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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
O mundo dos jornalistas: aspectos teóricos emetodológicos
Fábio Henrique Pereira*
ResumoEste artigo se propõe a debater, por meio de uma revisão
de bibliografia, apertinência do conceito sociológico de mundo
social aplicado aos estudos sobreJornalismo. Fundamentado na
tradição do interacionismo simbólico, esse con-ceito é geralmente
utilizado para analisar fenômenos cujo reconhecimento socialexiste,
sem a necessidade de estarem situados apenas em um
espaçoinstitucionalizado. Nesse caso, entende-se que a compreensão
sobre o Jornalis-mo não pode se limitar às práticas da redação, mas
se estende por diferentesesferas sociais. Para funcionar, o
Jornalismo depende de uma rede decooperadores que inclui as fontes,
o público, os articulistas, cronistas, os asses-sores de imprensa,
os anunciantes, os gráficos, os produtores de papel e tinta,etc. O
conceito permite escapar a uma visão essencialista sobre
Jornalismo,situando-o como uma realidade social construída a partir
das interações simbó-licas entre diferentes atores. Trata-se também
de uma teoria sociológica demédio alcance, cuja aplicação permite
abordar as dinâmicas de funcionamentoe transformação do espaço
jornalístico, além de questões relativas à identidadee práticas
sócio-discursivas.Palavras-chave: Jornalismo. Mundo social.
Interacionismo simbólico. Transfor-mação. Identidade e
práticas.
Journalists worlds: theoretical and methodological
aspectsAbstractThis paper proposes to discuss, through a
bibliography revision, the pertinenceof the sociological concept of
social world applied to Journalism studies. Foundedat symbolic
interactionism tradition, this concept is generally used to
studyphenomenon which social recognize exists, but not necessarily
in an institution-alized space. In this case, we understand that
Journalism comprehension mustnot be limited to newsmaking process,
but is extensible to different socialspheres. To operate,
Journalism depends of a net of cooperation that includes
* Jornalista, doutor em Comunicação e pesquisador-associado ao
Programa dePós-Graduação em Comunicação da Universidade de
Brasília. É também assessorde comunicação do Portal de Periódicos
da Capes. Como pesquisadorespecializou-se em metodologia de
pesquisa, Jornalismo on-line e identidadeprofissional dos
jornalistas. E-mail: [email protected].
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sources, public, opinion writers, press services, advertisers,
printers, paper andink manufactures, etc. This concept allows
escaping from an essentialist visionabout Journalism to define it
as a social reality constructed by symbolic inter-actions between
different actors. It is also a sociological theory of the
middlerange, which application allows approaching functioning and
changing dynamicsof journalistic sphere and also questions
concerning identity and social-discur-sive practices.Keywords:
Journalism. Social world. Symbolic interactionism. Changing.
Iden-tity and practices.
El mundo de los periodistas: aspectos teóricos y
metodológicosResumenEsto artículo tiene la finalidad de discutir, a
partir de une revisión de bibliogra-fía, la pertinencia de la
noción sociológica de mundo social aplicada a los estu-dios de
Periodismo. Basado en la tradición del interaccionismo simbólico,
esteconcepto es generalmente utilizado para analizar los fenómenos
socialmentereconocibles sin la necesidad de estaren situados en un
espacioinstitucionalizado. En este caso, se entiende que la
comprensión sobre el Perio-dismo no puede limitarse a la práctica
de producción noticiosa, sino abarcadiferentes esferas sociales.
Para funcionar, el Periodismo depende de una red decolaboradores
que incluye las fuentes, el público, los articulistas y cronistas,
losasesores de prensa, los anunciantes, los gráficos, los
productores de papel ytinta, etc. El concepto permite escapar de
una visión esencialista sobre el Pe-riodismo, situándole como una
realidad socialmente construida a partir de lainteracción simbólica
entre los diferentes actores. También es una teoría socio-lógica de
mediano alcance, cuya aplicación permite comprender tanto las
diná-micas de funcionamiento y transformación del espacio
periodístico comocuestiones relativas a la identidad y sus
prácticas socio-discursivas.Palabras clave: Periodismo. Mundo
social. Interaccionismo simbólico. Transfor-mación. Identidad y
prácticas
Introdução
Nos últimos anos, os estudos sobre o Jornalismo no Brasil e no
mundo lusófono têm experimentado grandes avan- ços. A criação da
Associação Brasileira de Pesquisadoresem Jornalismo (SBPJor), de
grupos e redes de pesquisa, contribuiupara o fortalecimento
institucional do campo. Ao mesmo tem-po, observa-se um esforço de
sistematização de estudos e mes-
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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
mo de criação de um corpo teórico específico a essa área do
co-nhecimento1.
