O cliente com Insuficiência Renal Crônica e a adesão ao tratamento de hemodialise: revisão integrativa da literatura Aline da Costa de Oliveira - Graduanda em Enfermagem Unesulbahia Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia – [email protected]Fernanda Pinto da Silva - Graduanda em Enfermagem Unesulbahia Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia – [email protected]Samira Silva Santos Soares, Orientadora, docente do curso de Enfermagem Unesulbahia Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia – [email protected]Resumo: Introdução: Com as mudanças demográficas e os maus hábitos de vida diária, crescem os índices de doenças crônicas em toda a população, dentre elas, a doença renal crônica, que já se caracteriza como um problema de saúde pública, necessitando que os individuos se submetam a sessões de hemodiálise para tratamento e sobrevida. Objetivo: Identificar a produção científica acerca das dificuldades que o paciente renal enfrenta na adesão ao tratamento hemodialítico. Método: Revisão integrativa com vistas a responder a questão norteadora: Como o enfermeiro pode contribuir para a maior adesão do paciente renal crônico à hemodiálise? Foram incluídos artigos em que os textos estivessem completos, de modo que o conteúdo pudesse ser lido na íntegra online; estudos publicados na língua portuguesa; artigos publicados entre os anos de 2013 a 2017; e artigos que possuíam afinidade com a questão norteadora da pesquisa. A pesquisa resultou em 10 estudos desenvolvidos no Brasil, todos reconhecendo as várias dificuldades que os pacientes renais enfrentam na adesão ao tratamento hemodialítico. Conclusão: A revisão apresentou diversos fatores que influenciam na adesão ao tratamento, como défict de conhecimento, distancia do local do tratamento de hemodiálise, dificuldades financeiras, desgaste emocional e falta de apoio familiar, enfatiza também o papel fundamental do enfermeiro, que deve estar capacitado para intervenções com esses pacientes, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida, bem como servir de apoio psicológico e emocional a estes indivíduos. Descritores: Hemodiálise, adesão ao tratamento, assistência de enfermagem. 1. Introdução As mudanças demográficas motivadas pela queda da fertilidade, redução da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, junto às modificações da qualidade da alimentação e à redução de atividade física, levaram ao crescimento dos índices de doenças crônicas no perfil da população global. Os fatores de risco para essas doenças incluem o consumo de tabaco e álcool, sedentarismo e consumo insatisfatório de frutas e hortaliças (ROSO et al., 2013). Entre as doenças crônicas, o aumento de pessoas com doença renal crônica (DRC) vem crescendo espantosamente, a nível mundial, atingindo números preocupantes de indivíduos com falência renal (ROSO et al., 2013).
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O cliente com Insuficiência Renal Crônica e a adesão ao ... · A insuficiência renal é o estado no qual os rins perdem a capacidade de realizar as suas funções básicas, podendo
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O cliente com Insuficiência Renal Crônica e a adesão ao
tratamento de hemodialise: revisão integrativa da literatura
Aline da Costa de Oliveira - Graduanda em Enfermagem
Unesulbahia Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia – [email protected]
Fernanda Pinto da Silva - Graduanda em Enfermagem
Unesulbahia Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia – [email protected]
Samira Silva Santos Soares, Orientadora, docente do curso de Enfermagem
Unesulbahia Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia – [email protected]
Resumo: Introdução: Com as mudanças demográficas e os maus hábitos de vida diária, crescem os índices de doenças crônicas em toda a população, dentre elas, a doença renal crônica, que já se
caracteriza como um problema de saúde pública, necessitando que os individuos se submetam a
sessões de hemodiálise para tratamento e sobrevida. Objetivo: Identificar a produção científica acerca das dificuldades que o paciente renal enfrenta na adesão ao tratamento hemodialítico. Método:
Revisão integrativa com vistas a responder a questão norteadora: Como o enfermeiro pode contribuir
para a maior adesão do paciente renal crônico à hemodiálise? Foram incluídos artigos em que os textos estivessem completos, de modo que o conteúdo pudesse ser lido na íntegra online; estudos publicados
na língua portuguesa; artigos publicados entre os anos de 2013 a 2017; e artigos que possuíam
afinidade com a questão norteadora da pesquisa. A pesquisa resultou em 10 estudos desenvolvidos no
Brasil, todos reconhecendo as várias dificuldades que os pacientes renais enfrentam na adesão ao tratamento hemodialítico. Conclusão: A revisão apresentou diversos fatores que influenciam na
adesão ao tratamento, como défict de conhecimento, distancia do local do tratamento de hemodiálise,
dificuldades financeiras, desgaste emocional e falta de apoio familiar, enfatiza também o papel fundamental do enfermeiro, que deve estar capacitado para intervenções com esses pacientes,
proporcionando assim uma melhor qualidade de vida, bem como servir de apoio psicológico e
emocional a estes indivíduos. Descritores: Hemodiálise, adesão ao tratamento, assistência de
enfermagem.
1. Introdução
As mudanças demográficas motivadas pela queda da fertilidade, redução da mortalidade
infantil, aumento da expectativa de vida, junto às modificações da qualidade da alimentação e
à redução de atividade física, levaram ao crescimento dos índices de doenças crônicas no
perfil da população global. Os fatores de risco para essas doenças incluem o consumo de
tabaco e álcool, sedentarismo e consumo insatisfatório de frutas e hortaliças (ROSO et al.,
2013).
Entre as doenças crônicas, o aumento de pessoas com doença renal crônica (DRC) vem
crescendo espantosamente, a nível mundial, atingindo números preocupantes de indivíduos
com falência renal (ROSO et al., 2013).
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A insuficiência renal é o estado no qual os rins perdem a capacidade de realizar as suas
funções básicas, podendo ser uma insuficiência renal aguda, quando ocorre súbita e rápida
perda da função renal, ou crônica quando ocorre uma perda lenta, progressiva e irreversível da
função dos rins (BRASIL, 2011).
Segundo Duarte (2009), os rins são órgãos pares com formato de grão de feijão, com
aproximadamente 12cm de comprimento, 6cm de largura e 3cm de espessura, estando
situados de cada lado da coluna vertebral, na região lombar, junto à parede posterior do
abdome . Desempenham duas funções indispensáveis no organismo: a eliminação de produtos
terminais do metabolismo humano, como ureia, creatinina e ácido úrico; e o controle da
concentração de água e dos constituintes dos líquidos, tais como sódio, potássio, cloro,
bicarbonato e fosfato. Essas funções ocorrem através dos mecanismos de filtração glomerular,
reabsorção tubular e excreção tubular (SILBERNAGL; DESPOPOULOS, 2009).
O paciente com IRC apresenta-se com as substâncias, que normalmente, são eliminadas na
urina acumuladas nos líquidos corporais em consequência da excreção renal comprometida,
levando a disfunções endócrinas e metabólicas, bem como a distúrbios hidroeletrolíticos e
ácido-básicos (RIBEIRO et al., 2008).
As taxas de incidência e prevalência da doença renal crônica crescem de forma acelerada no
Brasil, no ano de 2000, a estimativa de pacientes em terapia de substituição renal (TRS) foi de
42.695 e, em julho de 2012, alcançou a marca de 97.586 (PEREIRA et al., 2016).
Atualmente a doença renal crônica é considerada um problema de saúde pública em todo o
mundo, um estudo demonstra que cerca de 13% da população adulta nos Estados Unidos
apesentam algum grau de perda de função renal (BRASIL, 2014).
A IRC não contempla uma cura, entretanto se ocorre o diagnostico precoce e são aplicadas
condutas terapêuticas apropriadas, pode-se reduzir os custos e sofrimentos. O tratamento
definitivo indicado é o transplante renal, o qual é um processo demorado e, como alternativa
para se manter a vida, opta-se pelo tratamento dialítico contínuo (SBN, 2012).
Sendo a hemodiálise a principal forma de tratamento para pacientes com doença renal crônica
(DRC), estudos realizados têm demonstrado que o número de pacientes em terapia dialítica
teve um aumento significativo nos últimos oito anos (FRAZÃO et al., 2014).
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A hemodiálise é um tipo de tratamento substitutivo da função renal, utilizado para remover
líquidos e produtos do metabolismo do corpo quando os rins são incapazes de fazê-lo. Os
pacientes podem ser submetidos à diálise durante o resto de suas vidas ou até receberem um
transplante renal bem-sucedido (RAMOS et al., 2008).
O tratamento hemodialítico consiste em simular o processo fisiológico de filtração
glomerular, sendo baseado no mecanismo de difusão. Os pacientes são conectados a uma
máquina específica durante um período, podendo chegar a até 4 horas, em uma frequência
regular de três dias por semana (FRAZÃO et al., 2014).
É de extrema importância que o paciente tenha adesão ao tratamento e a todas as orientações
dadas associadas a hemodiálise. Para isso, ele deve aceitar e entender a doença como um todo,
tendo assim um efeito positivo na manutenção da saúde, qualidade de vida e sobrevida
(SGNAOLIN; FIGUEIREDO, 2012).
Assim, esse estudo tem como questionamento quais as dificuldades que o paciente encontra
na adesão ao tratamento de hemodiálise, cujas hipóteses levantadas foram: dificuldades
financeiras, déficit do nível de conhecimento sobre a patologia e o tratamento, distância do
local que se realiza a hemodiálise, desgaste emocional pela necessidade do procedimento
invasivo e demorado e a falta de apoio familiar.
Tem como objetivo geral a identificação na literatura das dificuldades que o paciente renal
enfrenta na adesão ao tratamento com hemodiálise, e como objetivos específicos: discorrer
sobre as dificuldades que o paciente renal enfrenta na adesão ao tratamento com hemodiálise,
evidenciar os fatores sociodemográficos de risco e proteção que auxiliarão na adesão dos
pacientes a uma terapêutica resolutiva, demonstrar a importância da educação em saúde aos
clientes, bem como evidenciar o papel do enfermeiro na sensibilização para a adesão ao
tratamento.
Justifica-se esse estudo pois o paciente que está sendo submetido a hemodiálise se depara com
diversos conflitos internos e externos que comprometem sua qualidade de vida, fazendo
necessário com que o profissional enfermeiro esteja presente nas sessões, realizando além da
coordenação da equipe, uma identificação das necessidades de cada paciente e uma educação
em saúde eficaz ao paciente e a sua família, sensibilizando para uma mudança de hábito e
consequentemente melhora na qualidade de vida (FRAZÃO et al., 2014.)
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2. Referencial
2.1 Epidemiologia das Doenças Crônicas no Brasil
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) consistem em um dos maiores problemas de
saúde pública da atualidade, gerando um grande número de mortes prematuras, perda de
qualidade de vida, um alto grau de limitação e incapacidade para as atividades de vida diária,
além de consequências econômicas para os familiares, comunidades e a sociedade em geral.
Por ano, as DCNT correspondem por 36 milhões, ou 63%, das mortes, com ênfase para as
doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica (MALTA et
al., 2015).
Cerca de 45% da população relata ao menos uma doença crônica, sendo que as mulheres
apresentam mais DCNT que os homens. O diagnóstico médico de hipertensão arterial é
confirmado por uma a cada cinco pessoas adultas e sendo esta a patologia mais predominante
e frequente, está associada a desfechos mais graves, como doenças cardiovasculares (DCV)
fatais e não fatais, doenças cerebrovasculares e insuficiência renal (MALTA et al., 2015)
O diabetes mellitus também constitui um problema de saúde global, em 2010, com
prevalência estimada pela OMS, de 6,4% entre os adultos de 20 a 79 anos e um aumento
anual de 2,2%. Segundo a OMS, em 2008 o diabetes foi responsável por um milhão e
trezentos mil mortes e em torno de 4% das mortes prematuras (< 70 anos) (MALTA et al.,
2015).
É importante salientar estas doenças crônicas, pois segundo Higa et al., (2008) as principais
causas da IRC são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus.
A Doença renal crônica acaba na doença renal crônica terminal (DRCT) ou estágio final da
doença renal, quando há perda evolutiva e irreversível da função dos rins, resultando em um
problema grave de saúde gerando um alto custo econômico e social, pois estes pacientes
necessitarão realizar terapia renal substitutiva na forma dialítica (hemodiálise e diálise
peritoneal) ou transplante para a manutenção de sua vida (MOURA et al., 2015)
2.2 A Insuficiência Renal Crônica e o Tratamento Hemodialítico
Os primeiros sintomas da IRC podem demorar anos para serem notados, demonstrando
grande capacidade adaptativa dos rins, o que permite que seres humanos se mantenham vivos
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com apenas 10% da função renal. Quando a doença é instalada, ocorre um declínio das
funções bioquimicas e fisiológicas em todos os sistemas do organismo, secundária ao
acúmulo de catabólitos (toxinas urêmicas), alterações no equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-