhos tinha levado a Terra a este estado. Deu-seconta de quão fraco se tornou seu filho Enki epreferiu destruir as cidades e o porto espacialdo que permitir que tudo ficasse nas mãos doturbulento Marduk. Anu e Enlil viam algo escuro,

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quase perverso em Marduk e suas ambições. Elequeria se apoderar do planeta Terra, arrebatar opoder de Anu e inclusive governar as Pleyades.Converteu-se em uma ameaça séria, uma espécie demáquina que devorava tudo o que encontrava no seucaminho. Sem sentimento, sem coração, sem gozo deser, só pensava em uma conquista desumana.Anu desencadeou o Gandiva. "Uma labareda de luz,afiada como uma lâmina de barbear e mais forteque o sol, com um movimento em forma de zig-zag.Embora apontada para objetivos específicos, estaarma da perdição não fazia distinções."Não só se destruiu o porto espacial; muitosoutros lugares importantes para Marduk do pontode vista logístico desapareceram. A península doSinai foi destruída totalmente. Mas havia algoprimitivo que não tínhamos planejado e que nãopodíamos controlar: o vento.É irônico que o nome de Enlil pode significar "OSenhor do Vento", mas nesse momento nem Enlil nemnenhum outro deus pôde controlar os ventos quesopravam sobre a Suméria. Nuvens de radiaçãoarrasavam as planícies matando todo ser humano eanimal no seu caminho. O envenenamento porradiação desintegrava as células de seus corpos,a pele caía de seus ossos, seu sangue seevaporava nos ardentes ventos e morriam em meiode uma dor aguda. Os que estavam na periferiaforam os que mais sofreram porque sua morte foimais lenta. As terras ficaram negras com os fogosnucleares e as águas ficaram envenenadas.A salvo em suas naves, os deuses observavam umavez mais como seu frenesi destruía, de novo,milhões de vidas. Povos inteiros desapareciam;

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animais e colheitas, pontes e ziguratesdesapareciam da superfície do planeta, enquanto aTerra se agitava violentamente. O que tinhamfeito eles? Somente uns quantos sobreviventespermaneceram em meio da espantosa devastação doque uma vez foi um planeta verde e formoso. Aviolência do Gandiva e as nuvens de radiaçãocriaram um impacto que se converteu em uma ondaque enviou um sinal para o sistema solar.Movendo-se além dos últimos planetas do sol, osinal viajou por toda a galáxia até chegar aoutros setores. Além da vastidão do espaço, osinal foi recebida pelo Conselho da FederaçãoIntergaláctica. Esses pleyadenses que sedivertiam no planeta Terra tinham ido muitolonge; terei que detê-los. Um comportamento tãoirresponsável era inadmissível. Tinham alterado oequilíbrio de todo o universo. Fez-se um chamadoe todos fomos citados ao Grande Salão do Conselhoda Federação Intergaláctica.Nós tínhamos estado tão entretidos em nosso jogoe em nossas brigas que esquecemos por completo doresto do universo. Quem eram estes intrusos quese atreviam a interromper nosso jogo? Anu sabiamuito bem quem eram eles e convocou a todos comautoridade.

XVI.- INTERFERÊNCIA

O Grande Salão do Conselho Intergaláctico era umasala de reunião imensa com tetos transparentes earqueados que davam ao espaço infinito. Anu,Enlil, Enki, Ninhursag, Nannar, Ninurta, Nergal,Utu e eu estávamos todos formalmente sentados no

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círculo do Conselho. Marduk não quis assistir. Derepente eu me senti pequena e me alegrei de queAnu estivesse ali, mas até ele parecia diminuídoneste lugar. Só a presença dos membros doConselho nos deixou humildes, um sentimento quenão estávamos acostumados.Os Doze Superintendentes do Conselho eram umaamostra representativa das galáxias. No auditóriohavia centenas de outros representantes de todo ouniverso. Tantas espécies! Havia membros deSírio, Andrômeda, Orion, Arcturo e muitos outrossistemas.Os Etéreos estavam muito bem representados. Elestêm uma freqüência vibratória muito alta. Àsvezes se vêem sólidos, outras vezes transparentesou translúcidos e se diz que estão por cima dapolaridade, embora eu ainda não experimentei esseestado. Eu não sabia por que, mas parecia que osEtéreos tinham a última palavra na condução dareunião.Também vi seres que eram esferas ou bolas de luze voavam ao redor de nós, transformando-se nascores do espectro; primeiro dourado, depoisrosado ou turquesa. Possuíam a habilidadesingular de entrar dentro de nós com permissão,de encher suas células com luz e, por meio disto,conhecer a soma total de seu ser. Pareceu-me queisto era uma maneira muito interessante decomunicar-se. Eu estava feliz com todas estasnovas experiências quando a disposição de ânimono Salão trocou.Quando Anu ficou de pé diante Dos Doze, delessaiu simultaneamente um som o qual se converteu

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em palavras que foram claramente entendidas porcada raça: "NÃO INTERFERÊNCIA!"Não interferência é a lei do universo do livre-arbítrio e nós, disseram Os Doze, tínhamosviolado esta lei ao interferir diretamente naevolução de uma espécie. A lei afirmava que erapossível ajudar à evolução dos seres se, esomente se, eles solicitavam essa ajuda. Alterarseu DNA e romper os campos eletromagnéticos de umplaneta inteiro com a arma Gandiva era algomonstruoso e ilegal.Eu pensava para mim que este conceito de livre-arbítrio devia ser como o mercado livre na Terra:é somente livre quando serve aos que estão nopoder. Parecia-me que este Conselho estavatratando de nos pressionar ao interferir comnosso livre-arbítrio.Para o Conselho era óbvio que não entendíamosmuito bem, de modo que nos explicaramcuidadosamente que não iriam nos castigar, fazera gente voar em pedaços ou a confiscar nossasarmas. Contudo, algo nos aconteceria. Um estadode consciência, uma energia, uma disposição deânimo que refletia a totalidade de nossas açõesna Terra chegaria até nosso mundo. Esta energialentamente mas com certeza afogaria acriatividade e espontaneidade de nossas vidas.Veríamo-nos bloqueados, incapazes de evoluir. OConselho chamou a esta energia a Parede.Claramente explicaram que nós não fomos vítimas,que nós mesmos tínhamos criado esta Parede. Eranosso próprio invento. Nós não os criamos.Também nos proibiram de usar o Gandiva outra vez.O fazê-lo, seria considerado como um ato de

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guerra e pagaríamos as conseqüências. Se nós nãoacreditávamos que suas armas eram mais fortes queas nossas, talvez nos poderiam mostrar hologramasde outros grupos errantes que tinham sidoaniquilados por violar a lei. Acrescentaram quesuas armas não somente destruíam civilizações massim, eram tão fortes que podiam vaporizar asalmas dos habitantes. Eles podiam nos retornar àmente do Primeiro Criador para não existir mais,não nos dariam a possibilidade de encarnar emnenhuma forma! Senti um calafrio na espinha.O Conselho continuou dizendo que mais tarde emnosso desenvolvimento seria óbvio para nós quetínhamos estado na fase adolescente. Desavençascomo as de Enki e Enlil passariam com o tempo eteriam servido para um fim. Enquanto isso não nospermitiria destruir planetas ou fraturar o tempocom estas explosões. Recordem. Eles concluíramcom a palavra RECORDEM!!! Anu estava visivelmente aturdido; eu nunca otinha visto assim. Eu tratei de lhe falar mas elenem sequer me notou. Anu retornou a Nibiru, Enkie Enlil voaram à estação orbital. Os três ficaramem comunicação permanente.Em meio de todas as discussões e reparos, ondecada filho culpava ao outro, apareceu em nossastelas de comunicação uma mensagem urgente: Marduktinha sitiado todo o sistema solar pleyadense.Durante muitos anos em segredo tinha fabricadoexércitos de clones e os tinha treinado em umplaneta abandonado. O temor que tinha aprendido atirar da raça humana lhe servia agora comoalimento e energia para apoiar este projetoimpressionante. Com um ataque supressivo entrou

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nas Pleyades e destruiu a monarquia governante.Agora tinha tudo sob seu tirânico controle eordenou a Anu que se rendesse ou do contráriodestruiria Nibiru. Anu escapou com Antu a umsistema vizinho.Todos estávamos sobressaltados. Enki e eu voamoscom Matali ao centro da Terra para nos escondemosno profundo mundo subterrâneo do Reino daSerpente, onde estaríamos a salvo dos restos daradiação do Gandiva. Enlil saiu para unir-se aseu pai Anu. Os dois estavam decididos adesenvolver um plano para recuperar Nibiru eliberar as Pleyades.A salvo, e além das freqüências de tempo doplaneta desolado, nossa família observava comhorror como Marduk começava a apoderar-se do queestava na Terra e seus habitantes. Com o tempo seapoderou de seu planeta. Não utilizou exércitospara conquistar a Terra, usou a propaganda. Ossacerdotes de Marduk acusaram Enlil de desatar oterrível Gandiva contra os indefesos humanos.Era, depois de tudo, a verdade e por isso Mardukfez que os habitantes da Terra se voltassemcontra Anu e Enlil.Marduk fez todo o possível por me difamar. Diziaque eu era uma bruxa malvada que devorava aoshomens e convertia mulheres inocentes emprostitutas. Como cobiçava meus templos e asterras que possuíam minhas sacerdotisas, iniciouuma campanha de difamação para destruir a estasmulheres. Minhas sacerdotisas, que estavam muitobem treinadas em negócios e nas artes, foramacusadas de magia negra, de lançar conjuros portoda a Terra. Sempre que algo saía mau, uma

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tormenta ou um problema nas colheitas, jogavam aculpa nas minhas mulheres. E Marduk se encarregoude que muitas coisas saíssem mau. Minhas belassacerdotisas foram encarceradas, golpeadas,torturadas, violadas e queimadas vivas.confiscaram-se todas as suas propriedades. Mardukestava se vingando de mim, a que ordenou que oenterrassem vivo.No Reino da Serpente, eu jazia em uma pequenacama em um quarto cômodo mas não me dava conta doque havia a meu redor. No olho de minha mente vicomo os homens de Marduk desfiguravam e mutilavammeus templos. Todas as imagens das deusas foramsubstituídas pela sua própria. Esculpiu seu nomeem pedra por cima do meu e reescreveu a história,convertendo-se a si mesmo no herói de cada contoe lenda. Em meio de uma agonia impotente vi comominhas sacerdotisas sofriam todo tipo dehumilhações. Há tantos contos de fadas sobrevirgens, às que se levam aos dragões e as presasem cavernas escuras. Estas histórias estãoapoiadas na verdade, mas não havia nenhumcavalheiro em armadura que devesse resgatar aminhas belas sacerdotisas.Marduk não se deteve com minhas mulheres; nãoestaria satisfeito até que esmagasse a todas asmulheres. Para obter isto, usou os homens. Disseaos humanos varões que eles eram superiores, quea mulher tinha sido criada da costela de um homempara que lhe servisse. Mentiras, mentiras saíamda boca dos sacerdotes de Marduk.À medida que as mulheres perdiam sua posição derespeito, os homens por sua vez perdiam parte desi mesmos. As coisas não voltaram a ser iguais.

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Inclusive fazer amor se converteu em uma guerra.Como Marduk queria mais súditos para controlar emais energia do temor que se gerava, fomentou aprocriação de seus súditos. Na lua da Terracolocou um aparelho eletromagnético que conectavaa ovulação feminina com seus ciclos. Nem sequeros animais da Terra se podiam fecundar com tantafreqüência como suas mulheres. Marduk queriaproduzir o temor como uma mercadoria, assim queordenou aos Lulus que se multiplicassem. Isto lhedaria mais súditos para tiranizar e assim poderiagerar mais energia a partir de seu temor.O temor se converteu na mercadoria mais valiosapara Marduk. O temor imperava: temor à morte,temor ao castigo, temor ao conhecimento. Com umafonte tão ilimitada, Marduk podia alimentar asuas legiões de clones e a Terra se converteu emuma central elétrica para Marduk e seus tiranos.E tiranos eram; dos governantes dos países até osadministradores de companhias, a tirania era alei. Impor a vontade de um sobre outro era aexpressão mais altamente valorizada da vidahumana. Com a tirania chegou sua amiga, aavareza. E como ninguém pode estar perto daquelesque controla as coisas, os troféus da conquista eo controle substituíram ao amor. O prazer sedefinia em términos de posse e os objetossubstituíram à intimidade. Do Reino da Serpente,eu vi o futuro deste mundo projetar-se ante meusolhos. Vi como Marduk se voltava mais e maisardiloso em suas técnicas de controle e de gerartemor sobre os Lulus. Sacerdotes e políticosdesfilavam diante de mim; os estilos trocavam,mas a tirania fundamental permanecia intacta. Uma

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garra invisível se pulverizou pelas mentes ealmas dos habitantes da Terra. A Inquisição, osistema feudal, centenas de "ismos" que prometiamesperança vinham e se foram. A industrializaçãotrouxe consigo o trabalho vazio, aumentou omaterialismo e poluiu as águas, a terra e osmantimentos.Marduk aperfeiçoou a manipulação com a chegadados meios de comunicação: televisão e jornalismo.Repetidamente os humanos eram treinados paraadorar algo fora de si mesmos; não lhes animava aolhar para dentro. Sempre havia alguém lá paraadorar, alguém que era melhor e mais elevado.Duvidando de si mesmos, os Lulus escutavam semcessar aos "peritos", quem por sua vez secontradiziam entre si aumentando deste modo aconfusão.Os humanos que conseguiam pensar por si mesmoseram excluídos como desadaptados, eram castigadosou no melhor dos casos os faziam se sentirculpados. Se a gente obtinha algo, os outros sesentiam inferiores e se fomentou o sentimento deculpa. A psicologia se fez popular e os humanoslhes davam o dinheiro àqueles que escutavam seussentimentos de culpa e temor durante horas, dias,anos. Para Marduk a culpa era tão nutritiva comoo temor.Se havia uma escassez de temor Marduk ocasionavauma fome, um terremoto ou um furacão. Isto podiaser real como sucesso real na natureza, ou podiasimplesmente ser um holograma ou um programa detelevisão.Da minha pequena cama, o futuro da Terra se viadesalentador.

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À medida que viajava pelo tempo, de repentecomecei a compreender como um raio que golpeavameu cérebro cansado, que Marduk somos nós. Eleera o inconsciente coletivo da família de Anuprojetado sobre a Terra. Tínhamo-lo criado domesmo modo como tínhamos criado tudo de nossasvidas. Cada um de nós tinha dado a luz ao Marduknesta dimensão. Obviamente, se o tínhamos criado,também podíamos nos desfazer dele. Mas como?

XVII.- DESCIDA

Fui ver meus amigos Matali e Tara e pedi quedesejava retornar a ver a Velha Mulher Serpente.Tara me guiou para suas cavernas e ela nãopareceu surpresa. Embora não pronunciassepalavras, eu compreendi que devia empreender umaviagem sozinha.A sábia dama me conduziu a um túnel escuro. Noextremo do túnel vi um ovalóide transparente,como uma matriz rodeada de uma auréolatranslúcida de luz suave incessante. Entrei e mesentei durante um tempo que me pareceu umaeternidade. Não aconteceu nada. Comecei umprograma de austeridades, disciplina para elevarminhas freqüências por meio da concentração.Respirei, senti calor divino, jejuei. Parei-meestática sobre um dedo do pé durante dois milanos; prostrei-me, chorei. Minha alma se derramoupara esse ovalóide à medida que o silêncio meafligia.Não obstante, nada acontecia. Repassei minha vidacomo Inanna. Tudo o que tinha sido ou feitopassava através do olho de minha mente. O desejo

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veemente de verdade e conhecimento afligiu todomeu ser e meu corpo formoso se levantou e sesacudiu em meio de soluços e desespero.Finalmente, esqueci o desespero e me perdi em umcalor de fogo, enquanto sacrificava meu orgulho ejá não sabia quem era. O ego da Inanna sedesvaneceu.À medida que toda identidade caía de meu ser comoas lágrimas de meus olhos, começou-se a formaruma luz frente a mim. Lentamente, esta luzassumiu a forma do ser mais esquisitamente beloque eu tenha visto. Não era nem homem nem mulher,mas sua forma era humana. Estava composta demilhares de luzinhas que disparavam e se moviamconstantemente em cores diferentes. O rosto era orosto de mil seres e irradiava tudo o que euesperava poder ser; graça, sabedoria e qualidadespara as quais não tenho palavras. "Qual é seu nome?", perguntei. O Ser respondeu desta maneira:"Tenho muitos nomes de uma multidão deexperiências e estados de ser, mas meu verdadeiroespírito, onde reside minha alma não é mais queuma freqüência de luz, não é um nome. Eu sou oque não pode ser renomeado. Se buscas me dar umnome, sou Altair do Alción, Estrela de Estrela.Eu sou aquilo que você sempre foste."Seu desejo veemente da verdade me trouxe paracá. Estes são os momentos de seu despertar;corte-os. A revelação se está dando agora nestafuga do tempo. Você é um sistema de reação. Eu meconecto contigo. Estive alinhando seus circuitospara que haja uma melhor recepção. Te harmonizecomigo.

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"Recorda, amada. Recorda seu verdadeiro Lar.Quando o tempo começou para ti, foi uma luzbranca pura. Agora você tem muitas cores, muitosmatizes, muitas experiências. Flutua através doinfinito, pulsando beleza. Amo-te imensamente".Senti que uma brisa suave acariciava meu corpo. Oimenso amor deste ser me rodeou me curando esecando minhas lágrimas. Senti-me mais ligeira epelo meu corpo correram ondas de suprema alegria.O ser falou de novo:"Amo-te, Inanna.NUNCA te julguei.Regozijei-me com seus feitos, com sua coragem.Chorei quando você chorou.Procurei sabedoria em sua beleza.Apoiei-te em suas horas mais difíceis.Nunca estive separado de ti. Permiti-te ir peloscaminhos que escolheu para que me trouxesseexperiências. Faria qualquer ser menos por seu filho, suacriação? Em tranqüilidade de nosso encontro, abro a ti. Apresso a ti para me encher dentro de ti e de ti.Você é minha criação e com ansiedade esperei seuretorno.Sem exigir você volta para mim, brandamente comoas flores seguem ao sol.OH minha amada, unidos estamos!Desde todos os atalhos e caminhos,Através dos compridos e solitários corredores dotempo,Como as correntes da Terra,Como o sangue que flui por suas veias,Encontramo-nos no coração.

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Para nos queimar ali nos fogos de nossaRealização".Assim era! Eu estava acesa, todo meu ser ardia emamor e experimentei um êxtase que nunca antes metinha imaginado. Em silêncio, o ser transportouum entendimento a minha mente. O amor se esvazioudentro de mim com uma força de paixãoindescritível. Dentro de meu coração sabia o quefaria. O calor do fogo me mudou para sempre.Vi meu futuro. Descenderia para a forma humana,converteria-me em um humano e tentaria ativar ogen divino em minhas Projeções, os seres humanosque eu tinha criado. Separaria-me em porçõesvariáveis e assumiria muitas encarnações.Atreveria-me a ser vulnerável e a nascer na carnehumana. Escolhi uma gama de experiências atravésde castas particulares. Embora ia descer ao tempoda Terra, eu sabia que este Ser de Luz estariacomigo sempre e que já nunca estaria sozinha.Tenho que admitir que no princípio estava umpouco relutante a me encarnar na forma humana. Eusabia exatamente o que tinha sido feito ao DNAhumano e quão difícil seria recordar quem era umavez estivesse encarnada. Mas eu estava decidida.Decidi começar lentamente. Nas montanhas doHimalaia vivia um grupo de humanos que sereuniram em busca da sabedoria. Com a oração e ameditação eles esperavam que lhes chegasse umavisão que lhes mostrasse a verdade. A maneira deexperimento, produzi uma imagem holográfica demim mesma um pouco modificada e apareci dessejeito. Estava vestida uma túnica branca e merodeei de uma modesta quantidade de luz.Enfoquei-me no pensamento de amor que me mostrou

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o Grande Ser no ovalóide. Concebi uma coluna deluz que saía do ovalóide, passava através de mimpara as montanhas e aos corações e mentes destesbuscadores.Sua inocência e gratidão me impulsionaram a amá-los, e quanto mais os amava, mais sólida mevoltava. Tinha um pouco de medo, mas não podiaevitar amá-los. Seu gozo era uma tranqüilidadeque nunca tinha conhecido. À medida que minhadensidade física aumentava, eu sabia querapidamente esqueceria e não recordaria quem eranem o que tinha vindo fazer aqui. Pensei em todosos outros no que me converteria. A força de meuamor e compaixão pôs em movimento cem vistas,enquanto eu, Inanna, disfarçada de Lulu,descendia à Terra para experimentar todas aslimitações da carne e do sangue.Eu esperava que minha tarefa ia ser fácil, umaaventura a mais. Depois de tudo, eu como Inannaera de uma freqüência de tempo diferente e estavaacostumada a viajar no tempo. Que tão difícilpoderia ser? Não obstante, fui muito otimista. Adensidade das freqüências da Terra, unida a umcorpo cujo DNA desativado somente permitia umdécimo de sua função cerebral, deixaram-meafligida pelos cinco sentidos. A confusão e otemor me invadiram vida atrás de vida. Astécnicas de lavagem cerebral de Marduk, apropaganda e o controle por meio das freqüênciasforam muito para mim. O sistema religioso daépoca simplesmente me esmagaria e eu me perderia.Como homem, escolhi a vida de um sacerdote emAtlantis. Eu era o guardião dos cristaissagrados. Apaixonei-me por uma virgem Santa,

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violei-a e meus companheiros me executaram. Naantiga Irlanda me converti em um forte guerreiro.Esgrimindo minha tocha, decapitei a milhares dehomens e amontoei suas cabeças à frente de meucastelo como ostentação de minha riqueza.Comecei a beber em excesso e golpeava a minhaesposa. Um dia enquanto dormia, minha esposa emeu irmão persuadiram a meu filho de que mecortasse o pescoço, roubando desta forma minhavida e minha riqueza. No Egito me converti nobibliotecário da grande loja dos papiros e astabuletas de argila de Alexandria. Como temia atodo sentimento, vivia sozinho em meio da palavraescrita. Morri como um homem rígido e solitárioquando os soldados romanos colocaram fogo àbiblioteca.Como mulher, fui uma bailarina em Cachemira. Istoo fiz em honra de minha amiga Tara. Era uma órfãque chegou ao palácio graças à dança e decidiueducar-se aprendendo línguas e arquitetura. Eramuito admirada pelos homens, mas as mulheres doharém me desprezavam e me envenenaram. Noocidente da América fui uma menina, a índia quemontava em pônei e caçava nas pradarias. Meu nomeera Donzela do Céu e, me comunicando com asestrelas, benzi a Terra com as energia dos céus.Apaixonada por um índio valente e bom moço, Plumade Fogo, morri ao dar a luz quando um curandeirosupersticioso me amarrou no piso de meu tipi. NaEspanha me converti em uma formosa mulher judia.Durante a Inquisição fui encarcerada, torturada equeimada viva. Antes de morrer baixaram anjospara me liberar de meu corpo e minha dor.

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Converti-me em muitos seres. Experimentei a vidacomo homem e como mulher. Percorri os mesmoscaminhos que os humanos percorreram. Senti o queeles têm sentido, a mesma esperança e o mesmodesespero. Tive um menino em meus braços; fui umamenina órfã. Degolei a muitos homens e amei amuitos outros. Perguntei-me amargamente, o queimportava? O que importava nada?Suplicando ajuda, sentei-me sobre o piso frio eolhei firme e veementemente às estrelas. Trateide recordar.

XVIII.- PARA OS MENINOS

Ninhursag se uniu a seu irmão Enki no Reino daSerpente. Dali eles observaram minhas encarnaçõeshumanas com profundo interesse. Os dois tinhamcriado a espécie humana fazia muito tempo esabiam sobre a possibilidade de ativar os gens"divinos" apesar do véu que representava ocontrole de Marduk. Minha tia avó Nin estavamuito entusiasmada com o potencial ilimitado quejazia latente dentro de cada ser humano. Elasempre tinha amado a seus Lulus e Enki os tinhasalvado de sua total aniquilação depois dodilúvio e queria uma oportunidade para lhesajudar outra vez. Além disso, o desafio destaempresa lhe parecia muito sedutor. De modo queEnki e Ninhursag se uniram na descida para aforma humana.Todos sabíamos sobre os perigos que nosesperavam. Era possível que não recordássemosquem fomos; possivelmente nos perderíamos.Prometemos nos ajudar mutuamente a recordar

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quando fora, e do modo que fosse possível. Outrosdeuses seguiram nosso exemplo. A minha mãe Ningale a meu pai Nannar se uniram ao meu irmão gêmeoUtu e sua esposa. Ninurta seguiu a sua mãeNinhursag porque queria protegê-la. Inclusiveminha meia irmã Ereshkigal e seu marido Nergalescolheram encarnar como humanos. Muitos outrosdescenderam de suas próprias linhagens,encarnando-se naquelas estirpes que tinham criadoe das quais já eram parte.Quanto a suas experiências, terão que lhesperguntar. Talvez eles sejam vocês.O Conselho Intergaláctico estava muitoimpressionado por nosso compromisso corajoso deremover a Parede. O aborrecimento se podeconverter em uma motivação efetiva. Do Conselhosaiu outra mensagem que tinha que ver com oplaneta Terra. A Marduk e seus seguidores lhestransmitiu uma versão especial.Ninguém que esteja por fora das freqüências daTerra deve interferir nela. Era necessário deixá-la sozinha, lhe permitir que evoluísse semintervenção até o fim do ano 2011 D.C. A Terraseria protegida por um batalhão de naves de todasas partes das galáxias apoiadas pelo Conselho.Este acordo terminaria no ano 2012 D.C, ano noqual a Terra experimentaria uma divisãodimensional e se separaria em duas dimensõesdefinidas. Quando no universo as disputas não sepodiam resolver pacificamente, tais conflitos sedirimiam por meio de uma separação dimensional. Otempo e a realidade física são muito similares àscapas de uma cebola. Os mundos podem e, de fato,

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existem dentro de outros e os estoquedimensionais se sobrepõem e se entrelaçam.Esta separação seria apenas perceptível aoshabitantes da Terra e todos teriam temposuficiente para escolher entre as duas dimensões.A natureza individual de cada ser humano tomariaa decisão. Ninguém escolheria por outra pessoa.Uma Terra conteria as freqüências da chamada Luze existiria dentro do que se chama a quartadimensão. Nesta dimensão os pensamentos quetivesse um indivíduo tomariam forma porque cadapensamento se manifestaria instantaneamente ecada um chegaria à conclusão de que é o criadorde sua própria realidade. Todos os habitantes daTerra saberiam que eles sozinhos foramresponsáveis por tudo e a cada um lhe garantiriao direito inerente a ser soberano e a criar.A outra Terra ficaria em mãos de Marduk e seustiranos. Aqueles que quisessem que lhes dissesseo que fazer, como pensar e que não queriamexercer seu direito a escolher, permaneceriam sobseu controle. Os seres poderiam continuarexperimentando a vida sob o escudo de suas regrasà medida que a tirania continuava reinando e aMarduk lhe permitia ter sua própria experiência.Parecia que havia muitos que estavam contentes deter a alguém que pensasse por eles e havia muitosque queriam continuar adorando algo que estivessefora deles.Quando Terra se convertesse em dois mundosdiferentes, não haveria julgamento. Um dia oshumanos simplesmente se encontrariam na dimensãoque melhor lhes acomodasse e logo que notariam amudança, embora poderiam ficar alguns com vagas

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lembranças, inclusive mitos a um passadolongínquo.No ínterim, o Conselho e os Etéreos ficariam comoguardiães sobre a Terra. Não haveria guerras nemse permitiriam conquistas do espaço. Claramentehavia muitas outras civilizações de outrossetores que também pretendiam apoderar-se daTerra. Muitas asseveravam que também tinhamdeixado suas sementes em um passado muitolongínquo e retornavam para recuperar seusdireitos. Parece que este pequeno planeta azul émuito valorizado por muitos. Sem dúvida na Terradeve haver algo mais precioso que o ouro.De algum jeito todos fizemos armadilha. Nós siminterferimos. Entramos em corpos humanos paratratar de ativar o gen "divino". Nós queríamosfomentar o pensamento original e promover tambémuma rebelião contra a tirania. Não obstante,demo-nos conta de que era algo muito difícil efreqüentemente nos executavam de maneirashorrendas por estas ações subversivas. Tivemosêxito na criação de alguns hologramasinspiradores, algumas visões edificantes e outrasexperiências "santas". E a alguns de seusmelhores pensadores lhes entregamos algunssegredos tecnológicos.É obvio que Marduk também fez armadilha. Com ofim de ganhar conversos, gerou muitos hologramasaterradores. Ele se especializava em separar areligião do resto da vida e deu origem a muitasformas de adoração com numerosas burocracias parasobrecarregar e governar aos Lulus. Criou umanova religião que não tinha nome oficial mas quese conhecia como o consumismo. Homens e mulheres

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chegaram a considerar as coisas como maisimportantes que as pessoas. Às pessoas lhe mediapelo número e a quantidade de suas posses.Um altar, uma caixa eletrônica que emitiaimagens, instalou-se em cada lar para treinar àspessoas a adorar as coisas e adquirir mais delas.Este altar consumia a maior parte do tempo dagente. O resto do tempo se utilizava paraconseguir dinheiro para comprar coisas. Aosmeninos lhes deixava sozinhos em casa frente aoaltar, enquanto seus pais se dedicavam à busca demais posses. Só uns poucos se deram conta de quãovazia se tornou a vida. Marduk teve cada vez maisêxito.Quando os Etéreos se inteiraram da estratégia doaltar, decidiram enviar às pessoas da Terra umpresente. Do centro da galáxia, começaram atransmitir uma onda de luz que foi muito suave aoprincípio e que logo aumentou sua magnitude erodeou a Terra. Começaram a aparecer novas formasde pensamento que freqüentemente deixavamperplexos aos pais. A gente dançava nas ruas comotribos primitivas gritando "Façamos o amor, não aguerra!" Muitos outros começaram a procurar asolidão e tempo para olhar para dentro de simesmos.A onda continuou. Os homens adultos declaravamseu direito de sentir e as mulheres afirmavam queeram iguais a eles. Os estudantes jovens ficavamde pé frente a enormes arma e reclamavam seudireito a escolher, a ser livres. As pessoas íamdefender à Mãe Terra, que tinha sido envenenadade um modo absurdo no século vinte. Alguns

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asseveravam que falavam com os golfinhos e outrosanimais procurando defendê-los.A onda cresce e cresce. Eu, Inanna, aparentementeperdida aqui em um estranho corpo terrestre,abro-me para essa onda. Cada dia me esforço porrecordar.Em algum lugar no tempo, vejo uma garotinha azulque corre ao longo de um piso de lápis, e suarisada vem a minha lembrança como um eco. Sei quedevo recordar. Se eu posso fazê-lo, sem dúvidatodos podemos. A ação de recordar e de despertarcertamente se pulverizará como um fogo fátuoatravés do mesmo ar que respiramos. Eu me abro àonda.Alguns dias me confundo, mas este ato de recordarcresce firmemente dentro de mim. Há uma visão deum Ser de Luz que me ama e eu posso sentir esseamor. Há Esferas de Luz que às vezes voam a meuredor. A onda se volta mais forte; escuto os sonsda mudança. Cada célula de meu corpo começa avibrar com a mudança à medida que me revelammistérios fascinantes.Eu recordo.... eu recordo, as ondas agradáveis doamor e do perdão fluem por meu corpo, para minhamente, a meu coração e eu recordo. Então estamosaqui na Terra com vocês esperando o tempo daeleição. Nós, quem os criamos, enviamos nossoamor a todos nossos meninos. Nós que criamosMarduk queremos que cheguem a ser como os"deuses", mas melhores! Queremos que recuperem oque lhes arrebatamos faz muitos eones; seu poder,o poder de confiar em vocês mesmos. A onda é paracada ser humano que está neste plano. A onda énosso amor para vocês, nossos meninos.

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Vamos a vocês na noite com os sonhos, no cantodos pássaros, na carícia do vento, no murmúriodas folhas, no aroma das flores, na risada dosbebês. Seguimo-los pelos corredores do tempo ecochichamos em seus corações, amado acorda. Sabequem é! E sobretudo, enviamo-lhes amor, porque oamor é o poder mais grandioso de todos.À medida que comecem a descobrir seu poder decriação, de vez em quando pensem em mim e emminha insensatez. Pensem em Ninhursag e Enki, emtodos nós. Recordem nossa história, e divirtam-setanto como nós.Quanto a mim, vi o homem mais interessante efascinante no Conselho Intergaláctico. Nunca vium homem como ele, e depois que superar esteassunto da Parede, acredito que o buscarei.Possivelmente agora preste atenção em mim. Já nãosou a mesma. Possivelmente encontre isso no "BarEtéreo", ou no sétimo plano dos Bardos.Possivelmente a vida que começa para mim, Inanna.

INTERIM

Uma formosa mulher, uma deusa, dorme sobre umdragão dourado.O dragão assobia, seus olhos irradiam um vermelhointenso em meio da escuridão.A mulher jaz debaixo de uma grossa manta develudo, seus braços estão inertes, seus delicados dedosestão quietos esilenciosos. Sua pele é azul cremosa, quente esuave. Seus olhos

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amendoados se movem imperceptivelmente detrás depálpebrasfechados e pestanas largas.Ela dorme. Ela sonha...Sentada sobre uma nuvem, ela flutua no céuenquanto milhares de homens e mulheres se prostram anteela em adoração.Inanna! Gritam eles. Oh, Rainha do Céu! Gritar isso Ante ti, nosinclinamos! De repente, detrás dela, aparecem serpentesvenenosas.Saem dela retorcendo-se e se arrastam para asmultidões.Primeiro serpentes, logo dragões, depoisdemônios.Devoram a seus adoradores.O terror alaga o ar. O sangue manchou, a terra.Não!, Grita a deusa. Não!Eu sou vocês. Não me adorem! Não!Ela se deixa vencer pela angústia Respirando com dificuldade, acordada treme echoraNão! Gotículas de suor abrem seu corpo. Não! Por seu belo rosto correm as lágrimas.O dragão assobia… e guarda silêncio outra vez.

SEGUNDA PARTE: MELINAR E OS EUSMULTIDIMENSIONAIS

I.- OS SAPATOS VERMELHOS

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O ano é 1994, o lugar: Planeta Terra, a cidade deNova Iorque, a parte ocidental superior. Gracielasai de um táxi na esquina da Broadway e a rua 78apertando firmemente uma bolsa de compras de umdas lojas mais exclusivas da cidade. Alegre enervosa ao mesmo tempo, ela reflete sobre seuestado mental. Acaba de pagar quase 300 dólarespor um par de sapatos vermelhos de salto alto,uma soma exorbitante por um par de sapatos.Depois de muitos anos meditando e procurando averdade, de viajar por todo mundo e de procurarrespostas em milhares de livros, está de pé nasperigosas ruas de Nova Iorque, apertandofirmemente um par de sapatos que custam osuficiente para alimentar a uma família de seispessoas durante um ano em algum país de terceiromundo.Uma queixosa voz chega à consciência de Graciela.Olhe e vá a uma jovem mulher desajeitada sentadasobre uns degraus de concreto. Está suja,andrajosamente vestida e visivelmente perturbada.Seu rosto está machucado. A mulher chorahistéricamente e grita: "Não tenho nada, nãotenho onde viver, não tenho o que dar a meusfilhos!" Seu desespero enche a rua enquantosuplica aos transeuntes. Como estão em NovaIorque naturalmente, todo mundo a ignora. A bolsase volta mais pesada nos braços de Graciela. Comum sentimento de covardia e culpabilidade, elaabre discretamente sua bolsa e saca uma nota de20 dólares. Toma precauções para não atrair aatenção de assaltantes potenciais. Caminhalentamente para a triste mulher e deixa cair anota em suas mãos calejadas e ansiosas.

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A mulher salta de alegria e grita aos quatroventos: "VINTE DÓLARES!" Meu Deus, esta mulher medeu vinte dólares! Todas as pessoas que estavamperto deram a volta e olharam à mulher e aGraciela. Ela sabe que se permanecer um minutomais será acossada por outros mendigosdesesperados. No meio do pânico, Graciela começaa correr esquivando o tráfico enquanto cruza aBroadway e a 78 para chegar ao Riverside Drive.Entra em um edifício de apartamentos, cumprimentao porteiro e toma o elevador. Recosta seu corpocontra suas cômodas paredes, enquanto seu coraçãopulsa apressadamente. Os sapatos já não estão.Em outra dimensão Inanna, a formosa deusapleyadense, está sentada em uma ovalóidetransparente contemplando as projeçõesmultidimensionais de seu Eu que ela lançou nocontínuo do espaço/tempo. Começa a sentir umasensação de temor e pânico de um dos Eus.Centraliza-se sobre a área da moléstia e vê aimagem de Graciela no elevador. O coração dagarota se acelera perigosamente, possivelmente énecessário um pouco de quietude.Graciela escuta uma voz familiar em sua mente:"te acalme, está bem. Foi algo muito generoso desua parte ter ajudado a essa pobre mulher.Respira profundamente e te acalme". Enquanto abrea porta de seu apartamento Graciela começa achorar. Dois formosos pastores alemães negrossaltam de gozo, beijam suas lágrimas e lhe dão asboas-vindas à casa. Ela abraça a seus dois anjosguardiães com agradecimento.Graciela se dirige à janela. Depois de vivervinte anos em Nova Iorque por fim vive em um

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apartamento com uma magnífica vista do rioHudson. O apartamento fica no piso vinte;possivelmente um piso por cada andar. Dasegurança de seu balcão elevado ela olha parabaixo ao Riverside Park. É primavera e os casulosde cerejeiras estão em plena floração. A beleza éenganosa, pois oculta as caixas de papelão queestão detrás das árvores e que são o lar demuitos indigentes. De cima os vê claramente. "Jánão posso agüentar isto. Sinto-me tão impotentefrente a um desespero tão cansativo". Ela recordao homem que vive no parque durante todo o invernoe que se cobre com jornais para se proteger dofrio. Em um temor mútuo, seus olhos seencontraram mais de uma vez. Os olhos do homemexpressavam sua dor e desesperança, penetravamnas profundidades da alma de Graciela deixando-acom um sentimento de impotência total.A dor que produz a cidade é mais do que ela podesuportar. Sonha com as montanhas do Noroeste doPacífico, com bosques de cedro e água pura.Abraça a seus cães e promete empacotar eabandonar a cidade, o que para ela se converteuem uma promessa vazia.Inanna relaxa, sabe que Graciela recebeu asimagens do santuário da montanha e as absorveudentro de seu ser. Muito em breve ela estarásozinha com as estrelas na Montanha Perdida. Forado caos da cidade ela poderia escutar Inanna e,no silêncio do bosque, pode chegar a recordar.Possivelmente esta tenha mais êxito que outrosEus. Possivelmente esta ativará os gensregressivos e poderá reunir-se aos outros Eus queestão perdidos em meio de suas crenças. Talvez

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esta jovem mulher tenha êxito onde muitosfalharam.

II.- OS BRILHANTES

Inanna olhou fixamente sua pele azul e observouque suas células mostravam um tom pálido ecansado. Decidiu descansar um bom tempo;contemplou a seu Eu multidimensional e seperguntou por que não podia chegar a eles. Asemana passada Olnwynn foi assassinado por seupróprio filho. Quando Inanna decidiu encarnar emuma variedade de seres humanos, não tinha idéiade que a vida em um corpo humano podia ser tãoperigosa e desconcertante. Esta experiêncialevava consigo muita densidade e não era desentir saudades que a raça humana estivesseexperimentando tanto conflito. A chegada do KaliTrampa só tinha piorado mais as coisas.A civilização pleyadense sempre entendeu as fasesda criação em quatro ciclos contínuos conhecidoscomo as idades ou Trampa. O primeiro período éuma idade dourada onde preponderam a sabedoria eo lucro. A esta fase segue uma segunda idade naqual a sabedoria é substituída pelo ritual. Oterceiro ciclo é uma idade de dúvida. O PrimeiroCriador se perde a si mesmo em sua criação e ohomem e a mulher esquecem sua origem divina. Porúltimo vem a quarta idade, o Kali Trampa, que sepode descrever como uma idade de escuridão,confusão e conflito. Investem-se todos os valoresda primeira idade dourada e a mente inferiordomina enquanto a avareza e o temor prevalecem.

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Em meio da atmosfera sufocante deste Kali Trampa,Marduk, o primo de Inanna e seus tenentesidealizaram os restritivos campos magnéticos deextrema baixa freqüência, os ELF’s, para seguirconfundindo e sobressaltando aos habitantes daTerra. Rodeados por uma prisão implícita de ondaseletromagnéticas, eles já não podiam permanecerem silêncio e escutar sua voz interior.apressavam-se para não chegar a nenhuma parte,preocupavam-se, pagavam contas, pediam maisdinheiro emprestado e se sentavam durante horasfrente a seus televisores esperando que alguémlhes desse as respostas. A gente acumulava possese acreditava que as coisas os manteriam a salvo.A idéia do fim do mundo se fazia cada vez maispopular. O caos e a confusão aumentavamdiariamente.Em meio de sua crescente frustração, Inanna seharmonizou com seus dragões guardiães. Quantomais impossível parecia tudo, mais resolvidaestava a ajudar na liberação da espécie humana.Recostou-se, fechou os olhos e permitiu que suamente voasse. Obrigou-se a relaxar e por ummomento se esqueceu de seu Eu multidimensional.Uma brisa refrescante flutuou por seu corpoenquanto pensava em seu planeta nativo, Nibiru, enas maravilhosas festas que estava acostumado adar sua bisavó. viu-se a si mesmo como meninadevorando chocolates exóticos do Valthezon.Saboreou a lembrança; um doce líquido encheu suaboca e desceu por seu queixo. riu docemente."Inanna!", gritou-lhe uma voz que era familiarmas que não podia identificar muito bem. Não eranenhum de seu Eu da Terra nem um membro de sua

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notória família. "Inanna! Não recorda o tempoantes de nascer na família de Anu? Recorda otempo antes de que nascesse em seu formoso corpoazul, antes de Nibiru e a Terra".Inanna enrugou a fronte. Formaram-se pensamentosem sua mente. "Quer dizer antes de que chegasse aser eu, Inanna? O que pude ter sido eu antes daInanna?"À sua mente chegou uma visão: Um número infinitode formas de luz geométrica e de cores queconstantemente trocavam em uma sucessão rápida.Quis que as formas ficassem quietas para poderidentificar pelo menos uma delas, mas elas senegavam. "Inanna, sou eu, seu velho mentor,Melinar!"Melinar! O nome lhe era tão familiar. Ela dilatousua consciência. Tinha havido outra classe deexperiência. A seus pensamentos chegaramlembranças vagas. Melinar! Meu professor! Aquisim havia uma freqüência de tempo. Se o tempoterrestre se podia descrever como algo denso eviscoso, a dimensão de Melinar era vapor e névoa.Inanna tratou de focar-se na visão. de vez emquando lhe aparecia a forma de um rosto masrapidamente desaparecia. O rosto era familiar,amável e terno, um velho com verdes olhosresplandecentes que recordavam a Inanna suasesmeraldas favoritas. Então recordou por queapreciava as jóias; a visão cambiante queapresentou Melinar era algo assim como milharesde pedras mutantes cortadas que brilhavam com umaluz interior transparente. Uma vez ela tinha sidoprecisamente esta forma e o recordou muitoclaramente. Ela tinha sido um corpo de 144 formas

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geométricas em movimento perpétuo conhecidas comoos brilhantes.Um dia se cansou de ser este espetáculo de corradiante de inteligência criadora e decidiuexperimentar com outras formas de vida. Melinartinha estado tão orgulhoso dela por ser osuficientemente valente e aventurar-se a escolhero corpo de uma pleyadense azul.Agora ele a estava visitando. Inanna sentiu umprazer inocente e agradável pelo fato de queMelinar tinha pensado nela. A Vida tinha sido tãodiferente naquela dimensão, não era parecida coma realidade dos filhos briguentos de Anu.Tampouco era como as experiências repetitivas naTerra.Inanna sentiu nostalgia. Fundiu-se com Melinar emuma amizade recordada e se alegrou muito de queele estivesse ali. Sobre seu nariz caíramlágrimas cálidas, que lhe recordavam onde estava."Oh, Melinar! Me alegro tanto de ver-te de novo.Tinha-me esquecido por completo de ti e dadimensão de formas geométricas. Que bom que veio.Não sabia o quanto estava sentido saudades".Melinar respondeu, embora telepaticamente,"Inanna, você estiveste muito ocupada, querida!"Inanna se ruborizou. Supôs que Melinar sabia tudosobre ela agora que se fundiram. Deve saber tudosobre sua acidentada vida amorosa e de todasessas guerras que iniciou lá abaixo na Terra.Também deve saber que ela estava tratando deajudar aos humanos ao encarnar com eles emdiferentes intervalos simultâneos. Certamentesabia dos problemas que isto estava ocasionando.Talvez ele tinha vindo ajudar. Mas o que poderia

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saber uma forma geométrica sobre uma mulheramericana do século XX na cidade de Nova Iorque?Ou de um guerreiro celta do segundo século a.C.que fez carreira no mundo decapitando a outroshomens? Melinar respondeu a suas perguntas:"Inanna, querida, vim seguindo suas aventuras commuito interesse e vim te oferecer minha ajuda.Além disso, tenho todo o tempo do mundo e isto meparece muito divertido"."Oh, divertido! Eu também pensava o mesmo quandome decidi a ajudar, mas olhe a meus pobres Eus.Está acontecendo muito mal. Nunca me escutam;pensam que estão ouvindo vozes ou que estãoloucos. Não sei o que fazer. Agradeceria qualquerajuda que me possa dar".Os brilhantes de Melinar aceleraram sua forma emudaram. "Querida, temos que ajudar a Graciela namontanha. Criaremos um lugar seguro para ela nobosque de cedros onde viverá em paz e seacostumará a nos escutar e a nos ver. Verá quenos dará um bem-vindo. Agora funcionará. Entre asestrelas e os cedros, Graciela recordará eajudará a todos os outros".Pela primeira vez em muito tempo Inanna riuplacidamente. Que tal se só um de meu Eurecordasse, se só a gente retornasse para mim emamor, confiasse e me permitisse ajudar? Se sópudesse derrotar ao Marduk.

III.- OLNWYNN

Inanna e Melinar passaram ao ovalóidetransparente e se sentaram em silêncio. Elaobservou as formas geométricas de Melinar que se

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moviam de uma maneira tão rápida que, embora elase esforçasse, não pôde reduzir sua velocidade osuficiente para distinguir uma forma das outras.Não obstante, deu-se conta de que muitas dasformas eram estranhas. O grupo estava composto dealgo mais que cubos, pirâmides, ou inclusiverombóides. Muitas das formas eram totalmentedesconhecidas para ela, formas cuja memória nãoalcançava.Melinar lhe recordou que sua geometria debrilhantes representava uma linguagem codificada.À medida que se formavam seus pensamentosapareciam formas correspondentes cheias dosmatizes complicados de seus modelos depensamento. Quanto mais rapidamente se formavamseus pensamentos, com mais rapidez trocavam asformas geométricas e aparecia um arco- íris quese fazia mais intenso quando seus pensamentoseram mais ferventes ou sua curiosidade sesatisfazia.Ele podia produzir sons de um idioma falado, maslhe parecia que o pensamento puro era muito maisinteressante já que transmitia muito mais do queas palavras pudessem fazê-lo. Estes pensamentosse criaram automaticamente na mente de Inanna emforma de conhecimento.Inanna estava muito feliz de ter a seu velhoamigo de novo em sua realidade. Por um tempo osdois simplesmente trocavam informação, recordandoos velhos tempos. Inanna recordou quão cativanteera ser uma forma como a de Melinar. Para ela eradifícil compreender agora por que tinha desejadosair desse estado puro de beleza.

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Uma estranha energia interrompeu suas lembrançasnostálgicas.Um guerreiro muito alto com uma tocha na mãoparou frente a eles. Tinham-lhe cortado o pescoçode orelha a orelha, o que não era muito atrativo.O homem estava obviamente perplexo eterrivelmente confundido."Quem demônios são vocês?", perguntou.Inanna o reconheceu. Era Olnwynn, um dos seu Eudimensional. Ela o tinha projetado no norte daIrlanda no século II. Seu DNA parecia prometedormas tudo tinha saído mau. Ele se negava a escutá-la sem importar em que forma lhe aparecesse. Eraóbvio que a forma em que ela estava agoratampouco serviria de muito. A Olnwynn pareciamuito atrativo o corpo sensual mas firme dela."Hey, o que temos aqui? É a garota mais formosaque jamais tinha visto. Por Deus! Sua pele éazul!"Rapidamente Inanna trocou o holograma na mente deOlnwynn. Deixou Melinar em sua forma geométricapensando que Olnwynn o poderia identificar como aluz de uma fada. Ela tomou a forma de umsacerdote druida, alto e que inspirava temor masnão muito estrito ou julgador.Olnwynn olhou fixamente ao sacerdote em meio daconfusão. "Aonde se foi ela? Quem demônios évocê?" "Que mau este dia!", pensou. Depois de umde seus acostumados excessos de doçura, deprimiu-se e lhe aconteceu algo estranho. Primeiro houveuma dor aguda e rápida e logo começou a flutuarpor cima de seu forte e formoso corpo. De cimaolhava uma cena horripilante.

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Seu próprio filho estava de pé ao lado de seucorpo com uma adaga larga, afiada e ensangüentadaem sua mão. Confuso, o filho tremia e chorava emagonia. Olnwynn olhava para baixo e via que osangue saía abundante de sua garganta, a qualestava totalmente aberta. Ele estava acostumado aestas cenas, mas esta era diferente; era suagarganta e seu sangue.A porta se abriu de par em par quando sua esposae seu irmão entraram no quarto. A esposa abraçoua seu filho, lhe agradecendo por ter vingado suahonra. O tio lhe deu um tapinha nas costas e lheprometeu que algum dia seria rei. O filho sevoltou histérico e caiu ao lado do corposoluçando: "Pai, assassinei-te! Pai!"Olnwynn flutuou ao redor de seu corpo enquantosua concentração o permitia. Pôde ver a verdadede todo o drama: sua bela esposa tinha estadodormindo com seu irmão e os dois tinhamconspirado para assassiná-lo, apoderar-se docastelo e do reino, e colocar a seu irmão notrono. A única pessoa que podia aproximar-se osuficiente para assassiná-lo era seu própriofilho. A esposa passou muitas horas lhe contandohistórias cruéis e outros dramas para convencê-lode que teria que acabar com Olnwynn. Finalmenteteve êxito. Inclusive Olnwynn sabia que seexcedeu ao golpeá-la, mas agora estava morto eflutuava por cima do que uma vez foi seu castelo.As celebrações que houve ao redor do castelo lhepareceram abomináveis e seu filho não serecuperava. Pouco depois sentiu que uma forçaestranha o devorava, o qual o confundiu. Decidiuseguir a força aonde quer que fosse. Ele nunca

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tinha permitido que o temor o vencesse, de modoque agora estava frente a um sacerdote druidarodeado do que pareciam ser luzes de fadas.O sacerdote druida falou: "Olnwynn, estavamo-lheesperando. Deve relaxar e te acalmar. Aqui lhecuidaremos. Ninguém te julgará; está entreamigos".Inanna olhou a garganta aberta e decidiu curá-laimediatamente, principalmente porque era algogrotesco. De todos os modos Olnwynn tinha sofridoo suficiente e não precisava andar por aí com ogogó pendurado para lhe recordar que não tinhaido muito bem em sua vida.Olnwynn sentiu que sua garganta tinha sidorestaurada. "Como fez isso?" Com um suspirosoltou sua tocha e desabou cansado e sedento anteo sacerdote druida. Fazia três dias que nãotomava nada. Ou eram três anos?O sacerdote falou de novo: "Agora, Olnwynn,possivelmente deveríamos repassar os dados de suamemória. Sente-se o suficientemente forte paraesta experiência?" "Estou morto?", perguntouOlnwynn. Sempre é o mesmo, explicou Inanna aMelinar. Nem sequer sabem que estão mortos e eupouco a pouco tenho que fazer que se sintamcômodos em seu novo estado. É muito mais trabalhodo que eu pensei que seria."Sim, Olnwynn, está morto. Mas como vê, é só seucorpo o que está morto. Você, quer dizer, seu serconsciente e a experiência total de sua vida,estão aqui conosco em outra dimensão. Não é algotão mau"."Pode-me conseguir um gole? Vinho? Cerveja? Algoservirá". O vício do licor tinha sido a causa de

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muitas de suas dificuldades, mas Inanna produziuum corpo de cerveja para o estremecido guerreiro.A tragou como se não houvesse um amanhã, o quepara ele era certo. deu-se conta de que não tinhao sabor apropriado, não o fazia sentir tão bemcomo antes, mas se alegrou de tê-la e pediuoutra.O sacerdote druida falou: "Haverá muito tempopara isso, nos concentremos agora em suahistória, sua aventura no contínuo espaço/tempo.Temos um trabalho por fazer, você sabe"."Um trabalho. Que trabalho? Ninguém me disse nadade trabalho algum. Eu simplesmente estava vivendominha vida quando meu próprio filho meassassinou. Perdi meu reino e minha vida. O quequer dizer com isso de um maldito trabalho?""Te acalme, observemos sua vida, Olnwynn".Rodeou-os um holograma bastante grande e ambosobservaram como o tempo se desenvolvia ante seusolhos.Inanna tinha estado pendente das aventurasamorosas de uma sacerdotisa druida no século IIa.C. na Irlanda. Na parte ocidental da ilha viviauma raça de seres em uma paisagem remota erústica. Eles veneravam a natureza.Despenhadeiros altos ao lado do mar, ventosfortes e bosques verdes lhe davam um saborpoético e místico a esta terra bela e rústica.Sua gente amava a beleza selvagem de sua terrra.Eles eram apaixonados e beligerantes.Inanna se tinha decidido a nascer como homematravés de uma sacerdotisa druida que era de suaantiga linhagem. Fazia muitos séculos osantepassados da moça tinham vindo dos muitos

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meninos que Inanna tinha produzido em suascerimônias de matrimônio sagrado. A sacerdotisaestava apaixonada por um guerreiro valente enobre, mas ele já estava casado. Sua paixão deuorigem a um menino varão, mas a pequenasacerdotisa morreu no parto. O pai nuncareconheceu ao filho e por isso Olnwynn, um dos Eumultidimensionais de Inanna, nasceu como órfãosem ninguém que o cuidasse. Os druidas o tinhamadotado e o converteram em um moço.Até em menino era muito formoso e desde quecomeçou a caminhar cativou a todos os que orodeavam. Com seu sorriso tirava o sarro àsmulheres e as fazia rir. Todos o queriam e o povointeiro o adotou. Ele tinha nascido com o dom depoder falar espontaneamente em rima. Este talentoera respeitado como sinal de que Olnwynn eraamado pelos deuses, como na verdade o era,especialmente pela Inanna.Olnwynn chegou a ser um homem forte e alto,formoso, de cachos de cabelo dourados. Começou aseduzir às damas logo que pôde, mas foi suahabilidade com a tocha o que lhe outorgou fama efortuna. Na batalha entrava em uma espécie detranse, convertia-se em uma força e, em um arrojofrenético, derrubava inimigo atrás de inimigo,decapitando-os de um só golpe. À medida quecrescia sua reputação, as pessoas chegaram apensar que ele era um deus. Correu o rumor de queos deuses o tinham engendrado e que era imortal.Tudo o que sabia de sua habilidade aplicava nabatalha. Também desafiava a todo aquele quefalasse em rima e sempre ganhava. Como continuavaderrotando a todo mundo em rima e em batalha, foi

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lógico que a gente o proclamasse como seu rei.Mudou-se para um castelo grande em cujas paredescolocou sua coleção de cabeças cortadas. Umcostume muito peculiar. Podem imaginar-se queaspecto horrível que apresentavam essas paredesfaria pensar duas vezes a quem queria atrever-sea atacar o castelo.Olnwynn sempre tinha sido aficionado à bebida.Agora era o rei e ninguém podia evitar quebebesse ou que fizesse o que lhe viesse emvontade. Não dava contas a ninguém. Sem muitoesforço tinha todas as mulheres que queria. Elasvirtualmente se entregavam. Nenhuma pôdeacreditar quando finalmente se casou. Todasdiziam que sua esposa deve tê-lo enfeitiçado ouque lhe tinha posto ervas em sua cerveja. Eracerto que sua bela esposa vinha de uma extensalinhagem de bruxas. Algumas se atreviam a dizerque o poder de sua sedução sexual procedia damagia. Ela queria a Olnwynn, mas também queriariqueza e posição. Além disso, deu ao Olnwynn ofilho que lhe tinha pedido.Um dia, um homem que se parecia com o Olnwynn seaproximou do portão do castelo afirmando que eleera o filho do guerreiro que supostamente tinhaengendrado ao Olnwynn. Eles sim se pareciammuito, embora Olnwynn era muito mais atrativo emais alto que seu misterioso novo irmão.Olnwynn era muito crédulo por natureza, aceitouao irmão e se alegrou de ter alguém com quembeber e farrear. Seria muito bom que seu filhotivesse um tio e este irmão era rico, umavantagem para sua corte. Olnwynn não se deu contada atração que havia entre sua bela esposa e seu

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novo irmão, mas todos os outros perceberam. Oirmão passou muitas horas ensinando ao sobrinhohistória e a arte do espadachim. Por um tempoforam uma família.Inanna, que tinha encarnado no Olnwynn esimultaneamente o estava observando como seu Eutotal, começou a dar-se conta de que estavaperdendo a batalha contra a natureza baixa dele.A poderosa programação que havia em sua carne esangue chegou a dominá-lo. A matéria e os cincosentidos estavam sujando o espírito. Durante esteperíodo, Inanna se esforçou por inspirá-lo; lheapareceu em forma de dragão, de deus, de deusa(grande engano), e finalmente como guerreiroantigo. Animou-o a que se fora sozinho, a quecontemplasse a fonte de sua poesia e de suagrandeza. Mas inclusive quando conseguiaconvencê-lo de que escutasse, o que não era muitofreqüente, e quando lhe prometia que o faria,imediatamente ia beber. Esquecia tudo o quetinham praticado. Inanna se sentia muitofrustrada.Olnwynn possuía os gens apropriados. Era dotado;pôde ter tido acesso a todas as dimensões,inclusive com o corpo humano. Pode ter trazidofreqüências de iluminação ao planeta Terra. Masnão, preferiu embebedar-se e seduzir mulheres.Que desperdício tão descomunal! Inanna esteve aponto de deixar de observar sua vida; era tãoaborrecida e repetitiva. Com o tempo até suapoesia se tornou monótona.O matrimônio não evitou que Olnwynn seguisseprocurando mulheres. Tinha a tendência a pensarque qualquer ser em saias pertencia a ele, embora

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fosse só por uma noite. Podem imaginar as cenasque se apresentavam com sua esposa no castelo.Ela tinha um caráter irritável que desatava sobreo Olnwynn quando o considerava necessário. Àmedida que passavam os anos, convertia-se mais emais em uma harpia rabugenta; até chegou airritar a Inanna. Não terá que culpar à mulher,mas, por Deus, suas diatribes de ciúmes e seuschiliques eram mais do que qualquer um podiasuportar no castelo. Todo mundo sabia que Olnwynnera rebelde, mas sempre tinha sido assim. Depoisde tudo, era tão encantador e tão formoso. Todosviam sua esposa como uma bruxa e pensavam que nãoera estranho que procurasse a outras mulheres.Então a bebida começou a ter seus efeitosdaninhos inevitáveis na mente do Olnwynn. Elecomeçou a deteriorar-se. Começou a golpear a suaesposa quando ela o repreendia. Ele era grande eela pequena e a cenas se voltaram grotescas. Elacorria a procurar o irmão de Olnwynn e chorandolhe mostrava o sangue e os machucados. Com otempo obteve que seu filho, o irmão e a maiorparte da corte se voltassem contra o rei.Ele se voltava cada vez mais e mais violento.Cada noite bebia até ficar na letargia e perdia oconhecimento. Seu fiel servente, que teria matadoa qualquer um que se atrevesse a tocar seu rei,levava-o cada noite a seu quarto. Olnwynn tinhasalvado a vida deste homem muitas vezes embatalha. Ninguém se atrevia a atacar ao Olnwynnfrente a frente, inclusive bêbado era temível. Sóhavia um que tinha permissão para entrar nodormitório do rei, seu filho. A esposa do Olnwynnsabia que a única oportunidade de matar a seu

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marido era convencer a seu filho de que lhecortasse a garganta enquanto dormia indefeso.Olnwynn observou vagamente o holograma de suavida. Inanna esteve a ponto de voltar para seucorpo azul mas rapidamente converteu na formafamiliar do sacerdote druida. "Então, meu filho,vê como foram as coisas para ti".Ao princípio Olnwynn não pôde orientar-se e sesentiu enjoado pelo filme transparente que seapresentava ante seus olhos. Não quis voltar aver a parte em que o sangue saía em jatos de suagarganta. O sacerdote apagou essa repetição e poruns momentos reinou um silêncio infinito.Olnwynn recuperou a serenidade e falou: "O quedisse quanto a que terei que fazer um trabalho?"Pelo menos sua curiosidade não estava extinta.

IV.- MONTANHA PERDIDA

Graciela queria um gole. Preferia o vinho francêsvermelho, mas esta noite algo serviria. MontanhaPerdida ficava muito longe de Nova Iorque. Já seestava acostumando ao silêncio mas se sentia umpouco vulnerável sem o ruído e a atividade dacidade que lhe davam uma falsa sensação desegurança. Acomodada em sua cabana de troncos eacompanhada de seus dois cães, Graciela admitiuque se sentia mais segura estando sozinha nestamontanha que em qualquer lugar da cidade.Qualquer um pode se sentir tão sozinho emMontanha Perdida como em Nova Iorque. Houve diasna cidade que não falava com ninguém. Ela sempretinha sido uma solitária. Tinha nascido em umafamília enriquecida do velho sul e sempre pensou

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que de algum jeito tinha aterrissado na famíliaequivocada. Para ela tinha sido fácil acreditarque na verdade poderia ser uma extraterrestre,pois nunca se sentiu à vontade na Terra. Dentrode seu ser havia um sentimento de um profundovazio que sempre esteve com ela.Era como se soubesse que não pertencia a estelugar e desejava ir para casa, ficasse ondeficasse. Ela tinha viajado muito, casou-se,divorciou-se, uniu-se a grupos, tinha-osabandonado e tinha lido muitos livros, masninguém tinha as respostas que estava procurando.Tinha lido que os monges no Tibet se encerravamem celas escuras durante um ano e não falavam comninguém. Ela estava pronta para fazer o mesmo,mas a sua maneira.Pensou em sua infância enquanto se servia ummerlot californiano. Seu pai era um empresário decentros comerciais, não aqueles enormes queabsorvem tudo, mas pequenos que aparecem em todasas partes para contribuir com sua estética aoinfortúnio suburbano. Ele era muito rico e estavamuito ocupado, muito ocupado para atender a suafilha. Todo mundo lhe dizia que deveria estarfeliz e agradecida; tinha todo o dinheiro domundo, estudou na melhor escola privada e podiacomprar com seus cartões a roupa que quisesse nasmelhores lojas. Seu irmão sim era feliz, estavaseguro de que se encarregaria dos negócios de seupai quando crescesse e ocuparia seu lugar nomundo como um exemplo destacado do sonhoamericano. Mas, se tudo era cor de rosa, pensavaGraciela, por que sua mãe tomava tantas pílulas?

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Diana, a mãe, era uma beldade sulina da velhaescola. Sua própria mãe morreu quando só tinhaquatro anos e a pequena Diana se culpou por isso.Quando era jovem Diana procurou ser independente,mas passados dos 30 anos se casou com o Brent, opai da Graciela. Fez-o por amor e também portemor à solidão. Brent amava a Diana a suamaneira, mas era um tirano inato. Se Diana nãofazia sua vontade ele desatava sua ira contraela. O gabinete de banho de Diana estava repletode tranqüilizantes e pílulas para dormir, quechegaram a ser "os pequenos ajudantes de mamãe".Graciela tampouco era imune ao mau gênio de seupai. Se ela se interpunha em seu caminho ou nãoestava de acordo com os planos que ele tinha parasua vida, explorava e a degradava com palavrascruéis. Em silêncio a mãe saía para procurar seugabinete enquanto Graciela ficava reduzida aossoluços. Ninguém defendia a Graciela, ninguém aapoiava. Logo, depois destes episódios, parasuavizar as coisas, o pai lhe comprava bonecas,um vestido e mais tarde, ações. Mas ela nuncaaprendeu a ver a vida da maneira como a via suafamília. Temia converter-se em um troféu paraalgum tirano rico em caso de que se casasse. Elanão queria terminar como sua mãe, sem se importarcom o pagamento.No bacharelado a vida da Graciela não foitampouco muito feliz. Embora era formosa e tinhaseus pretendentes, havia uma parte dela queninguém conhecia, que aparentemente ninguémqueria conhecer. Rebelou-se e começou a procurargente que era inaceitável para sua família. Fezamizade com artistas e músicos. Era a época dos

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anos 60 e Graciela escapou para Nova Iorque, embusca de "ar fresco".Naquela cabana da montanha reinava a quietude.Até o louco uivo dos coiotes tinha cessado. Nãohavia lua, somente as estrelas. Graciela decidiudormir fora na terraço sob o céu. Com seus jeanse seu suéter se meteu em seu saco de dormir eolhou para cima. Deus! podia-se ver cada estrelano céu e havia milhões delas. Definitivamenteisto não era como a cidade. Era tão antigo.Graciela se esqueceu de seu passado, de suasolidão, de seu temor e se perdeu na beleza docéu noturno.Inanna estava ainda no disfarce do sacerdotedruida e falou com o Olnwynn: "meu filho, podedescansar um momento. Falaremos mais tarde".A paz e a calma que emanava Graciela alcançaram arealidade da Inanna. "Melinar, esta é nossaoportunidade. O que lhe dizemos? O que fazemos?Não queremos assustá-la".Os brilhantes de Melinar começaram a acelerar-se.Os grandes olhos castanhos de Graciela seencheram de lágrimas.A beleza do céu noturno era muito para ela, desdefazia muitos anos não tinha visto um céu assim.Sorriu quando uma estrela fugaz cruzou frente aela. Um bom presságio, pensou. Este é meu lar,aqui encontrarei o que estou procurando.O céu estrelado era tão brilhante que Gracielafechou os olhos. Detrás de suas pálpebraspercebeu a escuridão total de sua imaginação.Pensou sobre este contraste até que um objetopitoresco se formou nessa escuridão e começou agirar. Frente a ela começaram a mover-se e a

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mudar, como jóias preciosas, formas geométricasesquisitamente belas. Era um espetáculo digno depresenciar e ela não queria que se afastasse. Nãosabia o que podia ser este espetáculo de luzes,mas instintivamente lhe agradava.Graciela sempre tinha tido visões; quando eramenina tinha seus amigos imaginários. Um delesera um extraterrestre diminuto. Este amistoso servoava ao lado do carro de seu pai no veículo maisfascinante. Contava a Graciela toda classe dehistórias interessantes, explicava-lhe coisas e amantinha ocupada durante horas. Em anosposteriores Graciela desejou recordar algo do quelhe havia dito este ser. Por que o tinhaesquecido? Ela se havia sentido tão perto dele elhe tinha ensinado tantas coisas que realmenteprecisava saber. Por que não podia as recordaragora?As jóias mutantes continuavam dançando ante seusolhos enquanto ela estava acordada. Sentia-sesegura. Finalmente o vinho e o céu noturno alevaram ao sono. Pensou que no dia seguinte dariaum passeio no bosque de cedros. O rico aroma doscedros se empilhou em sua consciência enquantoficava profundamente adormecida.Melinar sorriu. "Vê, Inanna, ajudaremo-lhe asentir-se segura e a que seja uma com o céu e obosque. Seus temores se derreterão para a Terra ese abrirá a nós. Ensinaremo-lhe a amar-se a simesma e esse amor lhe proporcionará a coragempara saber".Inanna olhou fixamente a Olnwynn, que já estavaroncando. Constantemente a assombravam aspalhaçadas de seu Eu multidimensional. Estes

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seres continham seu DNA e em algum lugar do tempoela tinha sido a origem de todos eles. Masencontrar-se a si mesmo entre toda a barafundaresultante de todos estes seres que ela tinhacriado se converteu em um desafio progressivo.Não obstante, em algum lugar dentro de todosestes seres se encontrava a habilidade latente deser algo que eles queriam ser. Cada um possuía opoder de pensar por si mesmo. Cada um deles eraum coletor de informação para o Primeiro Criador.Como seu DNA estava só parcialmente ativado, seuEu multidimensional estavam apanhados em umaespécie da prisão eletrônica de experiências quese repetiam milhares de vezes, como se o planetainteiro estivesse condenado a um rebobinamentoeterno. A espécie humana era famosa em toda agaláxia por sua incapacidade de aprender com suasaventuras. Os tiranos e as guerras foram evinham. Não obstante, ninguém parecia aprender alição. Inanna conhecia muito bem ao guardiãodesta prisão. Durante a maior parte de sua vidapleyadense ela tinha estado inimizada com seuprimo Marduk.Marduk tinha tido êxito em derrotar a todos osoutros membros da família de Anu e agoracontrolava não somente a Terra, mas também seuplaneta nativo, Nibiru, assim como todo o sistemadas Pleyades. Sua tirania era suprema e seusmétodos engenhosos. Era tão egoísta comodesumano, e tinha fabricado um extenso exércitode clones de soldados que se pareciam com ele.sentia-se realizado com a dor e a frustraçãodaqueles a quem conquistava e dirigia. O pior detudo era que os habitantes da Terra nem sequer

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sabiam quem era seu carcereiro. Eles acreditavamque tinham cometido um pecado imperdoável e seculpavam um ao outro de sua triste condição.Marduk fomentava o antagonismo entre os grupos dagente por meio de propaganda sutil de lavagem decérebro. Controlava famílias, tribos, nações;nenhum grupo era muito grande ou muito pequenopara ser controlado. Quando se produzia uma idéiaboa se animava a um grupo a que a apoiasse e aseguisse enquanto que um número igual eraestimulado a se opor a ela. A idéia podia serpolítica ou religiosa, ou inclusive só a idéia decruzar um oceano. Como os humanos tinham umcérebro desligado que funcionava a um décimo desua capacidade, em vez de raciocinar por simesmos, eles só reagiam, freqüentemente comviolência, às sutis manipulações de Marduk. Emuma terra tão fértil era muito fácil iniciar umaguerra. As guerras religiosas eram o pratofavorito de Marduk. Chegou a preponderar um tipode mente que não produzia pensamentos originais,mas sim reagia aos dos outros. O comportamentorepetitivo se imprimiu nos gens da raça humanaatravés da emoção do temor. A ninguém lhepermitia recordar durante um comprido tempo quetodos os humanos em um princípio tinham vindo damesma fonte. Aqueles que sugeriam estas idéiaseram ridicularizados ou brutalmente destruídos.Ninguém recordava que a fonte de toda a vida erao amor do Primeiro Criador. Inanna pensou nopapel que ela jogou neste engano progressivo. Elae sua família se comportaram como meninosmalcriados que só tinham satisfeito seuscaprichos egoístas sem pensar nas conseqüências.

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Sem sabê-lo, a família tinha criado Marduk, oresultado perfeito de sua agressão e rixaególatra. Não era o melhor dos legados.Se a família de Anu não se visse rodeada daParede invisível, provavelmente teriam seguidoseu estilo de vida egoísta e controlador. Mas aParede teve o efeito de deter a evoluçãoprogressiva de todos e cada um dos membros dafamília, inclusive de Inanna. Ela nunca tinhaestado tão aborrecida; era como se toda a emoçãoe a espontaneidade tivessem desaparecido de suasvidas. Como não tinham outra alternativa, o únicoque ficava era reparar o dano que tinham feito naTerra. Para que desaparecesse a Parede terei queliberar à espécie humana de sua roda repetitivapara que começassem a evoluir e deixassem deadorar ao deus cujo nome nem sequer conheciam:Marduk.De modo que Inanna e muitos outros membros dafamília tinham escolhido projetar porçõesvariáveis de si mesmos para corpos em múltiplosmarcos de tempo. Eles tinham a esperança de quealgum destes Eu multidimensionais pudesse ativaros gens perdidos da espécie e criasse o potencialpara uma mudança total sobre a Terra. Que pena!Suas esperanças começaram a murchar-se e estatarefa estava resultando muito árdua no melhordos casos. Não era benéfico dizer aos humanos quefaz mais de 500.000 anos que uma raçaextraterrestre tinha invadido a Terra. Eraigualmente inútil lhes dizer que seu DNA tinhasido desligado parcialmente. Marduk tinha tidomuito êxito em desprestigiar estas idéias desde ocomeço e qualquer que as expressasse era

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ridicularizado. Os humanos eram tão inseguros quefacilmente esqueciam a idéia de contar a outroque não estavam de acordo com o consenso geral.Qualquer um que via ou escutava algo que nãoestava de acordo com o que a maioria pensava, eradesacreditado e em algumas épocas até osqueimavam em um madeiro.A televisão e mais tarde os computadores seconverteram na ferramenta principal para ocontrole dos pensamentos das massas. A "auto-estrada da informação" facilitou a Marduk ocontrole sobre a mente do planeta inteiro. Naverdade os monitores de computador e televisão seconverteram em espécie de altares em cada lar. Agente se sentava frente a eles durante horas,enchendo suas mentes com a propaganda de Marduk.As posses aumentaram e afogaram às pessoas àmedida que se endividavam mais e mais e lutavampor ser tão formosos e ricos como os que viam naTV. A maioria dos lares tinham pelo menos trêsdesses aparelhos. A raça humana inteira queriaser rica; os ricos e poderosos eram respeitadossem importar como era seu caráter oucomportamento.As freqüências eletrônicas que envolviam a Terrafaziam quase impossível a comunicação entre aInanna e sua família e seu Eu multidimensional,porque ninguém estava escutando.Inanna observou como dormia Graciela. Seus cães afaziam recordar os dois leões domésticos quetanto amou na Terra. Os cães despertaram quando aconsciência de Inanna se enfocou sobre eles.Possivelmente, pensou ela, possa me comunicar coma Graciela. Inanna se permitiu o sentimento de

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esperança à medida que esquadrinhava os dados davida de seu outros Eu.

V.- EL GUARDIAN DOS CRISTAIS

No tempo da Atlântida Inanna tinha projetado umaparte de si mesmo como a encarnação de umsacerdote chamado Atilar. Este Eumultidimensional lhe proporcionaria toda aexperiência e o conhecimento que somente seobteria mediante o domínio de si mesmo. Elaconcluiu que a vida de Atilar afetaria por osmosea seu outros Eu multidimensionais, já que todosse relacionavam entre si. Uma psique altamentedesenvolvida faria muito bem aos outros.Os gens de Atilar tinham sido cuidadosamentecultivados durante muitas gerações. Ele possuía oDNA do pai de Inanna, o que lhe proporcionou umacesso fácil ao mundo físico. Nasceu nos centrosde poder da Atlântida e quando nasceu oentregaram aos sacerdotes da Ordem das TúnicasAzuis. Toda sua infância se dedicou a um rigorosotreinamento com o fim de executar a tarefa únicade vigiar as freqüências do grandioso centro decristais da Atlântida por meio do pensamento.Toda a Atlântida recebia sua potência dasespirais de cristal que eram vigiadas pela Ordemdas Túnicas Azuis. Quando era menino Atilar lhedisse que tinha sido engendrado para realizareste trabalho. Nunca conheceria mulher, nunca secasaria e nunca experimentaria a vida de um serhumano comum. Fazia muitos eones se tomou esta

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decisão e na sua vida, se dedicou a esta tarefasagrada.Enquanto outros meninos jogavam bola, Atilar sesentava em posição de lótus, sem mover nenhumapestana durante horas. Treinou para que seesquecesse de seu corpo, de qualquer dor ou dequalquer outra distração. Se instruiu nas artesmarciais, mas somente para que protegesse oscristais e ativasse a força que em seu tempo sechama chi. Na Atlântida esta força não tinhanome. Todas as grandes mentes sabiam que haviamuitas forças que não podiam ser nomeadas e aesta força lhe atribuía um som. Atilar foitreinado para que obtivesse o acesso a estapoderosa força subindo a energia dos órgãossexuais passando pelos sete centros invisíveis deseu corpo e lhe dando assim poder a sua mente evontade.Ele nunca se lamentou de seu destino e dainfância lhe tinham inculcado o fato de que eraum privilegiado. Ele se deleitava com a sensaçãode êxtase que podia gerar em seu ser ao controlaras forças sutis de seu corpo e as conectar para ocosmos por meio dos cristais. Mas Atilar e ossacerdotes da Ordem das Túnicas Azuis nãoconheciam um aspecto fundamental e esse era oamor. Seu enfoque estava sobre a mente e seuspoderes, mas nenhum deles tinha experimentado oamor. De uma maneira estúpida o consideravam comoalgo sem importância. Como nunca tiveram acessoao poder do amor, este permaneceu fora de seualcance e por isso eles tinham suas limitações.Atilar se sentava frente aos cristais e observavaprofundamente sua beleza, unia sua consciência

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com cada fragmento delicioso com o fim de modularsua ressonância. Os cristais eram condutores deenergia e Atilar era seu afinador. Ficou-secompletamente quieto durante sete dias, tinharebaixado o funcionamento de seu coração até osciclos requeridos e tinha bloqueado qualquersensação de dor nos receptores de seu cérebro. Ador não se registrava como sensação em seucérebro.Por um momento saiu de seu corpo. Já tinhapassado dos cinqüenta anos mas não o aparentava.Era magro e maciço, tinha cabelo comprido ecinza, e seus olhos eram amendoados, de uma cortão clara que parecia ouro. Ele era um viajanteconsumado e desfrutava muito de suas aventuras.Em sua consciência fez girar o Merkaba querodeava seu corpo. Assim pôde mover-se através doespaço. Voou além de muitas nebulosas e seemocionou ante a beleza e a sensação de sercompletamente livre. Foi para um planeta que aprimeira vista se via vazio, mas quando seaproximou mais viu atoleiros de um líquidometálico que se convertia em seres que sorria e osaudavam. O universo certamente estava cheio demaravilhas! Em silêncio, Qi, o Professor da Ordemdas Túnicas Azuis, entrou em seu quarto: "Atilar,é hora de que descanse. Modulaste esta freqüênciaperfeitamente e agora tem que te recarregar".Relutantemente Atilar relaxou seu corpo. "Comodeseja, Professor Qi".Atilar tinha servido ao Qi da infância e era seualuno preferido. Qi tinha sido muito duro com eleporque conhecia seu potencial genético e porque

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tinha a esperança de que algum dia o substituísseem seu cargo.O Professor Qi falou: "Quando tiver descansado,meu filho, quero que venha à área de acesso paraque conheça uma recém chegada. As sacerdotisas dalua nos trouxeram uma menina que é um híbridogenético especial e para nós será interessanteobservar seu potencial para dar poder aoscristais".Atilar assentiu. Para ter um equilíbrio no centrode poder onde as energias eram predominantementemasculinas, necessitavam-se energias femininas.Estas tinham sido engendradas para gerar asforças invisíveis, mas não lhes permitia pensarpor si mesmos. Como sua educação era limitada,não chamavam muito a atenção a Atilar; via-ascomo a gente poderia ver um transistor ou abateria de um carro.Atilar se retirou a sua cela e caiu em um sonoprofundo com a esperança de retornar ao planetade líquido metálico e continuar sua visita com osseres lá.Inanna e Melinar outra vez enfocaram suasconsciências na Graciela. Como já sabiam o futurode Atilar, somente desejavam levar suascapacidades aos outros Eu multidimensionais.Quando Graciela despertou, Melinar lhe projetouuma imagem a sua consciência.O sereno da manhã e a luz começaram a despertá-la. Em seu estado de sono, Graciela tinhapercebido um quarto cheio de cristais em forma deespiral. Ali havia um homem de cabelo cinza quese vestia com uma camisa branca e calças negras eque ficava de pé para sair do quarto. Parecia-lhe

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muito conhecido mas não podia recordar onde nemcomo o tinha conhecido. Certamente este homempossuía mais dignidade que os homens de suaépoca.A luz cinza e fria da manhã a obrigou a abrirseus olhos. Ela nunca antes tinha dormido fora noNoroeste do Pacífico. Seu saco de dormir estavaempapado de sereno e seus pés estavam congelados.Seus queridos cães correram a beijar seu rostocomo o faziam cada manhã para saudá-la. Na cidadetinha que tomar o elevador para passear com seuscães na manhã. Ela riu pensando que se sempredormisse fora nunca teria que passear com seuscães.Foi à cozinha e acendeu sua estufa de madeira,procurou sua lata de café e viu que estava quasevazia. Em Nova Iorque se havia aficionado a umcafé torrado porto-riquenho, mas agora teria queprocurar outro café. Serviu-se de uma xícara de"expresso" com muito leite quente e um pouco demel.A cabana de Graciela estava situada sobre umpequeno vale em Montanha Perdida e desde suajanela podia ver as Montanhas Olímpicas. Perto dacabana havia um bosque de cedros; detrás de suacasa estavam as montanhas e o estreito do Juan daFuca estava na parte de baixo. Era algoembriagador estar tão isolada em meio danatureza.Procurou um chapéu e saiu com seus cães para obosque. Enquanto caminhava por um atalho,recordou outra época de sua vida.Quando era menina adorava os acampamentos deverão e durante cinco anos escapava da proteção

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de sua família e se ia a um acampamento de verãopara meninas no sul de seu estado. Lá seacostumou a caminhar sozinha, com o pretexto deque queria ir desenhar árvores. Mas na verdadelhe encantava estar sozinha com a natureza.Recordou que quando tinha sete anos tinhacaminhado por um atalho similar a esse. Derepente e sem nenhuma razão se deteve a olharpara cima. No céu azul havia umas quantas nuvensbrancas avultadas. "Posso ir para casa agora?",tinha perguntado Graciela. Uma voz lhe respondeu."Não, ainda não".Graciela realmente nunca soube com quem falava oua que lar queria retornar. Era somente um dosmuitos mistérios sem resolver em sua vida. Mascom segurança nunca se sentou a gosto em nenhumlugar da Terra. O lar paterno tinha sidoasfixiante e desde que saiu de lá se converteu emuma cigana virtual. Nervosamente se mudava a cadadois anos posto que nunca se sentia em casa emnenhum lugar.Agora na profundidade do bosque, estava de pé aolado de um cedro enorme e antigo. Abraçou-o,colocou sua cara perto da casca e inalouprofundamente. As fragrâncias eram inefavelmentepuras e refrescantes. Desejou poder beber aárvore. Uma brisa suave acariciou seu rosto e sesentiu calma e feliz.Sentou-se. Sabia que não precisava sentar-se naposição de lótus, mas o tinha feito durantetantos anos que foi algo natural nela. Recostousuas costas contra a árvore e enterrou suas mãosno chão do bosque. Não há nada tão encantado comoisto em nenhuma cidade, disse em tom meditativo.

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Entrou em um estado de meditação e permitiu queseus olhos se desfocassem. Desde que era menina eia à igreja, ela era capaz de converter em umaluz sutil dourada e vibrante tudo o que havia nocampo de sua visão. Isto era algo formoso,divertido e sempre a fazia se sentir muito bem.Hoje via algo mais que uma luz. Entre dois cedrosaltos havia três seres. Não eram tão sólidos comoa gente veria uma pessoa; mas bem eram umaenergia que se podia projetar como forma e arodeava um resplendor. Graciela sentiu um poucode medo mas uma grande curiosidade.Inanna se deu conta de que Olnwynn tinha seguidoa ela e a Melinar até o bosque onde seencontrariam com a Graciela. Oh, não! Que iráfazer? Inanna se alegrou de lhe haver reparado otalho na garganta, o que certamente teriaaterrorizado a Graciela. Inanna lhe lançou umolhar ameaçador para mantê-lo à distância, mastinha esquecido de assumir a forma de sacerdotedruida e Olnwynn não lhe estava prestando muitaatenção."O que temos aqui? Uma menina completamente só nobosque com dois belos lobos e sem tocha!"Exclamou Olnwynn. "Quem é você?", perguntouGraciela. "Não preste atenção a ele, apenas estáse acostumando a um novo mundo", interrompeuInanna. "viemos a este antigo bosque para estarcontigo, viemos para ser seus amigos, seuscompanheiros. Já não estará sozinha e lheajudaremos a encontrar o que está procurando".Melinar assumiu a forma de um ancião gentil deolhos bondosos e ao mesmo tempo reteve algunsefeitos dos brilhantes mutantes. Falou-lhe com

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Graciela: "Minha menina, vieste à Terra por umarazão. Ela não é seu verdadeiro lar e você é maisdo que crê que é. Tiveste muitas outrasexpressões em outros mundos e veio aqui ajudarporque o escolheu. Neste planeta vem uma grandemudança. Quanto mais humanos se possam prepararpara a mudança, mais fácil será para todos. Vocêescolheste ajudar neste processo".Foi como se algo que Graciela tinha mantidodentro tivesse começado a liberar-se e seu corpopequeno começou a sacudir-se de todas essasemoções reprimidas. Começou a chorar à medida queo desafogo de todas essas velhas emoções passavaatravés de seu corpo físico e de certo modo adeixavam mais aliviada. Como já não podia estarsentada, deitou-se sobre o chão do bosque.Enquanto a Terra e o bosque a curavam, sentiu quetoda a dor emocional desta existência, epossivelmente de outras, enterrava-se no profundodo chão do bosque.Inanna falou com ternura: "Graciela, sempre quequiser que lhe falemos, venha a este lugar.Estaremos aqui. Acostumará com a nossa amizade elogo nos achará onde quer que te encontre. Mastem que nos convidar. Estaremos esperando assimcomo toda sua vida estivemos esperando que nospeça ajuda. Tem que nos abrir as portas. Amamo-lhe".Graciela se estremeceu e olhou a seu redor. Oscães ficaram totalmente quietos. Não se deramconta de que houve visitantes. Quem tinha estadoali já se foi e Graciela estava ficando com fome.Quando retornava à cabana se perguntou se seusnovos amigos eram a mesma voz nas nuvens que

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tinha escutado quando era uma menina. Suspirou.Um prato quente de sopa de macarrão cairia muitobem agora. Os cães chegaram primeiro.Inanna olhou Melinar: "Você crê que aassustamos?" Melinar respondeu: "Não, mas foisuficiente por um dia. Temos que procederlentamente. Você sabe como podem reagir oshumanos ante muita energia e conhecimento. Otemor os pode retardar durante muitas vidas".Sim, Inanna tinha visto que isso tinha acontecidomuitas vezes. Parecia que os humanos somentepodiam agüentar dose pequenas, mas o tempo seestava acabando; o ano 2011 não estava muitolonge. Inanna sabia que tinha que falar comOlnwynn. Se ele insistia em acompanhá-los, tinhaque pô-lo em conhecimento da situação. Talvezpodia lhes ser útil; depois de tudo ele eraardiloso e intrépido.

VI.- O PASSADO INEXISTENTE

Inanna e Melinar retornaram ao ovalóide. Este eraum lugar central de concentração para eles e lhesajudava a manter um pouco de ordem dentro de todoo malabarismo das mudanças de tempo dimensionais.Viajar através do tempo pode ser desconcertanteinclusive para o mais avançado viajante. De vezem quando Inanna se sentia tentada a imaginar queo passado era o passado ou que os Eumultidimensionais eram consecutivos. Nessesmomentos, Melinar lhe recordou que se centrassefirmemente, disse-lhe que não esquecesse que namente do Primeiro Criador o tempo não existe eque todas as suas encarnações eram simultâneas.

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Melinar observou que Olnwynn não estava. Inannacomeçou a examinar suas realidades e se deu contade que o alto guerreiro ainda estava no bosque decedros. Este lugar lhe recordava seu lar no norteda Irlanda e por isso estava triste e nostálgico.Pensou em seu filho. Havia tantas coisas quesentia saudades, tantas coisas que deixou porfazer. Por que havia se tornado tão cruel comaqueles que amava?Inanna emitiu em sua consciência uma espécie deenergia magnética e brandamente o levou para oovalóide. Ante esta nova situação Olnwynn reagiucom um estalo de ira. Ele tinha conhecido otemor, mas sempre o tinha expresso em forma deraiva. Perguntou onde estava e quem eram eles.Inanna se voltou para o Melinar e ambos ficaramde acordo para mostrar-se ante o Olnwynn comoseres radiantes de fóton, uma forma que pareciaagradar aos humanos. Conservaram a forma dehumanos mas seus corpos eram feitos de fótons quecaíam em forma de estrelas fugazes e exibiam umamplo acerto de cores douradas e de luzesmutantes. Era algo digno de presenciar. Olnwynnolhou com atenção as formas e se sentiutranqüilo. Não obstante, Inanna estava um poucocansada e continuamente perdia esta forma. Trocoua forma do ser de fóton pela do sacerdote druidae logo passou a seu voluptuoso corpo azulpleyadense. Isto naturalmente agitou a Olnwynnquem já tinha suficientes problemas para ajustar-se a sua nova realidade."Suficiente!" Disse Olnwynn zangado. "Insisto emque me digam a verdade. Quem são vocês e o quefaço aqui?"

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Melinar lhe respondeu: "Você é o que nós somos.Especificamente você é ela". Melinar apontouInanna que tinha deixado de trocar de formas nomomento e que ficou no corpo azul, seu favorito.Olnwynn permaneceu cético. A idéia de que ela erauma mulher azul lhe era totalmente estranha,embora ela era encantadora e lhe parecia muitofamiliar. Em sua vida tinha tido muitas visões,mas ultimamente tinha sido muito difícil asesclarecer pois estava em um estado permanente deembriaguez. Ele adorava bebida.Melinar seguiu sua explicação: "Nós somos o quevocê é. Esta é a senhora Inanna, que te criou,podemos dizê-lo assim. Uma parte dela se projetoupara o contínuo espaço/tempo para que formasse ati, Olnwynn. Você te viu como uma entidadeseparada porque assim lhe desenharam, mas essaseparação é uma ilusão. Sua consciência e todosos dados de sua vida serão reabsorvidos para otudo, assim como todos os dados são eventualmenteabsorvidos para a mente do Primeiro Criador. Emrealidade todos nós saímos da mente Dele.Olnwynn não gostou nada dessa tolice de"reabsorver". O fez pensar em coisas comoaniquilação ou esquecimento total.Melinar leu seus pensamentos e lhe explicou:"Não, meu filho, não será aniquilado. Você e suaconsciência permanecerão intactas. Simplesmentechegarão a ser parte de um corpo de dados maior eao mesmo tempo será o Olnwynn que é familiar parati. A senhora Inanna te criou com um fim que éajudar à liberação da espécie humana".A única maneira de liberação que recordavaOlnwynn era cortar cabeças. Além disso não

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gostava da idéia de ter sido criado por umamulher para um propósito do qual ele não sabianada. Na Terra ele tinha sido um rei e não estavaacostumado a que o controlassem. Começou aqueixar-se. Era ele não mais que um peão no jogode alguém? Tinha sido ele o brinquedo de alguémque nem sequer sabia que existia, sem importarquão atrativa fora agora?Melinar lhe sugeriu que se sentasse enquanto lheexplicava: "Faz 500.000 anos, um grupo deviajantes do espaço de um sistema chamado AsPleyades estabeleceu uma colônia mineira noplaneta Terra. Era um grupo familiar de um chefesupremo chamado Anu. Eles viviam em um planetaartificial que dá a volta a este sistema solarcada 3.600 anos. A família de Anu veio à Terraprocurar ouro para sua atmosfera, a qual estavaquase esgotada por causa de suas freqüentesguerras radioativas. A família era um grupo muitoconflitivo que tinha a tendência a ir-se à guerrapela menor provocação. "Uma vez estabelecida a colônia mineira, eraóbvio que se necessitavam mais trabalhadores paraas operações mineiras, de modo que os cientistasda família, uma irmã e um irmão chamadosNinhursag e Enki tomaram uma espécie humanóideque habitava na Terra nesse tempo e manipularamseu material genético. Produziram uma raça detrabalhadores que depois foram os principaishabitantes deste planeta".Olnwynn estava pasmado. Quando era um moço tinhaouvido essas histórias dos ensinos secretos dosdruidas, mas as tinha esquecido quando cresceu ecomeçou a degolar a seus semelhantes na busca de

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poder. Havia muitos mitos quanto a que os druidasprocediam de um reino mágico chamado Atlântida.Segundo os druidas, tinha havido uma grandeguerra, Atlântida tinha desaparecido sob o mar eseus habitantes tinham emigrado para as ilhas nasquais tinha crescido Olnwynn."Então isso quer dizer que eu não fui mais que ummembro de uma raça de escravos?" A idéia erarepulsiva a Olnwynn. Por outro lado, pensava quepoderia ser algo muito interessante conquistartodo um planeta.... todas essas cabeças.Melinar se esforçou para levar a consciência doOlnwynn para um estado mais elevado: "Não, meufilho, você foi criado pela senhora Inanna pararesgatar a raça de trabalhadores. Um membro dafamília de Anu, um varão de nome Marduk, controlaa Terra neste momento. Esta entidade e suaslegiões se recusam a deixar livres aos humanos.Desejamos que a raça humana retorne a suashabilidades originais, que conecte seus códigosgenéticos. Desejamos lhes deixar o caminho livree lhes permitir sua própria evolução natural comoera a intenção do Primeiro Criador".Olnwynn não estava muito seguro do que eram oscódigos genéticos, mas estava começando acompreender. Inanna lhe estava dando toda ainformação que requeresse sem chegar a confundi-lo. Como ele tinha lutado muitas vezes e dediferentes formas contra os tiranos de seu lar,começou a compreender como era Marduk. Quando erajovem ele tinha jurado lutar contra a tiraniaonde quer que fosse, até que ele mesmo seconverteu em um tirano. Estes pensamentos ofizeram sentir-se triste.

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Sem saber de onde, apareceu um ancião realmontado em um enorme dragão verde e dourado.Olnwynn só tinha visto estes dragões em pinturase estava um pouco perplexo, mas Inanna transferiua sua mente a informação necessária e ele seabriu aos visitantes.Inanna falou: "Olnwynn, este é meu tio avô Enki.É um dos criadores da espécie humana e este éPuffy, seu dragão preferido".Enki sorriu; sempre se alegrava de ver Inanna econhecia muito bem Melinar. Ele também estavaprojetando porções de si mesmo na espécie humanaem diferentes tempos. Tinha dedicado toda suaenergia a resgatar a espécie que ele tinhacriado; a resgatar das garras de seu própriofilho, Marduk. Para Enki havia muito em jogo.Enki falou com o multidimensional de Inanna:"Olnwynn, vim especialmente te visitar. Admirei-te muito de longe. Eu também fui muito aficionadoà bebida e às mulheres da Terra. Essa combinaçãopode ser muito prazeirosa. Se eu tivesse sido tãode aparência agradável como você, haveria...."Simultaneamente Inanna e Melinar lançaram umolhar a Enki."Mas também admirei sua coragem infinita",adicionou Enki. "Coragem é o que necessitamosagora. Necessitará de muito valor para que osmeninos da Terra crêem na verdade e eles têm queaprender estas coisas muito em breve. aproxima-seuma grande mudança em seu planeta e desejamosinstruí-los quanto a isto para que não tenhammedo. De ti, Olnwynn, eles poderiam receber estacoragem para saber, para saber a verdade".

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Olnwynn pensou para si que seria um prazer lutarcontra este Marduk e suas legiões. Fascinavam-lheas boas batalhas e se deu conta de que quantomais tempo estava separado de seu lar, mais oamava e mais queria às pessoas que viviam lá.Desejava abraçar a seu filho, e inclusive sentiasaudades de sua bela esposa. Desejou não havê-latratado tão mal; possivelmente algum dia poderiarecompensá-la. Sim, que bom seria lutar contraeste Marduk, liberar as pessoas de todos ostiranos."Comprometo-me a ajudar a derrotar a este tirano.Darei-lhe coragem a tudo o que o peça. Podemcontar comigo".Inanna sorriu ao formoso guerreiro. Depois detudo, era provável que não se perdeu toda aenergia que ela tinha posto neste homemapaixonado. Melinar lhe recordou que nunca seperde nada."Bem Olnwynn, isso está muito bem", disse Inannacom ternura. "Mas é melhor que te acostume aviajar no tempo!"

VII.- UM POUCO DE INTERAÇÃO

Inanna observou como Enki e seu dragão sedesvaneciam, de retorno para sua própriarealidade. Ela amava Enki e realmente nunca oculpou do que tinha acontecido, mas de vez emquando sim, pensava que se ele tivesse sido capazde enfrentar a seu filho Marduk, ela aindapoderia ser a rainha da Suméria. Não obstante, averdade era que toda a família tinha posto seugrão de areia na criação de Marduk. E, depois de

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tudo, Marduk era tanto parte do Primeiro Criadorcomo o eram eles. Todos eram parte de uma grandecomédia cósmica, o equilíbrio entre as chamadasforças da luz e a escuridão. Agora dependia delae do resto da família fazer os ajustesnecessários na balança de poder.Olnwynn estava começando a compreender o queacontecia. Deu-se conta de que esta mulher tinhabaixado das estrelas à Terra e de algum modomágico tinha projetado uma parte de si mesmodentro de muitos corpos diferentes para podercriá-lo a ele e a quantos outros mais, ele nãosabia. Compreendeu que seu grupo composto tinha amissão de resgatar aos habitantes da Terra de umtirano cujo nome era Marduk. Obviamente, faltavammuitas peças neste quebra-cabeças."Há outros como eu lá?", perguntou Olnwynn."Sim", respondeu Inanna. Rapidamente esquadrinhoualguns de seu atuais Eu e os bancos de dados."Acredito que estou começando a compreender",disse Olnwynn em voz baixa. "Quando eu era ummenino você foi a que me falava. Mais tarde, foivocê quem me inspirou na poesia e todas essasvisões que tive procediam de ti. Se só te tivesseescutado, teria podido recordar".Inanna lhe respondeu amavelmente: "Eu não fiztudo; você sempre foi muito intrépido. Veio deuma magnífica linhagem com um potencialilimitado, do qual você usou grande parte. Foiminha idéia te deixar como um órfão com o fim deque me buscasse. Esqueci-me de quão capitalistaera o álcool para bloquear qualquer comunicaçãopsíquica. Você viveu em um ambiente de temor eguerras intermináveis planejadas por meu primo, o

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tirano Marduk. Não culpe a ti mesmo; mas bempensa no que aprendeste".Ele, Inanna e Melinar voltaram sua atenção para aGraciela: Olnwynn nunca tinha visto uma mulherque tivesse o valor para viver sozinha em umbosque. Ele admirava muito a seus lobos."Cães, Olnwynn, são formosos cães", corrigiu-lheMelinar. "Pode ajudar a Graciela, pode-a inspirarcom sua coragem. Vêem, nos aproximemos dela".Graciela não tinha esquecido a experiência queteve bosque e se comprometeu a meditar entre astrês e quatro de cada manhã. decidiu-se arealizar o que ela chamou "o deserto", que paraela significava nada de chamadas telefônicas,nada de televisão, nada de periódicos. Permitiu-se escutar certa classe de música e ler unsquantos livros inspiradores como O Mahabbarata, oTao Teh Ching do Lao Tzu, ou O Livro Tibetano dosMortos.Tinha lido sobre o tanque de flutuação desenhadopelo John Lilly, o cientista que falava com osgolfinhos. Decidiu inventar seu próprio tanque,encheu sua banheira quase até a beira e colocouvelas aos lados. À luz das velas se deitou naágua arqueando suas costas e deixando só o narizpor cima do nível da água. Assim flutuariadurante horas até que a água se esfriasse tantoque a distrairia. Logo passaria a outro quarto ameditar. Tinha um teclado eletrônico barato, oqual tinha um botão que ao pressioná-lo tocariauma nota até que se esgotassem as baterias. Entãoenfocava sua consciência enquanto escutava essetom musical contínuo.

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Os três primeiros dias do "deserto" eram os maisdifíceis. Fizesse algo por fazer uma chamada ouver o programa mais estúpido na televisão nessestrês primeiros dias. Mas se se mantinha firme emsua decisão, as recompensas seriam boas. Depoisde três dias tudo o que a rodeava emanava belezae seus guias lhe aproximavam mais. Era algomaravilhoso; estes momentos de beleza constituíamas horas mais felizes de sua vida. Anteriormentetinha percorrido "o deserto" para encontrar apaz. Assim ela sentia que estava em um monastériono alto do Himalaia no Tibet.Uma vez esteve com uma equipe de filmagem naInglaterra. Estavam gravando um documentáriosobre a música tibetana. Sentiu-se muitoimpressionada em presença daqueles monges; ossons de seus sinos e chifres a transportavam atésua luz dourada. Mas quando tudo terminou, semsabê-lo, aproximou-se muito ao altar sagrado.Ignorava que, segundo a crença deles, se tinhaestado menstruando, seu toque mancharia o altarsagrado. Disseram-lhe que lhes teria tomado seismeses para purificá-lo. Os monges não lhepermitiram que se aproximasse mais, o que feriuseus sentimentos e a confundiu. Esse dia perdeutodo seu interesse no Tibet e se deu conta de quelá não encontraria o que estava procurando.Instintivamente ela sabia que o mesmo sangue queproduzia a vida não podia ser impura.Sentada frente a sua mesa de meditação, Gracielapassou a outra realidade. Anteriormente tinharecordado suas vidas passadas. Foi como se derepente pudesse ver através dos olhos de outroser e, enquanto olhava fixamente as pedras duras

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do que parecia ser a cela de uma prisão,arrojaram-lhe uma túnica azul sobre "seu" corpo.Mas não era seu corpo; era um homem de cabelocomprido cinza que levava uma camisa branca sujae calças negras. O homem parecia estaremocionado.Atilar jazia imóvel sobre um piso frio de pedra.Por que o tinha feito? Ele, que tinha controladotodos os impulsos de sua vida, via-se a si mesmototalmente perplexo ante sua impotência total.Agora todo se foi, tudo estava perdido e nãopodia recuperar-se. A morte seria motivo dealegria.Pensou no primeiro momento em que a tinha visto.O Professor Qi o tinha chamado à área de acessopara que conhecesse a nova garota que lhes tinhamlevado as sacerdotisas da Lua. Era algorotineiro, acontecia todos os dias, até que ele aviu. O que tinha ela? Era como se Atilar ativesse conhecido durante toda a eternidade. Suapresença tocou uma parte adormecido de seu ser elhe fez sentir algo que nunca havia sentidoantes. Não era simplesmente porque fora bela;todas as garotas escolhidas pela Ordem da Luaeram esquisitamente belas. Mas esta era de algummodo diferente. Sua pele era da cor de natafresca e seus olhos eram azul escuro como o mar.Seu cabelo de cobre caía por seu corpo e tocava opiso. Não obstante, foi sua pureza o que lheatravessou uma flecha em sua alma. O estar pertolhe produzia a mais doce dor.A tragédia começou quando o Professor Qi, de umamaneira rotineira, pôs a moça sob o cuidado deAtilar. Por que não notou o Professor Qi a

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mudança em seu estudante preferido? Ou realmenteo notou?Naturalmente a moça admirava Atilar; ele eraconhecido por toda a Atlântida como o herdeiro doProfessor Qi e o mais avançado na disciplina demodular os cristais por meio do pensamento. Todasas noviças jovens adoravam Atilar de longe. Elenão prestava muita atenção a essas coisas. Issonão lhe interessava, até agora.Solitário em seu quarto, Atilar começou a abrigarpensamentos que nunca antes tinha tido. Sabia quese aplicava a magia que tinha aprendido durantetodos os anos, facilmente poderia seduzir àgarota. Também sabia que a magia faria que oencontro fosse de proporções cósmicas. Seria algoassim como se ele e a garota fossem as energiasem bruto do universo que se convertem em uma.Somente um homem dos talentos e experiência deAtilar poderia gerar esta forma de fazer o amor.E ele a amava desesperada e totalmente com todoseu ser. antes de conhecê-la tinha vivido pelametade; agora sabia. Inclusive sua tortura era umêxtase para ele. O tempo passou.Cada dia Atilar inventava mais desculpa parapoder estar com a garota. Ela estava em todosseus pensamentos. Era muito normal que umasacerdotisa da Ordem da Lua acompanhasse a alguémcomo Atilar ao Grande Salão dos cristais.Normalmente, a garota simplesmente se sentava emsilêncio e gerava a polaridade da energiafeminina que se requeria, mas um dia Atilar fezuma sugestão.Disse-lhe à garota que se sentasse frente a ele eolhasse profundamente em seus olhos. Explicou-lhe

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que estava experimentando novos métodos paramodular a freqüência dos cristais. A garota lheobedeceu e colocou seu formoso corpo brancofrente a ele. Ela o adorava e faria tudo que lhepedisse.Atilar olhou para os profundos olhos azuis de suaamada. Durante horas estiveram unidos nesta formae os dois puros trocaram sua energia. À medidaque as freqüências de seus corpos se aceleravam,eles eram transportados a uma nova realidade.Atilar e a garota se tornaram um. O piso, oquarto, inclusive a Atlântida inteiradesapareceu. A única coisa que existia era suaunidade que emanava poder e se convertia em umaluz pura. O tempo e o espaço se desvaneceram.Se Atilar se conformasse permanecendo nesseestado nada teria acontecido. Mas o homem quehavia dentro dele, o humano, desejava aconsumação. Concentrou-se sobre seu cabelo decobre e sua elegante garganta cremosa e adespojou de sua túnica. Seus peitos eram pequenose perfeitos; acariciou-os. Brandamente a deitou ede uma maneira carinhosa penetrou sua doçurasagrada. Seu coração pulsava à medida que osangue corria por seu corpo até que sua paixão sederramou dentro dela. Nunca antes tinha conhecidotal felicidade, tal gozo. Os cristais do salãocomeçaram a ressonar com seu amor, começaram acantar e emitiam harmonias doces como resposta aesta poderosa força.As portas se abriram de par em par quando oProfessor Qi e os guardiães entraram bruscamenteno ninho dos amantes. O feitiço se rompeu de umamaneira cruel e levaram Atilar a uma cela. Em

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meio de um choque mental ele jazia sobre aspedras duras, incapaz de mover-se durante muitosdias.Atilar refletiu sobre sua vida enquanto olhava aágua estancada que se detinha nas gretas do pisode pedra. Nunca lhe tinham dado opções. Desde quenasceu lhe disseram qual era seu destino. Nuncateve oportunidade de jogar quando era menino,pois o treinaram inflexivelmente. Nunca tinhaamado, nunca tinha jogado. Converteu-se em umprofessor, mas retrospectivamente se deu conta dafutilidade de tudo. Sempre houve algo que faltavae, até que viu sua amada, não tinha conhecido onome do espaço vazio que havia dentro dele, oqual nunca puderam encher a disciplinainterminável e o ritual repetitivo. Nunca tevetempo ou lugar para sentir, para amar, para serespontâneo e agora lhe parecia óbvio que taisideais adquirem forma indevida, se convertem emarmadilhas, agora estava na cela de uma prisão.Fielmente tinha completo os compromissos da Ordemdas Túnicas Azuis, mas nunca lhe deram aoportunidade de criar algo por si mesmo. Emessência, tinha sido um escravo.O Professor Qi entrou em sua cela. Os dois homensse olharam e os olhos do Professor Qi se encheramde lágrimas."Meu filho, falhaste em sua última prova.Profanaste a uma virgem da Deusa da Lua e agoratem que morrer".Ele sabia que Qi dizia somente a verdade. Emalgum lugar dentro de sua alma Atilar entendiaque uma vida sem sentimento, sem amor, era uma

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vida vivida pela metade, de modo que aceitou seudestino. Estava preparado para morrer.Como o Professor Qi tinha pedido indulgência,Atilar perderia somente sua vida e lhe perdoariamo horror máximo. O raio laser que sairia docristal central só destruiria seu corpo físico,mas sua alma permaneceria intacta. Atilarassentiu; tinha que ser executado. Muitas vezesantes tinha saído de seu corpo, mas desta vez nãoretornaria.Chegaram os guardas à cela e o escoltaram para acâmara da morte, onde o encadearam a uma paredefrente ao enorme cristal. Todos saíram do quarto,acendeu-se o raio e em segundos o corpo do Atilarse converteu em cinzas.Enquanto Atilar flutuava livre por cima de suacarne, seu amor pela jovem sacerdotisa o levouaté seus aposentos. Seus formosos olhos azuisestavam vermelhos e inchados de chorar e Atilarse deu conta de que a moça estava grávida.Desesperadamente queria abraçá-la uma vez mais ecuidá-la. Tudo era tão triste. Meu amor inocente,pensou, o que será de ti? A dor que sentiu em seucoração por deixá-la era mais do que qualquerhomem pudesse agüentar. Como poderia encontrá-lade novo?Graciela estava muito cansada. Estava chorandopor Atilar e a garota, e esse aparelho de laser aassustou muito. Por que não pôde ter sidosimplesmente bela, rica e poderosa como as outraspessoas que recordavam suas vidas passadas?Certamente não tinha sido fácil no plano físico.

VIII.- CHANDHROMA187

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Inanna e Melinar entraram na consciência deGraciela. Olnwynn os seguiu. Do ponto de vista deGraciela, eles apareciam como um campo de forçadourado e sutil que continha três figuras altasque estavam de pé em sua sala, junto à chaminé.Graciela tinha estado absorvendo as lições dosdados da vida de Atilar.Ela suspirou: "Como é possível que haja tantosofrimento? Como pode o Primeiro Criador observareste drama interminável de vida e morte, debeleza e dor? O que é o Primeiro Criador?"Melinar lhe respondeu: "O Primeiro Criador É".Oh, não! que resposta, pensou Graciela. "Escute,senhor, quando o coração de um está partido, oconceito de É não é muito consolador".Inanna pensou em algumas de suas experiências naTerra, inclusive como um ser extraterrestre deoutra freqüência de tempo ela tinha sentido quelhe tinham quebrado o coração mais de uma vez.Desejou pensar em algo que pudesse dar a Gracielaa resposta que necessitava. Ela olhou Melinar lheimplorando que dissesse algo."Minha filha, esta é a tarefa a que te enfrenta",disse ele. "Deve saltar das 10.000 Coisas,através do abismo de sua dúvida, até o lugar domagnífico É. Lá encontrará a verdade que procuraao sentir o que o Primeiro Criador sente. Lásaberá".Isso aparenta muito pavoroso, pensou Graciela.imaginou que as 10.000 Coisas deveriam ser todosesses pensamentos e coisas corriqueiras quedistraem a todos os humanos cada minuto do dia, enenhum dos quais parece importar quando um se

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aproxima da morte, a experiências de perdatrágica, ou quando chega um momento crucial. Masa idéia de um abismo a encheu de temor. Pensounesse filme com o Harrison Ford, quando estendeuseu pé sobre um desfiladeiro aparentemente semfundo para dar um salto de fé. Ali havia umaponte invisível para ele e ele o atravessou.Seria assim fácil para ela? Graciela tinha pavoràs alturas. Só o fato de estar parada em umbalcão lhe produzia vertigem; sentia umformigamento nos pés e se sentia apavorada àborda.Olnwynn viu uma oportunidade e se apresentou. Coma ajuda de Inanna, ofereceu seu amparo e coragema Graciela. Inanna mostrou a Graciela os dados doOlnwynn enquanto que simultaneamente lhe mostravaos dela a ele.Inanna escolheu um momento na infância daGraciela para mostrar-lhe ao Olnwynn. Ela tinhaescassos três anos e estava sentada na mesa comsua família. Seu pai entregou um pedaço de frangofrito mas ela não o queria. Graciela levantou acoxa do frango e com força o atirou contra aparede.Olnwynn riu e viu sua própria teimosia naGraciela. Logo reconheceu quem eram os membros dafamília da Graciela. "Por Deus! São eles, todoseles!" Surpreendeu-se de ver que a mãe daGraciela era sua bela esposa, o pai era o irmãodo Olnwynn e o irmão da Graciela não era outroque seu filho. Ainda estavam juntos em outrotempo. Por que tinha nascido Graciela em umafamília com estes três quem obviamente aindatinham más lembranças e sentimentos para ele? Ou

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era que sentiam temor e ressentimento para aGraciela? Não era de sentir saudades então queGraciela não fora feliz. Inanna respondeu os pensamentos do Olnwynn e lheexplicou que essa era uma maneira extremamenteútil de aprender e de evoluir. E, além disso,esses três queriam estar juntos. Compartilhavamum laço. Como Olnwynn, você os tratou mau e oscontrolou. Agora como Graciela a experiência émuito diferente, de certo modo, investiu-se.Graciela, que não podia deixar de escutar,pensava: se Inanna queria experimentar estascoisas, por que simplesmente não se meteu em umcorpo ela mesma e viveu, em vez de fazer queGraciela e Olnwynn o fizessem?"Fiz-o, Graciela. Eu sou você. Eu fui tudo o quevocê foste, e tenho sentido tudo o que você temsentido". Inanna tinha a esperança de fazê-lacompreender, mas não parecia tão fácil posto queGraciela estava em um corpo físico de carnevulnerável e com sistema nervoso parcial."É esse sistema nervoso parcial o que eu querocorrigir", adicionou Inanna. "Se todos os meusEus multidimensionais reúnem suficientes dadospara precaver-se dos modelos repetitivos dasexperiências de suas vidas, possivelmente um,possivelmente você, Graciela, crescerá além desuas limitações e porá em ação os códigosgenéticos divinos que estão latentes dentro deti. É possível. Seria como se você lheadicionasse maior capacidade a seu computador.Tem a tecnologia; só te falta a vontade parafazê-lo. Há tantas distrações, como as 10.000Coisas e o halo de freqüências eletromagnéticas

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que colocaram ao redor de seu planeta aqueles quedesejam que permaneça como uma pulseira".Graciela estava começando a compreender o queInanna dizia. Se ela, Graciela, (que eraaparentemente Inanna) pudesse de algum modofundir-se com o Olnwynn e Atilar, assim como comtodos os outros que em realidade eram Graciela,então haveria a possibilidade de que tantoconhecimento e dados combinados pudessem ativaros gens adormecidos. Transladaria-se a mudança deum humano para outros?"Sim!", respondeu Inanna e suspirou com umasensação de satisfação de que pelo menos tinhachegado a um de seu Eu multidimensional. Nessemomento Olnwynn se animou e começou a rir."Isto poderia ser muito divertido!", disse ele.Prometeu ajudar a Graciela para que encontrasse acoragem suficiente e se sentou ao lado dos cãescom o desejo de poder acariciá-los. Graciela sedeu conta de que os dois cães permaneceram calmosante a presença de seus novos amigos. Bom,certamente já não estava sozinha."Há alguém mais?", perguntou a Inanna e Melinar.

Chandhroma nunca tinha sido tão formosa como suamãe, mas era bonita e elegante. Teve sorte de quenão a asfixiassem no momento do nascimento comose acostumava fazê-lo com os bebês fêmeas quenasciam nessa época. Sua mãe não teve a coragemde matá-la, embora não havia razão para conservá-la.Era o século XVI d.C., no norte da Índia. A mãeda Chandhroma era uma prostituta, embora era umacortesã da classe alta. Apaixonou-se por um

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poderoso conselheiro do Sultão de Cachemira.Somente lhe era útil a este homem como concubina,não como a mãe de seus filhos. Naturalmente, se obebê tivesse sido varão, lhe teria encontradoalgum lugar na corte. Mas a filha de umaprostituta não servia a ninguém. De modo que aostrês anos, Chandhroma foi entregue à escola dedança onde foi criada para ser uma bailarina dacorte e onde recebeu um treinamento rigoroso.Felizmente ela se sobressaiu nesta arte porqueamava a dança com paixão.Chandhroma estava sentada só no Templo da Dança.Freqüentemente vinha ali a dançar para "a dama"que às vezes lhe aparecia. Rodeavam-na colunas depedra com talhas fantásticas do Kali e Lakshmi,os Gandharvas, os apsarases e os dakinidançantes. Frente a ela só uma vela iluminava assombras do grande salão e uma lua cheia banhavacom sua fria luz os pisos de mármore brilhantes.Chandhroma se sentou em quietude total. Tinha 14anos e tinha sido treinada nas artes da dançadurante onze anos. Sentia saudades de sua mãe,mas "a dama" que vinha enchia o vazio de seucoração e lhe parecia que era uma deusa. ComoKrishna, a dama tinha uma formosa pele azulturquesa. Levava muitos colares de lápis lázuli ebraceletes de ouro. Chandhroma pensava que suadama azul era ainda mais formosa que sua própriamãe.Ela ficou de pé e começou a dançar, com graçadava voltas enquanto que os pequenos sinos deprata que tinha nos tornozelos emitiam suavestons através das colunas do salão. Em sua mente,Chandhroma chegou a ser uma com a deusa. Imagens

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da dama azul, do Lakshmi e de Tara encheram suaconsciência. Chamou para si aos dakines dançantese se converteu em uma com a luz da lua. Suas mãoseram expressões graciosas de esperança humana eseu corpo cantava com a beleza da noite. Dançarsozinha para sua deusa era seu maior gozo.Quando sentiu a presença da dama azul, deixou dedançar e ficou quieta. Sua respiração era curta emovia seus peitos quase imperceptivelmente.Gritou: "Dama, queria falar contigo esta noite.Logo me levarão a palácio do Sultão para dançar.Estará comigo para me guiar na dança?"Inanna lhe respondeu: "Sim, minha amada moça,estou contigo a onde quer que você vá. Sou partede ti. Meu amor por ti é eterno e nunca estásozinha porque aqui estou te protegendo. Amo oque você é".Chandhroma sentiu a presença de um intruso. "Quemestá lá?", gritou ela."Só um admirador, minha menina", respondeu oforasteiro. "Eu sou Vasudeva, o arquiteto dospalácios do Sultão. Seu professor de dança mefalou de suas apresentações noturnas e vim emsegredo para contemplar sua beleza. Sou umancião, e não tenho intenções de te fazer dano.Quero ser seu amigo".Chandhroma procurou a aprovação de sua dama azul,que sorriu e assentiu. Então este é meu destino,pensou ela.Vasuveda continuou: "Entendo que está sedenta deconhecimento, e que passas seus momentos livresdesenhando os pavilhões e as esculturas dotemplo. Desejo te ensinar estas coisas. Uma veztive uma filha tão formosa como você que estava

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no apogeu de sua beleza, mas uma enfermidademisteriosa me arrebatou isso. Era minha única luzneste mundo e você me recorda isso. Me permitaque seja seu mentor quando te mudar para opalácio e te ensinarei a ler e escrever, assimcomo matemática, linguagem e arquitetura".Era algo inaudito. A nenhuma mulher lhe permitiaaprender estas coisas. Ela sempre tinha queridoconhecimento e em segredo tinha tentado aprendera escrever em sânscrito, mas às mulheres não lhesanimava a que fizessem essas coisas. Ela não eramais que uma bailarina do templo. Sua posição nãoera melhor que a de uma prostituta, como sua mãe."E o que terei que fazer em troca?", perguntou. "Trabalhar muito duro. Deve te dedicar a estasnovas artes e continuar com sua dança. De outromodo não lhe permitiriam permanecer no palácio.Está ao serviço do Sultão, mas ele é meu amigo eestá muito satisfeito com esta minhaextravagância. É bem sabido que você é dotada,que os deuses lhe sorriem e que se interessammuito por ti. É minha intenção fazer o mesmo.Será como uma filha para mim"."Aceito". Foi tudo o que pôde dizer com o coraçãona garganta. Muito certamente a dama azul lhedeveu ter proporcionado esta oportunidade.Certamente, deve ser um presente dos deuses.Inanna estava feliz com o progresso daChandhroma. A garota tinha uma mente estupenda,aprendia muito rapidamente e se converteu nomaior orgulho da Vasudeva. À medida que sua famacomo dançarina crescia, ajudava a Vasudeva emseus projetos de arquitetura. Até lhe encarregouo desenho de um jardim pequeno. Cachemira era

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mundialmente conhecida por seus jardins. Era umaépoca maravilhosa para a Chandhroma. Vasudeva aqueria muito e, embora muitos a admiravam e acortejavam, só lhe interessavam a dança e oconhecimento. Ela pensava que certamente deviahaver outras mulheres que desejavam ter essasoportunidades.Um dia ela estava sozinha desenhando no jardim.Um homem jovem de aparência agradável apareceuante ela e se apresentou. Era o filho e herdeirodo Sultão. Ela naturalmente o tinha visto nacorte quando dançava mas nunca se imaginou que oconheceria e certamente não estando sozinha. OSultão lhe tinha posto a seu filho o nome deArjuna como o famoso arqueiro das escriturasantigas."Chandhroma, estou desesperadamente apaixonadopor ti", disse Arjuna. "Vi-te dançar e Vasudevame contou histórias sobre seu garbo einteligência. Houve alguma vez uma mulher tãodotada e tão formosa como você no reino de meupai?"Por um momento seus olhos se encontraram emsilêncio. A moça não tinha pensado muito noromance, não tinha tempo para isso e não queriaterminar prostituta como sua mãe. Mas este jovema fazia sentir coisas que lhe eram totalmentedesconhecidas.Então Arjuna começou a lhe falar meigamente e deuma maneira espontânea lhe expressou seu amor edesejo por ela:"Chandhroma, estive esperando este momento. Vematé mim, amada, deixa que meus braços lheabracem. Sua pele radiante esconde os fogos

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ardentes debaixo dela. Cada célula de meu corporessona com seu ser. Desejo estar perto de ti,amada. Seus olhos me aproximam mais do meu Lar.Sigo sua profunda escuridão como um meninoinocente que só conhece um chamado. Atraído parati como a lua atrai as correntes, as chamasestendem-se por meu corpo. O desejo me afligenestas tardes quentes. Imagino cada aspecto deseu ser. Separados em corpo, unidos em alma eespírito, sempre está comigo. Sinto o batimentodo coração de seu coração, seu fôlego. Minhascélulas vibram com sua vida e com meu desejo denossa união. Como desejei uma como você em todosos lugares e tempos. Procuro o calor de seu suavebeijo para que desperte os verdadeiros fogos queardem dentro de mim. Permite que meu amor, comoa luz do sol, derrame-se sobre seu corpo e alma"Chandhroma ficou transfigurada com suas palavras,seu coração estava conquistado. Ela sorriu,Arjuna se sentou a seu lado e tocou suas mãos.Finalmente os dois começaram a rir e a falar comose se conheceram durante todas seus estoque einclusive além delas. diz-se que o amorverdadeiro pode ser assim.Inanna se alegrou muito pela Chandhroma, mastambém sentiu o perigo. Já havia muitas mulheresmexericando na corte do Sultão. Sentiam inveja edesprezo pela moça. Agora que o filho do Sultãolhe tinha dedicado todos seus afetos a ela, quemsabe aonde chegariam todos esses ciúmes? O venenoera a solução mais conhecido para as rivalidadesdentro do harém.Às mulheres do palácio lhes permitia tão poucaliberdade que suas energias terminavam por

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menosprezar-se entre si. De vez em quando sechegava até matar a um bebê para tirar do caminhoum herdeiro potencial. Certamente o harém podiaser um lugar perigoso. Como era uma bailarina, emrealidade Chandhroma nunca tinha sido parte dessemundo, além disso gozava do amparo da Vasudeva.Mas os cuidados da Arjuna a converteriam emalguma concubina frustrada com ambições de poder.Inanna sabia que as mulheres dessa épocamaliciosamente conspiravam uma contra a outrapara defender seu escasso território. Aimpotência das mulheres feria profundamente aInanna, mas era imperativo que advertisse aChandhroma sobre o perigo.Mas ela estava muito apaixonada e sob o feitiçode Arjuna se encontrava já em um mundo longínquo.Os dois amantes passavam seus dias tomando vinhoe fazendo amor nos jardins mágicos de Cachemira.No palácio todos falavam sobre sua relação.Inanna não pôde por nenhum meio obter a atençãoda Chandhroma. Como podia lhe advertir?Um dia Chandhroma retornou a seu quarto e sobre amesa encontrou um presente. Era uma garrafa deouro com rubis vermelhos incrustados. Ahabilidade de quem a desenhou era impressionantee havia uma nota que descrevia as propriedadesmágicas do conteúdo da garrafa. Dizia que era oelixir da beleza eterna e a vitalidade.Inocentemente, Chandhroma abriu a garrafa echeirou seu conteúdo. O quarto se encheu com oaroma de cem rosas e Chandhroma se deixou vencerpelo desejo de provar o elixir. Inanna temeu opior e evocou seus poderes para o qual tombou umformoso floreiro com o fim de atrair a atenção da

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Chandhroma. O floreiro caiu e se quebrou sobre osladrilhos de mármore, mas Chandhroma estavatotalmente distraída, possuída pelo feitiço dafragrância de rosas.Levantou a garrafa até seus lábios. Ao provar olíquido, sentiu uma contração violenta em seucorpo. Quando caiu ao piso duro, pensou emArjuna. Como desejava sentir seus braços a seuredor, saborear uma vez mais seus lábios e olharno profundo de seus olhos. Tratou de gritar, mastoda sua força se foi. Sua vida lhe escapou.Quando Chandhroma se retirou de seu corpo, Inannaestava lá para abraçá-la.

IX.- LIVROS E SAPATOS

Graciela recordou como lhe tinha encantado adança. Quando era uma menina, levava à sua camacachecóis grandes, colocava-os debaixo de suasmantas e simulava que elas eram seu traje dedança. Imaginava que era uma bailarina famosa emum reino mágico. Sua imaginação lhe permitiafazer estes vôos de fantasia durante horas.Durante sete anos estudou balé e sua mãe lhecomprou um par de sapatilhas vermelhas porqueGraciela tinha gostado muito do filme "AsSapatilhas Vermelhas". Graciela pensou nossapatos que tinha perdido aquele dia em NovaIorque. Parecia-lhe que tinha passado tantotempo.Ela se perguntou se a vida da Chandhroma comobailarina de algum modo tinha tido que ver comseu amor pela dança. Afetavam todas a vidasmultidimensionais de algum jeito a todas as

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outras? Graciela tratou de imaginar-se dirigindouma tocha, o que fez rir ao Olnwynn. Este setinha apegado à consciência da Graciela, estavamuito interessado em sua família e amava muito aseus cães. Corria com eles pelo bosque e paratomar dianteira, atravessava árvores.As lembranças dos outros Eus eram tão claros. Lheparecia que estavam mostrando filmes holográficosa toda cor das vidas de pessoas às quais, de umaforma misteriosa, sentia-se muito próxima. Pensouem muitos dos incidentes mágicos de sua vida.Sabia que de sua mãe tinha herdado suashabilidades psíquicas. A mãe sempre sabia o queGraciela estava pensando, o que constituía umamoléstia para ela, porque sua mãe nenhuma vezesteve de acordo com o que fazia.Nos anos sessenta. Graciela tinha experimentadosubstâncias que alteram a mente, como tantosoutros de sua geração, mas uma voz lhe advertiuque desistisse disto. Não lhe podia atribuir seudesejo de saber a verdade a nenhuma dessasexperiências. Da adolescência, estava decidida aencontrar respostas e dos quatorze anos tinha seujornal. Tinha-o começado com estas palavras:"Isto é para provar que uma garota pode pensarpor si mesma". E era precisamente o pensar por simesmo o que sempre a tinha metido em problemas.Todos queriam que luzisse formosa e que secasasse com um homem bem rico. Sua mãe lhe tinhaadvertido que ninguém se casaria com ela secontinuava lendo esses livros. Graciela percebeuque sua vida era vazia e que estava cheia dehipocrisia. Tratava de ser como os outros, masnão podia. Era como se o Flautista de Hamelin

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estivesse tocando em algum lugar de seu interior,exortando-a a outra classe de vida. Por que tinhanascido naquela família? Agora parecia queOlnwynn tivesse as respostas. De fato sua mãe lhedevia a vida que lhe tinha arrebatado ao Olnwynn,mas sua pobre mãe tampouco era feliz. Estava opassado atormentando seu pai e a sua mãe? Não eraseu pai um tirano como foi Olnwynn? Quandoterminaria tudo isto?"Só terminará quando você o troque", disseInanna. "A chave está dentro de ti, Graciela.Suas realizações, unidas a toda a sabedoria dosoutros Eu multidimensionais, ativarão assecreções hormonais que estão adormecidas em seucorpo. Sua consciência transformará seu corpofísico e, à medida que troque sua percepção darealidade, trocará sua vida neste plano. Mas eunão o posso fazer por ti, amada, você deve fazê-lo por ti mesma. Este é um universo de livre-arbítrio e se eu te obrigar a trocar, violo a leido livre-arbítrio".Graciela pensou que era uma lástima. Queria queInanna e Melinar a tocassem com uma varinhamágica e trocassem tudo o que há no mundo. Masevidentemente, não ia ser assim. De algum modoela o tinha que fazer por si mesmo. Pensou emtodas as histórias que tinha lido sobre osgrandes professores que passavam anosdisciplinando-se nas partes altas das montanhas.Na epopéia hindu, o Mahabbarata, aqueles queaspiravam a conhecer a verdade ou à ajuda dosdeuses sempre executavam o que se chamava tampas.Graciela tinha aprendido que isto significava"gerar calor". No corpo se podia realmente

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produzir algo que era como um calor divino, e elase perguntava se esse era o segredo para pôr afuncionar o sistema endócrino. Está escrito quenos tempos antigos os que queriam obterhabilidades mágicas se paravam em um dedo do pédurante 2.000 anos, uma imagem que sempredivertia a Graciela.Ela tinha procurado muitos professores e escolaspara que respondessem suas intermináveispergunta, mas cada fonte de conhecimento tinhaparado na armadilha de ser seduzida pelo poderque exercia sobre seus estudantes. À princípioera muito deplorável para a Graciela, mas, àmedida que via que este modelo se repetia, deu-seconta de que a tirania disfarçada era a conclusãológica da maioria das escolas. A verdadeespontânea não se podia converter em uma lei. Amelhor expressão disto a encontrou em umprofessor chinês, Lao Tzu quem disse algo assimcomo que a verdade não pode ser expressa mais quepor aqueles que não a entendem.Graciela sabia que tinha que encontrar a verdadedentro de si mesmo.Atilar estava começando a acostumar-se a seu novomeio ambiente. Ele tinha sido treinado para sairde seu corpo e viajar a outras dimensões, demaneira que a morte não era algo tão horrívelpara ele. Mas a perda de seu verdadeiro amor, ajovem sacerdotisa da Lua, temporalmente tinhaprejudicado suas percepções. A paixão que elesjuntos tinham produzido trocou drasticamente seunível normal de energia, por isso necessitava detempo para poder assimilar tudas estas mudanças.

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Instintivamente ele sabia quem e o que eramInanna e Melinar. Com facilidade absorveu osdados das vidas dos outros Eus multidimensionais.Recordou que uma vez tinha visitado o Olnwynn nocampo de batalha. O intenso calor psíquico queOlnwynn gerava nesses momentos o tinha atraído.Olnwynn se voltava com sua tocha à medida quedecapitava a seus inimigos; ninguém escapava desua vontade enfocada. Nesses momentos, afreqüência de Olnwynn era igual a de Atilarquando afinava os cristais.Atilar lhe ofereceu sua consciência e os dados desua vida a Graciela. Ela se abriu ao campo deenergia dele e sentiu que seu corpo inteirotrocou; sentiu-se mais ligeira e mais forte.Atilar tinha muito que oferecer e muito queensinar. De noite, em sua cama, Gracielaassimilava as experiências de seus Eusmultidimensionais. Em sua mente os abraçava, esentia um intenso amor por cada um destes seres.Ela não podia julgá-los sem importar o quetivessem feito; eles eram simplesmente o que erame Graciela os amava. Refletiu que talvez oPrimeiro Criador pensava assim sobre toda suacriação.À medida que o tempo tinha passado na Terra, oshomens se tornaram mais e mais temerosos de seussentimentos. Isto era a conseqüência natural departicipar constantemente em guerras inúteis nasque freqüentemente morriam ou ficavam inválidos.Muitos homens tinham tido a experiência de jazerferidos e impotentes durante dias no campo debatalha enquanto oravam para que a morte oslevasse antes de que chegassem os abutres e os

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destroçassem. Lhes doutrinou para que ocultassemseus sentimentos, para que não atuassem como asmulheres. Lhes disse que as mulheres eraminferiores. Em troca da sensação desuperioridade, os homens se privaram a si mesmosda experiência de sua própria ternura e emoções.Merwin, outro dos Eu da Inanna, era um desteshomens.Merwin cresceu em um ambiente no que seu paiabusava de sua mãe. Ela era uma mulherinteligente e sensível e lhe ensinou a ler e aquerer os livros. Inculcou-lhe a idéia de que oconhecimento era a única coisa de valor real navida. Merwin tratava de defender a sua mãe, masnão era mais que um moço. Um dia em um estalo deira, seu pai acidentalmente matou a sua mãe.Desesperado e desventurado, Merwin escapou.Dizia-se que em Alexandria havia uma enormebiblioteca cheia de livros e conhecimento detodas as partes do mundo. Merwin sonhou que seriamuito feliz passando o resto de seus dias em umlugar assim. Sujo e faminto chegou às portas dabiblioteca e rogou ao guardião que lhe permitissetrabalhar ali. Ele faria algo por permanecer nabiblioteca. O guardião teve compaixão do moço elhe permitiu entrar.Merwin ficou nesta enorme biblioteca pelo restode seus dias. Leu e classificou tudo o que havia.De vez em quando pensava em sua mãe, em quãoagradada estaria ela de vê-lo em um lugar assim.Mas pensar nela lhe causava muita dor. Ele seconverteu em uma lenda em Alexandria e também emuma lenda. Todos o admiravam por seu conhecimentoe sempre recorriam a ele quando necessitavam de

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um livro ou um papiro. Mas também se afastavamdele e diziam que era tão seco como seus papirosantigos. Sabia-se que sua vida estava reduzida aestar com seus livros. Nunca esteve com umamulher. Levava uma vida de recluso em meio depapiros desbotados e prateleiras poeirentas.Nunca saía da biblioteca.Um dia, centenas de soldados chegaram aAlexandria. Conquistaram a cidade e incendiaram abiblioteca. Dizia-se que as chamas do incêndio sepodiam ver a quilômetros. Todo o conhecimentoarmazenado da antigüidade desapareceu naquelaschamas. As histórias da Atlântida, da Lemúria ede muitas outras civilizações antigas seconverteram em cinzas. Merwin permaneceu láaquele dia. Para onde iria? Sem sua bibliotecanão queria viver. Então Merwin se uniu a Melinare Inanna e aos outros que estavam no ovalóide.Merwin, quem da morte de sua mãe nunca sepermitiu a si mesmo sentir, derramou lágrimas deéter transparente em uma dimensão estranha.

X.- O MUNDO DAS APARÊNCIAS

Melinar introduziu sua consciência no grupo deseres que estava reunido no ovalóide da Inanna:Atilar, Chandhroma, Olnwynn, Graciela, Merwin e,é obvio, Inanna. Quando Melinar começou a falar,as formas geométricas chamativas, ou seja, osbrilhantes, começaram a trocar rapidamente."Nenhum aspecto do Primeiro Criador estárealmente separado do resto. A porta de saída domundo das aparências pode assumir qualquer forma.Cada expressão de vida leva consigo o potencial

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da liberdade e cada um de vocês se vestiu dascores e temperamentos que estavam disponíveis notempo no que viveram. Devido ao poder dos cincosentidos, perderam-se em meio da dualidade destasexpressões e se deixaram levar pelas polaridadescontínuas inevitáveis. Mas, como vêem, essasrealidades se desvaneceram, mas permanecem comodados armazenados. Existem por separado mas, nãoobstante, estão conectados eternamente a todos.Nada morre; nada se perde."Em uma dimensão de realidade, nenhum de nósjamais abandonou a mente do Primeiro Criador".

Graciela estava sentada no bosque de cedros comseus formosos cães e pensava quão tristes tinhamsido quase todas suas vidas. Toda essa luta poraprender e chegar a ser algo, para logo deixar-selevar por algum impulso insensato. Para que eratudo isso? Se só pudesse retornar e curar aosoutros. Se o pai do Merwin tivesse sido amável,se só Chandhroma tivesse feito caso a Inanna paranão beber o veneno, se Atilar tivesse deixado decontemplar os olhos da jovem sacerdotisa, seOlnwynn não tivesse sido tão amante da bebida. Sesó! Essa era a história atual da espécie humana.A guerra e a destruição se viam o suficientementesinistras nos livros de história, mas quando umas vive em carne própria, a dor é íntima epenetrante.Graciela começava a ajustar-se a toda essadescarga de informação. As histórias de seusoutros eus lhe fascinavam e a deixavam exausta.Deu-se conta de que suas experiências de mortenão foram fáceis; talvez a morte não se fez para

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que fora fácil. Possivelmente é a única maneirade nos convencer de que podemos sair de nossocorpo. De algum modo ela começava a desapegar-seum pouco de todos os dados e começava a ver todasas vistas como partes de uma adivinhação que semovia em ciclos. Havia vários padrões que serepetiam. Ela se sentia como se fosse um detetiveparticular a ponto de resolver um grandemistério. Mas resolveria alguma vez o mistério?Tinham-no criado para que alguma vez fosseresolvido?Graciela se deitou sobre o piso duro do bosque erespirou profundamente. O aroma do cedro encheuseu ser e fechou seus olhos.A Donzela do Céu jazia sobre o piso de seu tipi.O curandeiro a tinha posto no chão com o fim de"amarrar a dor". Ela sabia que isso era umatolice; sabia que morreria. O que sabiam oshomens quanto a dar a luz? Seu bebê deu a voltaem seu ventre e se obstruiu. À medida que perdiamais sangue a dor se fazia mais intensa. Ondeestava Pequena Nuvem, sua amiga e parteira?Desejava Pequena Nuvem tanto a Pluma de Fogo paradeixar que sua amiga, a Donzela do Céu, morresseno parto? Ela pensou em seu marido Pluma de Fogo.Sempre se tinham amado; tinham estado juntos todaa vida; desde meninos tinham sido inseparáveis.E, é obvio, Pequena Nuvem os tinha seguido atodas as partes. A Donzela do Céu compreendiacomo sua amiga amava a seu marido, mas nunca sealterou porque nunca duvidou do amor que lheprofessava Pluma de Fogo. Ele pertencia à Donzelado Céu e a ninguém mais.

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Muito antes de que o homem branco chegasse a suasterras, os membros da tribo de Donzela do Céuviviam pacificamente em suas formosas colinas.Respeitavam a Terra e a todos os espíritos.Trabalhavam para obter a harmonia com o vento eas estrelas e sabiam como chegar a ser um comtodos os espíritos animais. Quando era uma meninaa iniciaram no conhecimento dos céus noturnos.Ela passava muitas horas em silêncio sob asestrelas e trazia as essências do céu para atribo e suas terras. A sabedoria de Donzela doCéu era venerada.Os membros da tribo acreditavam que tinham vindodas estrelas e que algum dia retornariam. Sabia-se que o grupo de sete estrelas às que chamavamAs Irmãs era seu lugar de origem. Durante asnoites escuras, ela olhava a esse grupo e lhefalava com uma Dama Azul que freqüentemente lheaparecia. Esta dama lhe dava conhecimentos esabedoria. Animava-a a que se respeitasse a simesmo. A Donzela do Céu chegou a amar a esta DamaAzul e a acreditar que algum dia a triboretornaria às estrelas.Pluma de Fogo era um jovem bonito e forte queadorava a Donzela do Céu. Tinham passado muitashoras juntos caminhando pelo bosque ou montando acavalo pelas colinas com o vento em suas almas. Avida era muito agradável quando estavam juntos.De sua união já havia um menino. Por que estavacausando tantas dificuldades este segundo parto?A dor voltou muito aguda e tinha perdido muitosangue. A Donzela lutava contra as ataduras decouro enquanto o suor corria por seu rosto. Sepudesse escapar. Olhou uma abertura que havia na

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parte superior de seu tipi e pôde ver umpedacinho de céu azul. Por que a tinham deixadosozinha? Uma aguda dor partiu seu corpo e nãosentiu mais nada. Elevou-se por cima de seu corpoe, quando olhou para baixo, viu sangue por todaparte. Pequena Nuvem entrou no tipi, gritou eachou a sua amiga morta. Tirou o bebê do corpo deDonzela que ainda estava quente, cortou o cordãoumbilical e lhe deu uma palmada no traseiro. Umagarotinha começou a chorar. Estava coberta desangue, mas estava viva.Pluma de Fogo e outros entraram. A Donzela do Céusentiu a dor e o impacto de seu marido ao ver seucorpo inerte. Ela sabia que ele não ia chorar;ele não podia, não era seu costume. Mas algodentro dele se quebrou e não voltou a ser omesmo. Porque para aqueles que estão destinados aestarem juntos, quando o companheirismo termina,toda a vida termina. Pluma de Fogo não quiscuidar do bebê.Pequena Nuvem não sabia que seu ciúmes tinhamevitado que se apresentasse com mais prontidão aoparto. Por que não retornou a tempo como o tinhaprometido? Começou a limpar o sangue do corpo damenina. Ela sabia que Pluma de Fogo nunca seriapara ela; ele já pertencia aos mortos viventes,já não servia a ninguém. Decidiu encarregar-se dobebê e criá-lo. Pelo menos podia dizer que tinhasua filha.O bebê pôde ver com facilidade o corpo etéreo deDonzela do Céu, embora ninguém mais o viu. "Mami,por que vai?" Os pensamentos de mãe e filha eramcomo um. Ainda flutuando por cima, a Donzela lhefalou com sua menina: "Garotinha, meu amor, deve

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ser valente. Sabe que te amo. Consola a seu paise puder e fica com Pequena Nuvem. Ela jurou tecuidar e você será a única coisa que ela terádele. Sinto não poder estar contigo para teensinar os caminhos do céu. Adeus, minhafilhinha, meu amor sempre está contigo". Anosdepois, uma menina índia esfarrapada e magraseguia o passo de seu pai. O homem, já avançadoem anos e entorpecido de pena, não lhe prestavaatenção. A menina se vestiu com roupa de moço coma esperança de agradar a seu pai, mas ele não sedava conta. Para ele, ela nem sequer existia.Graciela começou a chorar. Oh, Meu deus, essapobre menina! A vida era feita de texturasinfinitas de experiência. Quem se não um ser depoder infinito e ilimitado se atreveria acolocar-se em um mundo tão precário como este.Graciela pensou que nunca tinha querido terfilhos. Havia-se dito a si mesmo que temia tratara seus filhos como seus pais a tinham tratado aela. Mas no mais profundo de seu ser também haviaum temor escondido à ação de dar a luz. Por queestava a vida da Donzela gravada nos impulsos daGraciela?Pluma de Fogo lembrava Miguel, que foi seu noivona escola. Conheceram-se quando ela só tinha dozeanos, mas os dois imediatamente souberam que eramum para o outro. Miguel tinha pensado em casar-secom Graciela, mas à medida que passavam os anos,ela temia terminar como sua mãe e se afastoudele. Ela falava de partir, de ir para NovaIorque ou a Paris. Ele se casou com outra, umaamiga que para a Graciela era como Pequena Nuvem.

