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Numa Ultra Só És Adulto Quando Te Inscreves _ JN Running
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11/04/2015 Numa ultra só és adulto quando te inscreves | JN Running
Numa ultra só és adulto quando teinscrevesEsta viagem ao interior dos mais de 100km de Sicó é a de Rui Pinho, atleta convidadopelo JN Running. É a viagem de cada um dos que se lança ao desafio. Seja para dez,20, 40 ou 100km. É a viagem ao interior de cada um de nós. E é muito boa de se ler.
Uma ultra é uma viagem ao interior de nós próprios. É uma viagem rumo ao desconhecido. Sabes por
onde viajas, conheces o barco, o mar e até os ventos, mas nunca saberás a infinidade de
conjugações com que te irás deparar. É uma viagem deambulante pelo limite do corpo, da mente, da
vontade e da resiliência. Todos sabemos ao que vamos, sem saber o que vamos encontrar.
Na azáfama da arena de partida, somos todos gladiadores prontos a serem lançados às feras. O
arrepio na espinha, o vazio no estômago, a sensação de levitar sobre todos aqueles que, como tu,
sentem a adrenalina a subir no tiquetaque decrescente para o tiro de partida. Nada ouves. O silêncio
apodera-se de ti. O ruído que também tu fazes é o de todos os fantasmas que acumulaste e que
agora se libertam, rumo aos trilhos para onde vais e onde cumprirão a sua missão: tentar-te,
desanimar-te, alertar-te para as tuas fraquezas, para as dores e para os arrependimentos.
Em todo esse ruído há uma paz angelical que te faz sentir capaz de domar todos os teus demónios.
É o silêncio do teu treino. O silêncio dos que acreditam em ti, o silêncio das palavras que te disseram
há minutos, quando fizeste aquela última chamada – “vou agora ao controlo zero, para a partida.
Dorme, eu dou-te novidades”. “Nós acreditamos em ti…” E acreditam. E dormem pouco. E ali vais tu,
nessa viagem de mais de 100 km, de mais que muitas horas, que te deixará à mercê dos elementos,
da chuva, do chão de barro que te vai fazer lembrar argila nas mãos de crianças que as formam
alegremente.
Essa criança, vulnerável, és tu, é o teu filho, é o filho de alguém, desamparado, como tu ali, a cair e
levantar, a dar a mão ao colega de ocasião que caiu a teu lado. És tu no teu mundo. Vais de criança a
velho. Só és adulto quando te inscreves. És uma criança nas mãos dos voluntários que te abastecem
e mimam, és um velho sem forças nas pendentes montanhosas que parecem não ter fim. És
marinheiro. És sim. És marinheiro com pele franzida pelo cansaço, olhos de noite em branco perdidos
no nevoeiro. Afinal não. És só um pastor que chegou ao alto da sua Serra onde outrora havia
moinhos.
Estás a sonhar. Sonhas acordado no meio daqueles pesadelos que os fantasmas te vão lançando. E
sonhas com os teus anjos. “Tenho de acabar, só faltam 30 km”. E fazes contas: “30 km, a este ritmo
são 7 ou 8 horas, meu Deus, como aguento?”. E vêm os teus anjos. Lembras-te do último telefonema.
Voltas a ligar. Não atendem, deixas mensagem, como se deixasses uma âncora que te vai puxar até
ao fim; quando o telemóvel volta a tocar já te parece o ruído do motor que puxa a âncora. E animas-
te de novo com uma canja, um caldo verde, uma bifana, uma cara conhecida, um popular que te grita
“CORAGEM!!!”, e voltas a sentir-te vivo. Meu Deus! Ressuscitei! Sou o maior!… Até à fraqueza
seguinte.
É isto. Morres e ressuscitas vezes sem conta, amas e odeias o trail, queres voltar para casa, para os
braços dos teus. Mas isto é tudo teu. A viagem é tua. Mesmo que vás ao lado de alguém, que juntes
fraquezas com fracos e te mostres forte, ou fraco, perante fortes, não saberás nunca como eles
estão, porque eles estão numa viagem só deles, como tu. Na tua. Aproveita. Faz-te forte. Encontra-te.
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