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O Livro dos Médiuns - Loja Virtual da FEB · 2016-05-10 · Guia dos médiuns e dos evocadores O Livro dos Médiuns ... 354; Perda e suspensão da mediunidade: 355. Capítulo XVIII

Nov 07, 2018

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O Livro dos Médiuns

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O ENSINO ESPECIAL DOS ESPÍRITOS SOBRE A TEORIA DE TODOS OS GÊNEROS DE MANIFESTAÇÕES, OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COM O MUNDO INVISÍVEL, O DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE, AS

DIFICULDADES E OS ESCOLHOS QUE SE PODEM ENCONTRAR NA PRÁTICA DO ESPIRITISMO, CONSTITUINDO O SEGUIMENTO DE O LIVRO DOS

ESPÍRITOS.

por

Allan Kardec

Tradução de Evandro Noleto Bezerra

ouGuia dos médiuns e dos evocadores

O Livro dos Médiuns

Contém

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Sumário

Introdução ................................................................ 11

PRIMEIRA PARTE

Noções Preliminares

Capítulo I – Há Espíritos? ......................................... 19

Capítulo II – O maravilhoso e o sobrenatural ........... 29

Capítulo III – Método .............................................. 45

Capítulo IV – Sistemas .............................................. 65

SEGUNDA PARTE

Manifestações Espíritas

Capítulo I – Ação dos Espíritos sobre a matéria ........ 95

Capítulo II – Manifestações físicas. Mesas girantes . 105

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Capítulo III – Manifestações inteligentes ................ 111

Capítulo IV – Teoria das manifestações físicas ........ 117Movimentos e suspensões: 118; Ruídos: 127; Aumento e diminuição do peso dos corpos: 135.

Capítulo V – Manifestações físicas espontâneas ....... 139Ruídos, barulhos e perturbações: 140; Arremesso de objetos: 152; Fenômeno de transporte: 159.

Capítulo VI – Manifestações visuais ........................ 175Perguntas sobre as aparições: 175; Ensaio teórico sobre as aparições: 188; Espíritos glóbulos: 195; Teoria da alucinação: 199.

Capítulo VII – Bicorporeidade e transfiguração ....... 207Aparições de Espíritos de pessoas vivas: 208; Homens duplos: 213; Santo Afonso de Liguori e Santo Antônio de Pádua: 214; Vespasiano: 216; Transfiguração: 218; Invisibilidade: 221.

Capítulo VIII – Laboratório do mundo invisível ..... 223Vestuário dos Espíritos: 223; Formação espontânea de objetos tangíveis: 226; Modificação das propriedades da matéria: 229; Ação magnética curadora: 235.

Capítulo IX – Lugares assombrados ........................ 237

Capítulo X – Natureza das comunicações ................ 247Comunicações grosseiras: 248; Comunicações frívolas: 249; Comunicações sérias: 250; Comunicações instrutivas: 251.

Capítulo XI – Sematologia e tiptologia ................... 253Linguagem dos sinais e das pancadas: 253; Tiptologia alfabética: 256.

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Capítulo XII – Pneumatografia ou escrita direta. Pneumatofonia ....................................................... 263

Escrita direta: 263; Pneumatofonia: 269.

Capítulo XIII – Psicografia ...................................... 271Psicografia indireta: cestas e pranchetas: 271; Psicografia direta ou manual: 275.

Capítulo XIV – Médiuns ......................................... 279Médiuns de efeitos físicos: 280; Pessoas elétricas: 285; Médiuns sensitivos ou impressionáveis: 286; Médiuns audientes: 287; Médiuns falantes: 288; Médiuns videntes: 289; Médiuns sonambúlicos: 295; Médiuns curadores: 297; Médiuns pneumatógrafos: 301.

Capítulo XV – Médiuns escreventes ou psicógrafos 303Médiuns mecânicos: 304; Médiuns intuitivos: 305; Médiuns semimecânicos: 306; Médiuns inspirados ou involuntários: 307; Médiuns de pressentimentos: 310.

Capítulo XVI – Médiuns especiais .......................... 311Aptidões especiais dos médiuns: 311; Quadro sinótico das diferentes espécies de médiuns: 315.

Capítulo XVII – Formação dos médiuns ................. 337Desenvolvimento da mediunidade: 337; Mudança de caligrafia: 354; Perda e suspensão da mediunidade: 355.

Capítulo XVIII – Inconvenientes e perigos da mediunidade ........................................................... 363

Influência do exercício da mediunidade sobre a saúde: 363; Influência do exercício da mediunidade sobre o cérebro: 364; Influência do exercício da mediunidade sobre as crianças: 365.

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Capítulo XIX – O papel dos médiuns nas comunicações espíritas ............................................ 369

Influência do Espírito pessoal do médium: 369; Sistema dos médiuns inertes: 374; Aptidão de certos médiuns para coisas que não conhecem, como línguas, música, desenho etc.: 376; Dissertação de um Espírito sobre o papel dos médiuns: 382.

Capítulo XX – Influência moral do médium ........... 391Perguntas diversas: 391; Dissertação de um Espírito sobre a influência moral do médium: 400.

Capítulo XXI – Influência do meio ......................... 407

Capítulo XXII – Mediunidade nos animais ............. 411

Capítulo XXIII – Obsessão ..................................... 423Obsessão simples: 424; Fascinação: 425; Subjugação: 427; Causas da obsessão: 433; Meios de combater a obsessão: 437.

Capítulo XXIV – Identidade dos Espíritos .............. 449Provas possíveis de identidade: 449; Distinção entre os Espíritos bons e os maus: 457.

Capítulo XXV – Evocações ...................................... 481Considerações gerais: 481; Espíritos que se podem evocar: 486; Linguagem a ser usada com os Espíritos: 491; Utilidade das evocações particulares: 494.

Capítulo XXVI – Perguntas que se podem fazer aos Espíritos ............................................................ 525

Observações preliminares: 525

Capítulo XXVII – Contradições e mistificações ....... 553Contradições: 553; Mistificações: 566.

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Capítulo XXVIII – Charlatanismo e embuste .......... 571Médiuns interesseiros: 571; Fraudes espíritas: 579.

Capítulo XXIX – Reuniões e Sociedades Espíritas ... 589Reuniões em geral: 589; Sociedades propriamente ditas: 600; Assuntos de estudo: 612; Rivalidade entre as Sociedades: 616.

Capítulo XXX – Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas ................................ 621

Capítulo XXXI – Dissertações espíritas ................... 635Sobre o Espiritismo: 636; Sobre os médiuns: 645; Sobre as Sociedades Espíritas: 652; Comunicações apócrifas: 668.

Capítulo XXXII – Vocabulário espírita .................. 681

Nota Explicativa ...................................................... 685

Índice geral ............................................................. 693

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INTRODUÇÃO

Todos os dias a experiência nos traz a confir-mação de que as dificuldades e os desenganos encon-trados na prática do Espiritismo resultam da falta de conhecimento dos princípios desta ciência, e felizes nos sentimos por haver podido comprovar que o nosso trabalho, feito com o objetivo de prevenir os adeptos contra os perigos do aprendizado, produziu frutos e muitos conseguiram evitar os escolhos, gra-ças à leitura atenta desta obra.

Um desejo muito natural entre as pessoas que se ocupam com o Espiritismo é o de poderem en-trar em comunicação com os Espíritos. Esta obra se destina a lhes facilitar o caminho, levando-as a tirar proveito dos nossos longos e laboriosos estudos, por-quanto formaria ideia muito falsa quem julgasse que, para tornar-se perito nesta matéria, basta saber colo-car os dedos sobre uma mesa, a fim de fazê-la girar, ou segurar um lápis para escrever.

Enganar-se-ia igualmente quem pensasse en-contrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns. Embora cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito

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Introdução

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diferentes e o seu desenvolvimento depende de cau-sas que criatura alguma pode provocar à vontade. As regras da poesia, da pintura e da música não fazem que se tornem poetas, pintores ou músicos os que não possuem o gênio dessas Artes; apenas os guiam no emprego de suas faculdades naturais. Dá-se a mesma coisa com o nosso trabalho; seu objetivo consiste em indicar os meios de desenvolver a faculdade mediúni-ca, tanto quanto o permitam as disposições de cada um e, sobretudo, dirigir-lhe o emprego de maneira proveitosa, quando existir a faculdade. Este, porém, não é o único objetivo a que nos propusemos.

Ao lado dos médiuns propriamente ditos, aumenta diariamente o número de pessoas que se ocupam com as manifestações espíritas. Guiá-las em suas observações, assinalar-lhes os obstáculos que certamente encontrarão por se tratar de uma coisa tão nova, iniciá-las na maneira de conver-sarem com os Espíritos, ensinar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações, tal é a esfera que devemos abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto. Ninguém se surpreenda, pois, se nele encontrar instruções que, à primeira vista, pareçam descabidas; a experiência mostrará a sua utilidade. Quem estudar cuidadosamente este livro compre-enderá melhor os fatos de que venha a ser testemu-nha, parecendo-lhe menos estranha a linguagem de alguns Espíritos. Como instrução prática, portanto, ele não se destina exclusivamente aos médiuns, mas

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Introdução

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a todos os que estejam em condições de observar os fenômenos espíritas.

Algumas pessoas gostariam que tivéssemos pu-blicado um manual prático muito sucinto, contendo em poucas palavras a indicação dos processos que se devem empregar para entrar em comunicação com os Espíritos. Pensam elas que um livrinho dessa natureza, em razão do seu baixo custo e pela possibilidade de se espalhar profusamente, representaria um poderoso meio de propaganda, pela multiplicação do número de médiuns. A nosso ver, semelhante obra, em vez de ser útil, seria nociva, ao menos por enquanto. A prática do Espiritismo é cercada de muitas dificuldades e nem sempre é isenta de perigos, que só um estudo sério e completo pode prevenir. Seria, pois, de temer que uma indicação muito resumida provocasse experiências feitas com leviandade, das quais os experimentadores viessem a arrepender-se; são atitudes inconvenientes e imprudentes, com as quais não se deve brincar, de modo que julgaríamos prestar mau serviço, pondo-as ao alcance do primeiro estouvado que achasse diver-tido conversar com os mortos. Dirigimo-nos aos que veem no Espiritismo um objetivo sério, aos que com-preendem toda a sua gravidade e não fazem mero pas-satempo das comunicações com o mundo invisível.

Havíamos publicado uma Instrução Prática1 com o objetivo de guiar os médiuns. Essa obra está

1 N.T.: Trata-se da obra Instrução prática sobre as manifestações espíritas, tra-duzida e publicada pela FEB.

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Introdução

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hoje esgotada e, embora a tenhamos feito com um fim grave e sério, não a reimprimiremos, porque ain-da não a consideramos bastante completa para escla-recer acerca de todas as dificuldades que se possam encontrar. Substituímo-la por esta, na qual reunimos todos os dados que uma longa experiência e cons-cienciosos estudos nos permitiram colher. Espera-mos que ela contribua para imprimir ao Espiritismo o caráter sério que constitui a sua essência e para evi-tar que haja quem nele veja objeto de frivolidade e de divertimento.

A essas considerações ainda acrescentaremos outra, muito importante: a má impressão que produ-zem nos novatos as experiências feitas com levianda-de e sem conhecimento de causa. Elas apresentam o inconveniente de gerar ideias falsas acerca do mundo dos Espíritos e de se prestarem à zombaria e à crítica, quase sempre fundada. É por isso que os incrédulos raramente saem convertidos dessas reuniões e pouco dispostos a reconhecer que haja alguma coisa de sério no Espiritismo. A ignorância e a leviandade de certos médiuns têm gerado mais prejuízos do que se pensa na opinião de muita gente.

Nos últimos anos o Espiritismo tem realizado grandes progressos, imensos progressos, sobretudo os que conseguiu efetivar depois que tomou o rumo fi-losófico, porque passou a ser apreciado pelas pessoas esclarecidas. Hoje, já não é um espetáculo, mas uma Doutrina de que não mais riem os que zombavam

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Introdução

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das mesas girantes. Esforçando-nos por levá-lo para esse terreno e aí mantê-lo, estamos certos de que lhe conquistaremos mais adeptos úteis do que provocan-do, a torto e a direito, manifestações que se presta-riam a abusos. Temos a prova disso todos os dias pelo número de adeptos conquistados pela simples leitura de O livro dos espíritos.

Depois de havermos exposto a parte filosófi-ca da ciência espírita em O livro dos espíritos, damos nesta obra a parte prática, para uso dos que queiram ocupar-se com as manifestações, seja por iniciativa própria, seja para se inteirarem dos fenômenos a que sejam chamados a observar. Verão aí as dificuldades que podem encontrar e terão também um meio de evitá-las. Estas duas obras, embora uma seja a conti-nuação da outra, são independentes até certo ponto. Diremos, porém, a quem desejar ocupar-se seria-mente da matéria, que primeiro leia O livro dos es-píritos, porque contém princípios fundamentais sem os quais talvez seja difícil a compreensão de algumas partes desta obra.

Importantes melhorias foram introduzidas na segunda edição, muito mais completa do que a primeira. Foi corrigida com especial cuidado pelos Espíritos, que lhe acrescentaram grande número de notas e instruções do mais alto interesse. Como eles reviram tudo, aprovando-a ou modificando-a à von-tade, pode-se dizer que ela é, em grande parte, obra deles, porque a sua intervenção não se limitou a al-

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Introdução

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guns artigos que assinaram. Só indicamos os nomes quando isso nos pareceu necessário para assinalar que algumas citações um tanto extensas procederam deles textualmente. A não ser assim, teríamos de citá--los quase que em todas as páginas, especialmente em seguida a todas as respostas dadas às perguntas que lhes foram feitas, providência que julgamos inútil. Em tais assuntos, como se sabe, os nomes têm pouca importância. O essencial é que o conjunto do traba-lho corresponda aos objetivos a que nos propusemos. O acolhimento dado à primeira edição, embora im-perfeita, faz-nos esperar que a presente seja conside-rada, pelo menos, com a mesma benevolência.

Como lhe acrescentamos muitas coisas e mui-tos capítulos inteiros, suprimimos alguns artigos, que ficariam em duplicata, entre outros o que tra-tava da Escala espírita, que já se encontra em O livro dos espíritos. Suprimimos igualmente do Vocabulário Espírita o que não se ajustava bem ao plano desta obra, substituindo vantajosamente o que foi excluído por coisas mais práticas. Esse vocabulário, além do mais, não estava completo, sendo nossa intenção pu-blicá-lo mais tarde, em separado, sob o formato de um pequeno dicionário de filosofia espírita. Conser-vamos nesta edição apenas as palavras novas ou espe-ciais, relativas ao assunto com o qual nos ocupamos.

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Primeira ParteM

Noções Preliminares

Capítulo I – Há Espíritos?

Capítulo II – O maravilhoso e o sobrenatural

Capítulo III – Método

Capítulo IV – Sistemas

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CAPÍTULO I

M

Há Espíritos?1. A dúvida relativa à existência dos Espíritos

tem como causa principal a ignorância a respeito da sua verdadeira natureza. Geralmente, são figurados como seres à parte na Criação e cuja necessidade não está demonstrada. Muitas pessoas somente os co-nhecem pelos contos fantásticos com que foram aca-lentadas em criança, mais ou menos como as que só conhecem a história pelos romances. Sem indagarem se tais contos, desprovidos dos acessórios ridículos, encerram algum fundo de verdade, essas criaturas só se deixam impressionar pelo lado absurdo que eles revelam. Não se dando ao trabalho de tirar a casca amarga, para achar a amêndoa, rejeitam o todo, como fazem, em relação à Religião, os que, chocados por certos abusos, englobam tudo na mesma reprovação.

Seja qual for a ideia que se faça dos Espíritos, a crença neles necessariamente se baseia na existên-cia de um princípio inteligente fora da matéria. Essa crença é incompatível com a negação absoluta deste princípio. Tomamos, pois, como ponto de partida, a existência, a sobrevivência e a individualidade da

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Primeira Parte – Capítulo I

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alma, que têm no espiritualismo a sua demonstração teórica e dogmática e, no Espiritismo, a demonstra-ção positiva. Contudo, deixemos de lado, por alguns instantes, as manifestações propriamente ditas e, ra-ciocinando por indução, vejamos a que consequên-cias chegaremos.

2. Desde que se admite a existência da alma e sua individualidade após a morte, é preciso que se admita, também: 1o, que a sua natureza é diferente da do corpo, visto que, separada deste, deixa de ter as propriedades peculiares ao corpo; 2o, que goza da consciência de si mesma, pois é passível de alegria ou sofrimento, sem o que seria um ser inerte e de nada nos valeria possuí-la. Isto posto, tem-se que admitir que essa alma vai para alguma parte. Que vem a ser feito dela e para onde vai?

Segundo a crença vulgar, a alma vai para o Céu, ou para o inferno. Mas onde ficam o Céu e o inferno? Antigamente se dizia que o Céu era em cima e o inferno embaixo. Porém, o que são o alto e o baixo no universo, uma vez que se conhece a redon-deza da Terra e o movimento dos astros, movimen-to que faz com que em dado instante o que está no alto esteja, doze horas depois, embaixo, e o infinito do espaço, através do qual o olhar penetra, indo a distâncias consideráveis? É verdade que por lugares inferiores também se designam as profundezas da Terra. Mas que vêm a ser essas profundezas, desde que a Geologia as investigou? Que ficaram sendo,

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Há Espíritos?

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igualmente, as esferas concêntricas chamadas céu de fogo, céu das estrelas, desde que se verificou que a Terra não é o centro dos mundos, que mesmo o nos-so Sol não é único, que milhões de sóis brilham no espaço, constituindo cada um o centro de um turbi-lhão planetário? A que ficou reduzida a importância da Terra, perdida nessa imensidade? Por que injus-tificável privilégio este imperceptível grão de areia, que não se distingue pelo seu volume, nem pela sua posição, nem por um papel particular, seria o único planeta povoado de seres racionais? A razão se recu-sa a admitir essa inutilidade do infinito e tudo nos diz que esses mundos são habitados. Ora, se são po-voados, também fornecem seus contingentes para o mundo das almas. Ainda uma vez, que terá sido feito dessas almas, depois que a Astronomia e a Geologia destruíram as moradas que lhes estavam destinadas e, sobretudo, depois que a teoria, tão racional, da pluralidade dos mundos, as multiplicou ao infinito?

Não podendo a doutrina da localização das almas se harmonizar com os dados da Ciência, ou-tra doutrina mais lógica lhes deve marcar o domí-nio, não um lugar determinado e circunscrito, mas o espaço universal: é todo um mundo invisível, no meio do qual vivemos, que nos cerca e nos acotovela incessantemente. Haverá nisso alguma impossibili-dade, alguma coisa que repugne à razão? De modo nenhum; tudo, ao contrário, nos diz que não pode ser de outra maneira.

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Primeira Parte – Capítulo I

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Mas, então, em que se transformam as penas e recompensas futuras, se lhes suprimis os lugares especiais onde se efetivam? Notai que a increduli-dade, com relação ao local das penas e recompen-sas, é provocada pelo fato de umas e outras serem apresentadas, em geral, em condições inadmissíveis. Dizei, em vez disso, que as almas tiram de si mesmas a sua felicidade ou a sua desgraça; que a sorte delas está subordinada ao estado moral de cada uma; que a reunião das almas boas e afins constitui para elas uma fonte de felicidade; que, de acordo com o grau de purificação que tenham alcançado, penetram e en-treveem coisas que almas grosseiras não distinguem, e todo mundo compreenderá sem dificuldade. Dizei também que as almas não atingem o grau supremo senão pelos esforços que façam para se melhorarem e depois de uma série de provas adequadas à sua pu-rificação; que os anjos são almas que alcançaram o último grau da escala, grau que todas podem atin-gir, desde que tenham boa vontade; que os anjos são os mensageiros de Deus, encarregados de velar pela execução de seus desígnios em todo o universo, que se sentem felizes com o desempenho dessas missões gloriosas, e tereis dado à felicidade deles um fim mais útil e mais atraente, do que a fazendo consistir numa contemplação perpétua, que não passaria de perpé-tua inutilidade. Dizei, finalmente, que os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não pu-rificadas, mas que podem, como as outras, alcançar

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Há Espíritos?

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o mais alto grau da perfeição, e isto parecerá mais conforme à justiça e à bondade de Deus, do que a doutrina que os apresenta como seres criados para o mal e perpetuamente devotados ao mal. Ainda uma vez: tendes aí o que a mais severa razão, a mais rigo-rosa lógica, o bom senso, em suma, podem admitir.

Ora, essas almas que povoam o espaço são justamente aquilo a que chamamos Espíritos. As-sim, pois, os Espíritos são apenas as almas dos homens, despojadas do invólucro corpóreo. Se os Espíritos fossem seres à parte, sua existência seria mais hipotética. Se, porém, se admitir que há al-mas, há que se admitir também os Espíritos que são simplesmente as almas e nada mais. Se se ad-mitir que as almas estão por toda parte, ter-se-á que admitir igualmente que os Espíritos estão por toda parte. Não se pode, pois, negar a existência dos Espíritos sem negar a das almas.

3. Tudo isto, é verdade, não passa de uma te-oria mais racional do que a outra. Porém, já é muito que seja uma teoria que nem a razão nem a Ciência contradizem. Além disso, ela é corroborada pelos fatos e tem a seu favor a sanção do raciocínio e da experiência. Encontramos esses fatos nos fenômenos das manifestações espíritas, que constituem, assim, a prova patente da existência e da sobrevivência da alma. Entretanto, a crença de muita gente não passa desse ponto; admitem a existência das almas e, conseguintemente, a dos Espíritos, mas negam a

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Primeira Parte – Capítulo I

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possibilidade de nos comunicarmos com eles, pela razão, dizem, de que seres imateriais não podem atu-ar sobre a matéria. A dúvida tem como causa a igno-rância da verdadeira natureza dos Espíritos, dos quais em geral fazem ideia muito falsa, supondo-os seres abstratos, vagos e indefinidos, o que não é verdade.

Figuremos, primeiramente, o Espírito em sua união com o corpo. Ele é o ser principal, pois é o ser que pensa e sobrevive. O corpo não passa de um acessório do Espírito, de um envoltório, de uma veste, que ele deixa quando está usada. Além desse envol-tório material, o Espírito tem um segundo, semima-terial, que o liga ao primeiro. Por ocasião da morte, despoja-se deste, porém não do outro, a que damos o nome de perispírito. Esse envoltório semimaterial, que tem a forma humana, constitui para o Espírito um corpo fluídico, vaporoso, mas que, pelo fato de nos ser invisível no seu estado normal, não deixa de ter algumas das propriedades da matéria. O Espírito não é, pois, um ponto, uma abstração, mas um ser limitado e circunscrito, ao qual só falta ser visível e palpável para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então, não haveria de atuar sobre a matéria? Por ser fluídico o seu corpo? Porém, não é entre os fluidos mais rarefeitos, mesmo entre os que se con-sideram imponderáveis, como a eletricidade, que o homem encontra seus mais possantes motores? A luz imponderável não exerce ação química sobre a maté-ria ponderável? Não conhecemos a natureza íntima

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Há Espíritos?

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do perispírito. Imaginemo-lo, todavia, formado de matéria elétrica, ou de outra tão sutil quanto esta; por que, quando dirigido por uma vontade, não teria a mesma propriedade daquela matéria?

4. Como a existência da alma e a de Deus, consequência uma da outra, constituem a base de todo o edifício, antes de iniciarmos qualquer discus-são espírita, precisamos saber se o nosso interlocutor admite essa base. Se a estas questões:

Credes em Deus?Credes que tendes uma alma? Credes na sobrevivência da alma após a morte?

se ele responder negativamente ou, mesmo se disser, simplesmente: Não sei; desejaria que fosse as-sim, mas não tenho a certeza disso, o que, quase sem-pre, equivale a uma negação polida, disfarçada sob uma forma menos categórica, para não chocar brus-camente aquilo a que ele chama preconceitos respei-táveis, seria inútil ir além, tão inútil quanto querer demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admitisse a existência daquela. Porque, em sín-tese, as manifestações espíritas não passam de efeitos das propriedades da alma. Assim, se não quisermos perder tempo com semelhante interlocutor, teremos de seguir uma ordem de ideias muito diversa. Se, porém, a base for admitida, não como simples pro-babilidade, mas como coisa evidente, incontestável,

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Primeira Parte – Capítulo I

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a existência dos Espíritos decorrerá muito natural-mente dessa base.

5. Resta agora a questão de saber se o Espírito pode comunicar-se com o homem, isto é, se com este pode trocar ideias. Por que não? Que é um ho-mem, senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que o Espírito livre não poderia comunicar-se com o Espírito cativo, como o homem livre se co-munica com o prisioneiro? Desde que admitis a so-brevivência da alma, será racional não admitirdes a sobrevivência das afeições? Visto que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios que estejam à sua disposição? Quando vivo não atuava sobre a matéria do corpo? Não era ele que lhe dirigia os movimentos? Por que razão não poderia a alma, após a morte, entrar em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, utilizar-se desse corpo vivo, para manifestar o seu pensamento, como um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para se fazer compreendido?

6. Deixemos de lado, por alguns instantes, os fatos que, a nosso ver, tornam incontestável a sua realidade; admitamos a comunicação apenas como hipótese. Pedimos aos incrédulos que nos provem, não por simples negativas, visto que suas opiniões pessoais não podem constituir lei, mas por meio de razões categóricas, que tal coisa não é possível.

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Colocando-nos sobre o terreno em que eles se colo-cam, uma vez que desejam apreciar os fatos espíritas com o auxílio das leis da matéria, que tirem desse arsenal qualquer demonstração matemática, física, química, mecânica, fisiológica, e provem, por a mais b, partindo sempre do princípio da existência e da sobrevivência da alma:

1o que o ser pensante, que existe em nós du-rante a vida, não deve mais pensar depois da morte;

2o que, se continua a pensar, não deve mais pensar nos que amou;

3o que, se pensa nos que amou, não deve mais querer comunicar-se com eles;

4o que, se pode estar em toda parte, não pode estar ao nosso lado;

5o que, se está ao nosso lado, não pode comu-nicar-se conosco;

6o que não pode, por meio de seu envoltório fluídico, atuar sobre a matéria inerte;

7o que, se pode atuar sobre a matéria inerte, não pode atuar sobre um ser animado;

8o que, se pode atuar sobre um ser animado, não pode dirigir sua mão para fazê-lo escrever;

9o que, podendo fazê-lo escrever, não lhe pode responder às perguntas, nem lhe transmitir seus pen-samentos.

Quando os adversários do Espiritismo nos demonstrarem que isto é impossível, por meio de ra-zões tão evidentes quanto as de que se serviu Galileu

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Primeira Parte – Capítulo I

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para provar que não era o Sol que gira em torno da Terra, então poderemos dizer que suas dúvidas têm fundamento. Infelizmente, até hoje, toda a argumen-tação deles se resume nestas palavras: Não creio, logo isto é impossível. Sem dúvida, retrucarão que cabe a nós provar a realidade das manifestações. Ora, nós lhes damos, pelos fatos e pelo raciocínio, a prova de que elas são reais. Se não admitem nem uma nem outra coisa, se negam até o que veem, compete a eles provar que o nosso raciocínio é falso e que os fatos são impossíveis.

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