N º 401 Julho/2011 AméricaEconomia BRASIL www.americaeconomiabrasil.com.br www.americaeconomiabrasil.com.br MAIORES 500 EMPRESAS DA DA AMÉRICA AMÉRICA LATINA LATINA N o 401 JUL./2011 R$ 10,00 ISSN 1414-2341 Com aumento nas vendas, PETROBRAS se mantém como a maior da AL DILMA COMPLETA SEIS MESES DE GOVERNO, DESCOLA DA IMAGEM DE LULA E BUSCA IMPRIMIR SUA MARCA AS 500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA Os bons resultados de 2010 levam brasileiras a ganhar espaço entre as mais bem colocadas no ranking
AméricaEconomia: Revista de Economia e Negócios Latino-americana
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Com aumento nas vendas, PETROBRAS se mantém como a maior da AL
DILMA COMPLETA SEIS MESES DE GOVERNO, DESCOLA DA IMAGEM DE LULA E BUSCA IMPRIMIR SUA MARCA
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Os bons resultados de 2010 levam brasileiras a ganhar espaço entre as mais bem colocadas no ranking
US$ 1,040,000,000.00Export PrepaymentJoint Lead Arranger
R$ 49.897.647,20BNDES Finame
Máquinas e Equipamentos
R$ 47.884.800,00BNDES Finame
R$ 144.610.590,41Soluções de Giro
US$ 55,000,000.00BNDES Exim
Mineração e Siderurgia
SAC 0800 729 0722 – Ouvidoria BB 0800 729 5678Defi ciente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088ou acesse bb.com.br/corporate
Empresas com estratégias de negócios sustentáveis fazem a economia crescer.Conheça alguns dos principais negócios realizados pelo Banco do Brasil em 2010.
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Distance Measurement
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R$ 50.000.000,00Procap Agro
US$ 350,000,000.00Pre-Export Finance
R$ 120.000.000,00Soluções de Giro R$ 363.000.000,00
Soluções de GiroUS$ 159,700,000.00Pre-Export Finance
R$ 200.000.000,00BNDES Procer
R$ 230.000.000,00Crédito Agroindustrial
US$ 122,000,000.00Forfait R$ 48.400.000,00
BNDES RuralR$ 100.000.000,00Soluções de Giro R$ 50.000.000,00
Soluções de Giro
R$ 220.000.000,00Soluções de Giro
US$ 30,000,000.00Pre-Export Finance
US$ 21,000,000.00ForfaitR$ 250.000.000,00
Soluções de Giro
US$ 162,000,000.00Pre-Export Finance
R$ 110.000.000,00BNDES Finem R$ 50.000.000,00
BNDES Rural
R$ 250.000.000,00Soluções de Giro
R$ 38.400.000,00Custeio Aquisição de In-sumos para Cooperados
US$ 1,040,000,000.00Export PrepaymentJoint Lead Arranger
R$ 49.897.647,20BNDES Finame
Máquinas e Equipamentos
R$ 47.884.800,00BNDES Finame
R$ 144.610.590,41Soluções de Giro
US$ 55,000,000.00BNDES Exim
Mineração e Siderurgia
SAC 0800 729 0722 – Ouvidoria BB 0800 729 5678Defi ciente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088ou acesse bb.com.br/corporate
Empresas com estratégias de negócios sustentáveis fazem a economia crescer.Conheça alguns dos principais negócios realizados pelo Banco do Brasil em 2010.
57Brasileira Petrobras é a primeira do ranking pelo segundo ano consecutivo
ESPECIAL 500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
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Fórum Multilatinas
Celebração dos 25 anos de AméricaEconomia
Instituto Rolling Stone
Música como forma de inclusão social
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12 AméricaEconomia Julho, 2011
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Ocupação na AL e CaribeA forte recuperação econômica da América Latina e do Caribe em 2010 reduziu a taxa de desemprego na região ao
nível mais baixo dos últimos 20 anos: 7,3% no primeiro trimestre de 2011, segundo a Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). As políticas contra a crise interna-
cional de 2008/2009 diminuíram a vulnerabilidade e reativaram as economias. Neste ano, apesar da recuperação
mais lenta, a taxa deve ficar entre 6,7% e 7%. Mesmo assim, ainda há 16,1 milhões de desempregados na região.
Alimentos mais carosOs preços das commodities agrícolas vão subir
até 2020, puxados pelo aumento do consumo,
dos custos de produção e da menor produti-
vidade rural, concluiu o relatório Perspectivas
Agrícolas 2011-2020, da Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e
da Organização para a Cooperação e o Desen-
volvimento Econômico (OCDE). A América Lati-
na deve se beneficiar da queda da produção na
Europa e dos aumentos reduzidos nos Estados
Unidos. Os preços de grãos, como milho, aumen-
tarão 20%, e de carne bovina e aves, 30%.
Medicamento popular O boom das novas classes C e D impulsionou o setor farma-
cêutico, que projeta crescer 10% neste ano. Isso porque, pro-
porcionalmente, esse público compra mais esse tipo de pro-
duto. Segundo a Federação Brasileira das Redes Associativas
de Farmácias (Febrafar), as classes D e E (32% da população)
respodem por 5% do consumo geral e 10% de medicamentos.
A classe C (53% da população) tem consumo geral de 30% e de
42% com medicamentos. Já as classes A e B (15% da população)
representam 65% do consumo geral e 48% de medicamentos.
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TeledensidadeEm 17 estados já há mais de uma linha de celular habilitada por pessoa. Se-gundo o último levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o país tem 110,5 linhas para cada 100 habitantes. O Distrito Fe-deral lidera, com 188,5 linhas para cada 100 pessoas. Depois apa-recem São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul, Rondônia, Mato Grosso, Santa Catarina, Para-ná, Pernambuco, Espírito Santo, Tocantins, Rio Grande do Norte, Amapá, Sergipe e Minas Gerais. O Brasil, conforme publicado pelo site de AméricaEconomia, chegou a maio com cerca de 2,5 milhões de novas habilitações no mês – 1,16% a mais que em abril. Os pré-pagos repre-sentam 81,96% e os pós-pagos, 18,04%. A Vivo tem 29,48% do mercado, seguida por Claro (25,46%), TIM (25,34%), Oi (19,38%), CTBC (0,3%), Ser-comtel (0,04%) e Unicel (0,001%).
Mais do que encomendas a gente entrega histórias.Só os Correios aproximam pessoas em mais de 5.500 municípios. São 35 milhões de objetos todos os dias. Só SEDEX é SEDEX.
Ad SEDEX reconciliacao 400x266.indd 1 6/20/11 4:42 PM
Mais do que encomendas a gente entrega histórias.Só os Correios aproximam pessoas em mais de 5.500 municípios. São 35 milhões de objetos todos os dias. Só SEDEX é SEDEX.
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carta ao leitor
16 AméricaEconomia Julho, 2011
Brasil: o país do presenteH á sete décadas ouvimos que “o Brasil é o país do futuro”. Mais pre-
cisamente, desde 1941, quando o austríaco Stefan Zweig, à época
maravilhado com a América do Sul, publicou um livro com este título. A
frase se tornou célebre e, de certa forma, encheu de esperança um povo que
teve de superar as sucessivas crises econômicas e conviver com um cenário
de profunda desigualdade social.
Acreditar que o país chegaria lá talvez não tenha sido muito difícil para
um povo que, segundo recente pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV),
é “recordista mundial em felicidade futura”. Ao que tudo indica, finalmente,
o Brasil deixou de ser uma promessa e conquistou seu espaço entre as gran-
des potências mundiais. Há muito por fazer, mas os avanços são inegáveis.
A 21ª edição do ranking das 500 Maiores Empresas da América Latina,
elaborado por AméricaEconomia Intelligence, não deixa dúvidas de que o Brasil
é a grande estrela latino-americana desta década.
Com desempenho invejável, a Petrobras se mantém no topo do pódio
pelo segundo ano consecutivo, seguida pelas petroleiras Pemex (México) e
PDVSA (Venezuela). Na quarta posição, está outro expoente nacional, a Vale,
que promete incomodar as gigantes dos hidrocarbonetos nos próximos anos.
Outro destaque do ranking é o Grupo Pão de Açúcar, que ficou com a
liderança no setor varejista. Os tempos estão movimentados para o grupo, e
não é só pelos bons resultados. A empresa dominou o noticiário econômico
nas últimas semanas por conta da provável fusão com o Carrefour, apesar
do descontentamento do Casino, sócio francês da empresa de Abilio Diniz.
Em meio à polêmica, o BNDES, que deve injetar cerca de R$ 4 bilhões na
transação, e o próprio governo se declararam favoráveis à fusão. Foi o mesmo
que jogar gasolina para tentar conter um incêndio. O mercado entrou em pol-
vorosa. E a pergunta que não quer calar é: quais benefícios o povo brasileiro
terá com a injeção de dinheiro público em um negócio como este?
Apesar do crescimento de 27% nas vendas das empresas nacionais lis-
tadas entre as 500, nem tudo são flores para o Brasil. O país perdeu três
empresas na lista, passando de 226 na edição de 2010 para 223 nesta. É a pri-
meira vez, desde 1999, que este número não cresce de um ano para o outro.
Suficiente para acender o alerta amarelo? Só o tempo dirá.
Nesta edição especial de AméricaEconomia, que traça um panorama com-
pleto do mundo dos negócios na América Latina, você confere ainda as 100
maiores companhias brasileiras, as mais endividadas da região, as que mais
subiram, as mais lucrativas, as maiores estatais e privadas, o número de em-
presas por setor, além de análises exclusivas dos dados.
Aproveite a leitura.
José Roberto Maluf
ASSINATURAS Central de Atendimento
Tel.: 55 11 3512-9492, de 2a a 6a feira, das 9h às 18h. Site: www.assineamericaeconomia.com.br. Atendimento: www. assineamericaeconomia.com.br/faleconosco. Cartas: Rua Ferreira de Araújo, 202 – 12o andar – CEP 05428-000 – São Paulo/SP Valores de assinatura: Por 1 ano: R$ 96,00 / Por 2 anos: R$ 170,90
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PUBLISHERJosé Roberto Maluf
CONTEÚDODiretora de Redação: Tatiana EngelbrechtEditora Executiva: Paula PachecoDiretora de Arte/Projeto Gráfi co: Janaína DinizRepórter: Graziele Dal-BóEditora do Site: Adriana ChavesRevisão: Assertiva Produções EditoriaisProdução Gráfi ca: Eduardo KepplerColaboradores: Paulo James Woodward (assistente de arte), Francisco Lobo (infografi a) e Vértice Translate (tradução)
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AMÉRICAECONOMÍA INTERNACIONALDiretor: Elias Selman CarranzaVice-presidente Executiva: Gloria Landabur C.Diretor Editorial: Felipe Aldunate M.Editores: Fernando Chevarría (Lima), Juan Pablo Rioseco e Carlos Tromben (Santiago), Karen Correa e Pamela Velasco (Guaiaquil)Diretor de Arte: Álvaro Araya Urquiza Editor de Fotografi a: Miguel CandiaChefe de Operações: Matías Agurto
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AMÉRICAECONOMIA.COMDiretor de Estratégia Digital: Rodrigo GuaiquilEditor: Lino Solis de Ovando
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Chairman: Robert R. Paradise
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18 AméricaEconomia Julho, 2011
cartas índice de empresas
Os números referem-se à primeira vez em que as empresas são citadas em cada reportagem. Não inclui as empresas listadas no ranking.
QUEM CONTROLA OS CONTROLADORES?É possível confiar em uma única empre-sa que pode aprovar ou reprovar um car-ro para circular em São Paulo? É justo somente os carros registrados na cidade serem sujeitos a essa verificação, já que a cidade recebe veículos de outros locais?
Em 12 de março de 2011, fui a um centro de inspeção da Controlar, dois meses depois da revisão do meu carro. Fui informado pelo técnico de que meu veículo não estava aprovado. Minha re-ação foi de revolta com a concessionária que tinha feito a revisão. Fui lá e, após a reclamação de que tinha sido reprova-do no teste, foi feito um novo orçamento para reparos. Resultado: uma conta de R$ 1 mil. Se morasse na Grande São Paulo, dirigiria pela capital da mesma forma.
Na segunda inspeção, fui aprovado. Por curiosidade, comparei os resultados nos comprovantes, para ver se o dinheiro havia sido bem empregado. Minha sur-presa foi maior do que na reprovação, não só porque o conserto havia reduzido para menos da metade a opacidade (0,46 m-1), como também porque meu carro seria aprovado na primeira inspeção, se o valor de referência estivesse certo.
Gostaria de alertar a todos que se informem corretamente sobre os valores limites para seus carros antes de ir à ins-peção. Se forem reprovados, verifiquem se os valores indicados como limite estão corretos, já que não é possível discutir os valores medidos e muito menos os pa-drões de vistoria visual. Esperamos que os técnicos não confundam uma sujeira no carro ou no espelho com algum real problema, pois aí entraríamos numa dis-cussão subjetiva.
Queria sugerir que a revista América-Economia abordasse temas como este.P.R.A. – SÃO PAULO (SP)
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20 AméricaEconomia Julho, 2011
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PUBLICAMOS • Mesmo com tantas questões em jogo, o temor
geral é de que a entrada da nova safra de cana-de-açúcar acalme
o mercado e esfrie a discussão sobre o futuro desse setor. Seria,
como afirma o ex-ministro Roberto Rodrigues, um terrível desper-
dício. (“O Etanol em Xeque”, AméricaEconomia, no 399, maio 2011)
O NOVO • Com o início da safra de cana-de-açúcar, o preço do etanol na bomba começou a recuar. Os valores médios do etanol hidratado caíram nos postos de 21 estados, na segunda semana de junho, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Na-tural e Biocombustíveis (ANP). A queda semanal média nos pos-tos brasileiros foi de 1,34%, para R$ 1,913 o litro, ou 69,06% dos R$ 2,77 cobrados pelo litro da gasolina no país. Em 30 dias, a que-da acumulada do etanol, na média brasileira, chegou a 13,98%.
Preço do etanolcede na safra PUBLICAMOS • Já o IPO da Maga-
zine Luiza é um exemplo que des-
perta mais otimismo, porque a em-
presa é bem conhecida, sólida e par-
ticipa de um setor em crescimento e
com poucos representantes na bol-
sa. (“Investidores Tomam as Rédeas
dos IPOs, AméricaEconomia, no 399,
maio 2011)
O NOVO • A varejista Magazine Luiza conseguiu, no início de maio, a segunda maior oferta pública ini-cial de ações de 2011, com a capta-ção de R$ 925,785 milhões. O pre-ço por ação definido no IPO (sigla em inglês) ficou em R$ 16 – o piso da faixa indicativa, que ia até R$ 21.
Magazine Luiza tem sucesso no IPO
PUBLICAMOS • A Suzuki anunciou a decisão de começar a
produzir no Brasil. A fábrica deve ser construída em Itumbiara,
Goiás. (“Hora de Aumentar a Potência”, AméricaEconomia, no
399, maio 2011)
O NOVO • A direção da Suzuki Veículos confirmou, no início de
maio, a construção de uma fábrica de automóveis em Itumbia-
ra (GO). A montadora deve entrar em operação no fim de 2012,
com a produção do modelo Jimny. A capacidade de produção
da fábrica será de 7 mil veículos por ano. Com investimento
de R$ 100 milhões, a estimativa é de que a fábrica crie 600
empregos diretos e indiretos.
PUBLICAMOS • Robson Andrade (da
CNI) defende a atração de centros de pes-
quisa para o Brasil, como os da IBM e da
General Electric (GE), recém-anunciados,
e pede que haja mais agilidade na análise
dos registros de patentes pelo Inpi (Insti-
tuto Nacional de Propriedade Industrial).
(“A Palavra da Vez: Competitividade”,
AméricaEconomia, no 399, maio 2011)
O NOVO • A Cargill inaugurou, no início
de junho, um centro de tecnologia e ino-
vação de alimentos. Localizado em Campi-
nas (SP), o complexo está voltado a desen-
volver soluções e aplicações na área de
alimentos. O investimento foi de R$ 20 mi-
lhões. Foram instalados laboratórios para
atender clientes nas áreas de bebidas,
panificação, confeitos, comidas de conve-
niência e derivados de leite. Há ainda um
laboratório de sabores e aromas e outro
industrial, voltado ao desenvolvimento de
ingredientes e aplicações para os merca-
dos de papel, têxtil e biopolímeros.
PUBLICAMOS A Suzuki anunciou a decisão de começar a
Negociação com a AmgenA Hypermarcas vendeu a PED Distribui-
dora de Produtos Farmacêuticos, subsi-
diária do laboratório Mantecorp, para a
Amgen Brasil Biofarmacêutica por R$ 35
milhões. Do total, R$ 28 milhões serão
pagos à vista. A Hypermarcas comprou
a Mantecorp por R$ 2,5 bilhões, em de-
zembro de 2010. A fabricante de medica-
mentos produz o antigripal Coristina, os
antialérgicos Polaramine e Celestamine e
o antipirético e analgésico Alivium.
VALOR: R$ 35 milhões
MACROFÉRTIL
Louis Dreyfus aposta
em fertilizantes
A trading e processadora de commodities
Louis Dreyfus adquiriu a produtora e distri-
buidora de fertilizantes brasileira Macrofértil.
O valor da operação não foi divulgado. Segun-
do a Dreyfus, a Macrofértil tem capacidade de
processamento de 1,8 milhão de toneladas de
fertilizantes por ano. Os objetivos da francesa
para o segmento de fertilizantes são chegar a
uma distribuição de aproximadamente 2,5 mi-
lhões de toneladas por ano e conquistar cerca
de 10% do mercado.
VALOR: Não revelado
UNIDAS
Alívio após venda de 47,2% das açõesA Unidas, empresa que atua no setor de locação de carros, vendeu 47,2% do seu capital social aos fundos de investimentos administrados pelas ges-toras Kinea, Vinci e Gávea. O valor do negócio foi de R$ 300 milhões (cada companhia aportará R$ 100 milhões). O grupo português SAG manterá a fatia majoritária no capital da empresa. A negocia-ção deve aliviar o caixa da Unidas, que estava em dificuldades financeiras desde a crise de 2008.
VALOR: R$ 300 milhões
CEMIG
Estatal compra parte dos ativos da AbengoaA Cemig, estatal mineira do setor de distribuição de
energia, acertou a compra de parte dos ativos da es-
panhola Abengoa no Brasil por 485 milhões de euros
(cerca de R$ 1,1 bilhão). O negócio foi concluído por
meio da Taesa, empresa de transmissão de energia
da Cemig. Segundo a companhia mineira, com a ope-
ração, sua participação no mercado de transmissão
de energia aumentará de 6,5% para 8,6% em termos
de receita anual permitida (RAP) – receita obtida por
meio do uso de seu sistema de transmissão por outras
concessionárias do serviço público de energia elétrica,
A s notícias mais recentes sobre a política latino-ameri-cana mostram que o ex-presidente Lula, com quem tive a oportunidade de trabalhar, fez escola e inspirou
novos líderes. É o caso de Ollanta Humala, eleito para ocupar a presidência do Peru. Lula foi uma espécie de mentor do político peruano durante a campanha eleitoral. Aconselhou-o sobre a necessidade de moderar o tom e de juntar à sua equipe profissionais respeitados pelos eleitores.
Era preciso passar tranquilidade para a população e, espe-cialmente, para os investidores, que andam muito animados com a prosperidade econômica do Peru. Sua economia é a
que mais se expande na região. Há quase uma década, o país cresce a uma taxa média de 5,7%. A fatia da população que vive na pobreza caiu de 48% para 31%. São exemplos que mostram o quanto uma política, seja de direita ou de esquer-da, tem de estar alinhada aos mandamentos econômicos e sociais para prosperar.
De olho nesse cenário, Humala e outros políticos latino-americanos beberam da fonte de Lula, que durante seus dois mandatos manteve uma política econômica justa e programas sociais agressivos. Não foi por acaso que Humala começou, pelo Brasil, seu tour pós-eleição e foi a Brasília se encontrar com a presidente Dilma e propor um estreitamento das relações entre os dois países.
Assim, ganhou força o Lulismo ou Lulaismo, que é uma esquerda bem-sucedida, com reconhecido progresso social e econômico e que inspira a política regional, fazendo a cabeça de nomes como José Mujica (Uruguai), Mauricio Funes (El
Salvador) e Fernando Lugo (Paraguai). Pesou bastante na decisão dos elei-
tores, ao escolher Dilma Rousseff para presidir o país, uma economia na estrada do crescimento, com reflexos no aumento da geração de emprego e na melhoria da renda da população.
Hoje, quem diria, o Brasil padece de falta de profissionais qualificados, e o que mais se ouve entre os departamentos de Recursos Humanos das empresas é o problema do apagão de mão de obra.
Isso tudo me faz lembrar do prota-gonismo de Lula no Foro de São Paulo. O grupo foi constituído em 1990, com a participação de Fidel Castro, Lula e outros líderes, ligados a partidos e movimentos sociais latino-americanos.
Os objetivos, naquele momento, eram aprofundar as discussões sobre alterna-tivas às políticas neoliberais, que domi-navam o ambiente latino, e alimentar, de forma consistente, a integração eco-nômica, política e cultural da região. O amadurecimento dessas ideias, associa-do à experiência prática de oito anos de governo, fez com que Lula criasse um modelo por todos admirado.
O tema do próximo encontro do foro, na Venezuela, em 2012, será “O desafio da integração política e econômica dos povos da América Latina”. É do que precisamos. A cada passo rumo à integração, melhoramos as trocas comerciais entre vizinhos. Lula, muito pragmático, sempre defendeu a estraté-gia de ter figuras nos postos ligados ao comércio exterior que funcionassem como mascates que vendessem o Brasil.
O Brasil é hoje o destaque entre os investidores e a opinião pública internacional, e deve tirar proveito disso para continuar crescendo com sustentabilidade, inovação e produtividade.
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Você planeja contratar mais em 2011 do que em 2010?
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26,7%
55,6%
17,7%
Sua empresa projeta novos investimentos para 2011?
Sim Não
93,3%
6,7%
Clima favorável para os
negóciosEm evento realizado pela Consulting House, no hotel Sofitel Jequitimar, no Guarujá (SP), em
maio passado, que contou com a presença de 250 executivos, entre presidentes, vice-presi-
dentes e diretores de empresas, a AméricaEconomia fez uma pesquisa para avaliar a confiança
dos participantes em relação a temas como o cenário político e econômico. Os resultados são
animadores. O levantamento apontou que 31,1% dos entrevistados esperam que 2011 termine
com um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) entre 4,1% e 5%. Número igual, 31,1%, prevê
um PIB mais acanhado, entre 3,1% e 4%. Para mais da metade, 53,3%, o ano terminará com uma
taxa básica de juros (Selic) oscilando entre 12,1% e 13%.
Os entrevistados estão otimistas quanto ao ambiente de negócios, e 73,3% deles esperam
que suas empresas cresçam mais em 2011 do que em 2010. Isso explica o fato de 55,6% plane-
jarem contratar mais profissionais neste ano. A maior parte, 93,3%, diz que sua empresa tem
planos de fazer novos investimentos produtivos em 2011. Segundo 62,2% dos participantes da
pesquisa, isso acontecerá por meio de capital da própria empresa. Apenas 31,1% dos entrevista-
dos disseram ter planos de expandir internacionalmente os negócios em 2011.
Quando o assunto é a relação comercial entre os países da América Latina, a maioria (64,5%)
considera regular e apenas 24,4% avaliam como boa.
Você estima que o crescimento de sua empresa será maior em 2011 do que em 2010?
Sim Igual Não
73,3%
15,6% 11,1%
Você avalia que as trocas comerciais na Amérca Latina atualmente são:
Regulares
Insignificantes
Muito boasBoas
%
64,5
24,4
6,74,4
A Trabajando.com, empresa de recolocação profissional sediada no Chile, está de olho nos concorrentes do mercado brasileiro. Em recente viagem ao país para visitar a subsi-diária Trabalhando.com, inaugurada há três anos, o presidente da empresa, o chileno Felippe Hurtado, disse à AméricaEconomia que a companhia tem planos de aquisição no Brasil. As possíveis transações fazem parte do planejamento da empresa de in-jetar US$ 50 milhões nos negócios, em um horizonte de até cinco anos. Do montante, US$ 20 milhões terão como destino o Brasil, com o objetivo de negociar a compra de ou-tras empresas do setor. O dinheiro, segundo Hurtado, virá de fundos do Chile e dos Esta-dos Unidos, cujos nomes não foram revela-dos pelo executivo. Hurtado afirma, porém, que as conversas já estão bastante avança-das. A meta inclui ainda um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) na Nasdaq, a bolsa americana de empresas de tecnologia. Mas a tacada não seria ambiciosa demais para um startup (empresa de tecnologia ain-da em fase inicial) que faturou, em 2010, US$ 6 milhões, nos 11 países onde atua? “O Merca-do Livre também não tinha uma receita alta quando fez seu IPO”, rebate Hurtado. A Tra-bajando.com começou a se internacionalizar em 2008, ao associar-se ao Grupo Santander, por meio do portal universitário Universia.
CopaNa rota dos investimentos que diversos setores planejam até a Copa do Mundo no Brasil, o segmento de hotelaria não ficou para trás e planeja aportes de R$ 7,3 bilhões até o final de 2014. O relatório Investimentos no Brasil: Hotéis e Resorts – 2011, elaborado pela BSH Travel Research, divisão estatística da BSH Internacio-nal, informa que há 198 hotéis com inauguração prevista para esse período, em um total de 46.296 novos apartamentos. O estudo mostra ainda que a expansão criará 31.729 empregos diretos. Essa é a terceira edi-ção do diagnóstico. Na última, realizada em 2008, apenas 49,35% das inaugurações previstas ocorreram.
A maior quantidade de inaugurações deve acontecer entre 2011 e 2013. O Sudeste lidera o número de projetos (38% do total), seguido pelo Nordeste (34%). “No mapa de investimentos 2011-2014, fica claro que o Sudeste concentra mais hotéis previstos (76); porém, é na região Nordeste que está a maior quantidade de apartamentos (25.350), já que 77% de seus projetos são de resorts, e normalmente eles oferecem maior estrutura e número de UHs [unidades habitacionais] que outras categorias, bem como necessitam de mais colaboradores”, conta José Ernesto Marino Neto, presidente e fundador da BSH International.
O grupo Accor, líder mundial em operação hoteleira, aproveitou a demanda potencial para anunciar o desembarque de mais uma bandeira no Brasil. O hotel Pullman inaugurou a primeira unidade na cidade de São Paulo, com 350 apartamentos e um investimento de cerca de R$ 20 milhões. Com 54 unidades em operação, a bandeira, voltada ao turismo de negócios, já está presente em cidades como Barcelona, Seul e Berlim. Até o fim do ano, o grupo planeja chegar a 70 hotéis Pullman. Na América Latina, a Accor está presente em dez países, com 170 hotéis e cerca de 27 mil quartos.
mente de você. Afinal, o barco é seu. Então, se você estiver a fim de velejar
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A rede de hotéis brasileira Bourbon
venceu a licitação para administrar o
hotel da Confederação Sul-America-
na de Futebol (Conmebol), que será
aberto no mês de setembro, em As-
sunção, no Paraguai. A unidade faz
parte do complexo recém-inaugura-
do pela Confederação, onde também
está localizada a sede da Conmebol.
Ao todo, serão 168 apartamentos,
voltados, principalmente, a represen-
tantes governamentais em missões
oficiais ao país, líderes esportivos e
executivos de empresas. A unidade
é a primeira da Bourbon fora do país
– a rede tem, atualmente, 11 hotéis,
distribuídos em Paraná, São Paulo,
Santa Catarina e Rio de Janeiro. “Já
começamos a fazer um trabalho jun-
to às agências de viagem parceiras
para divulgar o destino aos viajantes
brasileiros”, conta Francisco Calvo,
diretor regional, que, agora, divide
seu tempo entre Assunção e Foz do
Iguaçu. Ele afirma que a expansão in-
ternacional não vai parar por aí. “Te-
mos algumas negociações em curso
em outros países da América Latina”,
adianta. O interior do Brasil também
está no planejamento da companhia.
O governo do Panamá quer atrair empresas brasileiras para instalar suas bases de operação no país. Em recente visita a São Paulo, o ministro de Economia e Finanças do Panamá, Alberto Vallarino Clément, anunciou uma série de vantagens e benefícios fiscais às companhias interessadas. O plano estratégico prevê investimentos de US$ 13,6 bilhões em infraestrutura até 2014. Desse total, US$ 3,8 bilhões serão destinados a programas sociais, como obras do metrô pa-namenho, novas escolas e hospitais; US$ 5,8 bilhões serão aplicados em desenvolvimento de estradas, construção de aeroportos e turismo; e US$ 4 bilhões irão para programas de meio ambiente, agricultura e educação.
De acordo com o ministro, o Panamá é o único país do mundo onde é possível transportar contêineres do Atlântico para o Pacífico em menos de quatro horas. Para facilitar o intercâmbio entre os dois países, estão sendo lançados qua-tro novos voos para o Brasil, quatro vezes por semana, com destino a Brasília e Porto Alegre. “Podemos apoiar empresas brasileiras para que exportem e importem produtos pelo Ca-nal do Panamá. Temos capacidade de atingir 56 destinos e 27 países com nossa estrutura logística”, afirmou o ministro.
O plano estratégico prevê ainda a ampliação do canal para transformá-lo em uma alternativa para países em de-senvolvimento, como Brasil e China, escoarem seus produ-tos. A expectativa é de que, a partir de 2014, empresas de navegação possam operar com linhas de navios de maior tonelagem, já que atualmente o canal está restrito, nos contê-ineres, a navios de 4,6 mil TEUs, o equivalente a 20 pés.
O governo brasileiro estuda diminuir a carga tributária das em-presas que investem em pesquisa e desenvolvimento. O objeti-vo, segundo afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante em recente encontro do Lide (Grupo de Líderes Em-presariais), é incentivar a inovação. Embora tenha uma economia pujante, o Brasil ainda patina nessa área, reconheceu Mercadante. Outras medidas seriam transformar a Finep (Financiadora de Estu-dos e Projetos) em banco público e criar novos fundos setoriais.
O setor alimentício passará por uma movimentação importante neste mês. Está prevista para ser
votada em 13 de julho a criação da Brasil Foods (BRF), resultado da união entre Perdigão e Sadia.
O processo, que se arrasta há dois anos, teve uma reviravolta no início de junho passado,
quando o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão governamental antitruste
brasileiro que arbitra em casos concorrenciais, começou a avaliar a formação do negócio. O cli-
ma esquentou depois de o relator do processo, conselheiro Carlos Ragazzo, dar voto contrário à
transação. Segundo Ragazzo, caso a fusão seja aprovada, haverá risco de aumento de preço em
produtos como carnes e frangos. O detalhe é que cerca de 40% da produção de Sadia e Perdigão
na área de aves é destinada ao mercado internacional. “Uma opinião dessas é de chorar”, disse um
executivo da empresa.
O julgamento, suspenso pelo pedido de vista ao processo do conselheiro Ricardo Ruiz, deve ser
retomado na próxima sessão do Cade, no dia 13. O órgão antitruste, no entanto, não confirma que
o caso será levado a plenário nessa data.