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Graciela imaginou que caminhava por um labirintosem fim no qual tropeçava com partes dela mesma edas quais nem sequer sabia que existiam. De algummodo todas as partes estavam conectadas e todasas conexões poderiam responder suas perguntas eencher o vazio que sempre tinha sentido dentrodela.Em sua mente viu as formosas formas geométricasque já lhe eram tão familiares. As cores eramvivas e as formas resplandecentes se moveram emsucessão rápida quando Melinar começou a falar."Todos os sistemas filosóficos e religiosos queestão disponíveis em forma escrita são reflexosda verdade em diferentes momentos que foramnecessários para satisfazer as necessidades dessetempo. Não é necessário que ligue sua consciênciaa nenhum destes sistemas e as formas de expressãoreligiosa que existem ainda são úteis a muitos,mas muitas outras formas se perderam do períodopré-histórico posto que não se escreveu nada. Averdade é a verdade em qualquer momento presentede existência, sem importar a forma em que semanifeste. A forma está sujeita às necessidades ecapacidade de recepção da raça de seres queexista e é estabelecida pelo nível de suaevolução. Essas formas de pensamento queconstruímos a nosso redor para nos proteger sãofreqüentemente as mesmas formas que convidamnossa destruição. O Primeiro Criador sempre estáem movimento e sempre troca".Os brilhantes do Melinar se moviam maisrapidamente do que os olhos humanos da Gracielapodiam captar, mas entendeu que havia umaarmadilha inevitável na necessidade humana de

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deter a mudança. Tudo o que se coloca em pedraindevidamente se deteriora. Aquilo ao quetratamos de aferramos, se perde. Ninguém podedeter um rio.Graciela ficou de pé e foi deitar-se junto a seuscães. Sentiu-se cômoda em meio de sua pele grosae escura e se imaginou que estava bem protegidanos braços de Inanna. A bela deusa azul abraçou àpequena Graciela, que ficou dormindo. Era bomestar em casa.

XI.- A CORTINA

Inanna e Melinar procuraram cuidadosamente Atilarem suas consciências. Ele era tão bom emprojetar-se a si mesmo para outras realidades queera difícil lhe seguir o rastro. Ele se retiravacontinuamente para visitar às pessoas queaparecia do líquido: os Liquidianos, como lhesdizia ele. Estava fascinado com seu estadofluido, e eles por sua vez estavam interessadosem seu conhecimento dos objetos duros, ou seja,os cristais.Inanna se interessava mais e mais no progresso deseu Eu multidimensional. Ela sabia que no ano2011 terminaria o acordo contratual entre oConselho Intergaláctico e Marduk, o tiranopleyadense. A Terra começaria a dividir-se empelo menos duas realidades e só aqueles humanosque tivessem superado a quarta e quinta dimensão,teriam a capacidade de afastar-se das freqüênciastirânicas do professor réptil, Marduk. Se aomenos a família o tivesse deixado morrer quandoInanna o enterrou vivo na Pirâmide de Gizé. Desde

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esse dia, Marduk levava consigo seu ódio porInanna por todo o planeta Terra e deliberadamenteprocurava escravizar e degradar às mulheres,especialmente às sacerdotisas de seus templos,devido ao que elas ensinavam. Durante os últimosmilênios a Terra tinha sido um triste aviso dadegradação da deusa e de sua sabedoria.Um dos Eu multidimensionais da Inanna tinha sidouma formosa jovem que viveu na Espanha durante aInquisição. Chamava-se Raquel e nasceu dentro dafé judia. Inanna pensou que tinha tido precauçãono caso de Raquel pois somente lhe tinhaoutorgado poderes de cura. Não era que tivessetantos poderes para converter-se em uma ameaça oufomentar uma revolução. Não, Raquel era umagarota doce, singela e inculta, cujo toque eproceder freqüentemente curava os doentes. Masisto foi suficiente para que a Inquisição aacusasse de ser uma bruxa, servidora do demônio.Arrastaram-na a uma prisão e a torturarambrutalmente antes de queimá-la no madeiro.Quando a Graciela mostraram os dados de Raquel,suplicou que não lhe mostrassem o que tinhamfeito a ela. Seus verdugos se obcecaram com seuspróprios demônios enquanto torturavam a estagarota inocente. Logo a vestiram de branco paraindicar que a tinham desencardido e por último alevaram ao madeiro. Quando acenderam o fogo aseus pés, baixaram três anjos e tiraram Raquel deseu demolido corpo. Liberaram-na da dor queimplicava o que a queimassem viva. No planetaTerra muitas mulheres passaram por isso. Dentrode suas memórias celulares ficaram escondidos

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estes temores. A Graciela a perseguiam momentosfugazes desta experiência.Inanna sabia que todos os seus Eus teriam quecontribuir à transformação da Graciela. Elaqueria que Graciela encarnasse a sabedoria econhecimento dos outros, homens e mulheres.Inanna chamou Atilar quem lhes estava dando aosLiquidianos uma conferência sobre os cristais."Eu, Atilar, sou um Guardião dos Cristais. Eusirvo à Luz e me comunico com os Guardiães daEvolução". Atilar sabia agora que esses guardiãeseram Inanna e Melinar. Ele continuou seu bate-papo aos Liquidianos. "No tempo de minhaexistência, o conceito fundamental de adoraçãoera a luz, não uma pessoa, um deus ou um objeto.A luz se encontra em cada parte da existência. Aluz interior, assim como a luz que se reflete aoexterior, percebia-se como o coração da vida e sevenerava como tal."Os cristais simbolizam muitas coisas.Relacionam-se com a luz em várias ondas sutis.São sistemas de reação à luz, ao calor e àenergia. Igual aos computadores pequenos, oscristais se podem usar para armazenar informaçãoe também se podem programar a um nível maissutil, mais psíquico. A propensão natural parauma estrutura atômica harmoniosa lhes permitetransmitir e sugerir diferentes estados deconsciência, tais como a criatividade e a cura,através da harmonia, a polaridade e a energia."Os cristais também podem representarexperiências de cor armazenada e portanto têm opoder de recordar a memória visual de váriasexperiências. É só a variável de qualidade e

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forma destas experiências o que possibilita osinfinitos de diferenças. Tudo é verdade. Cadaexpressão leva dentro a luz".Inanna interrompeu: "Atilar, os Guardiães daEvolução lhe convocam ao ponto focal central".Atilar se desculpou com seus novos amigos. Estavamuito ansioso de aprender sobre eles e de comoeles poderiam converter-se em líquido. Despediu-se deles e no pensamento se projetou para o lugarde onde vinha a voz da Inanna."Me alegro de estar em sua presença outra vez,formosa dama. Onde está o que chamam Melinar?Suas formas geométricas recordam a meuscristais". Atilar encontrou Melinar que estavacomeçando a mudar rapidamente, como era seucostume quando estava emocionado. Melinar fundiusua consciência com a do Atilar. Graciela aindadormia, mas em seu estado de sono estava sentadaem atitude absorta enquanto todos os Eus daInanna se juntavam em um só estado deconsciência.Melinar começou a falar enquanto seus brilhanteszumbiam: "O Primeiro Criador é a Fonte de todaVida. O fogo do Criador é o líquido que corre portodos os seres e lhes dá energia. Enquanto quenenhuma experiência carece de valor, o recordar eexperimentar a reunião com o Primeiro Criadordeve vir finalmente de dentro. As experiências nocontínuo tempo/espaço e no plano material o atama uma cadeia de causa e efeito dessasexperiências. O Primeiro Criador é o que estádentro, e não depende de nenhuma forma ouestrutura externa, as quais também são PrimeiroCriador. O ser que sabe esta verdade é posto em

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liberdade, porque de quem ou inclusive do quepode ser dono quando sabe que a fonte de tudoestá dentro de ti?"As leis que governam os laços de energia sãocorretas e úteis nos planos materiais. O átomo semantém unido mediante as leis da polaridade: acarga elétrica positiva do próton, a carga neutrado nêutron e a carga negativa do elétron. Nocampo da biologia, as polaridades como a vida e amorte, o princípio e o fim, traduzem-se emlimitação, contração e finalmente a ilusão damorte. Em términos de psicologia, as leis damaterialização dão origem ao ego. O ego é umaentidade fictícia que possui as sensações detemor, vulnerabilidade e uma necessidade deproteger-se e defender-se a si mesmo. No momentoem que o ego da personalidade se identifica comqualquer estrutura de pensamento, busca conservaressa identidade assim como a rocha procura ficarcomo uma rocha."Com o fim de manter sua identidade com aestrutura de pensamento escolhida, o egoimediatamente começa a definir sua identificaçãocom a de outros egos. Por isso começa a produzirsistemas de julgamento intermináveis para poderapoiar essas identidades fictícias. À medida quea personalidade continua com suas definições,esquece-se de sua verdadeira natureza e começa aviver no temor de perder essa identidade fictíciaque realmente nunca teve. Desta maneira, oPrimeiro Criador joga escondido consigo mesmo.Melinar pôde falar desta maneira pelo que sepodia perceber como uma quantidade de tempointerminável em términos terrícolas. Mas para

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ele, este tipo de expressão era gozo puro e seusbrilhantes nunca pareciam cansar-se.Quando despertou de seus sonhos, Gracielarecordou um poema que tinha lido fazia muitosanos e que não tinha esquecido. Normalmente elanão recordava os versos, mas este poema sempretinha permanecido perto de seu coração. Foiescrito por um professor Sufi, Mahmud Shabistari,no século XIV, d.C. O poema falava da beleza dorosto do amado, o qual permanece vívido sob acortina de cada átomo.Graciela sempre se imaginou que levantava acortina de um átomo e que ali o veria, esse algoenganoso que tinha desejado toda sua vida. Abeleza curadora de "o rosto do amado", faria-asentir-se plena outra vez e poderia recordar.Graciela sentiu que essa época se estavaaproximando. Sentia uma grande diferencia desdeque tinha chegado à montanha, era como se todoseu corpo estivesse borbulhando e trocando, comose estivesse mudando.Estar sozinha em Montanha Perdida estava ajudandoa Graciela a encontrar seu caminho de volta acasa.

XII.- VOANDO NO TIBET

À luz do amanhecer, Graciela observou como saía ovapor de uma taça de delicioso café. Estavasentada na janela contemplando a luz da alvoradaque já se estendia sobre as aprazíveis MontanhasOlímpicas cobertas de neve.Tudo era tão antigo e formoso. Ela já estavaaprendendo a permitir que o silêncio a enchesse.

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Só se escutavam os sons crepitantes do fogo e devez em quando o latido dos cães aos coiotes.Montanhas cobertas de neve, os céus estrelados danoite, bosques de cedro entupidos e floressilvestres que cobriam seu pequeno vale, eramexperiências novas para a Graciela e eladesfrutava delas a cada momento. Pensava que umsomente pode sentir a natureza quando estásozinho. Por que sempre precisava contar a alguémo que tinha visto?Enquanto desfrutava de seu café, meditava sobre oque estava aprendendo. Tinha esperado tanto paraque chegasse esta ocasião. Em sua vida houvemuitos professores, alguns maravilhosos, outrosnem tanto. Pensou no monge tibetano com o quetinha estudado anos atrás. Nesse então ela nãocompreendeu o que lhe ensinou. Uma vez eletranspassou seu braço por uma mesa, como se nãohouvesse nada sólido, para lhe mostrar a essênciaenganosa do mundo material. Ela realmente nãocompreendeu mas tinha desejado entender e, quandodecidiu ir a outro lugar, deixou-lhe um desenhoconfuso para lhe agradecer sua sabedoria.Mais tarde se uniu a um ashram. O professor tinhacrescido na Índia e tinha vivido em um ashrambastante conhecido lá. Ela esteve feliz por umtempo, pois era algo maravilhoso estar rodeada deoutros cujo único desejo era compreender osignificado da vida e que não se burlavam de seudesejo de obter esse conhecimento. Durante suasmeditações, de vez em quando experimentava asensação de ser uma com a vida e com a criação.Mas muito rapidamente se deu conta de que seuprofessor se estava apaixonando por seu próprio

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poder e já Graciela não podia explicar ocomportamento excêntrico do professor.Um dia, enquanto estava sentada em um salãoenorme com centenas de outros discípulos, sua vozinterior, esse saber interior silencioso no quetinha chegado a confiar durante os anos, disse-lhe que partisse e nunca retornasse. Isto foi umasacudida para ela e sentiu pesar, mas se foi paracasa.Lá só caminhava daqui para lá em sua cozinhatratando de compreender por que sua voz interiorlhe havia dito que partisse. Estava confusa e nãoqueria deixar a seus amigos. A voz lhe disse emum tom alto e claro: "BOTAS!" Graciela ficoutotalmente confundida. Botas? O que queria dizerisso? Então começou a recordar.Quando tinha sete anos tinha ido a um acampamentode verão. O primeiro dia houve uma iniciação.Todos se reuniram e o chefe do acampamento propôsuma adivinhação: "O que é botas sem sapatos?”Graciela ficou horrorizada, por temor de nãosaber a resposta e de que as outras meninaspensassem que ela era estúpida e não aaceitassem. Ela se escondeu na parte posterior dogrupo. As meninas repetiam "expulsa sem sapatos!"como se fora um canto até que quase todas elasadivinharam a resposta.Por fim lhe veio a resposta, que era é óbvio"botas!" Graciela começou a rir; a adivinhaçãoera tão singela. Sua voz lhe dizia que era seutemor não compreender o que dificultava as coisase que simplesmente confiasse em si mesmo; todosos ensinos sairiam de dentro dela. Já Gracielatinha aprendido tudo o que necessitava do ashram

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e era hora de que procurasse algo novo. Já podiaconfiar em seu guia interior, sabendo que ela eraparte da vida, parte do Primeiro Criador. Asrespostas tinham estado dentro dela desde ocomeço.Na parte superior de Montanha Perdida, Gracielariu de novo de "expulsa sem sapatos". Seus guiasàs vezes eram engraçados e de vez em quandotravessos, mas no profundo de seu coração, elasabia que podia confiar neles. Contemplou asMontanhas Olímpicas; a luz do sol descia por elascom uma cor rosada e dourada. Pensou que sempretinha sentido medo das alturas.

Choje Tenzin chegou ao monastério no Tibet quandosó tinha sete anos. Seus pais não podiam mantê-loe era o último de nove filhos. Chorou quando odeixaram na entrada, mas não se podia fazer nada,e seu pai o golpeou quando tratou de correr atrásdeles. O monge que veio a recolhê-lo o levou a umsalão onde havia centenas de outros moços. Haviamuito alvoroço no recinto, os moços conversavam,seus pratos tilintavam sobre os pisos de pedra. ATenzin deram um tigela de chá quente com manteigae o deixaram para que se valesse por si mesmo.Durante os primeiros anos se sentiu terrivelmentesolitário; ele era um menino delicado e sensível.Quando estava em casa, suas irmãs o tinham mimadocom o pouco que tinham e lhe tinham mostradomuito afeto. Ele estava muito só e os outrosmoços se mofavam de sua debilidade física até quese deram conta de que Tenzin desenhava muito bem.Este monastério particular estava dedicado aproduzir pinturas tântricas, e todo aquele que

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mostrava um talento especial era digno de muitorespeito. Enviaram ao Tenzin o Professor depintura para que o treinasse nas técnicas erituais da arte tibetana.Lin Pao, o Professor, era um homem de grandebeleza física e refinamento. Se falava que vinhade uma família muito rica e aristocrática daChina. Chegou ao Tibet para dar uso a seusgrandes talentos. Era respeitado como o melhorpintor dos tantras tibetanos.A princípio Tenzin não recebeu ensinos de LinPao, mas depois de muitos anos como aprendiz, lhepermitiram estudar com o grande professor.Durante horas Tenzin observava as mãos delicadase fortes de Lin Pao que habilmente executavamlinha e cor. Tenzin adorava a seu professor. Emrealidade ele estava profundamente apaixonado porseu professor. Era só natural que um moço tãosolitário chegasse a albergar tais sentimentospor alguém tão grandioso como Lin Pao, mas ditossentimentos eram proibidos e permaneceram emsegredo.O fato de que Tenzin fora considerado como umartista talentoso não o eximia das rigorosasdisciplinas do monastério. Assim também recebiaas lições de abster-se de comida e calor, ashoras de permanecer totalmente imóvel em posiçõesde meditação e as artes marciais.Havia uma meta disciplinadora que preocupava atodos os estudantes. A um grupo seleto de noviçoslhe ensinava a elevar sua energia até o ponto deque podiam desafiar a gravidade e aprender avoar. Eles passavam anos aperfeiçoando estatécnica situados a bordo dos penhascos na parte

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mais alta do monastério. Lin Pao não somente eraum grande artista, também tinha a habilidade devoar dos penhascos sem perecer. Tenzin estavadecidido a aprender com o fim de agradar ao LinPao.Dizia-se que o segredo da arte de voar estava emum enfoque ininterrupto. Muitos monges passavamanos preparando-se para seu primeiro intento emuitos caíam à morte. Acreditava-se que todosretornavam à vida; inclusive se um monge falhava,podia reencarnar, retornar ao monastério epersistir em seu intento.Era um dia frio e açoitado pelo vento. Tenzin eoutras almas valentes estavam sentadas nospenhascos designados quando chegou Lin Pao. Éobvio, Tenzin queria impressioná-lo. Invocou suamáxima concentração e de uma forma apressadadecidiu tentar o vôo. Ficou de pé e enfocou todasua vontade, mas quando deu seu primeiro passo aoprecipício, a confusão que o tinha motivadotambém distraiu sua concentração. Sentiu que oamor reprimido que sentia pelo Lin Pao diluiu opoder de sua vontade e Tenzin caiu no precipício.Seu corpo se estatelou contra as rochas que haviaabaixo.Quando a consciência de Tenzin flutuava por cimada concha que tinha sido seu corpo, olhouansiosamente a seu ídolo Lin Pao. Envergonhado,nem sequer se atreveu a despedir-se.A Graciela parecia que todas as suas vidas tinhamterminado sem esperança, mas Inanna e Melinar lheexplicaram que cada vida era uma provisão deexperiência e informação. Graciela e todos osoutros eram a soma total de cada um;

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compartilhavam a sabedoria e o conhecimento quecada um tinha adquirido de uma forma tãodolorosa.Inanna mostrou a Graciela como Tenzin tinhacontribuído a seu ser. A sabedoria do Tibet eraum dos últimos lugares fortes da verdade em seutempo. Ela sempre se havia sentido impulsionada aprocurar a verdade e sempre quis ir ao Tibet. Atéestudou com um monge tibetano. A afinidadeinstintiva da Graciela com os ensinos tibetanos ea arte lhe tinham proporcionado muitodiscernimento e lhe tinham permitido liberar-sedas limitações de sua própria formação cultural.A habilidade do Tenzin para a pintura lhe tinhachegado a Graciela e tinha reconhecidomilagrosamente ao Lin Pao como seu melhorprofessor na escola de artes onde tinha estudadoem Nova Iorque. Bom, e se a deixaram com umresíduo de temor às alturas? Ela podia superá-lo.Graciela pensava que para a Inanna e Melinar eramuito fácil dizer que isto se podia superar. Paraela eles realmente não estavam em corpos físicosembora diziam que estavam. Graciela ainda não viamuito bem aonde levaria tudo isto. Em meio de suaaprendizagem, de vez em quando sentia anecessidade de iludir-se vendo televisão ousaindo às compras. Mas, aonde poderia uma garotair às compras em Montanha Perdida?Graciela foi a sua biblioteca. Por Deus, quequantidade de livros. A última vez que se mudou,inclusive os empregados da mudança sedesalentaram ao ver o volume de sua coleção. Suabiblioteca estava repleta de toda classe deraridades, desde Tolstoi até o Lao Tzu, desde

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economia até os OVNIS; toda classe de temas haviaem sua biblioteca.Sua atenção caiu sobre um livro que gostava faziamuitos anos. O livro tinha sido escrito em 1949quando Graciela tinha só quatro anos. Em 1969tratou de lê-lo. Nesses dias seu cabelo ía até acintura, e sua roupa se formava de duas camisetase uma saia de algodão feita na Índia. Era muitoemocionante estar em Nova Iorque com tantosoutros jovens que acreditavam poder mudar omundo. Graciela tinha lutado por compreender estelivro, mas nesse tempo não tinha tido asuficiente experiência da vida para compreenderseu significado. Agora enquanto o tinha em suasmãos lhe parecia muito claro o que o autor estavadizendo.O universo é um sonho holográfico projetado comoum pensamento dentro da mente de Deus, e sónossas percepções individuais das freqüênciasrítmicas relativas e variantes faziam ao mundoparecer real. O autor continuou falando sobrecomo é possível ir mais à frente do tempoordinário, ir ao passado ou ao futuro, einclusive passar até além da dimensão manifesta.Graciela compreendeu que isto era exatamente oque ela estava fazendo. Ela era seu outros Eus notempo de seus dados e, simultaneamente, Inannaera todos eles, incluindo a Graciela. O tempo nãoexistia, exceto como um pensamento que lhepermitia à existência jogar a si mesmo no espaço.Graciela tinha tomado consciência da realidadesecreta do mundo aparente e tinha escapado dasleis que a sujeitavam à ilusão do tempo.

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Graciela pensou que se o Primeiro Criador eratodas as coisas, então Marduk também devia serparte da comédia divina, uma parte do PrimeiroCriador. Melinar estava extremamente feliz de queGraciela pudesse abrigar este pensamento. Elecompreendeu que assim como o papel da Inanna eralutar contra Marduk, também era o destino desteser exatamente como era, porque o PrimeiroCriador era todas suas partes variáveis, que semovem no fluxo do tempo para examinar-se a simesmo, para expressar-se e para experimentar,para jogar. À medida que Graciela era mais capazde interatuar com seu outros Eusmultidimensionais, podia assimilar mais dados emais sabedoria e maior era sua oportunidade deativar o DNA divino de seu corpo: os códigosgenéticos que se perderam faz tanto tempo.Melinar abraçou a Inanna como melhor pôde. Aindahavia muito por fazer, mas estavam progredindo.

XIII.- ALMOÇO COM MARDUK

Marduk estava sentado em sua sala privada nasuíte do edifício mais alto de Hong Kong. Estavaa ponto de almoçar com o líder das cadeias decomunicação do planeta Terra. Olhou a sua roupa,um Saville Row é obvio, e a seus sapatositalianos. A Terra era algo muito divertido,pensou. Seus planos estavam saindo melhor do quepensava. Na semana seguinte teria sua reuniãohabitual com os banqueiros do mundo e a outra comos líderes políticos.A sala estava forrada com esculturas excepcionaise espelhos antigos; as paredes estavam adornadas

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com painéis de mogno polida. O teto brilhava comaranhas de luzes de cristal que iluminavam aspinturas do afresco que Marduk tinha extraído dastumbas egípcias. A mesa já estava perfeitamenteposta, talheres de ouro sólido e baixela deParis. Não era que Marduk precisasse impressionara ninguém; simplesmente gostava das coisas belas.Durante os séculos Marduk se dedicou a converter-se em um conhecedor de tudo o que a Terra tinhapara oferecer. Atrás dele e de joelhos, esperavamseis concubinas muito belas, prontas para lheservir em qualquer momento. Se por acaso deixavacair uma migalha durante o almoço, uma dasgarotas a tirava imediatamente da toalha brancacom uma paleta de prata. Nas portas havia quatroguarda-costas, com outros dois do outro lado daporta. Todos tinham treinamento de ninjas, mas sópor diversão. Marduk adorava fingir que era umaestrela de cinema. Desfrutava dos filmesviolentos com muito sangue e cenas de artesmarciais. Depois de tudo, era seu mundo e podiajogar de qualquer modo que quisesse.Muito em breve já não se discutiria quem tinha odireito a controlar a Terra. Marduk assumiu ela,o poder pode com tudo e o planeta lhe pertenciapor direito. Sempre tinha sido capaz de dominar aseu pai Enki. Não podia evitar que seu pai fossedébil e adorava dobrar sua vontade ou a dequalquer pessoa. Parecia que o mundo estava cheiode passivos que esperavam que ele os dominasse.Também estavam as marionetes que nãorepresentavam um grande desafio. Por últimoestava a maioria que requeria um pouco de lavagemde cérebro por meio da propaganda. Uns poucos

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tinham sido torturados mas quase todo mundocedia. Neste almoço se discutiria o assunto daprogramação e lavagem de cérebro. Marduk queriamostrar a seu hóspede, o presidente das cadeiasde comunicação, quem era o chefe. Lhe encantavaamedrontar a seus empregados; era como seuentretenimento e ultimamente tinha estado muitoaborrecido. O ano 2011 se estava aproximandomuito lentamente e ele queria que essa FederaçãoIntergaláctica se afastasse de seu caminho parasempre.Ele sabia sobre as intenções de seu pai Enki edessa bruxa Inanna para despertar à espéciehumana. Sabia que eles e outros membros de suafamília pleyadense queriam provar à Federação queos humanos podiam, através de seu próprio livre-arbítrio, ativar os gens adormecidos e tomar seulugar como iguais na galáxia não mais comoescravos.Marduk tinha seguido cuidadosamente o rastro detodos os dados dos Eus multidimensionaisprojetados. Não tinha sido grande problemafrustrar seus tristes intentos de acreditar em simesmos. Se suas próprias paixões não osdestruíam, ele facilmente podia encarregar-se deque um de seus agentes os eliminassem. A Históriacomo ele a tinha moldado permitia muitas ondasconvenientes de histeria, todas desenhadas àperfeição para extirpar qualquer pensamentooriginal. Enquanto os humanos acreditassem queeram impotentes, podiam ser treinados para adorara Marduk em todos os seus disfarces. Como oshumanos sempre procuravam ajuda e consolo fora

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deles, permaneciam débeis e vulneráveis àsengenhosas manipulações de Marduk.Sua nova idéia de uma cadeia de comunicações erao melhor que tinha inventado até agora. Emsilêncio se felicitou a si mesmo. Uma extensarede de sinais eletromagnéticos ricocheteavacontra os satélites que lhe davam a volta à Terrae mantinha as freqüências de todo o planeta em umespectro muito limitado. Era quase impossível quequalquer cérebro humano pensasse além dafreqüência de sobrevivência. Como era fácilprogramar imagens de riqueza e poder mais àfrente do alcance dos humanos e desta formadeixá-los em meio de um estado de frustração etemor. Era muito fácil, Marduk estava mais queaborrecido.Parou em frente a um dos espelhos antigos queforravam as paredes da sala. "Deus, que bonitosou!", pensou. Durante os séculos tinhaaperfeiçoado sua beleza com um sem número deprocedimentos cirúrgicos, mas intencionalmentetinha conservado esse rasgo de crueldade peloqual era famoso. Proporcionava-lhe muito prazerobservar as expressões de terror nos rostos desuas vítimas à medida que com timidez seaproximavam dele.O presidente da cadeia foi anunciado e entrou noquarto da suíte. Monsieur Atherton Spleek seinclinou servilmente ante Marduk. "Mestre, possome sentar?", perguntou.Atherton tinha pavor a estas reuniões. Marduk eraalgo horrível de olhar, e algo estranho sempreocorria, deixando Atherton fraco do estômagodurante semanas depois da reunião. Tudo era muito

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estranho: Marduk se arrumava para ver-se juvenile bonito a primeira vista, mas quando alguémrealmente o olhava, não podia deixar deperguntar-se se Marduk não era o demônio.Rapidamente Atherton tirou esses pensamentos desua cabeça; depois de tudo, ele não acreditavanessas coisas. Somente acreditava no poder e nodinheiro, com o qual o proporcionava Marduk.Atherton tinha nascido nos tugúrios da Yakarta edesde menino tinha sido ambicioso. Esperava àsportas dos altos edifícios da cidade e rogava aoshomens de trajes escuros que lhe permitissem lhesservir. Nesses dias o único negócio que havia naYakarta era o do petróleo, e os homens denegócios ocidentais solitários queriam todos amesma coisa: mulheres. Então o pequeno Athertonse converteu em um intermediário entre os homensdo petróleo e as alcoviteiras da cidade. Era umcomeço. Uma das garotas lhe tinha posto o nome deAtherton e ele inventou o sobrenome Spleek. Em umprograma de televisão tinha escutado o nome Spockmas o confundiu e ficou Spleek.Atherton agradava a Marduk porque era totalmentecontrolável. Apesar da posição que ele tinhaobtido no mundo, por dentro era vazio e seco enão conhecia outra coisa que a obediência a seumestre, Marduk. Atherton observou às garotas queengatinhavam de joelhos. Que bom toque, pensou.Tenho que arrumar isto para meus escritórios emParis."Me diga sua notícias, Atherton", ordenou Marduk.Atherton tomou um gole de vodca russo, sua mãotremia um pouco. "Mestre, tudo está saindo àperfeição. As cadeias por cabo estão prontas para

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unir-se com as companhias de telefone celular eas cadeias de fibra ótica estão quasepreparadas".Marduk estava construindo um novo haloeletromagnético por debaixo da Terra paraassegurar seu controle em caso de que alguma naveestúpida da Federação decidisse derrubar seussatélites. A famosa lei de não interferênciadeveria estar em ação, mas ainda se discutia emtodas as escolas de direito da galáxia como seinterpretava essa lei. Marduk tinha violado estalei muitas vezes e não confiava em seu pai Enkinem em nenhum dos da Federação. Ele sabia muitobem que seu avô Anu e seu tio Enlil estavamprocurando sua queda. Em algum lugar, sua famíliainteira conspirava contra ele.Quando Marduk se apoderou da Terra, também seapoderou do planeta Nibiru. Este pertencia a Anue a Terra tinha sido entregue a seus filhos Enkie Enlil. Marduk surpreendeu a todo mundo quandoconquistou todo o sistema pleyadense com seusextensos exércitos de clones, todos desenhadospara parecer-se com ele. Passou séculos criandoestes batalhões de guerreiros clones em umplaneta secreto. Ninguém se deu conta, até quefoi muito tarde para detê-lo. Agora não ficavaninguém que lhe enfrentasse, com exceção daFederação. Quanto ao intento de lhes devolver aoshumanos seu nível genético, Marduk pensava quenenhum dos humanos escravizados teria apetulância de enfrentá-lo. Esse plano era muitoridículo e nem sequer merecia sua atenção.Ainda odiava a essa bruxa Inanna e recordou o diade seu julgamento faz muito tempo. Toda a família

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de Anu se reuniu para julgá-lo. Foi acusado detranspassar os limites e de assassinar a seupróprio irmão Dumuzi, que por acaso estava casadocom essa fêmea ambiciosa Inanna. Marduk sabia queInanna queria controlar o Egito e estavamanipulando a seu adoentado marido com esse fim.A Marduk não importou em absoluto ter feitodegolar a seu irmão. Mas sim lhe incomodava queInanna tivesse sugerido que o enterrassem vivo napirâmide e que toda a família tivesse estado deacordo.Inclusive agora recordava o som das enormespedras quando caíam em seu lugar e selavam suatumba. A pirâmide era um preservador excelente,tivesse necessitado uma eternidade para morrer defome ou de desidratação. A fúria e raiva destaexperiência tinha mudado o ser de Marduk. Depoisdesse dia não era o mesmo. O rogo fervoroso desua esposa e de sua mãe convenceram a seu paiEnki de que falasse com a Inanna para que ela osoltasse. Ela o fez e lhe ordenou que sedesculpasse. Para piorar as coisas, Inanna lheordenou que fizesse oferendas em seus templos.Mais tarde, Marduk se deleitou destruindo essestemplos e assassinando às sacerdotisas que haviadentro deles.Marduk tinha ganho. Uma e outra vez tinhaderrotado a Inanna. Tinha desfrutado dadegradação e submissão de todas as fêmeas noplaneta. Com a chegada dos meios maciços decomunicação eletrônica, tudo era ainda maisfácil. Marduk jubilosamente pensou em todas asmulheres da Terra sentadas em sofás, grudadas emseus televisores, querendo desesperadamente ser

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tão lindas ou ricas como os andróides quediariamente desfilavam ante elas. O desejar o quenunca lhes poderia proporcionar felicidade rompiaseus espíritos e lhes drenava toda sua força devida. Marduk se sentia muito satisfeito, todasessas telenovelas patéticas, todas essas almassdesesperadas lhe encantava."Me diga, Atherton já estão preparados os planoscom mais canais de televisão para venderprodutos?""Sim, Mestre. Para o ano 2006 a metade daprogramação será totalmente dedicada ao consumode bens materiais. A gente trabalhará mais e maispor menos dinheiro e quererão mais e mais porcoisas que não poderão comprar"."Que maravilha!", exclamou Marduk. de vez emquando não podia evitar emocionar-se com seupróprio gênio. "E como vai a alteração dapercepção do tempo?""É como você o ordenou, mestre. Os humanos têmmenos e menos tempo para tudo. Não têm tempo parasuas famílias e seus filhos são cada vez maisvulneráveis a nossas técnicas de lavagem decérebro. Os meninos já desejam tudo o que vêem emtelevisão sem ter que trabalhar por isso. E omelhor de tudo é que ninguém tem tempo parapensar ou fazer perguntas".Marduk assentiu serenamente e ordenou ao Athertonque ficasse de pé e se afastasse da mesa.Atherton tremeu e sentiu náuseas. Um dos guarda-costas se moveu para ele e lhe apontou uma armade plasma diretamente à parte baixa de seu corpo.Um raio de energia instantaneamente evaporou aspernas do Atherton, que caiu ao piso em agonia.

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Marduk riu histéricamente. "Bem, Atherton, nãoquero que comece a ter idéias quanto a seupróprio poder. É meu escravo por completo. Nuncao esqueça. Posso fazer que lhe matem e que façamum clone de ti em um minuto".As portas da sala se abriram e uma equipe decirurgiões entrou para levar Atherton e repararsuas pernas desvanecidas.Marduk estava seguro de que este doente tinhaentendido a mensagem.Atherton se lamentou quando o colocaram nacadeira de rodas.Marduk ordenou que lhe servissem o almoço. Quelástima que Atherton não podia ficar paradesfrutar desta deliciosa comida. Fazendo umacareta de satisfação, Marduk levou a boca umfaisão tenro dourado inteiro coberto dechocolate, com ossos e tudo.

XIV.- O HOMEM IDEAL

Inanna despertou de um sonho horrível; seusdragões guardiães a olhavam de uma formaprotetora. Sonhou que estava coberta de chocolatee que o desagradável Marduk estava pensando emlhe dar uma dentada. Ela se estremeceu, levantou-se de sua cama e chamou Melinar à suaconsciência. Este flutuou pelo quarto emitindofreqüências tranqüilizadoras até que Inanna eseus dragões estivessem outra vez calmos. Era bomter um amigo para os tempos difíceis. Inanna seserve de um brandy arturiano. Era um pouco cedomas o brandy desceu por sua garganta e esquentoutodo seu formoso corpo azul.

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Hoje era o dia em que Inanna e Enki deviamassistir à reunião da Federação Intergaláctica.Ela estava muito emocionada, não só pelaimportância de sua missão, mas também porque emsegredo tinha a esperança de encontrar-se com omisterioso estranho que tinha visto na últimareunião. Olhou toda a roupa que tinha em seuarmário e não sabia o que vestir paraimpressionar àquele homem.Ela não sabia absolutamente nada sobre oestranho; só sabia que nunca tinha visto outroigual. Ele possuía um ar de força e de dignidadesilenciosa que ajudava a aumentar sua belezafísica. Na família de Inanna não havia ninguémque se parecesse com ele, nem sequer Anu ouEnlil. Era alto, seu cabelo comprido, liso eprateado e seus olhos eram tão escuros como o céunoturno; eram uns olhos que brilhavam com humor.A Inanna parecia que havia diamantes dentrodesses olhos escuros e ela desejava saber maissobre este homem.Viu-se a si mesmo olhando suas mãos; eramtotalmente delicadas, tinha dedos largos e suavesmas, não obstante, não mostravam nenhum traço dedebilidade. Inanna pensou que este era um homemque estava por cima das ascensões e descidas davida. Era profundamente apaixonado, mas suaspaixões não lhe curvavam. Seu aspecto disse a elaque ele via o humor da vida e de suas mudançasinfinitas, que a vida por si mesmo o deleitava eque sentia compaixão por todos os seres semimportar em que estado de evolução seencontrassem. Inanna compreendeu que este homemsabia que era parte de toda a vida e, por causa

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desse conhecimento, amava a vida em todas suaspartes infinitas.Ela se perguntou se verdadeiramente tinha mudadoo suficiente para que ele se fixasse nela. Pensouque na útlima reunião nem sequer a tinha olhado,ou sim? Não sabia que roupa vestir e depois deatirar mais de uma peça sobre o piso se decidiupor algo modesto e de bom gosto, um poucoestranho nela.Sentiu que Enki se aproximava montado em seudragão e rapidamente sentiu a presença dos outrosdois, Anu e Enlil. Enlil sempre a punha nervosa.Ela imaginava que ele a julgava severamente e quenão estava de todo satisfeito com sua neta. Maspara ela sempre era um prazer ver Anu, pois seunome significava "amada de Anu", e sempre tinhasido certo que Anu adorava a sua bisneta."Minha pequena, me alegro tanto de ver-te outravez!" Anu abraçou a Inanna e seus olhos seencheram de lágrimas. "Estou muito orgulhoso deseus esforços diligentes para ajudar aosterrícolas.Todos mudamos um dia, não é certo, minhapequena?""Anu, como está? Me conte sua notícias". Inannase inclinou graciosamente ante Enlil e perguntoupor sua mãe, Ningal, e por seu pai, Nannar, ofilho de Enlil.Enlil e Anu tinham estado reunindo suas forças noexílio em uma galáxia próxima e tinham estadoolhando com muito interesse os experimentos deprojeção dos Eus multidimensionais no contínuoespaço/tempo da Terra. Inanna e Enki não eram osúnicos membros da família que estavam envolvidos

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nesta atividade. A família tinha chegado aaceitar a verdade: esta era sua única esperançade criar outra realidade na qual a espécie humanapudesse liberar-se da tirania de Marduk.Recentemente Anu e Enlil se uniram aos Etéreos emsuas naves que davam a volta à Terra,pacientemente esperando que acontecesse atransformação do DNA nos seres humanos eprotegendo o planeta dos invasores de Marduk e deoutros extraterrestres piratas. Os Etéreos secomprometeram a proteger a Terra com o fim de daraos humanos a oportunidade de ativar seus genslatentes e de provar ao Conselho Intergalácticoque eles tinham superado a etapa adolescente pelaqual passam todas as raças, que estavampreparados para ser responsáveis por si mesmos ede ocupar seu lugar como iguais no universo.Era uma empresa difícil, pensou Inanna,especialmente quando Marduk obstaculizava todointento que a família fazia em benefício dahumanidade. Certamente Marduk fazia tudo o quetinha podido para frustrar os planos de Inanna.Muitos de seus Eus encarnados tinham caído emsuas armadilhas e tinham perdido seu caminho.Poderia ser que Graciela fosse a última esperançade Inanna? Não queria pensar nisso; era muitopavoroso.Inanna, Anu, Enki e Enlil caminharam para oportal do tempo e se transportaram para o salãoda Federação. Melinar os seguiu como parte daconsciência de Inanna. Era tal como Inannarecordava: um céu cetim enorme e abobadado quepermitia ver todas as galáxias. A vista eraimponente. Os céus são ainda mais lindos que

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minhas jóias, disse ela; seria muito divertidojogar com as estrelas. O salão estava cheio daextensa variedade de seres de toda classe deraças. Entraram os Etéreos e saudaram Anu e a suafamília. A reunião estava a ponto de começar.Pelo canto do olho, Inanna o viu entrar sozinho esilenciosamente no salão. Era tal como Inanna orecordava; sua beleza procedia de uma fontesoberana no profundo dele e magnetizava todo oser de Inanna. Ele era tudo aquilo no que elaqueria converter-se, garboso e amável e, nãoobstante, forte e sapiente. Inanna se sentou retae tratou de não ser muito visível. Se só sesentasse em um lugar onde ela o pudesse ver comfacilidade. Para seu deleite, ele caminhou para aárea elevada dos Etéreos e se sentou a um lado.Inanna conteve a respiração, seu coração estavabatendo muito rapidamente, mas ele era tãomaravilhoso.Um Etéreo muito alto e elegante ficou de pé ecomeçou a dirigir-se ao salão por meio de sonsque compreenderam as mentes de todos os pressentesem importar qual fora sua linguagem ou dialetonativo. O Conselho enfatizou o fato de que aindaestava fazendo valer sua lei de nãointerferência, enquanto que de perto seguia asatividades da família de Anu, em particular as deMarduk. Da última reunião as coisas não tinhammudado muito. O fim do ano 2011 era ainda a datamarcada para resolver o assunto do domínio doplaneta Terra. Se um número suficiente de humanospodia ser convencido de sua habilidade genéticalatente para assumir o controle de sua realidadee abandonar sua dependência dos tiranos,

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formaria-se uma Terra mudada em forma natural, aqual permitiria expressão desta nova consciência.Aqueles humanos que desejassem permanecer sob oreino de Marduk e seus tiranos, seriam deixados asua sorte, possivelmente para aprender aindependência em outra época em um futuropossível.O Conselho perguntou se algum dos presentesdesejava falar em favor dos terrícolas, ou setinham alguma evidência nova para apresentar antea corte. A mente de Inanna se agitou. Que poderiadizer? Que Olnwynn tinha sido assassinado por seupróprio filho, que Atilar tinha violado a umajovem sacerdotisa, que Chandhroma tinha sidoenvenenada no harém? Tudo isso não soava muitoprometedor. A Terra era algo tão difícil deexplicar; era algo tão denso e complicado porcausa de suas inumeráveis polaridades. Sentiu quelhe secava a boca, mas de todas as maneiras ficoude pé para falar.Não tinha idéia do que a tinha feito se levantarou do que ia dizer, mas uma força a pôs de pé elhe colocou as palavras em sua boca. Era Olnwynn.De algum modo ele tomou conta temporalmente desua consciência e, para bem ou par o mal, estavaa ponto de falar através dela acima de todo oConselho."Desejo falar pela Terra e sua gente. Pode serque seja muito difícil para vocês compreenderem oque é a vida na Terra. Nunca se sentaram em umbosque verde a escutar o vento. Nunca viram essesol dourado silencioso que se eleva por cima denossas majestosas montanhas; não escutaram asasas de um colibri que golpeiam enquanto bebe o

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néctar de uma rosa. Sei que os humanos não estãoconscientes de muitas coisas, mas são dignos desua atenção e merecem ser salvos. Alguma veztiveram um bebê desamparado em seus braços,possivelmente seu próprio filho, com um desejo deprotegê-lo?"Melinar tirou Olnwynn e continuou falando atravésde Inanna. "A espécie humana é uma mescla detodas as raças que vieram à Terra e se cruzaramcom as formas de vida que existiram lá. Eles sãovocês; levam as sementes de muitas das linhasgenéticas que existem através de todo o universo.Se lhes brinda uma oportunidade, se lhes dáajuda, podem ser maravilhosos na verdade. Querolhes pedir a que os etéreos continuem aumentandoa banda de freqüência da Onda".A Onda era um término que descrevia uma banda defreqüência que os Etéreos estavam emitindo para oplaneta Terra. Ela levava energias de verdade eiluminação; levava o poder de despertar os gensadormecidos. Se tão somente os humanosadormecidos pudessem despertar de seu sonho dalimitação e se abrissem a esta Onda, seu DNAmudaria automaticamente e os faria livres. Aúnica coisa que tinham que fazer era apagar asmáquinas eletrônicas que emanavam as freqüênciasde Marduk e escutar os sons da natureza, dobosque, dos rios que cantam e os ventos quesussurram.Inanna lhe contou a história da Graciela aoConselho. Disse-lhes que Graciela tomaria certasdecisões muito em breve. Inanna sabia que era umaprobabilidade muito remota e que estavaexagerando, mas era sua única oportunidade.

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Possivelmente a história da Graciela animaria aosEtéreos a aumentar a freqüência da Onda.Inanna concluiu dizendo que realmente amava aTerra e às pessoas que a habitava e que ela e suafamília estavam fazendo todo o possível paradesbaratar os planos dos tiranos. Rogou aoConselho que continuasse lhes ajudando. Logo Anuagradeceu aos Etéreos pelo amparo à Terra e peloasilo que lhe estavam dando a Anu e a seu filhoEnlil.Todos os do Conselho compreenderam que nasituação da Terra estavam envoltos não somenteseus habitantes. Também se entendeu que se aespécie humana podia liberar a si mesmo, osefeitos da tirania que agora rondavam por todo osistema solar pleyadense, diminuiriam. Anu eEnlil retornariam no tempo para liberar oslíderes dos numerosos mundos pleyadenses eajudariam na liberação de suas terras.Era hora de uma mudança no equilíbrio douniverso. As forças da luz estavam prontas paravencer as forças da escuridão, por um tempo. Erao fim do Kali Trampa, o fim de um período de jogona mente do Primeiro Criador.De retorno à casa, Inanna pensou em seu homem ese perguntava se a tinha visto. Tinha escutadoele quando ela falou? Oh, como poderia conhecerum como ele? Melinar riu bobamente enquanto faziafulgurar seus brilhantes na mente da Inanna, masnão disse nada. Ele estava guardando o futuro daInanna em um lugar secreto, porque agora eramelhor que retornassem para a Graciela.

XV.- UM HELICÓPTERO NEGRO239

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De sua cabana Graciela observava o céu estrelado.O fogo ardia com vigor e seus cães sonhavamcomodamente sacudindo suas patas. Graciela ficousem fôlego ante a beleza de uma estrela fugaz quecaiu com o passar do céu noturno. Tratou derecordar o que isso significava. Acaso era boasorte? Nesse momento só pôde pensar em objetosvoadores não identificados. Em 1975 ela tinhavisto um ovni sobre o Monte Shasta na Califórnia.Não era estranho ver ovnis neste lugar; a genteos via todo o tempo, mas Graciela tinha visto anave a plena luz do dia e não tinha esquecidoessa experiência.Ela tinha saído a caminhar com alguns amigos elogo decidiu seguir sozinha. Olhou o formoso céuazul claro e viu um disco grande como de estanhoque flutuava por cima dela. Em vez de emocionar-se, ela sentiu pânico e a adrenalina se aceleroupor todo seu corpo. Nesse mesmo instante, a navesubiu em forma vertical e desapareceu. Gracielacorreu para seus amigos e com a voz entrecortadalhes perguntou: "Viram-no, viram-no?" Mas nenhumtinha visto nada; somente ela tinha visto o ovniesse dia. Nunca pôde esquecer nem resolver estemistério, o qual a tinha obcecado depois.É obvio ela tinha lido todos os livros que tinhaencontrado sobre os ovnis e as experiências queoutras pessoas tinham tido com eles, mas isto nãopareceu ajudar. Muitas pessoas trataram deconvencer de que só tinha sido sua imaginaçãoposto que a sua era muito viva, mas ela sabia oque tinha visto esse dia e ninguém pôde persuadi-la do contrário.

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Até mais estranhas eram as imagens que Gracielatinha pintado antes do avistamento, e quandotinha escassos 16 anos. As pinturas eram degrupos de seres que se viam exatamente como osextraterrestres cinzas que mais tarde eramdesenhados pela gente que dizia havê-los visto ouque tinham sido raptados por eles. Graciela sedesgostou quando viu os extraterrestres cinzas desuas pinturas em um filme muito de moda e nacoberta de um best seller. Ela não recordava se atinham raptado, como a muitos outros, emboratratou de recordar. Tampouco lhe inspiravam temorestes pequenos amigos cinzas. De uma formamisteriosa, todas as pinturas que ela tinha feitoneste período foram furtadas. Essas pinturasconstituíam sua série mais popular.Deu-se conta de que seus olhos estavam jácansados de observar as estrelas e os fechou. Emsua mente, viu-se voando pelo espaço, as galáxiaslhe apareciam zumbindo, ou era ao contrário? Elasentiu que se aproximava mais e mais de umplaneta em particular. Suas cores eram muitoestranhas, algo assim como animação surrealistapor computador, mas não eram cores da Terra. Oplaneta estava deserto, vazio de vida ou seresviventes. Rapidamente se cansou dessas paisagenssolitárias tão elegantes.Retornou ao espaço e sentiu que descansava dentrodo que parecia ser sua nave privada. Havia umacadeira reclinável que estava à frente de umpainel de controle, mas tudo era escuro eescassamente iluminado na parte interior. A naveparecia funcionar unicamente com os pensamentosda Graciela e, o ser no que ela se converteu,

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quem pilotava este veículo, sabia exatamente comolhe dar ordens com sua mente.A nave como objeto material desapareceumisteriosamente dos arredores da Graciela e suaconsciência começou a mover-se com facilidadeatravés do espaço para explorar outro planeta.Este planeta tinha cores similares, mas haviagrandes atoleiros de líquido e seres que tomavamforma a partir desses atoleiros. Os seres delíquido eram muito amáveis e amistosos. Elasentiu que podia permanecer lá muito tempo eaprender deles.Graciela escutou uma voz em sua cabeça: "São osLiquidianos!" A aventura da Graciela tinhaatraído a Atilar, já que este planeta era um deseus favoritos. Sorria a Graciela, saudava seusamigos e um por um os apresentava. Isto era muitopara a Graciela. Sentou-se desconcertada eassustou a seus cães. Tratou de recuperar ocontrole de si mesma e decidiu que era hora de irpara a cama e dormir um pouco. De vez em quandoas coisas apareciam muito pesadas e ela não podiaas dirigir.Foi para sua pequena cama e se acomodou debaixodas mantas quentes. Olnwynn apareceu paraprotegê-la. Chamou a atenção de Atilar e o acusoude sobrecarregar a pobre moça. O grande guerreirocelta se sentou ao pé da cama da Graciela entreos dois cães para montar guarda esta noite.

Marduk flutuava sobre as águas cor turquesa desua piscina no Sri Lanka. Gostava especialmentedesta ilha no oceano Índico porque quando puseramo nome de Ceilão, tinha sido o lar do demônio

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Raksasa Ravanna, quem lhes tinha causado grandesdificuldades ao deus Ramo e a Sita em uma épocaanterior. Enquanto sorria de suas lembranças,Marduk observou um pássaro chamativo e estranhoque voava pelo céu. Também amava ao Sri Lankaporque era um lugar de conflito como o OrienteMédio, o Norte da Irlanda e mais recentemente oEgito. Todas estas áreas de conflito constituíamdelicioso prazer para Marduk e seus exércitos, osquais se alimentavam do temor e o desespero.Um servente andróide entrou no jardim de Marduk:"Senhor, algo está aparecendo na unidadeexploradora e eu acredito que você deva vê-lo. Háevidência de uma consciência interdimensionalentre os terrícolas"."Como?" Marduk se levantou bruscamente de seusalva-vidas inflável e tombou seu copo de Martinide cristal francês. "Me siga ao quarto deexploração", ordenou.Marduk conduziu o andróide em volta do quarto deexploração, ninguém se atrevia a guiar Marduk anenhum lugar. A unidade exploradora estava nocentro subterrâneo de comunicações, um dos tantosque tinha construído. Ele tinha convertido aarquitetura subterrânea em toda uma arte. Suasnovas máquinas para construir túneis faziam queos velhos túneis do Povo da Serpente se vissemtoscos e patéticos. Os túneis de Marduk eram sempar e estavam forrados com um material queparecia mármore italiano fino mas que emitia umamplo espectro de luz e freqüênciaseletromagnéticas.O quarto de exploração estava mobiliado com umescritório Luis XIV, ornamentado com ouro real e

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uma cadeira de trono que fazia jogo. Cadeiras demão antigas chinesas adornavam a parede do quartoe um toalha de mesa persa cobria o piso de lápislázuli. A unidade exploradora emitia um sinal quemostrava o lugar da consciência interdimensional.Mostrou o lugar: Montanha Perdida, a Noroeste doPacífico.Marduk estava furioso. Esta nova consciência quecomeçava, mas Marduk sabia que tinha queextingui-la imediatamente antes de que crescessee se espalhasse para os outros como um câncer. Seos seres humanos se davam conta de que haviaoutras dimensões e outras formas de vida, seuscérebros poderiam abrir-se além de sua lastimosacapacidade normal de 10% e já não poderiam sercontrolados. E Marduk vivia para e do controle.Ordenou que se enviasse um helicóptero à MontanhaPerdida com a dupla função de fotografar a área ede assustar ao ser humano que vivia lá.Possivelmente ele poderia espantá-la da montanhae fazê-la retornar às cidades onde as freqüênciaseletromagnéticas eram mais fortes, mais hostis ea fariam voltar para o modo de sobrevivência, oque esmagaria este novo estado de consciência queflorescia.Graciela despertou. Seus cães ladravamfuriosamente. Através da janela de seu quarto sefiltrava um jogo de luz que caía sobre as mantasda cama da Graciela. A luz vinha de umhelicóptero que flutuava ruidosamente no ar porfora da janela. Ela saltou da cama e correu parabaixo. Que diabos se passava?Aí estava, um enorme helicóptero negro que nãoera como os helicópteros que ela tinha visto

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antes. Era liso, detestável, ameaçador, algo comotirado de uma novela de ficção científica. Suaescuridão se via mais sinistra por causa dodesenho aerodinâmico de sua estrutura.A máquina negra continuava derramando seu raio deluz para a cabana da Graciela. Por um momentopensou em uma arma para defender-se mas logo sedeu conta de que isso não lhe serviria para nada.Um helicóptero como esse certamente teria a bordoarma sofisticadas, pelo menos rifles M-16. Ela seobrigou a respirar profundamente. O helicópterovoou ao largo do vale onde Graciela vivia muitosozinha. Enviou uma poderosa luz infravermelha aum estábulo e galinheiro abandonados que havia naparte baixa da estrada.Finalmente, depois de colocar à força outra vez ojorro de luz, o desagradável helicóptero negrodesapareceu, aparentemente rumo para o norte.Graciela não sabia a que ponto exatamente.Sentou-se rendida e tratou de acalmar a seuscães. Definitivamente necessitava um gole devinho!Enquanto Graciela corria para sua cabana, Olnwynnchamou a atenção de Inanna para o helicópteronegro."Marduk!", exclamou Inanna. "Como se atreve? Sechegar a tocar a Graciela, levarei-o ante oConselho antes de que possa piscar. O que nãodaria para apontar minha arma de plasma para seuperfeito nariz!"Melinar deteve esses pensamentos em Inanna."Inanna, querida, estamos no processo deevolução. Não é apropriado que abriguepensamentos de vingança neste momento".

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"Queria envolver a esse réptil filho de.... Estábem, Melinar, vou me acalmar; estou pensando comoOlnwynn".Este riu. Agora vai jogar a culpa em mim, pensouele, quando foi ela quem me criou para começar."Inanna, temos que proteger a Graciela",suplicou-lhe Olnwynn.Inanna foi a suas telas e chamou Anu, que estavanas naves dos Etéreos com Enlil. Para Atilar tudoisto pareceu muito interessante e, quando viu quea nave nodriza dos Etéreos entrou na consciênciade Inanna, com emoção se projetou a si mesmo abordo. Imediatamente estava parado ao lado de Anue Enlil no quarto de comunicações e nesse momentolhes estavam informando sobre o incidente dohelicóptero."Atilar, o que faz?", gritou Inanna.Anu respondeu pelo Atilar: "Oh, lhe permita quefique. Sempre quis falar com um de seu Eumultidimensional Inanna, e este me parecebastante apropriado. Não se preocupe pelaGraciela; vou ordenar amparo imediatamente. Essesafado, embora seja meu neto não lhe permitireique destrua o que poderia ser nossa últimaesperança"."Oh, Anu, não diga essas palavras, últimaesperança. Muito certamente os Eumultidimensionais de Enki, Ninhursag ou dosoutros se estão aproximando para a ativação deseus gens divinos, disse Inanna."Bom, parece ser questão de sincronicidade esinergia, querida. Se só um acorda, os outros quetambém o desejem despertarão simultaneamente. Atransformação é interconectada. Cada humano está

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conectado a outro, e por isso cada um é parte dosoutros. Todos são vitais para nossa missão"."Você é diferente, Anu. Dê meu amor a minhabisavó Antu. Fecharei a transmissão já. Não deixeque Atilar te incomode".Anu se voltou para seu filho Enlil com toda suamajestade e beleza. Os dois eram tão parecidospor natureza que inclusive o cabelo dourado deEnlil estava começando a branquear como o de Anu.Tinha sido uma época difícil para ambos oslíderes. Anu tinha perdido Nibiru e Enlil àTerra. Os dois, pai e filho, tinham passado osúltimos séculos conformando um exército derenegados para reclamar o sistema solarPleyadense das mãos de Marduk e seus tiranos.Estavam planejando a volta e trabalhavam ombro aombro com o Conselho e muitos outros líderespleyadenses que também estavam no exílio. Masprimeiro terei que curar as feridas que a famíliade Anu tinha causado ao planeta Terra.Anu e Enlil, assim como Enki e os outros, tinhamsido obrigados a pensar introspectivamente.Tinham que chegar a um acordo com a etapaadolescente de sua evolução e tinham que mudar osuficiente para ir além da tirania. Anu e Enlilforam para a porta e ordenaram a Atilar que osseguissem para encontrar-se com os Etéreos.

XVI.- A NAVE NODRIZA

Anu e Enlil, seguidos por Atilar entraram nosalão central de reuniões da nave etérea. Aoredor de uma mesa grande e ovalada, estavamsentados três etéreos: o capitão, o engenheiro

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chefe e o diretor de comunicações. Atilar semaravilhou dos corpos dos etéreos; a primeiravista pareciam sólidos, mas quando lhes olhava deperto, era óbvio que realmente eram transparentesou possivelmente translúcidos. Suas formasfísicas poderiam descrever-se como moléculas quevibravam a diferentes freqüências para emitirmuitas aparências diferentes de densidade. Eracomo se eles pudessem modificar suas freqüênciase adaptar-se a qualquer nível de vibração. Erammais formosos que qualquer raça que Atilartivesse visto. Sua inteligência fina e aprazíveldava a seus rostos uma beleza estrutural quenenhum humano possuía, nem sequer a desafortunadasacerdotisa de Atilar.O interior da nave era limpo, elegante e muitofuncional. A luz saía das paredes. Havia aqui ummatrimônio perfeito entre a tecnologia e a arte.Atilar nunca tinha visto algo assim. A nave deviamedir muitos quilômetros de diâmetro, era muitomaior do que se via na tela de Inanna e a bordohavia centenas, possivelmente milhares de seres.Anu falou com o capitão: "Senhor, o tirano deusMarduk enviou um helicóptero negro paraatormentar a um dos Eus multidimensionais dasenhora Inanna. Ela mostrou potencial para umafutura ativação de seu DNA e recordou a muitos deseu outros Eus, os quais estiveram em comunicaçãoentre eles e também com a Inanna. Eu quero lhepôr fim a esta perseguição. De novo Marduk violaa lei de não interferência. Solicito que sobre aárea de Montanha Perdida se coloque uma cúpula deluz protetora e que seu chefe de comunicaçõesesteja pendente da moça. Parece-nos que ela é

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muito valiosa para o processo de transformação eo futuro possível"."Sim, é obvio, Anu. Nos encarregaremos dissoimediatamente". O capitão fez um gesto ao diretorde comunicações e ao engenheiro chefe que saiu dasala para fazer os preparativos pertinentes àcúpula protetora."Quem é esse que está com vocês?", perguntou ocapitão a Anu."Este é um dos Eu multidimensionais da Inanna;acredito que se chama Atilar. É correto?",perguntou Anu."Assim é, esse é meu nome. Sou da época daAtlântida, de antes da grande corrupção de poderque se apresentou lá. Os dados de minha vida sãobasicamente os de um adepto. Durante toda minhavida procurei o controle de mim mesmo e obtivemuita grandeza, mas como nunca me permitiramsentir, o desequilíbrio me impulsionou aarrebatar a virgindade a uma jovem sacerdotisa dequem me tinha apaixonado. Como conseqüência dessecrime me executaram".O capitão olhou profundamente Atilar e com muitacompaixão disse: "meu filho, esse é o estilo dasfreqüências de densidade inferior. A intensidadedos anéis materiais da Terra e outros lugaressimilares tende a gerar experiênciasdesequilibradas que freqüentemente conduzem àtragédia. Estes mundos de densidade inferior sãoos lugares que lhe dão o Primeiro Criador aoportunidade de aprender, de provar-se a si mesmoem meio das vastas ilusões de sua separação. Vocêdeve ser como o Primeiro Criador; te perdoe a timesmo e assimila as extravagâncias dos dados de

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sua vida. Então poderá te mover para outrosmundos para jogar na eternidade"."Mas ainda não", interpôs Anu, "agora estamosjogando a liberar os humanos de seus tiranos"."Sim, estou começando a compreender". Atilaradorava a nave nodriza; sentia-seextraordinariamente bem. "Queria permanecer aquie aprender de vocês tudo o que possa. Meusantecedentes como modulador de cristais defreqüência me motivam a me interessar muito porsua nave e a tecnologia etérea. A menos queInanna me chame ou me necessite. Como ela é minhacriadora, ainda desejo lhe servir em tudo o quepossa".Anu olhou para o capitão procurando sua aprovaçãopara que Atilar ficasse. Este concordou e disseque seria interessante ter a bordo um ser humanodo planeta Terra, embora esteja desencarnado.Possivelmente todos podiam aprender de todos eeles queriam explorar o potencial humano comalguém das qualidades de Atilar.Atilar estava feliz; com seu vocabulário tratoude expressar seus sentimentos, mas não pôde. Anave em si mesmo possuía um nível de freqüênciade ser tão inédito que Atilar não tinha podidoencontrar as palavras para expressar as sutilezasde seus pensamentos.O capitão leu a mente de Atilar e disse: "Já temdescoberto um de nossos dilemas. Como noscomunicamos com seres cuja freqüência não vibracom a mesma sutileza que a nossa?"Abriu-se a porta e entrou um homem, com seu braçoao redor de uma mulher incrivelmente formosa. Ocapitão os apresentou: "Quero que conheçam a Dama

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das Granadas e a seu marido, o comandante Naemon.Eles são da família de Lona, uma grande dinastiade pleyandenses que tiveram a má sorte de tersido conquistados por aquele que também atormentaao planeta Terra. Eles estão aqui pela mesmarazão que vocês, Anu e Enlil, para observar oprogresso da espécie humana e para ajudar em tudoo que seja possível".Atilar não pôde deixar de contemplar à Dama dasGranadas; parecia-se muito a sua sacerdotisa. Suapele era suave e branca e irradiava saúde. Seusolhos eram de cor verde esmeralda. Mas foi seucabelo o que mais o impressionou. Era vermelhoescuro com reflexos de cobre. De conformidade comseu título, ela estava coberta de granadas quedavam a volta em seu atraente pescoço e estavamhabilmente costurados por toda sua vestimenta.Ela era muito bonita e seu marido, o comandante,era o par perfeito: de aparência agradável eforte. Era evidente que a adorava. Fez um gesto aAnu a quem obviamente conhecia e olhando Atilarperguntou: "Quem é este ser tão encantador?" Nãoera comum ver um terrícola, inclusive a um semcorpo, a bordo da nave e por isso a curiosidadeda dama despertou.O capitão respondeu: "Este é Atilar, que acaba dechegar do planeta Terra. É um dos Eusmultidimensionais da Inanna e solicitoupermanecer na nave com o fim de aprender"."Um dos Eus da Inanna? Oh, que emocionante",respondeu a dama. "Inanna e eu somos muitoamigas. Quando eu era menina estava acostumada aassistir às festas de sua bisavó Antu, em Nibiru.Ela e eu fomos umas meninas de muita imaginação e

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muitas aventuras. Nossas personalidades são muitosimilares. Eu a estimo muito e eu adorariaensinar sobre a nave a Atilar"."Não seria isso interessante, querido?" Atilar sedeu conta de que o comandante se alegrava defazer o que sua linda mulher desejasse."É obvio, meu anjo". O comandante apertou suadelicada mão. Então Atilar fez um percurso pelanave com seus novos amigos enquanto Anu, Enlil eo capitão etéreo foram checar a cúpula que seestava planejando sobre Montanha Perdida noNoroeste do Pacífico.

Graciela saiu prazerosamente da cama. Não tinhadormido muito bem depois de que o helicópteropartiu. Começou a moer muitos grãos de café e osom do moinho lhe recordava os motores dohelicóptero. Meu Deus, do que se tratava todoisso? Acima de tudo ela estava furiosa. Como seatreve a voar por cima de sua casa dessa forma ea arrojar essa maldita luz em seu quarto? Haviaalgo que pudesse fazer?Sentou-se junto ao telefone com uma xícara de"espresso" escuro e forte e começou a procurarnas páginas amarelas. Chamou a todas as agênciasdo governo e aos aeroportos que pôde. Mas sempreera a mesma resposta: não havia nenhum provalitográfica de vôos de helicópteros a noiteanterior, nada, zero. Absolutamente nada. Quasetodos a deixavam esperando, logo a transferiam aoutra pessoa. Demoravam uma eternidade. Inclusivechamou à Agência de Controle de Drogas. Ah, elesforam muito serviçais. Pediram-lhe que oschamasse de novo em caso de que o helicóptero

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retornasse. Pensaram que se tratava denarcotraficantes canadenses e lhe agradeceram.A única pessoa que lhe ajudou foi um pilotoretirado que trabalhava em um dos pequenosaeroportos locais. Disse-lhe que esquecesse tudo,que nunca, para dizê-lo claramente, nuncaaveriguaria quem eram ou por que estavam lá. Oque viu simplesmente não tinha acontecido. Tambémmencionou algo muito estranho. Graciela lhe haviadito que ela sabia que não era um ovni posto queo helicóptero fez muito ruído e os ovnis eramsilenciosos. Mas ele a desconcertou dizendo: "Nãotodos!"Para o meio-dia Graciela tinha esgotado todas aspossibilidades. Se nem a Armada, nem a Agência deControle de Drogas, nem a Força Aérea lhe queriamajudar, por que incomodar-se? Decidiu ir aopovoado e procurar algo para almoçar. Colocouseus cães na caminhonete e desceu pelo caminho deterra afastando-se de Montanha Perdida até chegarao povoado próximo. Estava cansada, zangada etinha fome. Atormentava-a a idéia de não poderaveriguar quem eram os intrusos. E se retornarem?Deteve-se para visitar alguns de seus novosamigos e lhes contou a história. Não acreditarame se perguntavam o que estava fazendo uma garotatão bonita como Graciela vivendo sozinha emMontanha Perdida. Pareceu-lhes que era uma garotamuito estranha. Foram muito amáveis, mas não lhepuderam dar nenhuma ajuda. Graciela sabia que,como de costume, estava sozinha.Quando retornou à sua cabana, deu-se conta de quehavia mensagens em sua secretária eletrônica.Sentiu um pouco de esperança, possivelmente

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alguém a tinha chamado com informação. Apertou obotão para escutar suas mensagens, mas não haviavozes, só um som totalmente desconhecido. Elaescutou com atenção e tratou de identificar oruído. Era tão misterioso, como... o que eraisso? Como uma espécie de máquina de costurar quefazia eco em um anfiteatro enorme, ou como ozumbido suave de motores. Soava como, bom,sim.... soava como o interior de uma espaçonavegigante. Mas como podia sabê-lo? De algum modosabia; de algum modo sabia que estava escutandosons que procediam do interior de uma nave, umanave que estava em algum lugar do espaçoexterior. Toda a fita da secretária eletrônica continha osruídos estranhos. Ela se sentiu muito melhor.Essa noite enquanto dormia sonhou que seu pequenovale estava coberto por uma cúpula de energiainvisível que protegia a ela e a seus cães dequalquer intruso. A cúpula saía de uma espaçonaveenorme que estava no espaço, em algum lugar alémde Saturno. Graciela dormiu muito bem protegidapor esta luz de amor que vinha de cima do planetaTerra.Inanna e Melinar sorriram do ovalóidetransparente, que estava no profundo da Terra.Que bom era ter amigos nas altas esferas.

XVII.- FUSÃO

Na manhã seguinte, Graciela foi ao bosque decedros. Era um daqueles dias que se podemapresentar em qualquer época do ano no Noroestedo Pacífico, na primavera ou no inverno. Nesta

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Costa a este tipo de dia lhe chama Veranico deSão Martín. O sol brilhava e fazia calor, o céuera azul claro e uma brisa penetrante e frescajogava com os cedros e fazia que a luz do soldançasse através das árvores e suas folhas verdepálidas. A neblina e o pó se levantavam do pisodo bosque como mágicas colunas de fumaça.Graciela se deitou sobre uma grossa capa de musgoe sentiu a força da Terra. Relaxou com a sensaçãode que se aproximava de seu verdadeiro lar, aolar que está dentro. Seus cães se acomodaram aseu redor da maneira protetora usual. Os doisriam felizmente ao estar em um lugar tãomaravilhoso; era como se sentissem que algoespecial estava a ponto de acontecer e Gracielasorriu ao vê-los tão felizes.Ela olhou ao redor do bosque e viu Inanna paradaao lado de uma bela árvore antiga. Já confiava eamava a esta dama sábia e formosa de pele azulque estava parada olhando com amor a Graciela eseus cães. Era um lindo dia que recordava aInanna as épocas felizes quando sua vida tinhasido tão singela, quando tinha sido a meninamalcriada e adorada da família de Anu. Melinarestava com ela e seus brilhantes fulguravam.Inanna se concentrou no Ser de Luz radiante quelhe tinha aparecido no ovalóide da velha MulherSerpente e o chamou ao bosque de cedros, a estetempo e a esta dimensão. Ante os olhos daGraciela tomou forma o ser mais formoso que tinhavisto. O Ser de Luz era feito de luzes radianteschamativas, era um espectro de cores diferentesdouradas, de azuis e cores rosadas, todas saíamcomo disparos, como se fossem fótons que se

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reagrupam permanentemente para seu próprioprazer. Só olhar este espetáculo deixou Gracielasem fôlego. Lágrimas de gozo desceram por seurosto. Melinar explodiu de energia e Inannasentiu uma paz e alegria incomuns.Graciela perguntou: "Quem é você?"O Ser de Luz começou a falar com uma vozmelodiosa que repercutia nas harmonias dos reinoangélicos. "Eu sou você, Graciela, sou Inanna etudo o que ela foi, todos os seus Eus. Eu souOlnwynn e Atilar, sou Donzela do Céu eChandhroma, sou todas as expressões que vieram damente do Primeiro Criador através de mim e deminha querida Inanna".Graciela começou a duvidar de seus olhos eouvidos. Ela pensou que certamente nunca seriatão extraordinariamente bela ou maravilhosa comoeste ser que agora estava frente a ela.O Ser respondeu aos pensamentos da Graciela:"Minha doce menina, eu sou o que você semprefoste. Recorda quem é, recorda quem somos, Inannae eu. Não julgue a ti mesma. Quando você julga,retira-te de nós. Nós não julgamos. Recordamos,somos e sempre fomos um: um ser, um corpo.Recorda".Graciela sentiu que o temor tomava conta de seucorpo, o temor ao desconhecido. De novo, o Serfalou com o coração da Graciela: "Eu sou o quevocê sempre foste, amada. Não é necessário quesinta temor. Seu sistema de circuitos está agoraalinhado para ter uma melhor recepção. Aoabandonar sua programação de temor te abrirá paranovas realidades possíveis e nos autorizará atransmitir uma onda de mudança a seu ser, a todas

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as suas células. Mas tem que te abrir, tem quenos permitir que lhe ajudemos. Não podemos iraonde não somos convidado, e não podemosinterferir a menos que você nos peça que lheajudemos a limpar a programação limitada de seuscódigos genéticos. Desejamos chegar a serconscientemente um com você". Graciela olhou a Inanna que obviamente deliravade felicidade, e ao Melinar que parecia girarmais rápido que a velocidade da luz.No deserto havia uma tênue luz dourada. Tudo oque normalmente parecia ser sólido, vibrava comluz e aparentemente era translúcido.Ou será que as coisas realmente são sólidas eoscilam com a energia da luz?O Ser falou de novo: "Você vê a matéria comoenergia vibrante porque isso é o que é. Apaga suaprogramação de temor, amada. O temor e a dúvidasão interruptores de circuito, o amor é umintensificador. Nós somos amor, o amor doPrimeiro Criador. Te abra a nós e solta seutemor. Sua vida e suas expressões seincrementarão além do que te tenha imaginado."Nunca esteve separada de nós, amada. Está dentrode nós e nós dentro de ti. Como esses brinquedosrussos que encaixam um dentro do outro, nós todossomos parte do outro. Em outras épocas muitos dosoutros Eus multidimensionais começaram arecordar, mas é agora, neste tempo e espaço quevocê, Graciela, começa o processo de unificartodas as experiências dos Eus projetados pelaInanna. Todos os dados de vida de diferentes Eusvêm por volta de ti agora porque você procurastea verdade e agora é o momento. A coragem e a

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paixão de todos aqueles que estão dentro de tiativarão o que esteve latente dentro de seuscódigos genéticos, irradiando assim um gozocontagioso a todo o planeta".Graciela sentiu uma brisa suave que acariciou seurosto enquanto as lágrimas corriam por sua face.Nunca tinha estado tão feliz em toda a sua vida.Era como se toda a dor que levava dentro tivessesaído e nesse lugar o ocupasse algo novo. sentiu-se amada e o poder desse amor iniciou uma reaçãonuclear em todo seu sistema metabólico. Sentiuque suas células explodiam, que faziam borbulhasdentro dela. Nunca antes tinha experimentado algoassim.Olhou a seu redor e se deu conta de que o bosqueestava repleto de seres, alguns eram os Eusmultidimensionais da Inanna, ou as vidas passadasda Graciela, as quais não eram de todo passadas,porque como ela o via claramente, estavam todosaqui, agora. E se fundiam com ela enquantoconservavam seus Eus separados.Olhou Olnwynn, o maravilhoso guerreiro celta, atébonito, que sorria de orelha a orelha. Escutou-odar seu grito de guerra e sentiu que sua coragemse fundia dentro dela. Chandhroma dançou frente aGraciela; os sinos de prata que rodeavam seustornozelos delicados soavam com deleite. Osmovimentos garbosos da Chandhroma inspiraram aGraciela a recordar o que seu próprio nomesignificava: graça. Sua mãe lhe tinha posto essenome porque sempre havia dito que Graciela tinhavindo pela graça de Deus. Inclusive em meio desua própria infelicidade pessoal, sua mãe tinhatratado de amá-la e lhe tinha dado presentes

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inestimáveis. Graciela chorou ao pensar em tudoisto. A vida podia doer tanto!Atilar caminhou para a Graciela e entrou em seuser. Estava ansioso de retornar à nave nodriza,mas sabia que este momento era mais importante.Ele tinha sido um professor da concentração e seuconhecimento da variação das freqüências de podernos cristais tinha muitas outras aplicaçõespotenciais. Graciela absorveu este entendimento ea sabedoria que Atilar tinha adquirido de suaqueda. Ele ainda amava a jovem sacerdotisa comtodo seu coração e estava decidido a encontrá-laem algum lugar da imensa extensão do tempo paraajudá-la como melhor pudesse.Apareceu Donzela do Céu. Sentia-se muito a gostoneste bosque posto que amava a Terra e o céu.converteu-se em uma com os céus para atrair suasbênções para a Terra, o campo e o bosque. Benzeua Graciela e lhe deu a sabedoria de sua vida comoíndia. Foi uma união muito natural para as duas;o sangue da tribo da Donzela ainda corria pelasveias da Graciela. Ela sentiu que absorvia osdados da vida da Donzela do Céu, seu amor peloscéus e seu amor perdido, Pluma de Fogo; atristeza da perda e a paixão pela vida.Cada um dos Eu da Inanna se dissolveu naconsciência da Graciela e cada um lhe trouxedons. Merwyn lhe trouxe sua paciência e amor peloconhecimento, Raquel sua pureza inocente e Tenzinsuas visões místicas e artísticas. Gracielaestava plena, seu corpo estava aceso; o fogo quequeima mas que não consome. Inanna tocoumeigamente o rosto da Graciela e desapareceu naneblina do bosque. Os outros também se

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desvaneceram. Alguns não eram Eumultidimensionais da Inanna e estavam ali só paraobservar. Graciela nunca os tinha visto antes enão sabia quem eram. Para sua surpresa tinhaestado ali uma linda mulher de cabelo vermelhoondulado que estava coberta de granadas. Tinhaque lembrar-se de perguntar a Inanna quem eraesta dama, mas não agora. Já se estava sentindoum pouco cansada e tinha muita fome. Era hora deir a casa.Os cães saltavam de retorno a casa; pensavam nasopa de frango e o pão com manteiga quente.Guiaram Graciela pelo atalho que conduzia àcabana. Que dia!, Pensou ela. Que dia tãosurpreendente, mágico e maravilhoso! Perguntou-sese assim seria o gozo supremo.

XVIII.- PÓ CÓSMICO

Marduk estava sentado na sala de controleprincipal observando a tela da unidadeexploradora das fontes de energia. A população daTerra produzia continuamente o necessário paraque alimentassem ele e suas legiões: temor, culpae ansiedade, as energia sutis das quais sealimentavam suas tropas. Estava esperando que lheservissem champanha e caviar, de modo que quandoabriu-se a porta se surpreendeu muito ao ver aexpressão no rosto de seu servente que chegou comas mãos vazias."Mestre, sobre a área de Montanha Perdidacolocaram uma cúpula protetora de luz de altafreqüência. Não estamos seguros de sua fonte, mas

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pensamos que vem de uma nave nodriza etérealocalizada além da órbita de Saturno".Marduk sentiu sua adrenalina réptil agitando-sepor todo o corpo. Como se atrevem? Esses malditosetéreos não bloqueariam tão facilmente sua missãode reconhecimento. Enviaria um par de suas navesde guerra para rebater a cúpula protetora. Duasou três rajadas de radiação de suas armas deplasma destruiriam a cúpula com facilidade. Deuas ordens e pediu seu champanha. Sentou-se denovo frente a suas unidades exploradoras eamaldiçoou aos etéreos, algo que simplesmente nãose faz.Era de noite em Montanha Perdida. Os céus estavamtransparentes e Graciela sentia algo que aspalavras não podiam expressar. Acendeu as velasem sua cabana, sentou-se junto à janela e olhoupara a noite. Tudo se via tão diferente; era comose nunca antes tivesse visto as estrelas.Graciela se perguntou como tinha começado Inannaa empreender sua viagem multidimensional. Inannapôs em ação seu enfoque e chamou à primeira desuas excursões de carne e sangue, ou seja ao serde túnica branca que lhes tinha mostrado umacoluna de luz aos buscadores no Himalaia. Ensinoua Graciela o círculo e lhe permitiu sentir opoder do amor que aquele ser tinha sentido pelosque estavam no círculo. Inanna se tinha entreguea eles e tinha chegado a amá-los profundamente.E, como nos convertemos no que amamos, ela seconverteu em parte deles. Formar estes serestinha sido a experiência mais satisfatória quetinha conhecido até esse tempo.

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Inanna explicou: "Todos os seres que estão nessecírculo foram a fonte do amor que gerou tantapaixão dentro de todos os meus Eusmultidimensionais. E alguns dos que estão nocírculo são as mesmas pessoas que meu Eu amaram eque se afetaram mutuamente no tempo e no espaço".Graciela viu Inanna como o ser de túnica brancaque havia sentido tanto amor que se atreveu adescender às densas freqüências da Terra em umcorpo humano. Não sentiu temor quando viu quesaíam ondas de energia das mãos que estavamdentro da túnica branca. Estas ondas se moveramcom ternura para ela e a encheram de ser.Graciela se abriu.No olho de sua mente, Graciela viu os brilhantesmudarem em todas as suas cores; a temperatura deseu corpo aumentava e à medida que as ondas abanhavam, cada célula de seu corpo começava avibrar a uma freqüência mais alta e a converter-se em luz. Graciela estava se convertendo em luz:não luz refletida, a não ser luz de sua própriafonte, de dentro.Sentia que se estendia, expandia-se para ouniverso. Recordou a todos os Eus de Inanna, aoOlnwynn, Donzela do Céu, Tenzin e os outros.Todos vieram a ela e sorriram porque estavam nelae eram parte de seu processo. O que elaexperimentava, eles o sentiam. Graciela sentiuuma unidade, não só com os Eus mas também tambémcom a Inanna e mais à frente com a Terra, com oscedros altos, com as estrelas e o universo.Transformou-se em um sentimento de gozo inefávelquando soube, simplesmente soube, que era uma comtoda a vida, contudo, converteu-se no gozo mesmo.

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Graciela começou a rir. Uma risada tenra eafetuosa a rodeou e, como a risada é contagiosa,Inanna começou a rir com ela. As duas garotasriam, riam e riam.As duas começaram a sentir algo novo. No mesmomomento sentiram que, como eram uma com tudo oque havia na criação, também eram uma com Marduk.Não só era ele parte delas mas também o amavam.De um modo incrível, Inanna sentiu amor porMarduk, até viu sua beleza. Esse amorproporcionou às duas a sabedoria para saber queMarduk não somente era a projeção inconsciente daloucura tirânica dos filhos de Anu, mas simtambém era parte do Primeiro Criador.Marduk era a porção de energia que permitia quesobre a Terra, na espécie humana, apresentasseuma comédia mágica, uma ilusão de limitação com osuficiente poder de criar uma forma de vidacompletamente nova, um novo código genético quelevava possibilidades novas e potenciais afrescospara a criação.A tenra risada da Inanna e da Graciela ressooupor toda a Terra até o céu. A força de seu gozose pulverizava simultaneamente por toda a Terra ealém dela. A consciência não tem barreiras, assimque os outros que também procuravam a verdadeestavam sentindo exatamente o mesmo no exatomomento. Os Eus multidimensionais de Enki eNinhursag, assim como os de outros membros dafamília de Anu, começaram a rir. Também outrosficaram afetados por este contágio da verdade,gente que eram de outras formas de vida e tambémterrícolas; todos riam em seu novo conhecimento.

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O processo tinha começado. A verdade os tinhamfeito livres.Marduk derramou seu champanha. Enfrentou-se a umavisão terrível: nas telas de suas unidadesexploradoras se viu evidência repentina de umadiminuição enorme na produtividade. Em menos deum minuto da Terra o fornecimento de temor tinhadiminuído de uma forma alarmante. Saltou de seutrono dourado e machucou o dedo do pé, bom, suagarra.Tinha que haver um engano; o extenso fornecimentode recursos não pôde ter diminuído tãorapidamente. Começou a gritar a seus serventes ea pressionar toda classe de botões eletrônicos dealarme. Estava enlouquecendo; seus olhos seincharam e seu rosto se desfigurou. Gesticulavacomo um louco e gritava a seus clones. MasGraciela e todos os outros estavam por cima dele,já não os podia controlar ou machucar porquetinham trocado seus códigos genéticos e seafastaram de sua freqüência. Eles já vibravam emmeio de um espectro que ele nem sequer podia ver,muito menos tocar.Atilar tinha retornado à nave nodriza e estavacom o comandante e sua Dama das Granadas. Todosestavam emocionados pelo que estava acontecendona Terra. A Dama tinha decidido projetar Eusmultidimensionais em diferentes coordenadas detempo/espaço para unir-se à alegria de sua amigaInanna. Naturalmente o comandante se uniria aela, pois era tão protetor de sua amada. Tinhacomeçado uma nova tendência e muitos outrosseguiriam este curso de ação

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De volta à Montanha Perdida, Graciela olhou orelógio. Eram quase quatro da manhã e aindaestava escuro. As estrelas logo começavam aempalidecer. Ela se sentia cheia de energia e lheocorreu que seria maravilhoso ir dar um passeio.Jogou algumas roupas em sua mochila, chamou aseus cães e todos se dirigiram ao caminhão.Enquanto desciam pelo caminho de terra que davacomeço à montanha, Graciela pensou quão agradávelseria descer pela estrada aberta à meia-noite esentir o vento sobre seu cabelo.Sim, pensou Graciela, irei à qualquer cidade, edaí irei a outra levando comigo a Onda dentro demim e oferecendo-a, simplesmente com o fato deestar aí, a todo aquele que a queira. Qual era odito? "O que terá que fazer, é ser" Sim, isso! Emvoz baixa começou a cantarolar pedaços dessavelha canção gospel da Guerra Civil, AmazingGrace.Os cães brigavam pela janela. Eles compartilhavamsua felicidade e sempre estavam preparados paraqualquer aventura. Enquanto desciam pelo caminhode terra, a caminhonete de Graciela levantava pó;mas esta noite era pó cósmico.

XIX.- DEPOIS

Era hora de reunir-se com o Conselho da FederaçãoIntergaláctica. Deviam assistir Inanna e Anu comos outros membros da família, Enki, Ninhursag,Ninurta, Ereshkigal e todos os outros com exceçãode Marduk.Inanna estava muito emocionada porque tinhatantas coisas para informar. Por fim seus Eus

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multidimensionais estavam progredindo muito bem ea verdadeira mudança estava começando, graças àOnda e a tantos outros fatores. Não podiaesquecer de agradecer aos etéreos por proteger aGraciela. Inanna se sentia regozijada com essafelicidade que chega com a realização, e tambémcom essa nova sensação de unidade que ela eGraciela tinham descoberto. A vida era boa;Inanna se via mais bonita que nunca. sentia-seplena e sua suave pele azul resplandecia.Inclusive Enlil tinha felicitado a Inanna e Anu atinha beijado carinhosamente. Ele sempre tinhaamado a sua Inanna. Antu também estava lá; nãoqueria perder toda a emoção do momento.Também estava a possibilidade de conhecer novosamigos e convidá-los a suas festas. Esta era umagrande celebração.Anu e Enlil estavam preparados para discutir aspossibilidades de transladar aos líderes exiladosoutra vez às Pleyades. Ainda havia muito trabalhopor fazer mas tinham chegado muito longe e Enliljá estava planejando a logística da operação. Opunho de ferro da tirania estava começando aafrouxar em todas as galáxias. Era hora de quecomeçasse uma nova idade dourada; tinha chegadoseu final ao Kali Trampa, a idade da escuridão. OPrimeiro Criador estava evoluindo como sempre.Inanna estava de pé olhando os outros no salãointergaláctico. Sentia-se muito feliz e nãoestava pensando em nada particular, quando sentiuuma presença atrás dela. Por seu corpo passou umasensação calorosa e sentiu que alguém respiravamuito perto dela.

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Lentamente deu a volta em resposta a esta energiasutil que começava a atrair toda sua atenção. Aíestava ele, o homem maravilhoso que tinhadesejado conhecer desde fazia tanto tempo. Inannao olhou nos olhos; eles dançavam com sabedoria ehumor e eram como diamantes na noite. Sentiu umaprofunda reminiscência, mas não soube por que. Osilêncio tomou conta dela.Ele estendeu sua mão para ela e sorrindo disse:"Permita me apresentar."

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