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O refúgio brasileiro: exilados do nazismo (1933-1945)
WANDER LUIZ DEMARTINI NUNES1
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar ideias
para uma futura
pesquisa sobre o Brasil como destino para o exílio de Stefan
Zweig. Mesmo que muitos
tenham cobrado um posicionamento mais enérgico do literato, as
marcas da perseguição
e do exílio aparecem em sua obra enquanto descrevia o mundo que
viu, fosse em
ensaios, fosse em sua autobiografia. Desse modo, o estudo
buscará apresentar o
resultado de seu contato com o país em alguns de seus
escritos.
Palavras-chave: Exilados; Stefan Zweig; nazismo; Brasil.
Contexto da Crise
Ao longo da Primeira Guerra Mundial, muitos autores de diversas
regiões da Europa
abraçaram a causa de seus países, gerando uma sombra da Grande
Guerra também no
campo das ideias. A crise gerada pelo conflito afastou até
literatos de uma mesma
família, como foi o caso dos irmãos Heinrich e Thomas Mann. O
primeiro foi árduo
crítico do posicionamento alemão, além disso, muito mais
identificado com a causa
francesa, já o segundo, defendeu a Alemanha de forma
extremamente nacionalista em
seu ensaio Pensamentos na Guerra (1918).
1 Universidade Federal do Espírito Santo; Doutorando; Bolsista
da Fundação de Amparo à Pesquisa e
Inovação do Espírito Santo.
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Stefan Zweig esteve, naquele momento, no espectro pacifista,
buscando criar uma
espécie de coalisão dentre os defensores da paz europeia, fato
rememorado em sua
Autobiografia: o mundo de ontem (ZWEIG, 2014, p. 183). Oliver
Dumoulin, em sua
obra O papel social do historiador: da cátedra ao tribunal,
observa que tal debate
chegou aos membros da Sorbonne, acirrando-se em 1918, com a
defesa de alguns
quanto à satisfação de aliados da França. Dumoulin ainda observa
que os historiadores
possuíam grande peso nesse contexto, pois aqueles que
interferiam em tal processo
lecionavam história (DUMOULIN, 2017, p. 206).
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a busca por uma
normalização, Stefan Zweig
retornou para a Áustria e, com uma espécie de “predestinação”
que o levava a ter
contato com protagonistas de sua época, como a amizade com
Walther Rathenau ou os
encontros com Theodor Herzl, Zweig descreveu sua última visão do
imperador
austríaco rumo ao exílio: “estremeci: o último imperador da
Áustria, herdeiro da
dinastia dos Habsburgo, que durante setecentos anos havia
governado o país,
abandonava o seu reino!” (ZWEIG, 2014, p. 255). O retorno ao seu
país era uma
espécie de solidariedade, buscava estar presente na reconstrução
da Áustria, para
também sofrer as lamúrias de seu povo.
A alta inflação atingiu antes os austríacos do que os alemães e
“depois de ter retroagido
à Idade das cavernas com as trincheiras, a humanidade também
acabou com a
convenção milenar do dinheiro e voltou ao escambo primitivo”
(2014, p. 261). Porém,
foi justamente em tais tempos quando teve o último vislumbre de
seu sonho de Europa,
a qual julgou desfeita com a Grande Guerra. A exaltação da
cultura europeia, que o
fazia lamentar com saudosismo os tempos em que não eram
necessários passaportes, era
sufocada com a rigidez das novas fronteiras. Durante a década de
1920, o país parecia
se refazer, Zweig orgulhou-se das dificuldades enfrentadas junto
aos austríacos em
Salzburgo, quando suas vendas de livros ampliavam-se e passaram
e lhe render maiores
receitas. A melhora em sua vida parecia superar as dificuldades
juntamente com o seu
país.
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Ao longo da década de 1920 o Brasil vivia os anos finais da
Primeira República (1889 –
1930), com uma economia embasada no setor cafeeiro, o qual
refletia seu predomínio
econômico na política. Foram justamente as lavouras de café um
dos principais fatores
responsáveis pela chegada de levas de imigrantes desde fins do
século XIX,
provavelmente a presença de indivíduos de origem europeia também
tenha sido um dos
quesitos que levaram exilados do nazismo e da Segunda Guerra a
buscarem refúgio no
Brasil, como é possível perceber devido à atuação de grupos
antinazistas os quais
produziam artigos em alemão, voltados para a comunidade de
imigrantes germânicos
aqui estabelecidos, como no caso de Friedrich Kniestedt com o
jornal Aktion. Segundo
Izabela Maria Furtado Kestler, estava disposto a denunciar a
perseguição contra judeus,
defender direitos humanos e “lutar contra a progressiva
nazificação da colônia alemã,
bem como contra a uniformização gradativa das diversas
associações de descendentes
de alemães sob o nazismo” (KESTLER, 2003, p. 159).
O Brasil das jornadas tenentistas da década de 1920 vivia a
gênese de uma
transformação política. Mesmo com Luís Carlos Prestes tendo
migrado para a esquerda,
muitos tenentes participaram do movimento de 1930, e fizeram com
que Getúlio Vargas
fosse alçado ao poder. A Era Vargas e suas diversas fases teriam
os reflexos no Brasil
do contexto político internacional: desde a simpatia pelo
fascismo e a defesa do
posicionamento alemão, feita por homens fortes do governo como
Filinto Müller, até a
entrada na Segunda Guerra Mundial em apoio aos Aliados.
A nova postura do governo quanto aos imigrantes teve sua virada
justamente com o
governo de Getúlio Vargas2, ao que se chegava também a grupos
estrangeiros que
atuavam aqui. Enquanto Vargas teve certa simpatia por governos
fascistas alguns
grupos antinazistas chegaram a ser repreendidos. Kestler citou
duas fases da atividade
política dos exilados: a primeira foi de 1933 a 1938 e a segunda
de 1941 a 1948. Foi
justamente durante a primeira fase onde jornais:
2 Através do Decreto Nº 24.215 de 9 de Maio de 1934, o governo
de Vargas tornou mais seletiva a entrada de imigrantes no Brasil,
foi a chamada “Lei de Cotas”.
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Combatiam energicamente a nazificação das chamadas colônias
alemãs. Eles não enfatizam a categoria mística da “outra
Alemanha”.
Esses jornais acabaram por desaparecer devido ao boicote dos
consulados alemães e proibidos por órgãos policiais após a
abertura de
inquéritos com acusações não convincentes. Essa fase coincide
com o
apogeu das relações políticas e econômicas entre o Brasil e o
Terceiro
Reich (2003, p. 156).
Kestler apontou também o fato de um decreto do governo para
proibir a atuação política
de grupos estrangeiros ter se tornado uma faca de dois gumes:
mesmo coibindo uma
possível expansão do NSDAP, as ações dos antinazistas também
foram reprimidas
(2003, p. 155).
O ataque a navios brasileiros por parte dos alemães, além da
pressão dos Estados
Unidos, levou o Brasil à Segunda Guerra Mundial, fato que gerou
a expectativa de uma
melhora na situação dos exilados antinazistas, ou alemães de um
modo geral, os quais
eram vítimas da política de Hitler. Nessa fase Stefan Zweig
estava estabelecido no
Brasil e próximo do fim de sua vida. Havia redigido uma obra
polêmica: Brasil, País do
Futuro. Uma exaltação do Brasil, país que havia encantado o
austríaco, exilado por
conta de sua origem semita. Zweig foi um pacifista. Viver a
guerra novamente,
acrescida de uma ideologia que perseguia o seu povo e tudo que
lhe era caro, teria
causado no escritor uma admiração pela pluralidade de culturas
que, diante de uma
primeira visão superficial, lhe causavam admiração e esperança
na gênese de um pós-
Segunda Guerra e pós-nazismo, para o qual já não acreditava no
protagonismo da
Europa. Como afirmou no título da obra, o país do futuro seria o
Brasil. Na passagem
onde explica sua intenção de retornar ao país, citou a espera
equivocada por uma
calmaria após a Guerra Civil Espanhola, a queda da Áustria e da
Tchecoslováquia, com
a posterior invasão da Polônia, quando “em seguida teve início a
guerra de todos contra
todos, na nossa Europa suicida” (ZWEIG, 2001, p. 16). Mas a
polêmica principal não
era sobre a versão equivocada de paraíso, mas sim na suspeita de
que o livro faria parte
de uma propaganda para agradar ao governo de Vargas. Dentre
aqueles que defenderam
essa tese estava o cineasta Silvio Back. Tal ideia foi, no
entanto, rechaçada por
Herbertz:
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Da primeira viagem em 1936 resultou o ensaio “Pequena Viagem
ao
Brasil”, escrito em nove partes [...]. Esse pequeno ensaio é o
cerne da
monografia sobre o Brasil redigida em 1940-1941. Já em 1937 o
autor
escreve para o editor brasileiro Abrahão Koogan sobre a intenção
de
ampliar este ensaio, para que possa ser editado em forma de
livro.
Assim percebemos que Brasil: País do Futuro foi uma obra
planejada
com antecedência e que não surgiu como mera retribuição pelo
visto
de permanência concedido pelo governo brasileiro em 1940, ou
como
propaganda encomendada pelo governo Vargas, segundo críticas
de
alguns jornalistas e publicistas na época de lançamento da
obra
(HERBERTZ apud KLESTER, 2003, p. 204).
O Brasil surpreendeu positivamente Zweig, em meio ao
desmoronamento de seu
mundo, quando de sua primeira visita. Foi uma rápida passagem
antes de se encaminhar
para a Argentina. Na descrição de seu livro citou como os
típicos preconceitos de
europeus se desvaneceram em seu primeiro contato com o país,
ainda na década de
1930 (ZWEIG, 2001, p. 13).
Essa obra não foi produzida por Stefan Zweig durante seu exílio
no Brasil, mas já em
sua vida errante. Mesmo assim, será incluída e analisada na
ideia do trabalho por ilustrar
as fortes impressões do austríaco com relação ao Brasil,
incluindo os grandes equívocos
cometidos, algo esperado para alguém que fugia do nazismo na
Europa ao se deparar
em outro continente com pessoas de diversas etnias coexistindo,
o que lhe pareceu, de
forma pacífica. O Brasil teria as respostas para o problema do
conflito de raças vivido
na Europa, matéria-prima do nazismo e uma das causas da Segunda
Guerra. Segundo
Zweig, tal problema foi solucionado simplesmente por não ter
sido considerado algo de
grande relevância.
Com a maior admiração verifica-se que todas essas raças, que já
pela
cor evidentemente distinguem-se umas das outras, vivem em
perfeito
acordo entre si e, apesar de sua origem diferente, porfiam
apenas no
empenho de anular as diferenças de outrora, a fim de o mais
depressa
e o mais completamente se tornarem brasileiras, constituindo
nação
nova e homogênea. Da maneira mais simples o Brasil tornou
absurdo
– e a importância desse experimento me parece modelar – o
problema
racial que perturba o mundo europeu, ignorando simplesmente
o
presumido valor de tal problema (2001, p. 22)
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Com essa ideia similar à uma espécie de Democracia Racial, hoje
fica evidente o
tamanho do equívoco do autor. Sua decepção com os rumos da
política europeia o levou
a uma grande ilusão com um território vasto, cujas
potencialidades humanas e naturais
ainda não haviam sido exploradas: “O Brasil, pela sua estrutura
etnológica, se tivesse
aceito o delírio europeu de nacionalidades e de raças, seria o
país mais desunido, menos
pacífico e mais intranquilo do mundo” (2001, p. 21). Talvez, se
Zweig escrevesse
atualmente, julgaria que o Brasil aceitou de fato o delírio
europeu.
Enquanto ocorria a primeira viagem de Zweig ao Brasil, o nazismo
ascendia e buscava
dar esperança a outras potências europeias de que se
configuraria em uma espécie de
dique, capaz de conter o avanço do socialismo soviético sobre
uma Europa ainda
traumatizada pela destruição da Primeira Guerra Mundial e
estremecida pelos efeitos da
Crise de 1929. A chegada do próprio nacional-socialismo ao poder
foi uma
consequência dessa crise. O colapso econômico, profetizado pelos
nazistas, lhes
causava uma Schadenfreud3. Hitler arrebatou, diante da Política
do Apaziguamento4, a
Áustria e a Tchecoslováquia, quando já havia passado por cima de
diversos outros
pontos do Tratado de Versalhes como, por exemplo, ao ignorar o
limite de 100 mil
homens do exército alemão. A Segunda Guerra Mundial, confirmada
com a invasão da
Polônia, feita com a Blitzkrieg5 alemã, escancarou o fracasso da
inação de franceses e
britânicos, resultando em uma aproximação improvável entre
Alemanha e União
Soviética, cada uma com sua parte polonesa após um pacto.
3 Expressão alemã que designa alegria ou satisfação pelo dano e
sofrimento de terceiros. Nesse caso o termo foi evocado em um
sentido de que, mesmo com os nazistas sendo obviamente alemães e
afetados
pela crise, o sofrimento por esta provocado, lhes deu razão em
diversos pontos, além do fato de que o
sofrimento causado por seus efeitos era visto como um
facilitador da mensagem nazista. 4 Política de franceses e
britânicos que buscavam evitar um novo conflito com a Alemanha.
Além disso, esperava-se que Hitler, diante de seu anticomunismo,
fosse uma barreira contra os bolcheviques. O ápice
de tal política pode ser representado na Conferência de Munique,
quando reuniram-se Adolf Hitler,
Benito Mussolini, Édouard Daladier e Neville Chamberlain. Os
Sudetos passaram para a posse alemã, e
Hitler assinou um documento se comprometendo com a manutenção da
paz na Europa. O resultado do
acordo levou o primeiro-ministro britânico a proferir seu
discurso Peace for our time. No ano seguinte, o
fracasso de tal política ficou evidente: teve início a Segunda
Guerra Mundial. 5 Guerra Relâmpago.
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Zweig assistiu à sua Áustria das óperas, do teatro e dos salões
de valsa, tão exaltada por
ele como símbolo de desenvolvimento da cultura europeia, ser
atrelada à Sonderweg6
dos alemães. No Brasil, no entanto, grupos austríacos buscavam
se isolar dos alemães,
fazendo coro com a Declaração de Moscou7. Muitos viram no
documento uma chance
de uma melhor sorte, até mesmo no exílio, após o fim da Segunda
Guerra com uma
provável derrota da Alemanha. Hütter, o qual havia sido próximo
do movimento de
Strasser, ressurgiu em 1944 e afirmou que “os atos heroicos da
resistência austríaca
contra a ocupação alemã” e ainda “o povo austríaco é tão pouco
responsável pelos
acontecimentos como o Estado austríaco” (KESTLER, 2003, p. 180).
O próprio Karl
Lustig-Prean, que chegou a se corresponder com Thomas Mann
pedindo apoio ao
Movimento dos Alemães Livres do Brasil8, passou a distanciar-se
da ação nesse lado do
front. Já em 1943, quando o movimento havia se dissolvido,
alegava ter recebido contra
sua vontade a direção: “Isso causou mal-entendidos entre muitos
de meus conterrâneos
procedentes, como eu, da velha Áustria, e levantou a suspeita de
que eu estava
demonstrando aceitar a anexação da Áustria à Alemanha”
(LUSTIG-PREAN apud
KESTLER, 2003, p. 171).
6 Caminho peculiar percorrido pela Alemanha em sua entrada na
modernidade. 7 Resultado da reunião dos chefes da diplomacia
americana, britânica e soviética, durante reunião na
capital da URSS, em outubro de 1943. Dentre os pontos
levantados, a Áustria foi considerada a primeira
vítima de Hitler. Esse posicionamento vem sendo bastante
contestado em debates que buscam apontar a
responsabilidade dos austríacos no movimento nazista, nessa
perspectiva a anexação da Áustria teria
partido de dentro (RATHKOLB in
https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-
rever-passado-nazista/a-16664462). 8 Por diversas vezes, Karl
Lustig-Prean trocou correspondência com Thomas Mann, fosse já no
pós-
guerra, quando em 1948 pedia a ajuda de Mann para que
conseguisse se reaproximar da direção do Teatro
Municipal em Augsburgo, ou para comunicar a publicação do artigo
de Gilberto Freyre, com o título
Thomas Mann, filho de brasileira, onde incitava a Academia
Brasileira de Letras a honrar Mann. Em
correspondência do dia 4 de Setembro de 1942, falava das
dificuldades encontradas por organizações de
alemães diante das autoridades brasileiras: “desde 12 de maio
deste ano, e sob a tolerância das
autoridades, surgiu o Movimento dos Alemães Livres do Brasil,
que desde então não apenas fez grandes
avanços em termos numéricos, como também se desenvolveu até
tornar-se uma verdadeira frente única,
motivo suficiente de orgulho para todos nós. O movimento que,
para seguir as leis no Brasil, tinha
conduzido uma existência relativamente difícil apenas como
círculo de leitores, surgiu do grupo Outra
Alemanha, o movimento democrático dos adversários de Hitler da
Argentina, que foi brilhantemente
conduzido por nosso amigo Dr. August Siemsen e que já existia
desde 1937” (LUSTIG-PREAN apud
KUSCHEL, 2013, p. 255).
https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462
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No entanto, o Anschluss9, que supostamente teria feito da
Áustria o primeiro país vítima
do expansionismo nazista, era um antigo sonho dos pangermanistas
desde a unificação
da Alemanha no século XIX. No caso alemão, se comparado à
formação do Estado
nacional ocorrido na França e na Inglaterra, sua unificação foi
considerada tardia, após a
Guerra Franco-Prussiana em 1871. A grande realização de Otto
Von-Bismarck teve uma
participação muito maior da aristocracia do que da burguesia. As
vantagens de um
Estado unificado e forte não foram, porém, ignoradas pela
burguesia. Além disso, o
protagonismo da aristocracia proporcionou efeitos na burguesia,
que contraiu práticas e
valores da nobreza (ELIAS, 1997, p. 92).
Para Nobert Elias a entrada da Alemanha na modernidade foi
diferente dos casos de
Estados Unidos, Inglaterra e França, pois sua sociedade manteve
uma aversão à
democracia, e aponta como a burguesia alemã imitava a nobreza na
questão do habitus,
dos duelos, das confrarias estudantis e da satisfaktionsfähige
Gesellschaft10, esse fator teria
impedido que a burguesia alemã chegasse à sua própria revolução
(1997, p. 106).
Em O declínio dos mandarins alemães, Fritz Ringer também
discorreu sobre essa
problemática, porém, tratou dos intelectuais que resistiam ao
processo modernizador.
Na Alemanha, havia um ensino muito mais voltado para o cultivo
do homem, uma
espécie de educação pré-moderna, em detrimento de um ensino
tecnicista, além disso,
os títulos acadêmicos davam aos intelectuais uma aura de
nobreza. O que Fritz Ringer
chamou de “era das máquinas e das massas” emergiu junto com a
Revolução Industrial
na Alemanha e, em fins do século XIX, sobrepujou os intelectuais
chamados pelo autor
de tipo mandarim11 (RINGER, 2000, p. 22).
O ponto em que Ringer e Elias concordam: o fato de não ter
existido uma revolução na
Alemanha, nos moldes do que ocorreu na França em 1789, levou à
existência de uma
democracia debilitada, impedindo o pleno desenvolvimento de uma
democracia liberal e
em algumas instâncias uma resistência à ideia de
representatividade democrática. Nessa
9 Anexação da Áustria pela Alemanha. 10 Sociedade de satisfação
mútua. 11 Ringer classificou de mandarim a elite intelectual cujo
status remetia à sua formação e titulação acadêmica, em vez da
riqueza ou títulos hereditários (RINGER, 2000, p. 22).
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perspectiva, a entrada “errada” da Alemanha na modernidade
estaria na gênese do
nacional-socialismo.
Se os austríacos agarraram-se à tese apresentada na Declaração
de Moscou, após a
Segunda Guerra Mundial, houve um debate amplo na Alemanha que
buscava entender
como a ascensão de Hitler foi possível dentre um povo com um
elevado nível cultural,
cujo país era repleto de universidades. Na década de 1950, Fritz
Fischer apresentou em
Germany’s aims in the First World War a tese de que as raízes do
problema já existiam
desde 1914. Antes da Primeira Guerra a peculiaridade da entrada
da Alemanha na
modernidade, antes exaltada por autores alemães, tornou-se uma
das causas do mal
nazista. Os apontamentos feitos por Fritz Ringer e Nobert Elias
derivam justamente
desse debate sobre a Sonderweg. Foi esse o momento onde surgiu a
tese de Ulrich
Wheler de que a peculiaridade alemã foi algo negativo e gerador
de uma burguesia sem
forças. Tempos depois, na década de 1980, David Blackbourn e
Geoff Eley redigiram
The Peculiarities of German History. Nessa obra aparece uma
espécie de balanço em
que foram abordados os debates sobre a Sonderweg. Nesse sentido
foi contestada a ideia
de que se o modelo alemão seria errado, qual seria então a forma
correta de se adentrar
na modernidade? Os autores apontaram que os modelos americano,
francês e inglês
também diferiam entre si (KOCKA, 1988, p. 3 – 16).
Jeffrey Herf, em O Modernismo reacionário, observou que o
conservadorismo bucólico
dos alemães, foi mesclado pelos nazistas com as obras mais
avançadas de sua
engenharia, do qual as Autobahnen foram a grande expressão.
Muito provável que,
apesar da busca por um distanciamento, esse fator também exerceu
um grande fascínio
dentre os austríacos. O “romantismo de aço” pregado por Goebbels
e as manobras
nazistas em torno da aura do Führer também indicam uma grande
aceitação na Áustria,
onde mesmo sob chantagens e ameaças, quando o país passou a
integrar o III Reich, a
própria celebração do evento já parecia preparada antes de sua
oficialização12. Para
12 Em depoimento ao jornal alemão DW, o judeu vienense Ari Rath,
então com 13 anos naquele 12 de março de 1938, relatou: "Meu irmão
e eu fomos visitar nossa avó. Queríamos ver se estava tudo em
ordem. As casas com as bandeiras com a suástica não foram uma
surpresa. O que realmente nos
surpreendeu foi que naquele mesmo sábado, 12 de março, a polícia
de Viena já usava braçadeiras com a
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seduzir o espírito de seus seguidores, os nazistas inovavam nas
aparições de Hitler e no
uso do rádio: “Hitler foi o primeiro político do século XX a
usar amplamente o avião. O
rádio espalhava a sua voz e carros velozes aceleravam com ele
sobre as Autobahnen”
(HERF, 1993, p. 217). Foi desse modo que o nazismo conquistou
muitos de seus
seguidores dentre aqueles que Herf definiu como “revolucionários
conservadores”, uma
vez que “a base social da revolução conservadora era a classe
média” (1993, p. 35).
Impossível para Stefan Zweig era compactuar com tal classe
média, fosse na Áustria ou
na Alemanha. Além de judeu, com sua essência pacifista acabava
ainda mais esmagado
pelo nazismo. Provavelmente essa classe média em anos anteriores
já havia consumido
diversas obras do escritor. De qualquer modo, continuava
relutante em adotar, nos
primeiros anos da década de 1930, um posicionamento mais
veemente contra o
nazismo. Por vezes seu pacifismo, sua vontade de distanciar-se,
levavam outros que
lutavam contra o nazismo em meios intelectuais a olhar para
Zweig com, no mínimo,
irritação diante de sua postura pouco combativa a princípio.
Klaus Mann, a quem Zweig
havia incentivado desde 1925, afastou-se do amigo após este
afirmar que as eleições de
1930 e o sucesso nazista haviam sido fruto de uma revolta da
juventude. Outra decepção
do filho de Thomas Mann ocorreu com o recuo do austríaco em
colaborar com sua
publicação antifascista, Die Sammlung. Até mesmo seu suicídio
pareceu decepcionar a
família Mann. Com sua morte, Thomas Mann o classificou como uma
espécie de
desertor. Em carta para sua filha Erika Mann, chegou a levantar
suspeita de alguma
outra motivação, que não somente o desmoronamento de seu
mundo:
E esse Stefan Zweig? Não é possível que tenha se matado por
falta de
esperança, nem por necessidade. A carta que ele deixou é
absolutamente vaga. O que era para ele uma reconstruction of
life que
pudesse ser assim tão penosa? Deve ter havido alguma ameaça
de
escândalo, provavelmente algo relacionado ao belo sexo. Nem
é
possível comover-se muito, mas de novo se trata de um declínio
que
se assemelha ao triunfo daqueles poderes históricos aos quais
não é
opor resistência (MANN apud KUSCHEL, 2013, p. 173).
suástica. A coisa já devia estar preparada" (Ari Rath in
https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-
%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462).
https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462
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O suicídio de Zweig o colocava, na visão de Thomas Mann, como
alguém que mais
uma vez não havia enfrentado o combate ao nazismo. Uma afirmação
demasiadamente
rigorosa, algo reconhecido pelo próprio Mann tempos depois. No
entanto, a
interpretação que colocava Zweig como alguém inativo na luta
contra Hitler, o
acompanhou em diversos momentos de sua trajetória. Quando
realizou uma parceria
com Richard Strauss para a composição da ópera A mulher
silenciosa, muitos viram
nisso a causa de seu silêncio, pois Strauss havia se tornado
presidente da Câmara de
música do Reich. Por volta de junho de 1933, o escritor compôs
um ensaio para que
fosse uma espécie de manifesto. Esperava que fosse assinado por
intelectuais judeus de
língua alemã. Zweig pretendia que Um protesto na gaveta fosse
distribuído no mundo
inteiro. Porém, não houve adesões, muito provável pelo tom pouco
enérgico do
manuscrito:
Por isso, declaramos aqui publicamente em nome do povo
judaico:
por mais que recusemos qualquer tentativa de privação de
direitos e
desonra por parte de qualquer nação, estamos prontos a
contribuir com
todas as nações e sua representação conjunta, a Liga das Nações,
em
qualquer solução do problema dos judeus, enquanto corresponder
à
nossa honra e à honra do século. Estamos dispostos a fazer
qualquer
sacrifício a fim de acelerar a construção de uma nova pátria
para os
degredados, examinaremos agradecidos qualquer sugestão; o
mundo
verá o judaísmo alegremente à disposição para todos e para tudo
que
exigir energia, sacrifício, devoção e atitude – exceto
reconhecer como
válida a loucura racista, perigosa para o mundo e chamar alguma
vez a
violência de justiça (ZWEIG, 2013, p. 231).