Em nota, a BRF disse estar disposta a uma solução negociada com o Cade. A companhia se dis-
pôs a vender marcas menores, como a Excelsior, a fornecer produtos a concorrentes e dar acesso
a canais de distribuição de seus produtos, mas as alegações foram rechaçadas por Ragazzo. O
advogado que representa a empresa, Tarso Ribeiro, defendeu que o principal objetivo é a expor-
tação. Nesse caso, a BR Foods concorreria de igual para igual com outras gigantes do setor, como
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A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) recebeu um apoio importante da petrolífera HRT no início de junho. Por meio do Programa Barril Verde, a empresa destinará R$ 1 à ONG a cada barril de petróleo extraído. A previsão é de que, até 2015, a produção da companhia seja de 50 mil barris por dia. Ou seja, o acordo renderá à FAS cerca de R$ 1,5 milhão por mês no período. A Fundação Amazo-nas Sustentável é uma instituição sem fins lucrativos, criada em 2008, a partir de uma parceria pú-blico-privada pelo Governo do Estado do Amazonas e o Banco Bradesco. Os recursos arrecadados serão destinados à redução do desmatamento e à melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas nas unidades de conservação estaduais do Amazonas.
PARCERIA EM PROL DO MEIO AMBIENTE
Um dos desafios da vida nas gran-
des cidades é manter a disposição para
enfrentar o dia a dia corrido. Com a proposta
de aumentar a energia das pessoas, a Smart Life,
empresa especializada em suplementos alimentares e
funcionais, está ampliando seu portfólio. A companhia acaba
de lançar o Detox, composto líquido para desintoxicar o organismo.
Os planos de diversificação englobam também um emagrecedor para mu-
lheres, produzido nos Estados Unidos.
A Smart Life existe desde 2006. Dois anos depois, lançou as SmartCaps Energy, o pri-
meiro energético em cápsulas do Brasil. Aprovado pela Anvisa na categoria “alimento novo”,
o produto tem como matéria-prima a cafeína natural, obtida a partir do guaraná, em vez da cafeína
artificial, mais comum nesse segmento. A substância estimula o sistema nervoso central e promete
dar mais vigor ao corpo e aumentar a concentração. Na esteira das cápsulas, a empresa lançou o
SmartShot, em formato shot (pequeno tubo, fácil de carregar), e o Epro 1 TR, suplemento energético
e vitamínico para esportistas de alta performance.
Segundo o suíço Lukas Fischer, diretor-executivo da Smart Life, o foco da empresa é o público que
adota o estilo de vida apelidado de West (sigla em inglês): Work (trabalho), Exercise (exercícios), Study
(estudos) e Travel (viagens e lazer). “Ao contrário de outros energéticos, que hoje são associados à
bebida alcoólica, as SmartCaps são energéticos saudáveis”, explica. Fischer destaca ainda que cerca
de 400 mil unidades das cápsulas foram vendidas no primeiro ano de produção, distribuídas em 10
mil pontos de venda: “Nossa meta para 2011 é crescer mais 100%, chegando a 10 milhões de unidades
e 15 mil pontos de venda diretos e indiretos e manter esse ritmo até a Copa de 2014.” Foto
Nosso compromisso começa com um relacionamento focado em suas necessidades
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P or ocasião do 25º aniversário de AméricaEconomia, o grupo editorial fundado em 1986 reuniu alguns dos
mais importantes empresários da América Latina que embarcaram na globalização. O objetivo foi conhecer as estratégias que essas multilatinas estão preparando para o futuro. Realizado no hotel W Santiago, no último dia 23 de junho, o Fórum das Multilatinas reuniu mais de 600 convidados de toda a América Latina e foi seguido por cerca de 2 mil pessoas ao vivo pela internet.
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4 5 61 Andrés Navarro, CEO da Sonda, fala sobre os desafios de globalizar os serviços de alto valor agregado.
2 Carlos Salazar, CEO da mexicana Coca-Cola Femsa, apresenta os planos de sua empresa para seguir crescendo com uma operação que já está presente em nove países da América Latina.
3 Germán Efromovich, presidente da Synergy Group (dono da Avianca-Taca), fala das dificuldades de crescer em indústrias tradicionalmente consideradas de segurança nacional.
4 Leslie Pierce, da peruana Alicorp, expõe os desafios culturais da internacionalização.
5 Lorenzo Mendoza, CEO da Empresas Polar, da Venezuela, fala sobre como transformar os trabalhadores em regiões complexas.
6 Participantes do Fórum vieram do Brasil, da Colômbia, do Peru, do México, do Equador, do Uruguai, da Argentina e do Chile.
1 Carlos Enrique Piedrahita, CEO da Nutresa, conhecida até pouco tempo como Grupo Nacional de Chocolates.
2 Orlando Ayala, vice-presidente executivo da Microsoft, expõe sua visão sobre a inovação nas empresas da América Latina.
3 Eduardo Kunst, CEO da brasileira Artecola, explica o modelo de gestão de conhecimento de sua companhia.
1 Elías Selman C., charmain e fundador de AméricaEconomia, apresenta as principais mudanças ocorridas na América Latina nos últimos 25 anos e faz a abertura oficial do Fórum.
FÓRUM MULTILATINAS
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4 Arturo Condo, reitor da escola de negócios INCAE, conversa com debatedores sobre inovação.
5 Roberto Salas, CEO da Masisa, explica como é possível inovar a partir de matérias-primas.
6 A equatoriana Isabel Noboa, CEO do Grupo Nobis, conta como foi a transição de um grupo agroindustrial para uma companhia de serviços de todo o tipo.
7 O painel sobre inovação aborda os dilemas que fazem parte da rotina das empresas da América Latina na hora de dar destaque aos processos inovadores.
1 O painel sobre integração financeira analisa as iniciativas existentes para integrar os mercados de capitais da América Latina.
2 Daniel Gamba, CEO da BlackRock para a América Latina, dá sua visão do porquê o mundo precisa de um mercado latino-americano integrado.
3 Paulo Oliveira, CEO da BRAIN, uma iniciativa brasileira para desenvolver o relacionamento no mercado de capitais da região.
4 Jorge Errázuriz, CEO da Celfin Capital; Francis Stanning, gerente geral da Bolsa de Valores de Lima; e Guilhermo Larraín, da ChileCapital, defendem o modelo de integração da MILA.
5 Juan Pablo Córdoba, presidente da Bolsa de Valores da Colômbia, dá sua visão sobre os obstáculos para a integração.
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1 O painel sobre Ásia-Pacífico analisa as dificuldades que tiveram as empresas da região para vender na China e nos mercados vizinhos.
2 Juan Pablo Montero, CEO da Falabella Retail, fala de sua experiência ao fechar uma cadeia de abastecimento na China.
3 Jaime Rivera, da Bladex, conta sobre as oportunidades que surgem no mercado financeiro chinês.
4 Sofia Pescarmona, vice-presidente executiva da IMPSA, relata quais foram as complicações de vender produtos de valor agregado no país asiático.
5 José Rubens de la Rosa, CEO da Marcopolo, fala sobre as estratégias adequadas para produzir na China.
1 Felipe Aldunate M., diretor editorial de AméricaEconomia, explica ao público como funciona o sistema de votação on-line.
2 O argentino Gustavo Konisczer, da Futurebrand, apresenta as alternativas para criar uma marca regional na América Latina.
3 O ministro da Fazenda do Chile, Felipe Larraín, se encarrega de encerrar o Fórum.
4 O consultor Raúl Rivera tem uma das participações mais destacadas do dia ao apresentar as conclusões de seu livro Nuestra Hora.
5 A equipe de Um Teto Para Meu País ao lado de Elías Selman, de AméricaEconomia, do ministro do Planejamento do Chile, Felipe Kast, e de Gloria Landabur, vice-presidente executiva de AméricaEconomia, em reconhecimento à primeira Multilatina Social.
6 e 7 Jantar final: celebração reservada dos 25 anos de AméricaEconomia e entrega dos Prêmios de Excelência Empresarial 2011.
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Colaboração no Primeiro Fórum das Multilatinas:
FÓRUM MULTILATINAS
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REFERÊNCIA EM ENTRETENIMENTO, A REVISTA ROLLING STONE BRASIL CRIA UM INSTITUTO PARA ENSINAR MÚSICA A CRIANÇAS CARENTES E MANTER VIVA A CHAMA DO ROCK AND ROLLTATIANA ENGELBRECHT, DE SÃO PAULO
“E u acho legal porque aqui a gente aprende a tocar gui-tarra. É muito importante,
pois precisamos ter atenção para poder aprender.” É assim que a pequena Gio-vanna, de 9 anos, descreve a descober-ta de um novo e entusiasmante univer-so: o da música. E no que depender da energia e do empenho dos idealizado-res do Instituto Rolling Stone Brasil, os acordes produzidos por Giovanna e muitas outras crianças devem ser am-plificados à máxima potência.
Criado em 2011 pela Spring Pu-blicações, editora que publica a revis-
ta Rolling Stone no Brasil, o instituto é uma organização sem fins lucrati-vos que tem como objetivo levar cultu-ra musical a crianças e jovens de bai-xa renda. A porta de entrada para esse
Escola do rock
SERVIÇO: Para obter mais informações sobre o Instituto Rolling Stone Brasil e se tornar parceiro do projeto, acesse: www.institutorollingstone.org.br.
universo não poderia ser mais apro-priada: a guitarra elétrica.
Além de ministrar aulas do instru-mento, o Instituto Rolling Stone Brasil ensina técnicas de produção musical, luthieria (fabricação de instrumentos musicais de corda) e diversas outras ati-vidades ligadas ao mundo do rock. O instituto se destaca ainda como a pri-meira escola de iniciação ao rock and roll no Brasil. “O projeto busca dar ferra-mentas para que as crianças desenvol-vam seus talentos. Queremos também despertar nelas a noção de cidadania e responsabilidade pelo contato com a
música”, explica Leo Belling, gerente de Marketing da Rolling Stone Brasil.
Inicialmente, o projeto tem como público-alvo crianças de 9 a 13 anos que estudam em escolas públicas de
São Paulo. A ideia é expandir tanto a atuação quanto o público-alvo do pro-jeto. Em paralelo às aulas de guitarra, que acontecem semanalmente, os alu-nos recebem apoio pedagógico duran-te todo o período do programa. Na sede do instituto, que fica na Vila Madale-na, em São Paulo, eles tomam café da manhã, almoçam e participam de ativi-dades de recreação e integração assisti-das. “Essas atividades complementares possibilitam aos alunos aumentar a ab-sorção do conteúdo das aulas, fazendo com que fiquem mais comprometidos com o curso”, ressalta Belling.
Para que deem continuidade ao aprendizado, os participantes levam para casa, ao final do curso, um “kit rock and roll”, composto por guitarra elétrica, amplificador e maleta, entre outros itens. Com certeza, um estímulo e tanto para que o futuro do rock e das crianças do Brasil seja promissor.
MÚSICA SEM FRONTEIRASNascida em 1967, como um projeto do então estudante Jann Wenner, à épo-ca aluno da Universidade da Califór-nia, nos Estados Unidos, a Rolling Stone tornou-se uma das maiores e mais im-portantes revistas de entretenimento do mundo. Atualmente, está presente em cerca de 30 países e atinge mais de 12 milhões de leitores a cada edição.
A Rolling Stone aterrissou no Brasil em 2006, pelas mãos da Spring Publi-cações, e se tornou referência nacional quando o assunto é entretenimento.
CRIANÇAS QUE
PARTICIPAM DA
PRIMEIRA TURMA
DO PROJETO
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AE 401 instituto RS V3.indd 2AE 401 instituto RS V3.indd 2 04.07.11 15:41:4304.07.11 15:41:43
O crescimento da economia e as vendas de caminhão andam em ritmo compassado, qua-
se sobre uma mesma linha. Se a saú-de financeira de um país vai bem, as montadoras, automaticamente, repor-tam bons resultados. A tese está sen-do provada pelo atual momento vivi-do pelo setor automotivo na América Latina. As vendas de caminhões na re-gião somaram 280,5 mil veículos em 2010, desempenho 26% superior ao de 2009 (com 221.637 unidades comercia-lizadas). No Brasil, país que represen-
ta cerca de 65% das vendas regionais, o número de unidades comercializa-das cresceu 45,5% no ano passado (ve-ja gráfico na página ao lado), segundo da-dos da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automo-tores). Os números superam em dez ve-zes a projeção para o PIB (Produto In-terno Bruto) deste ano, de 4,5%. E com uma frota relativamente antiga, na ca-sa dos 18 anos, especialistas afirmam que ainda há espaço para crescer. Nem mesmo o aumento dos custos de pro-dução (previsto em 15%), resultado dos Fo
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investimentos para adaptar os veículos a normas mais rígidas de controle de emissão de gases poluentes em países como Brasil, Argentina e Chile, desa-nima as fabricantes.
NOVOS MERCADOSDiante do momento promissor, os em-presários disputam cada naco desse bo-lo. Tanto os que já estão nesse mercado quanto os que prospectam a região, co-mo JAC e Sinotruk, da China, e Hyun-dai, da Coreia do Sul. E, para ganhar a corrida, vale aumentar os investimen-
carga pesadae lucrativaCOM O CAIXA REFORÇADO PELAS BOAS VENDAS NA AMÉRICA LATINA, FABRICANTES DE CAMINHÕES AUMENTAM OS INVESTIMENTOS NA REGIÃO
gentina. “O custo de produção chinês é muito mais baixo, o que faz com que os veículos cheguem aqui com valores até 15% menores, ou seja, bem mais com-petitivos”, conta Rigano.
O objetivo com a operação colom-biana, diz Rigano, é chegar, daqui a três anos, a uma participação de mer-cado de 10% nos segmentos em que o grupo atuará. Para alcançar a meta, a empresa terá de competir com os me-xicanos, que, por terem um acordo co-mercial com a Colômbia, exportam sem a incidência do imposto de impor-tação. Com preços mais baixos, eles dominam as vendas colombianas.
Em 2010, a Iveco vendeu cerca de 25,8 mil unidades na América Latina, o dobro do volume registrado no ano de 2006. “No Brasil, devemos vender 20 mil unidades neste ano, contra 3 mil comercializadas em 2006. Passamos de um market share de 3,5% para 9%”, comemora Marco Mazzu, presidente da Iveco Latin America.
RESULTADOS RECORDESO otimismo com o mercado latino--americano não existe apenas en-tre os executivos da italiana Iveco. O grupo alemão MAN, dono da marca Volkswagen Caminhões e Ônibus e lí-der no mercado brasileiro, também co-
memora os bons números na região. Em 2010, a fábrica de Resende, no sul do estado do Rio de Janeiro, que aten-de a América Latina, entregou 68 mil unidades, melhor resultado de todos os tempos. Com esse desempenho, su-perou em 50% os números de 2009 (45.469 veículos). As vendas foram res-ponsáveis por uma receita regional de R$ 7,5 bilhões no ano passado e colo-caram a MAN Latin America no topo do faturamento dentro do grupo. “Pa-ra este ano, prevemos um aumento de 10% tanto no número de unidades ven-didas quanto em nosso faturamento”, indica Roberto Cortes, presidente da operação na América Latina.
Com uma capacidade de produção de 80 mil veículos por ano na fábrica brasileira, Cortes afirma que, pelo me-nos no curto prazo, não haverá proble-mas para suprir a demanda crescente, já que a produção atual da MAN La-tin America é de aproximadamente 70 mil unidades/ano.
Para tornar a marca mais próxima do consumidor, a MAN estreou, em ju-nho, sua maior campanha publicitária desde a aquisição da marca Volkswa-gen Caminhões e Ônibus, em 2008. A ação divide espaço com a de outro grande player do setor – a americana Ford –, que também está investindo
Licenciamento de caminhões novos nacionais (Brasil)Resultado desde 2000 e o acumulado de 2011, em milhares de unidades
tos em publicidade, turbinar a rede de distribuição e até contar com o apoio de celebridades. Foi essa a aposta da italiana Iveco, do Grupo Fiat, ao esco-lher o ídolo do futebol colombiano Val-derrama – aquele da exótica cabeleira loira – para inaugurar a primeira con-cessionária do grupo no país andino, em junho. A distribuição na Colômbia será feita pela importadora Eurotrans e faz parte da estratégia de expansão da companhia na América Latina, região que representa 20% dos negócios do grupo. O próximo passo da Iveco será a entrada no Equador, o que deve ocor-rer até o fim deste ano.
Com vendas anuais de 12 mil cami-nhões, a Colômbia é o terceiro maior mercado da região, atrás de Brasil e Ar-gentina. Nessa primeira fase, a Iveco venderá no país produtos das linhas Po-werDaily (veículos comerciais leves) e Trakker (caminhões extrapesados, vol-tados a setores como mineração, cons-trução civil e transporte de grãos). Se-gundo Natale Rigano, diretor-geral da Iveco na Argentina e responsável pe-lo desenvolvimento da marca nos mer-cados andinos, os veículos serão im-portados da China, onde a montadora atua por meio de uma joint venture com a Saic. Já os extrapesados sairão da li-nha de produção de Córdoba, na Ar-
forte em publicidade para lançar a li-nha 2012 dos caminhões Ford Cargo. A concorrência é tão acirrada que ne-nhuma das empresas revela o valor do investimento, que teve direito a inser-ções no horário nobre da TV Globo.
A campanha da Ford está sendo veiculada ao mesmo tempo no Brasil, na Argentina e no Chile e contou com show virtual da dupla sertaneja Chi-tãozinho e Xororó no site Youtube.
A companhia americana tem duas fábricas na América do Sul, uma em São Bernardo do Campo (SP) e outra em Valência, na Venezuela – esta últi-ma voltada apenas ao mercado vene-zuelano. Foram produzidos na região 37 mil caminhões, em 2010. Para es-te ano, a meta é fabricar 49 mil unida-des – um aumento de cerca de 32% –, segundo Oswaldo Jardim, diretor das Operações de Caminhões da Ford na América do Sul. “Estamos vivendo a década dourada, um círculo virtuoso muito positivo”, diz o executivo.
Para continuar a crescer, a Ford pretende aumentar o número de dis-tribuidores – hoje são 134 no Brasil, 12 na Argentina, 12 na Venezuela e sete no Chile. “Queremos terminar o ano com 142 distribuidores no Brasil, nos-so principal mercado na região”, afir-ma Jardim.
SALTO DE PRODUÇÃOO vice-presidente da Scania para a América Latina, Christopher Podgor-
ski, também tem muito o que comemo-rar. De uma média de 16 mil unidades produzidas por ano, a fábrica de São Bernardo do Campo – a única da mon-tadora sueca no mercado latino-ame-ricano – deu um salto para 23 mil em 2010, ou 43,75% de aumento nas ven-das. Podgorski atribui o crescimento ao bom momento pelo qual passam as economias da região e, no caso do Bra-sil, às facilidades em se comprar um ca-minhão novo por conta dos juros mais baixos oferecido nos financiamentos.
O executivo refere-se a medidas co-mo o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), do BNDES (Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômi-co e Social). O projeto governamental contempla o Procaminhoneiro, plano que financia a aquisição de caminhões por autônomos e microempresários a juros de 4,5% ao ano, e o Finame, fi-nanciamento, por intermédio de ins-tituições financeiras credenciadas ao BNDES, para produção e aquisição de máquinas e equipamentos novos de fa-
Evolução da produção de caminhões no Brasil Resultado desde 2000 e o acumulado de 2011, em milhares de unidades
bricação nacional. As medidas estão previstas para terminar em dezembro de 2011 e devem provocar uma corrida às concessionárias neste ano, acredi-tam os analistas. “Para 2012, o cenário deve ser de leve retração, até porque os veículos ficarão em torno de 15% mais caros por conta das novas tecnologias”, afirma Thiago Costa, analista de mer-cado da IHS Automotive, consultoria especializada no setor automotivo.
Se as vendas da Scania estão em alta na América Latina, o mesmo não se pode dizer sobre o desempenho no mercado europeu. A participação da região nos negócios caiu de 50%, no período pré-crise, para atuais 45%. “A América Latina representa, hoje, 32% das nossas vendas. Há seis anos, a par-ticipação era de 16%. A região é mui-to importante para a meta de chegar a 135 mil unidades de caminhões produ-zidos até 2017/2018 no mundo todo”, afirma Podgorski.
Outra sueca que está de olho em seus negócios na América Latina é a Volvo. O faturamento na região, em 2010, foi recorde. Chegou a R$ 6,8 bi-lhões, forte crescimento sobre os R$ 3,9 bilhões de receita obtidos em 2009. A operação brasileira ficou com a posição de maior mercado mundial de cami-nhões da marca pelo segundo ano se-guido: foram comercializadas na Amé-rica Latina 18,3 mil unidades no ano passado – 16,2 mil somente no Brasil.
Em janeiro de 2012, entram em vigor, no Brasil e na Argentina, progra-
mas nacionais com normas de emissões de enxofre equivalentes à Eu-
ro 5, praticada na Europa, para veículos comerciais pesados. No Chile,
a lei será equivalente à Euro 4, com nível de exigência de emissão um
pouco menor.
As mudanças determinam novas tecnologias para a purificação dos
gases resultantes da combustão do diesel nos motores, com benefícios
para o meio ambiente. A principal expectativa do mercado brasileiro es-
tá relacionada à disponibilidade de “diesel limpo”, já que o combustível
necessário para os novos motores é diferente do oferecido hoje. O diesel
brasileiro reconhecidamente não é de boa qualidade. O principal vilão é o
enxofre. O diesel nacional tem 1.800 partes por milhão (ppm) de enxofre,
enquanto o índice, nos Estados Unidos e na Europa, é de 10 ppm.
O receio é que não exista oferta suficiente para atender a demanda.
O problema foi descartado, porém, pelo consultor de negócios da Petro-
bras, Sérgio Fontes, durante o seminário “Diesel e Emissões em Debate”,
realizado em São Paulo, no final de maio. Segundo Fontes, serão aplica-
dos US$ 73,6 bilhões para garantir a qualidade e o fornecimento do com-
bustível. Fontes afirmou que o país conta 11 polos de venda do S50, e 87%
da demanda, em 2012, será plenamente abastecida por eles.
Os bons resultados permitiram à sub-sidiária brasileira vantagens dentro de outra divisão do grupo: a de ônibus. A fábrica de Curitiba, que atende os mer-cados latino-americano, caribenho e o da América Central, recebeu permis-são da matriz para ser a primeira fora da Europa a produzir ônibus híbridos. “Acreditamos que, em 2012, as vendas devem ficar mais estabilizadas. Mas a acomodação acontecerá em um pata-
mar ótimo”, afirma Bernardo Fedal-to Júnior, responsável pelas vendas da Volvo no Brasil.
Como se vê, a América Latina ofe-rece boas perspectivas aos players que atuam na região. E, nessa corrida para ganhar mais participação de mercado, com tecnologia mais avançada e preço competitivo, os consumidores devem ser os maiores beneficiados.
A ntes de completar os primeiros seis meses de governo, a presi-dente Dilma Rousseff mudou
a cara e o estilo de dois dos mais impor-tantes ministérios. O objetivo é come-çar uma nova fase nas relações do Exe-cutivo com outros poderes. Depois de enfrentar 24 dias de bombardeio con-tra o então comandante da Casa Civil, Antonio Palocci, decidiu substituí-lo pela recém-eleita senadora Gleisi Ro-ffmann, que saltou da posição de par-lamentar de primeira viagem para a de comandante da pasta considerada o cé-rebro do governo.
Dilma também desistiu de resis-tir às pressões dos congressistas pela substituição de Luiz Sérgio no Minis-tério da Articulação Política e colocou em seu lugar a petista Ideli Salvatti, ex--senadora e candidata derrotada na dis-puta pelo governo de Santa Catarina. Foram os primeiros atos que confir-maram o desejo de Dilma de descolar de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presi-dente e padrinho político, e dar sua ca-ra ao governo.
Apesar de mudar os ministros na tentativa de dirimir as crises que recaí-ram sobre o Palácio do Planalto já nos primeiros meses de mandato, a presi-dente ainda sofre com ataques dos pró-prios aliados no Congresso Nacional e com uma insatisfação disseminada em diferentes partidos dos quais ela depen-de mais do que pretendia.
Os aliados reclamam de falta de di-álogo, da dificuldade de serem recebi-dos pessoalmente pelos caciques dos ministérios e – principalmente – da morosidade na distribuição de cargos do segundo escalão, que a presidente resiste em entregar nas mãos de polí-ticos sedentos por comandar indireta-mente órgãos do Executivo.
Apesar de demora em substituir Palocci, afundado em denúncias de en-riquecimento suspeito e possível tráfi-co de influência, Dilma acreditava que
iria zerar as dificuldades com o parla-mento. Para isso, colocou na linha de frente uma senadora no posto de ge-rente do governo e uma ex-parlamen-tar com fama de linha-dura na função de articuladora política. O enredo não saiu como o esperado.
As duas escolhas sofreram resistên-cias e críticas dos integrantes do gover-no. Gleisi foi metralhada por ser consi-derada pouco experiente e não tem se limitado à função de gerir o governo, influenciando diretamente a escolha de nomes em estatais e agências regu-ladoras. Ideli Savatti, por sua vez, não apenas sofre com as dificuldades de re-lacionamento surgidas quando ainda atuava no Senado, mas também padece com a resistência de políticos que ten-taram trabalhar por outros nomes pa-ra o cargo para o qual ela foi indicada. Nesse grupo de resistentes na Câmara estão, por exemplo, o presidente da Ca-sa, Marco Maia (PT-RS), o líder do go-verno, Cândido Vacarezza (PT-SP), e o líder do PT, Paulo Teixeira (SP).
SEM RECEPTIVIDADETransitar entre deputados e influenciar a pauta da Câmara, como quer Dilma, não tem sido tarefa fácil para Ideli. Dias depois de ter assumido o cargo, em 13 de junho, ela tentou duas vezes mar-car uma reunião na Presidência da Ca-sa, com as lideranças, para mostrar a pauta governista, mas recebeu um não nas duas ocasiões. Marco Maia alegou que estava com a agenda cheia e não poderia recebê-la. O encontro aconte-ceu uma semana depois, mas foi pro-tocolar e não deixou a ministra satisfei-ta. Ela teve de ouvir que os deputados estão dispostos a votar temas que não
A base aliada reclama que Dilma nãodistribuiu os cargos do segundo escalão
e, em troca, dificulta a vida da presidente
agradam em nada ao governo, como a aprovação da Emenda 29 – que impõe o repasse de mais recursos para a saúde – sem o item que cria um novo imposto para o Executivo bancar as despesas.
A situação crítica de relacionamen-to entre o Planalto e o Congresso tam-bém ficou evidente com a nova rodada de negociações sobre a proposta que modifica as regras de contratação pa-ra obras da Copa do Mundo e da Olim-píada. A ideia do governo foi simplifi-car as licitações ao propor, entre outras coisas, o fim da exigência de empresas apresentarem um projeto inicial antes de o martelo ser batido sobre o resulta-do da concorrência. A intenção é co-locar nas mãos da mesma companhia contratada na licitação todas as fases da obra, mantendo em sigilo, longe da opinião pública e dos eleitores, o orça-mento previsto para as construções. O texto do governo foi negociado item por item com os parlamentares e sofreu constantes modificações durante as vá-rias fases de votação no Congresso.
A intimidação é a forma que os po-líticos encontraram para pressionar o governo pela liberação de recursos pa-ra obras em seus estados e por nomea-ções para os cargos ainda vagos. Uma lista de exigências que custa caro ao governo, mas cujo descumprimento pode inviabilizar os projetos da gestão da presidente Dilma. “A situação é de-licada porque nenhum líder de partido está confortável para obrigar seus inte-grantes a seguir orientações palacia-nas. Não há contrapartida do lado de lá, e todo mundo está muito insatisfei-to com o tratamento recebido. Mesmo depois das mudanças nos ministérios, as coisas não estão muito melhores”,
relata o líder do PR na Câmara, depu-tado Lincoln Portela (MG).
MAUS TRATOSO jogo de poder entre o Executivo e o Legislativo tem sido tenso e comemo-rado pelos integrantes da oposição, que temiam um massacre, caso todas as le-gendas que integram a base de susten-tação governista cumprissem as ordens vindas do Palácio. “Graças à falta de talento da presidente para negociar e tratar seus aliados, temos conseguido vitórias. Ela pode até, no final das ba-talhas, aprovar o que deseja. Mas não tem sido fácil como pensavam muitos. Tanto que, frequentemente, gente do governo ameaça votar conosco”, con-ta o deputado federal Vanderley Ma-cris (PSDB-SP).
Aliados e oposição concordam que a presidente tem cometido erros em sé-rie no que se refere às relações com o parlamento e à gestão do próprio go-verno. A avaliação de consenso entre parlamentares é de que Dilma falhou ao insistir na permanência de Palocci,demorando demais a exigir explicações públicas. Os aliados do governo dizem que ela errou também na condução do processo de troca de ministros.
Decidida a tirar Palocci e já com o nome de Gleisi Roffman na cabeça, a presidente não comunicou a ninguém sua intenção. Até o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), reclamou que só ficou sabendo da troca poucas ho-ras antes da divulgação pela impren-sa. Uma conduta que abriu feridas e fez políticos influentes reclamarem de descaso e de “maus tratos” por parte do governo. “A gente espera que esse tratamento mude. Somos parte do go-verno e devemos participar de decisões importantes”, resume o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Na prática, o clima no Congresso é de in-
satisfação com o governo. Um cenário que surpreende os especialistas, con-siderando que a presidente iniciou seu mandato tendo a seu lado o maior nú-mero de aliados que a história política brasileira já presenciou.
GLEISI SUPERPODEROSAGleisi Hoffman, a escolhida da presi-dente para comandar a Casa Civil, tem pouca experiência política. No ano pas-sado, conseguiu se eleger pela primeira vez para um cargo eletivo, depois de ter tentado, sem sucesso, uma vaga no Se-nado em 2006 e à prefeitura da capital paranaense dois anos depois. Fracassou nos dois casos. Em 2010, foi a primeira mulher eleita pelo Paraná ao Senado e, nos últimos meses, vinha se destacando no parlamento – basicamente, por suas posições duras em defesa do governo e pelas críticas à oposição e aos aliados que não se enquadravam. Comporta-mento que deu a ela a fama de ser um “trator” quando pretende defender uma
ideia ou aprovar uma proposta. Uma postura que agradou Dilma Rousseff,que a conhecia desde os tempos em que a presidente era ministra de Minas e Energia e Gleisi, a diretora financei-ra de Itaipu.
A nova ministra da Casa Civil rece-beu a missão de gerenciar de forma téc-nica os programas do governo. A ideia é separá-la da função desempenhada por Palocci no mesmo cargo, que cui-dava pessoalmente das articulações políticas. Em um almoço em sua ca-sa, com a bancada do PT, 15 dias antes do anúncio das mudanças no ministé-rio, a então senadora foi uma das pou-cas a fazer críticas abertas à interferên-cia do ex-presidente Lula na defesa do então ministro.
Gleisi é casada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, com quem tem dois filhos. O casal mais po-deroso da Esplanada administrará um orçamento de cerca de R$ 11,7 bilhões. A maior parte desse recurso está nas mãos de Gleisi, que terá a missão de coordenar os outros ministérios e co-mandar projetos vitais para o Executi-vo, como o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC).
“A gente espera que esse tratamento mude. Devemos participar das decisões importantes”, reivindica Renan Calheiros
A DEMORA EM TIRAR PALOCCI DE CENA FOI CRITICADA TANTO PELA
A crise europeia parece não ter fim. Voltou-se a deba-ter o grau de endividamento dos “Pigs” – Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha – e sua capacidade de
fazer frente aos vencimentos das dívidas. Quando fazemos as contas na ponta do lápis, dificilmente Grécia, Irlanda e, provavelmente, Portugal sairão dessa sem algum tipo de reestruturação de dívida, seja um alongamento nos prazos de pagamento, seja uma redução “à vista” do volume devido. Espanha provavelmente escapará, mas precisa continuar praticando o duro ajuste fiscal que vem fazendo por mais alguns anos – um remédio amargo (será politicamente pala-tável?) para quem tem mais de 20% de taxa de desemprego.
Por que o bloco europeu, que parecia um grande suces-so alguns anos atrás, chegou a esta situação? A culpa é da moeda única?
Há uma lista de pré-requisitos para que uma região eco-nômica seja considerada uma “área monetária ótima”, termo cunhado por Robert Mundell na década de 1960, que lhe ren-deu o Prêmio Nobel em 1999 e serviu de embasamento para a formação da zona do euro. Entre eles, a livre mobilidade de trabalho e uma gestão fiscal coordenada. A incapacidade de preencher adequadamente esses requisitos está na raiz do problema atual.
Comecemos pelo mercado de trabalho. Tome dois países com a mesma moeda e ganhos semelhantes de produtivi-dade. Se um deles passa a ter maiores aumentos salariais, ele perde competitividade comercial. Assim, é preciso que os trabalhadores se movam em busca dos salários em alta, reduzindo a assimetria e, consequentemente, mantendo es-tável a competitividade entre os países. Mas o fato é que, apesar do passaporte comum, questões culturais acabaram representando uma barreira. A disparidade entre taxas de desemprego é um sinal. O outro é a forte elevação dos salários na Grécia, em Portugal e na Espanha – países que cresciam acima de seu potencial, impulsionados pelo otimismo da introdução do euro – vis-à-vis Alemanha e França. A alta dos custos laborais representou uma apreciação real do câmbio, corroendo a competitividade. Agora, restam a esses países duas alternativas: ou depreciam o câmbio nominal (o que implica sair do euro e voltar para os escudos, dracmas e pesetas), ou promovem uma recessão profunda para que caiam os salários.
E há a questão fiscal. O bloco pode ser dividido entre os mais disciplinados, como Alemanha e Finlândia, e os mais “gastões”, como Portugal e Grécia (sempre eles!). Quando há um descompasso fiscal entre os estados de um país, normal-mente o ente federativo faz uma redistribuição dos impostos arrecadados dos estados mais pobres para os mais ricos. E não há uma contabilidade formal de dívida entre eles.
Na Europa também houve esse fluxo de transferência de recursos. Mas, como são países independentes, há uma dívi-da contabilizada. Quando a crise mundial foi deflagrada, em 2008, essas dívidas, que estão em níveis elevados, vieram à tona. Agora resta aos devedores um alto sacrifício fiscal para pagá-la, o que representaria um prolongamento da depressão, ou, aos credores, significaria perdoá-la.
Em suma, em que pesem os pacotes paliativos e as defi-ciências estruturais, existem apenas três saídas aos “Pigs”: forte ajuste fiscal e prolongamento da recessão, reestrutura-ção de dívida ou fim da moeda única. Nenhuma delas será livre de traumas.
CAIO MEGALE é mestre em Economia pela PUC-Rio e economista do Itaú BBA ([email protected]).
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54 AméricaEconomia Julho, 2011
DEBATES Sucessão presidencial
A campanha permanente de
A MISSÃO DO PRESIDENTE ELEITO DO PERU SERÁ DOSAR AS MEDIDAS SOCIAIS E ECONÔMICAS
FERNANDO CHEVARRÍA, DE LIMA
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N em bem Ollanta Humala e sua coalizão de esquerda Gana Perú triunfaram no segundo
turno, a pergunta imediata, recorrente e até demandante era saber para onde iria o Peru. Vários analistas colocaram o dilema entre os modelos Chávez ou Lula. Como em política os gestos im-portam, ou ao menos tranquilizam, a primeira coisa que fez o líder naciona-lista como presidente eleito foi se reunir com os dirigentes das associações em-presariais e partiu rumo ao Brasil.
Humala optou pelo Brasil na ten-tativa de assimilar políticas sociais in-clusivas em um país que, assim como
Humala
HUMALA ESCOLHEU O BRASIL COMO PRIMEIRO DESTINO DEPOIS DE ELEITO
o Peru, surfa entre desigualdades e a prosperidade macroeconômica.
Para Marizol Espinoza, eleita pri-meira vice-presidente e responsável pe-las equipes de transição, não é correto encapsular o modelo do Gana Perú co-mo de esquerda, centro ou de direita. Ela repete uma frase: “É o modelo da-queles de cima e daqueles de baixo. Va-mos nos preocupar em governar para todos, em especial aqueles de baixo”.
O cientista político da Escola de Governo da Universidade de Harvard, Steven Levitsky, considera que Huma-la é pragmático e manterá as regras do jogo institucional.
Levitsky adverte que o grande de-safio para Humala não está entre esses modelos, mas no fato de que terá um estado que não funciona, e é provável que aumentem os conflitos sociais em relação a conta da maior expectativa por sua gestão. Pior ainda, esses con-flitos, afirma, serão mais evidenciados pela imprensa.
O pesquisador de Harvard consi-dera que os conflitos sociais serão uma primeira pedra, que colocará em dúvi-da a capacidade de governar de Huma-la, mas, se o presidente souber conduzi--los bem, pode ser que depois a mídia e os empresários se acalmem. “O gover-
no de Humala não será nem forte nem fraco, não concentrará poderes como o de Chávez, porque ele sabe que tentá-lo será um risco muito alto”, acrescenta.
Um elemento importante para a go-vernabilidade é a política de alianças estabelecida pelo futuro governo, que não conta com a maioria no Congres-so, onde as representações parlamenta-res estão fragmentadas. Embora o Perú Posible, partido liderado pelo ex-presi-dente Alejandro Toledo, tenha apoiado o voto no Gana Perú no segundo turno, até agora não foi muito explícito em re-lação ao grau de aliança que oferecerá ao próximo governo.
Para o Gana Perú, é fundamental ter o apoio do Perú Posible para contar com a maioria relativa no Congresso, que lhe permita aprovar as leis do Exe-cutivo e, principalmente, iniciar a ges-tão com uma mesa diretiva presidida pelo oficialismo.
CHOQUE SOCIALUma das especulações quanto ao novo governo é a possibilidade de desapare-cer o atual Ministério da Mulher e De-senvolvimento Social (Mindes), para se criar um Ministério de Desenvolvi-mento Social. A crítica ao atual esque-ma ministerial é que ele foi partidariza-do pelos diferentes governos, e existe a necessidade de gerar uma tecnocracia social. Para preencher postos estratégi-cos nos ministérios, são avaliados no-mes de alguns peruanos que trabalham em organismos multilaterais, como o Banco Mundial e o BID (Banco Intera-mericano de Desenvolvimento).
Para isso, será necessário romper com o atual congelamento dos salários dos funcionários públicos, a fim de cap-tar os melhores profissionais para a ta-refa. “Queremos acabar com a política de contratar consultores, que, depois de acabarem seu trabalho, ficam apenas na memória”, afirma um dos altos quadros técnicos que preparam essa iniciativa.
O porta-voz do Gana Perú, Fredy Otárola, assinala que “o partido revi-sará a questão dos salários dos funcio-nários públicos. Suas remunerações
são tão baixas que eles migram para o setor privado porque lá ganham mais”. A dificuldade é que a política salarial do setor público sempre é assunto de debate e, em alguns casos, de grande demagogia, que estereotipa qualquer promoção de altos funcionários ade-quadamente remunerados como se per-tencessem a uma planilha dourada.
O economista e pesquisador da Universidade Autônoma do México (Unam) Óscar Ugarteche assinala que a turnê de Humala pelos países sul-
Busca por apoio brasileiroLíderes da América do Sul se aproximam de Dilma
No início de junho, Dilma Rousseff
recebeu a visita de dois presidentes
sul-americanos: Hugo Chávez, da
Venezuela, e o recém-eleito Ollan-
ta Humala, do Peru, que escolheu o
Brasil como primeiro destino pós-
eleição. Tanto Chávez (que enfren-
ta problemas de saúde) quanto Hu-
mala vieram ao Brasil, na mesma
semana, com o objetivo de colo-
car em prática uma estratégia de aproximação com Dilma, na presidên-
cia desde janeiro.
Durante os oitos anos de governo Lula, muitas vezes se ouviu do ex-
-presidente que era preciso aumentar a aproximação com os hermanos
da América Latina. Diante da indefinição de Dilma até agora, os dois cole-
gas trataram de tomar a iniciativa.
Segundo a análise de Charles Pennaforte, diretor do Centro de Estudos
em Geopolítica e Relações Internacionais (Cenegri), o objetivo da visita de
Chávez, particularmente, foi buscar a continuidade da relação política com
o Brasil. Sobre o atual quadro, ele diz: “A eleição de grupos de centro-es-
querda fortalecerá a integração latino-americana”.
Para Francisco Panizza, pesquisador da Latin American Politics, da
London School of Economics Political Science, é notório que o governo
Lula se tornou um exemplo de esquerda moderada e exitosa. “A visita
dos dois presidentes é um reconhecimento da liderança regional do Bra-
sil. Humala também buscou aproximação com Argentina, Uruguai e Chi-
le. Com exceção parcial da Argentina, são todos países vistos como go-
vernos integrados, com políticas sociais vitoriosas e processos políticos
moderados”, opina.
A forma de conduzir a Venezuela por Chávez já é conhecida. A dúvida,
agora, é saber o que acontecerá no Peru, com o novo presidente. Panizza
avalia: “Humala disse que o Peru seguirá seu próprio modelo, mas me pa-
rece que sua inspiração, definitivamente, será Lula”.
PAULA PACHECO, DE SÃO PAULO
-americanos foi acertada, pois são mer-cados mais dinâmicos que as econo-mias desenvolvidas, e agora é preciso olhar para eles.
De qualquer forma, e como um grande desafio imediato, Humala de-ve gerar, a partir dos primeiros dias de governo, imagens coletivas capazes de nos fazer imaginar que estamos diante de um governo de mudança social, em-bora de continuidade econômica. Não haverá lua de mel – ele estará em uma campanha permanente.
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Índice de empresas 110Ranking das 500 114As maiores por rentabilidade 134As maiores por resultados 138As maiores por balanços 144As maiores por propriedade 148As maiores exportadoras 150As maiores do Brasil 154As maiores do México 156As maiores de outros países 158Movimentos no ranking 160Metodologia 162
Faça as contas: 500 empresas aci-ma de US$ 1 bilhão. É isso mesmo. Esta edição de nosso ranking das 500 Maio-res Empresas da América Latina inclui apenas aquelas companhias cujas ven-das superam a fronteira de US$ 1 bi-lhão. Trata-se de um novo marco nes-sa lista preparada por AméricaEconomía Intelligence, que busca descrever o mo-vimento da economia latino-america-na por meio das tendências que seguem suas maiores corporações.
O fortalecimento das moedas regio-nais em relação ao dólar em 2010, os bons preços das commodities – graças à demanda até agora insaciável da China – e a robustez de muitos mercados do-mésticos na América Latina empurra-ram as vendas das grandes empresas.
PELA PRIMEIRA VEZ, TODAS AS EMPRESAS DO RANKING ULTRAPASSARAM VENDAS ANUAIS DE US$ 1 BILHÃO.O CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO FOI DE 20,4%
Caixa cheioNúmero de empresas com vendas superiores a US$ 1 bilhão
FONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE
600
400
100
500
200
300
01999
167
2003
219
2007
437
2001
206
2005
302
2009
456
2000
234
262
2004
419
2008
187
2002
334
2006
500
2010
Em média, todas as que fazem par-te das 500 maiores empresas deste ano aumentaram suas receitas em 24,4% durante 2010.
O ano passado foi altamente po-sitivo para a região. Embora o Produ-to Interno Bruto (PIB) regional prova-velmente vá ficar acima de 6%, se-gundo estimativas ainda não confir-madas, a região também foi a que mais cresceu no mundo como destino de investimento estrangeiro direto (IED), cerca de 40%, superando os US$ 112 bilhões.
A região também teve um recorde co-mo origem de IED, que chegou a US$ 43bilhões no ano. Esse é um forte sinal da atividade investidora das empresas la-
tino-americanas fora de suas frontei-ras. O comércio com a China superou os US$ 183 bilhões em 2010, o que con-figurou uma alta de mais de 50% em re-lação ao ano anterior, dinamismo que ajuda a compensar o estancamento da Europa e dos Estados Unidos.
Ao contrário da versão de 2010 des-se ranking (que foi integralmente domi-nada pela expansão das empresas bra-sileiras), neste ano, o crescimento se dividiu de forma mais balanceada. En-quanto as vendas das empresas brasi-leiras presentes na lista das 500 cres-
A AL foi a que mais cresceu no mundo como destino de investimento estrangeiro
ceram em média 27,1%, as chilenas chegaram a uma expansão de 30,6%, as colombianas, 24,5%, e as peruanas, 24,1%. Até as mexicanas, que tiveram um 2009 para ser esquecido (cresceram apenas 5,3% no ano), registraram cres-cimento médio de 20,4%.
Já o rendimento das companhias argentinas desaponta. Apesar de a eco-nomia do país ter apresentado uma alta taxa de expansão em 2010, suas empresas aumentaram apenas 18,1% em vendas, que é uma taxa relativa-mente baixa na comparação com ospaíses vizinhos.
Em termos de quantidade de em-
presas de cada país no ranking, o que mais cresceu foi o Chile: as 65 chile-nas que neste ano fazem parte das 500 maiores são dez a mais que no ano pas-sado. O Brasil, por sua vez, perdeu três: de 226 na versão anterior para 223 nes-te ano. É a primeira vez desde 1999 que o número de companhias brasileiras não cresce de um ano para outro entre as 500. O México, por sua vez, perdeu dois representantes, ficando com 117. Também caíram Colômbia (-4), Ar-gentina (-1) e Venezuela (-3). O Peru,
que passou de 19 para 22 empresas, foi o único país além do Chile a aumentar sua presença.
Ao analisar as empresas pelo setor industrial ao qual pertencem, há ga-nhadores evidentes. O setor automo-tivo/autopeças, por exemplo. As em-presas desse segmento passaram de 31 na lista anterior para 40, um salto maior que o de todos os outros setores. As vendas somadas da área cresceram 38,1%, superadas apenas pela minera-ção, que aumentou as vendas em 47,2% (com quatro empresas a mais que em 2010), e pela construção, que expandiu 40,6% (três a mais).
Por outro lado, as que mais perde-ram participação foram as empresas química e farmacêutica (com seis com-panhias a menos), além dos setores pe-troquímico e de energia elétrica (ambos com quatro a menos).
O ranking deste ano mostra ainda
um retrocesso das empresas estatais, apesar do surgimento de discursos es-tadistas em vários países. Apenas 34 estatais tiveram vendas suficientes para se juntar ao ranking. Em 2010, foram 37, e no ano anterior, 40. Também caíram as privadas de propriedade estrangei-ra. Enquanto em 2009 eram 168, neste ano somam apenas 162. As ganhado-ras, obviamente, são as empresas priva-das de controle latino-americano: pas-saram de 292 em 2009 para 304.
O TRIUNVIRATO PETROLEIROO ranking deste ano volta a ser liderado pela Petrobras (no 1), a semiestatal pe-troleira brasileira, seguida de suas pri-mas estatais, a mexicana Pemex (no 2) e a venezuelana PDVSA (no 3). Contu-do, o reinado desse triunvirato no pó-dio do ranking, que aumentou desde a primeira edição do estudo, em 1990, está sendo ameaçado por duas empre-sas privadas: a mineradora Vale (no 4) e a telefônica mexicana América Mó-vil (no 5), ambas com vendas de cerca de US$ 50 bilhões, que vêm crescendo nos últimos anos a taxas que as aproxi-mam perigosamente das gigantes dos hidrocarbonetos.
No entanto, quando falamos de crescimento, os nomes que se destaca-ram em 2010 são outros. A construto-ra e incorporadora brasileira PDG Re-alty (no 172) foi a que mostrou a maior taxa de expansão, com um aumen-to de 175% em vendas. Como geral-
mente ocorre nesses casos, a expansão se deve à aquisição de sua concorren-te, a Agre Empreendimentos Imobili-ários, por US$ 1,955 bilhão, em mea-dos de 2010.
A companhia brasileira vem acom-panhada pela fabricante de autopeças
Raio-x de vendasSOMA DAS VENDAS DAS 500
VENDA DA EMPRESA Nº 500
3.500.000,0 1.100,0
700,0
300,0
900,0
500,0
100,0
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1.500.000,0
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-91 9995 03 0793 01
Anos97 05 0892 0096 04 0894 0298 06 10
As empresas do setor petroleiro, como Petrobras, Pemex e PDVSA, são ascom melhor desempenho em vendas
mexicana Metalsa (no 451), que em-preendeu uma campanha internacio-nal de investimentos nos últimos anos, incluindo uma fábrica na Índia e ou-tra na Venezuela. A empresa de Mon-terrey cresceu 174%, o que elevou suas
vendas de US$ 436,7 milhões paraUS$ 1,196 bilhão. Ela vem seguida bem de perto pela Ipiranga Produtos de Petróleo (no 11), a distribuidora de combustíveis brasileira. A empresa consolidou, durante 2010, a aquisição realizada em 2008 da rede de distri-buidoras da Texaco no Brasil, uma re-engenharia societária que lhe permitiu passar de uma contabilização de ven-das de US$ 8,013 bilhões em 2009 para US$ 21,795 bilhões em 2010.
A petroleira colombiana Pacific Rubiales (no 343), a brasileira Samar-co Mineração (no 144), a chilena Mine-ra del Pacífico (no 422) e a colombiana Empresas Públicas de Medellín (no 119)
são outros nomes de companhias que mais do que duplicaram suas vendas durante 2010.
Por outro lado, a lista das que mais se contraíram é liderada por uma me-xicana e duas venezuelanas. A primei-
ra é a filial mexicana da empresa de eletrônicos americana Sanmina-SCI Systems (no 371), cujas vendas caíram 54%, recuando de US$ 3,3 bilhões paraUS$ 1,5 bilhão. Em seguida, vem a filial venezuelana da espanhola Movistar (no 176), que caiu 43%, vendendo apenas US$ 3,072 bilhões em 2010. Bem pró-xima está a CANTV (no 167), a outrora bem-sucedida empresa de telecomuni-cações venezuelana que foi renaciona-lizada em 2007 pelo governo de Hugo Chávez. Suas receitas caíram 41%, in-do de US$ 5,492 bilhões em 2009 pa-ra US$ 3,217 bilhões em 2010. Ela vem seguida na lista pela varejista brasilei-ra Casas Bahia (no 137), que recuou de
US$ 5,896 bilhões para US$ 3,885 bi-lhões, um retrocesso de 34,1%.
A Bunge Fertilizantes do Brasil (no 282), a Gas Natural Fenosa de México (no 453), a filial mexicana da Chrysler (no 83) e a elétrica brasileira Equatorial (no 491) são outras que tiveram retra-ções em suas vendas em patamares mé-dios de 25% durante o ano passado.
ESTRELAS DA ÚLTIMA LINHAAs corporações que mais geraram lu-cros são velhas conhecidas. O primei-ro lugar é da Petrobras: US$ 21,119 bi-lhões. Ela vem seguida bem de perto pela mineradora brasileira Vale, com US$ 18,047 bilhões. Um pouco mais abaixo estão a mineradora chilena Co-delco (no 20), com US$ 9,1 bilhões, e a América Móvil, com US$ 7,4 bilhões. A cervejeira Ambev (no 22), do Brasil, e a mineradora chilena Escondida (no 51)seguem no ranking de grandes gerado-ras de lucros.
Por outro lado, a Pemex mantém-se como a empresa que mostra maio-res perdas contábeis: US$ 3,8 bilhões em prejuízos em 2010. O número, con-tudo, representa apenas a metade das perdas de 2009. A empresa vem surpre-endentemente seguida por sua compa-
Do total de 500 empresas com maior
receita em 2010, 223 são do Brasil, 117 são mexicanas e 65 são do Chile
triota, a fabricante de cimentos Cemex (no 24). O orgulho do corporativismo global do México teve de amargar nú-meros negativos de US$ 1,4 bilhão em 2010, contra um lucro de US$ 107,9 mi-lhões em 2009.
A empresa que gerou o maior lu-cro em relação às vendas (margem lí-quida) foi a chilena Minera del Pacífi-co, com uma relação de 71%. Também foi uma mineradora chilena que alcan-çou o maior nível de lucros como por-centagem dos ativos (ROA). Trata-se
da Anglo American Norte (no 269), com 87,9%. A companhia que obteve o maior lucro por funcionário é outra mineradora chilena: a Escondida, que obteve US$ 985,9 mil de lucro por cada trabalhador em seus quadros. A única que rompe o monopólio das minera-doras chilenas em termos de rentabili-dade é a filial colombiana da Chevron Petroleum (no 352), que supera todas no lucro sobre patrimônio (ROE), com 91,7% em 2010.
Essas empresas se destacaram em
um ano em que a média geral não bri-lhou nas taxas de rentabilidade. En-quanto em 2009 o ROE médio das 500 maiores empresas alcançou 18%, em 2010 foi de apenas 17,2%. Em 2009 o ROA médio foi de 7,0%, em 2010 a ta-xa chegou a 7,9%. A margem líquida teve um avanço de 10% para 10,5% no mesmo período. Isso é consistente pa-ra empresas que avançam em alta ve-locidade e privilegiam o aumento de tamanho e participação de mercado sobre a melhora de rentabilidade para seus acionistas. Enquanto esse ritmo não proporciona a capacidade de ge-rar fluxos futuros, as contas continua-rão sendo expressivas.
O maior lucro por funcionário foi obtido pela mineradora chilena Escondida, com US$ 985,9 mil por trabalhador
TANTO O PRÉ-SAL BRASILEIRO QUANTO AS JAZIDAS NÃO CONVENCIONAIS NA ARGENTINA PROMETEM TRANSFORMAR A AMÉRICA LATINA NA NOVA PROMESSA DO OURO NEGRO
BARBARA VIGNAUX, DE BUENOS AIRES
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América Latina ainda tem em recursos petroleiros “não convencionais”. Até agora, o mais conhecido era o petró-leo extrapesado da Venezuela, produ-zido em larga escala por grandes gru-pos privados, como Total e Chevron, em conjunto com a PDVSA. Os subso-los de Peru, Colômbia e Equador tam-bém ocultariam esses óleos altamente viscosos, mas ainda não há comprova-ção quanto a possíveis reservas.
Mas nem todos os hidrocarbone-tos remanescentes são tão pesados. Al-guns, literalmente, flutuariam no ar. Segundo um relatório da Agência Inter-nacional de Energia (AIE) – publicado em abril e intitulado World Shale Gas Re-sources, an Inicial Assessment of 14 Regions Outside the United States –, quando fala-mos de gás, os recursos “tecnicamen-te recuperáveis” da América Latina chegam a 1,225 trilhão de pés cúbicos
(Tpc): cinco vezes o volume atual dos recursos gasosos comprovados da re-gião e, aproximadamente, a sexta parte do total de gás de xisto no mundo.
No fim do ano passado, a YPF anunciou a descoberta de 4,5 Tpc de gás de xisto na Argentina: uma verda-deira bonança, considerando-se que as reservas atuais do país são de 12,2 Tpc. Trata-se de uma exploração extrema-mente complexa, técnica e economica-mente, com uma taxa de recuperação do minério de aproximadamente 5%, muito inferior aos 30% ou 35% que re-gem as jazidas convencionais.
“Ajudarão a experiência já acumu-lada nos Estados Unidos nesse tipo de exploração, a baixa nos custos da tec-nologia e a manutenção dos preços em um nível elevado”, afirma Christopher Gonçalves, vice-presidente da consul-toria americana Charles River Asso-
N ão é um nome promissor: Va-ca Morta. Mas pode esconder centenas, talvez milhares de
milhões de dólares em ouro negro. Tra-ta-se de uma formação geológica loca-lizada na província de Neuquén, no sul da Argentina, onde a gigante petrolei-ra Repsol-YPF está apostando no shale oil, ou “petróleo de xisto”.
Para extrair o shale gas, é preciso fragmentar a rocha onde o óleo está, in-jetando água e produtos químicos. O processo é caro, mas se tornou atraente em função dos preços atuais do petró-leo cru. A empresa anunciou uma no-vidade: a reserva da região seria de cer-ca de 150 milhões de barris de petróleo cru, a descoberta mais importante dos últimos 20 anos, e algo como 8% das re-servas atuais do país.
Apesar do ceticismo levantado, é uma mostra do grande potencial que a
ciates. “Mas podem se passar de cinco a dez anos antes de a produção aumen-tar de forma significativa.”
Atualmente, “falta implementar um verdadeiro programa nacional de incentivo à exploração e ao desenvol-vimento, que poderia fazer com que a Argentina se tornasse, para o gás, o que o Brasil é para o petróleo: um novo eldorado”, afirma Alain Petitjean, ge-rente geral da Total Gas y Electricidad, na Argentina.
O “Eldorado brasileiro” são as enormes jazidas descobertas em 2007 e conhecidas como “pré-sal”: entre 8,1 e 9,6 bilhões de barris de petróleo equi-valente (ou Gbep, uma mistura de gás e petróleo), soma consideravelmente su-perior a das reservas atuais do Equa-dor, por exemplo.
“Essa descoberta, impossível de imaginar há dez anos, trouxe muita esperança ao setor”, afirma Pierre Ter-zian, diretor da revista especializada Petrostrategies, da França. Nesse senti-do, “a América Latina aparece hoje co-mo uma das regiões do mundo onde tu-do é possível”.
Mas há um detalhe: o petróleo en-contra-se a 5 mil metros de profundida-de no mar e coberto por uma camada de sal de até 2,5 mil metros de espessu-ra. O primeiro poço, no campo de Lu-la (antigo Tupi), na Bacia de Santos, custou a bagatela de US$ 280 milhões, destaca Yves Mathieu, geólogo que tra-balhou por anos para o Ins-tituto Francês de Petróleo: “Não há mais de dez em-presas no mundo capazes de atuar em um ambiente se-melhante de custos”.
Se conseguir tornar viá-vel essa exploração, o Brasil poderá se tornar autossufi-ciente em termos energéticos dentro de sete ou oito anos, com chance de chegar a ser, até, uma espécie de Arábia Saudita sul-americana, co-mo sonham alguns. A pro-dução da Petrobras deve-
Canadá, da Inglaterra, da Noruega ou dos Estados Unidos.
Um exemplo é Eike Batista, cuja empresa OGX não existia há quatro anos. O interessante é que a OGX op-tou por uma exploração absolutamen-te convencional onshore e no mar pou-co profundo do Brasil.
Mas o paraíso das juniores na Amé-rica Latina continua sendo a Argentina. “Com muito esforço, mas pouco capital: de US$ 1,5 milhão a US$ 3 milhões por poço, é fácil multiplicar por dois a pro-dução em um campo maduro”, explica Arturo Vilas, consultor independente.
Para Vilas, “as juniores não se de-dicarão à exploração não convencio-nal, salvo talvez pelo tight gas – depó-sitos pouco porosos e permeáveis que contêm gás –, cuja exploração é tec-nicamente menos arriscada e custosa que a do gás de xisto”. Gonçalves, da Charles River, discorda. “Nos Estados Unidos, a revolução do gás de xisto foi liderada por pequenas empresas inde-pendentes”, afirma.
Entre os candidatos à exploração do recurso na Argentina encontram-se tanto o mastodonte mundial Exxon-Mobil quanto a pequena e jovem ame-ricana EOG Resources. Qual das duas irá se impor? Não importa muito: o bol-so estava vazio, e agora surgiu uma car-teira nova, cheia de energia.
rá alcançar cerca de 6 Mbep (milhões de barris equivalentes de petróleo) por dia em 2020, dos quais 1 Mbep/d sai-rá do pré-sal.
E, em se tratando de perspectivas, a atual expansão do Canal do Panamá permitirá, em 2015, exportar não ape-nas a partir do Brasil, mas sim de toda a faixa do Oceano Atlântico, para saciar a sede asiática por hidrocarbonetos. Es-se é um dado levado muito em conta pe-las empresas chinesas na hora de inves-tir no Brasil e na Venezuela. “Todos os grandes grupos internacionais fazem fila para participar da aventura do pré-sal”, comenta um executivo do setor.
NOVOS JOGADORESNo tabuleiro também resta espaço pa-ra novos jogadores de segunda divisão. “No Brasil, é muito provável que sur-jam atores independentes nas pequenas jazidas que a Petrobras deixará de lado para se concentrar na área do pré-sal”, comenta Terzian, da Petrostrategies.
Ele se refere a empresas de tama-nho modesto, flexíveis, reativas, nas-cidas durante a década passada na Co-lômbia, no Peru e na Argentina, graças ao elevado preço do petróleo, que ocu-param o terreno deixado pelas grandes operadoras. Sua capitalização em bol-sa não supera os US$ 3 bilhões e, nor-malmente, estão inscritas nas bolsas do
Barris cada vez mais cheiosA PETROBRAS REPETE A LIDERANÇA NO RANKING, MAS FALTA À MULTINACIONAL AUMENTAR A AUTONOMIA EM RELAÇÃO AO PRINCIPAL ACIONISTA, O GOVERNO
PAULA PACHECO, DE SÃO PAULO
T udo que parecia ser promessa e excesso de otimismo quan-do se falava a respeito da pro-
dução de petróleo no Brasil começa a se tornar mais palpável. Segundo pro-jeção recente da Agência Internacional de Energia (AIE), o país terá, em 2016, o segundo maior aumento na produção
A PETROBRAS ANUNCIOU, NO FIM DE JUNHO, A MAIOR DESCOBERTA NA CAMADA DO PRÉ-SAL DA BACIA DE CAMPOS, NO LITORAL FLUMINENSE
da commodity fora do cartel da Organi-zação dos Países Exportadores de Pe-tróleo (Opep). Assim, o Brasil terá mais consumidores dependentes de sua pro-dução. Cerca de 70% do aumento da extração do petróleo virá do pré-sal.
A estrela dessa história será a Pe-trobras. Seus resultados financeiros são
exuberantes ano após ano, tanto que a petroleira brasileira ficou mais uma vez com o primeiro lugar no ranking de AméricaEconomia. Em 2010, as ven-das chegaram a US$ 128 bilhões – 22% a mais em relação a 2009. O resultado tem a ver com o preço do barril, que au-mentou, e com o crescimento do con-
sumo da commodity, segundo o relató-rio setorial do Banco Fator. De acordo com o estudo, a tendência mundial é que a oferta de petróleo não consiga acompanhar a alta da demanda. Pon-to positivo para a Petrobras, que deve-rá tirar vantagem de uma provável alta da cotação. Para 2020, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, calcu-la que a produção será de 6 milhões de barris por dia. Hoje, são 2 milhões de barris extraídos diariamente.
Se, por um lado, a produção está garantida, há problemas internos a se-rem resolvidos. Em 2010, ano de elei-ção presidencial no Brasil, o principal acionista da Petrobras, o governo, tra-tou de sepultar qualquer possibilidade de reajuste no preço da gasolina, mes-mo com a cotação da commodity em rit-mo ascendente.
