O CANCRO DO CÓLON O CANCRO DO CÓLON E RECTO E RECTO - A doença da civilização - Faculdade de Medicina de Lisboa Faculdade de Medicina de Lisboa - Medicina Preventiva - Trabalho realizado por: Carolina Midões Correia n.º 5450 Fernando Azevedo n.º 5477 Francisco Sousa Santos n.º 5482 Vânia Caldeira n.º 5681 Regente: Prof. Doutor Armando Pereirinha Assistente: Dr. Mário Pereira – TP 9
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
O CANCRO DO CÓLONO CANCRO DO CÓLONE RECTOE RECTO
- A doença da civilização -
Faculdade de Medicina de LisboaFaculdade de Medicina de Lisboa
- Medicina Preventiva -
Trabalho realizado por:Carolina Midões Correia n.º 5450
Fernando Azevedo n.º 5477Francisco Sousa Santos n.º 5482
Vânia Caldeira n.º 5681
Regente: Prof. Doutor Armando PereirinhaAssistente: Dr. Mário Pereira – TP 9
SumárioSumário- O que é o Cancro do Cólon e Recto (CCR)?
- Como se manifesta?
- Factores de risco
- A mortalidade causada pelo CCR
- A importância da prevenção
- A realidade europeia e mundial
- A realidade dos EUA
- A realidade portuguesa
ANATOMIA DO CÓLON E RECTOANATOMIA DO CÓLON E RECTO• Fazem parte do aparelho digestivo• Em conjunto formam o intestino grosso• Cólon – 1ª porção do intestino grosso (120 a 150
cm)• Recto – última parte (10 a 12 cm)
• Funções do intestino grosso: - Reabsorção de água e
nutrientes provindos do quilo do intestino delgado
- Acumulação das substâncias a eliminar
- Formação das fezes e sua eliminação para o exterior
• Local onde numerosas bactérias vivem em simbiose
• Dissolvem os restos alimentícios não assimiláveis (ex.: fibras), reforçam o movimento intestinal e protegem o organismo contra bactérias patogénicas
Cólon normal
CANCRO DO CÓLON E RECTOCANCRO DO CÓLON E RECTO• Resulta de um desenvolvimento anormal da
parede interna do intestino grosso• Tumores benignos – pólipos - Não invadem os tecidos circundantes nem
metastizam, devendo ser removidos por colonoscopia
- Se não forem removidos podem-se converter em tumores malignos
• Tumores malignos – cancro - Podem-se espalhar a outras partes do corpo
(principalmente fígado e pulmão), onde se formam novos tumores metástases
- São encontradas nos gânglios linfáticos vizinhos
• Maior incidência em países ocidentais: dieta rica em gordura e proteína animal e pobre em fibras
• Existe tendência genética
• Activação dos oncogenes “Kirsten-ras” em 50 % dos adenomas
• Inactivação dos genes supressores: p53
MANIFESTAÇÕES E SINTOMASMANIFESTAÇÕES E SINTOMAS
• Alteração nos hábitos intestinais, com o aparecimento de diarreia ou de obstipação
• Presença de sangue nas fezes
• Sensação de que o intestino não esvazia completamente
• Desconforto abdominal
• Perda de peso inexplicada
• Cansaço
PRINCIPAIS FACTORES DE RISCOPRINCIPAIS FACTORES DE RISCO- Idade - História familiar de CCR- Pólipos colo-rectais
- Factores genéticos:- Polipose adenomatosa cólica familiar (PACF)- Carcinoma do cólon hereditário não associado a polipose (CCHNP) ou Síndroma de Lynch
- História pessoal de cancro- Doença de Crohn ou Colite Ulcerosa- Alimentação
- Outros:● Excesso de peso e sedentarismo ● Tabagismo
- Localização geográfica
IDADE- A probabilidade de ter CCR aumenta com a idade - Mais de 90% dos diagnósticos são
efectuados em pessoas com mais de 50 anos
- Idade média do diagnóstico: 65 anos
FACTORES DE RISCO E INCIDÊNCIA
Fonte: Cancer Statistics Review, 1973-1996, SEER, NCI (http://www.ff.uc.pt/)
- Os familiares próximos de uma pessoa com história de CCR têm maior probabilidade de desenvolver a doença, especialmente se o familiar teve a doença ainda jovem
- Muitos familiares com história de CCR: risco ainda maior
PÓLIPOS COLO-RECTAIS
- Os pólipos são saliências do tecido da parede do cólon ou do recto
- A maioria é benigna, mas alguns podem tornar-se cancerígenos (adenomas)
- Detectar e remover os pólipos, pode reduzir o risco de CCR
FACTORES DE RISCO
FactoresGenéticos e ambientais
PÓLIPOS COLO-RECTAIS
mucosa normal
pequeno adenoma
adenoma de risco
adenoma cancerígeno
carcinoma avançado
CCHNP / HNPCC E PACF- CCHNP (Carcinoma do cólon hereditário não associado a polipose)
■ Tipo de cancro hereditário mais comum
■ Cerca de 2% de todos os casos de CCR■ 3 entre 4 pessoas, com alteração no gene HNPCC, desenvolvem CCR
■ Menos de 1% de todos os casos de CCR ■ Pode ser recomendada cirurgia de remoção da
totalidade ou parte do cólon e do recto- Os familiares de pessoas com HNPCC ou PACF, podem fazer testes genéticos
HISTÓRIA PESSOAL DE CANCRO
- Uma pessoa que já teve CCR, pode voltar a desenvolvê-lo
- Mulheres com história de cancro dos ovários, do útero (endométrio) ou da mama, apresentam risco aumentado de desenvolver CCR
DOENÇA DE CROHN OU COLITE ULCEROSA
- Uma pessoa que teve, durante muitos anos, uma doença que provoca inflamação do cólon, como a colite ulcerosa ou doença de Crohn , tem risco aumentado de desenvolver CCR
ALIMENTAÇÃO- Alguns estudos sugerem que uma dieta rica em gorduras, especialmente gordura animal, e pobre em cálcio,
folatos e fibras, pode aumentar o risco de CCR
- O consumo excessivo de alimentos fumados e picantes também parece aumentar a probabilidade de CCR
- Estudos sugerem, ainda, que pessoas com uma dieta muito pobre em fruta e vegetais, têm um risco aumentado de CCR
Factores de Risco e Incidência
Fonte: Willett W., Nature 1989 (http://www.ff.uc.pt/)
MORTALIDADE POR CCR- Afecta igualmente ambos os sexos
- 90% dos casos surge acima dos 50 anos
- Muito prevalente no Mundo Ocidental, nomeadamente nos países mais desenvolvidos
- Está associado a mortalidade e morbilidade significativas
- Últimos 30 anos: aumento da taxa de cancro no cólon direito e sigmoideu
• 30 % - recto
• 25 % - cólon direito
• 20 % - cólon sigmóide
• 15 % - cólon esquerdo
• 10 % - cólon transverso
INCIDÊNCIA
- No ano de 1998, o CCR contribuiu para 13% de toda a mortalidade por cancro
- Nas últimas décadas, aumento da mortalidade por CCR – 80% entre 1980 e 1998
- Em 1998, 2574 mortes por CCR
- Segunda causa de morte por cancro, a seguir ao cancro do pulmão
MORTALIDADE POR CCR EM PORTUGAL
- Cerca de 150.000 novos casos de CCR
- 57.100 mortes
- 758.000 anos de vida potencialmente perdidos
- 11 % da mortalidade de todos os cancros
Estatística de 2003Estatística de 2003
A PREVENÇÃO► Objectivos da prevenção
► História Natural da doença
► Tipos de prevenção:- Prevenção Primária- Prevenção Secundária- Prevenção Terciária
► Rastreio
OBJECTIVOS DA PREVENÇÃO
• Diminuição da incidência: os cancros podem atribuir-se, em parte, a factores externos que a pessoa pode modificar, diminuindo o risco de desenvolvimento de um cancro;
• Diminuição da mortalidade: consegue-se uma diminuição da mortalidade se se detecta o cancro numa fase inicial e se aplicam tratamentos específicos mais eficazes.
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA- Divide-se em 2 períodos:
■ Período pré-patogénico – antes do indivíduo adoecer
■ Período patogénico – patogénese precoce e horizonte clínico
- O período patogénico divide-se ainda em 2 fases: ■ Fase pré-clínica ■ Fase clínica
PERÍODO PRÉ-PATOGÉNICO PERÍODO PATOGÉNICO
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
FASE CLÍNICAFASE PRÉ-CLÍNICA
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA PREVENÇÃO TERCIÁRIA
História Natural da doença
RASTREIO- Identificação presumível da doença
- Utilização de meios complementares de diagnóstico
- Não tem como objectivo ser um diagnóstico mas sim identificar os suspeitos de uma determinada patologia ou outra condição
- Encaminhamento da pessoa consoante os resultados
IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DO CCR
- A prevenção do CCR determina uma redução significativa da mortalidade nas populações rastreadas
- A atitude preventiva leva a uma poupança de recursos financeiros no SNS
- Os custos do grupo sujeito a rastreio
inferiores aos que se observam quando a opção é não rastrear
- A Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (S.P.E.D) desenvolveu em Portugal um programa de Prevenção do CCR
- Principal objectivo: sensibilizar a população e aumentar a consciência médica
• A alteração dos estilos de vida é fundamental• Evitar a exposição aos factores de risco exógenos• Comportamentos Preventivos:
– Prática de exercício regular– Combate da obesidade e do sedentarismo– Dieta variada e hipo-lipídica, rica em fruta e vegetais
• Cerca de 400g/dia de fruta e vegetais– Alimentação com peixe, lacticínios e cereais– Consumo de fibras, alho, chás, soja– Consumo de oligoelementos (quimioprofilaxia)
• Cálcio (efeito anti-proliferativo; induz apoptose)• Estrogénios• Folatos (Ácido fólico)• Selénio (inibe a iniciação e proliferação da carcinogénese)• Vitaminas A, C, D e E (inibem a proliferação de células
cancerígenas)
IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE
• Porque é uma patologia muito frequente nos países ocidentalizados
• Porque é paucissintomática - manifesta-se através de um pequeno nº de sintomas, é comum que o diagnóstico ocorra em fases avançadas
• O diagnóstico precoce representa um aumento da taxa de sucesso do tratamento
QUIMIOPREVENÇÃO?
– Têm sido desenvolvidos estudos no sentido de uma prevenção primária com base na quimioprevenção
– Há estudos que revelam que a realização de uma terapia de substituição hormonal de esteróides em mulheres na menopausa diminui significativamente o risco de virem a desenvolver CCR
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
• É importante o desenvolvimento de campanhas de sensibilização das pessoas para que realizem os exames de rastreio, isto é, uma prevenção secundária.
Panfleto de Prevenção do CCR – 2006 (SPG)
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA - RASTREIO DO CCR -
- Avaliação de indivíduos assintomáticos para verificar a presença de adenomas e/ou CCR
- Indivíduos sintomáticos tratados consoante as queixas:■ Diagnóstico■ Vigilância
- Definir qual o risco de desenvolvimento de CCR
- Métodos de rastreio- Periodicidade do rastreio
- CCR é provavelmente o cancro com maior incidência familiar
- É função do número, idade e grau de parentesco dos familiares afectados
- Exemplo:
RISCO DE DESENVOLVIMENTO DO CCR
RISCO DE CCR EM PESSOAS DE 40 ANOS, COM UM PARENTE DE 1º GRAU COM CCR
=RISCO DE CCR NA POPULAÇÃO EM GERAL COM 50
ANOS
GRUPOS ESTRATIFICADOS QUANTO À POSSIBILIDADE DE DESENVOLVER CCR
Idade = ou > a 50 anos, sem outro factor de
risco para CCR
História familiar positiva para CCR ou adenomas
do cólon e recto
1 parente de 1º grau de idade > 50 anos / 2 parentes de 2º grau / 1 parente de 1º grau com adenoma e idade < 60 anos
2 parentes de 1º grau / 1 parente de 1º grau com idade < 50 anos
POPULAÇÃO DE RISCO PADRÃO POPULAÇÃO DE RISCO AUMENTADO
RISCO 3 / 4 VEZES SUPERIORRISCO 2 / 3 VEZES SUPERIOR
MÉTODOS DE RASTREIO
- Pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSO)
- Sigmoidoscopia flexível (SF)
- Colonoscopia
- Outros Métodos:● Polipectomia Endoscópica● PSO associada a SF● Clister Opaco
PESQUISA DE SANGUE OCULTO NAS FEZES (PSO)
- Diminuição da mortalidade entre 15 – 33%
- Maiores reduções quando a PSO se faz anualmente, com re-hidratação das amostras
- Pesquisa positiva implica colonoscopia total, se esta for negativa não são necessárias novas observações nos
10 anos seguintes
- Desvantagens:■ Sensibilidade baixa para a detecção de cancro e adenomas
■ Falsos positivos entre 2-4% sem re-hidratação, 8-16% com re-hidratação
■ Estudo demonstrou que com recurso a PSO e colonoscopia, a PSO foi positiva apenas em 23,9% dos doentes com
lesões avançadas
SIGMOIDOSCOPIA FLEXÍVEL (SF)
- Observação do recto e cólon sigmoideu
- Diminuição da mortalidade entre 59-80%
- Detecta 70,3% das lesões avançadas
- Presença de adenoma(s) de risco implica colonoscopia total
- Ocorrência de lesões avançadas na colonoscopia é função dos achados
na sigmoidoscopia
COLONOSCOPIA- Método mais eficaz de prevenção do CCR- Examina todo o cólon- Permite a detecção e remoção de pólipos
e a realização de biopsias- Colonoscopia em indivíduos de risco
padrão, prevalência de adenomas 2 vezes superior à com SF
- Desvantagens:■ Maior custo e risco■ Maior desconforto
Cancro do cólon
CegoMucosa normal
Pólipo
Pólipo
Pós-polipectomia
OUTROS MÉTODOS- Polipectomia Endoscópica
■ A maioria dos CCR derivam de pólipos adenomatosos pré-existentes■ Redução da incidência de CCR de 76-90%
- PSO associada a SF■ Vantagem de 20% na sobrevida comparativamente à SF isolada■ Detecção de 75,8% das lesões avançadas
- Clister Opaco■ Numa população de risco
padrão, detectou 50% dos adenomas de dimensão > 1cm
■ Desvantagens:● Pouca sensibilidade● Não reconhecimento de 26% dos
adenomas > 1cm no recto e cólon sigmoideu
● Não reconhecimento de 67% dos adenomas > 1cm do cólon
Clister opaco mostra diverticulose
PERIODICIDADE DO RASTREIO
- PSO: rastreio anual - redução da mortalidade em 33% comparativamente a 20% bienal
- SF: de 5 em 5 anos, após SF negativa
- Colonoscopia: de 10 em 10 anos, após exame inicial negativo
- Os métodos de rastreio são suficientemente precisos e aceitáveis para os doentes
- Os benefícios do rastreio são muito superiores aos inconvenientes
- Melhor prognóstico para o tratamento da doença quando ela é evidenciada pelo rastreio, do que quando resultante de uma atitude de diagnóstico
VANTAGENS DO RASTREIO
Homens e Mulheres Sintomáticos Diagnóstico/Tratamento
Assintomáticos
Idade < 50 anos
História familiar negativa
Idade > ou = 50 anos
História familiar positiva História familiar negativa
Não efectuar rastreio Efectuar rastreio – risco pop. padrão
CCHNP 2 ou + parentes 1ºgrau com CCR / 1 parente 1ºgrau com CCR e idade < 50 anos
1 parente 1ºgrau com CCR e idade > ou = 60 anos
Consulta genética
Colonoscopia a partir dos 40 anos
RISCO FAMILIAR DE CCR
Aproximadamente 2 a 3 vezes aumentado
2 parentes 2º grau com CCR
Aproximadamente 1,5 vezes aumentado
1 parente 2º ou 3º grau com CCR
3 a 4 vezes aumentadoParente 1º grau com CCR
diagnosticado < ou = 50 anos
3 a 4 vezes aumentado2 parentes 1º grau com CCR
2 a 3 vezes aumentado1 parente 1ºgrau com CCR
RISCO APROXIMADO DE CCRHISTÓRIA FAMILIAR
PREVENÇÃO TERCIÁRIA - O TRATAMENTO DO CCR -
DIAGNÓSTICO
DECISÃO TERAPÊUTICA
FACTORES ASSOCIADOS AO
DOENTE
ESTADIAMENTO DA DOENÇA
TUMOR LOCAL
PRESENÇA DE METÁSTASES À DISTÂNCIA
DEFINIR RISCO ANESTESICO-CIRÚRGICO
IDADE PATOLOGIAS ASSOCIADAS
VONTADE DO DOENTE
DECISÃO TERAPÊUTICA
TERAPÊUTICA DE INTENÇÃO CURATIVA TERAPÊUTICAS PALIATIVAS
TERAPÊUTICAS NEO-
ADJUVANTES
CIRURGIA
RADIOTERAPIAQUIMIOTERAPIA
CIRURGIA
CIRURGIA
QUIMIOTERAPIA
RADIOTERAPIA
ENDOSCÓPICAS
“SINTOMÁTICAS”
Total de colonoscopias – EUATotal de colonoscopias – EUA