1 O ABACATE NO MUNDO, NO BRASIL E NA CEAGESP DE SÃO PAULO Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida Engenheiro Agrônomo, CEAGESP Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a produção mundial de abacate em 2016 foi de 5,6 milhões de toneladas e seguiu em um ritmo rápido de crescimento ao longo dos últimos anos (Tabela 1). Tabela 1 – Produção mundial de abacate (em toneladas). País/Ano 2012 2013 2014 2015 2016 Participação (%) P. Acumulada (%) México 1.316.104 1.467.837 1.520.695 1.644.226 1.889.354 33,94 33,94 República Dominicana 290.011 387.546 428.301 526.438 601.349 10,80 44,74 Peru 268.525 288.387 349.317 367.110 455.394 8,18 52,92 Indonésia 294.200 289.901 307.326 382.530 304.938 5,48 58,40 Colômbia 255.195 294.997 288.739 309.852 309.431 5,56 63,96 Estados Unidos 238.495 166.106 179.124 203.209 172.630 3,10 67,06 Quênia 166.948 177.799 218.692 136.420 176.045 3,16 70,22 Brasil 159.903 157.482 156.699 180.652 195.492 3,51 73,73 Chile 160.000 165.000 160.000 146.204 137.365 2,47 76,20 Ruanda 145.000 120.645 206.785 125.506 9.296 0,17 76,37 China 108.000 112.000 116.000 117.938 122.942 2,21 78,57 Venezuela 116.964 112.670 121.576 128.601 90.196 1,62 80,19 Guatemala 94.605 103.698 108.214 115.099 122.184 2,19 82,39 Haiti 80.230 88.253 97.078 98.732 93.201 1,67 84,06 África do Sul 91.603 83.718 107.176 86.189 86.468 1,55 85,62 Outros 670.508 654.127 708.542 778.259 800.758 14,38 100,00 Total 4.456.291 4.670.166 5.074.264 5.346.965 5.567.043 100,00 Fonte: FAO (2018) O México é o maior produtor, colhe nada menos que 34% do total mundial, acompanhado de longe por outros grandes produtores, como República Dominicana, Peru e Indonésia. O Brasil, segundo a FAO (2018), é o oitavo produtor mundial, produziu 195 mil toneladas em 2016, o que corresponde a 3,2% da produção mundial. Em área cultivada, o Brasil é o décimo nono (Tabela 2), o que significa uma produtividade muito maior que a média mundial. A explicação mais lógica é que concentramos nossa abacaticultura em variedades de frutos grandes, que produzem muito mais massa na forma de frutos por hectare. Nossas variedades são quase todas híbridas entre as raças Antilhana e Guatemalense, como ‘Geada’, ‘Fortuna’, ‘Quintal’, ‘Margarida’ e ‘Breda’. Estas variedades, recentemente, para a diferenciação em relação ao avocado, passaram a ser chamadas de Abacates Tropicais. Avocado é uma palavra do inglês, para designar qualquer abacate, mas no idioma português já se pode considerar que se refere a cultivares com a participação genética da raça Mexicana, de frutos pequenos e alto teor de óleo, como o ‘Hass’ e o ‘Fuerte’. São os frutos que dominam largamente o comércio internacional de abacates. Os Abacates Tropicais são de
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O ABACATE NO MUNDO, NO BRASIL E NA CEAGESP DE … · 1 O ABACATE NO MUNDO, NO BRASIL E NA CEAGESP DE SÃO PAULO Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida Engenheiro Agrônomo, CEAGESP
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O ABACATE NO MUNDO, NO BRASIL E NA CEAGESP DE SÃO PAULO
Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida
Engenheiro Agrônomo, CEAGESP
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a produção mundial
de abacate em 2016 foi de 5,6 milhões de toneladas e seguiu em um ritmo rápido de crescimento ao longo
dos últimos anos (Tabela 1).
