O RECÔNCAVO BAIANO É AFRODESCENDENTE. CARA PRETA! ● Introdução A África é o berço da humanidade. Como se sabe, 98% da história humana aconteceu na África. Somente 2% da história humana aconteceu fora da África. Os africanos saíram do continente africano e se espalharam pelo mundo, e aí se diversificaram. Então, a África é o berço da humanidade, no sentido mais amplo, não somente no sentido físico, mas no sentido da consciência do que é ser um ser humano. Com o tema “Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”, a ONU estabeleceu, em dezembro de 2013, que a década de 2015 a 2024 será toda em homenagem aos afrodescendentes. O principal objetivo da Década Internacional consiste em promover o respeito, a proteção e a realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de afrodescendentes, como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Década é uma oportunidade para se reconhecer a contribuição significativa feita pelos afrodescendentes ao planeta, bem como propor medidas concretas para promover sua inclusão total e combater todas as formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e qualquer tipo de intolerância relacionada. Dando continuidade às comemorações dessa década, no carnaval de 2016 vamos contar e cantar as histórias de luta e resistência do nosso recôncavo baiano, uma região que abrange uma parte da Bahia que foi responsável por este estado ser o que é hoje. O recôncavo baiano é formado atualmente por 20 cidades, 20 territórios de identidade. São eles: Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição de Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, Governador Mangabeira, Maragojipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré, Santo Amaro, Santo Antonio de Jesus, São Felix, São Felipe, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Sapeaçú, Saubara e Varzedo.
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O RECÔNCAVO BAIANO É AFRODESCENDENTE. CARA …”NCAVO... · da Bahia e do Brasil. As cidades oferecem como atrativo vários dias de festa, As cidades oferecem como atrativo vários
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O RECÔNCAVO BAIANO É AFRODESCENDENTE.
CARA PRETA!
Introdução
A África é o berço da humanidade. Como se sabe, 98% da história humana
aconteceu na África. Somente 2% da história humana aconteceu fora da África.
Os africanos saíram do continente africano e se espalharam pelo mundo, e aí
se diversificaram. Então, a África é o berço da humanidade, no sentido mais
amplo, não somente no sentido físico, mas no sentido da consciência do que é
ser um ser humano.
Com o tema “Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”, a
ONU estabeleceu, em dezembro de 2013, que a década de 2015 a 2024 será
toda em homenagem aos afrodescendentes. O principal objetivo da Década
Internacional consiste em promover o respeito, a proteção e a realização de
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de afrodescendentes,
como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Década
é uma oportunidade para se reconhecer a contribuição significativa feita pelos
afrodescendentes ao planeta, bem como propor medidas concretas para
promover sua inclusão total e combater todas as formas de racismo,
discriminação racial, xenofobia e qualquer tipo de intolerância relacionada.
Dando continuidade às comemorações dessa década, no carnaval de 2016
vamos contar e cantar as histórias de luta e resistência do nosso recôncavo
baiano, uma região que abrange uma parte da Bahia que foi responsável por
este estado ser o que é hoje.
O recôncavo baiano é formado atualmente por 20 cidades, 20 territórios de
identidade. São eles: Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves,
Conceição de Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, Governador
Antonio de Jesus, São Felix, São Felipe, São Francisco do Conde, São
Sebastião do Passé, Sapeaçú, Saubara e Varzedo.
O Recôncavo Baiano
No Recôncavo encontramos uma grande diversidade de atividades religiosas,
artesanais, artísticas e de sabedorias ancestrais, que embora sofrendo
ameaças de “folclorizaçao”, são expressivas na pluralidade étnica dessa
região. Percebemse lá a marca dos mais variados aspectos culturais,
presentes na arquitetura, língua, nas artes, destacandose as danças africanas
e a capoeira. Na culinária, as influências dos antepassados deixaram de
herança deliciosos pratos, como o acarajé, vatapá, maniçoba, meninico de
carneiro, beiju e outras comidas de senzala.
As festas que mais se destacam são o São João, realizado em vários
municípios da região, e o Carnaval de Mascarados em Maragogipe e
Cabaceiras do Paraguaçu, entre outros. O Samba de Roda é um exemplo da
preservação da cultura africana, ligado ao culto dos orixás e caboclos, há
também características da cultura portuguesa, que é encontrada nos
instrumentos, no caso na viola, no pandeiro e na língua utilizada nas canções.
Ainda relacionado às danças do Recôncavo, podemos destacar
o maculelê, que acontece todo dia 2 de fevereiro, e tem seu grande destaque
em Santo Amaro da Purificação e Cachoeira. Sua origem é contestada por
vários estudiosos, alguns afirmam se tratar de uma dança indígena, outros de
luta negra. Já o Grupo de Bonecos da Casa da Cultura Américo Simas é um
representativo da cultura local e nacional. Além disso, é relevante
mencionarmos o Bumba meuboi, Burrinha, Mandús etc.
Não podemos deixar de abordar aqui a importância do São João, comemorado
em toda região Nordeste. Considerada a festa que divide o ano, tem seus
festejos realizados intensamente na Bahia e no Recôncavo. É uma grande
manifestação cultural e ocorre em muitas cidades do estado, seus festejos
recebem maior importância nas cidades de Cruz das Almas e Santo Antonio de
Jesus, que lideram as comemorações, trazendo para esta celebração, turistas
da Bahia e do Brasil. As cidades oferecem como atrativo vários dias de festa,
shows de artistas famosos, quadrilhas, comidas típicas do período, queima de
fogueira, e, em Cruz das Almas, acontece a famosa Guerra de Espadas,
também conhecida em todo país, esse período atrai a mídia nacional para fazer
a cobertura da brincadeira entre os visitantes e os moradores da cidade.
“As cidades do vapor de Cachoeira, da cana de açúcar, do fumo, da farinha de
mandioca cantavam a região com múltiplas sonoridades. Charuteiras, irmãs da
Boa Morte, povo de santo festejavam sambando na roda, ao lado de violeiros e
carvoeiros da estrada de ferro de Nazaré”. (Prof. Dr. Charles D’Almeida
Santana, em História e Culturas Populares do Recôncavo)
A importância do Recôncavo Baiano na luta pela Independência do Brasil na Bahia
Santo Amaro
No dia 14 de junho de 1822, os santamarenses, por meio da Câmara,
aclamaram D. Pedro como Alteza Real dirigente do poder executivo no Brasil,
conclamando a autonomia política, militar e econômica frente a Portugal. Três
dias depois, soldador portugueses invadiram as ruas da Vila de Santo Amaro e
tomaram o porto de Xareu, mas não abriram a luta.
Cachoeira
Foi em Cachoeira, no dia 25 de junho de 1822, que os baianos retaliaram as
pretensões do General Madeira e Melo de submeter a Bahia à autoridade
portuguesa. A cidade foi atacada por uma barca portuguesa, que ameaçava
fazer fogo contra os moradores caso não se submetessem à tropa lusitana. Em
resposta, a Junta Conciliatória presidida pelo Capitão Freitas Barbosa,
conclamou o povo a resistir aos ataques. Vitoriosa, a população impôs derrota
a barca portuguesa, obrigandoa a renderse e aclamando D. Pedro Príncipe
Regente e Perpétuo Defensor.
São Francisco do Conde
Nesta vila, o sentimento nacional era muito forte. Os chefes das tropas
conclamavam a multidão a juntarse aos brasileiros que em Cachoeira haviam
reconhecido a autoridade de D. Pedro. No dia 29 de junho de 1822, as
autoridades e habitantes da Vila de São Francisco do Conde pronunciaram o
juramento da regência do príncipe D. Pedro. Após a instalação do conselho
interino de governo em Cachoeira e com o intuito de tomar a capital, partiu da
Vila de São Francisco o alferes Francisco de Faria Dultra com um contingente
que se instalou em Cabrito, próximo a Pirajá, onde em 8 de novembro de 1822
travouse um das principais batalhas pela independência.
Nazaré
No dia 29 de julho de 1822, as tropas portuguesas tentaram invadir o povoado
de Nazaré e avançaram pela Ilha de Itaparica até alcançarem o canal do Funil.
Quando os portugueses se aproximaram, moradores da ilha se mobilizaram na
luta. A vitoria do Funil garantiu a posse do rio Jaguaribe e o controle sob a
povoação de Nazaré, que se tornou a principal fornecedora de alimentos às
tropas brasileiras.
Principais manifestações culturais dessas cidades
Bembé do Mercado, em Santo Amaro → Manifestação cultural e
religiosa que acontece desde o final do século XIX quando um grupo
de negros reuniuse em praça pública da cidade de Santo Amaro da
Purificação para comemorar a Abolição da Escravatura, em 13 de maio
de 1888. É conhecida como Bembé do Mercado, Festa de Preto ou
Candomblé da Liberdade. Desde 1889, o Bembé vem sendo realizado,
com a participação de vários terreiros de candomblé da região, que
durante três dias realizam uma grande cerimônia de candomblé em
praça pública e tem seu ápice com a entrega de presente à Mãe
d’Água.
Segundo a história oral contada pelos santamarenses e reafirmada
pelos participantes do evento, no dia 13 de maio de 1889, um africano
de origem Malê, conhecido por João Obá, saiu às ruas juntamente com
seus filhos de santo para comemorar a Abolição. Neste ano foi armado
no Largo do Xaréu um grande caramanchão, coberto com palha e por
três dias foi realizado um grande candomblé que culminou com a
entrega de um presente à mãe d’água.
Irmandade da Boa Morte/Festa da Boa Morte, em Cachoeira → o
culto a Nossa Senhora foi difundida por todo o mundo ocidental, desde
o século IX, através da expansão católica. Nos trópicos sofreu
influência do catolicismo afrobrasileiro. Em Salvador, a devoção a
Nossa Senhora da Boa Morte, exclusivamente feminina, é registrada
desde o séc. XIX, na Igreja da Barroquinha. Uma devoção de mulheres
negras. A oralidade tende a afirmar que a transferência dessa
Irmandade para a cidade de Cachoeira se deu por volta de 1820. Lá,
se instalou numa casa de nº 41, chamada de Casa Estrela, local ainda
hoje reverenciado pelas irmãs durante o trajeto da procissão. As irmãs
revelam que a devoção surgiu vinculada a um pedido pelo fim da
escravidão feito pelas africanas a Nossa Senhora da Boa Morte.
A festividade se inicia no dia 13 de agosto, dia dedicado às irmãs
falecidas. Nestes dias as irmãs vestemse de branco, saem em
procissão carregando a imagem postada sobre um andor rumo a Igreja
Matriz de Nossa Senhora do Rosário. No dia 14, com a imagem de
Nossa Senhora da Boa Morte, as irmãs saem da sede da Irmandade
em procissão noturna, carregando velas, entoando cânticos proferidos
durante o percurso fazendo menção à dormição de Nossa Senhora. O
dia 15 de agosto é dedicado a Nossa Senhora da Glória. A procissão
sai pela manhã da sede da Irmandade, seguida pelas filarmônicas
locais. Levam flores, carregam o andor de Nossa Senhora da Glória até
a Igreja Matriz, onde uma missa é celebrada, e quando acontece a
transferência dos cargos, com posse da nova comissão de festa. A
festa de prolonga até o dia 17, com muito samba de roda e uma farta
ceia durante os cinco dias de festa.
Festa de São Domingos de Gusmão, em Saubara→Essa festa é do
padroeiro de Saubara. Comemorase no dia quatro de agosto. Seu
culto, na forma de uma devoção popular, realizase numa rocha, na
direção dos fundos da igreja, onde são depositados os “milagres” de
madeira, cera e gesso. Esses “milagres”, esculpidos por mãos
contemporâneas, confundemse com velhos santos dos oratórios
domésticos que são entregues à guarda de São Domingos, quando as
pessoas, a quem pertenciam tais imagens, falecem. O local ganhou a
denominação de “Milagres de São Dominguinhos”.
Chegança de Saubara (Marujada) → Dança do século XVII.
Desenvolve temas vinculados à vida do mar e às lutas entre cristãos e
mouros. os principais grupos de chegança de Saubara são as
seguintes: Chegança dos Marujos “Fragata Brasileira”, saindo da Rua
Boca da Mata; Chegança dos Mouros “Barca Nova”, saindo da Rua da
Rocinha; Samba de Raparigas, quando os homens se trajam como
“Senhores” de paletó e gravata, e as mulheres como mucamas.
Chegança de Sapeaçú → manifestação cultural expressiva, trazida pelo povo negro, uma das raízes negras na cidade. Dança só homens negros com equipes de seis homens de um lado e seis de outro, parecendo cordão de pescadores.
Capabode, em São Francisco do Conde → A palavra Capabode
surgiu durante a Era Colonial, a expressão vem do ato dos escravos de
arrancar os testículos do bode. Os africanos escravizados também
arrancavam a cabeça do animal e usavam para se disfarçar e
conseguir fugir dos senhores de engenho. Mais tarde, os escravos
descendentes de bantos (Angola) começaram a confeccionar máscaras
horripilantes para assustar e saquear os estabelecimentos locais. Com
o passar do tempo, a história e as máscaras dos capabodes foi
incorporada ao carnaval de São Francisco do Conde, tornadose um
dos grupos mais animados da cidade.
Mandu, em São Francisco do Conde → A palavra Mandu pode ser
encontrada tanto no vocabulário dos índios quanto no dos africanos.
Para os índios, significa uma espécie de fantasma e para os segundos
é aquele que se dedica a um orixá, no caso Xangô, Ifã e Obatalá. Nas
festas, as pessoas tocavam atabaques, berimbau e rucumbo,
instrumentos que ficavam ocultos sob as vestes. Independente da
origem, a tradição se iniciou no século XXI e se perpetuou no
calendário folclórico da cidade de São Francisco do Conde.
Meninos da Lama, em São Francisco do Conde → No carnaval de
São Francisco do Conde, uma forte tradição são os Meninos da Lama.
São garotos, filhos de marisqueiros da região, que saem às ruas
durante o carnaval, com o corpo coberto de lama. O grupo meninos da
lama na verdade é uma forma cultural de passar para a sociedade a
realidade onde os meninos estão inseridos, pois são crianças que
sobrevivem do trabalho que realizam como marisqueiros ou catadores
de caranguejo junto com seus pais, de onde tiram o sustento de suas
famílias. Eles mostram de onde vieram e em que local estão fixadas as
suas raízes.
Lindroamor, em São Francisco do Conde → O grupo Lindroamor
teve sua origem nas festas religiosas trazidas pelos portugueses,
principalmente no culto a São Cosme e Damião. Durante os festejos
dos nobres, restava aos escravos sair pelas ruas em grupos para tentar
conseguir esmolas. Com o tempo, eles perceberam que introduzir
imagens de santos em bandejas floridas e bandeiras e cantar e dançar
com um gingado todo especial típico de Angola tornaria o grupo mais
atrativo e traria mais dinheiro para eles. O Lidroamor Axé é o mais
representativo dos gêneros no Brasil, foi reativado a mais de 10 anos e
conta com mais de 80 integrantes da comunidade de São Francisco do
Conde na Bahia. O grupo Lindroamor atravessou séculos e hoje é um
dos grupos culturais mais importantes do Brasil
Rezas e Caruru de São Cosme e São Damião, em Sapeaçú → O
principal evento que até hoje é preservado em Sapeaçú e que tem
origem na cultura africana são as rezas e o caruru de São Cosme e
São Damião. Um fato curioso em Sapeaçú é que as rezas e os carurus
mais fartos e de grande porte são realizados por algumas mulheres
brancas da cidade. Mesmo com a participação em massa das mulheres
negras, algumas mulheres brancas se adaptaram a cultura dos negros
e cultivavam a fé em Cosme e Damião.
Nego Fugido, em Santo Amaro → Ninguém sabe ao certo como e
nem quando começou, sabese apenas que o grupo Nego Fugido, há
mais de 100 anos, faz parte calendário festivo da comunidade
Acupense, distrito de Santo Amaro. O grupo transforma as ruas num
grande cenário, nas tardes de domingo no mês de julho. Durante a
apresentação faz uma recriação da perseguição, captura e liberdade
vivida pelos escravos e contada no cais do porto pelos mais velhos.
Samba do Machucador, em Cruz das Almas → Contam que
enquanto as negras africanas escravizadas no Brasil faziam os
temperos das comidas nas casas grandes, aproveitavam o som do
machucador de madeira na tigela de barro ou de madeira e cantavam
as canções de saudade. Assim nasceu o samba do machucador que
hoje segue cantando o refrão da Cultura Popular: “Minha mãe me deu
machucador, eu não sou pimenta, minha mãe me machucou”. O grupo
"Samba do machucador" faz releituras autênticas dos sambas
cantados nas festas tradicionais da Zona Rural e é formado por
qualquer pessoa do município de Cruz das Almas que deseja
participar.
Samba de Enxada, em Cruz das Almas → Para tornar a lida do
campo mais amena os negros africanos cantavam canções, surgindo
assim as canções de trabalho. Para tornar estas canções mais
animadas, no caminho entre a roça e a senzala, elas ganhavam ritmos
mais quentes. Hoje acompanhado de refrões e umbigadas segue o
Samba de Enxada do Corta Jaca formado pelos senhores e senhoras
que trabalham no campo do município de Cruz das Almas , mas não
perdem a oportunidade de festejar.
Samba de Roda Filhos do Varre – Estrada, em São Felix → Foi
fundado em 13 de junho de 1972 por Eugênio Bispo Silva, conhecido
como "Seu Geninho" atual presidente do grupo. Durante algum tempo
o grupo chamouse Samba de Roda filhos de Ogum, mas em 2006
após decisão da própria diretora voltou ao seu nome original. Mesmo
antes da data de fundação, o Samba de Roda já existia, tendo como
líderes Tonho de Mirinha e Maria.
Samba da Capela, em Conceição do Almeida → originário das
tradicionais rezas que se faziam para os santos de devoção das
comunidades negras da cidade de Conceição do Almeida. É um samba
dramático que segue uma sequência coreográfica ensaiada e
acompanhada com danças e cantigas tradicionais. Atualmente, o grupo
está organizado como associação e desenvolve um trabalho sócio
cultural com jovens e crianças da comunidade que tem assim a
oportunidade de aprender as músicas e danças tradicionais.
O Carnaval dos Mascarados, em Maragojipe → Essa festa tem um
grande significado para os moradores locais, há quem diga que os
mesmos esperam o ano todo para a realização da festividade. Certos
grupos de mascarados levam tão a sério a festa que não dizem para os
seus familiares qual será a fantasia utilizada no carnaval, tudo para não
serem reconhecidos. A fantasia, desde sua escolha, confecção e uso é
muito importante para o morador local. As ruas de Maragojipe mudam
totalmente, os caretas (como são chamados os mascarados) tomam
conta do perímetro urbano da cidade, o cenário é peculiar, os
mascarados em conjunto com as edificações do século XVIII e XIX,
fazem do carnaval da cidade uma festa atrativa.
O ato de utilizar a máscara tem um significado muito importante para o
morador local, o carnaval de Maragojipe sem os mascarados não
existe, pois eles são a essência da festividade, eles dão a vida e a
alegria do carnaval local e quem utiliza a máscara e a fantasia
incorpora um novo personagem, o mascarado deixa de ser agente
social para ser ator social.
Lavagem de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro
A Lavagem da Purificação, que acontece sempre no último domingo de
janeiro, e atrai milhares de turistas para a cidade e grandes atrações da
música baiana e brasileira, com o desfile das baianas, elegantemente
trajadas de branco, acompanhadas da tradicional Charanga, tendo
como ponto de partida a porta da casa de D. Canô (Saudosa Matriarca
dos Veloso como era carinhosamente tratada). Ao longo de todo o
percurso, a Charanga procura dar ênfase, principalmente às músicas
carnavalescas mais antigas, intercalando com músicas atuais. Em boa
parte do circuito, são tocadas músicas que dizem respeito à tradição da
festa, seguindo em direção a Igreja da Purificação, onde inicialmente
ocorre a lavagem do adro da igreja com água perfumada. Em seguida,
o Prefeito da cidade faz a abertura oficial da festa profana e, a partir
daí, tem início o cortejo da Lavagem da Purificação, percorrendo as
ruas da cidade. Para encerrar as Festas de Nossa Senhora da
Purificação, o seu ponto alto é a parte religiosa, que culmina com a
Procissão de 02 de fevereiro, dedicada a padroeira da cidade. No seu
cortejo, a presença de várias imagens da região à frente, como se
fossem verdadeiros batedores, na segurança e, ao mesmo tempo em
sinal de reverência à Nossa Senhora da Purificação, ela, com toda a
sua imponência, carregando o seu filho nos braços, abençoando a
todas aquelas pessoas que a acompanham, e por que não dizer a toda
Santo Amaro e região.
