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O Autêntico Método do Barça Nível 1. Aprender a Jogar com a Bola Laureano Ruiz
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O Autêntico Método do Barça - marciofariacorrea.com · - Com os jogos reduzidos, para além dos elementos fundamentais do movimento (corridas, paragens bruscas, rotações, saltos,

Jan 02, 2019

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O

Autêntico

Método

do Barça

Nível 1. Aprender a Jogar com a Bola

Laureano Ruiz

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O AUTÊNTICO MÉTODO DO BARÇA PARA DESENVOLVER JOGADORES Laureano Ruiz

Nível 1 – Aprender a Jogar com a Bola (dos 7 aos 10 anos) - As crianças não devem começar a praticar futebol (organizado num clube) antes dos 7-8 anos; - O seu ensino será unicamente técnico, esquecendo-se a tática; - Durante o Nível 1 (principalmente dos 7 aos 9 anos) só nos devemos preocupar com a técnica elementar; - É a partir dos 10 anos que cremos que deve começar um ensino superior e mais completo; - Nesta fase de aprendizagem não abordaremos o jogo coletivo, dedicando-nos exclusivamente ao individual. Isto é, a criança aprende a controlar a bola, a conduzi-la e a driblar. Queremos dribles e mais dribles, e muitos jogos reduzidos; - Os campos de Futebol de 3 terão mais ou menos 20x12 metros, com balizas de 1,5 metros; - Maior erro que os Treinadores podem cometer: dizer às crianças para não driblarem; - Pretendemos que não tentem jogar como os adultos (jogar a 1 toque, levantar a cabeça, utilizar as duas pernas, etc). Chegará esse momento mais tarde; - O nosso ensino baseia-se em que a criança controle a bola que lhe chega; a conduza; e que drible o adversário que lhe tenta tirar a bola (ou que o tente pelo menos) e vá ganhando controlo corporal graças às acelerações, paragens, mudanças de direção, rotações, etc; - O objetivo principal deve ser desenvolver nas crianças a sua sensibilidade com a bola, despertar-lhes ou aumentar-lhes o interesse pelo futebol, desenvolver o seu prazer por jogar e também proporcionar-lhes fundamentos lógicos para o jogo; - Para isso provocaremos o jogo pelo jogo, todos contra todos, sem rigidez nem estruturas táticas; - As bases serão muito simples: espaço adequado, meínhos, jogos reduzidos, dois contra dois, três contra três, quatro contra quatro, com balizas e sem elas e também habilidades, conduções entre cones para conseguir o domínio da bola, das rotações, acelerações, paragens, etc; - Nestas idades as crianças costumam chutar a bola à sorte. Para evitar isso e acelerar a aprendizagem, criamos duas escassas imposições: 1) Não podem chutar a bola à sorte. Têm que tentar a jogada individual, tendo “intenção” em todas as suas intervenções; 2) Não podem atirar a bola deliberadamente para fora. Com estas duas proibições procura-se que as crianças tenham de “utilizar” a bola; - Utilizam-se balizas de dimensões reduzidas para que driblem, enganem os guarda-redes e adquiram uma grande habilidade; - Jogam num terreno reduzido, para não realizarem grandes esforços (muito nocivos para a sua idade) e as equipas são compostas por poucos jogadores (o ideal são 3 contra 3) para que todos estejam intervindo e aprendendo constantemente; - Com os jogos reduzidos, para além dos elementos fundamentais do movimento (corridas, paragens bruscas, rotações, saltos, mudanças de direção, etc.) conseguiremos que as crianças se familiarizem com a bola;

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- Também o solo, os ressaltos e a recuperação da bola vão-lhes ensinando a julgar as situações, as distâncias e as leis do impacto; - É importante submeter estas crianças a exercícios de malabarismos (de acordo com o seu nível) e jogos de corridas em que não estará presente a bola, mas nos quais as crianças trabalharão para além da velocidade de deslocamento, as rotações, as mudanças de direção, as acelerações curtas, a rapidez de reação, decisão e antecipação. Isto é, a parte “desconhecida” do futebol mas que é imprescindível e fundamental durante a sua aprendizagem (mas também nas suas fases de consolidação e culminação); - No final deste nível (quando as crianças cumprem 10 anos) começarão a receber lições táticas simples: a) Apoiar o portador da bola (não muito afastados); b) Tentar tirar a bola ao portador da mesma quando ele está perto da área adversária e não ir para a baliza para defender um remate. Muitas crianças têm medo de levar com a bola, mas quanto mais afastados estiverem do portador da bola mais perigo correm (quando o remate é efetuado, ensinar os defensores a virarem-se ligeiramente para se protegerem, mas nunca se virando de costas, mantendo sempre os olhos na bola); c) Sempre que a bola sai do campo de jogo ou é recuperada pelo Guarda-Redes deve colocá-la em jogo através de um pontapé sem deixar cair a bola ao chão (importante para melhorar a coordenação olhos-mãos-pés); - Os treinadores que exigem nestas idades “levanta a cabeça”, “passa ao companheiro” e “vigia o adversário” desconhecem o futebol, a sua pedagogia e as possibilidades reais das crianças; As Regras de jogo e as chuteiras - Sem conhecer as regras as crianças não devem jogar pois assim produzem-se discussões e mal entendidos. Os conhecimentos são básicos: quando é golo, quando a bola está fora, como se efetua o pontapé de baliza, como se efetua o lançamento lateral, como se efetua o pontapé de canto e as infrações graves, começando pelo penalti; - Deve-se marcar sempre as faltas e explicar às crianças as regras, os treinadores que deixam andar por se tratar de crianças cometem um erro muito grave. As crianças cometem faltas porque não conhecem as regras e se não os ensinarmos, continuarão a cometê-las; - Até aos 12 anos as crianças não deveriam jogar com chuteiras. Em termos de saúde a criança não deve usar chuteiras para não comprometer a formação dos ossos, tendões e ligamentos, originado malformações de difícil correção. Em termos técnicos, as chuteiras não dão nenhuma vantagem (têm muito peso, escassa flexibilidade e os pitões grandes são um suplício) afetando-lhes o domínio do corpo. Recomendamos que joguem e treinem com sapatilhas muito usadas, para “sentirem” melhor a bola e desenvolverem o seu sentido tátil. Para além disso, como o suporte básico do futebol é a coordenação e o equilíbrio, com as sapatilhas a criança tem de lutar para se equilibrar, não escorregar e coordenar os gestos técnicos. Isto fará com que atinja – mais cedo ou mais tarde – um grande avanço na sua habilidade; Os Guarda-Redes - Os Guarda-Redes necessitam de um treino especial, porque também eles requerem umas qualidades especiais, mas tudo tem o seu devido tempo;

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- As crianças até aos 12 anos devem jogar em todas as posições sem se especializarem em nenhuma. Isso vai ajudar-lhes a compreender melhor o jogo e tornar a sua aprendizagem mais completa; - Outro fator pelo que não se deve especializar as crianças como Guarda-Redes é o psicológico. O Guarda-Redes deve possuir um grande equilíbrio psíquico. Se defende as bolas é o herói, se sofre golos é considerado mau. Por isso pode passar facilmente do êxtase à frustração; - Neste aspeto é muito mau que as crianças defendam as balizas criadas para os adultos pois são incapazes fisicamente de chegar a bolas altas. O que não é compreendido por companheiros e certos pais; - Quando não há um bom equilíbrio psicológico (o que é normal em idades baixas), o normal é que abandonem o futebol ou que cheguem a sofrer de problemas psíquicos de difícil cura; - No entanto, devem jogar como Guarda-Redes até aos 12 anos e deve ser-lhes ensinada a técnica manual, exercícios de acrobacia (vitais para eles) e também a técnica de “atirar-se à bola” (para que não se aleijem quando caem); - Em relação à técnica manual não recomendamos o uso de luvas de Guarda-Redes até aos 12 anos. O fortalecimento das mãos, o domínio manual e a segurança no bloqueio da bola só se podem conseguir com o contato tátil direto com a bola. Só se forem submetidos a um bombardeamento de remates violentos, e para evitar possíveis lesões, vemos utilidade em usá-las; Finalizando o Nível 1: a) Qualquer criança pequena ainda não conquistou os instrumentos sociais de compreensão mútua e disciplina que submete o seu EU às regras da reciprocidade; Ele acha-se o centro do mundo, tanto social como fisicamente. Pouco a pouco, e graças à convivência com outras crianças, consegue sair de si mesmo e ganhar consciência da realidade. Isto é, situar-se fora mas entre os outros. Então descobre a sua personalidade e a dos outros, perdendo o seu egocentrismo. Quando chega a esse momento, nunca tem menos de 10 anos. Por isso, neste nível as crianças são totalmente egocêntricas e se os treinadores pretenderem que melhorem o passe e o sentido de jogo coletivo, perderão o seu tempo; b) Se os treinadores querem que os principiantes sejam felizes, façam-nos jogar jogos reduzidos. Com isso, o jogo será para eles muito agradável, atrativo e emocionante, já que conseguirão: driblar adversários e marcar golos.

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Jogos de Nível 1 Jogo N.º 1 – (8-9 anos) Descrição: Espaço de jogo de 10x5 metros e balizas de 1 metro. Jogo individual: numa mini baliza estão os jogadores 1 e 2, na outra, o 3. Este adianta-se para enfrentar o jogador 1, quem, com a bola, tenta marcar. Vence o jogador que marcar mais golos. Pode fazer-se um torneio com 18 jogadores sempre que existam várias fases. Em 15 minutos haverá uma classificação absoluta (3 fases de 5 minutos). Objetivos: Condução. Driblar. “Roubar a bola”. Passar da defesa ao ataque. Defeitos mais frequentes: As crianças chutam a golo, quando o que se exige é que entrem com a bola controlada dentro da mini baliza. Em todos os casos o golo não contará e terá perdido a posse da bola. Esquema:

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Jogo N.º 2 – (8-9 anos) Descrição: Um jogador com uma bola nas mãos. Outro situado a 4 metros em frente ao anterior. E um terceiro a 4 metros das costas do segundo. O primeiro faz o lançamento lateral para o terceiro por cima do segundo. O terceiro controla a bola e avança para o centro e tenta driblar o segundo. Se o consegue, prossegue para driblar o primeiro (o que lançou a bola). Vai-se rodando e vence o que mais pontos consiga (cada drible conseguido dá um ponto). Objetivos: Lançamento Lateral. Controlo da bola. Drible. “Roubar” a bola. Inteligência. Concentração. Defeitos mais frequentes: Lançar mal a bola (tira-se um ponto). Não saber para onde deve ir quando termina uma ação ou não fazê-lo (em ambos os casos tira-se outro ponto). Não defender com “vontade”. Esquema:

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Jogo N.º 3 – (10 anos) Descrição: 16 jogadores num terreno de 35x25 metros. Correm a trote, 8 com bola e vão passando a bola entre si, sempre com passes curtos, primeiro com o interior do pé e depois com o exterior. Objetivos: Condução. Receção. Toques. Visão. Resistência. Defeitos mais frequentes: Alguns fazem-no andando. Outros não utilizam a superfície exigida. A maioria passa a bola ao mesmo companheiro. Deve-se combinar com todos. Esquema:

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Jogo N.º 4 – (8 anos) Descrição: Todos os jogadores fazem malabarismos com a sua bola. Tocam com a perna “boa”, ressalta no solo – só uma vez -, voltam a tocar, a bola ressalta e assim sucessivamente, contando o número de toques. Se a bola ressaltar mais de uma vez no solo, começa-se a contar de novo. No final do tempo – coloquemos 3 minutos -, os 5 que mais toques derem fazem um ponto. Fazem-se várias repetições e somam-se os pontos que conseguirem. Objetivos: Habilidade. Equilíbrio. Coordenação. Defeitos mais frequentes: Não colocar o pé plano – dedos para baixo –, para que a bola ressalte “limpa”. Continuar a contar quando a bola ressalta mais de uma vez no solo. Não contar corretamente. Esquema:

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Jogo N.º 5 – (9-10 anos) Descrição: Idêntico ao jogo anterior, mas neste há que utilizar as duas pernas. Com a “boa”, devem-se dar 3 toques na bola sem que esta toque o solo, deixa-se que ela ressalte no solo e então dá-se um toque com a “má", ressaltará novamente no solo, 3 toques com a “boa”, ressalto no solo, um toque com a “má” e assim sucessivamente. Objetivos: Habilidade. Equilíbrio. Coordenação. Defeitos mais frequentes: Os mesmos do jogo anterior. Esquecerem-se de utilizar o pé “mau”. Esquema: