1 CAROLINA FACCO RUBIN O IMPACTO DO ZUMBIDO NA QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR CURITIBA 2014 Trabalho de conclusão de curso, na forma de artigo científico, apresentado à graduação do curso de fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito para obtenção do título de Fonoaudiólogo. Orientadora: Prof. Dra.Adriana Bender Moreira de Lacerda.
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CAROLINA FACCO RUBIN
O IMPACTO DO ZUMBIDO NA QUALIDADE DE VIDA DE
PORTADORES DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
CURITIBA
2014
Trabalho de conclusão de curso, na forma de artigo
científico, apresentado à graduação do curso de
fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito para obtenção do título de Fonoaudiólogo.
Orientadora: Prof. Dra.Adriana Bender Moreira de Lacerda.
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RESUMO
Introdução: O zumbido é um sintoma muito frequente em indivíduos com disfunção temporomandibular (DTM). Os sintomas otológicos mais frequentes em pacientes com DTM são: plenitude auricular, zumbido e otalgia. Objetivo: Avaliar o impacto do zumbido na qualidade de vida de portadores de DTM (disfunção temporomandibular) com vistas à promoção da saúde auditiva desta população. Método: Trata-se de um estudo descritivo transversal, do tipo quantitativo, realizado com portadores de disfunção temporomandibular, a amostra foi composta por 19 indivíduos, sendo 17 (89,47%) do sexo feminino e 2 (10,53%) do sexo masculino, com idade média de 53,5 anos, todos pacientes do laboratório de DTM da clinica de Odontologia da Universidade Tuiuti do Paraná. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes procedimentos: anamnese, acufenometria e aplicação da versão em língua portuguesa do questionário Tinnitus Handicap Inventory (THI - brasileiro). Resultados: Com relação ao zumbido 63,12% apresentaram o zumbido a menos de cinco anos, 15,79% definem o zumbido como som de apito, chuva e grilo. Observou-se um predomínio de lateralidade na orelha direita (42,11%). Relatam que o zumbido é continuo 52,63% da amostra, quanto a duração do zumbido 31,58% referem que o zumbido dura dias e 47,37% relatam que o zumbido é frequente. Os achados mais encontrados na acufenometria quanto a intensidade do zumbido, foi de 40/65 dBNA, e o picth mais encontrado foi o agudo principalmente nas altas frequências (3,4,6 e 8000Hz). O Score total do THI encontrado foi de 37,8 pontos, o que demonstra um impacto moderado na qualidade de vida, onde o zumbido pode ser notado em presença de ruído de fundo, embora as atividades diárias ainda possam ser executadas. Verifica-se a existência de correlação significativa entre a Escala THI e tempo de zumbido e ocorrência. Como em todos os casos significativos, as correlações R são positivas, significa que quanto maior o escore maior é o tempo de zumbido e maior é a ocorrência, ou seja, pior é a qualidade de vida. Conclusão: O zumbido relatado pode interferir na qualidade de vida dos pacientes portadores de DTM.
Palavras-chave: acufenometria, zumbido, efeitos na qualidade de vida.
A Tabela 15 apresenta a Correlação de Spearman entre os escores da Escala THI e tempo de zumbido e ocorrência de zumbido.
Tabela 15 – Correlação de Spearman entre os escores da Escala THI e tempo de zumbido e ocorrência de zumbido
CORRELAÇÃO ENTRE COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE
SPEARMAN (R)
P
Funcional e tempo de zumbido 0,5354 0,0182* Emocional e tempo de zumbido
0,5088 0,0261*
Catastrófico e tempo de zumbido
0,1223 0,6168
Total e tempo de zumbido 0,5702 0,0108* Funcional e ocorrência 0,2396 0,3232 Emocional e ocorrência 0,1466 0,5492 Catastrófico e ocorrência 0,4719 0,0414* Total e ocorrência 0,3248 0,1749
Através do Coeficiente de Correlação de Spearman, ao nível de significância de 0,05, verifica-se a existência de correlação significativa entre a Escala THI e tempo de zumbido e ocorrência, nos casos assinalados com asterisco (*). Como em todos os casos significativos, as correlações R são positivas, significa que quanto maior o escore maior é o tempo de zumbido maior é a ocorrência, ou seja, pior é a qualidade de vida.
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5. DISCUSSÃO
Em relação ao perfil da amostra, pode-se verificar que dos 19 indivíduos, 17
(89,47%) eram do gênero feminino e 2 (10,53%) eram do gênero masculino. Como
no presente estudo, uma maior ocorrência de mulheres com zumbido e audição
normal foi relatada por diferentes autores (Santos, 1999; Sanchez, 1997).
Quanto à idade, verificou-se que a idade média dos indivíduos dessa
pesquisa foi de 53,5 anos (mínima 26 e a máxima 72 anos). Concordante om os
resultados, de NEWALL et al. (2001) que referem que 30% dos adultos portadores
de zumbido possuem idade de 50 anos.
Quanto o tempo do zumbido apresentados na tabela 3, dos 19 sujeitos, 12
(63,16%) apresentam zumbido há menos de cinco anos. Estes achados estão em
concordância com os estudos apresentados por Coelho (2004) e Sanches (1997)
que relatam o inicio do zumbido há menos de cinco anos. Steinmetz, Zeigelboim,
Lacerda, Morata e Marques, (2009).
Com relação à definição do zumbido, encontramos na tabela 4, o apito, a
chuva e o grilo (15,79%) como os mais referidos seguidos do som de abelha e
panela de pressão (10,53%), o que difere dos achados de Steinmetz, Zeigelboim,
Lacerda, Morata e Marques, (2009) que encontraram o chiado (40%) como a
definição de zumbido mais referido.
No que se refere à lateralidade do zumbido observou-se, na tabela 5,
predomínio do zumbido na orelha direita (42,11%) o que difere dos achados
encontrados por, Steinmetz, Zeigelboim, Lacerda, Morata e Marques, (2009) que
encontraram maior predomínio de zumbido bilateral (46%).
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Na tabela 6 encontramos os achados referentes ao tipo de zumbido, onde 10
(52,63%) sujeitos relatam que o zumbido é continuo, compatível com os achados de
MORAIS (2012) onde a maioria dos indivíduos relatou apresentar zumbido continuo.
Quanto à duração do zumbido apresentado na tabela 7, temos os episódios
que duram dias como os mais relatados 31,58%, estes resultados estão em
concordância com os achados de Steinmetz, Zeigelboim, Lacerda, Morata e
Marques, (2009) que quanto a duração do zumbido a semanal foi a mais relatada
(41%).
Na tabela 8 os achados com relação a frequência de ocorrência do zumbido,
9 (47,37%) indivíduos relatam que o zumbido é frequente. Com relação à
intensidade do zumbido, descrito na tabela 9, a mais referida foi a intensa 42,10%.
Na tabela 10, encontramos um maior numero de sujeitos acima de 60 anos, com o
menor tempo de zumbido, menos de 5 anos. Os achados na tabela 11 mostram que
os sujeitos com menos tempo de zumbido, percebem o mesmo mais
frequentemente.
Os achados mais encontrados quanto a intensidade do zumbido na
acufenometria, (nas tabelas 12 e 13) foi de 40/65 dBNA, e o picth mais encontrado
foi o agudo principalmente nas altas frequências (3,4,6 e 8000Hz). A literatura relata
o zumbido de picth agudo como o mais referido pelos pacientes com zumbido
(Azevedo, 2007; Fernandez e Santos, 2009; Martinez ,2010). (apud URNAU et al.,
2010).
No que se refere ao questionário THI utilizado na pesquisa, como um
instrumento de avaliação sobre o impacto do zumbido na qualidade de vida, pode-se
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concluir que a média encontrada foi de 37,8% o que significa um impacto moderado
na qualidade de vida, conforme tabela 14, este achado está em concordância com
os estudos apresentados por Figueiredo et. Al (2010) e Pinto, Sanchez e Tomita
(2010), os quais relataram maior ocorrência de zumbido em grau moderado (médias
do THI de 45,5 e 39) respectivamente, utilizando o mesmo instrumento de avaliação.
(apud URNAU et al., 2010).
Quando analisamos por dimensão isolada (tabela 14) encontramos na sub-
escala funcional a média de 14,9%, considerado impacto leve na qualidade de vida,
interferindo na área mental, na área social e na área física. Na sub-escala emocional
tem-se a média de 13,5%, o que também é considerado impacto leve na qualidade
de vida, afetando assim as áreas afetivas, como nos sentimentos de raiva, frustação,
irritabilidade e depressão que o zumbido pode causar. Também na sub-escala
catastrófica encontramos uma média de 9,4% considerada impacto leve na
qualidade de vida dessa população, o que significa uma interferência do zumbido no
que se refere ao desespero, intolerância ao zumbido e a perda de controle da
situação que o zumbido pode produzir. Savastano (2008) encontrou associação de
graus ligeiros e leves de zumbido em indivíduos que tinham perda auditiva e graus
moderados e catastróficos associado a sujeitos sem perda auditiva, o que não foi
verificado nessa pesquisa. (apud URNAU et al.,2010)
Diante do exposto sugere-se monitoramento audiológico e intervenção
terapeutica nos pacientes portadores de DTM que apresentam zumbido. Estudos
epidemiológicos são recomendados para caracterizar o zumbido e a audição dos
portadores de DTM.
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6. CONCLUSÃO
O zumbido relatado em portadores de DTM, causa um impacto moderado na
qualidade de vida, onde o zumbido pode ser notado em presença de ruído de fundo,
embora as atividades diárias ainda possam ser executadas. Verificou-se a existência
de correlação significativa entre a Escala THI e tempo de zumbido e ocorrência. O
que significa que quanto maior o escore, maior é o tempo de zumbido e maior é a