Graças a essa combinação de fa-tores – cenário internacional favorá-vel e interferência governamental –, nem sempre o mercado reage bem ao que se passa com a Petrobras. Ao mes-mo tempo em que as ações da multina-cional brasileira estão entre as queridi-nhas dos investidores, deixam os mais observadores ressabiados.
Para o professor e especialista Adriano Pires, sócio do Centro Brasi-leiro de Infraestrutura (CBIE), ainda que previsões como a da Agência In-ternacional de Energia sejam promis-soras para a Petrobras, o futuro poderia ser bem melhor. “A companhia é exces-sivamente politizada, com o governo controlando o preço dos combustíveis. O caixa da companhia fica prejudicado pelo subsídio dado à gasolina.”
Outro exemplo citado por Pires é o do etanol. Mais de uma vez o gover-no falou que a petroleira deveria ser protagonista na produção do deriva-do de cana-de-açúcar para conter a al-ta do preço do produto na entressafra. “A margem de lucro do etanol é bem menor. Esta não é a vocação da Petro-bras. O mercado precifica essa politiza-ção da empresa, por isso as ações estão com um preço tão abaixo do que se viu há alguns anos”, opina.
Fatos como esse fizeram com que o valor de mercado da empresa, cal-culado com base na cotação da ação na BM&FBovespa, caísse muito. “Em 2008, por exemplo, a ação da Petrobras valia o dobro do que vale hoje. Naquela época, o papel estava na casa dos R$ 46e, hoje, é cotado por volta de R$ 23”, diz Pires. O preço-alvo da ação, segun-do analistas do Fator, é R$ 34.
Analista da Geração Futuro, Lu-cas Mattioni Brendler acredita que há mais motivos para comemorar do que para se preocupar. “Não enxergo no fu-turo uma queda acentuada no preço in-ternacional do petróleo. No Brasil, por exemplo, contamos com o fato de a fro-ta de veículos estar em constante cres-cimento, assim como a renda do traba-lhador. Tudo isso eleva o consumo de petróleo, seja na bomba de combustível ou nos produtos que usam seus deriva-dos”, avalia. No ano passado, só o con-sumo brasileiro de querosene de avia-ção cresceu 20%.
DICOTOMIAEntre as avaliações negativas sobre as interferências políticas na Petrobras e o cenário favorável ao aumento do consu-mo do petróleo, o fato é que muitas das apostas da companhia no que diz res-peito à prospecção de petróleo têm vin-gado, o que deve se traduzir, no futuro,
em um aumento da geração de caixa. No mês passado, a Petrobras anunciou uma série de descobertas de áreas de petróleo e gás.
De uma só tacada, comunicou ao mercado três descobertas importantes, duas de petróleo e uma de gás no Gol-fo do México, nos Estados Unidos, na concessão Keathley Canyon. Trata-se, segundo os especialistas internacionais, de uma das maiores descobertas da úl-tima década. O consórcio conta ainda com a ExxonMobil e a Eni. Atualmen-te, a Petrobras é dona de 187 blocos na costa americana, sozinha ou por meio de parcerias. Ao todo, 125 desses blocos são operados pela companhia brasilei-ra. No mesmo dia do anúncio nos EUA, a petroleira informou à Agência Nacio-nal do Petróleo, Gás Natural e Biocom-bustíveis (ANP) ter encontrado acúmu-lo de hidrocarbonetos em dois blocos exploratórios no litoral brasileiro.
Apenas 20 dias depois, uma notícia ainda mais importante. O consórcio do qual fazem parte a Petrobras (com 30% de participação), a Repsol Sino-pec (35%) e a Statoil (35%) encontrou óleo na camada do pré-sal da bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Segundo informações divulgadas pelo grupo de petroleiras, trata-se da maior descober-ta no pré-sal em um poço nessa bacia, com petróleo de boa qualidade.
“A estabilidade política e o crescimento estimulam investimentos na AL”
PAULA PACHECO, DE SÃO PAULO
José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, tem
US$ 93,7 bilhões em caixa para investir em 2011
AméricaEconomia • Há um clima mais favorável, que jus-tifique a aposta em novos projetos na América Latina? José Sergio Gabrielli • A estabilidade política latino-america-na, aliada às significativas taxas de crescimento econômico, ao compromisso de respeito aos contratos celebrados e à busca de aproximação política entre os países, desenha um ambiente de negócios favorável, que estimula o investimento. A sustentabi-lidade desse ambiente, a expectativa dos retornos dos investi-mentos e o alinhamento estratégico das oportunidades que se apresentarem definirão, para a Petrobras, as apostas mais ade-quadas. A Petrobras atua na América Latina, além do Brasil, há mais de três décadas. Somente neste ano a empresa investi-rá US$ 1,3 bilhão na região. Os projetos da Petrobras têm foco na exploração e na produção de petróleo e gás.
AE • Em 2010, a empresa não conseguiu cumprir a meta de investimentos. O mesmo deve acontecer em 2011. Isso leva a um acúmulo de caixa para investimentos futuros? Pode haver um atraso em projetos relacionados ao pré-sal? Gabrielli • Em 2010, investimos o valor recorde de R$ 75,4 bi-lhões, o que representou um aumento de 8% sobre o ano an-terior. Para 2011, a previsão de investimentos é de R$ 93,7 bi-lhões. Importante lembrar que o orçamento de investimentos é uma estimativa, e a companhia faz um esforço permanen-te para reduzir custos e manter as metas de produção. Já es-tamos produzindo cerca de 100 mil barris do pré-sal em es-cala comercial, piloto e sistemas de testes de longa duração. Também já assinamos contrato para construção de oito pla-taformas de produção, destinadas aos projetos definitivos de produção no pré-sal. Não há qualquer atraso em nosso cro-nograma nem dificuldades de recursos financeiros para im-plantação dos projetos que estamos prevendo.
AE • O que mais pesou no aumento da receita em 2010? Crescimento de produção ou alta do petróleo? Gabrielli • Certamente, o aumento da produção. O volume de derivados e gás natural vendido no mercado brasileiro foi 13% superior ao de 2009. Em 2010, o aumento de 17% de nos-sa receita de vendas e do lucro líquido, que atingiu R$ 35,2 bi-lhões, refletiu também a expansão da economia brasileira, o crescimento da produção de petróleo e gás natural, o aumen-to dos volumes de vendas de derivados no Brasil e a recupera-ção das cotações internacionais de petróleo.
AE • A Petrobras é líder na exploração de petróleo em águas profundas. A empresa se prepara também para li-derar outras frentes? Gabrielli • A Petrobras é a companhia brasileira que mais in-veste em pesquisa e desenvolvimento tecnológico e caminha para ser referência mundial em biocombustíveis. Em 2010, foi aplicado R$ 1,8 bilhão nessa área, com destaque para a du-plicação do Cenpes [Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leo-poldo Américo Miguez de Mello], um dos maiores do mundo. O Cenpes é fundamental para o desenvolvimento de novas tec-nologias em todos os segmentos de atuação da companhia, inclusive a produção de petróleo no pré-sal. Além da duplica-ção do centro de pesquisas, participamos de projetos que am-pliaram em mais de quatro vezes o espaço destinado a labora-tórios de pesquisa nas dezenas de instituições, universidades e centros, em 50 redes temáticas no país. Somos, também, a empresa com maior número de plataformas em águas profun-das e ultraprofundas, com cerca de 22% das atividades nesses horizontes no mundo. Temos forte presença mundial em ex-ploração e produção de petróleo e gás natural.
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GABRIELLI SOBRE O PRÉ-SAL: “NÃO HÁ QUALQUER ATRASO EM NOSSO CRONOGRAMA”
E mbora as empresas de minera-ção da América Latina estejam nadando em lucros recordes em
função da forte demanda chinesa e dos preços estratosféricos de minérios, es-tão cercadas por todos os lados por ad-versários que querem uma fatia do bo-lo: de contratadas e fornecedoras a sindicatos, governos e comuni-dades locais.
Dois anos atrás, exe-cutivos da mineração lamentavam a pas-sagem dos superci-clos das commodi-ties, um período de preços incan-descentes de me-tais, bombeados pela forte deman-da chinesa e pela escassez de novas minas. Agora, pa-rece que o superci-clo está de volta, pa-ra ficar.
Apesar dos esfor-ços de Pequim para po-dar a inflação, a demanda da China por cobre, minério de ferro e outros minerais produzidos pela indústria mineradora latino-ame-ricana continua forte.
A China consumia, 20 anos atrás, 300 mil toneladas de cobre. No ano passado, foram 7 milhões de tonela-das. Até 2016, o consumo chinês deve
atingir 12 milhões de toneladas. Mes-mo que a China acabe diminuindo o ritmo, outras grandes economias emer-gentes, como Índia, Brasil e Indonésia, estão esperando na fila. “Ninguém es-
tá disposto a dizer quando o superciclo acabará,” afirma Colin Becker, parcei-ro da consultoria PricewaterhouseCo-opers (PwC) Chile.
Em resposta, as mineradoras estão se preparando para gastar valores sem precedentes em novas minas e expan-sões. E, dos US$ 300 bilhões em inves-timentos planejados para a próxima década, dois terços estão focados na América Latina, afirma Alberto Sa-
las, presidente da Associação de Mineração da América Lati-
na, a Olami.A maioria será in-
vestida no Brasil (US$ 70 bilhões), no Chi-
le (US$ 65 bilhões) e no Peru (US$ 42 bi-lhões). Mas outros países estão espe-rando ser con-siderados nes-se bolo. Desses, Colômbia e Mé-xico talvez sejam
os mais promisso-res. O governo de
Bogotá está gradu-almente retomando o
país do poder das guer-rilhas, abrindo-se mais a
empresas. Mas, no México, a maré parece estar correndo
no sentido contrário, com as cida-des sendo tomadas por uma guerra en-tre cartéis de drogas.
A Argentina é outra fronteira pro-missora, mas o país ainda não se de-cidiu sobre a mineração. Enquanto a Província de San Juan recebe a minera-
Demanda a perder de
vi$ta A ATIVIDADE MINERAL VIVE UM SUPERCICLO, E A AMÉRICA LATINA CONTA COM BILHÕES DE DÓLARES EM PROJETOS
mil cada vez que um novo acordo de sa-lários é discutido. Com os preços do co-bre de volta a mais de US$ 4 por libra, as mineradoras acham mais barato pagar do que correr o risco de perder a produ-ção em função de greves.
Enquanto isso, a tributação sobre as minas está aumentando no mundo todo. No ano passado, o Chile anun-ciou um elevado aumento nos royalties da mineração, aparentemente para aju-dar a reconstruir o país após um terre-moto devastador, mas o problema real será após 2018, quando a alíquota má-
xima quase triplicará, chegando a 14%. O Brasil e a Colômbia pensam em au-mentar os royalties. Desesperadas pa-ra expandir, as mineradoras têm pouca opção, a não ser pagar.
Não são apenas os trabalhadores e os governos que querem uma fatia do bolo. As comunidades sabem o quanto vale sua aprovação para as minerado-ras e estão determinadas a tirar provei-to ou não deixarão que o projeto siga em frente, como mostraram os habi-tantes de Islay ao forçarem o governo peruano a suspender o projeto Tia Ma-ria, da Southern Copper Corp. O CEO Oscar Gonzalez Rocha agora diz que a empresa está preparada para atender a quaisquer demandas da população lo-cal. Outro sinal de que a indústria con-tinua firme no topo.
ras começam a se adaptar ao novo ce-nário com a assinatura de contratos de compartilhamento de riscos com gran-des fornecedores.
Superar a escassez de mão de obra será difícil. Depois de anos de poucos investimentos, a indústria mineradora está começando a buscar universidades para fornecer os engenheiros que irão construir e operar as minas do futuro. Apenas no Chile, a indústria poderia enfrentar uma escassez de até 14 mil profissionais, segundo o Instituto de Engenheiros Mineradores do país.
As condições naturais voláteis tam-bém têm jogado duro com os mercados de commodities, afirma Becker, apon-tando para as enormes enchentes no nordeste da Austrália e os fortes terre-motos no Japão. Tudo isso contribuirá para manter a lacuna entre oferta e de-manda e manter os preços altos.
Enquanto a indústria lida com seus problemas internos, do lado de fora, muitos estão encarando a mineração como uma solução. Sabendo que as mi-neradoras estão desesperadas para in-vestir, aumenta a pressão política para extrair mais de suas receitas.
Mineradores sindicalizados estão cada vez mais exigentes em suas de-mandas. Nas grandes minas chilenas, os trabalhadores esperam regularmen-te um bônus de, no mínimo, US$ 25
ção de braços abertos, a vizinha Men-doza faz o possível para bani-la.
Para alguns, os enormes investi-mentos planejados para a próxima dé-cada não são apenas uma questão de explorar a boa fase. São uma questão de sobrevivência. Essa é a situação en-frentada pela chilena Codelco. A maior produtora de cobre do mundo costu-ra investimentos de cerca de US$ 30bilhões até 2020, mas, em vez de expan-dir a produção, a maior parte do investi-mento será usada para substituir minas que estão perto de se esgotar.
O desafio é imenso. Um nível de minas completamen-te novo deve ser construído em El Teniente, que já é a maior mina subterrânea do mundo. O último nível de-morou meio século para ser cavado. Os engenheiros da Codelco esperam construir o próximo em menos de uma década. E têm por objetivo construir uma mina subter-rânea igualmente grande sob o solo da mina de poço aber-to de Chuquicamata.
As novas minas que a Co-delco deve construir para aten-der a demanda por recursos serão mais profundas e mais complexas que as do passado, com graus de minério mais baixos e em loca-lidades que são tanto física quanto poli-ticamente mais difíceis.
Muitas das novas minas de cobre e ouro do Chile serão construídas quatro a cinco quilômetros acima do nível do mar. A Antofagasta Minerals está de olho no volátil Paquistão, até recente-mente o esconderijo de Osama Bin La-den, para trazer crescimento por meio da Reko Diq, uma joint venture com a canadense Barrick Gold.
A expansão resulta no aumento no tempo de espera para novos maquiná-rios e pneus de caminhão. Como resul-tado, atrasos de projetos e orçamentos estourados estão se tornando a regra, com os custos dobrando ou triplicando, afirma Becker, da PwC. As minerado-
A VALE DEVE DOBRAR DE TAMANHO EM CINCO ANOS E PODE SE TORNAR A MAIOR
MINERADORA DO MUNDOGIULIANO AGMONT, DE SÃO PAULO
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C om um novo presidente desde maio, a Vale ini-cia uma etapa de sua história com perspectivas promissoras pela frente. A empresa, agora sob
o comando de Murilo Ferreira, fez a lição de casa du-rante a crise financeira mundial e hoje está em condi-ções de expandir ainda mais seus negócios. Em 2011, os investimentos da empresa devem chegar a US$ 24 bi-lhões, com geração de caixa superior a US$ 40 bilhões. Apesar da polêmica acerca da saída de Roger Agnelli, que presidiu a Vale por uma década e elevou seu valor de mercado de R$ 20 bilhões para mais de R$ 270 bi-lhões, a companhia demonstra maturidade de sobra pa-ra aproveitar as enormes oportunidades do mercado, cuja oferta de minérios limita a demanda, estabelecida principalmente pelo crescimento da China.
A mudança no sistema de precificação do minério de ferro, em vigor desde 2010, passou para as minerado-ras a missão de calcular trimestralmente o reajuste da commodity com base no valor dos três meses anteriores. Essa novidade foi a principal responsável pelo aumento das vendas da Vale no ano passado, de US$ 27,8 bilhões (2009) para US$ 49,9 bilhões. “O que mais pesou no au-mento das vendas não foi o volume de minério, mas a mudança na precificação”, diz Guilherme Cavalcanti, diretor de Finanças da Vale.
PROJETOS NA AMÉRICA LATINA, COMO O DE BAYÓVAR, NO PERU, ESTÃO ENTRE AS APOSTAS DA MINERADORA
Segundo o executivo, a mineradora continuará em uma fase muito favorá-vel – em grande parte, graças à prospe-ridade da economia chinesa. O proces-so de migração da população rural para as cidades chinesas nos próximos anos deve ser muito agressivo. “Para os pró-ximos cinco anos, a previsão é de que sejam construídas 36 milhões de ca-sas e gerados 45 milhões de empregos nos centros urbanos. Daí a necessida-de de investir em infraestrutura. O ce-nário é de mais demanda do que oferta de minério de ferro pelo menos para os próximos quatro a cinco anos”, expli-ca Cavalcanti.
O diretor executivo da Ernst & Young Terco, Alexandre Rangel, diz que as mudanças impostas pela cha-mada base da pirâmide favorecem a indústria de mineração, principalmen-te no longo prazo. Mas ele lembra que a demanda poderia ser ainda maior se os grandes mercados não tivessem se retraído tanto com a crise financeira e o próprio terremoto seguido de tsuna-mi no Japão. “É claro que, se a deman-da fosse maior, empresas como a Va-le já estariam com problemas em seus grandes gargalos, como falta de mão de obra qualificada, dificuldade de admi-nistrar questões sociais e ambientais e as próprias questões de logística em lo-cais como a África”, acredita Rangel.
Para Ronaldo Valiño, sócio e líder de Mineração da PwC Brasil, o PIB (Produto Interno Bruto) galopante obri-ga a China a investir em matérias-pri-mas minerais. E nem mesmo a desva-lorização do dólar foi capaz de frear o crescimento do setor. “Houve uma re-dução de receita, mas a depreciação da moeda americana facilitou a compra de equipamentos e reduziu muitos custos”, afirma Valiño. O consultor diz que o se-tor de mineração foi um dos que mais rapidamente se recompuseram depois da crise deflagrada em 2008.
Além do otimismo em relação ao minério de ferro, o diretor de Finan-ças da Vale acredita que a área de fer-tilizantes também deverá se beneficiar das transformações chinesas. “Com a
ticas no Peru e de cobre no Chile. Entre 2011 e 2015, a Vale espera elevar a pro-dução de outros minerais e metais, co-mo níquel, cobre, carvão e potássio, a taxas anuais de 16%.
PROMESSASPara os próximos anos, segundo o dire-tor de Finanças da mineradora, a Amé-rica Latina e o continente africano são as regiões mais promissoras como no-vas fontes de geração de caixa. O miné-rio de ferro continuará a ser a estrela da Vale, mas o cobre (que dobrará de pro-dução em cinco anos) e o carvão tam-bém ganharão projeção.
De acordo com o executivo da Ernst & Young Terco, a Vale tende a expandir sua participação de mercado, mas ain-da não é possível cravar que se torna-rá a maior do mundo. “A BHP Billiton não perderá facilmente sua liderança. É uma empresa estruturada, com di-versificação importante de produtos, o que inclui até petróleo”, destaca Ale-xandre Rangel.
Sobre a saída de Roger Agnelli, motivada por divergências com o ex-presidente Lula em relação à demis-são de funcionários, à falta de investi-mentos em siderúrgicas e à compra de navios chineses, Rangel diz que a in-definição pesou muito mais do que o mérito da questão na reação negativa do mercado. “O governo é o acionista majoritário da empresa, então é legíti-mo que defenda seus interesses”, ressal-ta o executivo da Ernst & Young. “As-sim que o novo presidente mostrar a que veio, o mercado tende a se acalmar. Paralelamente, o novo governo parece priorizar mais o valor agregado da em-presa do que a produção.”
Com a colaboração de Paula Pacheco, de
São Paulo.
migração do campo para as cidades e o aumento do poder de compra, a popu-lação terá de consumir mais proteína, o que aumentará a rentabilidade das com-modities agrícolas e o consumo de ferti-lizantes, setor em que atuamos”, argu-menta Cavalcante.
“A Vale deve dobrar de tamanho e se tornar a maior mineradora do mun-do em um prazo de cinco anos”, prevê o estrategista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi.
DONA DO JOGOA Vale é a maior fornecedora de miné-rio de ferro no mundo, e as reservas na-turais brasileiras devem garantir a ma-nutenção dessa posição por longos anos. A expectativa da empresa é a de pro-duzir mais de 300 milhões de tonela-das em 2011, chegando a 522 milhões em 2015 – um crescimento sustentado principalmente pelos ativos de Cara-jás, no Pará, de onde se extrai minério de classe mundial (de melhor qualida-de), com teor de ferro de 65%. Na Chi-na, que possui a maior quantidade de reservas de minério de ferro do plane-ta, essa concentração não chega 30%. O ritmo acelerado de crescimento da pro-dução também se estende a outros mi-nerais e metais, como níquel, cobre, car-vão e potássio.
Segundo Galdi, o minério de ferro responde por 50% do negócio da Vale, e o níquel, por 30%. O principal mercado da mineradora brasileira é a Ásia, que compra metade da produção (29,1% somente para a China). A América do Sul é o segundo mercado mais impor-tante para a Vale, com participação de 17% do Brasil, de um total de 20% do continente. Entre os principais projetos fora do país estão os de exploração de potássio na Argentina, de rochas fosfá-
Festa no mercado acionárioEm dezembro de 2001, a ação da Vale valia R$ 3,28. Em 2005, subiu para
R$ 18,04, um aumento de 450%. Hoje, o papel da empresa vale R$ 44. Isso sig-
nifica que um investidor que tenha aportado recursos na empresa em 2001
terá hoje uma correção de 1.245%. Já quem tivesse comprado ações da em-
COM US$ 15 BILHÕES PARA INVESTIR, A ODEBRECHT QUER AUMENTAR SUA PARTICIPAÇÃO EM SETORES ESTRATÉGICOSNATALIA GÓMEZ, DE SÃO PAULO
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O negócio de engenharia e construção, que colocou a Odebrecht na oitava posi-
ção no ranking de AméricaEconomia, se mantém vigoroso. Mas, com braços es-palhados por todo o mundo, a gigan-te brasileira caminha rumo à diversifi-cação. A natureza descentralizada de sua filosofia tem sido o grande facili-tador desse movimento globalizado, pois seus diretores funcionam como garimpeiros de oportunidades. O pre-sidente da Odebrecht América Latina, Luiz Antonio Mameri, conta que cada contrato de engenharia no exterior tem um diretor que trabalha como se fosse
o presidente de uma empresa. “Esses homens nos trazem muitas oportuni-dades para avaliar”, afirma.
Além de engenharia e construção, algumas das áreas em franco desenvol-vimento para expansão dentro da cor-poração são saneamento, óleo e gás e defesa. No setor de óleo e gás, a Ode-brecht atua com serviços de perfuração e manutenção de plataformas, além de ser sócia em um bloco em Ango-la. O segmento de defesa ganhou, nes-te ano, uma empresa dentro do grupo, chamada Odebrecht Defesa e Tecnolo-gia (ODT), para atuar na produção e no desenvolvimento de sistemas mili-
tares de conhecimento avançado, co-mo equipamentos aeroespaciais (rada-res, mísseis e sistemas de comunicação, controle e comando). Além disso, o grupo tem participação em empresas que produzem submarinos convencio-nais e nucleares, participa da constru-ção de estaleiros e da gestão de proje-tos no segmento de defesa. Outra área de interesse da empresa é a de energia, na qual está mapeando novas oportu-nidades para ampliar sua exposição. A Odebrecht já tem participação na usi-na hidrelétrica de Santo Antônio (em Rondônia), e participou de um leilão para investir nesse setor no Peru.
Segundo o vice-presidente do gru-po, Paulo Lacerda de Melo, as investi-das da Odebrecht devem ocorrer em parceria com sócios, mas a companhia
pretende ter o controle de seus empre-endimentos. Hoje, a Odebrecht tem participação majoritária em todos os negócios dos quais faz parte, com exce-ção da Petroquímica Braskem, na qual a holding Odebrecht detém 38% do ca-pital total, em sociedade com a Petro-bras e a BNDESPar.
De acordo com o executivo, gran-des empresas mundiais, fundos de in-
vestimentos e bancos de primeira linha têm procurado a companhia em busca de parcerias. Entre os sócios mais re-centes da Odebrecht estão a gestora de recursos Gávea Investimentos, no se-tor imobiliário; o fundo de investimen-to FIF-FGTS, na área de saneamento; a Temasek, de Cingapura, no ramo de óleo e gás; e os fundos Ashmore e Tar-pon, em etanol.
SOBRA DE CAIXAA entrada dos sócios deixou a empresa capitalizada e adiou os planos de abrir capital das subsidiárias. Caso precise de recursos, a companhia conta ainda com o mercado de captações externas, que está muito favorável a empresas brasileiras. Recentemente, a Odebre-cht emitiu bônus de US$ 500 milhões, com vencimento em 2023.
Os investimentos do grupo previs-tos para 2011 somam R$ 15 bilhões, va-lor superior ao aporte de R$ 10 bilhões realizado no ano passado. Os setores que receberão a maior parte dos recur-sos são os de infraestrutura, óleo e gás, energia e saneamento. No front interna-cional, a América Latina é um dos mer-cados que oferecem grande potencial de crescimento. “Os governos estão forta-lecidos, e existe um déficit enorme em infraestrutura”, diz Mameri. Segundo ele, o Estado está se retirando da eco-nomia e abrindo mais espaço à iniciati-va privada na região. A América Latina representa 70% dos negócios da área de engenharia da empresa. Sozinho, o Bra-sil é responsável por 38% da receita.
Um dos projetos em curso na re-gião é a construção da Rota do Sol, na Colômbia, uma rodovia de 530 km, com investimento de US$ 1,2 bilhão. A empresa, que tem 60% do projeto, ganhou a concessão em 2009, e o pra-zo de entrega é de quatro anos. No Pe-ru, a Odebrecht atua como construto-
ra e investidora em uma hidrelétrica que começará a ser construída entre setembro e outubro deste ano, com de-sembolso de cerca de US$ 1 bilhão. O início da geração de energia está pre-visto para 2016.
Outro projeto em território perua-no é a construção das rodovias IIRSA Norte e IIRSA Sul, em parceria com sócios locais. Na Argentina, a empre-sa está construindo trechos de um ga-soduto. No Panamá, o destaque são as obras do primeiro metrô do país. No mercado brasileiro, o interesse é pelas concorrências do trem-bala, que liga-rá os estados de São Paulo e Rio de Ja-neiro, e dos aeroportos brasileiros a se-rem concedidos. No entanto, a empresa aguarda definição do governo sobre como serão feitos os processos para de-cidir sua possível participação.
A pujança da área de engenharia tem levado a empresa a ser mais seletiva quanto a novos projetos, porque existe uma limitação da capacidade de gestão. Segundo Lacerda, a companhia só atua nos países em que consegue ter vanta-gens competitivas. “Estamos no ponto de ser seletivos porque não há gente su-ficiente”, explica.
Hoje, a oferta de mão de obra é a grande barreira para o crescimento dos negócios. Todo ano, a Odebrecht con-trata cerca de 700 estagiários e recém-formados das áreas de engenharia e administração, mas o tempo de ama-durecimento desses funcionários é lon-go, especialmente para o trabalho no exterior, que exige mais experiência.
A construtora tem 92 mil funcioná-rios, dos quais metade trabalha no ex-terior. No total, os quadros do grupo contam com 119 mil pessoas, incluin-do os temporários que são desligados ao fim de um projeto. “Em todo o mun-do emergente, a cadeia de construção nunca esteve tão aquecida como nos úl-timos cinco, seis anos”, afirma Lacer-da. A oferta de projetistas, fornecedo-res de equipamentos e tecnologia é um dos principais gargalos que o grupo te-rá de enfrentar para dar continuidade a seu plano de expansão.
A oferta de mão de obra tem sido a grande barreira para o crescimento dos
EMBORA NÃO SE ESPERE UMA EXPLOSÃO DE CONSUMO, O DINAMISMO DAS VENDAS ANIMA PLANOS DE EXPANSÃO DOS VAREJISTAS. O BRASIL É O PAÍS MAIS COBIÇADO SANDRA NOVOA, DE SANTIAGO
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E m 29 de outubro do ano passa-do, a multiloja chilena La Polar celebrava, com a parafernália de
costume, sua primeira aterrissagem no exterior: uma filial no shopping Centro Mayor, em Bogotá, na Colômbia. A in-cursão, que incluía abrir, nos dois anos seguintes, outras cinco lojas naquele mercado, consolidava o Chile como um dos líderes regionais da internacionali-zação do modelo de comércio varejista, alavancado pelo negócio financeiro dos cartões de crédito próprios.
Hoje, concorrentes latino-ameri-canos e analistas desse setor devem es-
crescerA ordem é
tar acompanhando essa empresa, cuja aparente boa gestão ocultava uma in-trincada operação de renegociação de créditos morosos de difícil recupe-ração, a taxas que multiplicavam os valores das dívidas e que estão sendo questionadas por parte das autorida-des reguladoras chilenas. De expan-são internacional, no momento, nin-guém fala mais.
Mas o escândalo da Polar é a nota dissonante em uma indústria que vol-ta a crescer e cujos atores regionais têm peso mundial. Segundo a última ver-são do estudo Global Power of Retailing,
da consultoria Deloitte, oito empresas da região aparecem entre as 250 maio-res do mundo: Pão de Açúcar (Brasil), Cencosud (Chile), Casas Bahia (Brasil), Soriana (México), Falabella (Chile), Comercial Mexicana (México), Femsa (México), Chedraui (México) e Puerto de Liverpool (México).
Jorge Lizan, vice-presidente de De-senvolvimento de Negócios do Inter-national Council of Shopping Centers (ICSC), comenta que a recuperação das economias regionais se traduziu em um aumento nas vendas do vare-jo e na construção de novos centros co-
merciais, especialmente no Brasil e no México, mas também no Peru e na Co-lômbia. O analista do HSBC Securi-ties Francisco Chevez acrescenta que o setor não tem estado muito ativo em termos de aquisições. A estratégia é se concentrar na retomada do crescimen-to orgânico atrasado, materializando os planos adiados em 2009. Neste ano, as coisas começaram a mudar.
No Brasil, a recente prosperidade nas regiões historicamente com baixo crescimento, como o Norte e o Nordes-te, atraiu a atenção das redes de varejo. Segundo Lizan, do ICSC, há mais de 40 centros comerciais em desenvolvimen-to, e quase todas as empresas têm sócios internacionais com capital para conti-nuar expandindo. Grupos estrangeiros também cobi-çam esses consumidores.
Chevez, do HSBC, ex-plica que, no Brasil, o co-mércio está preenchendo uma lacuna de anos de len-to crescimento. Mas fal-ta muito para alcançar os níveis de expansão regio-nais: “Em alimentos, o lí-der de mercado é o Pão de Açúcar, cuja superfície de vendas é de aproximada-mente 2,8 milhões de me-tros quadrados, enquanto, no México, o Walmart fe-chou 2010 com 4,6 milhões de metros quadrados – o dobro, em um país com cerca de meta-de da população do Brasil”.
Em relação ao México, onde se sen-tiu mais fortemente a crise pelo contá-gio da situação nos Estados Unidos, Li-zan afirma que ainda não há condições para retomar a boa fase vista no período 2006-2007. Por isso, o setor se prepara para crescer de forma mais prudente.
GOLPE NO ORGULHONão fosse o caso da La Polar, este ano tinha tudo para ser de boas notícias pa-ra os varejistas chilenos, devido à recu-peração do mercado doméstico, o mais
maduro da região, e às boas perspecti-vas no Peru e na Colômbia. A Saga Fa-labella consolidou-se como a principal cadeia de lojas de departamento perua-na, com uma participação de merca-do de 54% e 15 unidades. Já a Ripley, com uma participação de 41%, conta com 15 unidades. A rede Supermerca-dos SMU, ligada ao empresário Álvaro Saieh (dono da Unimarc), comprou as 11 unidades da Alvi do Walmart Chi-le e da família Villablanca, e, no curto prazo, é esperada a chegada ao Peru da Almacenes París (Cencosud).
“Os grupos comerciais no Peru ti-veram um crescimento de mais de dois dígitos, superando, em alguns casos, os 20%”, afirma Patricia Mazuelos,
sócia da Deloitte Peru. A analista afir-ma que, nas lojas de departamento, foi observado um aumento nas vendas de mais de 10 pontos percentuais.
Segundo Lizan, do ICSC, nos últi-mos cinco anos, o número de centros comerciais no Peru duplicou. Os novos projetos agora se localizam em cida-des como Arequipa, Chiclayo, Piura e Trujillo. A Asociación de Centros Co-merciales y Entretenimiento del Perú (ACCEP) estima que, em 2010, o fatu-ramento total do setor tenha subido pa-ra cerca de US$ 3,5 bilhões, projetando para 2011 mais de US$ 4 bilhões.
Na Colômbia, Parque Arauco e Mall Plaza são atores importantes na construção e operação de centros co-merciais, o lado imobiliário do setor. E a Falabella, o principal grupo, forta-leceu sua posição mediante a abertura de lojas de departamento em Bogotá e Cali. Além disso, a companhia insta-lou seu braço financeiro no país.
Tudo ia bem para os varejistas da região até surgir o caso da La Polar, hoje na mira da justiça, dos clientes e de seus próprios acionistas. A mani-pulação das contas (que consistiu ba-sicamente em transformar em ativo as provisões por morosidade) não é uma questão menor em uma indústria em que o crédito representa cerca de 50%
do negócio – e a confiança no sistema.Durante um jantar com a Câmara
de Comércio de Santiago, o presiden-te chileno, Sebastián Piñera, empre-gou duros termos para se referir ao es-cândalo. Horst Paulmann, presidente da Cencosud, disse na mesma ocasião: “Para mim, hoje, a La Polar não vale um peso”. O governo chileno anunciou a revisão de todas as contas da indús-tria, mas, mais do que isso, o que mais incomoda o setor é a possibilidade de novas e mais rigorosas regulamenta-ções ao negócio creditício. É o que os bancos locais vêm pedindo há anos.
VAREJO
RK 2010 EMPRESA PAÍS VENDAS 2010
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO VENDAS
10/09 (%)
LUCRO LÍQ. 2010 US$ MILHÕES
VARIAÇÃO LUCRO 10/09
(%)
ROE* (%)
ROA** (%)
MARGEM DE LUCRO LÍQ. (%)
RK*** 2010
1 WALMART DE MÉXICO Y CENTROAMÉRICA MÉX 27.195,8 31,4 1.583,1 23,1 16,0 10,0 5,8 9
2 CBD – GRUPO PÃO DE AÇÚCAR BRA 19.260,4 44,2 433,6 27,6 10,2 2,4 2,3 14
ENQUANTO FAZ UMA MANOBRA ARRISCADA PARA SE ASSOCIAR AO CARREFOUR, O PÃO DE AÇÚCAR BUSCA
SINERGIAS ENTRE AS EMPRESAS DO GRUPO
NATALIA GÓMEZ, DE SÃO PAULO
S egundo maior grupo varejista da América Latina e o número um com origem 100% nacional,
o Grupo Pão de Açúcar foi parar no no-ticiário internacional como potencial sócio da operação brasileira do Carre-four. As negociações de Abilio Diniz, controlador do Pão de Açúcar, foram confirmadas em 28 de junho por meio de comunicado oficial ao mercado.
A contar dessa data, os acionistas da Companhia Brasileira de Distribui-ção (holding do Pão de Açúcar), do Car-refour e do francês Casino, sócio da empresa brasileira, terão 60 dias para aprovar a operação de fusão. Se o negó-cio for fechado, surgirá uma outra em-
presa, o Novo Pão de Açúcar (NPA). O negócio é da ordem de R$ 4,6 bilhões, com investimentos do BNDESPar (bra-ço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial), de R$ 3,9 bilhões, e do BTG Pac-tual, de R$ 690 milhões.
A oferta feita por Diniz deixou os executivos do Casino, pegos de calças curtas, bem inquietos, a ponto de os sócios trocarem ofensas pelos jornais.Confirmado o interesse do Pão de Açú-car, o Casino não economizou na mu-nição ao divulgar uma nota em que questionou a ética empresarial de Di-niz. A rede francesa é dona de 37% das ações do Pão de Açúcar. E vale lembrar
que, pelo acordo entre os dois sócios, o Casino pode assumir o controle da em-presa de Diniz, caso faça essa opção, daqui a um ano. Governo, BNDES e o próprio Diniz defendem que a entrada de dinheiro público no negócio servi-ria para fortalecer a presença interna-cional de um grupo brasileiro.
A mesma estratégia de apoio à in-ternacionalização já foi usada para jus-tificar o financiamento de grupos como o JBS. Mas no caso do NPA não é o que a matemática mostra. Caso a operação seja aprovada como foi desenhada, Ca-sino e Carrefour terão juntos 61% da nova empresa; o primeiro com 30% e o concorrente com 31% do capital.
Diniz terá outras pedras no cami-nho. Uma delas é o fato de o varejo bra-sileiro já ser muito concentrado. O ne-gócio com o Carrefour só reforçaria essa realidade, o que teria de ser avaliado pe-los órgãos concorrenciais brasileiros.
PERFIL ARROJADOO fato é que, seja qual for o fim des-sa novela, o lance feito por Diniz mos-trou o fôlego da companhia, avaliada em R$ 17,2 bilhões (em 22 de junho, se-gundo dados da Economática). Nos úl-timos anos, o grupo brasileiro, fundado em 1948, ampliou o domínio, diminuin-do a concorrência. Em 2009, comprou o Ponto Frio e, num lance mais ousado, a Casas Bahia. Hoje o grupo está presen-te em todos os estados brasileiros e tem 1.592 pontos de venda. Agora, é o mo-mento de enfrentar o desafio da integra-ção e transformar tamanho investimen-to em resultado para os acionistas.
Neste ano, a prioridade da compa-nhia é obter sinergias depois da aqui-sição da Casas Bahia (feita em 2009, mesmo ano da compra do Ponto Frio), sem comprometer os pontos fortes da empresa fundada pela família Klein.
O presidente do Grupo Pão de Açú-car, Enéas Pestana, está diretamente envolvido nesta etapa e pretende con-cluí-la até o segundo trimestre de 2012. “A integração tem o meu foco pessoal total”, afirma.
Segundo o executivo, o trabalho é complexo e exige cuidado para con-servar os bons processos que já fazem parte do dia a dia da Casas Bahia e me-lhorar as áreas menos competitivas.
“Lidamos com uma cultura desenvol-vida há 60 anos. Não é o caso de im-por processos de forma generalizada”, diz. Entre as grandes “forças” da Casas Bahia, estão o gerenciamento do crédi-to ao cliente e as áreas comercial, ope-racional e de comunicação.
Os setores que merecem maior aten-ção e investimento em tecnologia e siste-mas estão relacionados à contabilidade, tesouraria, controladoria e tecnologia de informação da área administrativa. A redução de despesas e custos não fi-cou de fora das tarefas de Pestana. De acordo com o executivo, a Casas Bahia tem eficiência na área de compras por conta do poder de negociação e da gran-de escala, mas falta um trabalho estru-turado na redução de despesas, que re-sulte em “crescimento significativo da margem Ebitda [lucro antes dos juros, im-postos, depreciação e amortização]”.
Mas não basta cuidar da sinergia para melhorar o desempenho do Pão de Açúcar. Em paralelo à união dos negó-cios, está outra aposta do grupo: o va-rejo alimentar. A maior parte dos inves-timentos de R$ 1,41 bilhão anunciados pela empresa para 2011 será destina-da ao setor alimentício. No atual cená-rio de resfriamento no ritmo de cresci-mento econômico, o setor de alimentos é uma grande aposta por ser menos sus-cetível a crises externas e turbulências macroeconômicas.
Para isso, o Pão de Açúcar investe na melhoria e na aceleração do cresci-mento orgânico da bandeira Extra Fá-cil, que segue o modelo de mercados de bairro. Outra prioridade é a conclusão
da conversão das redes Compre Bem e Sendas em Extra Supermercados. As bandeiras Extra Hiper e Pão de Açú-car também serão direcionadas ao cres-cimento orgânico. Segundo Pestana, algumas regiões demandam esforços para proteção do mercado, como o Su-deste, e outras exigem ampliação, caso do Nordeste e do Centro-Oeste.
A divisão de eletrônicos e eletrodo-mésticos receberá uma parcela menor dos investimentos porque nesta área o foco maior está na integração e capta-ção de sinergias. Outro motivo são as expectativas menos otimistas para es-ta área em comparação com o ano pas-sado, quando as vendas aumentaram em um ritmo forte graças a Copa do Mundo e aos incentivos fiscais para a linha branca.
“O crescimento será menor do que 2010 até junho porque a base de com-paração é muito alta”, explica Pestana. No momento, a empresa trabalha na prospecção de novos mercados, mas não deve abrir muitas lojas neste seg-mento em 2011.
MERCADO PULVERIZADO A situação macroeconômica do país, com temores sobre aumento de infla-ção e alta de juros, provocou alguma retração no consumidor neste ano, ex-plica o presidente do grupo. “Está mais difícil vender”, reconhece. Mesmo as-sim, ele afirma que não houve impacto sobre o resultado da companhia e que os bons níveis de emprego do Brasil deixam o Pão de Açúcar otimista quan-to ao futuro.
O mercado varejista brasileiro, as-sim como os demais países latino-ame-ricanos, ainda tem espaço para conso-lidação. Segundo o coordenador do Centro de Excelência do Varejo da De-loitte, Reynaldo Saad, os players in-ternacionais não têm predominância aqui, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa. A úni-ca exceção na região é o México, onde o Walmart ultrapassou as redes locais. “Nos demais países, predominam as redes regionais”, afirma.
Na visão de Edgard Barki, pesqui-sador do Centro de Excelência em Va-rejo FGV-EAESP, outro entrave ao avanço das redes estrangeiras no Brasil é a predominância de lojas pequenas. “O modelo de hipermercado está em declínio porque o crescimento da clas-se C privilegia os mercados de bairro”, explica. O Pão de Açúcar investe neste modelo por meio do Extra Fácil.
Outro movimento é o avanço do “atacarejo”, que oferece menos servi-ços a preços mais competitivos. “As multinacionais estão se adaptando. Conhecer o comportamento do consu-midor e dos fornecedores locais é muito importante”, afirma. Segundo ele, isso explica a entrada da chilena Cencosud no Brasil por meio das redes GBarbosa, com sede em Sergipe, e Bretas, de Mi-nas Gerais, o que facilita o avanço no mercado doméstico. A Cencosud já é a quarta maior rede de supermercados no Brasil. Recentemente, a imprensa internacional divulgou que a empresa estaria conversando com o Carrefour sobre a compra de ativos no Brasil.
“Não tínhamos interesse no Baú” A compra das lojas do Baú da Felicidade pelo Magazine Luiza, em ju-
nho passado, colocou a empresa de Luiza Trajano no segundo lugar no
ranking do varejo de eletromóveis. O avanço da concorrente, que já tinha
sido deixada para trás na negociação para a compra do Ponto Frio, não
incomodou o líder do mercado brasileiro. Segundo o presidente Enéas
Pestana, o grupo Pão de Açúcar não estava interessado no negócio por-
que ele é muito concentrado na região Sul, em especial no Paraná. O ta-
manho das lojas do Baú também era considerado inadequado para o
perfil do Ponto Frio e da Casas Bahia, especialmente porque o segmen-
to de móveis precisa de mais espaço.
De acordo com o executivo, o grupo tem uma equipe especializada
em fusões e aquisições desde 2008 e chegou a avaliar os ativos, mas não
se interessou. “O histórico operacional e de resultados era muito ruim,
e não estávamos interessados”, afirma. A compra das 121 lojas por R$ 83
milhões foi anunciada no dia 13 de junho. “Para o Magazine Luiza pode
ser bom, e respeitamos isso. Mas não acho que possa nos afetar”, diz.
O negócio foi uma reação do Magazine Luiza à consolidação do mer-
cado, liderada pelo próprio Pão de Açúcar. A segunda posição no ranking
desse mercado havia sido perdida pelo Magazine Luiza para a Máquina
de Vendas, criada em 2010, após a união entre Insinuante e Ricardo Ele-
tro. Segundo Barki, da FGV, o negócio foi interessante para o Magazine
Luiza porque trará ganhos de escala, ponto de extrema importância no
setor varejista. As unidades do Baú estão distribuídas entre os estados
do Paraná (80), São Paulo (40) e Minas Gerais (1).
» Inclusão Financeira: os desafios e oportunidades do relacionamento com novos consumidores» Correspondentes» Crédito e Consumo e Resolução de conflitos: judicialidade x consensualidade» Principais aprendizados dos 3 anos da nova regulamentação dos SACs» Consumo e Sustentabilidade
Confira os temas das palestras:
11 e 12.08.2011Centro FECOMÉRCIO de Eventos · SP
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500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
SETOR TELECOM
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A advogada Macarena Pereyra Rozas viaja constante-mente entre seus escritórios de Bogotá, na Colômbia, e Buenos Aires, na Argentina, e não larga nunca seu te-
lefone inteligente. “Há pelo menos cinco anos não uso linha fi-xa para tratar de assuntos pessoais”, afirma.
Entre 2005 e 2009, a quantidade de linhas de telefonia fixa instaladas na Argentina cresceu menos de 7%; no mesmo perío-do, a quantidade de celulares duplicou, passando de 24 milhões em 2005 para 49 milhões em 2009. Essa tendência é cada vez mais forte na América Latina, mas se deve a outra novidade.
“Em função do meu trabalho, estou em comunicação com pessoas que têm telefones inteligentes [smartphones], o que reduz os custos. Além disso, grande parte de nossa comunicação é rea-lizada por meio de e-mails, MSN, aplicações como WhatsApp,chamadas de Skype ou mensagens de texto”, afirma Macarena. Ou seja, os celulares transportam cada vez menos voz.
No fim de 2010, a América Latina contava com aproxima-damente 29 milhões de usuários de smartphones, um número que pode se multiplicar várias vezes, contanto que os usuários te-nham acesso a equipamentos e planos a custos adequados.
“Se não há um plano de dados para usar as funcionalidades, os smartphones se transformam apenas em um feature phone [apa-relho mais sofisticado que o smartphone], afirma Jay Gumbiner, da IDC América Latina. O analista recorda que o tablet, por exem-plo, continua sendo um produto complementar em uma região sensível a preço. Outra tendência da indústria é a portabilida-de móvel, que chegará inexoravelmente a todas as latitudes. No Brasil, no México, no Equador, na República Dominicana e no Peru já é possível manter o número de celular e mudar a opera-dora. Isso está em processo de adoção no Paraguai, na Colôm-bia, no Chile, na Argentina, no Panamá e em El Salvador.
As empresas compreendem que o poder agora é do usu-ário. “Não se percebe a portabilidade como um instrumen-
nos dadosA comunicação está
O TRÁFEGO DE VOZ NA TELEFONIA PERDE ESPAÇO PARA OUTRAS FUNÇÕES. RESTA SABER, AGORA, COMO DAR CONTA DA DEMANDA
ÍTALO DAFFRA, DE BUENOS AIRES
AS CABINES TELEFÔNICAS DEVEM VIRAR PONTOS DE WI-FI
Para alguns analistas, a infraestru-tura fixa vai se transformar em uma commodity. “A telefonia fixa manterá uma participação estável ou com ten-dência a cair. A promoção de pacotes com banda larga e opções de vídeo evi-tará uma queda maior das linhas de voz”, afirma Romina Adduci, direto-ra de Pesquisa e Consultoria de Tele-comunicações da IDC.
A Telefónica, por exemplo, tem uma estratégia global para oferecer um pacote de serviços. “Para 2013, a Tele-fónica tem o objetivo de aumentar em 18% a penetração de acessos de ban-da larga sobre linhas fixas [de 32% em dezembro de 2010 para estimados 50% em dezembro de 2013]. O objetivo no longo prazo é não ter nenhum acesso de ban-da larga fixa que não esteja associado a um pacote de valor”, afirma Gilolmo, da Telefónica Internacional.
Fixo ou sem fio, o concreto é que o tráfego global de internet continua crescendo. A empresa de redes Cisco estima que a América Latina tenha ho-je 30% de sua população conectada à internet: 179 milhões de usuários assí-duos. Segundo a Cisco, em 2015, o nú-mero global de dispositivos conectados à rede será de mais de 15 bilhões, duas vezes a população mundial.
Com esse ritmo de crescimento, os endereços de internet se esgotarão ra-pidamente, obrigando a repavimenta-
ção das “rodovias” para que não en-trem em colapso. Não estamos falando dos domínios, mas sim de endereços IP (Internet Protocol), que cada domí-nio precisa para poder funcionar. Co-mo estamos chegando ao limite, a ins-talação do novo protocolo de internet, IPv6 (que traz para a internet um espa-ço de endereçamento capaz de supor-tar o crescimento da rede indefinida-mente), é um investimento urgente que deve ser realizado por empresas que fornecem acesso à rede e aos sites que recebem maior tráfego. Isso permitirá o acesso a uma quantidade quase inesgo-tável de endereços públicos diante dos 4,2 bilhões de endereços que permitem a atual IPv4. Em meados de junho pas-sado, os países da região que tinham maior atribuição de endereços IPv6 eram Brasil (40,7%), México (31,8%), Argentina (6,1%), Colômbia (5,7%) e Chile (2,4%), segundo o Lacnic, o Re-gistro de Endereçamento da Internet para América Latina e Caribe.
Além das disputas, o futuro cená-rio das telecomunicações tem um no-vo convidado, que chegou não apenas para ficar, mas sim para transformar o panorama: as redes sociais. Há quem estime que se vive uma nova bolha da internet, mas os meios sociais estão re-volucionando o tráfego, o uso da infor-mação e a maneira com que interagi-mos com as empresas e o governo.
to de concorrência, embo-ra os usuários possam ser beneficiados com políticas de retenção de cliente por parte das operadoras que desejam mantê-los em sua base”, afirma Juan Gnius, da Signals Telecom Con-sulting. “Por outro lado, costumam aparecer ofertas agressivas para atrair clien-tes da concorrência.”
A expectativa é que oimpacto do investimento e o churn (conceito do marke-ting que se refere à perda de usuários) sejam amortiza-dos pelo tamanho do mer-cado. “O desejável é que essas estraté-gias sejam adotadas quando se tem um parque maduro de clientes. Do contrá-rio, as operadoras ficam sobrecarrega-das com investimentos que poderiam ser destinados a continuar aumentando sua penetração”, afirma Emilio Gilol-mo, diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Telefónica Internacio-nal. “Em qualquer caso, a quantidade de clientes que fazem uso desse benefí-cio está calculada em algo entre 1,5% e 3% do total. Normalmente, essa é uma comodidade que vem com a concorrên-cia saudável”, completa.
O FIM DO FIXOMuitos veem hoje a telefonia fixa co-mo algo anacrônico. Mas, além de ser o suporte para aqueles que têm a inter-net por meio de ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line, um formato de DSL, tecnologia de comunicação de dados que permite a transmissão mais rápida), a rede de cobre pode oferecer outros serviços: “As cabines de telefo-nia pública estão sendo usadas experi-mentalmente como pontos de wi-fi ou como tomadas de energia para veículos elétricos; as torres e os postes podem ser portadores de novos cabeamentos e, em muitas partes do mundo, são com-partilhados com as demais operadoras para expandir os serviços”, afirma Gi-lolmo, da Telefónica Internacional.
O novo presidente da Oi assu-me em setembro com o desa-fio de manter a liderança da
companhia. Francisco Valim substitui Luiz Eduardo Falco em um momento decisivo para a maior empresa de tele-comunicações do Brasil. Depois de um ano de geração de caixa para supor-tar a aquisição da Brasil Telecom Mó-vel (BrT), a Oi recupera o fôlego finan-ceiro ao formalizar sua parceria com a Portugal Telecom (PT). Agora, precisa-rá mostrar seus músculos na briga por novos mercados. O acordo com o grupo europeu, que prevê a capitalização da Oi em pelo menos R$ 8,32 bilhões, em troca de participação acionária equiva-lente a 22,4%, amplia a capacidade de investimento da empresa brasileira.
RESULTADOSOs primeiros resultados da parceria já aparecem. No primeiro trimestre de 2011, a Oi superou os 65 milhões de usuários, dos quais 41,5 milhões estão em telefonia móvel, 19,7 milhões em te-lefonia fixa, 4,5 milhões em banda lar-ga fixa e 311 mil em TV por assinatura. No mesmo período, totalizou cerca de R$ 830 milhões em investimentos, mais que o dobro em relação aos primeiros três meses de 2010. Paralelamente, re-duziu sua dívida líquida para menos de
R$ 15 bilhões, atingindo uma razão de 1,5 em relação ao Ebitda (lucro antes de despesas financeiras, impostos, depre-ciações e amortizações). São números que sinalizam uma gradual e estratégi-ca retomada da capacidade de investi-mento da empresa, em um momento de competição acentuada no setor, depois de um forte movimento de consolida-ções e mudanças de tecnologia.
A principal tendência do merca-do de telecomunicações é a consolida-ção dos quadruple play e triple play, que combinam pacotes de serviços conju-gados, como televisão por assinatura, telefone fixo, celular e internet banda larga. A Oi é pioneira nesse proces-so, o que é uma vantagem competiti-va. Mas isso não significa que a empre-sa esteja em uma situação confortável. “A Oi não tem ativos de telefonia fi-xa em São Paulo [principal mercado do país], é pequena no mercado de TV por assinatura, ocupa a quarta posição em telefonia móvel e tem um pacote inte-grado mais bonito no papel do que na operação”, ressalva Ricardo Marques dos Santos, diretor e consultor de Tele-comunicações, Mídia e Tecnologia da Bain & Company. “Além disso, embo-ra seja líder em banda larga, é uma das que menos crescem nesse mercado.”
O setor de telecomunicações é um
dos mais desafiadores da América Latina, na avaliação do consultor da Bain. Segundo Santos, os investimen-tos são muito altos, somando bilhões de dólares para cada operador, com re-tornos sempre difíceis de obter, princi-palmente com o aumento da demanda por banda larga. “Por isso, o que de-terminará o resultado do jogo entre os principais concorrentes desse mercado é como cada um se portará, ou seja, o quanto eles investirão e com que velo-cidade”, acredita. “Nesse mercado, ca-da cliente representa dois, três ou até quatro usuários, o que pode ser bom ou ruim, dependendo de se ele está entran-do ou saindo de uma operadora.”
Para o consultor Ricardo Distler, executivo sênior da área de Mídia e Telecomunicações da Accenture, o au-mento do tráfego nas redes gera uma exigência de capital, e as empresas têm
liderançaOs desafios da
MAIOR EMPRESA NACIONAL DE TELECOM, A OI INVESTE NA EXPANSÃO EM UM MERCADO CADA VEZ MAIS EXIGENTE
GIULIANO AGMONT, DE SÃO PAULO
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Umas das soluções, para Distler, é o compartilhamento de infraestrutura, como é o caso das estações rádio-base para celular ou das redes de transmis-são de longa distância. “As operadoras já compartilham 20% a 30% da infraes-trutura de telefonia móvel, mas podem alcançar até 70%, o que representaria
uma economia brutal e elevaria a ren-tabilidade sem repasse de custos para o usuário”, sustenta o consultor.
Outra tendência que precisa ser re-gulamentada é a de operadoras móveis virtuais, que alugam as redes das ope-radoras tradicionais. “Isso deve ampliar
as opções de serviço para o consumidor e até abrir espaço para novas formas de serviço. Na Alemanha, as operadoras virtuais representam 30% do merca-do”, diz Distler. Nesse cenário, o novo presidente da Oi assume com o desafio de conduzir a reorganização societária da empresa, que pretende concentrar
todas as ações das companhias Oi na BrT e torná-la a única das companhias Oi listada em bolsa de valores, passan-do a ser denominada Oi S.A.
Procurada, a empresa alegou não ter porta-voz porque está em fase de transição no cargo de presidente.
de manter elevadas taxas de investi-mento. “Esse foi o motor das grandes consolidações no setor, que obrigou as teles a reduzir preços e a ampliar o acesso, além de oferecer pacotes inte-grados de produtos. Conseguiram isso com escala. Agora, a busca é por ren-tabilidade”, acredita Distler. “As em-presas estão atrás de novas tecnologias e capacitação para segmentar melhor sua atuação e conhecer mais a fundo o perfil de seus assinantes.”
O executivo da Accenture con-corda que os pacotes quadruple e triple play deixaram de ser uma escolha pa-ra se transformar em uma demanda de mercado. No Brasil, a agenda regula-tória prevê a abertura do mercado de TV paga, o que pode estimular a ofer-ta de pacotes mais completos por parte das operadoras. Mas esse movimento intensifica o desafio da rentabilidade.
A principal tendência do mercado de telecomunicações é a consolidação dos
quadruple play e triple play
ASSINATURA DO ACORDO
ENTRE OI E PT. A PARTIR DA
ESQUERDA: ZEINAL BAVA,
DA PT; OTÁVIO AZEVEDO,
DA ANDRADE GUTIERREZ;
E PEDRO JEREISSATI, DA LA
FONTE (OS DOIS ÚLTIMOS
SÃO SÓCIOS DA OI)
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SETOR SIDERURGIA
Ritmo derecuperaçãoDEPOIS DE SOFRER COM A CONCORRÊNCIA INTERNACIONAL, O MERCADO SIDERÚRGICO PROJETA CRESCIMENTO PARA OS PRÓXIMOS ANOS NATALIA GÓMEZ, DE SÃO PAULO
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O fraco crescimento econômi-co foi, por décadas, um des-motivador para a indústria
siderúrgica dos países latino-america-nos. As empresas tinham pouca razão para investir no aumento da produção e tecnologia. Em contrapartida, tinham como vantagem a falta de apetite dos estrangeiros pelo Brasil. Hoje, o fraco crescimento já não é mais um proble-ma: a América Latina é um dos merca-dos emergentes em pleno avanço eco-nômico. Mas o preço a pagar por essa pujança econômica é o maior interesse dos outros países, que, afetados pela cri-se econômica, ficaram mais agressivos nas exportações do aço e de seus produ-tos, como máquinas e automóveis.
O Brasil – maior produtor de aço da região – é o que mais sofre com es-se movimento, agravado pela aprecia-ção do real frente ao dólar. Nos últimos dois anos, as importações ganharam força e levaram as usinas brasileiras a reduzir os valores do aço no mercado doméstico. Entre janeiro e abril deste ano, as importações caíram 52,6% an-te o mesmo período de 2010, segundo o Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda), para 545,7 mil toneladas.
No entanto, a rentabilidade das si-derúrgicas nunca esteve tão baixa. Os preços praticados pelas brasileiras caí-ram e ficaram mais “globalizados”. Um exemplo é a margem Ebitda (lucro an-tes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da Usiminas, que histori-
O EXCESSO DE PRODUÇÃO MUNDIAL DE AÇO TEVE REFLEXOS
NO MERCADO BRASILEIRO
camente era superior a 30% e ficou em 11% no primeiro trimestre de 2011. A alta das matérias-primas, como carvão e minério de ferro, e a valorização dos salários contribuíram para comprimir o lucro. “O Brasil não é mais um país ba-rato para produzir aço”, afirma o analis-ta Felipe Reis, do banco Santander.
Segundo Reis, as siderúrgicas bra-sileiras sempre trabalharam com pre-ços muito superiores à média mundial. Em 2009, o prêmio praticado interna-mente chegou a 40%, em relação ao mercado internacional. Isso era possí-vel porque os distribuidores indepen-
dentes de aço não tinham o costume de importar o produto e não havia uma “sobra” de aço tão grande como hoje, no mundo pós-crise.
No entanto, a apreciação do real e o excesso de oferta mundial inverte-ram esse cenário. Atualmente, o prê-mio praticado pelas usinas brasileiras não passa de 5%. “O Brasil entrou no radar dos outros países, e a competição se acirrou”, afirma o analista da corre-tora Geração Futuro, Rafael Weber.
O setor de distribuição de aço teve papel fundamental nesse cenário. Até 2009, havia um “acordo de cavalhei-
ros” de que a importação de aço aconteceria em ca-sos pontuais. O acordo foi rompido quando as grandes usinas investiram em seus canais de distribuição, com preços mais competitivos, o que gerou concorrência e in-comodou os distribuidores independentes. A tendência de desaceleração indica que essa realidade deve continu-ar, pois sobra aço no merca-do externo.
Nos demais países lati-no-americanos, a situação é menos grave porque, segun-do o chefe de análise da ar-gentina Allaria Ledesma & Cia, Chris-tian Reos, os preços são mais próximos do mercado internacional e têm menor volatilidade. No México, por exemplo, os valores estão relacionados ao mer-cado americano, com um prêmio de US$ 30 a US$ 50 para refletir despesas com importação, segundo relatório dos analistas Rene Kleyweg e Marcelo Zil-berberg, do banco UBS.
Na Argentina, os preços também acompanham as tendências globais, com pouca volatilidade, por causa do pequeno porte do mercado, da posição dominante da siderúrgica Ternium e da falta de uma plataforma de distribuição para os players internacionais. Mesmo sem um mercado muito expressivo, a Argentina está entre os quatro maio-res produtores de aço da América La-tina. O primeiro é o Brasil, que produ-ziu 26 milhões de toneladas em 2009. Em seguida estão México (14 milhões de toneladas), Venezuela e a Argentina, com 4 milhões de toneladas cada. Pa-íses menores da região não produzem aço e importam dos vizinhos.
EXPANSÃO ASIÁTICAOutro fenômeno que afetou a siderur-gia regional nos últimos anos foi o cres-cimento chinês. Desde 2009, a Ásia au-mentou sua participação na produção mundial de aço de 38% para 65%. Nes-se período, a fatia da América Latina
encolheu de 6% para 4%. Além da im-portação direta de aço, há a entrada de manufaturados de outros países: má-quinas, equipamentos e automóveis.
Segundo o Instituto Latino-ameri-cano de Ferro e Aço (Ilafa), os países da América Latina acumularam déficit de US$ 95 bilhões em exportações líquidas de manufaturados para a China. No 22º Congresso Brasileiro do Aço, realizado em São Paulo, em junho, o presidente da entidade, Daniel Novegil, alertou para o risco de desindustrialização. O Ilafa lançará um estudo sobre a situa-ção regional para evitar “regressão das economias latino-americanas”.
No futuro, o comportamento do mercado siderúrgico da América La-tina dependerá da situação internacio-nal, que determinará o tamanho do ex-cedente de aço no mundo. Segundo José Othon de Almeida, sócio-líder da De-loitte para o atendimento às indústrias manufatureiras, a continuidade do cres-cimento asiático e o não agravamento da crise na Europa são fundamentais para que a enxurrada de aço no merca-do internacional não ganhe força.
Em sua visão, os preços de aço no Brasil podem se recuperar no longo prazo, mas dificilmente voltarão aos patamares anteriores. Apesar dos de-safios competitivos, a projeção econô-mica é favorável. Segundo a associação mundial das siderúrgicas (a Worldsteel
Association), o consumo deve crescer 6,6% neste ano nas Américas do Sul e Central, atingindo 48,8 milhões de to-neladas. O avanço é maior do que o es-perado para o mundo, que é de 1,359 bilhão de toneladas, uma alta de 5,9% frente ao ano anterior. Para 2012, a en-tidade prevê crescimento de 8,3% no consumo de aço nas Américas do Sul e Central, contra 6% no mundo.
No Brasil, o consumo aparente de aço será de 27,8 milhões de toneladas em 2011. O volume é 6,4% maior que 2010, segundo o Instituto Aço Bra-sil (IABr). O crescimento industrial, o investimento em infraestrutura pa-ra a Copa do Mundo e a Olimpíada e a maior produção de equipamentos para o setor de petróleo justificam o avan-ço. A produção deve atingir um recor-de de 39,4 milhões de toneladas, 19,8% a mais que em 2010.
“O Brasil está tão aquecido nos setores de construção e infraestrutu-ra que haverá maior demanda para as usinas locais, mesmo com as importa-ções”, afirma o sócio e líder de Minera-ção da PricewaterhouseCoopers Brasil, Ronaldo Valiño. O setor tem capaci-dade produtiva de sobra para cobrir a oferta de aço, nada menos que 47,4 mi-lhões de toneladas ao ano de aço bruto. E os programas de investimento devem elevar esse número para cerca de 55 mi-lhões de toneladas em 2015.
Onda deinvestimentosCRESCIMENTO DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA NA AMÉRICA LATINA ESTIMULA O AUMENTO DE PROJETOS
GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO
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E nquanto nas economias maduras a ordem é correr para re-tomar os negócios e contornar o período de estagnação, na América Latina o setor petroquímico vive uma onda de
importantes investimentos – seja na inauguração de novas plan-tas, seja na busca por outras matérias-primas para diminuir a de-pendência do petróleo.
“Os projetos mais importantes virão do México, da Colômbia e do Brasil. Este, aliás, deve aparecer como protagonista da região até pelo menos 2017”, afirma Rina Quijada, CEO da Intellichem, consultoria petroquímica com sede em Houston (EUA). Segundo relatório da Intellichem, o país conta com 14 projetos nessa área, previstos para o período de 2011 a 2015. Uma das principais ex-pectativas está relacionada ao projeto da Petroquímica Suape, em
grupo mexicano Idesa. O investimen-to no programa, que visa criar um po-lo integrado de polietilenos no México, soma US$ 2,5 bilhões.
ALTERNATIVAS AO PETRÓLEOAs recentes movimentações do setor petroquímico não ficam restritas a inaugurações de fábricas ou aumento de capacidade nas plantas já existen-tes. Os avanços englobam também as matérias-primas utilizadas no proces-so de produção da indústria química. Ainda muito dependentes da oferta de petróleo e gás natural para continuar crescendo, as empresas vêm estudando o uso de outras matérias-primas. Uma das fontes alternativas, segundo Otávio Carvalho, diretor da MaxiQuim, con-sultoria ligada ao setor petroquímico, é o shale gas, ou gás de xisto, uma espé-cie de gás natural obtido de um outro tipo de formação geológica.
Em fevereiro deste ano, a Rep-sol-YPF, produtora de petróleo e gás na Argentina, anunciou a descoberta de reservas de shale gas estimadas em 4,5 trilhões de pés cúbicos na bacia de Neuquina. Caso a previsão se confir-me, essa quantia de gás não convencio-nal será capaz de abastecer a demanda argentina pelos próximos 50 anos. Is-so representa um alívio para o país em termos energéticos, já que, segundo es-timativas do governo, as reservas na-cionais atingiriam níveis críticos em 2020. A boa nova esbarra, no entan-
to, na falta de empresas com know-how nesse setor que sejam capazes de trazer tecnologia suficiente para assimilar o aumento da produção e conseguir su-prir uma economia em crescimento já dependente do gás natural.
Com relação às fontes renováveis, a grande aposta da região é o etanol. “É uma tendência forte [o uso do eta-nol], mas, hoje, ele representa apenas 5% das fontes utilizadas para produzir o eteno, principal matéria-prima das resinas. Enquanto isso, a participação do nafta [subproduto do refino do petróleo] é de 77%”, observa Carvalho, da Maxi-Quim. De cerca de 6 milhões de tonela-das de resinas produzidas anualmente pela Braskem, por exemplo, apenas 200 mil toneladas (ou 3,3%) são de polieti-leno verde, obtido a partir do etanol. O produto atende clientes como Tetra Pak, Toyota, Tsusho, Shiseido, Natura, Acinplas, Johnson&Johnson e P&G. “Existe uma demanda forte por solu-ções renováveis, e estamos investindo muito em inovação, mas também visa-mos ao crescimento dos negócios com os combustíveis fósseis”, afirma Rui Chammas, vice-presidente de Políme-ros da Braskem.
Vale lembrar que o projeto do pré-sal no Brasil aumentará exponencial-mente a oferta de petróleo na região. Então, resta saber até quando o pre-ço dessa commodity continuará alto e quão competitivo será o uso das fontes renováveis.
8 YARA BRASIL BRA 1.091,4 -9,3 552,8 28.994,7 - 82,8 50,7 486
Pernambuco, que fará o Brasil voltar a produzir PTA, insumo usado na fabri-cação do PET. A capacidade de produ-ção será de 700 mil toneladas por ano.
O Brasil está caminhando para ser um dos cinco maiores mercados consu-midores de produtos químicos no mun-do – hoje, ocupa a oitava colocação –, segundo estimativas da Abiquim (As-sociação Brasileira da Indústria Quí-mica). “O país consome, atualmente, US$ 127 bilhões em produtos quími-cos por ano. Em 2020, a projeção é de que esse montante seja de US$ 260 bi-lhões”, diz Marcelo Lacerda, vice-pre-sidente da Abiquim. Trata-se de um aumento importante, já que, além de indicar uma demanda aquecida, re-presenta, em termos percentuais, um avanço de mais de 100%.
Lacerda, que também é CEO da alemã Lanxess no Brasil, afirma que veio da América Latina o maior cresci-mento do grupo em 2010. A receita da Lanxess na região, onde a multinacio-nal está presente com plantas no Brasil, na Argentina e no Uruguai e com dis-tribuição no Chile e no México, deu um salto de 85% no ano passado, na compa-ração com 2009. O faturamento total na América Latina alcançou 955 milhões de euros em 2010, representando uma fatia de 10% dentro dos negócios do grupo. “Há seis anos, quando começa-mos a operar aqui, esse percentual era de apenas 1%”, conta Lacerda.
A Braskem, companhia com 31 plantas industriais distri-buídas por Brasil e Esta-dos Unidos, é outra que está otimista com a região. Do investimento de R$ 1,6 bilhão previsto para este ano, a maior parte (R$ 407 milhões) terá como desti-no a ampliação da capaci-dade de produção de PVC na planta de Marechal De-odoro, no estado de Ala-goas. A empresa também está envolvida com o pro-jeto Etileno XXI, por meio de uma joint venture com o *ROE – Retorno sobre Patrimônio; **ROA – Retorno sobre Ativo; *** Posição no ranking geralN.D. – Não Divulgado
Turbinas ligadasIMPULSIONADO PELO BRASIL, O TRANSPORTE AÉREO DEVE CRESCER 7% AO ANO NA AMÉRICA LATINA
GIULIANO AGMONT, DE SÃO PAULO
I maginava-se que o Aeroporto de El Dorado, em Bogotá, seria um mo-derno terminal, idealizado para re-
ceber os turistas interessados em passe-ar ou fazer negócios na Colômbia. Ao contrário disso, o que se vê hoje são ins-talações bem precárias, quase a ponto
AEROPORTO DE GUARULHOS, EM SÃO PAULO, É UM DOS SÍMBOLOS DA FALTA DE INFRAESTRUTURA DO SETOR
de ruir. O próprio governo admite que o projeto do novo aeroporto – o El Do-rado será demolido – será insuficien-te para atender a demanda quando for concluído, em 2014.
O caso do aeroporto colombiano não é diferente do de Guarulhos (na
Grande São Paulo), que é inadequa-do para o crescente fluxo de viajantes que fizeram da América Latina um dos mercados mais pujantes para o trans-porte aéreo no mundo. Os principais fabricantes de aviões estimam para a região uma expansão de até 7% ao ano
nas próximas duas décadas. O Brasil, que representa cer-ca de 40% dos voos sobre o continente, cresceu o triplo do restante do mundo no primeiro trimestre de 2011.
Segundo a Iata (Inter-national Air Transport As-sociation), o total de pas-sageiros por quilômetro transportado no Brasil au-mentou quase 21% entre ja-neiro e abril deste ano, em relação ao mesmo período em 2010. De acordo com a Infraero, foram 155 mi-lhões de passageiros trans-portados em 2010, uma al-ta de quase 20% em relação a 2009. O mercado doméstico brasileiro, que cresce anualmente a taxas de dois dí-gitos desde 2003, segundo a Iata, já é o quarto maior do mundo, depois de Es-tados Unidos, China e Japão.
Na América Latina, os números também impressionam. A Associa-ção Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta) estima que a região represente, atualmente, cerca de 7% do mercado mundial. São qua-se 100 companhias aéreas, das quais 59 operam aeronaves com mais de 40 assentos. A entidade prevê um fatura-mento anual de US$ 21 bilhões para o setor aéreo na região.
“No curto prazo, a previsão é de ta-xas de crescimento saudáveis nos di-ferentes mercados: 13% no Brasil, 7% na Colômbia e 22% no Peru”, diz Alex de Gunten, diretor executivo da Alta. “Apesar de sermos afetados pelos altos impostos e falta de reinvestimentos.”
Na avaliação do brigadeiro Alle-mander Pereira Filho, consultor de projetos da Fundação Getulio Vargas, a infraestrutura é o ponto frágil: “A re-gião ainda tem muito para crescer, po-dendo chegar a 9% do tráfego aéreo mundial em uma década. Contudo, pa-íses como o Brasil devem investir mais e melhor em sua infraestrutura, que es-tá perto da saturação e pode gerar gar-galos”, diz o especialista.
O único país que fica de fora da ten-dência expansiva na região é o México. Os problemas internos relacionados à violência, ao narcotráfico e à dependên-cia do mercado norte-americano expli-cam o lento crescimento da demanda, a falência da companhia aérea Mexica-na, em 2010, e os problemas da Aero-méxico. Diferentemente de Colômbia e do Brasil, o México já era um destino turístico e de negócios consolidado no início da década passada, e, por isso, o crescimento futuro será mais modera-do. De fato, o país cresceu apenas 13% entre 2001 e 2011, contra 150% no Peru e 100% na Argentina.
A situação é generalizada. “Até as empresas de baixo custo enfrentam di-ficuldades no México”, afirma Respicio del Espíritu Santo, presidente do Insti-tuto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aé-reo (Cepta). “Para dificultar ainda mais a situação, muitas empresas regionais do norte dos Estados Unidos acabam explorando o mercado mexicano.”
COMPETIÇÃO PELO PASSAGEIROO crescimento do mercado não é neces-sariamente sinônimo de lucro para as empresas. Com exceção da Aerolíne-as Argentinas, não existem mais com-panhias aéreas de propriedade estatal (as chamadas empresas de bandeira), e a concorrência pelas rotas mais quen-
tes obriga as empresas a buscar econo-mia de escala mediante fusões e aquisi-ções. O melhor exemplo é o da fusão da chilena LAN com a brasileira TAM, que poderá dar origem à maior com-panhia aérea da região e a 11ª no mun-do. A última palavra, no entanto, será dada pelas autoridades antimonopó-lio do Chile.
“Se o acordo entre TAM e LAN for aprovado, teremos uma cascata de no-vas fusões”, afirma Respicio del Espí-ritu Santo, do Cepta. “Avianca, na Co-lômbia, e a Taca, na América Central, já estão consolidadas, e há vários pon-tos de convergência entre a panamenha Copa e a brasileira Gol.”
Uma data importante, 2014, está desde já sob observação do setor. Será quando o Brasil formalizará um acor-do de céus abertos com os Estados Uni-dos. Este, e outro que depois será assi-nado com a Europa, permitirão que as empresas mais importantes do mun-do voem sem limites de origem e des-tino, tarifa ou franquia para o país. Além disso, os estrangeiros poderiam ampliar sua participação acionária em empresas brasileiras – a atual restrição de 20% deve subir para 49%. “Essa no-va legislação se compromete a acelerar o processo de fusões e atrair empresas de Ásia, Europa e Estados Unidos”, afirma Pereira Filho, da FGV.
Com colaboração de Jenny González, de Bogotá.
TRANSPORTE
RK 2010 EMPRESA PAÍS VENDAS 2010
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO VENDAS
10/09 (%)
LUCRO LÍQ. 2010 US$ MILHÕES
VARIAÇÃO LUCRO 10/09
(%)
ROE* (%)
ROA** (%)
MARGEM DE LUCRO LÍQ. (%)
RK*** 2010
1 TAM BRA 6.829,1 20,1 382,6 -50,4 26,3 4,4 5,6 79
2 SUDAMERICANA DE VAPORES CHI 5.448,1 79,9 170,7 125,5 12,5 5,3 3,1 93
3 LAN CHI 4.387,1 24,7 419,4 81,5 32,4 6,2 9,6 118
APOSTAM NA DIVERSIFICAÇÃO PARA ACOMPANHAR A MUDANÇA DE HÁBITO DOS CONSUMIDORES
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
SETOR BEBIDAS
SANDRA NOVOA
E CARLOS TROMBEN,
DE SANTIAGO
“I sso não parece uma garrafa de guaraná”, afirma o vendedor à senhora, à namorada, ao sur-
fista e aos sucessivos personagens que chegam atraídos pela nova oferta da Ambev. Depois de 19 anos, a maior en-garrafadora brasileira – e um dos desta-ques globais – reintroduziu a garrafa de vidro de um litro retornável para uma de suas marcas mais emblemáticas, o tradi-cional refrigerante à base de guaraná.
A mudança não é uma questão de capricho. Conhecida por sua experi-ência em marketing, a Ambev tomou uma decisão que reflete o momento vi-vido pela indústria: um consumo ex-pansivo, mas cauteloso, porém sensí-vel ao preço e às ofertas.
Alan Alaniz, analista do banco JP Morgan, detalha que, “no Brasil, a for-te recuperação econômica do ano pas-sado, responsável por impulsionar as rendas disponíveis, combinada com eventos que estimulam a demanda, co-mo o Mundial de Futebol na África do Sul, somados a uma temperatura mais alta que o normal, impulsionou o con-sumo de cerveja e bebidas em 11% e 12%, respectivamente”.
Contudo, volume não é sinônimo de lucro. Há problemas no dia a dia do setor, como o encarecimento de insu-mos como açúcares, edulcorantes, ceva-da e aqueles relevantes para os envases (resinas PET e alumínio), além do com- Fo
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plexo cenário no longo prazo do insumo fundamental: a água, especialmente em países como México e Chile.
A resposta das empresas ao aumen-to de custos e à possível retração nas vendas é o lançamento constante de novas marcas com diferentes formatos ou o relançamento de antigas. Além do velho guaraná retornável, a Ambev lançou o energético Fusion (feito com guaranina, a “cafeína do guaraná”) e um refrigerante da Antarctica, uma de suas marcas, que mistura suco de ma-çã, laranja e grapefruit e concorre com a Schweppes Citrus, da Coca.
Alaniz chama a atenção para o mercado chileno: o terremoto de feve-reiro de 2010 danificou a infraestrutu-ra e as instalações produtivas, afetando o dinamismo da indústria de bebidas. O crescimento do volume vendido de cervejas baixou para 2%, enquanto os refrigerantes ficaram em 4%, ambos abaixo da expansão do PIB (Produto Interno Bruto), de 5,2%. A consultoria Euromonitor destaca que, por um lado, a falta de água potável resultante do ter-remoto fez disparar as vendas de água engarrafada e, por outro, os fabrican-tes tiveram de trabalhar duro para re-cuperar sua capacidade instalada. “Os principais jogadores ajustaram suasestratégias para capturar melhor o po-tencial de mercado e competir nas ca-tegorias mais novas ou de mais rápido
crescimento”, destaca um relatório re-cente da consultoria.
MÉXICO SEDENTOComo em todas as indústrias de consu-mo, nesses momentos se costuma con-trastar o dinamismo brasileiro com as perspectivas moderadas do Méxi-co. Segundo números da Euromoni-tor International, o mercado brasilei-ro faturou US$ 50,821 bilhões em 2010 e cresceu (em volume) 11% em cerveja e 12% em bebidas. O mercado mexica-no movimentou US$ 25,9 bilhões du-rante um ano que começou com chuvas e aumento no imposto sobre o preço do produto, o que se traduziu em uma contração de 1% no volume de cerveja, enquanto as vendas de refrigerantes su-biram apenas 1%.
A Euromonitor destaca que o ne-gócio da Cervejaria Cuauhtémoc Moc-tezuma com a Heineken (detentora da operação) e com a Femsa, que passou a ter 20% de participação na empresa, re-velou algumas deficiências estruturais no setor cervejeiro no México, e, por isso, espera-se que esse ator faça algu-ma diferença no médio prazo, em ter-mos de inovação e de preços, dada sua estratégia global, seus sistemas de pro-dução e as economias de escala. A Fe-msa também é uma das empresas mais ativas no âmbito latino-americano em projetos ambientais, algo que tem a
ver com o caráter estratégico de um recurso escasso como a água no país.Em março deste ano, a Femsa adqui-riu, junto ao Fundo de Infraestrutura Macquarie México (MMIF) e à Mac-quarie Capital, dois projetos de energia eólica, avaliados em US$ 90 milhões, para abastecer várias de suas empresas, como Coca-Cola Femsa, Femsa Insu-mos Estratégicos e Heineken México.
DESACELERAÇÃO NO BRASILLuis Miranda, analista do Santander Investment, também prevê uma recu-peração no mercado mexicano, deriva-da de melhoras no consumo. Ele traba-
lha com uma desaceleração no Brasil, embora a taxas nada depreciáveis, e uma manutenção em âmbito regional da política de repasse dos aumentos de custos aos clientes.
“Em bebidas, o que pode fazer uma diferença em âmbito operacional é que as empresas que puderam fazer esto-ques e reservas financeiras para possí-veis altas nas matérias-primas ou ajus-taram as misturas de edulcorantes, como frutose, terão maiores lucros”, afirma Miranda.
Outro exemplo da reativação mexi-cana foi dado pelo Grupo Modelo. No primeiro trimestre deste ano, a compa-
nhia aumentou suas vendas em 11,5% em relação a 2010, atingindo 8,7 mi-lhões de hectolitros. A empresa atri-buiu esse resultado a uma recuperação no consumo sobre uma base de com-paração baixa. Suas exportações volta-ram a subir 14,6%, impulsionadas por um aumento de dois dígitos em prati-camente todos os seus mercados. Esse panorama positivo se refletiu no fatu-ramento líquido do primeiro trimestre de 2011, que subiu para US$ 606 mi-lhões, um aumento de 15,5%, compa-rado com 2010.
Para 2011, Alaniz, do JP Morgan, projeta que o Brasil deverá ampliar os
volumes de cerveja e refri-gerantes em 3% e 5%, res-pectivamente, enquanto no México ambos os seg-mentos ficarão em torno de 6%. Ele estima que, no Chile, os volumes tam-bém crescerão mais rapi-damente que em 2010, 6% e 5%, respectivamente. “A conclusão é que, no Méxi-co e no Chile, o volume de bebidas deve se acelerar neste ano, enquanto no Brasil, em grande parte por causa do aumento da inflação, é provável que a demanda reduza a veloci-dade”, afirma. *ROE – Retorno sobre Patrimônio; **ROA – Retorno sobre Ativo; *** Posição no ranking geral
Q uando, em 2006, o inglês Ro-bert Priday Woodworth che-gou para dirigir a União de
Cervejarias Peruanas Backus y Johns-ton (após a aquisição da matriz colom-biana Bavaria pela anglo-sul-africana SABMiller), sua mensagem aos fun-cionários foi clara.
“Assumi o compromisso de que eles teriam apenas uma mudança nesta em-presa”, afirma Woodworth, recordan-do os sorrisos de aprovação. “Quando anunciei que a única diferença era que esta empresa continuaria com todas as transformações que fossem neces-sárias, todos mudaram de expressão. Algumas pessoas estavam de acordo e continuam conosco, outras não.”
Preferência peruana
COM A BACKUS, A MULTINACIONAL SABMILLER SE CONSOLIDA COMO A MAIOR FORNECEDORA DE CERVEJAS NO PERU E TENTA AMPLIAR SEU DOMÍNIO NO RESTANTE DA AMÉRICA LATINA
Até o momento, o executivo e sua equipe têm motivos para estar satisfei-tos. Colocaram em prática 270 proje-tos, com investimentos de US$ 500 mi-lhões, e os resultados dessa constante mudança merecem destaque. Segun-do dados do relatório anual da empre-sa, em 2010, a Backus faturou US$ 973 milhões, 9,4% a mais que em 2009. O lucro líquido subiu 3,4%, alcançando um total de US$ 94 milhões. A empresa vendeu no mercado local 10,1 milhões de hectolitros de cerveja, um acrésci-mo de 680 mil hectolitros em relação a 2009. Isso significou um aumento de market share no mercado cervejeiro, em volume, de 88,7% em 2009 para 90,8% em 2010. A participação da Backus no faturamento do grupo atingiu 92,3%, 1,4% a mais que no ano anterior.
Embora 2010 tenha sido um ano de recuperação econômica, nem todos os players do setor cervejeiro tiveram a mesma sorte da Backus. Enquanto as vendas totais do mercado cresceram 5% e totalizaram 11,1 milhões de hec-tolitros naquele ano, a Ajeper (do gru-po Añaños), que comercializa as mar-cas Franca, Caral e Club Especial, reduziu sua participação de 3,2% para 0,8%. O outro ator é a Ambev (maior cervejeira do mundo), cujas marcas Brahma, Zenda e Stella Artois se man-tiveram estáveis.
“Entre os pontos fortes da Backus destaca-se o fato de ter 130 anos no mercado peruano e uma equipe de al-to nível”, afirma César Cáceres, dire-tor do Programa de Administração de Empresas da Universidade de Piura. “Além disso, a empresa tem três das marcas mais fortes do mercado, Cus-queña, Cristal e Pilsen.”
Segundo Patricia Mazuelos, sócia de Auditoria da Deloitte Peru, o suces-so da Backus deve-se ao fato de a cerve-ja ser uma bebida alcoólica acessível a todos os setores socioeconômicos. Di-ferentemente dos refrigerantes, em que a população das camadas mais baixas não tinha uma oferta de baixo custo (que foi atendida pelo grupo Añaños), a cerveja sempre teve um consumo
massivo popular, independentemen-te de seu custo. “Os consumidores das classes C e D compravam suas marcas de sempre, não importava se estavam gastando o dinheiro da comida”, afir-ma. “É uma questão cultural forte e de sabor. Além disso, o fato de ter adqui-rido várias marcas também ajudou a Backus a consolidar sua liderança.”
Para César Arbe, sócio do escritório Jorge Avendaño, Forsyth & Arbe Abo-gados, o mercado local de cerveja tem um componente de fidelidade, não de preços. A Backus soube manter isso. “Será preciso passar uma geração para que novos consumidores escolham ou-tras marcas, e o desafio da empresa es-tá em atraí-los ou criar produtos dife-rentes”, afirma.
Na opinião de Robert Priday Wood-worth, da Backus, o Peru é um país ba-sicamente cervejeiro. “Os ‘pisqueros’ dizem que o pisco é a bebida carro-che-
fe do Peru, mas as pessoas sabem que a preferência nacional é pela cerveja. Ao beber, 85% das pessoas escolhem uma cerveja”, afirma.
Embora as marcas da Backus te-nham mais de 90% de participação no mercado cervejeiro, no consumo to-tal de álcool sua participação cai pa-ra 50%. Woodworth e vários analistas atribuem isso ao alto nível de consumo de álcool informal. “Existe uma grande oportunidade para continuarmos cres-cendo, mas primeiro devemos erradi-car a venda do álcool informal no Peru, que tem uma das taxas mais altas da re-gião (30%). Além disso, nada é tributa-do”, afirma o executivo inglês.
Apesar de o álcool informal ser uma grande pedra no sapato dos fabri-cantes, o Peru abre cada vez mais gar-rafas e latas de cerveja. Segundo dados
da consultoria local Maximixe, o con-sumo per capita de cerveja subiu 3,9% em 2010, alcançando 41,8 litros por ano, o que se atribui ao bom momen-to da economia e à melhora do poder aquisitivo dos peruanos. Ainda assim, é um nível inferior ao de vários países da região, como México (61 litros), Bra-sil (57 litros), Argentina (44 litros) e Co-lômbia (43 litros).
Esse animador panorama transfor-mou a operação da SABMiller no Peru na segunda mais importante da região, superada apenas pela da Colômbia. Prova disso é o estudo “Bebidas alco-ólicas: uma tentativa de recuperação e a brecha regional dos grandes”, elabo-rado pela consultoria Euromonitor In-ternational. Segundo o levantamento, a indústria cervejeira peruana faturou cerca de US$ 3 bilhões em 2010, en-quanto no mercado colombiano esse montante chegou a US$ 6,26 bilhões.
Apesar disso, a região quer ter mais im-portância dentro da operação global da SABMiller. Segundo o relatório da em-presa do último ano, a América Latina representava 30% das receitas totais.
O peso do mercado peruano na estratégia regional da SABMiller foi demonstrado nas últimas eleições presidenciais. Enquanto parte do em-presariado local sumia na confusão e a Bolsa de Valores de Lima experi-mentava a pior queda de sua história, a Backus foi a primeira empresa a di-zer que o Peru teria um futuro promis-sor após a vitória do presidente eleito Ollanta Humala.
“O economista Pedro Pablo Ku-czynski afirma que, se desejamos saber a situação econômica do país, é preci-so ver a venda de cerveja – um excelente barômetro”, finaliza Woodworth.
Marca tradicional no país andino, aBackus tem 90,8% de participação
CRÍTICAS ÀS HIDRELÉTRICAS E ÀS USINAS NUCLEARES AJUDAM A AUMENTAR AS APOSTAS NOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEISCRISTINA SANTOS, DO RIO DE JANEIRO
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O clima foi incômodo durante aapresentação do planejamen-to energético brasileiro pa-
ra o período 2011-2020, realizada em 6 de junho. Na ocasião, o presidenteda Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, execu-tivo de confiança da presidente Dilma Rousseff, disse que os combustíveis fós-seis não tinham espaço na matriz ener-gética brasileira. Precisou desdizer.
O gás natural voltou a se destacar no cenário, o que, sem dúvida, terá re-percussão na geopolítica dos países da América do Sul. “O maior obstácu-
lo para o gás era o preço, que hoje mu-dou”, afirmou o presidente da EPE.
Até então, entendia-se que o gás natural, o diesel e a gasolina não entra-vam como insumo na geração de eletri-cidade. Os objetivos mudaram, já que o governo brasileiro se deu conta de que não pode depender exclusivamente da hidreletricidade.
“Tem havido uma crescente difi-culdade na concessão de licenças”, afir-mou Tolmasquim. “Se não há licenças para as hidrelétricas, é preciso introdu-zir termelétricas. Esse é um sinal da po-lítica energética.”
As manifestações trabalhistas con-tra as usinas dos rios Madeira, Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, a para-lisação judicial de Belo Monte, no Pará, o anúncio de que a Alemanha fechará suas centrais nucleares até 2022, tudo isso reduziu ainda mais as opções de energia no Brasil. Em suma, a alterna-tiva é o gás natural. “Haverá uma tran-sição da fonte de energia mais suja para outra mais limpa. O preço do gás ain-da tende a cair, o que trará mudanças à dinâmica na América do Sul”, afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraes-trutura (CBIE), Adriano Pires.
A EPE prevê um fornecimento po-tencial anual de 109 milhões de m3 de energia em 2011, que aumentará pa-ra 193 milhões de metros cúbicos (m3) daqui a nove anos, considerando a pro-dução do pré-sal. O Brasil aposta na operação das unidades de regasifica-ção do combustível – uma no Rio de Janeiro, com capacidade diária de 14 milhões de m3, e outra no Ceará, com 7 milhões de m3 por dia. Uma terceira unidade está em construção na Bahia. Em conjunto, as três unidades garanti-rão ao Brasil cerca de 35 milhões de m3 por dia, superando o volume atualmen-te comprado da Bolívia. A descoberta de importantes reservas no pré-sal tam-bém repercutiu na relação comercial entre Brasil e Venezuela. A Petrobras abriu mão da presença no campo de Cabrobó (PE), cuja produção era con-siderada estratégica.
Desde 2006, quando foi surpreen-dido pela ameaça de suspensão do for-necimento de gás da Bolívia, o Brasil tem investido em infraestrutura e ex-ploração em seu próprio território. A estatal Petrobras considera a possibi-lidade, inclusive, de instalar uma usi-na de liquefação em sua área de produ-ção para transportar grandes volumes extraídos desde o pré-sal até seus prin-cipais centros de consumo.
A intenção da empresa é produzir
A estratégia concentra-se no pre-ço. A YPFB argumenta que, no Brasil, o custo de extração do gás é cinco ve-zes mais alto que na Bolívia. Também existe a garantia de fornecimento con-tínuo. “Tivemos períodos difíceis. No entanto, a negociação foi satisfatória, e nunca faltou gás para o Brasil”, afir-mou Inchausti. Ele se refere a 2006, quando muitos bolivianos celebraram a nacionalização do recurso enquanto as empresas abandonavam o país. Co-mo consequência, a disponibilidade de gás para clientes como a Argentina foi drasticamente reduzida, obrigan-do os consumidores a recorrer a Trini-dad e Tobago.
Inchausti considera a necessidade de instalação de equipamentos de com-pressão ao longo do gasoduto Bolívia-Brasil para aumentar a capacidade atu-al da rede de 31 milhões de m3 por dia para até 48 milhões de m3 diários, vo-lume previsto no projeto original. Para fazer frente a um possível crescimento da demanda interna no Brasil e na Ar-gentina, a Bolívia está disposta a au-mentar sua produção de 45 milhões de m3 diários para 70 milhões. Desse to-tal, 13 milhões de m3/dia seriam con-sumidos internamente. O volume res-tante seria exportado para os países vizinhos. Parece muito, mas a Bolívia confia no investimento, não apenas da
YPFB, mas também da Pe-trobras, da Repsol, da fran-cesa Total e da Gazprom, da Rússia.
Os bolivianos apostam que uma parte significati-va dos fundos destinados à geração nuclear migre para o gás natural, como conse-quência do “efeito Fukushi-ma”. “Com as usinas de li-quefação, o gás se transfor-mou em uma commodity”,afirma Pires, do CBIE. Parao executivo, a palavra-chaveé integração. “Logo os pa-íses da América do Sul não poderão ser vistos isolada-mente”, afirma.
202 milhões de m3 por dia em 2020, sendo 182 milhões no Brasil e 20 mi-lhões no exterior, segundo o último plano de investimentos da empresa. Para garantir a infraestrutura e a logís-tica no transporte de energia até o lito-ral, sem a necessidade de apelar para uma complexa e inflexível rede de ga-sodutos, a Petrobras conduz um estudo com três de suas parceiras – a espanho-la Repsol, a britânica BG e a portugue-sa Galp, que, em conjunto, avaliarão a viabilidade da usina de liquefação de combustível para operar perto dos campos de produção. A expectativa é que a oferta supere o consumo brasi-leiro e haja um excedente de até 24 mi-lhões de m3 por dia em 2020, dependen-do do consumo das centrais térmicas.
DÚVIDA BOLIVIANAEntão, qual será o futuro da tubulação de 3.150 quilômetros que estreitou as relações entre Brasil e Bolívia? A pe-troleira boliviana YPFB está atenta ao cenário e começará a negociar com a Petrobras a prorrogação do contrato de fornecimento, atualmente limita-do a 31 milhões de m3 diários, que ex-pira em 2019. O presidente da YPFB Transporte, Cristian Inchausti, esteve no Brasil em maio deste ano, para es-treitar contatos com executivos da es-tatal brasileira.
N.D. –Não Divulgado; (1) Estimativa *ROE – Retorno sobre Patrimônio; **ROA – Retorno sobre Ativo; *** Posição no ranking geral
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98 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
SETOR ENERGIA
GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO
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APAGÃO EM SÃO PAULO,
EM 2009: UM SETOR CHEIO DE
FRAGILIDADES
I ndefinição é a palavra de ordem, ho-je, para o setor elétrico brasileiro. O país não sabe qual será o seu futuro,
e, até 2015, ninguém terá uma resposta segura, apenas palpites. É neste ano que vencerão os prazos de concessões de par-te do parque gerador de energia do Brasil e das distribuidoras. O governo terá de decidir se as permissões serão renovadas ou se haverá novas licitações.
A dúvida impacta no apetite de in-vestir das empresas. “É arriscado fa-zer aportes em algo que você não sabe se continuará a operar”, afirma Cristia-ne Mancini, analista de energia da con-sultoria Lafis.
Por enquanto, a única certe-za no âmbito das renova-ções é quanto à redução de tarifas. Segundo o gover-no, como parte dos inves-timentos já estará amorti-zada em 2015, diminuir os preços é uma consequên-cia natural. O que é bom para o consumidor, porém, signi-fica queda na margem de lu-cro das empresas. “Somado a isso está um custo maior com os seguros”, diz Cristiane.
A mistura é explosi-va para um país com os ní-veis de crescimento do Bra-sil, que será sede de dois
importantes eventos nos próximos cinco anos. Vale lembrar que o paíssofreu com diversos apagões ao longo desta década. O último aconteceu em fevereiro deste ano e deixou parte da Região Nordeste às escuras.
Alguns especialistas afirmam que a origem das falhas no fornecimento de energia está em investimentos menores do que a necessidade. Com o consumo crescendo a taxas maiores que a geração – enquanto o primeiro aumenta 2,9% ao ano, o outro tem acréscimo de 2,2% –, a situação tende a piorar. Segundo relatório do Banco Fator, o consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 4,1% no primeiro trimestre deste ano,
na comparação com o mesmo período de 2009. De 2000 pra cá, o uso de ener-gia pelo brasileiro aumentou 36%.
O risco de futuros apagões, na ava-liação de Cristiane, da Lafis, pode ser dirimido com a ativação das termelétri-cas que estão paradas atualmente. Ou-tra boa notícia para o setor são os inves-timentos feitos em energias renováveis, principalmente a eólica. Dos R$ 24,9 milhões que o BNDES (Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Econômico e Social) tem disponíveis para financiar projetos de energia neste ano, R$ 4 mi-lhões terão como destino os parques eólicos. Pode ser o prenúncio de bons ventos para o Brasil.
INDEFINIÇÃO SOBRE AS CONCESSÕES NO SETOR ELÉTRICO DEIXA EMPRESAS BRASILEIRAS APREENSIVAS
ENERGIA
RK 2010 EMPRESA PAÍS VENDAS 2010
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1 COMISÍON FEDERAL DE ELECTRIDAD MÉX 20.601,3 21,9 65,5 -28,0 0,2 0,1 0,3 13
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100 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
SETOR ENERGIA
JENNY C. GONZÁLEZ, DE BOGOTÁ
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U ma viagem de 2.400 quilôme-tros pela geografia e biodiver-sidade de seis estados brasi-
leiros começa neste mês. Trata-se do projeto do consórcio IE Madeira, que conectará, por meio da construção do linhão de transmissão, as usinas hidre-létricas de Jirau e Santo Antonio, em Rondônia, à rede nacional.
Segundo Jorge Tagle, vice-presi-dente executivo da Nexans para Amé-rica do Sul (a empresa que fabrica os cabos), é a maior obra de intercone-xão elétrica do mundo em construção atualmente: transmitirá cerca de 3.150 MW, isto é, 9% da demanda de ener-gia do Brasil.
O consórcio IE Madeira é formado por Furnas Centrais Elétricas (24,5%), Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e CTEEP (Companhia de
Transmissão de Energia Elétrica Pau-lista). Aparentemente, trata-se de um triunvirato eminentemente brasilei-ro. No entanto, esta última, que possui 51% de participação, é filial da Interco-nexión Eléctrica S.A. (ISA), uma mul-tinacional colombiana que vem cres-cendo a uma voltagem que ultrapassa seu negócio tradicional em distribuição elétrica. Nos últimos dez anos, passou de US$ 1,8 bilhão em ativos (1999) pa-ra US$ 14,3 bilhões (2010).
A ISA deu de ombros ao adágio popular colombiano “o sapateiro com seus sapatos”, assumindo o desafio de transitar por negócios diferentes de sua vocação original. “Nossa estratégia contempla o crescimento e a consolida-ção nos negócios atuais, mas também prevê a incursão em novos negócios que garantam rentabilidades para ge-rar valor aos nossos acionistas”, afirma Luis Fernando Alarcón, gerente geral da ISA. “Apostamos em um crescimen-to ordenado e na entrada em setores em que consideramos possível desen-volver vantagens competitivas.”
Com um portfólio de cinco negó-
cios, nos quais atua por meio de 28 em-presas, a ISA é uma das maiores trans-portadoras internacionais de energia elétrica na América Latina, operando uma rede de alta tensão de 38.989 km de circuito, na Colômbia, no Peru, na Bolívia e no Brasil, além das intercone-xões entre Venezuela e Colômbia, Co-lômbia e Equador, e Equador e Peru.
Por meio de sua filial Internexa, construiu uma densa infraestrutura de conectividade em telecomunicações no Brasil, na Argentina, no Peru e no Mé-xico, de cerca de 18.000 km de exten-são, aproximadamente. Nos países do Pacífico, Chile e Peru, seu objetivo é captar 35% do mercado não atendido.
Na América Central, a ISA tem uma participação acionária de 11,11% na Empresa Propietaria de la Red (EPR), constituída pelo Sistema de In-terconexión Eléctrica de los Países de América Central (Siepac), e compar-tilha com a Empresa de Transmisión Eléctrica S.A. (Etesa) a propriedade da Interconexión Eléctrica Colombia-Pa-namá (ICP). Além disso, trabalha em parceria com a rede Redca para unir as
AltavoltagemEM DEZ ANOS, A COLOMBIANA ISA PASSOU DE UMA DISTRIBUIDORA LOCAL DE ELETRICIDADE A UMA MULTILATINA DIVERSIFICADA DE ENGENHARIA
emitida, tem mostrado uma tendência de alta”, afirma Jiménez. “O desempe-nho reflete as boas perspectivas da em-presa sobre o comportamento futuro.”
“O balanço positivo de nossos ne-gócios apoia-se na gestão organizacio-nal, que permite otimizar recursos e transferir as melhores práticas e siner-gias, liderada por uma equipe compro-metida com o desempenho de nossas empresas”, afirma Alarcón.
Para Jiménez, o desafio do grupo em seu país de origem será a Autopis-ta de la Montaña, em função das difi-culdades enfrentadas pelo setor na Co-lômbia – não apenas pelos escândalos de corrupção nas contratações, mas pelos questionamentos ao esquema de concessões. Ele acredita que a empre-sa está depositando grande parte de seu prestígio nesse projeto, pois terá de se esforçar muito para acabar com a im-pressão negativa que parte da opinião colombiana tem sobre o sistema de concessões. “Conseguir reverter esse conceito e essa percepção é um desafio extremamente interessante”, afirma.
Em âmbito consolidado, a meta é chegar a US$ 3,5 bilhões de receita anual em 2016, dos quais 80% deverão ser gerados fora da Colômbia e 20% em negócios diferentes da transmissão de energia. Um desafio que não é peque-no. Entre os projetos novos estão várias linhas de transmissão no Peru e inves-timento de US$ 1,350 bilhão no Brasil, por meio da CTEEP. São negócios de alta voltagem.
Andrés Jiménez, diretor interna-cional da corretora InterBolsa, sustenta que é interessante a alavancagem feita pela empresa a partir de sua experiên-cia para chegar a outros setores. “In-cursionar na construção de rodovias é extremamente positivo. Isso tem um fa-tor grande de crescimento potencial.”
ACIONISTAS CONTENTESA ISA completou dez anos desde seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). Hoje, tem 51.204 acionis-tas. Durante esse tempo, a ação valo-rizou-se 1.559%, fechando o ano pas-sado a US$ 7, ou 8,63% a mais que em 2009. A companhia obteve recei-tas operacionais de US$ 1,9 bilhão em 2010, um crescimento de 6,2% em rela-ção ao ano anterior.
“É uma ação que, desde que foi
telecomunicações da América Central e do Sul, mediante um cabo de fibra óp-tica de 1.800 km, que integrará o Méxi-co e a Colômbia, passando por seis paí-ses centro-americanos.
O salto para a diversificação dos negócios da ISA veio com a incursão em concessões viárias, no fim de 2009, quando adquiriu 60% da Cintra Chile, principal operadora do setor viário do país austral, com 907 km de rodovias. Depois, iniciou o projeto Autopistas de la Montana, na Colômbia, compos-to por quatro corredores viários, que te-rão uma extensão de 1.251 km.
Na Colômbia, há rumores sobre a possibilidade de a ISA incursionar também no transporte de gás (um dos negócios quentes na América Latina). No entanto, a empresa afirmou não ter nada de concreto sobre o assunto.
N o dia 13 de maio, na Plaza Na-vona, em Roma, reluzia um enorme cartaz pintado à mão
que dizia “Patagonia senza dighe” (Pata-gônia sem represas). Atrás dele, deze-nas de pessoas pediam à empresa ita-liana Enel que não prosseguisse com o projeto hidrelétrico da HidroAysén, que contempla cinco centrais, com re-servatórios de 5.910 hectares, no sul do Chile. Junto dos protestos, um grupo da ONG chilena Patagonia sin Repre-sas iniciava um forte lobby com o Esta-do italiano, dono de 30% da empresa, além de bancos e agentes financeiros. O objetivo: convencê-los de que pode-ria ser contraproducente para eles fi-nanciar a iniciativa.
A articulação dos ambientalistas
aproveita uma tendência cada vez mais forte no mundo financeiro internacio-nal. Depois da crise de 2008, da qual saíram com uma imagem bastante da-nificada, os grandes bancos estão cada vez mais receosos em apoiar iniciativas questionadas social ou ambientalmen-te. Já são 72 as instituições financeiras no mundo (o único chileno é o Corp-banca) que assinaram os Princípios do Equador, uma espécie de guia de autor-regulamentação, nascido há oito anos, para que os banqueiros avaliem o fi-nanciamento de projetos a partir de cri-térios de sustentabilidade, incorporan-do a análise de risco ambiental.
A HidroAysén deverá negociar es-sas fragilidades socioambientais para obter os US$ 7 bilhões necessários pa-
ra construir as represas na Patagônia e fazer o cabeamento elétrico que distri-buirá os 2.700 MW gerados para o res-tante do Chile.
Apesar de ter conseguido o sinal verde em todas as instâncias regulado-ras chilenas, o relatório European Banks Financing Controversial Companies, pu-blicado em 2009, elaborado pela fun-dação internacional Profundo, não foi nem um pouco favorável à empresa chilena. O estudo menciona o projeto da HidroAysén entre as 16 iniciativas envolvidas em problemas como abusos de direitos humanos, contaminação do meio ambiente e investimentos em pa-íses com regimes repressivos que rece-beram financiamento de bancos euro-peus desde 2005.
O difícil financiamento
ENCONTRAR RECURSOS PARA O MEGAPROJETO HIDRELÉTRICO CHILENO PODE NÃO SER UMA TAREFA FÁCIL
ra 250 mil toneladas. Grupos defenso-res do meio ambiente dizem que a pro-dução de salmão chilena foi feita com precárias condições sanitárias. A cri-se obrigou uma massiva e difícil rene-gociação com os bancos. O Banco do Chile foi uma das entidades que lidera-ram o processo de reestruturação dos passivos das empresas.
COMPASSO DE ESPERAÉ difícil prever o resultado da campa-nha dos ambientalistas contra o proje-to hidrelétrico da HidroAysén, princi-palmente porque nem todos os bancos consideram sua imagem pública um ativo. “Sempre há financiadores ines-crupulosos para projetos que têm im-pactos bastante relevantes”, afirma Orrego, da ONG Ecosistemas. E cita como exemplo a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que não é uma aposta segura, pois também experimenta um lobby ambiental de peso, com o envol-vimento de entidades e personalidades nacionais e internacionais.
A Organização dos Estados Ame-ricanos (OEA), em nome da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), solicitou ao governo brasi-leiro, que possui 49,9% do projeto por meio da estatal Eletrobras, em carta enviada no início de abril, a suspen-são imediata da concessão, argumen-tando que a obra representa sérios ris-cos para os povos indígenas da região do rio Xingu.
Na hora de partir em busca de fi-nanciamento, a HidroAysén e outros megaprojetos do gênero terão de en-frentar um cenário no qual tudo o que se refere a políticas de desenvolvimen-to sustentável chegou ao mundo finan-ceiro e aos bancos.
de road show com financiadores, mas Fernández assegura que vários bancos internacionais procuraram a empresa para oferecer seus serviços. “Dissemos a eles que ainda não é o momento”, afirma. “Devemos ter todas as aprova-ções e, em 2014, os acionistas vão to-mar uma decisão de investimento em função de todas as licenças do modelo financeiro que nós propusemos e tam-bém da estrutura final de custos.”
O ex-presidente do The Royal Bank of Scotland Chile e atual sócio da con-sultoria Abaco, Víctor Toledo (que também é integrante da diretoria de AméricaEconomia no Chile), afirma que o mercado de capitais assimilou que a boa gestão ambiental e social está dire-tamente relacionada a um menor risco na concessão de crédito. “Uma empre-sa que não opera sob esses princípios gera para o banco dois riscos adicio-nais: de imagem e de portfólio.”
Fernández, da HidroAysén, afirma que, se forem resolvidos todos os ques-tionamentos ambientais e sociais antes de se pedir o financiamento, esse risco não deve transpassar para o crédito. “Aqui, os investidores competirão pa-ra financiar este projeto, e nós teremos a possibilidade de escolher a melhor ta-xa e as melhores condições.”
Os bancos chilenos têm experiên-cias recentes em financiar iniciativas pouco sustentáveis, com maus resul-tados para seus balanços. Um deles é o caso da salmonicultura no sul do país, uma emergente indústria exportadora que chegou a produzir 650 mil tonela-das em 2008. Depois de dois anos, os produtores se viram duramente golpe-ados pela propagação do vírus letal da anemia infecciosa do salmão (o ISA), e a produção caiu 61,53% em 2010, pa-
MANIFESTANTE PROTESTA CONTRA O PROJETO HIDRELÉTRICO DA HIDROAYSÉN
NA PATAGÔNIA CHILENA
“Tivemos reuniões com dois dos principais bancos [os italianos Intesa San Paolo e Unicredit] que emprestam dinhei-ro à Enel”, afirma o coordenador inter-nacional do Conselho de Defesa da Pa-tagônia (CDP) e presidente da ONG Ecosistemas, Juan Pablo Orrego. “Am-bos disseram que o mercado não está para projetos como o da HidroAysén”. Segundo ele, grupos ambientalistas também estão trabalhando no Canadá para dissuadir a empresa Transelec de se envolver com a HidroAysén. A com-panhia é a mais provável interessada em desenvolver a linha de transmissão.
Por sua vez, o vice-presidente exe-cutivo da HidroAysén, Daniel Fernán-dez, confia na solidez do projeto. Seus executivos ainda não iniciaram a etapa
Após a crise de 2008, da qual saíram com uma imagem bastante danificada, os grandes
bancos estão mais receosos em apoiar iniciativas questionadas ambientalmente
OS VEÍCULOS ELÉTRICOS SERIAM UMA SOLUÇÃO PARA A POLUIÇÃO NAS GRANDES CIDADES DA AMÉRICA LATINA. MAS SUA DISSEMINAÇÃO NÃO SERÁ TÃO RÁPIDAMARCO ROBLES, DA CIDADE DO MÉXICO
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Um futuroplugado?
A eletricidade é parte fundamen-tal de nossa vida. Basta olhar em volta e ver nossa depen-
dência das coisas mais prosaicas, co-mo carregar o celular ou aquecer uma lasanha congelada no micro-ondas. As baterias parecem estar dominando o mundo. Seremos nós, no futuro, de-pendentes da energia também na hora de abastecermos o carro? O que se sabe até agora é que sua chegada aos moto-res dos veículos será mais lenta.
Os principais fabricantes já têm veí-culos com essas características (ou têm projetos em fase de desenvolvimento), prometendo reduzir a pegada de carbo-no e aumentar a eficiência e a comodi-dade nos traslados dos consumidores.
Estados Unidos, Europa e Japão são os três principais mercados que as montadoras estão mirando. Mas o que acontece na América Latina? Já exis-tem alguns convênios para que esses modelos desembarquem na região nos próximos meses. Por exemplo, México e Brasil têm acordos governamentais
firmados com a Nissan, para a chega-da do Leaf, um hatchback elétrico lan-çado nos Estados Unidos em 2010. Há algumas semanas, a empresa japonesa inaugurou uma estação de recarga em Santiago, no Chile.
São Paulo receberá uma frota de 50 automóveis para uso governamen-tal. No México, o governo contará com 100 unidades a partir de outubro deste ano e se comprometeu a desenvolver a infraestrutura necessária para recarre-gar as baterias.
de gasolina e etanol (ou apenas com ga-solina ou etanol), dependendo do preço e da preferência do condutor.
“No Brasil, o uso do etanol pode re-duzir em até 90% a emissão de CO2
em relação à gasolina”, afirma Carlos Eu-genio Dutra, diretor de Exportações da Fiat América Latina. “Em muitos pa-íses latino-americanos introduzimos o conceito de downsizing, que significa reduzir o tamanho do motor, baixar as emissões, mas aumentar a potência pa-ra manter o desempenho.”
Esse conceito começa a ser usado por montadoras como a Ford e a BMW. A ideia, com essa tecnologia, é garan-tir a mesma potência, com menos con-sumo de combustível e menor emissão de poluentes.
“O desenvolvimento tecnológico está no caminho de otimizar ao máxi-mo o automóvel, sem importar o tipo de motor utilizado”, afirma Argüelles. “Na BMW, temos o efficient dynamics, um programa global que atua na ae-rodinâmica do automóvel, a partir de pneus de baixa resistência à rodagem, direção elétrica e freio regenerativo, no qual o alternador recarrega a bateria quando o automóvel está desaceleran-do. O motor a gasolina tradicional ain-da tem muitíssimo o que oferecer em termos de redução de consumo e emis-sões”, detalha o executivo.
Já as diferenças entre os motores
de combustão interna e os elétricos são abissais. Enquanto com um tan-que de gasolina é pos-sível percorrer cerca de 500 quilômetros, um pacote de baterias con-segue deslocar o auto-móvel por apenas 150 quilômetros. Sem levar em conta o tempo de re-carga: um veículo elé-trico conectado a uma rede de corrente de 120 volts demora cerca de 8 horas para carregar completamente.
“A diferença entre uma bateria e o combustível é que quase todo o combustível é energia, enquanto a bateria é um dispositivo eletroquímico que exige um controle delicado da temperatura e de compo-nentes, e que se deteriora com o passar do tempo”, afirma Agüelles, da BMW. “A bateria tem uma vida útil e, pouco a pouco, vai perdendo capacidade. Em um automóvel elétrico, talvez seja pre-ciso substituir o jogo de baterias depois de seis ou oito anos. O custo disso pode ser mais elevado do que o valor de re-venda do veículo no mercado de semi-novos”, completa.
A temperatura também é uma questão importante para os automó-veis a bateria, já que o calor e o frio afe-tam o desempenho dos acumulado-res. Por isso, também se deve trabalhar a fundo nos sistemas de resfriamento e aquecimento, sobretudo em regiões com invernos e verões rigorosos.
Até agora, o Volt conseguiu unir o melhor dos mundos: é um carro elétri-co capaz de rodar só com baterias por até 50 quilômetros. Para trajetos maio-res, ativa um motor a gasolina, que ge-ra eletricidade para recarregar as bate-rias e percorrer mais 550 quilômetros.
“Não acreditamos em um futuro X ou Y, mas sim em diferentes matrizes, alternadas de acordo com a disponibi-lidade energética de cada local”, afirma Dutra, da Fiat.
AUTOMOTIVO
RK 2010 EMPRESA PAÍS
VENDAS 2010 US$ MILHÕES
VARIAÇÃO VENDAS
10/09 (%)
LUCRO LÍQ. 2010 US$ MILHÕES
VARIAÇÃO LUCRO
10/09 (%)
ROE* (%)
ROA** (%)
MARGEM LUCRO
LÍQ. (%)
RK*** 2010
1 VOLKSWAGEN BRA 13.594,4 11,4 N.D. - - - - 28
2 GENERAL MOTORS DE MÉXICO (1) MÉX 12.850,0 11,9 N.D. - - - - 31
3 FIAT AUTOMÓVEIS BRA 12.405,3 4,9 970,6 2,4 82,6 13,9 7,8 32
4 FORD MOTOR COMPANY (1) MÉX 9.797,9 72,0 N.D. - - - - 44
10 MAN LATIN AMERICA BRA 4.528,8 98,7 N.D. - - - - 113
garão à América Latina com preços elevados, sobretudo em virtude dos impostos de importação. A General Motors já anunciou que começará a vender o Volt na Argentina a cerca de US$ 60 mil, enquanto nos Estados Uni-dos ele é oferecido por pouco mais de US$ 32 mil.
“Nós acreditamos que o automóvel elétrico não substituirá completamente o carro a gasolina ou o híbrido”, afirma Julián Argüelles, subgerente de Treina-mento Técnico da BMW no México. “O que esperamos é que haja uma con-vivência entre as tecnologias.” O exe-cutivo reconhece que até em mercados desenvolvidos ainda falta muito em re-lação à infraestrutura de recarga.
A América Latina deveria ser um dos destaques na utilização da eletro-mobilidade, dados os altos níveis de contaminação do ar em grandes cen-tros, como Cidade do México, San-tiago e São Paulo, as distâncias per-corridas diariamente, a densidade do tráfego e a topografia das cidades. Mas o alto preço dos modelos é incompatí-vel com a renda média da região.
Grande parte dos esforços da in-dústria automobilística se concentra, atualmente, na redução das emissões de poluentes e no consumo de combus-tível. Por exemplo, 99% dos motores que a Fiat comercializa no Brasil são flex – podem funcionar com a mistura
*ROE – Retorno sobre Patrimônio; **ROA – Retorno sobre Ativo; ***Posição no ranking geralN.D. - Não Divulgado; (1) Estimativa
A Cemex não paraA FABRICANTE DE CIMENTOS MEXICANA TEM PROJETOS NO MUNDO TODO E COBIÇA ONDE MAIS SE CONSTRÓI: NA ÁSIA
DAVID SANTA CRUZ, DA CIDADE DO MÉXICO
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H á dez anos, Lorenzo Zambra-no era considerado o segundo homem mais rico do México.
Sua empresa, a Cemex, estava entre as cinco primeiras do país. Hoje, ocupa o 24º lugar no ranking de AméricaEcono-mia, tem US$ 66 milhões em dívidas que estão para vencer neste ano e de-ve pagar US$ 360 milhões pelos ativos de sua parceira nos Estados Unidos, a Ready Mix.
Apesar disso, a empresa centená-ria se mantém à frente do setor, em que disputa com a Holcim Apasco o segun-
A CEMEX VAI FORNECER
CIMENTO PARA A HIDRELÉTRICA
REVENTAZÓN, NA COSTA RICA
do lugar. Esse paradoxo é simples de explicar, segundo Alejandro Ascen-cio, gerente de Inteligência da empre-sa de informações financeiras Infosel. “Assim como todas as fabricantes de cimento do mundo, ela enfrenta uma redução mundial da demanda, resul-tado da crise hipotecária de 2008 nos Estados Unidos e pela instabilidade no Oriente Médio, onde a Cemex esta-va crescendo.”
O impacto é direto, já que 22% das vendas da empresa são feitas no vizi-nho do norte, onde a Cemex aumentou
sua participação de mercado em 2007 – um ano antes da crise –, ao adqui-rir a empresa australiana Rinker porUS$ 15,5 bilhões.
Com 85% de suas receitas no merca-do externo, a Cemex também foi preju-dicada pela expropriação na Venezuela. Como disse o professor Roberto Sán-chez de la Vara, coordenador do cur-so de mestrado em Administração da Universidade Ibero-Americana, “foi mais um roubo que a afetou momenta-neamente, mas um prejuízo maior pa-ra a Venezuela”. O preço das ações da
Cemex caiu nesse período, mas voltou a subir. E a produção perdida na Vene-zuela foi retomada em outras fábricas.
A VOLTA AO MUNDOApesar de tudo, a Cemex não para. Em março, a empresa foi escolhida como a fornecedora principal para a cons-trução da primeira etapa da usina hi-drelétrica Reventazón, na Costa Rica. O investimento estimado é de US$ 1,2bilhão. Na Colômbia, a empresa fe-chou um contrato para pavimentar pouco mais de 28 mil metros quadra-dos de vias para o Usme Ciudad Futu-ro, um dos projetos urbanísticos mais ambiciosos de Bogotá, no sul da capi-tal. E, no Panamá, a Cemex fornece-rá 500 mil toneladas de cimento para a ampliação do canal.
Além disso, segundo um relatório da corretora mexicana Ixe, a capaci-dade instalada de produção de cimen-to da Cemex na Ásia é de 5,7 milhões
rá um dos edifícios mais altos da Ásia.“Continuamos fazendo os ajustes
operacionais necessários”, informou a empresa em seu relatório anual de 2010. “De fato, ao mesmo tempo em que cumprimos todos os nossos com-promissos financeiros, atingimos nos-sa meta de reduzir custos em US$ 150 milhões neste ano.”
De 2007 a 2011, a Cemex demitiu cerca de 23 mil funcionários como parte dos “ajustes operacionais necessários” apontados no relatório – equivalente a 33% de seu quadro total após a compra da Rainker nos Estados Unidos. A esses números se soma uma redução global de 6%, anunciada em junho passado.
“A Cemex não para, está plena-mente ativa em todas as áreas que pre-cisa”, afirma Ascencio, da Infosel. “E não estar parada significa continuar oferecendo seus produtos, mantendo uma estratégia de crescimento nos paí-ses que precisam de cimento.”
de toneladas por ano, e, em 2010, a em-presa vendeu quase 4,5 milhões para a região. “Diante da expectativa de uma maior demanda de cimento no Japão [por causa do tsunami], a Cemex pode-ria aumentar seu volume de vendas em 21,1% na região”, afirma.
Na Alemanha, a Cemex fechou um expressivo contrato para fornecer 36 mil metros quadrados de produtos de concreto pré-fabricado para a cons-trução do novo estádio do Mainz 05 (time da primeira divisão do Campeo-nato Alemão de Futebol), na cidade de Mainz. O estádio terá capacidade para 33,5 mil espectadores. Na França, fo-ram cerca de 27 mil metros cúbicos de concreto pré-misturado para uma fá-brica de aviões Airbus A350, perto da cidade de Toulouse.
Na China, a empresa fechou um contrato de fornecimento para o arra-nha-céu Gaoyin 117, na cidade de Tian-jin. Com seus 598 metros de altura, se-
MAC MARGOLIS é correspondente de longa data da revista Newsweek. Realiza reportagens sobre o Brasil, outros países da América Latina e os mercados emergentes, e já colaborou para diversas outras publicações, entre elas The Economist, The Washington Post e The Los Angeles Times.
N o início da década de 1970, o economista britânico E. F. Schumacher cunhou a frase “o pequeno é belo” e sacudiu o mundo. Para uma época sensibilizada
pelo meio ambiente, devota à descentralização e com ressaca do gigantismo, soou poesia. No campo de negócios, porém, ser pequeno sempre foi um suplício.
Da Bunge ao Grupo Bimbo, da Cemex à Embraer, a sorte da América Latina parece cada vez mais trilhada a portentos. Mas são as empresas pequenas e médias os heróis invisíveis, o tecido conectivo das nações em desenvolvi-mento. Em tempos fartos, geram oportunidades, empregos aos milhões e até inovações. Nas vacas magras, escoram as famílias e geram caixa de subsistência. Capilares, levam bens e serviços até os cafundós, irrigando mercados que as grandes empresas desprezam. Empresários micro e peque-nos lideram a reconstrução de Haiti e representam, talvez, a derradeira esperança para salvar a economia de Cuba.
Pena que nadam na pororoca. Ser empreendedor não é fácil na América Latina. Basta analisar o caso do Brasil, o emergente titular das Américas, que está entre os piores paí-ses no mundo para se fazer negócios, ocupando a 127a posição entre 183 nações, segundo o ranking do Banco Mundial. Aos pequenos empreendedores, faltam incentivos e crédito com prazos e juros amenos, enquanto sobram burocracia, fisca-lização e impostos. O BNDES pode ser uma mãe, mas não tem filho pequeno. Quando a economia patina, as pequenas e médias empresas são as primeiras a sentir. Com a inflação e os juros novamente em alta no país, as pequenas empresas lideraram o número de pedidos de falências em maio.
Nos países ricos, o papel das médias e pequenas empresas está consagrado: geram metade do PIB (Produto Interno Bruto) e dois de cada três empregos. Por aqui, sua presença é ainda maior: representam 98% das 17 milhões de empresas latinas e sustentam seis em cada dez empregos, segundo o
BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Mas são infinitamente mais fracas. Na década de 1960, o trabalhador na América Latina produzia um quarto de seu par america-no; hoje, sua produtividade é de um sexto da americana.
Após uma década de reformas estruturais, a América Latina renasceu. Na ponta da pirâmide, as grandes empresas ganharam asas e viraram players na economia global. Na base, políticas sociais ousadas alçaram dezenas de milhões de pessoas acima da linha de miséria. Saudamos, com ra-zão, a ascensão das novas classes médias latinas, mas elas despontam como consumidoras, e não como produtoras. Faltam políticas para o miolo, justamente aquela camada que é celeiro global de empreendedorismo. São ricos de-mais para receber bolsa família ou microcréditos e pobres demais para conseguir financiamento a prazos e termos suaves. É o dilema do “missing middle” – a lacuna do meio –, segundo Thomas Dichter, ex-consultor do Banco Mundial especializado em políticas de desenvolvimento.
O problema não é a afamada alta taxa de mortalidade das pequenas empresas. Nascer, fraquejar e morrer faz parte do ciclo de negócios, um processo essencial para “selecionar” os empreendedores viáveis dos fracos. O pequeno empreen-dedor não precisa de um pulmão artificial. Mas os governos podem muito mais para nivelar o inóspito campo de jogo.
