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o Evangelho Segundo o Espiritismo

Oct 15, 2015

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David Morais
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  • O EvangelhoSEGUNDO O ESPIRITISMO

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:301

  • O EvangF inabalvel so a que pode

    encarar frente a

    frente a razo,

    em todas as

    pocas da

    Humanidade.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:302

  • vangelhoSEGUNDO O ESPIRITISMO

    COM

    A EXPLICAO DAS MXIMAS MORAIS DO CRISTOEM CONCORDNCIA COM O ESPIRITISMO E SUASAPLICAES S DIVERSAS CIRCUNSTNCIAS DA VIDA

    Por

    ALLAN KARDEC

    FEDERAO ESPRITA BRASILEIRADepartamento Editorial e Grfico

    Rua Souza Valente, 1720941-040 Rio de Janeiro-RJ Brasil

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:303

  • Ttulo do original francs: LEVANGILE SELON LE SPIRITlSME(Paris, abril 1864)

    Traduo de GUILLON RIBEIROda 3 edio francesa, revista, corrigida

    e modificada pelo Autor em 1866

    Capa??????

    Projeto GrficoFatima Agra

    EditoraoFA Editorao Eletrnica

    Fotolitos e impresso offsetDepartamento Grfico da FEB

    Copyright 1944 byFEDERAO ESPRITA BRASILEIRA (Casa-Mter do Espiritismo)

    Av. L-2 Norte - Q. 603 - Conjunto F 70830-030 - Braslia, DF - Brasil

    Todos os direitos de reproduo, cpia, comunicao ao pblico e explora-o econmica desta obra esto reservados nica e exclusivamente para aFederao Esprita Brasileira (FEB). Proibida a reproduo parcial ou totalda mesma, atravs de qualquer forma, meio ou processo eletrnico, digital,fotocpia, microfilme, internet, cd-rom, sem a prvia e expressa autorizaoda Editora, nos termos da lei 9.610/98 que regulamenta os direitos deautor e conexos.

    Pedidos de livros FEBDepartamento Editorial e Grfico

    Rua Souza Valente, 17 S Cristvo20941-040 Rio de Janeiro RJ Brasil

    Tel: (0xx 21) 2589-6020, FAX: (0xx 21) 2589-6838.

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

    K27e120.ed.

    Kardec, Allan, 1804-1869O Evangelho segundo o espiritismo: com explicaes das mxi-

    mas morais do Cristo em concordncia com o espiritismo e suas apli-caes s diversas circunstncias da vida / por Allan Kardec; [tradu-o de Guillon Ribeiro]. - 120.ed. - Rio de Janeiro: Federao EspritaBrasileira, 2002

    Traduo de: L Evangile selon le spiritismeISBN 85-7328-046-8

    1. Jesus Cristo - Interpretaes espritas. 2. Espiritismo. I. Ttulo.

    98-0471. CDD 133.9CDU 133.7

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:304

  • Sumrio

    ndice de referncias bblicas ............................... 13

    Nota da editora .................................................... 17

    Explicao ............................................................... 19

    Prefcio ............................................................... 21

    Introduo ........................................................... 23I Objetivo desta obra. II Autoridade da DoutrinaEsprita. Controle universal do ensino dos Espritos.III Notcias histricas. IV Scrates e Plato, pre-cursores da idia crist e do Espiritismo.

    CAPTULO I NO VIM DESTRUIR A LEI ......................... 58As trs revelaes: Moiss, Cristo, Espiritismo: 1 a7. Aliana da Cincia e da Religio: 8. Instruesdos Espritos: A nova era: 9 a 11.

    CAPTULO II MEU REINO NO DESTE MUNDO .......... 72A vida futura: 1 a 3. A realeza de Jesus: 4. O pontode vista: 5 a 7. Instrues dos Espritos: Uma reale-za terrestre: 8.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:305

  • 6 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    CAPTULO III H MUITAS MORADAS NA CASA DEMEU PAI ........................................................ 82Diferentes estados da alma na erraticidade: 1 e 2. Diferentes categorias de mundos habitados: 3 a 5. Destinao da Terra. Causas das misrias huma-

    nas: 6 e 7. Instrues dos Espritos: Mundos infe-

    riores e mundos superiores: 8 a 12. Mundos de

    expiaes e de provas: 13 a 15. Mundos regenera-

    dores: 16 a 18. Progresso dos mundos: 19.

    CAPTULO IV NINGUM PODER VER O REINO DEDEUS SE NO NASCER DE NOVO........................ 96Ressurreio e reencarnao: 1 a 17. A reencarna-

    o fortalece os laos de famlia, ao passo que a

    unicidade da existncia os rompe: 18 a 23. Instru-

    es dos Espritos: Limites da encarnao: 24. Ne-

    cessidade da encarnao: 25 e 26.

    CAPTULO V BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS............ 116Justia das aflies: 1 a 3. Causas atuais das afli-

    es: 4 e 5. Causas anteriores das aflies: 6 a 10.

    Esquecimento do passado: 11. Motivos de resig-

    nao: 12 e 13. O suicdio e a loucura: 14 a 17.

    Instrues dos Espritos: Bem e mal sofrer: 18. O

    mal e o remdio: 19. A felicidade no deste mun-

    do: 20. Perda de pessoas amadas. Mortes prema-

    turas: 21. Se fosse um homem de bem, teria

    morrido: 22. Os tormentos voluntrios: 23. A des-

    graa real: 24. A melancolia: 25. Provas volunt-

    rias. O verdadeiro cilcio: 26. Dever-se- pr termo

    s provas do prximo?: 27. Ser lcito abreviar a

    vida de um doente que sofra sem esperana de cura?:

    28. Sacrifcio da prpria vida: 29 e 30. Proveito

    dos sofrimentos para outrem: 31.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:306

  • 7SUMRIO

    CAPTULO VI O CRISTO CONSOLADOR ................... 154O jugo leve: 1 e 2. Consolador prometido: 3 e 4.

    Instrues dos Espritos: Advento do Esprito de

    Verdade: 5 a 8.

    CAPTULO VII BEM-AVENTURADOS OS POBRES DEESPRITO ..................................................... 162O que se deve entender por pobres de esprito: 1 e 2.

    Aquele que se eleva ser rebaixado: 3 a 6. Mist-

    rios ocultos aos doutos e aos prudentes: 7 a 10.

    Instrues dos Espritos: O orgulho e a humildade: 11

    e 12. Misso do homem inteligente na Terra: 13.

    CAPTULO VIII BEM-AVENTURADOS OS QUE TMPURO O CORAO ......................................... 180Simplicidade e pureza de corao: 1 a 4. Pecado

    por pensamentos. Adultrio: 5 a 7. Verdadeira pu-

    reza. Mos no lavadas: 8 a 10. Escndalos. Se a

    vossa mo motivo de escndalo, cortai-a: 11 a 17.

    Instrues dos Espritos: Deixai que venham a mim

    as criancinhas: 18 e 19. Bem-aventurados os que

    tm fechados os olhos: 20 e 21.

    CAPTULO IX BEM-AVENTURADOS OS QUE SOBRANDOS E PACFICOS................................... 198Injrias e violncias: 1 a 5. Instrues dos Espri-

    tos: A afabilidade e a doura: 6. A pacincia: 7.

    Obedincia e resignao: 8. A clera: 9 e 10.

    CAPTULO X BEM-AVENTURADOS OS QUE SOMISERICORDIOSOS ........................................ 208Perdoai, para que Deus vos perdoe: 1 a 4. Reconci-

    liao com os adversrios: 5 e 6. O sacrifcio mais

    agradvel a Deus: 7 e 8. O argueiro e a trave no

    olho: 9 e 10. No julgueis, para no serdes julga-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:307

  • 8 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    dos. Atire a primeira pedra aquele que estiver sem

    pecado: 11 a 13. Instrues dos Espritos: Perdo

    das ofensas: 14 e 15. A indulgncia: 16 a 18.

    permitido repreender os outros, notar as imperfei-

    es de outrem, divulgar o mal de outrem?: 19 a 21.

    CAPTULO XI AMAR O PRXIMO COMO A SI MESMO .... 226O mandamento maior. Fazermos aos outros o quequeiramos que os outros nos faam. Parbola doscredores e dos devedores: 1 a 4. Dai a Csar o que de Csar: 5 a 7. Instrues dos Espritos: A lei deamor: 8 a 10. O egosmo: 11 e 12. A f e a carida-de: 13. Caridade para com os criminosos: 14. Deve-se expor a vida por um malfeitor?: 15.

    CAPTULO XII AMAI OS VOSSOS INIMIGOS ................ 244Retribuir o mal com o bem: 1 a 4. Os inimigos de-sencarnados: 5 e 6. Se algum vos bater na facedireita, apresentai-lhe tambm a outra: 7 e 8. Instru-es dos Espritos: A vingana: 9. O dio: 10. O duelo: 11 a 16.

    CAPTULO XIII NO SAIBA A VOSSA MO ESQUERDAO QUE D A VOSSA MO DIREITA .................... 262Fazer o bem sem ostentao: 1 a 3. Os infortniosocultos: 4. O bolo da viva: 5 e 6. Convidar ospobres e os estropiados. Dar sem esperar retribui-o: 7 e 8. Instrues dos Espritos: A caridade ma-terial e a caridade moral: 9 e 10. A beneficncia: 11a 16. A piedade: 17. Os rfos: 18. Benefciospagos com a ingratido: 19. Beneficncia exclusi-va: 20.

    CAPTULO XIV HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA ME... 292Piedade filial: 1 a 4. Quem minha me e quemso meus irmos?: 5 a 7. A parentela corporal e a

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:308

  • 9SUMRIO

    parentela espiritual: 8. Instrues dos Espritos: Aingratido dos filhos e os laos de famlia: 9.

    CAPTULO XV FORA DA CARIDADE NO H SALVAO .. 306O de que precisa o Esprito para ser salvo. Parbolado bom samaritano: 1 a 3. O mandamento maior:4 e 5. Necessidade da caridade, segundo S. Paulo:6 e 7. Fora da Igreja no h salvao. Fora da ver-dade no h salvao: 8 e 9. Instrues dos Espri-tos: Fora da caridade no h salvao: 10.

    CAPTULO XVI NO SE PODE SERVIR A DEUS E AMAMON ....................................................... 318Salvao dos ricos: 1 e 2. Preservar-se da avareza:3. Jesus em casa de Zaqueu: 4. Parbola do maurico: 5. Parbola dos talentos: 6. Utilidade provi-dencial da riqueza. Provas da riqueza e da misria:7. Desigualdade das riquezas: 8. Instrues dosEspritos: A verdadeira propriedade: 9 e 10. Empre-go da riqueza: 11 a 13. Desprendimento dos bensterrenos: 14. Transmisso da riqueza: 15.

    CAPTULO XVII SEDE PERFEITOS............................ 344Caracteres da perfeio: 1 e 2. O homem de bem:3. Os bons espritas: 4. Parbola do semeador: 5e 6. Instrues dos Espritos: O dever: 7. A virtu-de: 8. Os superiores e os inferiores: 9. O homemno mundo: 10. Cuidar do corpo e do esprito: 11.

    CAPTULO XVIII MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OSESCOLHIDOS ................................................ 364Parbola do festim de bodas: 1 e 2. A porta estrei-ta: 3 a 5. Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor!entraro no reino dos cus: 6 a 9. Muito se pedirquele que muito recebeu: 10 a 12. Instrues dosEspritos: Dar-se- quele que tem: 13 a 15. Pelassuas obras que se reconhece o cristo: 16.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:309

  • 10 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    CAPTULO XIX A F TRANSPORTA MONTANHAS ....... 382Poder da f: 1 a 5. A f religiosa. Condio da finabalvel: 6 e 7. Parbola da figueira que secou: 8a 10. Instrues dos Espritos: A f: me da esperan-a e da caridade: 11. A f humana e a divina: 12.

    CAPTULO XX OS TRABALHADORES DA LTIMA HORA.. 394Instrues dos Espritos: Os ltimos sero os primei-

    ros: 1 a 3. Misso dos espritas: 4. Os obreiros do

    Senhor: 5.

    CAPTULO XXI HAVER FALSOS CRISTOS E FALSOSPROFETAS .................................................. 404Conhece-se a rvore pelo fruto: 1 a 3. Misso dos

    profetas: 4. Prodgios dos falsos profetas: 5. No

    creais em todos os Espritos: 6 e 7. Instrues dos

    Espritos: Os falsos profetas: 8. Caracteres do ver-

    dadeiro profeta: 9. Os falsos profetas da erraticida-

    de: 10. Jeremias e os falsos profetas: 11.

    CAPTULO XXII NO SEPAREIS O QUE DEUS JUNTOU ... 420Indissolubilidade do casamento: l a 4. O divrcio: 5.

    CAPTULO XXIII ESTRANHA MORAL ......................... 426Odiar os pais: 1 a 3. Abandonar pai, me e filhos: 4

    a 6. Deixar aos mortos o cuidado de enterrar seus

    mortos: 7 e 8. No vim trazer a paz, mas, a diviso:

    9 a 18.

    CAPTULO XXIV NO PONHAIS A CANDEIA DEBAIXODO ALQUEIRE............................................... 440Candeia sob o alqueire. Por que fala Jesus por par-

    bolas: 1 a 7. No vades ter com os gentios: 8 a 10.

    No so os que gozam sade que precisam de mdi-

    co: 11 e 12. Coragem da f: 13 a 16. Carregar sua

    cruz. Quem quiser salvar a vida, perd-la-: 17 a 19.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3010

  • 11SUMRIO

    CAPTULO XXV BUSCAI E ACHAREIS ....................... 454Ajuda-te a ti mesmo, que o cu te ajudar: 1 a 5.

    Observai os pssaros do cu: 6 a 8. No vos

    afadigueis pela posse do ouro: 9 a 11.

    CAPTULO XXVI DAI GRATUITAMENTE O QUEGRATUITAMENTE RECEBESTES ........................ 464Dom de curar: 1 e 2. Preces pagas: 3 e 4. Merca-

    dores expulsos do templo: 5 e 6. Mediunidade gra-

    tuita: 7 a 10.

    CAPTULO XXVII PEDI E OBTEREIS ......................... 472Qualidades da prece: 1 a 4. Eficcia da prece: 5 a

    8. Ao da prece. Transmisso do pensamento: 9 a

    15. Preces inteligveis: 16 e 17. Da prece pelos

    mortos e pelos Espritos sofredores: 18 a 21. Ins-

    trues dos Espritos: Maneira de orar: 22. Felici-

    dade que a prece proporciona: 23.

    CAPTULO XXVIII COLETNEA DE PRECES ESPRITAS .. 492Prembulo: 1.

    I PRECES GERAIS ............................................... 495Orao dominical: 2 e 3. Reunies espritas: 4 a 7.

    Para os mdiuns: 8 a 10.

    II PRECES POR AQUELE MESMO QUE ORA ............... 511Aos anjos guardies e aos Espritos protetores: 11 a

    14. Para afastar os maus Espritos: 15 a 17. Para

    pedir a corrigenda de um defeito: 18 e 19. Para

    pedir a fora de resistir a uma tentao: 20 e 21.

    Ao de graas pela vitria alcanada sobre uma ten-

    tao: 22 e 23. Para pedir um conselho: 24 e 25.

    Nas aflies da vida: 26 e 27. Ao de graas por

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3011

  • 12 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    um favor obtido: 28 e 29. Ato de submisso e de

    resignao: 30 a 33. Num perigo iminente: 34 e 35.

    Ao de graas por haver escapado a um perigo: 36

    e 37. hora de dormir: 38 e 39. Prevendo prxi-

    ma a morte: 40 e 41.

    III PRECES POR OUTREM ...................................... 529Por algum que esteja em aflio: 42 e 43. Ao degraas por um benefcio concedido a outrem: 44 e45. Pelos nossos inimigos e pelos que nos queremmal: 46 e 47. Ao de graas pelo bem concedidoaos nossos inimigos: 48 e 49. Pelos inimigos doEspiritismo: 50 a 52. Por uma criana que acabade nascer: 53 a 56. Por um agonizante: 57 e 58.

    IV PRECES PELOS QUE J NO SO DA TERRA ......... 539Por algum que acaba de morrer: 59 a 61. Pelaspessoas a quem tivemos afeio: 62 e 63. Pelasalmas sofredoras que pedem preces: 64 a 66. Porum inimigo que morreu: 67 e 68. Por um crimino-so: 69 e 70. Por um suicida: 71 e 72. Pelos Espri-tos penitentes: 73 e 74. Pelos Espritos endureci-dos: 75 e 76.

    V PRECES PELOS DOENTES E PELOS OBSIDIADOS .... 554Pelos doentes: 77 a 80. Pelos obsidiados: 81 a 84.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3012

  • ndice de refernciasbblicas

    MATEUS

    CAP. VV. PG.

    6 19 a 21 4586 24 319 *6 25 a 34 4587 1 e 2 2157 3 a 5 2147 7 a 11 4557 12 2287 13 e 14 3697 15 a 20 4057 21 a 23 3717 24 a 27 3728 1 a 4 2648 21 e 22 432 *9 10 a 12 448

    10 5 a 7 44610 8 46510 9 a 15 46110 26 441 *10 28 53310 32 e 33 45010 34 a 36 43310 37 42710 38 e 39 45211 12 a 15 10311 25 16811 28 a 30 15512 33 405 *12 46 a 50 29713 1 a 9 352

    CAP. VV. PG.

    3 10 405 *5 3 1635 5 1995 4 1185 6 1185 6 5335 7 2095 8 1815 9 1995 10 1185 10 a 12 5335 15 4415 17 e 18 595 19 3725 20 2465 21 e 22 1995 23 e 24 2135 25 e 26 2115 27 e 28 1845 29 e 30 1885 31 e 32 421 *5 38 a 42 2515 43 a 47 2455 44 3455 46 a 48 3456 1 a 4 2636 5 a 8 4736 9 a 13 4956 14 e 15 209

    * Os asteriscos indicam que tais versculos tm relao com o assun-to tratado pelo Autor, se bem que no citados na obra.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3013

  • 14 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    CAP. VV. PG.

    13 10 a 14 37613 10 a 15 44213 18 a 23 35314 1 e 2 98 *15 1 a 20 18516 13 a 17 9716 24 a 26 452 *17 10 a 13 9817 14 a 20 38318 1 a 5 16518 6 a 11 18818 15 21018 20 50418 21 e 22 21018 23 a 35 22819 3 a 9 42119 13 a 15 181 *19 16 a 24 31919 18 e 19 29319 29 43019 30 396 *

    CAP. VV. PG.

    20 1 a 16 39520 20 a 28 16521 12 e 13 46721 18 a 21 388 *21 21 383 *21 22 475 *22 1 a 14 36522 15 a 22 23022 34 a 40 22722 34 a 40 31123 11 e 12 165 *23 14 46623 25 a 28 51423 25 a 28 185 *24 4 e 5 40624 11 a 13 40624 23 e 24 40625 29 377 *25 14 a 30 32425 31 a 46 30727 11 73 *

    MARCOS

    CAP. VV. PG.

    1 40 a 44 263 *2 15 a 17 448 *3 20 e 21 2963 31 a 35 2964 1 a 9 352 *4 10 a 12 441 *4 11 441 *4 13 a 20 352 *4 21 e 22 441 *4 24 215 *4 24 e 25 3774 25 441 *6 8 a 11 461 *6 14 a 16 987 1 a 23 181 *8 27 a 30 978 34 a 36 4528 38 1848 38 450 *9 11 a 13 989 35 a 37 165 *

    CAP. VV. PG.

    9 42 a 47 188 *10 2 a 12 421 *10 13 e 16 18110 17 a 25 31910 19 29310 29 e 30 430 *10 31 395 *10 35 a 45 165 *11 12 a 14 38811 15 a 18 46711 20 a 23 38811 24 47511 25 e 26 47412 13 a 17 23012 28 a 31 227 *12 28 a 31 311 *12 38 a 40 46612 41 a 44 26813 5 e 6 40613 21 e 22 40615 2 73 *

    MATEUS

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3014

  • 15NDICE DE REFERNCIAS BBLICAS

    LUCAS

    CAP. VV. PG.

    5 12 a 14 264 *5 29 a 31 448 *6 20 163 *6 20 e 21 1186 22 e 23 4526 22 e 23 533 *6 24 e 25 1186 27 e 28 245 *6 27 e 28 345 *6 29 e 30 251 *6 31 2286 32 a 36 2466 32 a 36 345 *6 37 e 38 215 *6 41 e 42 215 *6 43 a 45 4056 46 a 49 3728 4 a 8 352 *8 10 e 18 442 *8 11 a 15 353 *8 16 e 17 4418 18 377 *8 19 a 21 296 *9 3 a 5 461 *9 7 a 9 989 18 a 20 97 *9 23 a 25 4529 26 4509 37 a 43 383 *9 46 a 48 165 *9 59 e 60 4329 61 e 62 430

    10 21 168 *10 25 a 27 227 *10 25 a 27 311 *10 25 a 37 30911 2 a 4 496 *11 9 a 13 455 *11 33 441 *11 37 a 40 187

    CAP. VV. PG.

    11 39 514 *12 4 e 5 533 *12 8 e 9 450 *12 13 a 21 32112 22 a 34 458 *12 47 e 48 37412 49 a 53 43312 58 e 59 211 *13 23 a 30 36913 30 396 *14 1 16614 7 a 11 16614 12 a 15 27114 16 a 24 365 *14 25 a 27 42714 27 452 *14 33 42716 13 31916 17 59 *16 18 421 *16 19 a 31 32217 1 e 2 188 *17 3 e 4 210 *17 6 383 *17 23 406 *17 33 452 *18 9 a 14 47418 15 a 17 181 *18 18 a 25 31918 20 29318 28 a 30 43019 1 a 10 32219 11 a 27 324 *19 26 377 *19 45 e 46 467 *20 20 a 26 230 *20 45 a 47 46621 1 a 4 26822 24 a 27 165 *23 3 73 *

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3015

  • 16 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    JOO

    CAP. VV. PG.

    2 13 a 16 467 *3 1 a 12 997 5 2988 3 a 11 2159 39 a 41 374

    12 25 e 26 45212 40 442 *

    CAP. VV. PG.

    14 1 a 3 8314 13 475 *14 15 a 17 15614 26 15618 33 7318 36 e 37 73

    ATOS E EPSTOLAS

    CAP. VV. PG.

    At. 2 17 e 18 507At. 20 29 405 *At. 28 26 e 27 442 *Rom. 2 1 215 *Rom. 13 7 230 *I Cor. 13 1 a 7 312I Cor. 13 13 312I Cor. 14 11 e 14 483

    CAP. VV. PG.

    I Cor. 14 16 e 17 483 Efs. 6 2 e 3 293 *

    II Tim. 2 12 458 *I Ped. 3 14 533 *I Ped. 4 8 312 *I Ped. 4 14 533 *I Joo 3 22 475 *I Joo 4 1 408

    VELHO TESTAMENTO

    CAP. VV. PG.

    Isa. 26 19 104Jer. 14 14 418 *Jer. 23 16 a 18 418Jer. 23 21 418Jer. 23 25 e 26 418Jer. 23 33 418

    Joel 2 28 e 29 507 *

    xo. 20 2 a 8 60 *xo. 20 12 293xo. 20 12 a 17 60 *Deu. 5 6 a 12 60 *Deu. 5 16 293 *Deu. 5 16 a 21 60 *Job 14 10 e 14 104

    CAP. VV. PG.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3016

  • Nota da editora

    A nossa traduo da obra O Evangelho segundo o Es-

    piritismo foi feita da terceira edio francesa, ou seja, da-

    quela que foi revista, corrigida e modificada por Allan Kardec

    (Revue Spirite, ano de 1865, pg. 356).

    Encarregou-se dessa traduo o saudoso presidente

    da Federao Esprita Brasileira Dr. Guillon Ribeiro, en-

    genheiro civil, poliglota e vernaculista.

    Ruy Barbosa, em seu discurso pronunciado na sesso

    de 14 de outubro de 1903 (Anais do Senado Federal, vol. II,

    pg. 717), em se referindo ao seu trabalho de reviso do

    Projeto do Cdigo Civil, trabalho monumental que resultou

    na Rp1ica, e que lhe imortalizou o nome como fillogo e

    purista da lngua, disse:

    Devo, entretanto, Sr. Presidente, desempenhar-me

    de um dever de conscincia registrar e agradecer da

    tribuna do Senado a colaborao preciosa do Sr. Dr.

    Guillon Ribeiro, que me acompanhou nesse trabalho

    com a maior inteligncia, no limitando os seus servi-

    os parte material do comum dos revisores, mas,

    muitas vezes, suprindo at a desatenes e neglign-

    cias minhas.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3017

  • 18 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    Como vemos, Guillon Ribeiro recebeu, aos vinte e oito

    anos de idade, o maior prmio, o maior elogio a que poderia

    aspirar um escritor, e a Federao Esprita Brasileira, vinte

    anos depois, consagrou-lhe o nome, aprovando unanime-

    mente as suas impecveis tradues de Kardec.

    Jornalista emrito, Guillon Ribeiro foi redator do Jornal

    do Commercio e colaborador dos maiores jornais da poca.

    Exerceu, durante anos, o cargo de Diretor-Geral da Secre-

    taria do Senado e foi Diretor da Federao Esprita Brasi-

    leira, no decurso de 26 anos consecutivos, tendo traduzi-

    do, ainda, O Livro dos Espritos, O Livro dos Mdiuns, A

    Gnese e Obras Pstumas, todos de Allan Kardec.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3018

  • Explicao

    Como do domnio pblico, Kardec, ao imprimir a ter-

    ceira edio do seu livro O Evangelho segundo o Espiritis-

    mo , por ordem dos Espritos reformou completamente as

    edies anteriores, suprimindo inmeros trechos, acrescen-

    tando outros, alterando a redao de muitos e a numera-

    o de vrios pargrafos, tendo, anteriormente, modificado

    o prprio ttulo da obra.

    A 3 edio francesa ficou, pois, sendo a definitiva e,

    por isso mesmo, a Federao Esprita Brasileira, obediente

    s instrues que os Espritos deram a Kardec, e por este

    aceitas, fez a presente traduo da referida 3 edio fran-

    cesa, sobre a qual Kardec escreveu, em Revue Spirite de

    novembro de 1865, o seguinte:

    Esta edio foi completamente refundida. Alm de algu-

    mas adies, as principais modificaes consistem numa clas-

    sificao mais metdica, mais clara e mais cmoda das ma-

    trias, tornando a obra de mais fcil leitura e facilitando

    igualmente as consultas.

    A EDITORA (FEB)

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3019

  • Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3020

  • Prefcio

    Os Espritos do Senhor, que so as virtudes dos Cus, qual

    imenso exrcito que se movimenta ao receber as ordens do seu

    comando, espalham-se por toda a superfcie da Terra e, seme-

    lhantes a estrelas cadentes, vm iluminar os caminhos e abrir

    os olhos aos cegos.

    Eu vos digo, em verdade, que so chegados os tempos em

    que todas as coisas ho de ser restabelecidas no seu verdadei-

    ro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e

    glorificar os justos.

    As grandes vozes do Cu ressoam como sons de trombetas,

    e os cnticos dos anjos se lhes associam. Ns vos convidamos,

    a vs homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei

    unssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se es-

    tendam e repercutam de um extremo a outro do Universo.

    Homens, irmos a quem amamos, aqui estamos junto de

    vs. Amai-vos, tambm, uns aos outros e dizei do fundo do co-

    rao, fazendo as vontades do Pai, que est no Cu: Senhor!

    Senhor!... e podereis entrar no reino dos Cus.

    O ESPRITO DE VERDADE

    Nota A instruo acima, transmitida por via medinica, resume aum tempo o verdadeiro carter do Espiritismo e a finalidade destaobra; por isso foi colocada aqui como prefcio.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3021

  • Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3022

  • Introduo

    I OBJETIVO DESTA OBRA

    Podem dividir-se em cinco partes as matrias contidas

    nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os mila-

    gres; as predies; as palavras que foram tomadas pela Igreja

    para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As qua-

    tro primeiras tm sido objeto de controvrsias; a ltima,

    porm, conservou-se constantemente inatacvel. Diante des-

    se cdigo divino, a prpria incredulidade se curva. terre-

    no onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o

    qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas

    crenas, porquanto jamais ele constituiu matria das dispu-

    tas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram

    das questes dogmticas. Alis, se o discutissem, nele te-

    riam as seitas encontrado sua prpria condenao, visto

    que, na maioria, elas se agarram mais parte mstica do

    que parte moral, que exige de cada um a reforma de si

    mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele

    cdigo uma regra de proceder que abrange todas as cir-

    cunstncias da vida privada e da vida pblica, o princpio

    bsico de todas as relaes sociais que se fundam na mais

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3023

  • 24 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    rigorosa justia. , finalmente e acima de tudo, o roteiro

    infalvel para a felicidade vindoura, o levantamento de uma

    ponta do vu que nos oculta a vida futura. Essa parte a

    que ser objeto exclusivo desta obra.

    Toda a gente admira a moral evanglica; todos lhe pro-

    clamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porm,

    assim se pronunciam por f, confiados no que ouviram di-

    zer, ou firmados em certas mximas que se tornaram pro-

    verbiais. Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos

    ainda so os que a compreendem e lhe sabem deduzir as

    conseqncias. A razo est, por muito, na dificuldade que

    apresenta o entendimento do Evangelho que, para o maior

    nmero dos seus leitores, ininteligvel. A forma alegrica

    e o intencional misticismo da linguagem fazem que a maio-

    ria o leia por desencargo de conscincia e por dever, como

    lem as preces, sem as entender, isto , sem proveito. Pas-

    sam-lhes despercebidos os preceitos morais, disseminados

    aqui e ali, intercalados na massa das narrativas. Imposs-

    vel, ento, apanhar-se-lhes o conjunto e tom-los para ob-

    jeto de leitura e meditaes especiais.

    certo que tratados j se ho escrito de moral evang-

    lica; mas, o arranjo em moderno estilo literrio lhe tira a

    primitiva simplicidade que, ao mesmo tempo, lhe constitui

    o encanto e a autenticidade. Outro tanto cabe dizer-se das

    mximas destacadas e reduzidas sua mais simples ex-

    presso proverbial. Desde logo, j no passam de aforis-

    mos, privados de uma parte do seu valor e interesse, pela

    ausncia dos acessrios e das circunstncias em que fo-

    ram enunciadas.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3024

  • 25INTRODUO

    Para obviar a esses inconvenientes, reunimos, nesta

    obra, os artigos que podem compor, a bem dizer, um cdigo

    de moral universal, sem distino de culto. Nas citaes,

    conservamos o que til ao desenvolvimento da idia, pon-

    do de lado unicamente o que se no prende ao assunto.

    Alm disso, respeitamos escrupulosamente a traduo de

    Sacy, assim como a diviso em versculos. Em vez, porm,

    de nos atermos a uma ordem cronolgica impossvel e sem

    vantagem real para o caso, grupamos e classificamos meto-

    dicamente as mximas, segundo as respectivas naturezas,

    de modo que decorram umas das outras, tanto quanto pos-

    svel. A indicao dos nmeros de ordem dos captulos e

    dos versculos permite se recorra classificao vulgar, em

    sendo oportuno.

    Esse, entretanto, seria um trabalho material que, por

    si s, apenas teria secundria utilidade. O essencial era p-

    -lo ao alcance de todos, mediante a explicao das passa-

    gens obscuras e o desdobramento de todas as conseqn-

    cias, tendo em vista a aplicao dos ensinos a todas as

    condies da vida. Foi o que tentamos fazer, com a ajuda

    dos bons Espritos que nos assistem.

    Muitos pontos dos Evangelhos, da Bblia e dos autores

    sacros em geral s so ininteligveis, parecendo alguns at

    irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda

    o verdadeiro sentido. Essa chave est completa no Espiri-

    tismo, como j o puderam reconhecer os que o tm estuda-

    do seriamente e como todos, mais tarde, ainda melhor o

    reconhecero. O Espiritismo se nos depara por toda a parte

    na antigidade e nas diferentes pocas da Humanidade.

    Por toda a parte se lhe descobrem os vestgios: nos escri-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3025

  • 26 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    tos, nas crenas e nos monumentos. Essa a razo por que,

    ao mesmo tempo que rasga horizontes novos para o futuro,

    projeta luz no menos viva sobre os mistrios do passado.

    Como complemento de cada preceito, acrescentamos

    algumas instrues escolhidas, dentre as que os Espritos

    ditaram em vrios pases e por diferentes mdiuns. Se elas

    fossem tiradas de uma fonte nica, houveram talvez sofri-

    do uma influncia pessoal ou a do meio, enquanto a diver-

    sidade de origens prova que os Espritos do indistintamente

    seus ensinos e que ningum a esse respeito goza de qual-

    quer privilgio.1

    Esta obra para uso de todos. Dela podem todos hau-

    rir os meios de confortar com a moral do Cristo o respectivo

    proceder. Aos espritas oferece aplicaes que lhes

    concernem de modo especial. Graas s relaes esta-

    belecidas, doravante e permanentemente, entre os homens

    e o mundo invisvel, a lei evanglica, que os prprios Esp-

    ritos ensinaram a todas as naes, j no ser letra morta,

    porque cada um a compreender e se ver incessantemente

    compelido a p-la em prtica, a conselho de seus guias

    espirituais. As instrues que promanam dos Espritos so

    verdadeiramente as vozes do cu que vm esclarecer os ho-

    mens e convid-los prtica do Evangelho.

    1 Houvramos, sem dvida, podido apresentar, sobre cada assunto,maior nmero de comunicaes obtidas numa poro de outrascidades e centros, alm das que citamos. Tivemos, porm, de evitara monotonia das repeties inteis e limitar a nossa escolha sque, tanto pelo fundo quanto pela forma, se enquadravam melhorno plano desta obra, reservando para publicaes ulteriores as queno puderam caber aqui.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3026

  • 27INTRODUO

    II AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPRITA

    CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINODOS ESPRITOS

    Se a Doutrina Esprita fosse de concepo puramente

    humana, no ofereceria por penhor seno as luzes daquele

    que a houvesse concebido. Ora, ningum, neste mundo,

    poderia alimentar fundadamente a pretenso de possuir,

    com exclusividade, a verdade absoluta. Se os Espritos que

    a revelaram se houvessem manifestado a um s homem,

    nada lhe garantiria a origem, porquanto fora mister acredi-

    tar, sob palavra, naquele que dissesse ter recebido deles o

    ensino. Admitida, de sua parte, sinceridade perfeita, quan-

    do muito poderia ele convencer as pessoas de suas rela-

    es; conseguiria sectrios, mas nunca chegaria a congregar

    todo o mundo.

    Quis Deus que a nova revelao chegasse aos homens

    por mais rpido caminho e mais autntico. Incumbiu, pois,

    os Espritos de lev-la de um plo a outro, manifestando-se

    por toda a parte, sem conferir a ningum o privilgio de

    Quanto aos mdiuns, abstivemo-nos de nome-los. Na maioria doscasos, no os designamos a pedido deles prprios e, assim sendo,no convinha fazer excees. Ao demais, os nomes dos mdiuns ne-nhum valor teriam acrescentado obra dos Espritos. Mencion-losmais no fora, ento, do que satisfazer ao amor-prprio, coisa a queos mdiuns verdadeiramente srios nenhuma importncia ligam.Compreendem eles que, por ser meramente passivo o papel que lhestoca, o valor das comunicaes em nada lhes exala o mrito pessoal;e que seria pueril envaidecerem-se de um trabalho de inteligncia aoqual apenas mecnico o concurso que prestam.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3027

  • 28 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser ludibriado, pode

    enganar-se a si mesmo; j no ser assim, quando milhes

    de criaturas vem e ouvem a mesma coisa. Constitui isso

    uma garantia para cada um e para todos. Ao demais, pode

    fazer-se que desaparea um homem; mas no se pode fazer

    que desapaream as coletividades; podem queimar-se os

    livros, mas no se podem queimar os Espritos. Ora, quei-

    massem-se todos os livros e a fonte da doutrina no deixa-

    ria de conservar-se inexaurvel, pela razo mesma de no

    estar na Terra, de surgir em todos os lugares e de poderem

    todos dessedentar-se nela. Faltem os homens para difun-

    di-la: haver sempre os Espritos, cuja atuao a todos atin-

    ge e aos quais ningum pode atingir.

    So, pois, os prprios Espritos que fazem a propaga-

    o, com o auxlio dos inmeros mdiuns que, tambm eles,

    os Espritos, vo suscitando de todos os lados. Se tivesse

    havido unicamente um intrprete, por mais favorecido que

    fosse, o Espiritismo mal seria conhecido. Qualquer que fos-

    se a classe a que pertencesse, tal intrprete houvera sido

    objeto das prevenes de muita gente e nem todas as na-

    es o teriam aceitado, ao passo que os Espritos se comu-

    nicam em todos os pontos da Terra, a todos os povos, a

    todas as seitas, a todos os partidos, e todos os aceitam. O

    Espiritismo no tem nacionalidade e no faz parte de ne-

    nhum culto existente; nenhuma classe social o impe, vis-

    to que qualquer pessoa pode receber instrues de seus

    parentes e amigos de alm-tmulo. Cumpre seja assim, para

    que ele possa conduzir todos os homens fraternidade. Se

    no se mantivesse em terreno neutro, alimentaria as dis-

    senses, em vez de apazigu-las.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3028

  • 29INTRODUO

    Nessa universalidade do ensino dos Espritos reside a

    fora do Espiritismo e, tambm, a causa de sua to rpida

    propagao. Enquanto a palavra de um s homem, mesmo

    com o concurso da imprensa, levaria sculos para chegar

    ao conhecimento de todos, milhares de vozes se fazem ou-

    vir simultaneamente em todos os recantos do planeta, pro-

    clamando os mesmos princpios e transmitindo-os aos mais

    ignorantes, como aos mais doutos, a fim de que no haja

    deserdados. uma vantagem de que no gozara ainda ne-

    nhuma das doutrinas surgidas at hoje. Se o Espiritismo,

    portanto, uma verdade, no teme o malquerer dos ho-

    mens, nem as revolues morais, nem as subverses fsi-

    cas do globo, porque nada disso pode atingir os Espritos.

    No essa, porm, a nica vantagem que lhe decorre

    da sua excepcional posio. Ela lhe faculta inatacvel ga-

    rantia contra todos os cismas que pudessem provir, seja da

    ambio de alguns, seja das contradies de certos Espri-

    tos. Tais contradies, no h negar, so um escolho; mas

    que traz consigo o remdio, ao lado do mal.

    Sabe-se que os Espritos, em virtude da diferena en-

    tre as suas capacidades, longe se acham de estar, indivi-

    dualmente considerados, na posse de toda a verdade; que

    nem a todos dado penetrar certos mistrios; que o saber

    de cada um deles proporcional sua depurao; que os

    Espritos vulgares mais no sabem do que muitos homens;

    que entre eles, como entre estes, h presunosos e

    sofmanos, que julgam saber o que ignoram; sistemticos,

    que tomam por verdades as suas idias; enfim, que s os

    Espritos da categoria mais elevada, os que j esto com-

    pletamente desmaterializados, se encontram despidos das

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3029

  • 30 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    idias e preconceitos terrenos; mas, tambm sabido que

    os Espritos enganadores no escrupulizam em tomar no-

    mes que lhes no pertencem, para impingirem suas uto-

    pias. Da resulta que, com relao a tudo o que seja fora do

    mbito do ensino exclusivamente moral, as revelaes que

    cada um possa receber tero carter individual, sem cunho

    de autenticidade; que devem ser consideradas opinies pes-

    soais de tal ou qual Esprito e que imprudente fora aceit-las

    e propag-las levianamente como verdades absolutas.

    O primeiro exame comprobativo , pois, sem contradita,

    o da razo, ao qual cumpre se submeta, sem exceo, tudo

    o que venha dos Espritos. Toda teoria em manifesta con-

    tradio com o bom-senso, com uma lgica rigorosa e com

    os dados positivos j adquiridos, deve ser rejeitada, por mais

    respeitvel que seja o nome que traga como assinatura. In-

    completo, porm, ficar esse exame em muitos casos, por

    efeito da falta de luzes de certas pessoas e das tendncias

    de no poucas a tomar as prprias opinies como juzes

    nicos da verdade. Assim sendo, que ho de fazer aqueles

    que no depositam confiana absoluta em si mesmos? Bus-

    car o parecer da maioria e tomar por guia a opinio desta.

    De tal modo que se deve proceder em face do que digam os

    Espritos, que so os primeiros a nos fornecer os meios de

    consegui-lo.

    A concordncia no que ensinem os Espritos , pois, a

    melhor comprovao. Importa, no entanto, que ela se d

    em determinadas condies. A mais fraca de todas ocorre

    quando um mdium, a ss, interroga muitos Espritos acerca

    de um ponto duvidoso. evidente que, se ele estiver sob o

    imprio de uma obsesso, ou lidando com um Esprito

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3030

  • 31INTRODUO

    mistificador, este lhe pode dizer a mesma coisa sob diferen-

    tes nomes. Tampouco garantia alguma suficiente haver

    na conformidade que apresente o que se possa obter por

    diversos mdiuns, num mesmo centro, porque podem es-

    tar todos sob a mesma influncia.

    Uma s garantia sria existe para o ensino dos Espri-

    tos: a concordncia que haja entre as revelaes que eles

    faam espontaneamente, servindo-se de grande nmero de

    mdiuns estranhos uns aos outros e em vrios lugares.

    V-se bem que no se trata aqui das comunicaes

    referentes a interesses secundrios, mas do que respeita

    aos princpios mesmos da doutrina. Prova a experincia

    que, quando um princpio novo tem de ser enunciado, isso

    se d espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tem-

    po e de modo idntico, seno quanto forma, quanto ao

    fundo.

    Se, portanto, aprouver a um Esprito formular um sis-

    tema excntrico, baseado unicamente nas suas idias e com

    excluso da verdade, pode ter-se a certeza de que tal siste-

    ma conservar-se- circunscrito e cair, diante das instru-

    es dadas de todas as partes, conforme os mltiplos exem-

    plos que j se conhecem. Foi essa unanimidade que ps

    por terra todos os sistemas parciais que surgiram na ori-

    gem do Espiritismo, quando cada um explicava sua ma-

    neira os fenmenos, e antes que se conhecessem as leis

    que regem as relaes entre o mundo visvel e o mundo

    invisvel.

    Essa a base em que nos apoiamos, quando formula-

    mos um princpio da doutrina. No porque esteja de acor-

    do com as nossas idias que o temos por verdadeiro. No

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3031

  • 32 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    nos arvoramos, absolutamente, em rbitro supremo da ver-

    dade e a ningum dizemos: Crede em tal coisa, porque

    somos ns que vo-lo dizemos. A nossa opinio no passa,

    aos nossos prprios olhos, de uma opinio pessoal, que

    pode ser verdadeira ou falsa, visto no nos considerarmos

    mais infalvel do que qualquer outro. Tambm no

    porque um princpio nos foi ensinado que, para ns, ele

    exprime a verdade, mas porque recebeu a sano da

    concordncia.

    Na posio em que nos encontramos, a receber comu-

    nicaes de perto de mil centros espritas srios, dissemi-

    nados pelos mais diversos pontos da Terra, achamo-nos

    em condies de observar sobre que princpio se estabelece

    a concordncia. Essa observao que nos tem guiado at

    hoje e a que nos guiar em novos campos que o Espiritis-

    mo ter de explorar. Porque, estudando atentamente as

    comunicaes vindas tanto da Frana como do estrangei-

    ro, reconhecemos, pela natureza toda especial das revela-

    es, que ele tende a entrar por um novo caminho e que lhe

    chegou o momento de dar um passo para diante. Essas

    revelaes, feitas muitas vezes com palavras veladas, ho

    freqentemente passado despercebidas a muitos dos que

    as obtiveram. Outros julgaram-se os nicos a possu-las.

    Tomadas insuladamente, elas, para ns, nenhum valor te-

    riam; somente a coincidncia lhes imprime gravidade. De-

    pois, chegado o momento de serem entregues publici-

    dade, cada um se lembrar de haver obtido instrues no

    mesmo sentido. Esse movimento geral, que observamos e

    estudamos, com a assistncia dos nossos guias espirituais,

    que nos auxilia a julgar da oportunidade de fazermos ou

    no alguma coisa.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3032

  • 33INTRODUO

    Essa verificao universal constitui uma garantia para

    a unidade futura do Espiritismo e anular todas as teorias

    contraditrias. A que, no porvir, se encontrar o critrio

    da verdade. O que deu lugar ao xito da doutrina exposta

    em O Livro dos Espritos e em O Livro dos Mdiuns foi que

    em toda a parte todos receberam diretamente dos Espritos

    a confirmao do que esses livros contm. Se de todos os

    lados tivessem vindo os Espritos contradiz-la, j de h

    muito haveriam aquelas obras experimentado a sorte de

    todas as concepes fantsticas. Nem mesmo o apoio da

    imprensa as salvaria do naufrgio, ao passo que, privadas

    como se viram desse apoio, no deixaram elas de abrir ca-

    minho e de avanar celeremente. que tiveram o dos Esp-

    ritos, cuja boa vontade no s compensou, como tambm

    sobrepujou o malquerer dos homens. Assim suceder a to-

    das as idias que, emanando quer dos Espritos, quer dos

    homens, no possam suportar a prova desse confronto, cuja

    fora a ningum lcito contestar.

    Suponhamos praza a alguns Espritos ditar, sob qual-

    quer ttulo, um livro em sentido contrrio; suponhamos

    mesmo que, com inteno hostil, objetivando desacreditar

    a doutrina, a malevolncia suscitasse comunicaes apcri-

    fas; que influncia poderiam exercer tais escritos, desde

    que de todos os lados os desmentissem os Espritos? com

    a adeso destes que se deve garantir aquele que queira lan-

    ar, em seu nome, um sistema qualquer. Do sistema de um

    s ao de todos, medeia a distncia que vai da unidade ao

    infinito. Que podero conseguir os argumentos dos

    detratores, sobre a opinio das massas, quando milhes de

    vozes amigas, provindas do Espao, se faam ouvir em to-

    dos os recantos do Universo e no seio das famlias, a infirm-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3033

  • 34 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    -los? A esse respeito j no foi a teoria confirmada pela expe-

    rincia? Que feito das inmeras publicaes que traziam a

    pretenso de arrasar o Espiritismo? Qual a que, sequer, lhe

    retardou a marcha? At agora, no se considera a questo

    desse ponto de vista, sem contestao um dos mais graves.

    Cada um contou consigo, sem contar com os Espritos.

    O princpio da concordncia tambm uma garantia

    contra as alteraes que poderiam sujeitar o Espiritismo s

    seitas que se propusessem apoderar-se dele em proveito

    prprio e acomod-lo vontade. Quem quer que tentasse

    desvi-lo do seu providencial objetivo, malsucedido se ve-

    ria, pela razo muito simples de que os Espritos, em virtu-

    de da universalidade de seus ensinos, faro cair por terra

    qualquer modificao que se divorcie da verdade.

    De tudo isso ressalta uma verdade capital: a de que

    aquele que quisesse opor-se corrente de idias estabele-

    cida e sancionada poderia, certo, causar uma pequena

    perturbao local e momentnea; nunca, porm, dominar

    o conjunto, mesmo no presente, nem, ainda menos, no

    futuro.

    Tambm ressalta que as instrues dadas pelos Espri-

    tos sobre os pontos ainda no elucidados da Doutrina no

    constituiro lei, enquanto essas instrues permanecerem

    insuladas; que elas no devem, por conseguinte, ser acei-

    tas seno sob todas as reservas e a ttulo de esclarecimento.

    Da a necessidade da maior prudncia em dar-lhes pu-

    blicidade; e, caso se julgue conveniente public-las, impor-

    ta no as apresentar seno como opinies individuais, mais

    ou menos provveis, porm, carecendo sempre de confir-

    mao. Essa confirmao que se precisa aguardar, antes

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3034

  • 35INTRODUO

    de apresentar um princpio como verdade absoluta, a me-

    nos se queira ser acusado de leviandade ou de credulidade

    irrefletida.

    Com extrema sabedoria procedem os Espritos supe-

    riores em suas revelaes. No atacam as grandes ques-

    tes da Doutrina seno gradualmente, medida que a inteli-

    gncia se mostra apta a compreender verdade de ordem

    mais elevada e quando as circunstncias se revelam prop-

    cias emisso de uma idia nova. Por isso que logo de

    princpio no disseram tudo, e tudo ainda hoje no disse-

    ram, jamais cedendo impacincia dos muito afoitos, que

    querem os frutos antes de estarem maduros. Fora, pois,

    suprfluo pretender adiantar-se ao tempo que a Providncia

    assinou para cada coisa, porque, ento, os Espritos verda-

    deiramente srios negariam o seu concurso. Os Espritos

    levianos, pouco se preocupando com a verdade, a tudo res-

    pondem; da vem que, sobre todas as questes prematuras,

    h sempre respostas contraditrias.

    Os princpios acima no resultam de uma teoria pes-

    soal: so conseqncia forada das condies em que os

    Espritos se manifestam. evidente que, se um Esprito diz

    uma coisa de um lado, enquanto milhes de outros dizem o

    contrrio algures, a presuno de verdade no pode estar

    com aquele que o nico ou quase o nico de tal parecer.

    Ora, pretender algum ter razo contra todos seria to il-

    gico da parte dos Espritos, quanto da parte dos homens.

    Os Espritos verdadeiramente ponderados, se no se sen-

    tem suficientemente esclarecidos sobre uma questo, nun-

    ca a resolvem de modo absoluto; declaram que apenas a

    tratam do seu ponto de vista e aconselham que se aguarde

    a confirmao.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3035

  • 36 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    Por grande, bela e justa que seja uma idia, impossvel

    que desde o primeiro momento congregue todas as opi-

    nies. Os conflitos que da decorrem so conseqncia ine-

    vitvel do movimento que se opera; eles so mesmo neces-

    srios para maior realce da verdade e convm se produzam

    desde logo, para que as idias falsas prontamente sejam

    postas de lado. Os espritas que a esse respeito alimentas-

    sem qualquer temor podem ficar perfeitamente tranqilos:

    todas as pretenses insuladas cairo, pela fora mesma das

    coisas, diante do enorme e poderoso critrio da concordn-

    cia universal.

    No ser opinio de um homem que se aliaro os ou-

    tros, mas voz unnime dos Espritos; no ser um ho-

    mem, nem ns, nem qualquer outro que fundar a ortodoxia

    esprita; tampouco ser um Esprito que se venha impor a

    quem quer que seja: ser a universalidade dos Espritos

    que se comunicam em toda a Terra, por ordem de Deus.

    Esse o carter essencial da Doutrina Esprita; essa a sua

    fora, a sua autoridade. Quis Deus que a sua lei assentas-

    se em base inamovvel e por isso no lhe deu por funda-

    mento a cabea frgil de um s.

    Diante de to poderoso arepago, onde no se conhe-

    cem corrilhos, nem rivalidades ciosas, nem seitas, nem na-

    es, que viro quebrar-se todas as oposies, todas as

    ambies, todas as pretenses supremacia individual;

    que nos quebraramos ns mesmos, se quisssemos substi-

    tuir os seus decretos soberanos pelas nossas prprias idias.

    S Ele decidir todas as questes litigiosas, impor silncio

    s dissidncias e dar razo a quem a tenha. Diante desse

    imponente acordo de todas as vozes do Cu, que pode a

    opinio de um homem ou de um Esprito? menos do que a

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3036

  • 37INTRODUO

    gota dgua que se perde no oceano, menos do que a voz da

    criana que a tempestade abafa.

    A opinio universal, eis o juiz supremo, o que se pro-

    nuncia em ltima instncia. Formam-na todas as opinies

    individuais. Se uma destas verdadeira, apenas tem na

    balana o seu peso relativo. Se falsa, no pode prevalecer

    sobre todas as demais. Nesse imenso concurso, as indivi-

    dualidades se apagam, o que constitui novo insucesso para

    o orgulho humano.

    J se desenha o harmonioso conjunto. Este sculo no

    passar sem que ele resplandea em todo o seu brilho, de

    modo a dissipar todas as incertezas, porquanto daqui at

    l potentes vozes tero recebido a misso de se fazerem

    ouvir, para congregar os homens sob a mesma bandeira,

    uma vez que o campo se ache suficientemente lavrado.

    Enquanto isso se no d, aquele que flutue entre dois sis-

    temas opostos pode observar em que sentido se forma a

    opinio geral; essa ser a indicao certa do sentido em

    que se pronuncia a maioria dos Espritos, nos diversos pon-

    tos em que se comunicam, e um sinal no menos certo de

    qual dos dois sistemas prevalecer.

    III NOTCIAS HISTRICAS

    Para bem se compreenderem algumas passagens dosEvangelhos, necessrio se faz conhecer o valor de muitaspalavras neles freqentemente empregadas e que caracte-rizam o estado dos costumes e da sociedade judia naquelapoca. J no tendo para ns o mesmo sentido, essas pala-vras foram com freqncia mal-interpretadas, causando isso

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3037

  • 38 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    uma espcie de incerteza. A inteligncia da significao de-

    las explica, ao demais, o verdadeiro sentido de certas mxi-

    mas que, primeira vista, parecem singulares.

    Escribas. Nome dado, a princpio, aos secretrios

    dos reis de Jud e a certos intendentes dos exrcitos ju-

    deus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores

    que ensinavam a lei de Moiss e a interpretavam para o

    povo. Faziam causa comum com os fariseus, de cujos prin-

    cpios partilhavam, bem como da antipatia que aqueles vo-

    tavam aos inovadores. Da o envolv-los Jesus na repro-

    vao que lanava aos fariseus.

    Essnios ou esseus. Tambm seita judia fundada

    cerca do ano 150 antes de Jesus-Cristo, ao tempo dos

    macabeus, e cujos membros, habitando uma espcie de

    mosteiros, formavam entre si uma como associao moral

    e religiosa. Distinguiam-se pelos costumes brandos e por

    austeras virtudes, ensinavam o amor a Deus e ao prximo,

    a imortalidade da alma e acreditavam na ressurreio. Vi-

    viam em celibato, condenavam a escravido e a guerra,

    punham em comunho os seus bens e se entregavam

    agricultura. Contrrios aos saduceus sensuais, que nega-

    vam a imortalidade; aos fariseus de rgidas prticas exterio-

    res e de virtudes apenas aparentes, nunca os essnios toma-

    ram parte nas querelas que tornaram antagonistas aquelas

    duas outras seitas. Pelo gnero de vida que levavam, asse-

    melhavam-se muito aos primeiros cristos, e os princpios

    da moral que professavam induziram muitas pessoas a su-

    por que Jesus, antes de dar comeo sua misso pblica,

    lhes pertencera comunidade. certo que ele h de t-la

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3038

  • 39INTRODUO

    conhecido, mas nada prova que se lhe houvesse filiado,

    sendo, pois, hipottico tudo quanto a esse respeito se

    escreveu.1

    Fariseus (do hebreu parush, diviso, separao). A

    tradio constitua parte importante da teologia dos judeus.

    Consistia numa compilao das interpretaes su-

    cessivamente dadas ao sentido das Escrituras e tornadas

    artigos de dogma. Constitua, entre os doutores, assunto

    de discusses interminveis, as mais das vezes sobre sim-

    ples questes de palavras ou de formas, no gnero das dis-

    putas teolgicas e das sutilezas da escolstica da Idade

    Mdia. Da nasceram diferentes seitas, cada uma das quais

    pretendia ter o monoplio da verdade, detestando-se umas

    s outras, como si acontecer.

    Entre essas seitas, a mais influente era a dos fariseus,

    que teve por chefe Hillel 2, doutor judeu nascido na Babilnia,

    fundador de uma escola clebre, onde se ensinava que s

    se devia depositar f nas Escrituras. Sua origem remonta a

    180 ou 200 anos antes de Jesus-Cristo. Os fariseus, em

    diversas pocas, foram perseguidos, especialmente sob

    Hircano soberano pontfice e rei dos judeus , Aristbulo

    1 A morte de Jesus, supostamente escrita por um essnio, obrainteiramente apcrifa, cujo nico fim foi servir de apoio a uma opi-nio. Ela traz em si mesma a prova da sua origem moderna.

    2 No confundir esse Hillel que fundou a seita dos fariseus com o seuhomnimo que viveu duzentos anos mais tarde e estabeleceu osprincpios religiosos e sociais de um sistema todo de tolerncia eamor, sistema hoje conhecido por Hilelismo. A Editora da FEB,1947.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3039

  • 40 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    e Alexandre, rei da Sria. Este ltimo, porm, lhes deferiu

    honras e restituiu os bens, de sorte que eles readquiriram o

    antigo poderio e o conservaram at runa de Jerusalm,

    no ano 70 da era crist, poca em que se lhes apagou o

    nome, em conseqncia da disperso dos judeus.

    Tomavam parte ativa nas controvrsias religiosas. Ser-

    vis cumpridores das prticas exteriores do culto e das ceri-

    mnias; cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimi-

    gos dos inovadores, afetavam grande severidade de

    princpios; mas, sob as aparncias de meticulosa devoo,

    ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de

    tudo, excessiva nsia de dominao. Tinham a religio mais

    como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de

    f sincera. Da virtude nada possuam, alm das exteriori-

    dades e da ostentao; entretanto, por umas e outras, exer-

    ciam grande influncia sobre o povo, a cujos olhos passa-

    vam por santas criaturas. Da o serem muito poderosos

    em Jerusalm.

    Acreditavam, ou, pelo menos, fingiam acreditar na Pro-

    vidncia, na imortalidade da alma, na eternidade das pe-

    nas e na ressurreio dos mortos. (Cap. IV, n 4.) Jesus,

    que prezava, sobretudo, a simplicidade e as qualidades da

    alma, que, na lei, preferia o esprito, que vivifica, letra, que

    mata, se aplicou, durante toda a sua misso, a lhes des-

    mascarar a hipocrisia, pelo que tinha neles encarniados

    inimigos. Essa a razo por que se ligaram aos prncipes dos

    sacerdotes para amotinar contra ele o povo e elimin-lo.

    Nazarenos. Nome dado, na antiga lei, aos judeus

    que faziam voto, ou perptuo ou temporrio, de guardar

    perfeita pureza. Eles se comprometiam a observar a casti-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3040

  • 41INTRODUO

    dade, a abster-se de bebidas alcolicas e a conservar a ca-

    beleira. Sanso, Samuel e Joo Batista eram nazarenos.

    Mais tarde, os judeus deram esse nome aos primeiros

    cristos, por aluso a Jesus de Nazar.

    Tambm foi essa a denominao de uma seita hertica

    dos primeiros sculos da era crist, a qual, do mesmo modo

    que os ebionitas, de quem adotava certos princpios, mis-

    turava as prticas do moisasmo com os dogmas cristos,

    seita essa que desapareceu no sculo quarto.

    Portageiros. Eram os arrecadadores de baixa cate-

    goria, incumbidos principalmente da cobrana dos direitos

    de entrada nas cidades. Suas funes correspondiam mais

    ou menos dos empregados de alfndega e recebedores

    dos direitos de barreira. Compartilhavam da repulsa que

    pesava sobre os publicanos em geral. Essa a razo por que,

    no Evangelho, se depara freqentemente com a palavra

    publicano ao lado da expresso gente de m vida. Tal quali-

    ficao no implicava a de debochados ou vagabundos. Era

    um termo de desprezo, sinnimo de gente de m compa-

    nhia, gente indigna de conviver com pessoas distintas.

    Publicanos. Eram assim chamados, na antiga Ro-

    ma, os cavalheiros arrendatrios das taxas pblicas, incum-

    bidos da cobrana dos impostos e das rendas de toda esp-

    cie, quer em Roma mesma, quer nas outras partes do

    Imprio. Eram como os arrendatrios gerais e arremata-

    dores de taxas do antigo regmen na Frana e que ainda

    existem nalgumas regies. Os riscos a que estavam sujei-

    tos faziam que os olhos se fechassem para as riquezas que

    muitas vezes adquiriam e que, da parte de alguns, eram

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3041

  • 42 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    frutos de exaes e de lucros escandalosos. O nome de

    publicano se estendeu mais tarde a todos os que superinten-

    diam os dinheiros pblicos e aos agentes subalternos. Hoje

    esse termo se emprega em sentido pejorativo, para desig-

    nar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de ne-

    gcios. Diz-se por vezes: vido como um publicano, rico

    como um publicano, com referncia a riquezas de mau

    quilate.

    De toda a dominao romana, o imposto foi o que os

    judeus mais dificilmente aceitaram e o que mais irritao

    causou entre eles. Da nasceram vrias revoltas, fazendo-se

    do caso uma questo religiosa, por ser considerada contr-

    ria Lei. Constituiu-se, mesmo, um partido poderoso, a

    cuja frente se ps um certo Jud, apelidado o Gaulonita,

    tendo por princpio o no pagamento do imposto. Os ju-

    deus, pois, abominavam a este e, como conseqncia, a

    todos os que eram encarregados de arrecad-lo, donde a

    averso que votavam aos publicanos de todas as catego-

    rias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito

    estimveis, mas que, em virtude das suas funes, eram

    desprezadas, assim como os que com elas mantinham rela-

    es, os quais se viam atingidos pela mesma reprovao.

    Os judeus de destaque consideravam um comprometimen-

    to ter com eles intimidade.

    Saduceus. Seita judia, que se formou por volta do

    ano 248 antes de Jesus-Cristo e cujo nome lhe veio do de

    Sadoc, seu fundador. No criam na imortalidade, nem na

    ressurreio, nem nos anjos bons e maus. Entretanto,

    criam em Deus; nada, porm, esperando aps a morte, s o

    serviam tendo em vista recompensas temporais, ao que,

    segundo eles, se limitava a providncia divina. Assim pen-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3042

  • 43INTRODUO

    sando, tinham a satisfao dos sentidos fsicos por objetivo

    essencial da vida. Quanto s Escrituras, atinham-se ao texto

    da lei antiga. No admitiam a tradio, nem interpretaes

    quaisquer. Colocavam as boas obras e a observncia pura e

    simples da Lei acima das prticas exteriores do culto. Eram,

    como se v, os materialistas, os destas e os sensualistas

    da poca. Seita pouco numerosa, mas que contava em seu

    seio importantes personagens e se tornou um partido pol-

    tico oposto constantemente aos fariseus.

    Samaritanos. Aps o cisma das dez tribos, Samaria

    se constituiu a capital do reino dissidente de Israel. Des-

    truda e reconstruda vrias vezes, tornou-se, sob os roma-

    nos, a cabea da Samaria, uma das quatro divises da Pa-

    lestina. Herodes, chamado o Grande, a embelezou de

    suntuosos monumentos e, para lisonjear Augusto, lhe deu

    o nome de Augusta, em grego Sebaste.

    Os samaritanos estiveram quase constantemente em

    guerra com os reis de Jud. Averso profunda, datando da

    poca da separao, perpetuou-se entre os dois povos, que

    evitavam todas as relaes recprocas. Aqueles, para torna-

    rem maior a ciso e no terem de vir a Jerusalm pela cele-

    brao das festas religiosas, construram para si um tem-

    plo particular e adotaram algumas reformas. Somente

    admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moiss, e

    rejeitavam todos os outros livros que a esse foram poste-

    riormente anexados. Seus livros sagrados eram escritos em

    caracteres hebraicos da mais alta antigidade. Para os ju-

    deus ortodoxos, eles eram herticos e, portanto, des-

    prezados, anatematizados e perseguidos. O antagonismo

    das duas naes tinha, pois, por fundamento nico a diver-

    gncia das opinies religiosas; se bem fosse a mesma a ori-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3043

  • 44 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    gem das crenas de uma e outra. Eram os protestantes des-

    se tempo.

    Ainda hoje se encontram samaritanos em algumas re-

    gies do Levante, particularmente em Nablus e em Jafa.

    Observam a lei de Moiss com mais rigor que os outros

    judeus e s entre si contraem alianas.

    Sinagoga (do grego synagog, assemblia, congrega-

    o). Um nico templo havia na Judia, o de Salomo, em

    Jerusalm, onde se celebravam as grandes cerimnias do

    culto. Os judeus, todos os anos, l iam em peregrinao

    para as festas principais, como as da Pscoa, da Dedicao

    e dos Tabernculos. Por ocasio dessas festas que Jesus

    tambm costumava ir l. As outras cidades no possuam

    templos, mas, apenas, sinagogas: edifcios onde os judeus

    se reuniam aos sbados, para fazer preces pblicas, sob a

    chefia dos ancies, dos escribas, ou doutores da Lei. Nelas

    tambm se realizavam leituras dos livros sagrados, segui-

    das de explicaes e comentrios, atividades das quais qual-

    quer pessoa podia participar. Por isso que Jesus, sem ser

    sacerdote, ensinava aos sbados nas sinagogas.

    Desde a runa de Jerusalm e a disperso dos judeus,

    as sinagogas, nas cidades por eles habitadas, servem-lhes

    de templos para a celebrao do culto.

    Terapeutas (do grego therapeutai, formado de thera-

    peuein, servir, cuidar, isto : servidores de Deus, ou cura-

    dores). Eram sectrios judeus contemporneos do Cristo,

    estabelecidos principalmente em Alexandria, no Egito. Ti-

    nham muita relao com os essnios, cujos princpios ado-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3044

  • 45INTRODUO

    tavam, aplicando-se, como esses ltimos, prtica de to-

    das as virtudes. Eram de extrema frugalidade na alimenta-

    o. Tambm celibatrios, votados contemplao e viven-

    do vida solitria, constituam uma verdadeira ordem

    religiosa. Flon, filsofo judeu platnico, de Alexandria, foi

    o primeiro a falar dos terapeutas, considerando-os uma seita

    do judasmo. Eusbio, S. Jernimo e outros Pais da Igreja

    pensam que eles eram cristos. Fossem tais, ou fossem ju-

    deus, o que evidente que, do mesmo modo que os

    essnios, eles representam o trao de unio entre o Judas-

    mo e o Cristianismo.

    IV SCRATES E PLATO, PRECURSORESDA IDIA CRIST E DO ESPIRITISMO

    Do fato de haver Jesus conhecido a seita dos essnios,

    fora errneo concluir-se que a sua doutrina hauriu-a ele

    na dessa seita e que, se houvera vivido noutro meio, teria

    professado outros princpios. As grandes idias jamais ir-

    rompem de sbito. As que assentam sobre a verdade sem-

    pre tm precursores que lhes preparam parcialmente os

    caminhos. Depois, em chegando o tempo, envia Deus um

    homem com a misso de resumir, coordenar e completar os

    elementos esparsos, de reuni-los em corpo de doutrina.

    Desse modo, no surgindo bruscamente, a idia, ao apare-

    cer, encontra espritos dispostos a aceit-la. Tal o que se

    deu com a idia crist, que foi pressentida muitos sculos

    antes de Jesus e dos essnios, tendo por principais precur-

    sores Scrates e Plato.

    Scrates, como o Cristo, nada escreveu, ou, pelo me-

    nos, nenhum escrito deixou. Como o Cristo, teve a morte

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3045

  • 46 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    dos criminosos, vtima do fanatismo, por haver atacado as

    crenas que encontrara e colocado a virtude real acima da

    hipocrisia e do simulacro das formas; por haver, numa pa-

    lavra, combatido os preconceitos religiosos. Do mesmo modo

    que Jesus, a quem os fariseus acusavam de estar corrom-

    pendo o povo com os ensinamentos que lhe ministrava,

    tambm ele foi acusado, pelos fariseus do seu tempo, visto

    que sempre os houve em todas as pocas, por proclamar o

    dogma da unidade de Deus, da imortalidade da alma e da

    vida futura. Assim como a doutrina de Jesus s a conhece-

    mos pelo que escreveram seus discpulos, da de Scrates

    s temos conhecimento pelos escritos de seu discpulo

    Plato. Julgamos conveniente resumir aqui os pontos de

    maior relevo, para mostrar a concordncia deles com os

    princpios do Cristianismo.

    Aos que considerarem esse paralelo uma profanao e

    pretendam que no pode haver paridade entre a doutrina

    de um pago e a do Cristo, diremos que no era pag a de

    Scrates, pois que objetivava combater o paganismo; que a

    de Jesus, mais completa e mais depurada do que aquela,

    nada tem que perder com a comparao; que a grandeza da

    misso divina do Cristo no pode ser diminuda; que, ao

    demais, trata-se de um fato da Histria, que a ningum

    ser possvel apagar. O homem h chegado a um ponto em

    que a luz emerge por si mesma de sob o alqueire. Ele se

    acha maduro bastante para encar-la de frente; tanto pior

    para os que no ousem abrir os olhos. Chegou o tempo de

    se considerarem as coisas de modo amplo e elevado, no

    mais do ponto de vista mesquinho e acanhado dos interes-

    ses de seitas e de castas.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3046

  • 47INTRODUO

    Alm disso, estas citaes provaro que, se Scrates e

    Plato pressentiram a idia crist, em seus escritos tam-

    bm se nos deparam os princpios fundamentais do

    Espiritismo.

    RESUMO DA DOUTRINA DE SCRATES E DE PLATO

    I. O homem uma alma encarnada. Antes da sua en-

    carnao, existia unida aos tipos primordiais das idias do

    verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles, encarnando, e,

    recordando o seu passado, mais ou menos atormentada

    pelo desejo de voltar a ele.

    No se pode enunciar mais claramente a distino e

    independncia entre o princpio inteligente e o princpio ma-

    terial. , alm disso, a doutrina da preexistncia da alma;

    da vaga intuio que ela guarda de um outro mundo, a que

    aspira; da sua sobrevivncia ao corpo; da sua sada do

    mundo espiritual, para encarnar, e da sua volta a esse mes-

    mo mundo, aps a morte. , finalmente, o grmen da dou-

    trina dos Anjos decados.

    II. A alma se transvia e perturba, quando se serve do

    corpo para considerar qualquer objeto; tem vertigem, como

    se estivesse bria, porque se prende a coisas que esto, por

    sua natureza, sujeitas a mudanas; ao passo que, quando

    contempla a sua prpria essncia, dirige-se para o que puro,

    eterno, imortal, e, sendo ela dessa natureza, permanece a

    ligada, por tanto tempo quanto possa. Cessam ento os seus

    transviamentos, pois que est unida ao que imutvel e a

    esse estado da alma que se chama sabedoria.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3047

  • 48 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    Assim, ilude a si mesmo o homem que considera as

    coisas de modo terra-a-terra, do ponto de vista material.

    Para as apreciar com justeza, tem de as ver do alto, isto ,

    do ponto de vista espiritual. Aquele, pois, que est de posse

    da verdadeira sabedoria, tem de isolar do corpo a alma,

    para ver com os olhos do Esprito. o que ensina o Espiri-

    tismo. (Cap. II, n 5.)

    III. Enquanto tivermos o nosso corpo e a alma se achar

    mergulhada nessa corrupo, nunca possuiremos o objeto

    dos nossos desejos: a verdade. Com efeito, o corpo nos sus-

    cita mil obstculos pela necessidade em que nos achamos

    de cuidar dele. Ao demais, ele nos enche de desejos, de ape-

    tites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de manei-

    ra que, com ele, impossvel se nos torna ser ajuizados, se-

    quer por um instante. Mas, se no nos possvel conhecer

    puramente coisa alguma, enquanto a alma nos est ligada

    ao corpo, de duas uma: ou jamais conheceremos a verdade,

    ou s a conheceremos aps a morte. Libertos da loucura do

    corpo, conversaremos ento, lcito esper-lo, com homens

    igualmente libertos e conheceremos, por ns mesmos, a es-

    sncia das coisas. Essa a razo por que os verdadeiros fil-

    sofos se exercitam em morrer e a morte no se lhes afigura,

    de modo nenhum, temvel.

    Est a o princpio das faculdades da alma obscure-

    cidas por motivo dos rgos corporais e o da expanso des-

    sas faculdades depois da morte. Mas trata-se apenas de

    almas j depuradas; o mesmo no se d com as almas im-

    puras. (O Cu e o Inferno, 1 Parte, cap. II; 2 Parte, cap. I.)

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3048

  • 49INTRODUO

    IV. A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida

    e se v de novo arrastada para o mundo visvel, pelo horror

    do que invisvel e imaterial. Erra, ento, diz-se, em torno

    dos monumentos e dos tmulos, junto aos quais j se tm

    visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das

    almas que deixaram o corpo sem estarem ainda inteiramen-

    te puras, que ainda conservam alguma coisa da forma mate-

    rial, o que faz que a vista humana possa perceb-las. No

    so as almas dos bons; so, porm, as dos maus, que se

    vem foradas a vagar por esses lugares, onde arrastam

    consigo a pena da primeira vida que tiveram e onde conti-

    nuam a vagar at que os apetites inerentes forma material

    de que se revestiram as reconduzam a um corpo. Ento, sem

    dvida, retomam os mesmos costumes que durante a pri-

    meira vida constituam objeto de suas predilees.

    No somente o princpio da reencarnao se acha a

    claramente expresso, mas tambm o estado das almas que

    se mantm sob o jugo da matria descrito qual o mostra o

    Espiritismo nas evocaes. Mais ainda: no tpico acima se

    diz que a reencarnao num corpo material conseqncia

    da impureza da alma, enquanto as almas purificadas se

    encontram isentas de reencarnar. Outra coisa no diz o

    Espiritismo, acrescentando apenas que a alma, que boas

    resolues tomou na erraticidade e que possui conhecimen-

    tos adquiridos, traz, ao renascer, menos defeitos, mais virtu-

    des e idias intuitivas do que tinha na sua existncia prece-

    dente. Assim, cada existncia lhe marca um progresso

    intelectual e moral. (O Cu e o Inferno, 2 Parte: Exemplos.)

    V. Aps a nossa morte, o gnio (daimon, demnio), que

    nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3049

  • 50 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    se renem todos os que tm de ser conduzidos ao Hades, para

    serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades

    o tempo necessrio, so reconduzidas a esta vida em mlti-

    plos e longos perodos.

    a doutrina dos Anjos guardies, ou Espritos prote-

    tores, e das reencarnaes sucessivas, em seguida a inter-

    valos mais ou menos longos de erraticidade.

    VI. Os demnios ocupam o espao que separa o cu da

    Terra; constituem o lao que une o Grande Todo a si mesmo.

    No entrando nunca a divindade em comunicao direta com

    o homem, por intermdio dos demnios que os deuses en-

    tram em comrcio e se entretm com ele, quer durante a vig-

    lia, quer durante o sono.

    A palavra daimon, da qual fizeram o termo demnio,

    no era, na antigidade, tomada m parte, como nos tem-

    pos modernos. No designava exclusivamente seres

    malfazejos, mas todos os Espritos, em geral, dentre os quais

    se destacavam os Espritos superiores, chamados deuses,

    e os menos elevados, ou demnios propriamente ditos, que

    comunicavam diretamente com os homens. Tambm o Es-

    piritismo diz que os Espritos povoam o espao; que Deus

    s se comunica com os homens por intermdio dos Espri-

    tos puros, que so os incumbidos de lhe transmitir as von-

    tades; que os Espritos se comunicam com eles durante a

    viglia e durante o sono. Ponde, em lugar da palavra dem-

    nio, a palavra Esprito e tereis a doutrina esprita; ponde a

    palavra anjo e tereis a doutrina crist.

    VII. A preocupao constante do filsofo (tal como o com-preendiam Scrates e Plato) a de tomar o maior cuidado

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3050

  • 51INTRODUO

    com a alma, menos pelo que respeita a esta vida, que no

    dura mais que um instante, do que tendo em vista a eterni-

    dade. Desde que a alma imortal, no ser prudente viver

    visando eternidade?

    O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa.

    VIII. Se a alma imaterial, tem de passar, aps essa

    vida, a um mundo igualmente invisvel e imaterial, do mes-

    mo modo que o corpo, decompondo-se, volta matria. Muito

    importa, no entanto, distinguir bem a alma pura, verdadeira-

    mente imaterial, que se alimente, como Deus, de cincia e

    pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impu-

    rezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e

    a retm nos lugares da sua estada na Terra.

    Scrates e Plato, como se v, compreendiam perfei-

    tamente os diferentes graus de desmaterializao da alma.

    Insistem na diversidade de situao que resulta para elas

    da sua maior ou menor pureza. O que eles diziam, por intui-

    o, o Espiritismo o prova com os inmeros exemplos que

    nos pe sob as vistas. (O Cu e o Inferno, 2 Parte.)

    IX. Se a morte fosse a dissoluo completa do homem,

    muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam li-

    vres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vcios. Aque-

    le que guarnecer a alma, no de ornatos estranhos, mas com

    os que lhe so prprios, s esse poder aguardar tranqila-

    mente a hora da sua partida para o outro mundo.

    Equivale isso a dizer que o materialismo, com o pro-

    clamar para depois da morte o nada, anula toda responsabi-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3051

  • 52 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    lidade moral ulterior, sendo, conseguintemente, um incen-

    tivo para o mal; que o mau tem tudo a ganhar do nada.

    Somente o homem que se despojou dos vcios e se enrique-

    ceu de virtudes, pode esperar com tranqilidade o desper-

    tar na outra vida. Por meio de exemplos, que todos os dias

    nos apresenta, o Espiritismo mostra quo penoso , para o

    mau, o passar desta outra vida, a entrada na vida futura.

    (O Cu e o Inferno, 2 Parte, cap. I.)

    X. O corpo conserva bem impressos os vestgios dos cui-

    dados de que foi objeto e dos acidentes que sofreu. D-se o

    mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda,

    evidentes, os traos do seu carter, de suas afeies e as

    marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida. Assim,

    a maior desgraa que pode acontecer ao homem ir para o

    outro mundo com a alma carregada de crimes. Vs, Clicles,

    que nem tu, nem Plux, nem Grgias podereis provar que

    devamos levar outra vida que nos seja til quando esteja-

    mos do outro lado. De tantas opinies diversas, a nica que

    permanece inabalvel a de que mais vale receber do que

    cometer uma injustia e que, acima de tudo, devemos cui-

    dar, no de parecer, mas de ser homem de bem. (Colquios

    de Scrates com seus discpulos, na priso.)

    Depara-se-nos aqui outro ponto capital, confirmado

    hoje pela experincia: o de que a alma no depurada conser-

    va as idias, as tendncias, o carter e as paixes que teve

    na Terra. No inteiramente crist esta mxima: mais vale

    receber do que cometer uma injustia? O mesmo pensamento

    exprimiu Jesus, usando desta figura: Se algum vos bater

    numa face, apresentai-lhe a outra. (Cap. XII, nos 7 e 8.)

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3052

  • 53INTRODUO

    XI. De duas uma: ou a morte uma destruio absoluta,

    ou passagem da alma para outro lugar. Se tudo tem de extin-

    guir-se, a morte ser como uma dessas raras noites que pas-

    samos sem sonho e sem nenhuma conscincia de ns mes-

    mos. Todavia, se a morte apenas uma mudana de morada,

    a passagem para o lugar onde os mortos se tm de reunir, que

    felicidade a de encontrarmos l aqueles a quem conhecemos!

    O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes

    dessa outra morada e distinguir l, como aqui, os que so

    dignos dos que se julgam tais e no o so. Mas, tempo de

    nos separarmos, eu para morrer, vs para viverdes. (Scrates

    aos seus juzes.)

    Segundo Scrates, os que viveram na Terra se encon-

    tram aps a morte e se reconhecem. Mostra o Espiritismo

    que continuam as relaes que entre eles se estabelece-

    ram, de tal maneira que a morte no nem uma interrup-

    o, nem a cessao da vida, mas uma transformao, sem

    soluo de continuidade.

    Houvessem Scrates e Plato conhecido os ensinos que

    o Cristo difundiu quinhentos anos mais tarde e os que ago-

    ra o Espiritismo espalha, e no teriam falado de outro modo.

    No h nisso, entretanto, o que surpreenda, se considerar-

    mos que as grandes verdades so eternas e que os Espri-

    tos adiantados ho de t-las conhecido antes de virem

    Terra, para onde as trouxeram; que Scrates, Plato e os

    grandes filsofos daqueles tempos bem podem, depois, ter

    sido dos que secundaram o Cristo na sua misso divina,

    escolhidos para esse fim precisamente por se acharem, mais

    do que outros, em condies de lhe compreenderem as su-

    blimes lies; que, finalmente, pode dar-se faam eles ago-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3053

  • 54 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    ra parte da pliade dos Espritos encarregados de ensinar

    aos homens as mesmas verdades.

    XII. Nunca se deve retribuir com outra uma injustia,

    nem fazer mal a ningum, seja qual for o dano que nos

    hajam causado. Poucos, no entanto, sero os que admitam

    esse princpio, e os que se desentenderem a tal respeito nada

    mais faro, sem dvida, do que se votarem uns aos outros

    mtuo desprezo.

    No est a o princpio de caridade, que prescreve no

    se retribua o mal com o mal e se perdoe aos inimigos?

    XIII. pelos frutos que se conhece a rvore. Toda ao

    deve ser qualificada pelo que produz: qualific-la de m,

    quando dela provenha mal; de boa, quando d origem ao

    bem.

    Esta mxima: Pelos frutos que se conhece a rvore, se

    encontra muitas vezes repetida textualmente no Evangelho.

    XIV. A riqueza um grande perigo. Todo homem que

    ama a riqueza no ama a si mesmo, nem ao que seu; ama

    a uma coisa que lhe ainda mais estranha do que o que lhe

    pertence. (Cap. XVI.)

    XV. As mais belas preces e os mais belos sacrifcios

    prazem menos Divindade do que uma alma virtuosa que

    faz esforos por se lhe assemelhar. Grave coisa fora que os

    deuses dispensassem mais ateno s nossas oferendas,

    do que nossa alma; se tal se desse, poderiam os mais

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3054

  • 55INTRODUO

    culpados conseguir que eles se lhes tornassem propcios. Mas,

    no: verdadeiramente justos e retos s o so os que, por suas

    palavras e atos, cumprem seus deveres para com os deuses

    e para com os homens. (Cap. X, nos 7 e 8.)

    XVI. Chamo homem vicioso a esse amante vulgar, que

    mais ama o corpo do que a alma. O amor est por toda parte

    em a Natureza, que nos convida ao exerccio da nossa inteli-

    gncia; at no movimento dos astros o encontramos. o amor

    que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e

    fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. ainda

    o amor que d paz aos homens, calma ao mar, silncio aos

    ventos e sono dor.

    O amor, que h de unir os homens por um lao frater-

    nal, uma conseqncia dessa teoria de Plato sobre o amor

    universal, como lei da Natureza. Tendo dito Scrates que o

    amor no nem um deus, nem um mortal, mas um grande

    demnio, isto , um grande Esprito que preside ao amor

    universal, essa proposio lhe foi imputada como crime.

    XVII. A virtude no pode ser ensinada; vem por dom de

    Deus aos que a possuem.

    quase a doutrina crist sobre a graa; mas, se a vir-

    tude um dom de Deus, um favor e, ento, pode pergun-

    tar-se por que no concedida a todos. Por outro lado, se

    um dom, carece de mrito para aquele que a possui. O Es-

    piritismo mais explcito, dizendo que aquele que possui a

    virtude a adquiriu por seus esforos, em existncias suces-

    sivas, despojando-se pouco a pouco de suas imperfeies.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3055

  • 56 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    A graa a fora que Deus faculta ao homem de boa vonta-

    de para se expungir do mal e praticar o bem.

    XVIII. disposio natural em todos ns a de nos aper-

    cebermos muito menos dos nossos defeitos, do que dos de

    outrem.

    Diz o Evangelho: Vedes a palha que est no olho do

    vosso prximo e no vedes a trave que est no vosso. (Cap.

    X, nos 9 e 10.)

    XIX. Se os mdicos so malsucedidos, tratando da maior

    parte das molstias, que tratam do corpo, sem tratarem

    da alma. Ora, no se achando o todo em bom estado, impos-

    svel que uma parte dele passe bem.

    O Espiritismo fornece a chave das relaes existentes

    entre a alma e o corpo e prova que um reage incessante-

    mente sobre o outro. Abre, assim, nova senda para a Cin-

    cia. Com o lhe mostrar a verdadeira causa de certas afeces,

    faculta-lhe os meios de as combater. Quando a Cincia le-

    var em conta a ao do elemento espiritual na economia,

    menos freqentes sero os seus maus xitos.

    XX. Todos os homens, a partir da infncia, muito mais

    fazem de mal, do que de bem.

    Essa sentena de Scrates fere a grave questo da pre-

    dominncia do mal na Terra, questo insolvel sem o co-

    nhecimento da pluralidade dos mundos e da destinao do

    planeta terreno, habitado apenas por uma frao mnima

    da Humanidade. Somente o Espiritismo resolve essa ques-

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3056

  • 57INTRODUO

    to, que se encontra explanada aqui adiante, nos captulos

    II, III e V.

    XXI. Ajuizado sers, no supondo que sabes o que

    ignoras.

    Isso vai com vistas aos que criticam aquilo de que des-

    conhecem at mesmo os primeiros termos. Plato completa

    esse pensamento de Scrates, dizendo: Tentemos, primei-

    ro, torn-los, se for possvel, mais honestos nas palavras;

    se no o forem, no nos preocupemos com eles e no procu-

    remos seno a verdade. Cuidemos de instruir-nos, mas no

    nos injuriemos. assim que devem proceder os espritas

    com relao aos seus contraditores de boa ou m-f.

    Revivesse hoje Plato e acharia as coisas quase como no

    seu tempo e poderia usar da mesma linguagem. Tambm

    Scrates toparia criaturas que zombariam da sua crena

    nos Espritos e que o qualificariam de louco, assim como

    ao seu discpulo Plato.

    Foi por haver professado esses princpios que Scrates

    se viu ridiculizado, depois acusado de impiedade e conde-

    nado a beber cicuta. To certo que, levantando contra si

    os interesses e os preconceitos que elas ferem, as grandes

    verdades novas no se podem firmar sem luta e sem fazer

    mrtires.

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3057

  • C A P T U L O I

    No vim destruir a lei

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3058

  • 1. No penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou

    os profetas: no os vim destruir, mas cumpri-los:

    porquanto, em verdade vos digo que o cu e a

    Terra no passaro, sem que tudo o que se acha

    na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto

    reste um nico iota e um nico ponto.

    (S. MATEUS, 5:17 e 18.)

    MOISS

    2. Na lei moisaica, h duas partes distintas: a lei de Deus,

    promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, de-

    cretada por Moiss. Uma invarivel; a outra, apropriada

    aos costumes e ao carter do povo, se modifica com o tempo.

    A lei de Deus est formulada nos dez mandamentos

    seguintes:

    C A P T U L O I

    No vim destruir a lei

    As trs revelaes: Moiss, Cristo, Espiritismo

    Aliana da Cincia e da Religio

    INSTRUES DOS ESPRITOS

    A nova era

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3059

  • 60 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do

    Egito, da casa da servido. No tereis, dian-

    te de mim, outros deuses estrangeiros. No

    fareis imagem esculpida, nem figura alguma

    do que est em cima do cu, nem embaixo na

    Terra, nem do que quer que esteja nas guas

    sob a terra. No os adorareis e no lhes pres-

    tareis culto soberano.1

    II. No pronunciareis em vo o nome do Senhor,

    vosso Deus.

    III. Lembrai-vos de santificar o dia do sbado.

    IV. Honrai a vosso pai e a vossa me, a fim de

    viverdes longo tempo na terra que o Senhor

    vosso Deus vos dar.

    V. No mateis.

    VI. No cometais adultrio.

    1 Allan Kardec cita a parte mais importante do primeiro mandamento,e deixa de transcrever as seguintes frases: ... porque eu, o Senhorvosso Deus, sou Deus zeloso, que puno a iniqidade dos pais nos filhos,

    na terceira e na quarta geraes daqueles que me aborrecem, e uso de

    misericrdia at mil geraes daqueles que me amam e guardam os

    meus mandamentos. (xodo, 20:5 e 6.)Nas tradues feitas pelas Igrejas cat1ica e protestantes, essa

    parte do mandamento foi truncada para harmoniz-la com a dou-trina da encarnao nica da alma. Onde est na terceira e naquarta geraes, conforme a traduo Brasileira da Bblia, a VulgataLatina (in tertiam et quartam generationem), a traduo de Zamenhof(en la tria kaj kvara generacioj), mudaram o texto para at terceirae quarta geraes.

    Esses textos truncados que aparecem na traduo da IgrejaAnglicana, na Catlica de Figueiredo, na Protestante de Almeida eoutras, tornam monstruosa a justia divina, pois que filhos, netos,bisnetos, tetranetos inocentes teriam de ser castigados pelo pecado

    Sem ttulo-1 13/04/05, 15:3060

  • 61NO VIM DESTRUIR A LEI

    VII. No roubeis.

    VIII. No presteis testemunho falso contra o vosso

    prximo.

    IX. No desejeis a mulher do vosso prximo.

    X. No cobiceis a casa do vosso prximo, nem o

    seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi,

    nem o seu asno, nem qualquer das coisas que

    lhe pertenam.

    de todos os tempos e de todos os pases essa lei e

    tem, por isso mesmo, carter divino. Todas as outras so

    leis que Moiss decretou, obrigado que se via a conter, pelo

    temor, um povo de seu natural turbulento e indisciplinado,

    no qual tinha ele de combater arraigados abusos e precon-

    ceitos, adquiridos durante a escravido do Egito. Para im-

    primir autoridade s suas leis, houve de lhes atribuir ori-

    dos pais, avs, bisavs, tetravs. Foi uma infeliz tentativa de acomo-dao da Lei vida nica. A Editora da FEB, 1947.

    O texto certo que, por merc de Deus, j est reproduzido pelasedies recentssimas a que nos referimos tradues Brasileira ede Zamenhof , que conferem com S. Jernimo, mostra que a Leiensina veladamente a reencarnao e as expiaes e provas. Naprimeira e na segunda geraes, como contemporneos de seusfilhos e netos, o Esprito culpado ainda no reencarnou, mas, umpouco mais tarde na terceira e quarta geraes j ele voltou erecebe as conseqncias de suas faltas. Assim, o culpado mesmo,e no outrem, paga sua dvida.

    Logo, tem-se de excluir a 1 e 2 geraes e expressar na 3 e4, como realmente o original.

    Achamos conveniente acrescentar aqui esta nota, para facilitara compreenso do estudioso que confronte a sua traduo da B-blia com a citao do Mestre. A Editora da FEB, 1947.

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  • 62 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    gem divina, conforme o fizeram todos os legisladores dos

    povos primitivos. A autoridade do homem precisava

    apoiar-se na autoridade de Deus; mas, s a idia de um

    Deus terrvel podia impressionar criaturas ignorantes, em

    as quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o sen-

    so moral e o se