O ANTICRISTO O ANTICRISTO O ANTICRISTO O ANTICRISTO UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E HISTÓRICA HISTÓRICA HISTÓRICA HISTÓRICA. Joelson Galvão Pinheiro
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O ANTICRISTOO ANTICRISTOO ANTICRISTOO ANTICRISTO UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E HISTÓRICAHISTÓRICAHISTÓRICAHISTÓRICA....
Joelson Galvão Pinheiro
Produzido por
Joelson Galvão Pinheiro
Diagramado por
Fabio Martins
Imagem de capa: http://c590298.r98.cf2.rackcdn.com/XEF4_017.JPG
Brasil – 2013
INTRODUÇÃO:
O tema do Anticristo é bastante explorado em nossos dias. Creio que isto seja devido,
especialmente, às novas formas de interpretação de profecias que surgiram na igreja a
partir do século XIX para cá. A grande maioria dos que se autodenominam evangélicos,
abraçaram à doutrina “Dispensacionalista” (ainda que não saibam disto) que é futurista
em sua visão acerca do livro do Apocalipse, e, que, portanto, espera uma figura que virá
num futuro não muito distante para ser o Anticristo.
Mas há também aqueles que são chamados de Preteristas, ou seja, aqueles que adotam
a doutrina Preterista (parcial ou completa) acerca da Escatologia, e, por conseguinte, ao
contrário do Futurismo, afirmam que maior parte das profecias já aconteceram no
passado. Para estes, o Anticristo foi alguma figura do passado, como por exemplo, o
Imperador Nero, ou alguma outra pessoa. E hoje, o Anticristo se refere apenas a qualquer
falso mestre que aparece na igreja ou a qualquer pessoa que se opõe abertamente a
Cristo, e não a certa pessoa ou algo específico.
Cremos que ambas as visões que foram brevemente citadas acima estão incorretas; e
isto tanto do ponto vista Escriturísticos quanto histórico. Mas nosso propósito não é
ficarmos refutando tais posições neste estudo, e sim simplesmente apresentar aquilo que
cremos ser bíblico. Cremos que isto já será o suficiente.
A Confissão de Fé de Westminster afirma no capítulo XXV:
VI. Não há qualquer cabeça da Igreja, exceto o Senhor Jesus Cristo (Cl 1:18; Ef
1:22); o Papa de Roma não pode ser, em qualquer sentido, esta cabeça, pois ele
é o Anticristo, o homem do pecado e filho da perdição que exalta-se a si mesmo
na Igreja, contra Cristo e tudo que seja chamado Deus (Mt 23:8-10; 2Ts 2:3-4,8,9;
Ap 13:6).
Aqui lemos uma declaração direta e objetiva acerca da identidade do Anticristo. A
Confissão afirma que o tal é o Papa de Roma. Será que esta não é uma afirmação
ousada demais? Está a Confissão certa em afirmar que o Papa de Roma é o Anticristo
profetizado nas Escrituras? Os autores da Confissão e os Reformadores criam nisto
somente por terem tido problemas com o Papado, como muitos afirmam? Ou será que
eles criam nisso por uma firme convicção bíblica?
Nosso objetivo, com este breve estudo, é analisarmos as Escrituras para saber se esta
declaração contida na Confissão de Fé é realmente bíblica. Para isto, analisaremos o
seguinte texto bíblico:
“Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela
nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento,
nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como
de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma
vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se
manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta
contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como
Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que
estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que
o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da
injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e
então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca,
e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia
de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira.” (2Ts 2:1-9).
Este texto é o que mais tem sido usado na história da igreja para descrever e expor a
figura do Anticristo. Apesar da palavra “Anticristo” não constar neste texto, é evidente,
pela descrição nele contida, que ele se refere ao Anticristo. No verso quatro lemos que o
Apóstolo fala sobre aquele “que se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus”,
na língua original a expressão “se opõe” é ἀντίκειµαι (antikeimai). Esta figura é, então,
um AntiDeus ou Anticristo.
Analisemos então, neste texto, algumas coisas importantes relacionadas à figura do
Anticristo:
1. O SURGIMENTO DO ANTICRISTO ESTÁ RELACIONADO À APOSTASIA – verso 3:
“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes
venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”
Com isso, queremos dizer que o Anticristo, seja quem ele for, não surgiria do meio do
paganismo ou do ateísmo, mas no meio da Igreja Cristã. Não existe apostasia fora do
seio da Igreja.
Nos primeiros dois versos, notamos que o Apóstolo Paulo tinha a preocupação de que os
Tessalonicenses não deveriam ser enganados pensando que o retorno de Cristo estava
para acontecer imediatamente (v.1 e 2), pois havia ainda algumas coisas que deveriam
acontecer antes da vinda de Cristo. Uma das coisas era a apostasia que faria com que o
“homem do pecado” surgisse. Portanto, o Apóstolo Paulo não cria numa vinda imediata de
Cristo que poderia acontecer a qualquer momento, pois, segundo ele mesmo, ainda
haveria coisas para acontecer.
Há também outros textos bíblicos que comprovam que o Anticristianismo está relacionado
à apostasia. Em 1Jo 2:18,19 lemos:
“Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também
agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última
hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam
conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 Jo
2:18-19).
A expressão “a última hora” aqui, se refere a toda era do Novo Testamento desde a
primeira vinda de Cristo até Sua volta (Hb 1:1-2; 1Co 10:11; At 2:16,17). O Apóstolo João,
para indicar que estamos vivendo sob “os últimos dias” ou “a última hora”, nos informa
acerca dos muitos anticristos que têm surgido como precursores do Anticristo. E ele
afirma que tais anticristos são apóstatas, pois “saíram de nós”, diz ele.
Em Apocalipse 19:7,8 e 21:2 lemos que a Igreja de Cristo é descrita como uma mulher
fiel e uma santa cidade. Enquanto o anticristianismo, ou aquilo que se opõe a fé dos
santos, é descrito como uma mulher e como uma cidade, porém não fiel nem santa (Ap
17:1; Ap 17:4-6).
“Portanto, tanto a igreja quanto o anticristianismo são descritos como uma mulher
e uma cidade, mas de caráter completamente oposto. Há semelhança na forma,
mas naturezas opostas. Isto indica que o anticristianismo é uma forma falsa de
Cristianismo e uma falsa igreja. Devemos pensar no Anticristo em termos de
Cristianismo apóstata ao invés de uma oposição abertamente ateísta ou pagã”
(David Silversides).1
Notemos também a expressão “filho de perdição”. Vemos esta expressão sendo aplicada
a uma pessoa: a Judas, o traidor (Jo 17:12). Judas era o falso discípulo. Aquele fingiu ser
discípulo de Cristo até traí-lo com um beijo. Ele era um apóstata. Isto também nos indica
que o Anticristo é um apóstata.
Com isso, já podemos concluir que o Anticristo não pode ser uma figura que
simplesmente se opõe a Cristo. Mas ele o faz apostatando da fé. Portanto, o Anticristo
não é uma figura que surge do ateísmo ou paganismo para se opor a Cristo, mas é algo
ou alguém que sai do meio da Igreja Cristã, ou seja, um apóstata. Alguém que diz
abertamente ser Cristão, quando de fato não é.
Já podemos dizer, pelo menos por enquanto, que o Papado se encaixa nesta
característica que vemos neste texto bíblico. Pois este afirma ser Cristão desde quando
ele surgiu na história, mas ensina e propaga um falso evangelho que anula a obra de
Cristo.
1 The Anticrhist: A Biblical and Confessional View, p. 4, David Silversides.
2. SEU PROPÓSITO É SE OPOR A DEUS E A CRISTO - v. 4:
“O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora”.
2.1. Ele faz isto se opondo e se exaltando contra tudo que se chama Deus.
Com isto entendemos que ele não apenas se opõe diretamente a Deus, mas a tudo que
está relacionado com as coisas de Deus.
2.2.1. Ele se exalta contra as coisas de Deus em geral
Isso quer dizer que ele se opõe a Cristo, o Filho de Deus, sendo assim o Anticristo. Ele se
opõe ao Espírito Santo de Deus, pois o Este é o verdadeiro substituto de Cristo na terra
(Jo 14:16-18; Jo 16:7), portanto ele também toma o lugar do Espírito de Deus.
O Anticristo também se opõe ao verdadeiro evangelho de Deus; ele faz isto se tornando
um falso mestre pregando um falso evangelho. Pregando por exemplo, um evangelho de
salvação por obras, negando assim a obra que Cristo realizou em Sua carne por nós (1Jo
4:3; Ef 2:8).
Ele também se opõe ao povo de Deus. Ele assim o faz perseguindo e procurando destruir
os santos (Ap 17:6; Dn 7:212).
2.2.2. Ele se exalta sobre o poder do Magistrado Civil
E ele ainda se exalta contra as coisas que são chamadas “Deus”. Nas Escrituras, lemos
que algumas coisas são chamadas de “Deus”, além do próprio Deus. Lemos nas
Escrituras, por exemplo, que o Magistrado Civil é chamado de “deuses” no Salmo 82:1,6.
Ainda que em sua natureza eles sejam apenas humanos, eles têm uma autoridade e
domínio sobre as outras pessoas, e, neste sentido, são chamados de deuses. Isso quer
dizer que o Anticristo se exaltará sobre os poderes civis das nações. 3
A história comprova que é isto que o Papado vem fazendo ao longo da história. E ainda
hoje ele procura influenciar as grandes autoridades de muitas nações. Isto é afirmado
quando um novo Papa surge:
2 Posteriormente notaremos que este pequeno chifre de Daniel 7 é o Anticristo.
3 Podemos encontrar esta interpretação nos comentários de John Gill, Matthew Henry, Matthew Poole, nos sermões
de Thomas Manton sobre o texto em consideração, e etc.
“Quando o papa é coroado hoje, é com estas palavras: ‘Receba tua Tiara.
Adornada com três coroas, e saiba que tu és o pai de Reis e de Príncipes,
Governador do Mundo, e Vigário de Cristo na terra, a quem seja honra e glória para
sempre”. 4
2.2.3. Ele se exalta sobre os anjos de Deus
Também lemos que os anjos, nas Escrituras, também são chamados de deuses (Salmo
8:5 – a palavra “anjos” no original é “Elohim” que pode ser traduzido por anjos, juízes,
deuses, etc). O Anticristo também se exaltará sobre os anjos. Os Papas afirmam também
que têm poder sobre os anjos:
“O Papa Clemente VI proclamou um Jubileu e prometeu perdão de pecados que
deveria vir de Roma; e em sua bula para isto, diz que: ‘Se qualquer um que
confessou, mas morreu pelo caminho, ele deve ser livre de todos os seus pecados;
e nós ordenarmos os anjos que eles tirem tal alma do purgatório inteiramente
absolvida, e introduzida na glória do paraíso.” (John Gill).
2.2. Ele se opõe a Cristo tomando o lugar de Cristo - v. 4:
“de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer
Deus”.
2.2.1. A preposição grega “anti”.
A preposição “anti” na língua original não apenas significa oposição, mas também
significa “em lugar de”. Em (Mt 2:22) e em (Lc 11:11) lemos:
“E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou
ir para lá; mas avisado em sonhos, por divina revelação, foi para as partes da
Galiléia.” (Mt 2:22)
“E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou,
também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?” (Lc 11:11)
Em Mateus 2:22, a expressão “em lugar de”, no texto original em grego, é a palavra
“ἀντί” (anti). É o mesmo caso com a palavra “por” [peixe uma serpente], em Lucas 11:11.
A palavra “anti” é usada em ambos os textos no sentido de substituição.
4Citação retirada do texto que se encontra no seguinte link: http://www.iphr.org.br/2009/02/o-papa-e-o-anticristo/
O Apóstolo Paulo, no texto que estamos considerando, diz que o “homem do pecado” e o
“filho da perdição” se oporá a Deus tomando o lugar de Deus, ou seja, substituindo a
Deus, pois ele se assentará no templo de Deus, querendo ser Deus.
2.2.2. Os termos usados
Vemos também que o Apóstolo parece relacionar ao Anticristo, alguns termos importantes
que são, geralmente, usados em relação à Cristo:
A) Revelado – “e então será revelado o iníquo” (v.8). Esta palavra (revelado) é a
palavra grega ἀποκαλύπτω (apocalupto), que significa revelação (no sentido de
mostrar algo que estava oculto). Nesta mesma carta, no capítulo anterior, esta
palavra é aplicada a Cristo (1Ts 1:7). A palavra ἀποκάλυψις (apocalipsis) –
“manifestado” em português - é derivada da palavra que acabamos de mencionar
acima.
B) Vinda – “A esse cuja vinda...” (v.9). A palavra grega é παρουσία (parousia). A
mesma usada é usada aplicada a Cristo no verso 8 desta passagem que estamos
considerando (2Ts 2:8).
C) Mistério – “Porque já o mistério da injustiça opera”. Esta palavra é usada no
Novo Testamento para descrever o misterioso plano de Deus em salvar pecadores
por meio de Cristo. Tal plano ficaria completamente desconhecido aos homens se
o próprio Deus não o revelasse (1Tm 3:16; Ef 3:3-9; Rm 11:25; 1Co 15:51).
D) Sinais e prodígios – “com todo o poder, sinais e prodígios...”. Estas expressões
também são aplicadas a Cristo (At 2:22). A diferença é que os “sinais e prodígios”
do Anticristo são de mentira, ou seja, ele afirma ter este poder, mas não é
exatamente igual ao de Cristo.
Com isto percebemos que estes termos indicam que o desígnio de Satanás é substituir a
Cristo usando este homem do pecado.
2.2.3. A palavra “templo”
É importante notarmos que a palavra “templo” usada no texto, é também usada para
descrever o “Santo Lugar”, mas também é usada para descrever o povo de Deus (Ef 2:21-
22; 2Co 6:16). Isso significa que ele surgiria no meio do povo de Deus como resultado de
uma apostasia declarando-se o grande líder e Cabeça da Igreja, substituindo assim,
aquele é o verdadeiro Cabeça da Igreja: Cristo.
O Papa de Roma afirma que ele mesmo é o Vigário de Cristo na terra, ou seja, o Seu
substituto com toda a Sua glória, poder e autoridade. Ele afirma ter poder para perdoar
pecados e para salvar ou condenar almas:
“No décimo quarto século Bonifácio declarou: Aquilo que foi falado a respeito de
Cristo, que todas as coisas sejam sujeitas aos seus pés… deve ser dito da mesma
forma a meu respeito. Eu tenho a autoridade de Rei dos reis, eu sou tudo em todos
e sobre todos, assim que Deus, Ele mesmo e eu, o Vigário de Deus, temos um só
consistório (autoridade), e eu sou capaz de fazer quase tudo que Deus pode fazer.
O que podem me considerar senão Deus?”5
“No século XVII (1644) um cardeal se dirigiu ao recém eleito Papa Inocente X:
‘Santíssimo e abençoado Pai, Cabeça da Igreja, Governador do Mundo, a quem as
chaves do Reino dos céus foram entregues, a quem os anjos nos céus
reverenciam, e a que as portas do inferno temem, a quem todo o mundo adora, nós
especialmente veneramos, cultuamos e te adoramos, e nos entregamos com tudo
que nos pertence ao teu dispor, paternal e divino.” O que mais poderia ser dito que
considere o papa um Deus?’”6
“No século XIX, durante o Concílio Vaticano (1870) que pronunciou o dogma de
que os papas são infalíveis, proclamou: ‘O Papa é Cristo em ofício, Cristo em
jurisdição e poder… nós nos inclinamos diante de tua voz, ó Piedoso, com diante
da voz de Cristo, o Deus da verdade; em nos unirmos a ti, estamos unidos a
Cristo.’”7
“No século XX (1922) Pio XI declarou: ‘Vós sabeis que eu sou o Santo Padre, o
representante de Deus na terra, o Vigário de Cristo, o que significa que eu sou
Deus na terra.’”8
Nós declaramos, nós proclamamos, nós definimos que é absolutamente necessário
para a salvação que cada criatura humana esteja sujeito ao Pontífice Romano”.