INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR BLAURO CARDOSO DE MATTOS – FASERRA RODRIGO TEODÓSIO XAVIER DE SOUSA O CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DE EVIDÊNCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES ESTABELECIDOS ATRAVÉS DO PRONUNCIAMENTO TÉCNICO Nº 25 PELA VALE S.A. SERRA – ES 2017
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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR BLAURO CARDOSO DE MATTOS – FASERRA
RODRIGO TEODÓSIO XAVIER DE SOUSA
O CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DE EVIDÊNCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES ESTABELECIDOS
ATRAVÉS DO PRONUNCIAMENTO TÉCNICO Nº 25 PELA VALE S.A.
SERRA – ES
2017
RODRIGO TEODÓSIO XAVIER DE SOUSA
O CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DE EVIDÊNCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES ESTABELECIDOS
ATRAVÉS DO PRONUNCIAMENTO TÉCNICO Nº 25 PELA VALE S.A.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, do curso de Graduação em Ciências Contábeis, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. . Orientadora: Mônica Fernanda Santos Porto Pires.
SERRA – ES 2017
RODRIGO TEODÓSIO XAVIER DE SOUSA
O CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DE EVIDÊNCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES ESTABELECIDOS
ATRAVÉS DO PRONUNCIAMENTO TÉCNICO Nº 25 PELA VALE S.A.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, do curso de Graduação em Ciências Contábeis, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovado em _____ de _________ de ______.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________ Mônica Fernanda Santos Porto Pires
Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos Orientadora
______________________________________________ Prof. Ms. Ângelo Roberto Custódio Fiorio
Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos
Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos
“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Romanos 11:36)
AGRADECIMENTO
Primeiramente, quero agradecer a Deus, por te me sustentado, dado força e não ter
me desamparado em momento algum.
Aos meus pais Francisco e Conceição, por todo o incentivo e por estarem sempre ao
meu lado. Ao meu irmão Filipi Xavier, pela parceria, paciência e ajuda durante todos
os momentos difíceis que passei.
Gostaria também de expressar a minha gratidão a minha noiva, Jhully Cryst, sou
grato por toda compreensão e cumplicidade durante esses anos. Sem você, esse
desafio seria ainda mais difícil.
A minha orientadora Mônica Porto, agradeço por toda paciência, disponibilidade e
pelo aprendizado transmitido.
Aos amigos, sou grato a Deus por pôr em meu caminho pessoas como vocês, em
especial o meu amigo Kenedy, que desde o início desse trajeto me incentivou e
ajudou. E também o meu amigo “Didi”, Victor Franco, por toda a irmandade durante
todos esses anos e amizade.
As minhas amigas Karla e Sheila, agradeço pela amizade sincera e verdade criada
no decorrer deste curso.
Sou grato a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram com mais esta
etapa em minha vida. Peço desculpas a todos que não estão presentes nessa
palavra, mas tenham certeza que estão guardados em minha memória.
RESUMO
Este trabalho acadêmico tem por objetivo investigar se há, de fato, o cumprimento das exigências do Pronunciamento Técnico Contábil nº 25 acerca das provisões ativos contingentes e passivos contingentes pela empresa Vale S.A aplicado às suas contingências passivas, uma vez da necessidade do correto cumprimento dos critérios estabelecidos pelo CPC 25 a respeito das Provisões e Passivos Contingentes. Conceitua passivos e ativos contingentes e esclarece seus critérios e exigências conforme o Comitê de Pronunciamentos Contábeis nº 25. Conceitua provisões, ativos e passivos e situa-os no Comitê de Pronunciamentos Contábeis nº 25. Demonstra por meio de coleta de dados em notas explicativas na série histórica de 2014 à 2016 os principais passivos contingentes da Vale S.A. e analisa suas variações durante essa série histórica. Por fim, analisa o crescimento absoluto e proporcional dos passivos contingentes da empresa de acordo com suas naturezas.
O surgimento da contabilidade decorre da necessidade de controlar o patrimônio,
bem como estuda-lo de forma qualitativa e quantitativa, de forma que sejam
fornecidas informações precisas para os interessados no funcionamento da
entidade. O professor Maurício Barros conceitua contabilidade como:
Ciência social que visa ao registro e ao controle dos atos e fatos econômicos, financeiros e administrativos das entidades. Trata-se de um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. (BARROS, 2013)
Para que seja demonstrada a real situação da empresa, é imprescindível que a
escrituração contábil seja criteriosa. É comum a existência de fatos que possam
ocasionar dificuldades na classificação do registro e que necessitem de uma
interpretação precisa.
O correto reconhecimento e mensuração das provisões e passivos contingentes é
um dos temas atuais que mais causam dúvidas entre os profissionais da área de
contabilidade. Nessa esteira, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu
o Pronunciamento Técnico Nº 25 (CPC 25), que, além de tratar das Provisões e
Ativos Contingentes, também trata dos Passivos Contingentes, cuja divulgação, que
ocorre através da publicação de notas explicativas, é essencial para que os usuários
internos tomem ciência dos riscos que a entidade está sujeita.
Frente ao exposto o trabalho acadêmico se propõe a promover um estudo de caso
acerca de como a Vale S.A., gigante da mineração brasileira, está cumprindo as
exigências relativas aos Passivos Contingentes estabelecidos através do CPC 25.
1.1 PROBLEMA
Mediante a contextualização abordada, torna-se cabível saber: Como as empresas
estão cumprindo as exigências de evidenciação dos Passivos Contingentes
estabelecidos através do Pronunciamento Técnico nº 25 do CPC? Um estudo de
caso na empresa VALE S.A.
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1.2 OBJETIVO
1.2.1 Objetivo Geral
O presente estudo tem como objetivo geral, analisar os critérios de reconhecimento,
mensuração e divulgação dos passivos contingentes da empresa Vale S.A.
1.2.2 Objetivos Específicos
Para honrar com o proposto no trabalho, serão abordados os seguintes objetivos
específicos:
a) Conceituar Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, esclarecer seus
critérios e exigências de acordo com o CPC 25;
b) Conceituar Provisões, esclarecer seus critérios e exigências de acordo com o
CPC 25;
c) Identificar os principais passivos contingentes, observar como a Vale S.A.
está cumprindo as exigências relativas aos Passivos Contingentes
estabelecidos através do CPC 25 e analisar o comportamento dos passivos
contingentes da empresa em série histórica.
1.3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada será a pesquisa bibliográfica, tendo como base material
divulgado em sites, livros, artigos científicos e revistas, disponíveis para acesso
público.
Será utilizado o método de análise qualitativa dos dados colhidos em pesquisa, por
meio da análise das notas explicativas divulgadas pela CPC e pelos indicadores
divulgados acerca da Vale S.A.
1.4 JUSTIFICATIVA
A relevância desse estudo reside na seriedade do correto cumprimento dos critérios
estabelecidos pelo CPC 25 a respeito das Provisões e Passivos Contingentes, uma
vez que, não realizado o estabelecido no pronunciamento, às demonstrações
contábeis serão divulgadas com informações irreais, tendo como consequência,
tomadas de decisões baseadas em informações inexistentes, refletindo diretamente
aos usuários externos.
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É fundamental que, as informações a serem registradas sejam autênticas e que
represente de maneira exata a situação econômica e financeira da entidade
proporcionando o acesso às verdadeiras demonstrações contábeis aos seus
investidores, fornecendo-lhes informações fidedignas acerca dos riscos e
contingências.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ATIVOS
Inúmeros são os conceitos de ativo. Para Marion (2015, p.59) ativo é o conjunto de
bens e diretos controlados pela empresa. São os itens positivos do patrimônio;
trazem benefícios e proporcionam ganho para a empresa.
FIPECAFI (2010, p.2) complementa que o ativo compreende os recursos
controlados por uma entidade, dos quais se esperam benefícios econômicos futuros.
Através do ativo as aplicações de recursos são representadas através dos bens e
diretos (IUDÍCIBUS, p.191, 2013).
Corroborando, com o exposto, Martini (2013) expõe que o ativo Representa os
direitos que a entidade possui junto a terceiros e os bens pertencentes a ela. Ele
também acrescenta que o ativo também pode ser denominado PATRIMÔNIO
BRUTO e corresponde às APLICAÇÕES DE RECURSOS de uma entidade. É um
recurso controlado pela entidade como resultado de transações passadas ou
eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos
para ela.
De acordo com as Normas Brasileiras Contabilidade Técnica Nº 1000 (NBC TG
1000), em seu item 2.15, o ativo é definido como um recurso controlado pela
entidade, como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam
futuros benefícios econômicos para a ela.
Nos seus itens 2.17 até o 2.18, ainda acrescenta que o benefício econômico futuro
do ativo é o seu potencial de contribuir, direta ou indiretamente, para com o fluxo de
caixa e equivalentes para a entidade. Eles podem vir do uso de ativo ou de sua
liquidação.
Muitos ativos, por exemplo, bens imóveis e imobilizados, têm forma
física. Entretanto, a forma física não é essencial para a sua. Alguns ativos são
intangíveis (NBC TG 1000).
Ainda segundo a NBC TG 1000 para determinar a existência do ativo, o direito de
propriedade não é essencial. Assim, por exemplo, bens imóveis mantidos em
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regime de arrendamento mercantil são um ativo se a entidade controla os benefícios
que se espera que fluam do bem imóvel.
Arnaud (2009) explica que o ativo é tido pela contabilidade como conjunto de bens e
direitos de propriedade de uma entidade. Pode ser apresentado tanto sob a forma
tangível quanto intangível (possuindo ou não matéria física) e como móvel ou imóvel
(podem ser deslocados ou não).
Para caracterizar a avaliação de ativos, Bolonhesi e Neves (2015, p.11) apud
Hendriksen e Van Breda (1999) citam que “a avaliação de ativos, portanto, deve
refletir a mensuração dos benefícios a serem recebidos pela empresa”.
O acadêmico Goulart apud Iudícibus (2000), complementa a definição informando
que é necessário que a entidade detenha de forma exclusiva o direito, controle e
posse do ativo, além de evidenciar uma potencial possibilidade de geração de fluxos
de caixas para ela. Através de metáfora diz que o ativo tem que ser visto como a luz
de sua propriedade.
2.1. ATIVO CONTINGENTE
De forma introdutória, entende-se que, o adjetivo “contingente” é utilizado em
situações em que o desfecho final subordina-se a eventos futuros incertos. Na
nomenclatura técnica contábil, refere-se à possibilidade da existência de um ativo
resultante de eventos passados, cuja confirmação ocorrerá através de
acontecimentos de eventos futuros incertos que não estão sob controle da entidade
(CPC 25, 2009).
De acordo com o CPC 25 (2009), as determinações devem ser aplicadas em todas
as entidades, excetuando:
(a) os que resultem de contratos a executar, a menos que o contrato seja oneroso; e
(b) os cobertos por outro Pronunciamento Técnico, que é o caso de contratos de
construção civil e tributos sobre o lucro.
Segundo a norma regulada pelo CPC 25, o ativo contingente não deverá ser
reconhecido.
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Corroborando com o entendimento, a Interpretação Técnica do Instituto de Auditores
Independentes do Brasil (IBRACON) nº 03/2002 afirma que, a menos que a
obtenção ou recuperação seja garantida, os ganhos contingentes não devem ser
reconhecidos. Logo, obtendo uma decisão favorável decorrente de ações
administrativas ou judiciais, o possível ganho apenas deve ser registrado quando o
processo já estiver transitado todas as instâncias possíveis.
Acerca do reconhecimento, o item número 33 do CPC 25 diz que por se tratar de
resultado que possui a possibilidade de nunca ser realizado, os ativos contingentes
não são reconhecidos. Contudo, quando a probabilidade de ganho se torna maior
que 50%, ele deixa de ser ativo contingente e o seu reconhecimento é apropriado.
Vale ressaltar que os ganhos da alienação esperada de ativos não devem ser
considerados para mensuração de sua provisão (CPC 25, 2009).
Os ativos devem ser avaliados de forma rotineira, para garantir que sua real situação
reflita nas demonstrações contábeis da entidade. É importante dividir o
reconhecimento do ativo contingente em três aspectos: Remoto, Possível e Provável
(CPC 25, 2009).
Quando a probabilidade de entrada de recursos econômicos é remota, não há
divulgação em notas explicativas e tão menos é reconhecido através de balanço
patrimonial (CPC 25, 2009).
Quando o aspecto é visto como possível, consta somente em notas explicativas, que
deverá conter todas as informações pertinentes relativas à natureza contábil, de
forma que a real situação seja transparente para todos os usuários (CPC 25, 2009).
Caso a entrada de benefícios econômicos torne-se provável eles devem ser
reconhecidos na data que ocorrer a mudança da aferição da probabilidade (CPC 25,
2009).
De forma simplificada, segue tabela a respeito do reconhecimento e divulgação dos
ativos contingenciais:
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São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos passados,
há um ativo possível cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não
de um ou mais eventos futuros incertos, não totalmente sob controle da entidade.
A entrada de benefícios é
praticamente certa.
A entrada de benefícios
econômicos é provável,
mas não praticamente
certa.
A entrada não é provável.
O ativo não é contingente
(item 33).
Nenhum ativo é
reconhecido (item 31).
Nenhum ativo é
reconhecido (item 31).
Reconhecido no Balanço
Patrimonial.
Divulgação é exigida (item
89).
Nenhuma divulgação é
exigida (item 89).
Fonte: Adaptado pelo autor.
2.2 PROVISÃO
Antes de apresentar a provisão, é necessário explicar a definição do termo
“passivo”. De acordo com o pronunciamento, trata-se de uma obrigação presente,
resultante de eventos passados e que a liquidação resulte em saídas de recursos
que gerarão benefícios econômicos à entidade (CPC 25, 2009).
Conforme o CPC 25 (2009), a provisão é caracterizada de forma objetiva como “um
passivo de prazo ou valor incertos”. A norma ainda esclarece que apesar de ser um
passivo se diferencia de outros, tais como contas a pagar e passivos derivados de
apropriações por competência (accruals), pois há incerteza a respeito do prazo e
valor do desembolso para liquidação. Estes são divulgados separados das
provisões.
De maneira ampla, Ferreira (2013, P. 591) define a “apropriação contábil de um ativo
o passivo cuja existência ainda se discute ou cujo valor é incerto ou apenas
estimável”.
As provisões consistem em prováveis reduções nos ativos, previsão de
desembolsos que ocorrerão ou estimativas de valores a desembolsar que implicarão
em despesas futuras (LOPES, 2016). Por conta disso, é essencial uma sistemática
de controle, análise e contabilização das provisões, além de uma forma rotineira de
avalia-las.
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Iudícibus (2010) aponta que “a reavaliação periódica das provisões é de extrema
importância em um passivo mensurado por meio de estimativas”, contribuindo assim
para um resultado financeiro transparente e fidedigno.
O CPC 25, em seu item 14, explica que uma provisão só deverá ser reconhecida se:
a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado
de evento passado; seja provável que será necessário a saída de recursos que
incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e possa ser feita uma
estimativa confiável do valor da obrigação. Caso as condições estabelecidas não
forem satisfeita, não deverá haver o reconhecimento.
Além dos critérios citados anteriormente, para correta detecção da existência da
provisão, é necessário que haja a probabilidade de desembolso provável, ou seja, a
hipótese para saídas de recursos deverá ser maior que 50% (CPC 25, 2009).
O item 18 do pronunciamento técnico ressalta que as demonstrações contábeis
retratam a posição financeira da entidade no fim do período analisado. Por conta
disso, as despesas que necessitam ser incorridas para operar no futuro não são
reconhecidas através de provisão. Os passivos reconhecidos no balanço patrimonial
são os existentes na data.
Inúmeros são os tipos e exemplos de provisões, Ferreira (2013, p 593) cita dois
deles, a saber: provisão para garantia de produto e provisão para ações trabalhistas.
Para correta mensuração, o valor reconhecido deverá ser a mais exata estimativa de
desembolso exigido para liquidar a obrigação presente na data do balanço. Logo,
faz-se necessário revisar e ajustar as provisões a cada exercício contábil de forma
que expressem a melhor estimativa, que se trata do valor que a entidade pagaria
para liquidar a obrigação ou transferi-la para terceiros no momento (CPC 25, 2009).
Para cada tipo de provisão, a entidade deve divulgar: valor contábil do início e final
do período; provisões adicionais feitas no período da demonstração, abrangendo
aumentos nas já existentes; valores incorridos e baixados contra a provisão; valores
não utilizados revertidos durante o período abrangido pela demonstração contábil; e
mudança e atualização do valor proveniente da passagem do tempo (CPC 25,
2009).
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Para cada provisão a entidade deve divulgar uma breve descrição da obrigação e
programação de quaisquer desembolso econômico, indicar as incertezas em relação
ao montante de saída, além de divulgar os eventos futuros que possam afetar no
valor da liquidação da obrigação, devendo esse, se houver evidência objetiva, refletir
no valor da provisão (CPC 25, 2009).
A provisão deverá ser usada de acordo com a finalidade pela qual ela foi
reconhecida, não devendo reconhecer os desembolsos que não se relacionem com
o proposito original dela (CPC 25, 2009).
Uma vez que as obrigações presentes ou possíveis não estão sob controle da
entidade e não possam ser caracterizados como prováveis e nem estimadas
confiavelmente, não deverá ser reconhecida a provisão, já que se trata de
contingência passiva. Caso a provisão já realizada deixe de ser provável, será
necessário que ocorra a sua reversão (CPC 25, 2009).
2.3 PASSIVO
De acordo com Iudícibius (2009), passivo é sinônimo de exigibilidade, que tem como
característica uma obrigação no período da avaliação e que se trata do dever e/ou
uma responsabilidade de agir ou de cumprir de uma certa forma.
FIPECAFI (2010, p.2) de forma introdutória esclarece que o passivo compreende as
exigibilidades e obrigações.
Van Breda e Hendriksen apud Canning (1999, p.283) conceituam passivo como
sendo “um serviço com valor monetário que um proprietário (titular de ativos) é
obrigado legalmente (ou justamente) a prestar a uma segunda pessoa (ou grupo de
pessoas)”.
Van Breda e Hendriksen apud FASB (199, p.286) informam ainda que os passivos
possuem características essenciais. Abrigam um dever ou responsabilidade
presente com uma ou mais entidades, presumindo quitação por transferência futura
provável ou pelo uso de ativos em data determinada, ou assim que requerida. A
obrigação compromete a entidade de tal forma que se torna praticamente inevitável
o sacrifício futuro.
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Hendrinksen e Van Breda (1999, p.286) concluem o raciocínio afirmando que “se
apenas uma dessas características estiver ausente um passivo contábil não poderá
ser reconhecido”.
Já conforme a NBC TG 1000 item 2.15, o passivo se trata de uma obrigação atual
da entidade que surgiu através de resultados de eventos já ocorridos, no qual se
espera que a liquidação resulte na saída de recursos.
A norma complementa ainda, nos itens 2.20 e 2.21, que o passivo possui como
característica primordial a obrigação presente de agir ou de certa forma se
desempenhar, podendo ela ser legal ou não formalizada (obrigação construtiva).
A obrigação legal possui legalidade através de contratos e estatutos. Já a
construtiva decorre de ações da entidade quando por conta de politicas exposta ou
obrigações com terceiros sujeitar-se a responsabilidades decorrentes de certas
ações, que em contra partida aguarda a efetivação do acordado (NBC TG 1000,
2009).
A quitação da obrigação pode ocorrer de inúmeras maneiras. Normalmente
realizam-se através de desembolso de caixa, transferência de outros ativos, permuta
de obrigações ou prestação de serviços para liquidação, transformação da obrigação
em patrimônio líquido ou até mesmo abdicação por parte do credor (NBC TG 1000,
2009).
De acordo com a norma, nos itens 2.39 e 2.40, o passivo deve ser reconhecido no
momento em que o valor para liquidação possa ser estimado confiavelmente, a
transferência de recursos que configurem benefícios econômicos para quitação da
obrigação seja provável e que, como resultado de eventos passados, a entidade
possua a obrigação no final do período corrente.
2.4 PASSIVOS CONTINGENTES
É de suma importância que tanto a entidade quanto seus investidores conheçam as
contingências a que ela está submetida. Os investidores para que entendam os
riscos contingentes de sua investida e a entidade para que analise o cenário em que
está inserida.
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A finalidade do CPC 25 é tornar transparente através de notas explicativas as
contingências da empresa e suas prováveis provisões. Provisões e passivos
contingencias são semelhantes em suas definições, já que ambos representam
obrigações futuras decorridas de eventos passados com prazos e valores incertos
para efetivação.
O CPC 25, em seu item 10, define passivo contingente como sendo uma obrigação
possível que resulta de acontecimentos anteriores e através da ocorrência de um ou
mais acontecimentos incertos, que não estão completamente sob o controle da
entidade, bem como uma obrigação que não possa ser mensurada confiavelmente,
tampouco seja provável a obrigatoriedade da existência de saída de recursos para
liquidar a obrigação e que correspondam a benefícios econômicos.
Em conformidade com o exposto, Hendrinksen e Van Breda (1999, p.289)
conceituam o passivo contingente como sendo um sacrifício futuro provável de
benefícios econômicos, resultante de obrigações presentes de uma entidade no
sentido de transferir ativos, ou prestar serviços a outras entidades no futuro, em
consequência de transações ou eventos passados, e cuja liquidação depende de um
ou mais eventos futuros com alguma probabilidade de ocorrência.
Conforme a NBC TG 1000 em seus itens 2.39 e 2.40, um passivo contingente tanto
é uma obrigação possível, todavia incerta, quanto uma obrigação atual que não é
reconhecida por não lograr as exigências estabelecidas. Só deve ser reconhecido
como passivo quando adquirido em combinações de negócios e ágio por expectativa
de rentabilidade futura.
De acordo com o item 30, do CPC 25, para que seja possível determinar que uma
saída de recursos se tornou provável é necessário avaliar os passivos contingentes
rotineiramente. Caso isso seja comprovado, a provisão deve ser reconhecida nas
demonstrações contábeis do período no qual ocorreu a mudança da probabilidade.
Dar-se-á distinção de probabilidade de concretização, gerando as condições:
prováveis, no caso das provisões, e possíveis, quando se trata de contingências
(CPC 25,2009).
Corroborando o explicado acima, de acordo com o CPC 25, o que difere as
contingências das provisões é o reconhecimento. Dessa forma, quando há base
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confiável para estipular o vencimento e valores da obrigação, a contingência passa a
ser reconhecida somente como passivo. De acordo com Hendrinksen e Van Breda
(1999, p.288) as contingências devem ser reconhecidas como passivo quando:
satisfazem a definição de passivo; a probabilidade de ocorrência do evento futuro é
relativamente elevada; e a perda contingente pode ser razoavelmente estimada.
Ao se tratar de passivo contingente, a saída de recursos é vista na condição de
possível. Dessa forma, não há o que se falar de reconhecimento, já que somente
será divulgado através de notas explicativas, que deverão conter a estimativa do seu
efeito financeiro mensurado, indicação das incertezas em relação ao valor ou
momento de ocorrência e possibilidade de reembolso. Caso as chances sejam
remotas, não há a necessidade de divulgação (CPC 25, 2009).
De acordo com Iudícibus (2010) os passivos contingentes devem ser avaliados
periodicamente, já que qualquer saída de recursos pode se tornar inesperadamente
provável, com necessidade, nesse caso, do reconhecimento de uma provisão nos
demonstrativos do período em que ocorreu a mudança na estimativa, logicamente
considerando as demais condições para seu reconhecimento.
O tratamento contábil para reconhecimento das provisões e passivos contingentes
seguirá o esquema abaixo:
Probabilidade de Ocorrência de desembolso
Tratamento Contábil
Obrigação Presente Provável
Mensurável por meio de estimativa
confiável.
Uma provisão é reconhecida e é
divulgado em notas explicativas.
Não mensurável por inexistência de
estimativa confiável
Divulgação em notas explicativas
Possível (Mais provável que não tenha saídas de recursos do que