Apesar das acusações pesadas de Mann, ou da indiferença daqueles
que não aceitaram
ser signatários de seu manifesto, pode-se atribuir as atitudes
de Zweig muito mais a sua
personalidade. Aquela foi sua forma de reagir ao ocaso de um
mundo conhecido e
presenciado por ele com demasiada intensidade: viu na Itália e
na Espanha o desfile de
jovens uniformizados pelo fascismo, presenciou a partida do
imperador austríaco, sentiu
a esperança dos ingleses no breve momento em que acreditaram no
sucesso da política
de Chamberlain. Suas peregrinações o levaram a ter contato com
diversos regimes
diferentes, da Rússia bolchevique ao Estado Novo de Vargas.
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12
Aquilo que tanto foi cobrado de Stefan Zweig finalmente apareceu
de forma mais
explícita em sua autobiografia O mundo de ontem: memórias de um
europeu. Todas
essas experiências citadas acima aparecem no relato. Agonizou
com a anexação da
Áustria, via os métodos de Hitler e sabia que sua obra iria
arder nas fogueiras nazistas.
Não foi iludido pelo sucesso da Política do Apaziguamento,
sabendo que a atuação
nacional-socialista surpreendia seus inimigos com pequenas doses
que testavam os
limites. Teria sido assim na política internacional e o foi
também na perseguição a suas
obras.
Hitler não realizou nada mais genial do que essa tática de
ir
experimentando devagar, aumentando cada vez mais a
intensidade
contra uma Europa cada vez mais fraca moral e também
militarmente.
Também a operação – há muito já deliberada – para exterminar
qualquer liberdade da palavra e qualquer livro independente
na
Alemanha ocorreu segundo o mesmo método de ir experimentando
aos poucos. Não se decretou logo uma lei – que só veio dois
anos
depois – simplesmente proibindo os nossos livros; em vez disso,
foi
feito um leve ensaio para descobrir até onde se podia ir,
responsabilizando um grupo oficialmente sem responsabilidade
pelo
primeiro ataque aos nossos livros: os estudantes
nacional-socialistas.
De acordo com o mesmo sistema que encenava a “ira do povo” a
fim
de pôr em marcha o boicote aos judeus, deu-se uma senha secreta
aos
estudantes para que manifestassem publicamente a sua
“indignação”
contra nossos livros. E os estudantes alemães, contentes com
qualquer
oportunidade de mostrar sua atitude reacionária, reuniram-se
obedientemente em todas as universidades, tiravam os exemplares
de
nossos livros das livrarias e marchavam com o butim para uma
praça
pública carregando bandeiras esvoaçantes. Ali, os livros
eram
pregados no pelourinho segundo velhas tradições alemãs
(ZWEIG,
2014, p. 325).
O nazismo e a Segunda Guerra Mundial, que trouxeram tantos
exilados como Stefan
Zweig ao Brasil, avançavam em seu enredo até a metade da década
de 1940. Muitos dos
que se refugiaram no país permaneceram, outros buscavam refazer
a vida na Europa,
como o já citado Lustig-Prean. Se o suicídio foi a opção de
Stefan Zweig, em vez da
espera por um desfecho do conflito, que havia alcançado até
mesmo o Brasil de seu
exílio, pode-se ponderar que tal atitude decorria da
impossibilidade de retorno, não ao
seu continente físico, mas ao seu mundo anterior à toda
autodestruição que presenciou
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ao longo do século XX. Desse modo, classificou a Europa de
suicida, escolhido pelo
próprio escritor.
O fim do conflito mundial, com a derrota do eixo, foi um fato
determinante na vida dos
exilados alemães. Passou a ser o momento de demonstrar ao
restante da humanidade a
existência de uma “Outra Alemanha”, composta por aqueles que
fugiram da extensão do
nazismo e lutaram, mesmo que do exterior, contra sua influência
e contra suas versões.
No Brasil, os embates aconteceram no sentido de impedir a
expansão do Nacional-
Socialismo dentre as colônias de alemães, como já citado, e
também para construir uma
narrativa frente ao governo brasileiro, nem sempre opositor da
Alemanha.
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