Samba de "Santa Mazorra", em Saubara
Tipo de “samba de roda” encontrado em Saubara e em outras poucas
cidades do Recôncavo. Tocando, bebendo e cantando os Sambadores
saem pelas ruas de Saubara levando uma boneca enfeitada
(caracterizada de “santa). A Santa Mazorra é representada por uma
boneca, conhecida como a “Santa dos biriteiros”, porque ao sair pelas
ruas passa nas casas dos moradores que estão preparados para
recebêla, com uma mesa farta de bebidas e comidas.
Ao entrar nas casas, seus integrantes cantam a ladainha da Santa e
músicas em agradecimento pelo dinheiro, que é pedido pelo refrão
(Santa Mazorra quer dinheiro!), pela comida e bebida oferecida pelo
morador.
Durante o dia, o grupo junto com a “Santa”, percorre as ruas. Várias
casas neste dia ficam de portas abertas esperando a hora em que o
cortejo vai passar para serem agraciados, "abençoados" com a visita
da Santa e seus seguidores que ao longo do percurso vai aumentando
o número de integrantes.
Outras manifestações culturais de Recôncavo
Santo Amaro A Burrinha da Saudade, Lindroamor, Mandús,
Bombachas do Acupe, Samba de Roda São Bráz e Samba de Roda e
Maculelê de Nicinha Raízes de Santo Amaro.
São Sebastião do Passé Samba de Roda de Maracangalha.
Brasileira, Caretas do Mingau, Chegança Moura e Samba das
Raparigas.
Maragojipe Samba de Roda Maragogó e Samba de Roda Filhos dos
Coqueiros.
Muritiba Samba de Roda Segura a Véia.
São Félix Bumba Meu Boi, Samba de Roda Filhos de Nagô, Mandús e
Cabeçorras.
Cruz das Almas Samba de Roda e Samba da Capela.
Cachoeira Mandús, Cabeçorras e Samba de Roda Suspiro do Iguape.
Governador Mangabeira Tabuleiros de Pindoba.
São Francisco do Conde Nega Maluca, Paparutas da Ilha do Paty,
Reisado, Samba Chula Filhos de Pitangueiras e Samba de Roda Raízes
do Angola.
Samba de roda
Esse ritmo musical é nascido das cerimônias do Candomblé e está sempre
presente nas festas populares, o ano todo. As cidades de Cipó e Candeias
colocam em destaque o samba de roda nos festejos juninos e em Cachoeira,
na festa de Nossa Senhora da Boa Morte. Em São Félix, Muritiba, Conceição
do Almeida e Santo Amaro, o samba de roda é destaque.
Um dos grupos símbolos artísticos e culturais dessa manifestação, é a
percussionista Edith Oliveira Nogueira. Conhecida como Dona Edith do Prato,
ela morreu em 2009, com falência múltipla dos órgãos e não gostava da ideia
de ser vista como artista. Seu principal instrumento era um prato e um garfo
que ao tocar, entoava um som que somente ela conseguia percutir com
perfeição. Muito próxima da família Velloso, Dona Edith do Prato foi ama de
leite de Caetano. Morreu aos 92 anos, em um hospital, na capital baiana.
É importante salientar que está completando 10 anos que o Samba de Roda foi
considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade
Calendário Festivo do Samba de Roda
Nossa Senhora da Boa Forte Cidade: Cachoeira Período: Agosto
Nossa Senhora da Purificação Cidade: Santo Amaro da Purificação Período: Fevereiro São João Cidade: Cipó e Candeias Período: Junho Dois de Julho Cidade: São Francisco do Conde e Conceição do Almeida Período: Julho
Samba Chula
A chula é um tipo de Samba de roda, no qual as cantigas são de louvor à
mulher, à beleza feminina. Nessa forma tradicional de dança somente a mulher
pode sambar, como resposta ao canto do homem. O samba chula é
característico principalmente da região de Santo Amaro da Purificação e era
realizado, originalmente, depois das rezas de santos, muito populares no
interior baiano. A dança da chula só tem início após a declamação dos
cantadores, quando uma pessoa por vez samba no meio da roda ao som dos
instrumentos e de palmas. Já o samba de roda corrido, que é o mais popular,
acontecia quando acabava o rito da chula e uma nova roda era feita para evitar
a saída das pessoas. No samba corrido homens e mulheres podiam sambar e
só acabava ao amanhecer.
Sambadores e Sambadeiras do Recôncavo
O Samba de roda da Bahia é composto por uma variedade de mestres e
mestras do samba que carregam em si uma grande variedade de estilos como
se apresenta o samba de roda do Recôncavo Baiano. Segue abaixo uma
relação com os nomes desses mestres e mestras e suas respectivas cidades
de origem, locais onde o samba é inerente a sua cultura:
Em Cachoeira: D. Ana, Seu Carlito, D. Dalva, Seu Domingos Preto, Seu
Gilson, Seu Fefeco e Mestre Dedão e Lucidalva, in memorian;
Em Conceição de Almeida: D. Fátima;
Em Cruz das Almas: Seu Deodato, D. Madalena Carolina e D. Julia Ribeiro,
in memorian;
Em Maragojipe: Mestre Bibiu, D. Candú, Seu Mané Véio, Seu Roque, e
Mestre Barão, Mestre Lucio, Mestre Miguel e Mestre Louro, in memorian;
Em Muritiba: Seu Avelino e Seu Ferrolho;
Em Santo Amaro: Seu João do Boi e Seu Alumínio, D. Nicinha, Seu Primeiro e
Mestra Santinha do Beijú;
Em São Felix: Seu Evandro César, Seu Geninho e Mestre Mario;
Em São Francisco do Conde: D. Alva, D. Áurea, Mestre Boião, D. Ilda, Seu
Pequeno, Mestre Zeca Afonso e Zé de Lelinha e Mestre Zezinho, in memorian;
Em São Sebastião do Passé: Seu Manoel e Pedro de Maracangalha;
Em Saubara: D. Ana, D. Zelita, João de Iaiá, Seu Pedro, D. Rita da Barquinha
e D. Franzina, in memorian;
Em Teodoro Sampaio: D. Fiita, Seu Paião e Mestre Pedro Joaquim, in
memorian;
Principais personalidades negras do passado As Tias Baianas.
As chamadas "tias" baianas tiveram um papel preponderante no cenário de
surgimento do samba no Rio de Janeiro, no final do século XIX e início do XX.
Além de transmissoras da cultura popular trazida da Bahia e sacerdotisas de
cultos e ritos de tradição africana, eram grandes quituteiras e festeiras,
reunindo em torno de si a comunidade que inundava de música e dança suas
celebrações – as festas chegavam a durar dias seguidos. Nessa época, viviam
Tia Amélia (mãe de Donga), Tia Prisciliana (mãe de João de Baiana), Tia
Viridiana (mãe de Chico da Baiana) e Tia Mônica (mãe de Pendengo e Carmen
do Xibuca). Mas a mais famosa de todas foi Tia Ciata, em cuja casa nasceu o
samba.
Tia Ciata nasceu em Santo Amaro da Purificação, em 1854. Aos 22 anos,
mudouse para o Rio de Janeiro junto com suas primas Amélia, Prisciliana e
Viridiana , no êxodo que ficou conhecido como diáspora baiana. No Rio, formou
nova família ao se casar com João Baptista da Silva, funcionário público com
quem teve 14 filhos.
Como todas as baianas da época, era grande quituteira. Começou a trabalhar
colocando o seu tabuleiro na Rua Sete de Setembro, sempre vestida de
baiana. Com tino comercial, também alugava roupas típicas para o teatro e
para o carnaval.
Mãe de santo respeitada, Hilária foi confirmada no santo como Ciata de Oxum,
no terreiro de João Alabá, na Rua Barão de São Felix, onde também ficava a
casa de Dom Obá II e o famoso cortiço Cabeça de Porco. Em sua casa, as
festas eram famosas. Sempre celebrava seus orixás, sendo as festas de
Cosme e Damião e de Nossa Senhora da Conceição as mais prestigiadas. Mas
também promovia festas profanas, nas quais se destacavam as rodas de
partidoalto. Era nessas rodas que se dançava o miudinho, uma forma de
sambar de pés juntos, na qual Ciata era mestra.
Tia Ciata recebia em sua casa um grande número de políticos, boêmios,
músicos e batuqueiros que lá iam saborear seus pratos típicos, principalmente
sua moqueca. Foi numa destas reuniões que nasceu"Pelo telefone", música
de Donga e Mauro de Almeida que, em 2016, completa 100 anos da
gravação desse que foi o primeiro samba gravado.
Antes de ser o que é hoje, o desfile das Escolas de Samba aconteciam sem
horário nem percurso fixo, o indispensável era que os grupos passassem pela
Praça Onze, pelas casas das “tias” baianas. Elas eram consideradas mães do
samba e do carnaval dos pobres. A casa de Tia Ciata era parada obrigatória,
pois era a mais famosa e muito respeitada pela comunidade. Até hoje, as tias
são representadas e homenageadas nos desfiles, pela ala das baianas das
escolas de samba.
Besouro de Mangangá
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o homem apelidado de
besouro mangangá, realmente existiu. Infelizmente muito pouco se sabe sobre
essa figura envolta em lendas e mistérios que permanecem desde seu
nascimento até a sua morte e que os mais velhos ainda lembram em suas
histórias.
Nascido em 1897, em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, filho dos
exescravos João Grosso e Maria Aifa, Manuel Henrique Pereira (seu nome de
batismo), teve toda sua vida permeada por muito misticismo. Não se sabe
quando, mas iniciou seus primeiros passos na capoeira com Mestre Alípio,
também exescravo, mais precisamente na Rua do Trapiche de Baixo. Diziam
que besouro era um negro alto e muito forte e na capoeira possuía uma
agilidade sem igual. O que provavelmente fez com que recebesse o apelido de
”besouro”, ou “besouro mangangá" (gênero de besouro venenoso).
Era exímio jogador de capoeira, assim como no manejo do facão e da navalha.
Incluindo o jogo de “santamaria”. Jogo violento onde os capoeiristas jogavam
com uma navalha presa aos pés.
Muitos também afirmam ter algum parentesco com o capoeirista, mas somente
um tem isso comprovado. Rafael Alves França, (1917 – 1983) também
conhecido como Mestre Cobrinha Verde, era seu primo legítimo. Iniciado na
capoeira com seu primo aos 4 anos de idade, sob uma única condição: Nunca
Ayíonó Hùntóloji, Dendezeiro Nkossi Muncumbi (Cachoeira), Raiz de Airá e Ilê
Axé Ogunjá (São Felix). Além desses terreiros, existem também inúmeras
casas de axé em cidades como Muritiba, Nazaré das Farinhas, Santo Amaro
da Purificação, Maragojipe, São Sebastião do Passé e outros. A presença
esmagadora de manifestações culturais negras se dá em cidades onde há um
grande número de terreiros de religiões de matriz africana.
O Recôncavo Baiano e as Lyras Negras
O Recôncavo Baiano se tornou famoso também por causa das grandes
Filarmônicas, formadas por músicos negros que tanto tocavam de ouvido
quanto lendo as partituras, criando, assim, Escolas de Formação de Jovens,
através das famosas Liras Filarmônicas, na maioria das cidades do Recôncavo.
As cidades pioneiras foram Cachoeira, Nazaré, Santo Amaro e Maragojipe, a
partir de 1930, essas liras se espalharam para o Recôncavo Sul, a exemplo
das cidades de Castro Alves, Amargosa, Muritiba e outras. Vale ressaltar que a
primeira orquestra criada no recôncavo baiano foi a Filarmônica Erato
Nazareno, em 1863, depois a Filarmônica 2 de julho e a Lira Siciliana de
Cachoeira liderou a festa de libertação dos negros escravizados, em 1888.
Outras filarmônicas conhecidas são Minerva Cachoerana, Lyra dos artistas,
Filho do Apolo (Santo Amaro), Grupo São João, Meninos Desvalidos, Lyra
Guarani, de Cruz das Almas dentre outras. Haviam fervorosas disputas
musicais nos coretos das praças, abrilhantando as festas religiosas, cortejos
marítimo e as festas profanas.
Quando a delegação do Ilê Aiyê esteve no Benin (África), em 1987, encontrou
várias manifestações culturais oriundas do Recôncavo Baiano, a exemplo da
Burrinha, Pau de sebo, caruru de São Cosme e Damião (esmola cantada com
estandarte, como ainda é feito em algumas cidades do Recôncavo) e
Filarmônicas acompanhando estes cortejos.
O amor do Jonatas Conceição pela sua querida Saubara “Mesmo tendo nascido em Salvador, Jônatas Conceição da Silva, “Nato” ou
“Natinho” para os mais íntimos, teve sua gênese familiar oriunda em Saubara,
em virtude do seu pai Tertulino Sales da Silva ser saubarense. Durante os
períodos de suas férias trabalhistas, Jônatas sozinho ou acompanhado dos
seus familiares ou de alguma pessoa próxima, costumava desfrutálas em
Saubara, onde muitas vezes encontrava inspiração para escrever e procurava
descansar dos seus labores de professor, de radialista, de pesquisador e de
ferrenho militante dos movimentos negros. Incentivador e apaixonado pelas
manifestações culturais, “Natinho” não media sacrifícios de se deslocar de
onde estivesse até Saubara, a fim de assistir aos folguedos das “Caretas” por
ocasião dos festejos alusivos ao célebre 2 de Julho de 1823, atinentes à
participação dos saubarenses nas lutas em favor da Independência do Brasil,
na Bahia; aos espetáculos das danças lascivas proporcionadas pelas
“Cheganças dos marujos e mouros”; as encenações teatrais da “Xácara do Zé
do Vale” e concertos da Filarmônica São Domingos, que se apresentam
quando das celebrações religiosas em louvor e reverência ao orago Domingos
de Gusmão – “Padroeiro de Saubara”; performances dos “Ternos de Reis”,
“Comédias” e “Bailes pastoris”, durante as celebrações natalinas”. (Betinho
D’Saubara)
Segundo o poeta José Carlos Limeira, um dos grandes amigos de Jônatas e
companheiro nas letras, "Jônatas era um poeta profundamente ligado às suas
raízes em Saubara. Eu sempre disse que ele vivia ‘saubariando’ a vida". Uma
das suas maiores alegrias acontecia nas temporadas de festas, quando os
grupos de samba de roda desfilavam pela cidade. A festança era maior quando
o Samba de Santa Mazorra colocava em seu itinerário a casa da família de
Jônatas. Houve certa vez em que Mãe Hilda participou desses festejos, na
casa de Jônatas, ao som do Samba de Santa Mazorra, “foi um dia de muita
festa e alegria”, relata Vivaldo Benvindo, diretor do Ilê Aiyê e um grande amigo
de Jônatas Conceição.
O seu amor pela cidade de Saubara se eternizou em um dos seus mais lindos
poemas “As Saubaras Invisíveis”, como vêem abaixo:
AS SAUBARAS INVISÍVEIS Chegase a Saubara pelo caminho do mar.
Às velas, barcas velhas velejam rumo à baía. Viagem de gentes, trapos, mercadorias,
Odores repelentes que recendem tumbeiros Travessia de longínquas noites
(“Aquela viagem era uma eternidade!”) que ao vento cabia a tarefa de um porto feliz. Chegase a Saubara por via de muitos rios
Do rio para o mangue, do manguerio para o mar. Caminhos do levaetraz mercantil
Ao porto de amaros negócios Percurso de antigos navegantes
Fundadores do eterno darse saubarense Desbravadores de restos da flora e fauna do lugar.
Chegase, finalmente, a Saubara pelo primado da fé. Seus marujos e rezadeiras procuram, há muito,
o caminho da salvação. Seus filhos e netos, há pouco, descobriram outros caminhos…
Procuram, pela novidade alheia, desesperadamente, outra cidade inventar.
Os perseguidores da fé a tudo ver, oram, choram (A São Domingos que é de Gusmão que nos vele)
as chamas das velas revelam.
Conclusão
A ampla mistura de povos deixou marcas na cultura, na culinária e na
paisagem natural e artificial do Recôncavo Baiano, que hoje abriga uma
população formada por 80% de negros, segundo o último senso étnico racial
divulgado pelo IBGE. Como resultado, suas cidades são marcadas por
manifestações da cultura negra e por um poderoso sincretismo religioso, no
qual a cultura dos negros influencia a dos brancos.
Um dos primeiros pedaços de terra pisados pelos portugueses, o Recôncavo
teve um papel relevante na produção agrícola do estado da Bahia até o início
do século XX. Por lá se instituiu um significativo comércio de açúcar, de fumo e
de outros produtos oriundos de diversas localidades, que foram levados a
Portugal e a outros países da Europa. O embarque dos produtos e o
desembarque dos escravos foram facilitados devido à proximidade do
Recôncavo com Salvador, primeira capital do país. Durante esse processo, os
colonizadores portugueses dizimaram aldeias tupinambás, e o Recôncavo se
estabeleceu como um dos principais destinos da diáspora africana.
Como vimos, o Recôncavo é o berço do cortejo Lindroamor em São Francisco
Conde; Nego Fugido, Samba de Nicinha e Maculelê, em Santo Amaro; Festa
dos Reis em Cabaceira do Paraguaçu e as Caretas de Saubara. A região
também é do Maculelê, da Marujada, da arte barroca e do tradicional Samba
de Roda e da Capoeira, considerados Patrimônio Cultural e Imaterial da
Humanidade.
O conjunto de cidades localizadas no entorno da Baía de Todos os Santos
também ganham relevância quando o assunto é sua contribuição para a
formação do candomblé como uma instituição religiosa. Isso graças à atuação
dos terreiros de candomblé presentes em diversas cidades. Contribuição esta
que teve reconhecimento ano passado, quando dez terreiros de Candomblé,
localizados nas cidades de Cachoeira e de São Felix passaram a ser
protegidos via tombamento. Os terreiros foram os primeiros do país a receber o
Registro Especial de Patrimônio Cultural Imaterial, que inclui também as
manifestações populares, os conhecimentos e as heranças simbólicas das
suas matrizes culturais.
Fontes
Textos sobre o município de Saubara (escritos por Betinho d`Saubara)
Texto “Jônatas Conceição: saubarense de boa cepa” de Betinho d`Saubara Informações sobre a cidade de Sapeaçú - Associação Cultural Birro Preto ACBP http://evooafrica.blogspot.com.br/2012/08/reconcavo-baiano-legado-afro-brasileiro.html http://peroladoreconcavo.blogspot.com.br/p/nossa-cultura.html http://www.saofranciscodoconde.ba.gov.br/?page_id=16 http://www.sambadenicinha.com/ http://povodoaxe.blogspot.com.br/2009/04/gaiaku-luiza.html http://www.bahia-turismo.com/historia http://narradoresdoreconcavo.com.br/ http://www2.tv.ufba.br/video/526-especial-tv-ufba-samba-chula http://www.museuafrobrasil.org.br/o-museu/emanoel-araujo http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/tiaciata http://www.gicult.com.br/colunas/santo-amaro-da-purificao-histria-festas-e-terra-da-cultura--4138/ http://www.oocities.org/br/familialmeida2000/SantaM.htm Herois Negros do Brasil, Cartilha Revolta dos Búzios. Fundação Pedro Calmon, Governo da Bahia - http://bit.ly/1gUAKHJ