Débora Anício Repórter Há seis anos, quando o industriário Mário Caetano ganhou uma latinha da cer - veja Brahma de um amigo recém chegado da Festa do Peão de Boiadeiros de Barretos, ele não poderia imaginar que aquele seria seu novo hobby: colecio - nar latas de cerveja. "Minha família sempre gostou de colecionar objetos. Quan - do eu ganhei essa lata da festa de Barretos meu irmão disse para a gente come - çar uma coleção. Então, a partir daí, não parei mais de arrecadar latinhas", explicou Mário, que hoje tem uma coleção com mais de 6 mil latas. A imensa coleção está exposta na casa de seu irmão, Marco Caetano, no Bairro Bom Retiro, em Ipatinga. "Nosso acervo ainda não é catalogado, mas acredito que a gente possua ao menos uma lata de cada país que produz cerveja no mundo", afirmou o indus- triário, que busca seus obje- tos de desejo em clubes de colecionadores. "Muito material foi adquirido desta forma, principalmente por meio da internet. A gente encontra colecionadores e compra as latas", contou Mário, que acredita já ter gasto cerca de R$ 12 mil em sua coleção. "Não tenho certeza se esse é o número exato, mas deve ser mais ou menos isso. Entretanto, o valor da coleção é inestimá- vel para nós", falou o apai- xonado colecionador de lati- nhas, que também arrecada os objetos por doações de amigos e familiares. A paixão pela cerveja é tão grande que a área de churrasco da casa, local onde a coleção está expos- ta, é completamente custo- mizada. As mais de 6 mil latinhas estão espalhadas, de forma criteriosa, por imensas prateleiras de madeira que cercam prati- camente todo o local. "Nós organizamos as latas por seu país de origem. Aqui tem material do Brasil, Estados Unidos, Alema- nha, Inglaterra, países da África e de vários outros locais", contou. Ainda existem espaços vagos em algumas pratelei- ras, e quando o colecionador é questionado para onde irão as futuras latinhas quando estes espaços forem preen- chidos, a mãe dos coleciona- dores responde: "Depois que as prateleiras forem todas ocupadas é hora de parar. Não tem mais lugar para guardar", ordenou Édila Caetano. Mas apesar do conselho da mãe, o colecio- nador vê outro meio de con- tinuar com seu hobby: "Tem um quartinho nos fundos, lá seria um bom lugar para guardar as latas", brincou. BAR DENTRO DE CASA Além das latas, que dão à casa um jeito de bar, a área é cercada por objetos relacionados à cerveja. As mesas estão repletas de rótulos por baixo dos vidros, o refrigerador tam- bém é completamente adesi- vado por rótulos, a porta do quarto dos fundos é tomada por tampinhas, o teto do banheiro é revestido por bolachas e até o vaso sani- tário é customizado. "Meu irmão resolveu colocar tam- pinhas de cerveja na tampa do vaso. Ficou bem curio- so", contou Mário, lem- brando que a lixeira do banheiro tem o formato de um barril de cerveja. Quem participa de um churrasco na casa do irmão de Mário fica encantado com a decoração peculiar. "Todo mundo adora. Os homens ficam super interes- sados na coleção e as mulheres sempre perguntam como mantemos tudo limpo", se diverte o indus- triário, contando que a cada seis meses uma faxineira limpa cuidadosamente todos os objetos. "Esse trabalho tem que ser feito com muito zelo, por isso sempre traze- mos a mesma pessoa, uma senhora que limpa tudo cui- dadosamente". OBJETOS RAROS Entre a extensa coleção, os irmãos Mário e Marco Caetano possuem objetos curiosos, como uma garrafa de bronze que pesa 1,5 Kg, latas de aço, latas que são usadas como telefone, um pequeno refrigerador onde cabe apenas uma latinha, uma lata presa a um qua- drado de vidro (que ilustra um cubo de gelo), latas que compõem a coleção safári produzida na África, uma antiga coleção fechada de latas de times ingleses, objetos de edições limita- das, entre outras curiosida- des. O objeto mais antigo da coleção é uma lata da cerveja americana Krueger, de 1937. "Temos muitos objetos e eu gosto de todos, mas os meus preferidos são as latas nacionais, que são as mais difíceis de se encontrar". Embora tenha uma cole- ção invejável, os irmãos ainda procuram por seu objeto de desejo: um modelo da cerveja Alterosa, a pri- meira produzida em lata no Brasil. "Temos todas as marcas nacionais, menos essa. O valor dessa latinha hoje está cerca de R$ 5 mil, por isso vamos esperar mais um pouco para consegui-la". MAIS DO QUE LATINHAS Apesar da coleção conta- bilizar "apenas" 6 mil latas, o acervo também conta com diversos outros produtos relacionados ao universo da cervejaria. "Nós temos tam- pinhas, bolachas (porta copo), garrafas long neck, miniaturas de latas, cooler, barris, rótulos, refrigerador, abridores de garrafa, porta latas e garrafas, cofre em forma de garrafa entre outros objetos", lembrou Mário. COLEÇÃO SEM FIM Embora os irmãos tenham quase todos os objetos relacionados à cer- veja e embora esteja cada vez mais difícil encontrar um local para guardar a coleção, Mário afirma que nunca irá se desfazer das latinhas. "Isso nunca. Eu adoro colecionar, isso está no meu sangue. Meu pai sempre teve este hábito e passou isso para a gente. Eu já colecionei chavei- ros, calendários, e ainda hoje tenho minha coleção de 600 canetas". Apesar de não gostar da ideia de expandir ainda mais a coleção, a mãe apóia o hobby dos filhos. "É melhor ocupar tempo com a coleção do que fazer coisas erradas", falou Édila. "Nunca vou abandonar minhas latas, pois isso é pra vida toda, é pra passar pra frente. Quem sabe a minha filha continue com essa pai- xão...", disse o entusiasma- do colecionador. O colecionador DE LATINHAS O industriário Mário Caetano possui uma coleção de mais de 6 mil latinhas, exposta no Bairro Bom Retiro, em Ipatinga VITRINE C U L T U R A & V A R I E D A D E S VALE DO A ÇO DOMINGO, 15/JANEIRO/2012 E-mail: [email protected] Telefone: (31) 2109.3550 1-A MÁRIO CAETANO, o apaixonado colecionador, diz que nunca irá se desfazer de suas latinhas de cerveja ATÉ O BANHEIRO da casa é customizado com objetos relacionados à cerveja. A tampa do vaso é cravada de tampinhas e o teto do banheiro é revestido por porta copos FOTOS: DÉBORA ANÍCIO