Página 1 de 27 Área de Competências-Chave Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário Núcleo Gerador 2 – AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DR2 – Tema: Resíduos e reciclagem
27
Embed
Núcleo Gerador 2 AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DR2 …cqepdesantotirsodoaetp.yolasite.com/resources/NG2 AS - DR2... · ... quantidades de lixo que são dez ... que as próximas gerações
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Página 1 de 27
Área de Competências-Chave
Cultura, Língua e Comunicação
RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário
Núcleo Gerador 2 – AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
DR2 – Tema: Resíduos e reciclagem
Página 2 de 27
Página 3 de 27
Tema 2: Resíduos e Reciclagem
COMPETÊNCIA: Agir de acordo com a percepção das implicações de processos de reciclagem em contexto profissional, reconhecendo a mais-valia da sua utilização, recorrendo à comunicação de mensagens eficazes.
Não basta viver, é preciso que a nossa vida seja a melhor possível e se desenvolva nas melhores
condições. De entre estas condições, as de natureza ambiental são muito importantes porque contribuem
para o nosso bem-estar físico, psicológico e social. Todos nós
desejamos ter uma vida com boa qualidade. Quer dizer, é
importante ter boa água, bom ar, bons produtos para a nossa
alimentação e vestuário; que lugar onde vivemos seja agradável;
que os locais onde habitamos estejam ordenados e
conservados, de modo a que nos sintamos bem; que a fauna e a
flora possam viver juntamente connosco e que os serviços de
que necessitamos (correios, finanças, escolas, bibliotecas,
museus, hospitais, serviços de água, luz e outros) sejam eficazes
e estejam próximos de nós.
No sentido de desenvolvermos a nossa qualidade de vida,
há um aspeto que é muito importante: a preservação dos recursos naturais, apesar de termos que utilizá-
los para fazer face às nossas necessidades. Como sabemos, precisamos dos recursos naturais para viver, isto
é, precisamos da água, do ar, da terra, dos minerais (por ex.: petróleo), da fauna (os animais) e da flora (as
plantas). No entanto, devemos saber usá-los sem comprometer a continuidade da sua existência no tempo
futuro.
Um dos aspetos que mais contribuem para a degradação do planeta é a existência dos resíduos sólidos,
vulgarmente conhecidos por "Iixo", que todos produzimos
diariamente.
"Quantas coisas vamos deitar fora hoje? A caixa de uma nova
bisnaga de pasta de dentes? A caixa de cereais vazia ou o pacote
do leite? O bilhete do autocarro? Talvez um pacote de batatas
fritas e uma lata de refrigerante vazia? Elaboremos uma lista de
coisas que deitamos fora num dia e ficaremos espantados com o
seu número.
“Atualmente, uma família média portuguesa deita fora:
- papel velho que precisou de seis árvores para ser produzido;
- mais de 300 latas, das quais 100 são de comida para animais; - 47 kg de plástico;
- 32 kg de metais;
- 45 kg de comida;
-74 kg de vidro.
Isto significa que cada um de nós produz, por ano, quantidades de lixo que são dez vezes superiores ao
peso do nosso corpo.”
In Guia do Jovem Consumidor Ecológico - John Elkington e Jullia
Resíduos elétricos e eletrónicos Disponível na Internet:
Nem a responsabilidade social das empresas pode ser um conceito vazio de ação social, fortemente
instrumentalizado pelos gabinetes de marketing que deixa de ter em conta somente o lucro e os interesses
dos acionistas, para ter em conta o Bem Comum dos trabalhadores, das comunidades, do ambiente onde se
insere.
Por isso apelamos a um Consumo Responsável, que inclui a ideia de sustentabilidade social e ambiental
alicerçada em critérios éticos. É preciso consumir diferente, ter mais e melhor informação sobre os produtos
- os seus custos sociais e os seus impactos ambientais. É preciso pensar noutro modo de consumo e pô-lo em
prática, todos os dias, em todas as áreas das nossas vidas, por todo o mundo. Optar por consumir menos e
consumir melhor.
Consumo responsável - Questões, desafios e guia prático para um futuro sustentável, Cadernos do Comércio Justo, n.º 1 (adaptado) .
Promoção do desenvolvimento sustentável
As desigualdades de desenvolvimento, a consciência das limitações dos recursos naturais e a
degradação ambiental do nosso planeta puseram em evidência a necessidade de promover o
desenvolvimento sustentável.
A noção de desenvolvimento sustentável tem implícito um compromisso de solidariedade com as
gerações do futuro, no sentido de assegurar a transmissão do “património” capaz de satisfazer as suas
necessidades. Implica a integração equilibrada dos sistemas económicos, sociocultural e ambiental.
Subjacente ao desenvolvimento sustentável deve estar a resiliência que consiste em assegurar o
desenvolvimento das capacidades de indivíduos, organizações e governos de forma a preparar a sociedade
para enfrentar as crises e recuperar das mesmas.
A consciência dos perigos que corremos multiplicou o número de organizações e programas cujo grande
objetivo é alterar o nosso sistema de valores, os nossos estilos de vida, introduzindo a componente
ecológica.
Surgiram um pouco por todo o mundo associações e partidos ecologistas; Ministérios do Ambiente
foram criados em mais de 70 países; organizaram-se conferências internacionais; foram criados o PNUA e
outros programas de pesquisa e ação.
As medidas a adotar para proporcionar o equilíbrio entre o
homem e ambiente passam por diferentes níveis, por exemplo:
- abandono das políticas exclusivamente baseadas no
crescimento económico; a cooperação internacional: é essencial
para permitir a mitigação e adaptação aos problemas ambientais,
mas também para promover o desenvolvimento sustentável e
evitar retrocessos graves no desenvolvimento humano;
- intensificação da cooperação entre os países mais desenvolvidos
e os países menos desenvolvidos, dado que estes últimos são os
mais vulneráveis aos problemas ambientais e não possuem
recursos económicos que lhes permitam reagir e adaptar-se, por
exemplo, às consequências das alterações climáticas;
- investimento em atividades industriais que reduzam a produção de resíduos e desenvolvam processos de
reciclagem e reutilização de materiais; participação ativa da sociedade civil ao nível da denúncia e da ajuda à
superação dos problemas;
- melhorar a informação (mais e melhor informação sobre as condições sociais ambientais e
económicas das populações, incluindo os custos reais da utilização do ambiente - exemplo da pegada
ecológica);
- minimizar a utilização dos recursos não renováveis e prevenir a erosão dos recursos renováveis;
- utilizar todos os recursos com a máxima eficiência;
A sustentabilidade ambiental tornou-se uma das preocupações das sociedades atuais Disponível na Internet: http://www.jrrio.com.br/construcao-
sustentavel/sustentabilidade.html
Página 16 de 27
- Abrandar o elevado crescimento da população e regular de forma eficaz a ocupação do espaço pelas
atividades humanas;
- cumprimento dos acordos internacionais e a integração das questões ambientais nos debates no seio
da OMC.
Promover estas alterações no rumo ao desenvolvimento revela-se
fundamental, sem esquecer que a aplicação de estratégias de
desenvolvimento ecologicamente corretas depende:
- da ação individual e coletiva de cada indivíduo, do papel do Estado e
das políticas do ambiente;
- do papel das empresas e de todos os agentes económicos;
- do respeito pelos tratados e acordos internacionais e do cumprimento
dos caminhos traçados desde as Conferências de Estocolmo, em 1972;
- da ação das organizações nacionais e internacionais.
Finalmente, é preciso reafirmar a incapacidade dos atuais modelos de
desenvolvimento para resolver o problema da pobreza, do desemprego e da
insatisfação das necessidades não materiais.
A solução passará, com certeza, pela redistribuição mais equilibrada dos custos/benefícios e pelo modo
como as populações acedem aos recursos.
Desenvolvimento sustentável e ação climática Entende-se por desenvolvimento sustentável o que “procura satisfazer as necessidades da geração atual sem
comprometer a capacidade das gerações vindouras de suprirem as suas próprias necessidades” (relatório
Bruntland, “O nosso Futuro Comum”). Um compromisso assente no equilíbrio de três eixos: social, ambiental
e económico.
O tema está na ordem do dia. Com o fim da vigência dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, setembro iniciou
uma nova temporada de desafios.
Aprovada e adotada pela Assembleia Geral da Nações
Unidas, a Agenda Global para o Desenvolvimento Sustentável
2030 é um plano de ação, tendo as pessoas, o planeta e a
prosperidade no seu epicentro, que procura a paz universal
através de parcerias verdadeiramente globais. Com 17 objetivos
e 169 metas, este programa, mais abrangente e ambicioso nos propósitos do que o anterior, assume a
sustentabilidade do planeta e dos seus modelos de desenvolvimento como sendo prioritária nos próximos 15
anos.
Os cientistas afirmam, com 95 por cento de certeza, que a atividade humana constitui a principal causa na
base do aumento de temperatura global.
Identificada como sendo uma das maiores ameaças ambientais, sociais e económicas que enfrentamos
atualmente, a questão das alterações climáticas discute-se em dezembro, na 21ª Conferência das Partes da
Convenção, resultante da Cimeira do Rio, de 1992, de onde se espera um novo acordo, juridicamente
vinculativo, em que todas as partes, países desenvolvidos ou em desenvolvimento, se comprometam a reduzir
a emissão de Gases com Efeitos de Estufa, conforme as respetivas Contribuições Nacionais Determinadas.
As propostas parecem simples mas exigem um mergulho na nossa essência e uma análise detalhada aos
nossos usos e costumes. Exigem que nos reposicionemos e repensemos as nossas escolhas. Exigem medidas
que implicam sacrifício e empenho.
O “Ter” tem-nos definido, mas com que consequências para a possibilidade do “Ser”, saudável, informado,
justo, feliz?
Poluição ameaça a
biodiversidade
Disponível na Internet:
http://knowledge.allianz.com/en
vironment/climate_change/?663
/how-biodiversity-protects-
against-climate-change-gallery
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O conceito de desenvolvimento sustentável tem origem no Relatório Brundtland publicado em 1987 (documento intitulado "Nosso Futuro Comum") que o define como o processo que "satisfaz as necessidades presentes. sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades".
Página 17 de 27
Vivemos escravos das nossas necessidades que, a solto galope, estão cada vez mais distantes de serem
consideradas básicas. A nossa lógica de consumo desenfreado subsidia esquemas de produção que cilindram
muitas vidas e constroem uma realidade muito injusta, muito desigual.
A servidão à economia tem sido o centro de todas as questões. E se tudo fosse diferente? E se a necessidade
de possuir desse lugar à possibilidade de usufruir? E se não exigíssemos mais à natureza do que aquilo que ela
nos pode dar? E se nos preocupássemos com a proveniência dos produtos que consumimos e com as condições
de trabalho das pessoas que os confecionam? E se
a produção estivesse ajustada às necessidades de
todas as pessoas?
“Temos nas mãos o terrível poder de recusar”.
E com essa liberdade uma enorme
responsabilidade. A força que temos enquanto
cidadãos e consumidores é gigante. E entre nós e
ela somente a nossa decisão, que, apesar de ser
individual, deve ser pensada globalmente.
É urgente a opção por modelos de consumo e
gestão informados e responsáveis.
O trabalho digno e produtivo no setor público e
privado é factos chave para a redução da pobreza e
fomenta uma globalização mais justa.
É preciso que cada país use consistente e
coerentemente modelos de consumo e de produção sustentável para criar oportunidades de trabalho de
qualidade para todas as pessoas, promover políticas de proteção social, fomentar a inclusão e fazer cumprir os
princípios e direitos fundamentais, com benefícios para as gerações atuais e futuras — só assim a paz e a
felicidade serão possíveis. Na construção de um mundo justo e livre, o investimento tem de ser nas pessoas.
Em todas as pessoas!
Aprendermos a pensar e agir em conformidade é o caminho mais direto para um mundo melhor.
CLÁUDIA SEMEDO, in jornal Público de 15/11/2015 *Embaixadora do Ano Europeu para o Desenvolvimento
Do velho se faz novo e bonito
Depois de falarmos de redução, reutilização e reciclagem, e
poderemos ainda, com alguma imaginação, fazer objetos artísticos a
partir do que é considerado velho e sem interesse. Podem construir-se
bonecos de pano, espantalhos e outros objetos com coisas velhas.
Um dia, o famoso pintor Picasso criou uma bela escultura, chamada
"Cabeça de Touro", com um guiador e um selim de uma velha bicicleta
que foram apanhados no lixo. Quer dizer, com muita imaginação,
aproveitou o que outros deitaram fora e construiu uma escultura. Mas
Picasso foi apenas um dos muitos artistas que procuraram aproveitar o
“lixo” para produzir obras artísticas, para passaram mensagens
ambientais e estéticas.
De seguida, poderá encontrar textos que abordam a relação entre o
ambiente e a cultura.