Tabela 1 – Produção mundial de abacate (em toneladas). País/Ano 2012 2013 2014 2015 2016 Participação (%) P. Acumulada (%)
Total 74.189 76.887 80.698 83.348 91.790 109.071 100,00
Fonte: CONAB (2018)
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A comercialização de Abacates Tropicais possui características diferentes das do Avocado. Segundo o
SIEM da CEAGESP (2018), a comercialização dos frutos deste grupo totalizou 46 mil toneladas em 2018, o
que corresponde a 98,72% do total transacionado no ETSP. Estes frutos são embalados em caixas de madeira
tipo “K” (descartável), que praticamente caiu em desuso, ou “M” (retornável) e mais modernamente e cada
vez mais em caixas de papelão ondulado com a mesma capacidade ou um pouco menos. Atualmente, as
principais cultivares comercializadas no entreposto são: ‘Geada’, ‘Português’, ‘Fortuna’, ‘Quinta’, ‘Margarida’
e ‘Breda’.
A classificação comercial dos abacates Tropicais, é baseada no número de frutos na “boca” como é
chamado no mercado atacadista a camada superior da caixa. As “bocas” mais usuais no mercado para a
caixa K são a 8, a 10 e a 12 (ou “pequeno”). Na caixa “M”, trabalha-se com as “bocas” 6 e 8 frutos (grande), 9
a 12 (médio) e 13 a 18 (pequeno). Na caixa “K”, mais estreita e fechada, normalmente se colocam 4 ou 5
camadas de frutos e duas fileiras por camada. A caixa “M” é mais rasa, larga e aberta na parte superior,
consegue acomodar 3 camadas de frutos e um número maior de fileiras por camada (3, 4, ou 5),
dependendo do tamanho dos abacates. A classificação nas caixas de papelão ondulado é semelhante à da
caixa “M”. O tamanho dos frutos é pouco importante na formação do preço, mas os grandes costumam ter
maior valor de comercialização. Entretanto, a qualidade externa do fruto, observada através da ausência da
quantidade de danos mecânicos, presença de manchas e de doenças, além do estádio de maturação são os
fatores mais importantes para a valoração ou formação de preço para os Abacates Tropicais.
Os avocados são duas variedades principais, a ‘Hass’ e ‘Fuerte’. Ambas produzem frutos bem menores,
com caroço relativamente grande e com alto conteúdo de óleo, são híbridos das raças mexicana e
guatemalense (TEIXEIRA, 1995). Geralmente, são comercializados em caixas de papelão ondulado de 4 kg ou
em bandejas de poliestireno. Pelo alto conteúdo de óleo, são adequados para preparações salgadas, que,
aliás, é a maneira como o abacate costuma ser consumido no restante do mundo. Os avocados representam
apenas 1,28 % do montante de abacates comercializados na CEAGESP, são frutos com preço por quilograma
de valor muito mais elevado, mas também com a demanda muito menor que os Abacates Tropicais, e ainda
é grande o desconhecimento por parte da população brasileira a respeito do uso do abacate em pratos
salgados.
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Tabela 7 – Sazonalidade das principais variedades de abacate na CEAGESP de São Paulo
Variedade/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Geral
Geada
Fortuna
Quintal
Breda
Margarida
Hass
Elaborado pelo autor a partir de entrevistas com os atacadistas que comercializam abacate na CEAGESP.
Figura 1 – Sazonalidade versus preços dos Abacates Tropicais na CEAGESP de São Paulo Média de 2007 a 2017 Os valores foram atualizados para maio de 2018 pelo IGP-DI
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Figura 2 – Sazonalidade versus preços dos Avocado na CEAGESP de São Paulo Média de 2007 a 2017 Os valores foram atualizados para maio de 2018 pelo IGP-DI
Figura 3 – Frutos de abacate Breda na caixa de papelão ondulado
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Figura 4 – Margarida em caixa de papelão ondulado de uma camada
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Figura 4 – Breda na caixa de madeira tipo ‘M’
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Figura 5 – Hass em caixa de papelão ondulado.
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Agradecimentos – O autor agradece a J. A. Bonella e J.C. Gonçalves pelas informações.
KOLLER, O. C. Abacate: Produção de Mudas, instalação e manejo de pomares, colheita e pós-colheita. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2002. 145 p.
TEIXEIRA, C. G. Cultura. In: ITAL - INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS (Campinas). Abacate: Cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. 2. ed. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1995. Cap. 1, p. 1-54. (Frutas Tropicais).
31 jan. 2013. WATANABE, H. S. Características de cultivares de abacate. CEAGEPS – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, 2013. (Comunicação oral)
WIKIPEDIA (Estados Unidos da América). Commodity. Disponível em: