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O Novo Marketing: A Importncia de Novas Estratgias Mercadolgicas
como o Marketing
Social e o Marketing Cultural
Bruna Sarieddine Barcelos
06/12/2009
Resumo:
O mercado atual exige cada vez mais que as empresa estejam
atentas e dispostas a se adequar
as novas demandas da sociedade. Sendo assim, levar em considerao
apenas a qualidade do
produto sinnimo de decretar falncia a empresa. Hoje, preciso ter
uma marca forte e
consolidada na mente dos consumidores. Surge, ento, como novas
estratgias mercadolgicas,
o marketing cultural e o marketing social.
Nesse contexto o presente artigo tem como objetivo conceituar e
mostrar a importncia da
utilizao de forma sria do marketing social, do marketing
cultural e da possvel unio deles.
Palavras Chaves: Responsabilidade Social, Marketing Social,
Marketing Cultural, Mercado Atual,
Conquista e Fidelizao de Clientes.
1. Introduo
Pode-se dizer que quando o marketing nasceu ele era voltado para
as vendas, depois passou a
ser voltado para os clientes, depois para os futuros clientes.
Hoje, o mercado est cada vez
mais competitivo, por isso, o marketing passou a ser um conjunto
de pontos estratgicos que a
empresa deve se preocupar, ou seja, o marketing deve valorizar a
marca e melhorar a imagem
de uma empresa, para assim conquistar e fidelizar clientes
capazes de aumentar as vendas e
maximizar os lucros.
CHRISTOPHER (2001) fala que, dada a natureza voltil do mercado,
possvel observar: a)
clientes mais sofisticados e experientes; b) eroso da fidelidade
marca; c) reduo da
eficincia dos gastos com publicidade; d) pouca diferenciao na
funcionalidade dos produtos;
e) competio por preos. E percebe-se ainda o aumento do poder do
cliente com: a
concentrao do poder de compra; os clientes racionalizando sua
base de fornecedores e; a
extino do mercado de massa. Por isso cada vez maior a preocupao
dos empresrios em
encontrar medidas que salvem a empresa do enforcamento atual do
mercado.
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As organizaes modernas, frente a complexidade contempornea ,
no podero mais se pautar por um comportamento comunicacional
fragmentado, limitando-se apenas comunicao institucional
Suas
aes comunicativas tero que ter um ordenamento corporativo no
sentido de um corpus nico e pensando estrategicamente
(KUNSCH,
1997).
O marketing cultural e o marketing social vm se tornando
importantes aliados dessa
incessante busca pelo aumento da credibilidade de uma marca
perante a sociedade. Para
LISBOA (1999) o marketing cultural, e pode-se incluir nessa
definio o marketing social
tambm, possibilita a empresa incentivadora a construo da imagem
desejada, que agregar
valor aos produtos e servios da empresa, garantindo ao longo
prazo, o aumento da
importncia da marca na mente dos consumidores.
Quando aliados, o marketing social e o marketing cultural podem
oferecer a empresa, de uma
s vez, a ligao da marca ao artista/grupo cultural/obra de arte
(...) que esteja presente do
projeto e a construo da imagem socialmente responsvel da
empresa.
2. Responsabilidade Social
A responsabilidade social de uma empresa significa bem mais que
a efetivao dos acordos
contratuais com seus funcionrios, fornecedores ou clientes. Para
DRUCKER (1997) a
responsabilidade social a rea onde a empresa decide qual ser seu
papel na sociedade,
estabelece seus objetivos sociais, suas metas de desempenho e de
influncias na sociedade
onde atua. J para LIMA e ZOTES (s/d):
A responsabilidade social corporativa o comprometimento
permanente dos empresrios em adotar um comportamento tico e
contribuir para o desenvolvimento econmico, simultaneamente,
com
a melhoria da qualidade de vida de seus empregados e de seus
familiares, da comunidade local e de toda a sociedade.
A responsabilidade social feita em duas esferas diferentes, uma
direciona a ateno para os
funcionrios e trabalhadores da prpria empresa, a chamada
responsabilidade social interna, e
a segunda foca na comunidade onde a empresa atua,
responsabilidade social externa. NETO
(1999), explica a primeira como:
A melhoria de trabalho, seja atravs de investimentos no
bem-estar
dos empregados e seus dependentes como por exemplo,
programas
de remunerao e participao nos resultados, assistncia mdica,
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social, odontolgica, alimentar e de transporte, ou ainda atravs
de
investimentos na qualificao dos empregados atravs de
programas
de capacitao ou mesmo universidades corporativas.
NETO (1999) prossegue esclarecendo a responsabilidade social
externa:
necessrio que a empresa desenvolva aes sociais que
beneficiam
a comunidade, seja atravs de doaes de produtos, prestao de
servios voluntrios para a comunidade pelos funcionrios da
empresa, aplicaes de recursos em atividades de preservao do
meio ambiente, gerao de empregos, patrocnio de projetos
sociais
de governo, ou ainda de investimentos diretos em projetos
sociais
criados pela prpria empresa.
Sendo assim, a empresa socialmente responsvel trabalha em dois
mbitos, o interno e o
externo. Em relao responsabilidade social efetuada com os
empregados da empresa cabe
ainda ressaltar: o cumprimento dos direitos trabalhistas,
diversidade de recursos humanos,
segurana no trabalho, perspectivas de crescimento, no
discriminao das diferenas, boas
condies de trabalho, e assistncia familiar. J em relao
responsabilidade social realizada
com o pblico externo a empresa: o patrocnio do lazer, a realizao
programas beneficente no
campo da sade, educao, alimentao, segurana, cultura, esporte,
saneamento bsico, entre
outros.
Hoje as empresas se vem obrigadas a serem mais responsveis em
suas aes, isso ocorre,
principalmente, devido ao aumento da exigncia dos clientes e da
maior presso da sociedade
por transparncia nos negcios. preciso ter em mente que os
clientes so os prprios
funcionrios, fornecedores, acionistas, a comunidade local e
todas as pessoas das regies e dos
paises onde a empresa atua, sendo assim, a exigncia por uma
responsabilidade social feita de
forma sria grande, e o no cumprimento dela perante tal cobrana
pode causar problemas
srios na avaliao da empresa feita pelo cliente. Para CAPPELIN e
GIULIANI (1999):
Os critrios de avaliao do sucesso comeam a incorporar
dimenses
que vo alm da organizao econmica e que dizem respeito vida
social, cultural e preservao ambiental. Pode-se dizer [...] que
a
eficincia no s fazer as coisas bem", segundo as regras de
mercado,
mas "fazer as coisas boas", segundo princpios ticos.
Segundo a pesquisa de Ao Social das Empresas na regio sudeste,
realizada pelo IPEA
(Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada), o grau de participao
das empresas aes sociais
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voltadas para a comunidade em 2003, por estado, foi de: 68% para
So Paulo, 69% para o Rio
de Janeiro e 81% para Minas gerais.
A mesma pesquisa ainda revela que o maior foco das aes
desenvolvidas a alimentao e o
abastecimento, reunindo 49% das aes. Em segundo lugar aparece a
assistncia social com 39%
e em terceiro o lazer e a recreao com 24%.
Desta forma, ser socialmente responsvel no se restringe a
exercer as obrigaes necessrias
para o exerccio de uma atividade comercial. Uma empresa
socialmente responsvel se
preocupa com o bem-estar de seus funcionrios e se empenha em
promover o desenvolvimento
econmico, social, ambiental, cultural, poltico e educacional da
comunidade em que atua.
3. Marketing
Atualmente a marca um elemento to importante que praticamente
nada fica sem marca.
Nunca tal fator foi to valorizado, hoje a marca vale mais que os
ativos de uma empresa. Uma
marca bem construda tem muitos valores agregados ao seu nome ,
como: qualidade,
confiabilidade, competncia... Quanto mais valores positivos
forem agregados a marca, maior
ser a vantagem dela frente ao concorrente. Segundo POTER (1992)
uma empresa diferencia-
se da concorrncia se puder se singular em alguma coisa valiosa
para seus compradores.
Os valores da marca devem dialogar com os valores dos clientes,
sendo assim, a empresa busca,
cada vez mais, formar uma identidade parecida com a dos seus
consumidores, uma vez que
estes daro mais valor aos produtos das empresas que estiverem se
comunicando com eles de
forma personalizada (LISBOA, 1999).
O mercado atual encontra-se repleto de consumidores mais
exigentes e conscientes, muitas
vezes dispostos a escolher um produto ou servio levando em
considerao os valores da
empresa (LIMA e ZOTES, s/d). Por isso, uma empresa precisa mais
do que bons produtos e uma
pequena divulgao atravs da publicidade para conquistar e manter
clientes.
Como resposta a essa demanda de valores e novos meios de seduo
de clientes, surge o
Marketing Social e o Marketing Cultural.
Antes de abordar sobre duas novas ramificaes do marketing
necessrio ter bem claro o
conceito de marketing, para isso, temos a seguir algumas
definies sobre marketing:
- Marketing a anlise, o planejamento, a implementao e o controle
de programas
e projetos formulados com o objetivo explcito de proporcionar
trocas voluntrias de
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valores com o mercado-alvo, com o propsito de atingir objetivos
operacionais
concretos (KOTLER, 1980).
- Marketing a capacidade de mostrar, vender, dar visibilidade a
uma determinada
idia, produto ou servio (ALMEIDA, 1992).
- Marketing a Cincia e a arte de conquistar e manter clientes e
desenvolver
relacionamentos lucrativos com eles (KOTLER, 1999).
- O marketing uma rea do conhecimento que busca estudar o
mercado e sua
dinmica, objetivando a satisfao e, ousaria dizer, o encantamento
, do consumidor,
considerando suas expectativas, caractersticas diferenciadas,
suas necessidades e
desejos (LISBOA, 1999).
- Marketing a realizao de atividades de negcios dirigidas ao
fluxo de bens e
servios do produtor ao consumidor ou usurio (NICKELS E WOOD ,
1999).
- Marketing o conjunto de tcnicas coordenadas que permitem a uma
empresa
conhecer o mercado presente e potencial para determinado produto
com a finalidade
de maximizar o volume de vendas (BARACHO e FLIX, 2002)
4. Marketing Social
As questes sociais sempre foram representadas por senhoras da
alta sociedade praticavam suas
boas aes, exercitando suas vocaes para a beneficncia e mostrando
suas preocupaes com os
menos afortunados. Hoje, essas mesmas questes so vistas com
preocupao pelo meio
empresarial, principalmente em um pas em desenvolvimento marcado
pelas diferenas sociais
como o Brasil. A sociedade pressiona casa vez mais as empresas a
agirem de forma socialmente
responsvel, a partir se percebeu o quanto pode ser lucrativo
investir em questes sociais no Brasil.
KOTLER e ROBERTO (1992) definem o marketing social como sendo o
emprego dos princpios
e tcnicas de marketing para a promoo de uma causa, idia e/ou
comportamento social.
ATUCHA (1995) vai um pouco mais alm e afirma que o marketing
social :
uma ferramenta democrtica e eficiente, que aplica os princpios
e
instrumentos de marketing, criando e outorgando maior valor
proposta social. Por meio dele, redescobre-se o consumidor
atravs de
um dilogo interativo, o que permite um processo de reflexo,
participao e mudana social. Os resultados so mensurveis
pelos
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seus efeitos e podem ser avaliados por sua eficcia,
eficincia
efetividade.
Sendo assim, pode-se definir o marketing social como a unio das
estratgias de marketing com
a responsabilidade social externa.O marketing social pode ser
compreendido como uma forma
eficaz de melhorar a imagem de uma empresa e agregar valor a uma
marca. Como comentado
anteriormente, a adio de valores, diferencia os produtos e
aumenta a afinidade entre o
consumidor e marca, aumentando tambm sua fidelidade.
O marketing social, quando bem feito, d a empresa que o tem como
uma de suas estratgias
mercadolgicas a imagem de organizao justa, que respeita e se
preocupa com o futuro da
sociedade e do meio ambiente. Desta forma, o ganho da empresa
que adota o marketing social
quantitativa maior e qualitativamente melhor do que as que ficam
apenas com a estratgia de
propaganda , pois com o marketing social a empresa ela pode no s
vender mais e maximizar
lucros, como tambm aumentar o nmero de clientes, fidelizar seus
clientes anteriores,
aumentar o poder e o reconhecimento da marca,melhorar a imagem
corporativa frente
sociedade e ao governo. Isso se d, principalmente, devido
satisfao dos clientes com os novos
comportamentos e prticas adotadas pela empresa
5. Marketing Cultural
Dentro do meio acadmico, a maioria dos autores que discorrem
sobre o marketing cultural
formulam conceitos muitos parecidos. E, diferente do marketing
social, a viso mercadolgica
da cultura fica muito clara. Para FISCHER (1998), marketing
cultural o conjunto de aes
promocionais baseadas em eventos, atividades culturais ou
produtos artsticos com o intuito de
criar, desenvolver ou reforar uma imagem favorvel organizao que
as patrocinam.
MUYLAERT (2000) afirma que o marketing cultural o conjunto de
recursos de marketing que
permite projetar a imagem de uma empresa ou entidade atravs de
aes culturais. Na mesma
linha de pensamento, FONSECA (2002) afirma que marketing
cultural um instrumento de
comunicao que utiliza a cultura como base para transmitir
determinada mensagem a um
pblico especfico.
Assim como o marketing social, o marketing cultural vem se
destacando no meio empresarial
pelo seu enorme potencial de agregar valor marca e estabelecer
uma comunicao direta com
os mais diversos pblicos-alvos. Segundo BRANT (2001)
Uma marca cultural bem posicionada e bem conceituada possui
uma
srie de valor agregados passveis de serem transferidos a uma
segunda
marca (a patrocinadora) a ela associada. Essa associao a
marcas
culturais bem posicionadas- e com as quais o pblico se
identifica-
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supre a necessidade do patrocinador de atingir e envolver o
pblico de
forma simptica e eficaz
Para SARKOVAS (1995), o marketing cultural apresenta-se de forma
eficaz no ponto de vista
mercadolgico, uma vez que possui quatro pilares que o sustentam.
O primeiro a concretude,
que o posicionamento da empresa e seus produtos na mente do
consumidor, incrementando
o relacionamento da empresa-cliente com maior valorizao da
mesma, aumentando, assim, a
identidade e fidelidade marca. O segundo a herana cultural, que
se expressa atravs do
patrocnio dos mais diversos segmentos artsticos, possibilitando
empresa contribuir para a
garantia da perpetuao da identidade cultural de um povo. O
terceiro a diversidade de
percepo, que traduz valores da empresa. Esses valores so
transmitidos atravs do tipo de
arte que patrocinada. O quarto e ltimo pilar a adequao, a
empresa deve incentivar um
grupo artstico que tenha pblico semelhante ao seu.
Em uma pesquisa emcomendada pelo Minc Fundao Joo Pinheiro, de
minas, descobriu-se
que o valor agregado das atividades culturais correspondia a
0,8% do PIB brasileiro, isto valendo
para o ano de 1994, quando se sabe que a partir de 1995 que o
governo federal passou a
estimular de modo mais incisivo os gastos no setor por meio das
leis fiscais de incentivo cultura
(Lei n 8.313 Lei Rouanet e Lei n 8.685 Lei do Audiovisual).
Motivo
Possibilidade de
respostas
mltiplas
Ganho de imagem
institucional 65,04%
Agregao de valor
marca 27,64%
Reforo do papel
social da empresa 23,58%
Benefcios fiscais 21,14%
Retorno de mdia 6,50%
Aproximao do
publico alvo 5,69%
Outro 3,20%
No citado 11,38%
Fonte: Fundao Joo Pinheiro
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A tabela acima mostra o resultado de pesquisa publicada pela
Fundao Joo Pinheiro. a
pesquisa revelou que a maioria das empresas, ao investir em
cultura procuram ter um ganho
de imagem institucional. No mbito cultural a imagem se torna uma
bem de troca, onde, por
exemplo, importante tanto para a produo de um evento ter a
imagem de uma empresa que
tenha credibilidade no mercado, o que lhe confere pblico e mdia,
quanto para a empresa ter
a imagem de um bem cultural de qualidade atrelada a sua marca. A
imagem pode, ainda, ser
modificada de acordo com o tipo de projeto cultural que apia,
como por exemplo: se uma
empresa quer passar uma imagem de modernidade ela vai apoiar
projetos de vanguarda.
Em quarto lugar na pesquisa encontra-se um fator que o marketing
cultural tem de diferencial
dentre as estratgias mercadolgicas, os benefcios fiscais. O
governo oferece incentivo fiscal
para as empresas que patrocinarem projetos culturais aprovados
previamente pelos rgos
responsveis de cultura. As principais leis de incentivo no Rio
de Janeiro so: Lei Rouanet, Lei do
Audiovisual, Lei do ICMS e a Lei do ISS.
Porm, a pesquisa feita pelo IPEA revela que muitos empresrios no
usam os benefcios das
leis de incentivo. 55% dos entrevistaram justificaram o no uso
pelo incentivo ser muito baixo e
no compensar e em segundo lugar, aparece como motivo a falta de
informao e
conhecimento das leis com 19% e em terceiro o fato da ao social
realizada no estava prevista
na legislao de incentivos com 14%.
6. Marketing Cultural ligado ao Marketing Social
"O marketing moderno reserva para o exerccio da
responsabilidade
social das empresas as funes mais nobres no processo da
conquista
das preferncias do mercado. Uma empresa atuante nessa rea,
e,
portanto sintonizada com as demandas culturais e sociais de
sua
comunidade, ser sempre preferida a qualquer outra que no possua
a
mesma capacidade de responder a essas aspiraes. (FRANCESCHI,
1998).
Aliar o marketing cultural com o marketing social, significa
atender de uma s vez dois nichos
fortes do mercado. Essa ligao se torna possvel quando se cria um
projeto cultural visando sua
ao social. Esse projeto pode ser voltado para um produto
cultural, para uma poltica cultural
duradoura ou para um evento.
O produto cultural tem como caracterstica principal ser slido e
multiplicvel. Quando se
elabora um projeto que vise a fabricao de um produto cultural
voltado para a rea social, na
maioria das vezes, o auxilio social est na reverso de parte ou
totalidade dos lucros adquiridos
atravs da venda do produto. Como por exemplo: Gravao de um CD,
DVD ou publicao de
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um livro, em que parte ou totalidade dos lucros vo para uma
causa social. Existem tambm
projetos em que o produto j o prprio auxlio. Como por exemplo:
Publicao de grandes
clssicos da literatura brasileira em braile.
Em contraposio, uma poltica cultural tem como caracterstica
principal sua durabilidade e o
convvio direto no local necessitado. O auxilio social de um
projeto elaborado para a criao de
uma poltica cultural na rea social, mais visvel e tem um carter
de transformao do
indivduo participante. Como por exemplo: a criao de um centro
cultural em uma comunidade
carente, onde a comunidade possa ter aula de dana, teatro, arte,
msica...
Um projeto cultural pode ainda ter como pretenso a concepo de um
evento cultural. O
evento cultural tem como caracterstica a volatilidade e
instantaneidade. O evento tem um ciclo,
comeo, meio e fim. O evento pode gerar um impacto muito grande
na sociedade, pois um
acontecimento fora do comum, que quebra a rotina. Quando o
evento cultural voltado para a
rea social, o auxilio pode ser o prprio evento. Como por
exemplo: uma exposio de arte
voltada para as crianas cegas. A reverso de parte ou totalidade
dos lucros adquiridos atravs
da bilheteria do evento. Como por exemplo: Show beneficentes. O
evento tambm pode existir
com a nica finalidade de chamar ateno causa. Como por exemplo:
um evento que fale sobre
o meio ambiente.
Quando uma empresa patrocina esse tipo de projeto associa a sua
imagem no s os valores
especficos marketing cultural como tambm os valores humanitrios
do marketing social. A
empresa demonstra compromisso social e passa a imagem de empresa
moderna, inserida na
comunidade, humanizando o empreendimento. Sendo assim, o
marketing cultural aliado ao
marketing social se torna uma tima estratgia mercadolgica de
construo de uma imagem
pblica positiva da empresa atravs de patrocnio de caridade. Isso
sem falar em gastos com
publicidade, pois a causa social e a cultura recebem muito mais
publicidade, atravs de mdias
espontneas, do que poderia ter se tivesse de pagar por ela.
6.1 Exemplos de Associao do Marketing Cultural e com o Marketing
Social
Produto:
A coletnea Serve rene vrios artistas interpretando seus
principais sucessos. A renda
arrecadada ser revertida para a entidade Artists Against Hunger
& Poverty (Artistas Contra a
Fome e a Pobreza). O CD beneficente em combate fome e pobreza
conta com nomes como:
Lenny Kravitz , Aerosmith, The Strokes e Dido.
Alguns dos maiores nomes da msica sertaneja se reuniram na casa
de shows Via Funchal,
em So Paulo, para um show beneficente em prol do Hospital do
Cncer de Barretos. As
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apresentaes sero gravadas e rendero o CD Direito de Viver, que
tambm ter seus
lucros revertidos para o Sistema nico de Sade, para ajudar na
luta contra o cncer.
O livro Um Mundinho para Todos, escrito e ilustrado pela artista
plstica e escritora
Ingrid Biesemger Bellinghausem, tem como tema a incluso social.
A obra, que se destina a
crianas na faixa de 2 a 5 anos, foi impressa com letras
ampliadas, em braille, e os desenhos
so em relevo para tambm serem compreendidos pelos leitores com
baixa viso e cegos.
A impresso em braille foi feita pela Fundao Dorina Nowill para
Cegos.
Poltica Social:
A Trupe Afro Circo o resultado concreto do uso do Circo como
ferramenta para aes
scio-pedaggicas com jovens de comunidades. Essa ao do Grupo
Cultural AfroReggae -
desenvolvida no Complexo de favelas do Cantagalo/Pavo/Pavozinho.
Teve incio em 1997,
os destaques do projeto foram para l encaminhados para a Escola
Nacional de
Circo/Funarte/Ministrio da Cultura localizado no Rio de Janeiro-
para, assim,
complementarem suas formaes, tornando-se, assim, profissionais
em Tcnicas Circenses.
Em parceria com a Secretaria de Sade de Guarulhos e a Associao
Cornlia Vlieg, a Pfizer
est desenvolvendo o Projeto TEAR Oficinas de Trabalho, Terapia e
Arte. O Projeto visa
promover a reabilitao psicossocial de portadores de transtornos
mentais e o
fortalecimento de suas redes de relaes sociais atravs do
trabalho, buscando o resgate da
auto-estima, a incluso social e a gerao de renda, respeitando o
tratamento teraputico
individual dos beneficiados. O Projeto TEAR est estruturado para
atender simultaneamente
100 usurios, alm de seus familiares, beneficiando cerca de 500
pessoas, atravs das
seguintes etapas: seleo e encaminhamento do usurio pelos centros
de sade pblica do
municpio; participao do usurio em atividades teraputicas e
educativas para estimular
seu interesse e capacidade produtiva; apresentao das oficinas de
trabalho para escolha
do usurio; aprendizagem e capacitao do usurio nas tcnicas de
produo; produo e
comercializao de produtos das oficinas; desenvolvimento de
programa de ateno e
informao s famlias dos usurios; avaliao do processo de trabalho
e superviso clnica;
capacitao dos usurios para formao de cooperativas sociais.
A Pirelli a patrocinadora do plo Santo Andr, um dos 180 que
integram o Projeto Guri,
criado em 1995 pela Secretaria de Cultura do Estado de So Paulo.
A iniciativa atende cerca
de 23 mil jovens e visa estimular o desenvolvimento de
diferentes habilidades por meio do
ensino tcnico da msica. O acordo foi firmado em agosto de 2004 e
pioneiro na cidade.
Implementado em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura,
o plo de Santo Andr
atende 222 crianas e jovens entre 8 e 18 anos, que participam
dos cursos de violino, viola,
violoncelo, contrabaixo, flauta transversal, clarinete,
saxofone, trompete, trombone,
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percusso e coral. A dedicao e a freqncia tanto na escola e
quanto no projeto so os
requisitos principais para cursar as oficinas.
Eventos:
O show o ponto alto da campanha Criana Esperana. Uma festa que
mobiliza cerca de
1000 profissionais, entre artistas, tcnicos, jornalistas, e
produtores. Desde sua primeira
edio, em 1986, o espetculo j aconteceu em quatro cidades
brasileiras: Rio de Janeiro,
Porto Alegre, Belo Horizonte e So Paulo. Mas foi nesta ltima que
se consolidou como um
mega-evento: no Parque do Ibirapuera, o Criana Esperana rene um
pblico de 15 mil
pessoas, em mdia. As crianas so sempre as donas da festa. O show
dedicado aos
meninos e meninas do Brasil e mostra suas alegrias, suas
necessidades e seus direitos. As
mensagens de otimismo e as vitrias da campanha Criana Esperana
so intercaladas com
apresentaes musicais e muitas surpresas. Ao longo de 20 anos,
passaram pelos palcos do
Criana Esperana quase 200 celebridades. Mas as verdadeiras
estrelas so os 73 milhes
de espectadores que assistem aos shows e contribuem com doaes
para melhorar a vida
de milhares de brasileirinhos. O dinheiro arrecadado no show
distribudo por vrios
projetos sociais espalhados pelo Brasil
O McDonald's se dedica a apoiar as instituies que lutam contra o
cncer infanto-juvenil
ao longo do todo o ano. A iniciativa de maior visibilidade o
McDia Feliz, que a empresa
promove anualmente desde 1988. Durante esse dia, a companhia
reverte para as entidades
cadastradas no Instituto Ronald McDonald toda a renda obtida com
a venda de sanduches
Big Mac, excludos os impostos. O sucesso da campanha resultado
do trabalho de milhares
de voluntrios, funcionrios, fornecedores, franqueados e
parceiros que no economizam
esforos para alcanar resultados cada vez melhores. Foram ao
todo, 30 mil voluntrios. A
ltima campanha a foi apadrinhada pelo cantor Felipe Dylon, que
faz grande sucesso entre
os adolescentes brasileiros. Houveram diversos shows nas
principais unidades do
Macdonalds. Vale ressaltar que alm dos recursos da venda dos Big
Macs, o McDia Feliz
recebe contribuies que no so computadas: o espao de mdia, a
criao e a veiculao
dos anncios de divulgao do evento, que so doados pelas emissoras
de rdio e TV,
editoras de jornais e revistas, agncias de publicidade e
grficas, entre outras empresas que
trabalham de forma voluntria.
A Corrida e Caminhada Contra o Cncer de Mama uma ao integrante
da campanha O
Cncer de Mama no Alvo da Moda. Alm de levar a mensagem de
preveno e deteco
precoce s participantes, a Corrida e Caminhada realiza, in loco,
exames de palpao das
mamas nas tendas mdicas instaladas em cada etapa do evento. Em
1999 foi realizada a
primeira Corrida e Caminhada Contra o Cncer de Mama em So Paulo
e no Rio de Janeiro,
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contando com a participao de 600 mulheres. Assim, o evento
configura-se como uma
grande festa que rene empresas, hospitais, artistas e comunidade
em prol da sade e
qualidade de vida.
7. Concluso
Num mercado to competitivo como o de hoje no se pode ter como
proposta para conquistar
clientes apenas a boa qualidade dos produtos. preciso ser
diferente do concorrente
justamente em uma rea que aproxime a sua empresa do consumidor.
Para isso agregar valor
a sua marca, e justamente a que entre o marketing cultural e o
marketing social, como
critrios de diferenciao. Essas aes so cada vez mais
identificadas pelo consumidor que
acabam por influenciar na imagem da empresa junto ao
mercado.
A utilizao desses dois novos marketings benfica para ambas as
partes, a empresa vender
mais, maximizar lucros, aumenta a fidelizao dos clientes,
aumentar o poder e o
reconhecimento da marca e melhorar a imagem corporativa frente
sociedade e ao governo.
J a sociedade ganha programas sociais e culturais voltados para
ela. Sem falar no aumento de
postos de trabalho e de visitao turstica, o que movimenta a
economia do pas como um todo.
Uma importante constatao, feita pela pesquisa publicada pela
Fundao Joo Pinheiro, que
para cada milho de reais gastos na cultura, geram-se 160 postos
de trabalho diretos e indiretos,
demonstrando a "face social da cultura". Como por exemplo: de
1995 a 1999, estima-se que
foram investidos cerca de R$400 milhes, presume-se que foram
engendrados 64.000 novos
postos de trabalho.
Quando essas duas novas estratgias se unem o patrocinador ganha
duplamente, pois sua
marca ser vista tanto com uma imagem de empresa que se preocupa
com a sociedade, como
imagem de uma marca que apia a cultura brasileira. Sendo assim,
as empresas que
conseguem aliar esses dois novos marketing, esto um passo a
frente dos concorrentes que
precisam gastar duas vezes para atingir os mesmos
resultados.
Aps toda a pesquisa feita para este artigo, foi possvel perceber
que mesmo com todas as
vantagens que o marketing social, o marketing cultural e sua
possvel unio podem oferecer a
uma empresa, estas ainda utilizam pouco desses novos aliados.
Segundo a Pesquisa de Ao
Social das Empresas, publicada pelo IPEA, isso se deve,
principalmente, pela falta de informao
e porque a iniciativa privada ainda est impregnada com antigo e
ultrapassado pensamento que
define o apoio a causa social como mera questo de caridade por
parte da empresa e que no
acrescenta em nada seus lucros. As empresas que visam lucros,
precisam mudar esse
pensamento pequeno e atrasado, e comear a levar mais a srio
essas duas novas estratgias,
pois est mais que provado: O dinheiro aplicado em marketing
cultural, marketing social e sua
possvel unio, no so meros gastos financeiros, so timos
investimentos.
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8. Referncias Bibliogrficas
BRASIL. MINISTRIO DA CULTURA. Diagnstico dos Investimentos na
Cultura no Brasil.
www.minc.gov.br
BRASIL. INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA. Pesquisa Ao
Social das Empresas.
www.ipea.gov.br
FRANCESCHI, Antnio, ORTIZ, Renato, RIBEIRO, Renato Janine.
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Bruna Sarieddine Barcelos (UFF) [email protected]