Este texto sobre resíduos foi essencialmente retirado de com adaptações: Moura, Carminda; Teixeira, V. Isabel. Eu e os outros (sd) Porto: Porto Editora
A Cimeira das Nações Unidas realizada em setembro de 2015
aprovou em uma agenda com 17 objetivos e 169 metas de
desenvolvimento sustentável até 2030.
Vaso decorativo feito de jornais e revistas
Imagem disponível na Internet: http://planetapegadaverde.blogspot.pt/
Arte e Ambiente: que conceitos, atitudes e ações estão por detrás desta dicotomia? Ao longo da história
do Homem e dos objetos têm sido atribuídos diferentes sentidos e significados ao conceito de Arte e ao
conceito de Ambiente. Desde os primeiros vestígios da pré-história, a arte passou a ser parte integrante da
cultura do homem, tornando-se, para muitos, uma necessidade e um modo de expressão perante o mundo
que os rodeia. A arte veio também enriquecer, embelezar e melhorar a qualidade de vida do homem,
completando-a.
Com o desenvolvimento das diversas culturas e sociedades, o ser humano criou diversos artefactos,
aproveitando e adequando matérias-primas encontradas na natureza, dando-lhes formas úteis, funcionais e
belas à medida e à vontade do homem, as quais proporcionaram satisfação ao fruidor, refletindo o modo de
pensar e os valores de cada cultura e de cada sociedade.
Hoje em dia, numa sociedade que integra no seu seio uma cultura materialista que cultiva o consumismo,
instalando a moda do “usar e deitar fora”, grande parte dos recursos materiais e energéticos necessários
para esta produção desenfreada ainda é considerada como
inesgotável e a natureza é entendida como tendo capacidade
infinita para suportar quaisquer agressões. Além disso, está à
nossa disposição uma enorme variedade e oferta de objetos e,
desde que lhes seja dada oportunidade, as pessoas gostam de
adquirir coisas.
No entanto, nos últimos anos apareceram diferentes
atores no campo artístico, com diferentes manifestações,
hoje designados por artistas, artesãos e designers que face
aos grandes problemas ambientais, criaram uma nova
relação com a Sociedade e com a Natureza.
Um dos inúmeros problemas ambientais tem a ver com a
poluição, que é uma palavra muito comum nos dias de hoje. O seu significado é muito claro e visível pelos
resíduos deixados na Natureza. A gestão dos resíduos está a tornar-se um problema complexo que requer a
participação de todos. Torna-se necessário aumentar a consciência global das pessoas relativamente às
questões relacionadas com o ambiente e tentar dar um novo sentido à responsabilidade individual.
Segundo o filósofo e educador J. Krisnamurti, “Qualquer viagem começa sempre com o primeiro passo”.
Todos os esforços para salvar o planeta devem começar em casa de cada um, a um nível pessoal e em cada
escolha que fazemos. Cada um de nós pode fazer a diferença. É necessária uma nova consciência de que a
nossa relação com o ambiente é uma questão de moralidade social, e é responsabilidade de cada geração
deixar aos seus sucessores um mundo melhor.
Para salvar o planeta e os seus hóspedes é necessária a construção de sociedades do conhecimento
baseadas na educação para a sustentabilidade e na educação para o futuro, que tenham um papel
importante na transformação da sociedade, que assente na mudança de valores e atitudes.
Cada dia aparecem mais projetos e iniciativas que aproveitam os resíduos, transformando-os em
recursos: energia, compostagem, matérias-primas e também em arte. Neste campo são inúmeras as
publicações, exposições, documentários e eventos que mostram esta nova tendência a uma audiência
internacional. Mostram o poder transformador individual e coletivo de artistas, artesãos e designers que
aproveitam o lixo que todos deitamos fora todos os dias para o transformarem em matéria-prima útil para
os seus projetos sustentáveis e de baixo impacto ambiental. São experiências que têm a ver com o dia-a-
dia, divertidas, criativas, funcionais, estéticas, úteis, de “fazer algo a partir do nada” e, acima de tudo,
amigas do ambiente. (...)
Artur Bordalo, um jovem lisboeta de 26 anos, que estudou Pintura na Faculdade de Belas-Artes, dedica-se a transformar lixo em animais, em Lisboa.
Página 19 de 27
Temos que contribuir para uma Cultura Material mais sustentável. É possível reutilizar criativamente
materiais de fácil acesso e consumo, na conceção de
artefactos, integrando-os na nossa vida quotidiana. (...)
Cada um de nós poderá encontrar função e beleza nos
objetos construídos a partir de materiais onde os outros
apenas o veem como lixo.
Será possível comprar e consumir menos, e criar mais?
Este é o grande desafio com o qual todos temos de nos
confrontar. “ Desenvolver a capacidade criativa e a
consciência cultural para o século XXI é uma tarefa
simultaneamente difícil e essencial. É necessário que todas
as forças da sociedade se empenhem na tentativa de
assegurar que as novas gerações deste século adquiram
os conhecimentos e capacidades e, o que é porventura
ainda mais importante, os valores e atitudes, os
princípios éticos e as normas morais necessárias para serem cidadãos responsáveis do mundo e garantes
de um futuro sustentável”.
Galante, Manuela (2009) Arte e Ambiente – Que conceitos, atitudes e acções estão por detrás desta dicotomia? Roteiro para a Educação Artística, Aspea – Associação Portuguesa de Educação Ambiental. Disponível na Internet em: http://www.aspea.org/XVIJ_Oficina%20Arte%20Ambiente%20Manuela%20Galante.pdf, data de consulta a 22-04-2015, adaptado.
A reutilização ao serviço da criação artística
"Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma",
Antoine Laurent de Lavoisier (1743 - 1794)
A célebre frase de Lavoisier “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” foi utilizada
como ideia basilar para a redação deste artigo.
(...)
Importa antes de mais clarificar os conceitos
de reutilização e de lixo: reutilização significa
pegar numa preexistência e dar-lhe uma nova
função; lixo é todo o material sólido sem
utilidade.
Recuperar e reutilizar lixo transformando-o
em obras de arte foi uma prática que atravessou
o século XX e que ganhou mais força nos últimos
anos. Artistas como Picasso, Tatlin e Marinetti,
Mimmo Rotella, Louise Nevelson, Marcel
Duchamp, Kurt Schwitters, Chirstian Boltanski e
Rauschenberg são alguns dos artistas que se
interessaram pelos materiais considerados lixo,
descartáveis e que os usaram como “matéria-
prima” para as suas criações artísticas.
O artista mexicano Alejandro Duran, utiliza resíduos
plásticos, e não só, que dão à costa no México, para
realizar as suas coloridas criações artísticas.
Nature morte à la chaise canée, 1912. Óleo e aplicações na tela
com corda ao redor, Pablo Picasso. Imagem retirada de VERGINE,
Na verdade os artistas da vanguarda do início do século XX utilizaram “lixo” nas suas obras. O Futurismo, o
Cubismo e o Dadaísmo foram os
movimentos que mais se destacaram
neste contexto de arte, apenas mais tarde
considerado como tal. A intenção destes
artistas era deixar claro que utilizando,
papel de rascunho, cordas, cordéis, lixo,
bilhetes de navios e de comboio, ou seja,
material que foi considerado de baixo
valor, era possível fazerem-se criações
artísticas, idênticas àquelas que recorrem
a materiais tradicionais.
O dadaísta Marcel Duchamp, um dos
autores que mais fronteiras abriu para
uma nova forma de pensar a arte, retirava
peças do seu contexto original inserindo-
as num contexto de difusão de arte,
questionando profundamente o valor
implícito de arte moderna. As diversas formas de interpretação de peças, já existentes com uma
determinada função, obrigam a um processo complexo, mas claro e
objectivo – de tentar fazer entender o visitante como se pretende
que o objeto seja compreendido. (...) Duchamp atribuiu novos
significados a objetos que desempenhavam uma determinada
função quotidiana, pertencendo a uma nova definição de significado,
abrindo e expandindo o campo daquilo que poderia ser considerado
arte e sua definição.
Entre 1960 e 1970 o uso de “lixo” expandiu-se para quase todos
os trabalhos artísticos
como forma de
denúncia do
consumismo excessivo
e de crítica social
destas épocas,
considerando as
teorizações dos grupos
Fluxus, Poesia Visiva,
Nouveau Réalisme e
Pop Art. No entanto, os anos 1980 e 1990 foram de extrema
exploração poética. Os pós-modernistas continuaram a partir
de objetos usados, objetos desatualizados ou simplesmente de
lixo, continuaram a produzir objetos de arte.
O conceito de reutilização acabou por migrar para o
designe e hoje há imensos criadores que recorrem à
reutilização para produzirem os seus objetos.
Carreto, Filipe Cardoso; Carreto, Albuquerque Ferreira (sd) In Convergência 12: Revista de Investigação e Ensino das Artes. Disponível na Internet em: http://convergencias.esart.ipcb.pt/artigo.php?id=104, data de consulta a 22/05/2015, adaptado
Roda de bicicleta, ready-made,
1913. Marcel Duchamp,
Imagem retirada de Web Site:
http://fakeline.wordpress.com/2009
/10/, data de acesso 26 de Maio
2010].
Com Barulho Secreto, 1916. Reay-made: novelo de
cordel entre duas chapas de latão ligadas por quatro
parafusos. Se deslocar o ready-made ouve-se um barulho.
[Marcel Duchamp, Imagem retirada de Web Site:
picasaweb.google.com/fotosaula/Dadaismo#, data de acesso
Lixo que dá à costa transformado em arte contra o desperdício
O lixo de uns é a arte de outros. No caso de Alejandro Duran, para além de arte, o lixo dos outros é
também o seu manifesto.
O artista mexicano utiliza resíduos plásticos, e não só, que dão à costa no México para as suas coloridas
criações artísticas que se misturam e evidenciam no espaço em que se
encontram.
É um alerta para os efeitos da sociedade de consumo que afeta
também os locais mais remotos:
“Eu trabalho o tema do modo
como os resíduos viajam pelo do
oceano até às costas de Sian
Ka’na, a maior reserva
governamental do México”, refere. Este local, “património mundial
da Unesco, é também habitat de uma vasta panóplia de fauna e flora
e a segunda maior barreira de coral do mundo. Infelizmente, (…) é
também repositório para o lixo do mundo.”
Washed Up é mais do que arte, é um alerta. Apesar dos
resultados visualmente aprazíveis, o objeto artístico fala sobretudo das nossas preocupações ambientais e na
forma como lidamos com o desperdício.
In Lixo que dá à costa transformado em arte contra o desperdício [Consultado em 2015-03-17 22:09:00] Disponível na Internet em: http://charivari.pt/2015/04/19/lixo-que-da-a-costa-transformado-em-arte-contra-o-desperdicio/, adaptado
Vik Muniz: o homem que transformou lixo e a vida dos catadores em arte
Vik Muniz é um dos grandes nomes da arte contemporânea mundial sendo o artista brasileiro que mais
obras vende no estrangeiro. Radicado em Nova Iorque, tem obtido grande sucesso junto da crítica e do
público devido aos trabalhos e às obras de arte que tem produzido com recurso a materiais abandonados
pela sociedade.
Nascido numa família pobre, Vik resolveu fazer alguma
coisa para retribuir à sociedade tudo o que ganhou. Foi daí
que surgiu a ideia de transformar lixo em arte. No seu
documentário “Lixo Extraordinário”, de 2010, premiado nos
importantes festivais de Berlim e de Sundance, o artista
plástico revela o seu processo criativo, desde a seleção do
lixo que vai utilizar até à exposição das peças em museus e
mostras.
O documentário revela o outro lado dos resíduos
descartados pela sociedade, através da exposição do dia-a-
dia de sete catadores de material reciclável do aterro do
Jardim Gramacho, um dos maiores aterros controlados de
Vik passou dois anos na maior lixeira do mundo a trabalhar com os apanhadores, transformando os seus
retratos em obras gigantescas compostas por materiais abandonados. O dinheiro arrecadado com a venda
das obras foi doado à associação de catadores
local e a vida das pessoas que ajudaram Vik
mudou para sempre.
O documentário “Lixo Extraordinário”
(Waste Land no original) foi nomeado para um
Oscar, sendo uma bela reflexão sobre
felicidade, consumismo, pobreza e
solidariedade. Vik mostra os catadores como os
seres humanos que são (com sonhos, falhas e
alegrias) e devolve dignidade a esses homens e
mulheres invisíveis que prestam um grande
serviço ao país.
Obviamente que não precisamos ir tão
longe na realização de arte com o lixo. Nós
mesmos podemos reutilizar muitas coisas com
os resíduos que temos em casa. Para além da
beleza e sustentabilidade, a reutilização de
materiais pode ser de facto bastante interessante e divertida, uma vez que envolve a criatividade na criação
das peças. Garrafas PET, jornais, caixas de papelão, revistas velhas, enfim, quase tudo que descartamos
diariamente, se usado com criatividade e com bom gosto,
pode tornar-se numa peça de decorativa ou mesmo numa
obra de arte.
Os artigos eletrónicos também são bastante úteis para a
criação de peças decorativas. Após a remoção e a correta
separação dos componentes tóxicos (como as baterias, por
exemplo). O material plástico pode ser utilizado na
composição de muitas peças. Porta-joias, porta-retratos,
vasos, entre muitas outras coisas, podem ser criados
apenas com algumas partes desses de aparelhos.
Aqueles que querem aventurar-se no mundo artístico
de forma sustentável, devem preocupar-se em selecionar
apenas materiais ecologicamente corretos para a
realização das peças, priorizando tintas e solventes à base
de água, por exemplo, livrando-se corretamente de todos
os materiais, componentes ou partes de objetos que não
forem utilizados na criação das peças, de acordo com as
boas práticas da separação de resíduos.
In Gluck Project (2014). vik muniz: o homem que transformou lixo e a vida dos catadores em arte [Consultado em 2015-04-20 21:25:00] Disponível na Internet em: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/, adaptado e In Arte com lixo: uma bela atitude sustentável (2008) [Consultado em 2015-04-20 21:20:00] Disponível na Internet em : http://www.fragmaq.com.br/blog/arte-com-lixo-uma-bela-atitude-sustentavel/, adaptado
Uma das obras de Vik Muniz feita à base de lixo
Disponível na Internet: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-
transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/
Uma das obras de Vik Muniz realizada com recurso a lixo
Disponível na Internet: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-
Wim Delvoye – O belga Wim Delvoy trabalha uma ideia pouco usual:
esculpir pneus, criando belas figuras inesperadas. Ele esculpe à mão
delicados padrões florais, tornando um objeto descartado num objeto
decorativo. Wim trabalha com outros objetos reutilizados como botijas
de gás, que acabam parecendo porcelana pintada.
Jane Perkins – A britânica Jane Perkins
usa todo o tipo de quinquilharia (de pedaços de bijuteria quebrada, botões,
brinquedos de plástico, grampos de cabelo velho) para criar retratos de
pessoas famosas. Ela usa esses pequenos objetos como reminiscências: as
pessoas como retratos, são feitos de fragmentos de memórias.
Paul Villinski – Paul Villinsky, de Nova Iorque, usa materiais
descartados para criar figuras que evocam a liberdade. Com
pares de luvas usadas, cria belas asas, e com o que sobra das
latas de cerveja, faz borboletas. Segundo ele, a transformação
do lixo em arte é uma forma própria de meditação.
David Mach – David Mach usa materiais inusitados nas suas gigantescas esculturas
(cabides velhos, fósforos ou qualquer outro material usado) que as outras pessoas
poderiam considerar lixo.
Erika Iris Simmons – A
norte-americana Erika Iris
Simmons utiliza fitas de
cassete, símbolo do obsoleto, para construir uma
interessante metáfora de como elas ajudaram a
imortalizar o espírito dos ícones da música.
Robert Bradford – O artista Robert Bradford usa pequenos
brinquedos velhos ou estragados do filho para criar obras,
explicando que o que mais gosta no trabalho que faz é notar
que cada pequena parte que constituiu o todo tem uma
história, um passado.
In Arte sustentável: 10 artistas incríveis que transformam lixo comum em arte (sd), in Fala Cultura. [Consultado em 2015-03-23 15:10:00] Disponível na Internet em: http://falacultura.com/10-arte-lixo/, adaptado
Recuperando as embalagens. A aplicação desta prática prevê que as embalagens possam ser
reaproveitadas, seja na reutilização ou na reciclagem. Para isso, é importante que os fabricantes
assumam a responsabilidade pelas suas embalagens e desenvolvam sistemas de recolha que facilitem
a reutilização ou a reciclagem.
In EcoD. N. Ecodesign e design sustentável (2015) [Consultado em 2015-04-23 00:15:00] Disponível na Internet em: http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/profissionais-unem-design-e-sustentabilidade-numa#ixzz3cmyiUDSi, adaptado
São inúmeras as fontes disponíveis para abordar a temática dos resíduos. Deixamos aqui
dois documentos disponíveis na Internet, que abordam globalmente o tema:
- Guia do professor para educar para o ambiente (sd) Associação de Municípios de S. Miguel
- Manual de Gestão de Resíduos Industriais (2011) Associação Empresarial de Portugal