Dentro desse cenário, nos parece importante contribuir umpouco
para o desenvolvimento do campo, trazendo à tona discus-sões em
torno da necessidade de se aplicar ao Jornalismo, teoriase estudos
que ajudem a explicar suas dinâmicas de funcionamentoe
transformação. Negligenciar esse tipo de abordagem nos estudossobre
Jornalismo pode levar à falsa impressão de que existiria umasuposta
‘natureza’ dessa prática. Enquanto construto histórico, oJornalismo
está imerso na processualidade do meio social. Damesma forma que
sua produção deve ser situada como uma práticasimbólica que
constrói socialmente a realidade, o próprio objetoJornalismo deve
ser visto como integrante dessa realidade social-mente construída
(PEREIRA, 2007a). Esse tipo de olhar sobre aatividade, dirigido, na
maioria das vezes, por sociólogos, antropó-logos e historiadores,
também deve ser partilhado por pesquisado-res do próprio campo da
Comunicação2.
Algumas discussões sobre essa abordagem já foram realizadospelos
professores da Réseaux d’etudes sur Le Journalisme (REJ), umgrupo
internacional de pesquisa, composto por brasileiros,
franceses,canadenses e mexicanos. Do debate, já resultaram duas
publicaçõescoletivas3. Nelas, alguns autores vão contrapor a idéia
da prática
1 Sobre o assunto, ver: PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. São
Paulo. EditoraContexto. 2005; SOUSA, J. P. As Notícias e os Seus
Efeitos. Coimbra: Minerva,2000; TRAQUINA, N. ‘As notícias’ in
TRAQUINA, Nelson (org.) Jornalismo:Questões, teorias, estórias. 2ª
ed. Lisboa: Vega, 1993, pp. 167-176; TRAQUINA,N. O Estudo do
Jornalismo no Século XX. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2001;TRAQUINA,
N. Teorias do Jornalismo, porque as notícias são como são. 2ª
ed.Florianópolis: Insular, 2005.2 A dificuldade está justamente em
articular essas duas instâncias de construçãoda realidade. Sobre o
assunto, Boyer & Hannerz (2006: 08), explicam que
“Theethnography of journalists offers more fine-grained insights,
on the one hand, intothe mediating practices of representation and
circulation without which therewould be no media, and, on the
other, into the institutional and professionalschemes and technical
instrumentaria that wreathe, suffuse, and to some extentset
conditions of possibility on the mediating labors of journalism”3
RINGOOT, R. e UTARD, J.-M. (orgs.). Le journalisme en invention.
Nouvellespratiques, nouveaux acteurs. Rennes : PUF, 2005; AUGEY, D;
DEMERS, D;TÉTU, J-F (orgs.). Figures du journalisme. Brésil,
Bretagne, France, La Réunion,Méxique, Québec. Québec: PUL,
2008.
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FÁBIO HENRIQUE PEREIRA
jornalística enquanto uma formação discursiva (FOUCAULT,
1969;RINGOT & UTARD, 2005) a outros conceitos pertinentes à
aná-lise do objeto, como o de campo jornalístico (BOURDIEU,
1997;2002; CHAMPAGNE 1993; MARCHETTI, 2002) e a noção deparadigma
(BRIN, CHARON & BONVILLE 2004).
Neste artigo, tentaremos trazer para esse debate o conceito
demundo social para as pesquisas sobre o Jornalismo. Será abordada
apertinência do termo e sua aplicabilidade. Para sustentar
nossosargumentos, faremos uso de exemplos retirados do cotidiano
domundo dos jornalistas, de trabalhos alheios, de outras
pesquisasindividuais e de nossa tese de doutoramento4, Os
jornalistas-intelec-tuais no Brasil: identidades, práticas e
transformações no mundo social,cujas análises se fundamentaram na
aplicação direta do conceito.
O interacionismo simbólico e os pressupostos teóricos doconceito
de mundo social
O conceito de mundo social se ampara abordagem sociológicado
interacionismo simbólico. Groso modo, essa perspectiva centrasua
análise na maneira como as linhas de comportamento são ela-boradas
pelos atores tendo em vista os limites da ação do seuinterlocutor.
Tais atores não se resumem às pessoas, podendo haverinterações com
objetos físicos, grupos sociais, instituições, concei-tos e
abstrações. Cada interação se fundamenta em um processocomplexo em
que o indivíduo busca orientar suas ações a partir daforma como ele
interpreta e antecipa a reação do outro. Efetivadaessa reação, o
sujeito reavalia sua linha de conduta e a orientapara a interação
subseqüente.
Convergindo com as perspectivas construtivistas (SCHUTZ,1967;
HERITAGE, 1991), o interacionismo simbólico destaca ocaráter
contextual da ação social, na medida em que as
motivaçõessubjacentes a ela devem ser situadas no ato da interação,
na formacomo o indivíduo define e interpreta o objeto sobre o qual
ele serelaciona. Para essa abordagem, toda interação é
simbolicamente
4 Tentaremos aqui trabalhar as condições expostas por Anselm
Strauss (1992)para a realização de um bom trabalho de pesquisa:
sensibilidade teórica, qualidadedo material empírico e também
experiência pessoal do pesquisador.
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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
mediada. Ela pressupõe que o ator social se oriente de acordo
coma representação que faz do outro. A construção desse outro
remetea uma série de presunções sobre o interlocutor, algumas
ligadas aexperiências individuais, mas também a contextos
coletivos, a umadimensão que poderíamos chamar de estrutural,
operacionalizadapor um dos criadores dessa perspectiva, o filósofo
e psicólogo socialGeorge W. Mead (1934, p.155-156), pelo conceito
de “outro ge-neralizado” (generalized other).
O interacionismo simbólico busca, portanto, incorporar
duasdialéticas fundamentais à compreensão da sociedade. Primeiro,
aidéia de que toda interação é um processo de ação sobre o
outro(indivíduo, grupo, comunidade), no plano simbólico (das
‘pala-vras’) e também no plano concreto da vida social (das
‘coisas’).Segundo, porque essa relação se articula nas dimensões
estrutural/sociológica e individual/psicológica.
A especificidade dessa perspectiva está justamente na formacomo
a interação simbólica deve ser entendida como um lócus
privi-legiado de análise dos fenômenos sociais. Os interlocutores
envolvidosno processo interativo orientam, confrontam, confirmam ou
modifi-cam suas visões de mundo e práticas tendo em vista a relação
com ooutro. Nesse sentido, a interação adquire um caráter evolutivo
etransformador, construindo a identidade e a conduta individual,
aomesmo tempo em que funciona como instância de construção
darealidade social (STRAUSS, 1992. STRAUSS et al.,1964)
Partindo desses pressupostos, o conceito de mundo social
cons-titui-se no que Merton (1970) chama de “teoria social de
médioalcance”, um modelo analítico capaz de aproximar as abstrações
decaráter teórico expostas pelo interacionismo simbólico a
eventosobservados no cotidiano das sociedades. Além disso, traduz e
ampliaa idéia da interação em um conjunto de conceitos e
procedimentosque abrangem desde a identidade e as práticas
individuais até mu-danças mais abrangentes, de ordem estrutural.
Nesse sentido, defen-demos sua aplicabilidade nos estudos sobre o
Jornalismo.
O mundo dos jornalistas
Um mundo social consiste em uma rede de pessoas envolvidana
realização de uma atividade cooperativa (BECKER, 1982;
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FÁBIO HENRIQUE PEREIRA
GILMORE, 1990; STRAUSS, 1992). Elas coordenam as práticastendo
como base um corpo de entendimentos, de interesses e deartefatos
necessários à realização de um ato social maior. Os mun-dos são
diferentes das instituições e das organizações, pois suasdinâmicas
de funcionamento não estão necessariamente funda-mentadas em
relações de poder, autoridade ou dominação(GILMORE, 1990, p.152).
Além disso, a participação dos indiví-duos não depende de um
pertencimento institucional. Ela estáassociada apenas às formas
convencionais de atuar na realizaçãodessa atividade. Por isso,
“pertencer a todos esses mundos sociaisimplica em engajamentos
variados de ordem geram que ultrapas-sam os engajamentos
específicos e facilmente perceptíveis elosescritórios, as
instituições, organizações, bandos e especialidadesem relação com o
mundo social5” (STRAUSS, 1992, p.173).
Com exceção do livro O mundo dos jornalistas, de IsabelTravancas
(1992), constata-se uma carência de aplicação desseconceito ao
campo da Comunicação no Brasil. Por isso, para de-finirmos e
trabalharmos com essa conceito, recorreremos aqui aalguns
pressupostos adaptados da obra de Howard S. Becker(1982), Art
Worlds (“Mundos da arte”) e das conclusões extraídasdo citado livro
de Travancas.
Redes de colaboradores e a extensão de um mundo social
Um mundo social é formado por uma “rede de cooperação”(net of
cooperation), cujos atores participam, em diferentes graus,da sua
atividade fim. Essa rede não se limita ao que Becker (1982,p.13)
chama de “âmago” (core) de um mundo social, ou seja, a umconjunto
restrito de atividades plenamente identificadas comdeterminada
prática social. Um mundo social, na verdade se esten-de, por toda a
sociedade, interagindo com diferentes espaços,domínios e
atores.
5 Tradução do autor de: “ appartenir à tous ces mondes sociaux
implique desengagements variés d’ordre général que dépassent les
engagements plusspécifiques et facilement perceptibles pour les
bureaux, les institutions,organisations, cliques et spécialités en
relation avec le monde social”.
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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
Para o senso-comum, Jornalismo é associado a certas ativida-des
que compõem o seu âmago, geralmente ligadas à produção donoticiário
(a apuração, redação e edição), feita por jornalistas, apartir do
espaço das redações (BAHIA, 1990, p.9). Essa definiçãoé
suficientemente arraigada nas sociedades que serve como funda-mento
de uma parte expressiva de pesquisas etnometodológicassobre as
rotinas de produção dos jornalistas, realizadas desde osanos 1970
(TRAQUINA, 2001, p.94).
Um olhar mais atento, entretanto, mostra que a redes
decooperação que compõe o mundo dos jornalistas vão muito
alémdessas práticas. Por um lado, os produtos jornalísticos
impregnamvários outros teatros da experiência social (BOYER
&HANNERZ, 2006, p.6). Além disso, sua produção no interior
dasredações depende de um número expressivo de atores sociais,
não-jornalistas, como os office boys, as secretárias, os técnicos
eminformática, seguranças, gerentes e diretores de empresas de
comu-nicação (TRAVANCAS, 1992, p.101). Envolve ainda colaborado-res
externos, como as fontes, o público, os articulistas, cronistas,os
assessores de imprensa, os anunciantes, os publicitários, osdonos
das bancas de revista, os gráficos, os produtores de papel etinta,
etc. Sem eles, um jornal não poderia sair ou não sairia daforma
como normalmente é concebido.
O conceito de rede de cooperação, sua extensão e as relaçõesque
ele estabelece na produção do ato social maior que caracteriza
omundo dos jornalistas é fundamental para compreendermos aspectosdo
Jornalismo que escapam às abordagens de caráter essencialista
efuncionalista. Os questionamentos sobre as rotinas produtivas de
umjornal não podem ignorar as interações estabelecidas com as
fontes(HALL et al.,1993; SCHLENSIGER, 1992) e com o
público(RUELLAN, 2006, p.05). Também, os despachos enviados pelas
agên-cias de notícia e pelos setores de comunicação institucional
ocupamum lugar cada vez maior na composição do noticiário. Se
pensarmosbem, uma greve dos gráficos ou um corte na produção de
papel pos-sui, nos dias de hoje, maior probabilidade de atrapalhar
ou mesmoimpedir a publicação de um jornal impresso do que uma
paralisaçãodos jornalistas, personagens que, por definição, ocupam
um lugarcentral na produção do noticiário.
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No campo da identidade, essas considerações ajudam a tra-balhar
melhor os conflitos em torno de quem deve exercer as ati-vidades
consideradas essenciais ao mundo social. Se o Jornalismonão depende
apenas das práticas de reportagem, figuras externasà redação ou
não-praticantes desse gênero, como os assessores deimprensa e os
jornalistas-intelectuais, podem, em alguns casos,reivindicar a
identidade de jornalistas ou rediscutir sua inserçãocomo
integrantes desse espaço.
No caso da comunicação institucional, todo o debate sobre
aatribuição do estatuto de jornalista aos profissionais que
trabalhamem assessorias de imprensa se organiza em torno do que
deve serdefinido como âmago ou “natureza” da prática jornalística.
Comomapeamos em trabalhos anteriores (PEREIRA, 2006; 2007b),
osargumentos contrários à inclusão dos assessores ao âmago do
Jor-nalismo se prendem fundamentalmente à idéia que somente
otrabalho realizado nas empresas de comunicação garante
acredibilidade e a legitimidade de um trabalho
verdadeiramentejornalístico. Os defensores, por outro lado, colocam
a definiçãodesse âmago em outro patamar, no qual o processo de
difusão deinformações de interesse público independe do tipo de
instituiçãoenvolvida nessa atividade. Nesse caso, um assessor de
imprensacuja produção obedece aos critérios de interesse público
pode serjornalista, mesmo que nunca tenha pisado numa redação.
Observa- se, nesse caso, um impasse que uma
reflexãoessencialista (‘Qual a verdadeira natureza do Jornalismo’)
oufuncionalista (‘qual a função no Jornalismo na sociedade?’)
éincapaz de resolver. Isso porque esses discursos podem ser
apro-priados tanto para incluir, quanto para excluir o estatuto de
as-sessor de imprensa dentro do rol de práticas que merecem
aidentidade profissional de jornalista. Daí a necessidade de nãose
limitar a análise às dinâmicas e as visões que são emitidas
dedentro, tendo como referência apenas o grupo
profissional(RUELLAN, 1993; 2006). É preciso, na verdade, trabalhar
tam-bém com as práticas de outros integrantes do mundo
social.Santa’Anna (2005) e Moura et all (2008) mostram, por
exem-plo, como as ações desenvolvidas pelas entidades sindicais
(quedefinem o jornalista pela posse do registro profissional,
indepen-
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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
dente de atuarem em empresas jornalísticas ou em assessoriasde
comunicação), pelas instituições não-midiáticas, públicas eprivadas
(que contratam jornalistas para divulgarem suas açõesjunto à mídia
e ao público) e pelo próprio público (que podeeventualmente
reconhecer e legitimar esses práticas e profissi-onais como
pertencentes ao mundo dos jornalistas) fornecemexplicações mais
adequadas ao processo de expansão das fron-teiras profissionais
(RUELLAN, 1993) e de redefinição doâmago dessa atividade no
Brasil.
Da mesma forma, ao analisarmos os
jornalistas-intelectuaisbrasileiros, profissionais que se
caracterizam por possuírem re-lações de duplo pertencimento ou
dupla identidade, transitandoem espaços de conivência entre a
imprensa, o meio político eo intelectual, exploramos melhor a
extensão da rede de colabo-radores desse mundo social (PEREIRA,
2008, p.203-204). Ob-servamos, nesse caso, que além das interações
realizadas comatores situados próximo ao âmago do Jornalismo – os
pares jor-nalistas, as fontes, o público e os patrões – os
jornalistas-inte-lectuais devem parte do seu status às relações com
diferentesgrupos sociais, presentes no decorrer das suas
trajetórias sócio-profissionais. Destacamos, nesse caso, a ação dos
intelectuais,do Estado, do mercado, dos editores e críticos
literários, parti-dos políticos, sindicatos e movimentos sociais,
entre outros,como co-responsáveis pela atribuição da identidade
desse gru-po. Nossas conclusões apontaram ainda para uma
reputaçãoque é adquirida dentro de uma espécie de mosaico de
inte-rações, que se entende por praticamente toda a sociedade.
Essecaráter fragmentário oferece uma descrição bastante adequadado
mundo social, da sua extensão variável, da imprecisão dasfronteiras
que regem a atividade jornalística.
Jornalismo e convenções
Todo mundo social é marcado por um conjunto de conven-ções. Elas
decidem os termos da cooperação, tornando as deci-sões mais simples
e providenciam a base para que os participantespossam atuar juntos
e de forma eficiente na produção de um tra-
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balho6. Seguindo esse ponto de vista, a periodicidade de um
ve-ículo, as rotinas de uma redação (pauta, apuração, redação,
edi-ção, diagramação) e as técnicas jornalísticas (lead e
pirâmideinvertida) se constituem em convenções correntes no mundo
dosjornalistas. Do ponto de vista convencional, o processo de
pro-dução de notícias passa ser visto como uma dinâmica
interativa,“onde diversos agentes sociais exercem um papel ativo no
proces-so de negociação constante” e cuja necessidade de prever a
co-bertura dos fatos se materializa em um conjunto de
rotinasprodutivas (TRAQUINA, 2001, p.64).
As convenções variam conforme o grau de formalização. Po-dem ser
sistematizadas no mundo dos jornalistas por meio de có-digos
deontológicos, leis, manuais de redação, de um corpo deconceitos e
teorias, presente em livros e ensinado nas faculdades.Ou podem
existir de forma menos formal, partilhadas apenas pelosque
participam de determinada atividade diretamente ligada aométier. O
trabalho de leitura diária dos jornais concorrentes comoponto de
partida para as pautas – o que Bourdieu (1997, p. 32)chamou de
“circulação circular da informação” – e a prática dopool – o
compartilhamento das informações entre os jornalistasdesignados por
determinadas coberturas – são exemplos de con-venções
não-codificadas, mas que são rotineiramente adotadas nomundo dos
jornalistas.
Parte dessas convenções é socializada a todos os integrantesdo
mundo social, de forma a coordenar sua participação na redede
cooperação. Um assessor de imprensa precisa estar atento àsrotinas
e à linha editorial de um jornal. O público geralmenteconhece os
formatos narrativos canônicos do Jornalismo. Umaempresa de
publicidade deve conhecer os deadlines e a linha edi-torial do
veículo onde quer anunciar. Certas convenções são tãoligadas a um
desses mundos que são experienciadas como se fos-sem parte da
cultura, da estrutura social. A periodicidade dosjornais é um
exemplo típico desse fenômeno. Outras são suficien-
6 Nesse sentido, as convenções correspondem, numa dimensão mais
ampla, aosistema normativo que delimita certas características de
uma interação,permitindo aos atores anteciparem as reações do outro
e orientarem suas ações.
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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
temente estáveis no mundo social para serem utilizadas no
treina-mento de novos membros. É caso das técnicas de redação
ensi-nadas nos cursos de Jornalismo. Algumas possuem
caráternormativo ou se propõem à defesa do grupo social. Fazem
partedesse tipo de convenção a noção de objetividade no Jornalismo,
aregra de ouvir os dois lados e os códigos deontológicos.
Mesmo quando estão arraigadas ao mundo social, as conven-ções
não são imutáveis. Como parte integrante de uma ordemnegociada,
elas dão margem a formas distintas de interpretaçãoe mudança.
“Convenções representam a ajustamento contínuodas partes
cooperadoras para a mudança das condições nas quaiseles praticam,
quando as condições mudam, eles mudam7”(BECKER, 1982, p.59).
De fato, as convenções dificilmente conseguem cobrir todas
assituações vividas no âmbito de um mundo social. Isso abre
margempara a introdução de inovações destinadas a resolver
contextosespecíficos. Algumas delas podem ser incorporadas ao mundo
so-cial, desde que aceitas pelos demais membros. Foi o que
aconteceuna década de 50 no Brasil, com a introdução de técnicas
como olead, a pirâmide invertida e a noção de objetividade. Outras
con-venções podem ficar restritas a um contexto ou a um grupo
decolaboradores (como no caso do Novo Jornalismo norte-america-no)
ou podem ainda desaparecerem (como o antigo estilo do “na-riz de
cera”, utilizado na abertura dos textos jornalísticos até adécada
meados do século XX).
A opção por inovar ou continuar utilizando as convenções nomundo
social remete à forma como um membro concilia seus in-teresses (de
experimentação ou solução de um problema específi-co) e o modo como
essas mudanças são aceitas e partilhadas pelosdemais participantes.
Sempre é possível fazer diferente, desde quese pague o preço por
isso: maior esforço, menor circulação, perdado emprego, etc. Por
isso, o mundo social pode ser visto como umacombinação de aspectos
convencionais e inovadores (BECKER,1982, p.59).
7 Tradução do autor de: “Conventions represent the continuing
adjustment of thecooperating parties to the changing conditions in
which they practice, as condi-tions changes, they change”.
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Escolhas e reputação
A relação entre o indivíduo e o mundo social é
cotidianamentevivenciada nas escolhas feitas pelos participantes.
Escolhas são, naverdade, interações que um membro realiza com ou
tendo em vistaos demais atores envolvidos nas atividades de
cooperação do mundosocial. As escolhas podem ou não ser
verbalizadas e sempre levam emconta a existência de um interlocutor
– mesmo que não seja neces-sariamente uma pessoa. É a partir delas
que o sistema convencionalé colocado em prática, podendo ou não ser
aceito, levando ou não ainovações no mundo social. O ato social
maior que caracteriza ummundo social é, na verdade, o resultado
dessas infindáveis escolhas.A veiculação de uma notícia em um
jornal pode ser definida dessaforma. Ela envolve, por exemplo, a
escolha da pauta, das fontes, dasperguntas feitas ao entrevistado,
do enquadramento adotado, damelhor forma de redigir, de editar, de
diagramar, do horário escolhidopara o fechamento, do papel e do
tipo de impressão adotados, daforma de distribuição, da decisão de
comprar o jornal, de ler determi-nada notícia, de como
interpretá-la, etc.
As escolhas subjacentes à produção jornalística não são
neces-sariamente racionais ou coerentes – embora um olhar
apressadopossa dar a impressão de que elas são orientadas pela
manutençãoda funcionalidade do sistema. Nesse caso, é possível
integrar àspesquisas sobre o produto jornalístico (análises de
conteúdo, dediscurso, pragmática, etc.), questões relativas à
processualidade dasua confecção, expressa pelas escolhas realizadas
por membrospertencentes às redes de cooperação. Do ponto de vista
do con-ceito de mundos social, uma análise da cobertura de
determinadoveículo sobre o governo Lula, por exemplo, deve remeter
à con-juntura nacional e ao do posicionamento ideológico de
veículo,mas também a aspectos do cotidiano com o jornalista, suas
rela-ções com as fontes, editores, podendo chegar ainda à
recepçãodesse texto pelo leitor.
Na medida em que trabalha conjuntamente produção e pro-duto, o
conceito de mundo social evidencia como, mesmo nassituações mais
cotidianas, cobertas em sua maioria pelo sistema deconvenções, o
mundo social sempre envolve instâncias de nego-
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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
ciação entre diferentes atores (BOYER & HANNERZ,
2006).Remete-se, portanto, à tensão subjacente à prática
jornalística,entre a estabilidade sócio-cognitiva dessa atividade e
os diferentesgraus de inovação e mudança que vão afetá-la
(CHARRON;BONVILLE, 2004).
Ao trabalharmos um espaço social em termos de escolha,abre-se
ainda a possibilidade de cobrirmos situações de
âmbitomicro-sociológico, como, por exemplo, a trajetória de um
indiví-duo ou grupo sócio-profissional. Nesse caso, as escolhas
evidenci-am como a conquista de um status ou de uma posição no
mundosocial não é fruto do acaso ou de uma ordem lógica
eunidirecional – embora algumas escolhas possam ser previstas
noâmbito das carreiras profissionais (STRAUSS, 1992, p.114), masdas
dinâmicas de interação simbólica.
Na pesquisa sobre os jornalistas-intelectuais, percebemos,
porexemplo, como um grupo aparentemente análogo refletia
umadiversidade de escolhas - engajar-se politicamente, publicar
umlivro, ingressar em uma universidade, etc., - dispersas no
decorrerde suas histórias de vida. Essas escolhas, ao mesmo tempo
em queexplicam a reputação alcançada por esses atores, remetem à
rela-ção desse status com o contexto estrutural, sem se
constituíremnecessariamente em caminhos naturais ou obrigatórios na
constru-ção dessas carreiras. Nesse ponto, nosso trabalho tangencia
umconceito similar utilizado pela sociologia bourdieusiana – a
noçãode habitus, embora sem nos prendermos às relações estritas
dedominação estabelecidas por Bourdieu (2002) entre essas
trajetó-rias e as lógicas de funcionamento do campo.
É, portanto, a partir das escolhas que se constrói a reputa-ção
dos indivíduos no mundo social. O conceito de reputaçãoestá ligado
ao processo de atribuição da identidade pelo outrodurante o
processo interacional. Contudo, ela não se limita aoface a face da
interação. Toda reputação é, em alguma medida,partilhada pelos
demais membros do mundo social. Além disso,ela pode ser atribuída
não só a uma pessoa, mas um grupo, umainstituição, uma comunidade.
É o caso da reputação atribuídaaos jazzistas de New Orleans ou aos
jornalistas-escritores da re-vista New Yorker.
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FÁBIO HENRIQUE PEREIRA
A reputação de um ator social depende das escolhas (consci-entes
ou não) que ele realiza na sua trajetória no interior domundo
social, mas também da base convencional vigente numdeterminado
momento. Existe, na verdade, uma relação entre oque é aceitável em
termos de mundo social (negociado com osdemais membros), a
reputação dos atores envolvidos e a decisãode manter ou romper com
determinado conjunto de convenções.
As reputações não são consideradas da mesma forma por todosos
membros de uma atividade. Certas práticas que antigamentegarantiam
a reputação de um jornalista – o engajamento político ouo
beletrismo literário, por exemplo – passaram a ser mal vistas
apartir de 1950. Da mesma forma, um jornalista que possui um
olharcrítico sobre a profissão pode adquirir uma má reputação entre
oscolegas e, por outro lado, possuir legitimidade no meio
acadêmico.
Transformações no mundo dos jornalistas
Além de explicar as dinâmicas de funcionamento do Jornalis-mo, o
conceito de mundo social oferece linhas de análise sobre asgrandes
transformações que atingem esse espaço. Ao trabalharsobre o meio
artístico, Becker (1982, p.304) fala em processos queresultam em
mudanças evolutivas ou revolucionárias dos mundossociais e também
de fenômenos mais localizados de segmentação,que atingem um grupo
restrito de atores e práticas. De formaanáloga, o Jornalismo não é
imutável, e, para analisar tais trans-formações, é preciso situar o
grau de alteração nas atividades decooperação e na linguagem
convencional, que podem desencadearmudanças gradativas ou
revolucionárias. Elas podem ter origem,por exemplo, na difusão de
novas tecnologias e conceitos ou naintrodução de uma nova
audiência. Como conseqüência, ocorremmudanças nessa atividade,
observadas do ponto de vista ideológicoe também organizacional.
Esses pressupostos permitem, introduzir operadores para
analisarcomo e por quê o Jornalismo se (re)configura em determinado
pe-ríodo histórico. O aparecimento webjornalismo, por exemplo, é
re-sultado direto de uma nova base convencional introduzida a
partirde uma inovação tecnológica (a Internet e suas ferramentas),
mas
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O MUNDO DOS JORNALISTAS: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
também alterações na rede de colaboradores no mundo social.
Issoresulta da construção de um novo perfil de jornalista
profissional(ADGHIRNI, 2002; PEREIRA, 2004), do aparecimento de
novosmembros no mundo social – programadores, os
webmasters,webdesigners, de empresas criadas para explorar o novo
filão, etc. –, mas ainda de uma alteração no modo convencional de
colaboraçãode atores na produção jornalística. Numa pesquisa
realizada em2003, verificamos, por exemplo, uma intensificação do
aproveita-mento pelos novos sites de notícia do material produzido
pelas agên-cias e pelas assessorias de imprensa (PEREIRA, 2004,
p.97-99).Nesse caso, a internet alterou o processo de gatekeeping e
o status doatores externos envolvidos na produção jornalística.
O conceito de mundo social foi diretamente aplicado na
análisedas transformações do Jornalismo e suas relações com espaço
inte-lectual. Nesse caso, tratamos de investigar e questionar o
processoda autonomização e profissionalização do jornalista frente
aos de-mais grupos intelectuais a partir da década de 50 do século
passado.Essas mudanças foram desencadeadas pela introdução de
novasconvenções nas redações, fato que ocorreu paralelamente a
umexpurgo dos antigos beletristas e um ataque ideológico à velha
or-dem – os manuais de redação e a adoção da idéias de
objetividadejornalística ilustram esse fato. Contudo, o processo só
pôde ser com-pletado a partir de uma reorganização mais profunda
das redes decooperação de todo o meio político e cultural
brasileiro, o que per-mitiu aos antigos intelectuais se recolocarem
no mercado profissio-nal – como escritores cineastas, professores,
etc. –, passando aintervir no Jornalismo sob novas condições.
Esse processo, na verdade, já foi bastante analisado por
pes-quisadores da área. O interessante, nesse caso, é avaliá-lo a
partirde uma dialética que leve em conta o modo como ele foi
viven-ciado pelos atores (os jornalistas-intelectuais) e como essas
mudan-ças se refletem em um modelo explicativo sobre o
espaçojornalístico (o conceito de “mundo social”).
Se tomarmos como pressuposto que um mundo social possuiuma
expansão muito mais variável do que se observa nas ativi-dades que
compõem o seu âmago, devemos também estender aanálise sobre as suas
transformações para outros atores e espaços
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sociais que interagem com ele. De fato, nosso estudo sobre
astransformações no Jornalismo brasileiro aparece indissociável
douma análise dos meios político e cultural. Ele mostra como
aprofissionalização do militantismo ou a introdução de um sistemade
consagração universitária no país estão diretamente ligados
àemergência de um novo perfil de jornalista. Em consonância comos
conceitos de campo (BOURDIEU, 1997; 2002), fronteira(RUELLAN, 1993)
e formação discursiva (RINGOOT &UTARD, 2005), o que se coloca
aqui é o modo com o a compre-ensão do espaço jornalístico não se
limita ao discurso emitido pordentro, às supostas variações de sua
quintessência (CHARRON;BONVILLE, 2004, p.98), mas sempre se realiza
dentro de umponto de vista interdiscursivo, interacional e
historicamente si-tuado. Nesse sentido, o conceito de mundo social
se junta aosdemais como um modelo analítico que abre grandes
possibilida-des em termos de alcance e aplicação nas pesquisas
subseqüentessobre o Jornalismo.
Conclusão
Neste breve texto, analisamos a aplicação do conceito demundo
social nos estudos das dinâmicas de funcionamento etransformação do
Jornalismo. Trata-se, é claro, de um primeiroesforço de teorização,
de uma exposição ainda limitada sobre osmodos de utilização dessa
abordagem. Ela nos parece, contudo,bastante apropriada para
trabalhar resultados empíricos, sobretudode estudos etnográficos
sobre o Jornalismo dentro de um esforçode compreensão mais ampla
desse fenômeno social.
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