O Brasil deu o pontapé em 2006, enxugando tributos e desatando trâmites pela Lei Geral da Micro e Pequena Em-presa, hoje com 5 milhões de adeptos. Criou ainda a figura do Empreendedor Individual, para aqueles com renda anual de até R$ 36 mil, uma boia de salva-vidas para os cerca de 11 milhões de empresários mergulhados na economia in-formal. É um bom começo. Para aproveitar melhor a onda de prosperidade, as promissoras economias do hemisfério precisam ajudar aqueles que podem melhor ajudar a todos. O belo também vem no manequim modesto.
N.D. N.D. - N.D. N.D. - - - N.D. NÃO E 5.939,1 63,6 PETROECUADOR.COM.EC
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 12 ECOPETROLA petroleira colombiana aumentou suas vendas em quase 20%
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 51 ESCONDIDAA mineradora chilena incrementou seus lucros em 35%, com uma margem líquida de 47%
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 103 COPERSUCARA brasileira fi cou em primeiro lugar em aumento de vendas: 128%
N.D. N.D. - 1.027,8 730,9 17,1 12,2 4,7 N.D. NÃO E - - RECOPE.GO.CR
N.D. N.D. - 2.282,6 1.181,7 14,6 7,6 6,5 5.000 NÃO P 771,4 29,0 COAMO.COM.BR
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 178 ARCOS DORADOSA força do fast-food na América Latina
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 248 INTELA planta costarriquenha é responsável por milhares de chips
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 257 AEROPUERTOS Y SERVICIOS AUXILIARESÀ espera da decolagem aeroportuária do México
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 312 MARCOPOLOA fabricante brasileira opera uma cadeia global de abastecimento que inclui a China
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 388 COPA AIRLINESA companhia aérea panamenha se consolidou como uma das maiores da região
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 411 GRUPO EMPRESARIAL ANGELESA empresa mexicana de serviços de saúde faturou cerca de US$ 1,3 bilhão em 2010
Ebitda - Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização; ROE - Retorno sobre Patrimônio; ROA - Retorno sobre Ativo; P = Privada; P* = Privada estrangeira; E = Estatal
Nº 471 GRUPO WONGUm varejista peruano bem posicionado para capitalizar o boom do consumo
T ome nota e compare. Uma em-presa média entre as 500 maio-res da América Latina tem uma
rentabilidade sobre ativos de 7,9%, um retorno sobre patrimônio de 17,2% e uma margem líquida de 10,5%. Qual foi o desempenho de sua empresa dian-te da média geral das maiores corpora-ções da América Latina? Possivelmente não tão mal. As taxas de rentabilidade das 500 são alguns dos indicadores nos quais o avanço não foi avassalador nos últimos anos.
Na edição anterior do ranking, as médias gerais foram de 7% para o ROA (Retorno sobre o Ativo), de 18% para o ROE (Retorno sobre o Patrimônio) e de 10% para a margem líquida. Qua-se as mesmas deste ano. Contudo, sem-pre há empresas que fogem à tendência e empurram as médias para cima. Tra-ta-se, principalmente, das brasileiras e das chilenas, que são as que lideram os rankings das 50 empresas com maior ren-tabilidade em suas diferentes variáveis.
As faces do lucroEMPRESAS DE MINERAÇÃO E HIDROCARBONETOS ESTÃO ENTRE AS MAIS RENTÁVEIS DA AMÉRICA LATINA
O Brasil tem 29 companhias en-tre as de maior rentabilidade por fun-cionário, enquanto o Chile tem dez. O Brasil tem 28 empresas entre aquelas com maior rentabilidade sobre patri-mônio, o ROE, e o Chile tem 12. O Bra-sil conta com 20 empresas entre aquelas com maior rentabilidade sobre ativos, o ROA, e o Chile tem 13. O Brasil tem 22 empresas entre as de maior margem líquida, e o Chile, 16. O Peru, que tem oito empresas entre aquelas com maior ROA e seis entre as de maior margem líquida, está um pouco atrás. As em-presas do México ganham importância quando o assunto é rentabilidade.
SUBSOLOA principal razão para a projeção de companhias chilenas e peruanas no ranking são os resultados conseguidos por suas mineradoras. As produtoras de cobre chilenas são as tradicionais ganhadoras em todos os rankings de rentabilidade e, embora neste ano te-
nham uma concorrência maior, con-tinuam no topo, apoiadas pelos preços do minério e anos de investimento pa-ra aumentar sua eficiência. A Escondi-da é um caso exemplar: a mineradora chilena operada pelo grupo BHP Billi-ton consegue lucros de quase US$ 1 milhão por funcionário contratado. A Anglo American Norte, a Pelambres e a Antofagasta Holdings são mine-radoras que estão seguindo pela mes-ma rota. As peruanas Southern Perú Copper Corporation, Barrick Misqui-chilca e Buenaventura são três daque-las que se posicionam também entre as mais rentáveis.
O caso brasileiro é mais complexo, pois suas empresas rentáveis represen-tam diferentes setores industriais, co-mo energia, comércio e meios de co-municação, como o Grupo Globo e a Editora Abril. Ou ainda novatas como a Cielo, a administradora de meios de pagamento que antes era conhecida co-mo VisaNet.
Gestão de excelência Mão de obraAs 50 mais rentáveis em relação às 500 (em %)
500
ROE
ROA
17,2%
7,9%26,2%
26,2%
24,2%34,8%
10,5%
49,2%
MARGEM DE LUCRO LÍQ.
MARGEM EBITDA
0 10 20 30 40 50
As 50 mais rentáveis por empregados por país
Brasil
Argentina
Colômbia
Brasil/Paraguai
ChileMéxicoPeru
30
2
1
1
1141
50 MAIS RENTÁVEIS
AE 401 mais rentveis.indd 2AE 401 mais rentveis.indd 2 01.07.11 20:01:5601.07.11 20:01:56
Julho, 2011 AméricaEconomia 135
FONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE
SUB-RK
2010EMPRESA PAÍS MARGEM
EBITDA %RK* 2010
1 BARRICK MISQUICHILCA PER 80,7 447
2 AES TIETÊ BRA 75,3 500
3 YARA BRASIL BRA 74,1 486
4 MINERA CERRO VERDE PER 74,0 231
5 COLLAHUASI CHI 72,8 135
6 GRUPO ISA COL 71,9 307
7 LOS PELAMBRES CHI 71,0 164
8 AUTORIDAD DEL CANAL DE PANAMÁ PAN 70,1 270
9 MINERA ZALDÍVAR CHI 67,8 479
10 SOUTHERN PERÚ COPPER CORP. PER 64,5 170
11 CIELO BRA 64,2 228
12 TRACTEBEL BRA 63,7 221
13 MINERA DEL PACÍFICO CHI 61,5 422
14 CHESF BRA 61,5 165
15 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 59,9 144
16 MINERA YANACOCHA PER 59,6 295
17 MINSUR PER 56,1 452
18 PACIFIC RUBIALES COL 55,5 343
19 VALE BRA 55,5 4
20 ANGLO AMERICAN SUR CHI 53,1 259
21 UTE URU 53,1 362
22 GRUPO MÉXICO MÉX 52,3 62
23 CANDELARIA CHI 52,0 384
24 ALL AMÉRICA LATINA BRA 51,0 339
25 CTEEP BRA 50,8 404
26 CESP BRA 50,4 319
27 PEMEX MÉX 50,1 2
28 CMPC CELULOSA CHI 49,2 389
29 BUENAVENTURA PER 47,1 482
30 MOVISTAR CHI 46,9 306
31 GASPETRO BRA 46,8 215
32 AMBEV BRA 45,9 22
33 TELEFÓNICA CHILE CHI 44,7 369
34 ENDESA CHI 44,7 99
35 FIBRIA BRA 43,7 143
36 CCR RODOVIAS BRA 43,4 187
37 CARBONES DEL CERREJÓN COL 41,4 237
38 ENTEL CHI 40,8 235
39 TELÉFONOS DE MÉXICO MÉX 40,5 52
40 BAVARIA COL 40,2 219
41 CSN BRA 40,2 57
42 TELEFÓNICA DEL PERÚ PER 40,1 204
43 AMÉRICA MÓVIL MÉX 40,0 5
44 DURATEX BRA 39,7 342
45 COPASA BRA 39,3 281
46 OI MÓVEL BRA 38,8 100
47 TELEFÔNICA BRASIL BRA 38,4 25
48 GRUPO TELEVISA MÉX 38,3 109
49 OHL BRASIL BRA 38,2 414
50 MOVISTAR PER 38,0 406
Ma
rg
em
EB
ITD
A
Capital rentável
Ativos circulantes
O clube dos vencedores
As 50 com maior ROE por país
As 50 com maior ROA por país
As 50 com maior margem de lucro líquido por país
Brasil28
1
4
3
1 1
12
Argentina
Venezuela Colômbia
Chile
México
Peru
Brasil
Argentina
Panamá
Colômbia
Chile
México
Peru13
20
22
1
1
1
16
36
2
5
8
1
1
Brasil
Uruguai
Panamá
Colômbia
Chile
México
Peru
*Posição no ranking geral
AE 401 mais rentveis.indd 3AE 401 mais rentveis.indd 3 01.07.11 20:02:1601.07.11 20:02:16
136 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
MAISRENTÁVEIS
Re
tor
no
s s
ob
re
pa
trim
ôn
io
SUB RK
2010EMPRESA PAÍS
% LUCRO SOBRE PA-TRIMÔNIO
RK* 2010
1 CHEVRON PETROLEUM COL 91,7 352
2 ANGLO AMERICAN NORTE CHI 87,9 269
3 CPFL BRA 86,0 168
4 CIA. BRAS. DE METALURGIA E MINERAÇÃO BRA 83,4 321
5 GRUPO ABRIL BRA 82,7 301
6 FIAT AUTOMÓVEIS BRA 82,6 32
7 ESCONDIDA CHI 79,6 51
8 MOVISTAR PER 76,6 406
9 CPFL PIRATININGA BRA 76,0 377
10 LOJAS AMERICANAS BRA 68,4 88
11 MINERA CERRO VERDE PER 68,0 231
12 NATURA BRA 59,2 175
13 VOTORANTIM CIMENTOS BRA 59,1 107
14 EDITORA ABRIL BRA 58,8 429
15 GLOBO COMUNICAÇÕES E PARTICIPAÇÕES BRA 57,8 84
16 SOUTHERN PERÚ COPPER CORP. PER 57,0 170
17 SOUZA CRUZ BRA 52,1 163
18 KIMBERLY CLARK DE MÉXICO MÉX 51,1 260
19 MINERA DEL PACÍFICO CHI 48,6 422
20 LOS PELAMBRES CHI 46,4 164
21 NOVARTIS BRA 45,0 469
22 COLLAHUASI CHI 43,1 135
23 ODEBRECHT BRA 42,6 8
24 COMGÁS BRA 42,1 222
25 CODELCO CHI 41,4 20
26 FRESNILLO PLC MÉX 39,9 381
27 CANDELARIA CHI 39,8 384
28 COELBA BRA 39,8 202
29 CAP CHI 38,9 274
30 ENTEL PCS CHI 38,6 309
31 SOTREQ BRA 38,0 356
32 WHIRLPOOL BRA 37,9 115
33 AES TIETÊ BRA 37,2 500
34 ELETROPAULO BRA 36,1 87
35 MINERA ZALDÍVAR CHI 35,3 479
36 TELÉFONOS DE MÉXICO MÉX 35,0 52
37 COELCE BRA 34,8 329
38 ELECTROLUX DO BRASIL BRA 34,6 241
39 FEMSA MÉX 34,3 26
40 BANDEIRANTE ENERGIA BRA 33,9 401
41 CANTV VEN 33,6 167
42 CSN BRA 33,0 57
43 ELEKTRO BRA 32,9 268
44 USINA COSTA PINTO BRA 32,5 448
45 LAN CHI 32,4 118
46 MOLINOS RÍO DE LA PLATA ARG 32,4 205
47 MINERA EL ABRA CHI 31,3 473
48 NORBERTO ODEBRECHT BRA 31,2 45
49 AMBEV BRA 31,0 22
50 MARCOPOLO BRA 31,0 312
Re
tor
no
so
br
e v
en
da
s SUB RK
2010EMPRESA PAÍS
% LUCRO SOBRE
VENDAS
RK* 2010
1 MINERA DEL PACÍFICO CHI 71,0 422
2 NAMISA BRA 66,6 316
3 BUENAVENTURA PER 65,9 482
4 FRESNILLO PLC MÉX 53,2 381
5 COLLAHUASI CHI 52,1 135
6 BARRICK MISQUICHILCA PER 51,8 447
7 YARA BRASIL BRA 50,7 486
8 LOS PELAMBRES CHI 50,1 164
9 AUTORIDAD DEL CANAL DE PANAMÁ PAN 48,9 270
10 MINERA ZALDÍVAR CHI 47,3 479
11 ESCONDIDA CHI 47,1 51
12 CIELO BRA 45,8 228
13 MINERA CERRO VERDE PER 44,5 231
14 MINERA EL ABRA CHI 42,9 473
15 ANGLO AMERICAN SUR CHI 42,4 259
16 AES TIETÊ BRA 42,0 500
17 CHESF – HIDRO ELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO BRA 40,1 165
18 CIA. BRAS. DE METALURGIA E MINERAÇÃO BRA 39,4 321
19 SOUTHERN PERÚ COPPER CORP. PER 38,3 170
20 CANDELARIA CHI 37,8 384
21 VALE BRA 36,1 4
22 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 36,0 144
23 VOTORANTIM CIMENTOS BRA 33,6 107
24 GASPETRO BRA 32,0 215
25 MINERA YANACOCHA PER 31,7 295
26 MINSUR PER 31,6 452
27 AMBEV BRA 30,0 22
28 CAP CHI 29,6 274
29 TRACTEBEL BRA 29,6 221
30 UTE URU 28,2 362
31 ANGLO AMERICAN NORTE CHI 27,4 269
32 GLOBO COMUNICAÇÕES E PARTICIPAÇÕES BRA 26,4 84
33 OI MÓVEL BRA 23,9 100
34 FEMSA MÉX 23,7 26
35 MOVISTAR CHI 23,4 306
36 ANTOFAGASTA PLC CHI 23,0 112
37 CARBONES DEL CERREJÓN COL 22,9 237
38 CMPC CELULOSA CHI 22,8 389
39 V&M BRA 22,5 359
40 ENDESA CHI 22,3 99
41 MINERA VALPARAÍSO CHI 21,9 494
42 COELBA BRA 21,5 202
43 MRV BRA 21,0 304
44 SQM CHI 20,9 299
45 CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT BRA 20,7 156
46 COPASA BRA 20,7 281
47 GRUPO MÉXICO MÉX 20,4 62
48 NEOENERGIA BRA 19,9 94
49 SOUZA CRUZ BRA 19,8 163
50 GERDAU AÇOS LONGOS BRA 19,7 108*Posição no ranking geral
AE 401 mais rentveis.indd 4AE 401 mais rentveis.indd 4 01.07.11 20:02:4101.07.11 20:02:41
Julho, 2011 AméricaEconomia 137
(1) Estimativa
Re
tor
no
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ob
re
ati
vo
s SUB RK
2010EMPRESA PAÍS
% LUCRO SOBRE ATIVOS
RK* 2010
1 ANGLO AMERICAN NORTE CHI 87,9 269
2 YARA BRASIL BRA 82,8 486
3 ESCONDIDA CHI 52,5 51
4 CIELO BRA 48,5 2285 LOS PELAMBRES CHI 46,4 164
6 MINERA CERRO VERDE PER 46,1 2317 COLLAHUASI CHI 43,1 135
8 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 40,5 144
9 SOUTHERN PERÚ COPPER CORP. PER 40,3 17010 CANDELARIA CHI 39,8 384
11 MINERA ZALDÍVAR CHI 35,3 47912 MINERA DEL PACÍFICO CHI 34,5 422
13 CIA. BRASIL. DE METALURGIA E MINERAÇÃO BRA 33,4 321
14 FRESNILLO PLC MÉX 32,6 38115 MINERA EL ABRA CHI 31,3 473
16 CARBONES DEL CERREJÓN COL 25,5 23717 SOUZA CRUZ BRA 24,4 163
18 GLOBO COMUNICAÇÕES E PARTICIPAÇÕES BRA 23,9 84
19 NATURA BRA 23,1 17520 ROCHE BRA 23,0 441
21 BUENAVENTURA PER 22,0 48222 MOVISTAR PER 20,8 406
23 FALABELLA PERÚ PER 20,4 394
24 MINERA YANACOCHA PER 20,2 29525 ANGLO AMERICAN SUR CHI 18,0 259
26 FEMSA MÉX 18,0 2627 AMBEV BRA 17,7 22
28 BARRICK MISQUICHILCA PER 17,6 447
29 COELBA BRA 17,6 20230 AES TIETÊ BRA 17,5 500
31 GRUPO AEROMÉXICO (1) MÉX 17,3 23932 VOTORANTIM CIMENTOS BRA 16,9 107
33 NOVARTIS BRA 16,6 469
34 KIMBERLY CLARK DE MÉXICO MÉX 15,7 26035 AUTORIDAD DEL CANAL DE PANAMÁ PAN 15,4 270
36 COELCE BRA 15,3 32937 SPAL BRA 15,3 245
38 TELECOM ARG 15,2 147
39 COMGÁS BRA 15,1 22240 MINSUR PER 15,0 452
41 EMBOTELLADORA ANDINA CHI 14,9 28742 M. DIAS BRANCO BRA 14,9 376
43 COPERSUCAR BRA 14,9 103
44 ENTEL PCS CHI 14,9 30945 CPFL – CIA. PAULISTA DE FORÇA E LUZ BRA 14,6 168
46 MOVISTAR CHI 14,6 30647 NAMISA BRA 14,5 316
48 SIDERAR ARG 14,2 229
49 SODIMAC CHI 14,1 207
50 GRUPO CONTINENTAL MÉX 14,1 459
SUB-RK
2010EMPRESA PAÍS
LUCRO SOBRE EMPREGADOS
EM US$
RK* 2010
1 ESCONDIDA CHI 985.948,9 51
2 SOUZA CRUZ BRA 831.091,4 163
3 ANGLO AMERICAN NORTE CHI 550.474,5 269
4 ENDESA CHI 495.295,7 99
5 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 472.323,0 144
6 WHIRLPOOL BRA 429.411,8 115
7 ANTOFAGASTA PLC CHI 425.830,0 112
8 COPERSUCAR BRA 402.593,2 103
9 CANDELARIA CHI 361.498,6 384
10 MINERA EL ABRA CHI 331.050,0 473
11 FRESNILLO PLC MÉX 319.578,5 381
12 ANGLO AMERICAN SUR CHI 300.095,2 259
13 NEOENERGIA BRA 293.805,1 94
14 COCA-COLA DE MÉXICO MÉX 265.641,3 483
15 PETROBRAS BRA 262.380,1 1
16 CAP CHI 256.478,3 274
17 VALE BRA 254.956,6 4
18 LOS PELAMBRES CHI 253.735,7 164
19 OHL MÉXICO MÉX 242.083,3 396
20 CHESF BRA 231.792,5 165
21 BRASIL TELECOM BRA 223.188,7 85
22 COELBA BRA 218.307,7 202
23 TELESP BRA 212.721,6 49
24 HYPERMARCAS BRA 212.432,4 288
25 LIGHT BRA 211.909,1 136
26 MOVISTAR CHI 210.479,5 306
27 MOVISTAR PER 208.585,8 406
28 REFAP – REF. ALBERTO PASQUALINI BRA 173.051,3 91
29 CEMIG BRA 164.685,9 67
30 CPFL ENERGIA BRA 159.530,0 73
31 COMCEL COL 151.049,3 169
32 IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO BRA 149.091,3 11
33 GUARARAPES – RIACHUELO BRA 148.172,5 353
34 ITAIPU BINACIONAL BR/PA 146.421,8 155
35 YPF ARG 141.558,8 36
36 AES TIETÊ BRA 140.476,2 500
37 RANDON PARTICIPAÇÕES BRA 136.837,3 243
38 VOTORANTIM CIMENTOS BRA 135.175,4 107
39 CPFL BRA 133.418,5 168
40 WEG BRA 130.217,0 203
41 ELETROPAULO BRA 122.545,5 87
42 PETROBRAS ENERGÍA ARG 121.680,0 152
43 DUPONT BRA 117.218,3 335
44 GAS NATURAL FENOSA MÉXICO MÉX 113.345,4 453
45 PETROBRAS DISTRIBUIDORA BRA 112.336,8 6
46 GLOBO COM. E PARTICIPAÇÕES BRA 109.819,8 84
47 CSN BRA 109.617,5 57
48 ENTEL PCS CHI 104.165,2 309
49 DURATEX BRA 103.816,2 342
50 AMBEV BRA 101.071,3 22
Re
tor
no
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*Posição no ranking geral
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138 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
POR RESULTADO
O s números não mentem. Ape-nas contam uma história li-near. Os resultados das 500
maiores empresas da América Latina descrevem um panorama de expansão generalizada, mas com matizes signifi-cativos por setor e por país.
Foi um ano em que a indústria pe-troleira continuou expandindo sua ca-pacidade por meio de grandes e novas reservas de hidrocarbonetos na costa atlântica brasileira, que poderão mo-dificar significativamente o mapa re-gional da energia.
Um ano em que os grandes projetos hidrelétricos e termelétricos estiveram na corrida para atender à crescente de-manda de indústrias e consumidores. Um período em que as redes sem fio e suas capacidades cresceram graças à nova geração de dispositivos móveis. E as cadeias de comércio varejista conti-nuaram se expandindo mediante o cré-dito de consumo para as novas classes médias da região.
Também foi um período favorável à indústria regional de bebidas, capita-neada pela Ambev, com mais trabalho para matar a sede das massas em um ano de calor excepcional e de Mundial de Futebol. E, claro, com a paixão pe-los gols, nada melhor que comentá-los e transmiti-los por um smartphone: aí en-tra a América Móvil e sua rede regio-nal, colhendo frutos do México ao Chi-le, passando pelo Brasil.
Elas mandaram
bemEM GERAL, FOI UM ANO REDONDO PARA PETROLEIRAS E MINERADORAS EM TODA A REGIÃO. MAS NEM TUDO É FELICIDADE
Esses aumentos nas vendas de de-terminadas empresas têm um corre-lato nos próprios resultados setoriais, em que petróleo (Petrobras e PDVSA), mineração (Vale), telecomunicações (América Móvil) e bebidas (Ambev) continuam liderando.
Mas existem, sim, grandes e signi-ficativas exceções, como a da petroleira estatal mexicana Pemex, que ao menos reduziu seus prejuízos pela metade em 2010: US$ 3,843 bilhões, ficando em primeiro lugar na região em margem Ebitda (lucro antes de impostos, amor-tizações e depreciações).
Dos resultados das 500 maiores empresas, desprendem-se também os novos padrões de empregabilidade dos latino-americanos. As indústrias de matérias-primas, as que mais vendem e ganham dinheiro, são empregadoras bastante seletivas: trabalhar nelas exige especialização e ânimo, e os acidentes de trabalho são um inferno a ser evita-do de todos os modos, por isso esco-lhem os trabalhadores a dedo.
Os grandes empregadores da Amé-rica Latina são, portanto, setores de serviços, como o comércio varejista e as telecomunicações. Das cinco em-
Capacidade instaladaSetores com maior quantidade de ativos (US$ milhões)
presas que mais contrataram em 2010, três são grandes varejistas mexicanas: Walmart (o maior empregador de toda a América Latina, com mais de 219 mil funcionários), Soriana e Puerto de Li-verpool. Além destas, destaca-se o gru-po chileno Cencosud, cujas operações crescem a cada ano graças a uma apos-ta determinada nos países do Pacífico (Peru e Colômbia), mas também pelo insaciável apetite do Brasil.
São também os fabricantes de pro-dutos de consumo em massa, em espe-cial bebidas e alimentos, como a mexi-cana Femsa, que empregam mais de 108 mil pessoas.
Entre as grandes empregadoras da região, está a brasileira Odebrecht. A empresa é a única das cinco primeiras que contrata fundamentalmente profis-sionais da engenharia. O que provoca esse viés é o perfil produtivo da compa-nhia na América Latina.
A escala de cada mercado sem dú-vida conta nesses grandes números. O Brasil, o maior desses mercados, traz suas vantagens e desvantagens. Isso ex-plica por que 52% das 50 empresas que mais cresceram em vendas são brasilei-ras. Mas, por outro lado, 66% das que mais perderam também são do Brasil.
Mas sempre há uma exceção. Nes-se caso, são as companhias chilenas. Cerca de 20% das empresas que mais cresceram em vendas são provenientes do país, contra apenas 3% das que mais perderam. Reflexo da rigorosidade de gestão associada ao país?
Por outro lado, a queda nas vendas de empresas como Movistar Venezue-la e CANTV, também venezuelana, chega a ser uma surpresa? Terá sido a melhor ideia do Grupo Pão de Açúcar comprar a Casas Bahia, uma empresa varejista cujas vendas caíram 34% em 2010? Se os prejuízos milionários da Pemex têm origem no papel desempe-nhado pela empresa nas contas fiscais mexicanas, como explicar aqueles da Cemex, se não por uma aposta impru-dente no mercado da construção dos Estados Unidos? A Telefónica da Co-lômbia também figura entre as grandes perdedoras de 2010, um resultado ruim em um país que cresce e se globaliza tardiamente, mas com entusiasmo.
Desses números, é possível confir-mar muitas impressões, como o vere-dicto dos mercados financeiros, das agências classificadoras de risco, dos grandes bancos e dos fundos de inves-timento. Será preciso tomar distância e apurar o olhar para se ter um quadro geral. Os resultados das empresas pare-cem indicar que somos mais ricos, ou que pelo menos estamos indo por esse caminho.
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140 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
POR RESULTADO
As
qu
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ga
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ara
m
As
qu
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ais
pe
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era
m
SUB-RK
2010EMPRESA PAÍS
LUCRO LÍQUIDO 2010 US$ MILHÕES
LUCRO LÍQUIDO 2009 US$ MILHÕES
RK* 2010
1 PEMEX MÉX -3.843,3 -7.245,0 2
2 CEMEX MÉX -1.337,4 107,9 24
3 QUATTOR PARTICIPAÇÕES BRA -506,5 -131,7 185
4 TELEFÓNICA COLOMBIA COL -408,3 -450,3 273
5 CELGPAR BRA -377,2 -54,2 412
6 REDE ENERGIA BRA -221,4 11,7 131
7 ALCOA BRA -190,6 -6,1 464
8 JBS – FRIBOI BRA -181,7 74,3 7
9 CASAS BAHIA BRA -171,8 N.D. 137
10 CEEE BRA -126,5 1.094,5 488
11 DOW BRASIL BRA -117,9 65,4 413
12 VITRO ENVASES MÉX -97,3 N.D. 292
13 GRUPO VITRO MÉX -96,9 -60,2 291
14 GERDAU AÇOMINAS BRA -74,4 317,2 208
15 OAS ENGENHARIA BRA -67,6 113,2 192
16 CELPA BRA -60,5 69,9 423
17 AEROP. Y SERV. AUXILIARES MÉX -59,7 N.D. 257
18 LOUIS DREYFUS COMMOD. BRA -58,6 304,3 133
19 BASF BRA -56,7 151,5 162
20 MABE MÉX -47,6 N.D. 148
21 BAYER BRA -40,3 23,9 247
22 PONTO FRIO – GLOBEX BRA -37,9 -181,2 98
23 CEEE PARTICIPAÇÕES BRA -27,2 1.329,9 366
24 SPRINGS BRA -13,2 22,4 393
25 PAMPA ENERGÍA ARG -11,6 56,1 443
26 ELEMENTIA MÉX -11,5 N.D. 480
27 GRUPO MARTINS BRA -7,8 21,1 311
28 FASA CHI -4,8 12,1 328
29 QUATTOR PETROQUÍMICA BRA -3,8 98,1 467
RK 2010 EMPRESA PAÍS
LUCRO LÍQUIDO 2010 US$ MILHÕES
LUCRO LÍQUIDO 2009 US$ MILHÕES
RK* 2010
1 PETROBRAS BRA 21.119,5 16.644,7 1
2 VALE BRA 18.047,1 5.886,1 4
3 AMÉRICA MÓVIL MÉX 7.378,6 7.074,1 5
4 AMBEV BRA 4.538,1 3.437,9 22
5 ESCONDIDA CHI 4.338,2 3.199,6 51
6 ECOPETROL COL 4.194,3 2.600,5 12
7 FEMSA MÉX 3.259,3 758,3 26
8 PDVSA VEN 3.202,0 4.394,0 3
9 GRUPO VOTORANTIM BRA 2.923,1 2.487,4 18
10 COLLAHUASI CHI 2.047,9 1.564,5 135
11 CODELCO CHI 1.876,3 1.261,7 20
12 GRUPO MÉXICO MÉX 1.696,2 895,0 62
13 ODEBRECHT BRA 1.672,9 644,7 8
14 GLOBO COMUN. E PART. BRA 1.647,3 1.094,3 84
15 LOS PELAMBRES CHI 1.646,7 956,2 164
16 VOTORANTIM CIMENTOS BRA 1.622,1 810,7 107
17 WALMART MEX. CENTROAM. MÉX 1.583,1 1.286,3 9
18 CSN BRA 1.510,2 1.492,5 57
19 YPF ARG 1.443,9 910,2 36
20 TELESP BRA 1.439,7 1.248,0 49
21 CEMIG BRA 1.355,2 1.069,0 67
22 ELETROBRAS BRA 1.349,1 97,9 17
23 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 1.349,0 847,3 144
24 CHESF BRA 1.306,8 439,3 165
25 GERDAU BRA 1.285,9 644,4 16
26 TELÉFONOS DE MÉXICO MÉX 1.245,7 1.566,6 52
27 OI MÓVEL BRA 1.223,5 310,9 100
28 SOUTHERN PERÚ COPPER PER 1.208,0 706,9 170
29 BRASIL TELECOM BRA 1.182,9 -656,3 85
30 NAMISA BRA 1.173,6 522,9 316
31 ENDESA CHI 1.139,2 1.238,2 99
32 BRASKEM BRA 1.137,5 526,8 21
33 VIVO BRA 1.136,6 492,5 38
34 TENARIS ARG 1.127,4 1.161,6 68
35 CIELO BRA 1.098,0 884,4 228
36 NEOENERGIA BRA 1.067,1 911,1 94
37 MINERA CERRO VERDE PER 1.054,4 708,5 231
38 ANTOFAGASTA PLC CHI 1.051,8 667,7 112
39 OI – TELEMAR BRA 1.050,1 2.936,3 19
40 ENERSIS CHI 1.038,1 1.303,7 30
41 AUT. DEL CANAL DE PANAMÁ PAN 981,7 1.026,5 270
42 SABESP BRA 978,5 789,0 92
43 FIAT AUTOMÓVEIS BRA 970,6 948,0 32
44 USIMINAS BRA 943,4 709,9 65
45 GERDAU AÇOS LONGOS BRA 930,0 845,9 108
46 CPFL ENERGIA BRA 923,2 738,8 73
47 MINERA DEL PACÍFICO CHI 902,3 98,5 422
48 ANGLO AMERICAN SUR CHI 900,3 733,0 259
49 FALABELLA CHI 882,5 393,0 55
50 CLARO TELECOM BRA 878,7 997,2 77
*Posição no ranking geral; (1) Estimativa
Panorama sombrioDistribuição das empresas que mais perderam em 2010 por país
FONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE
Brasil
Chile
Colômbia
México
Argentina
67%
3%
3%
24%
3%
AE 401 por resultado3.indd 4AE 401 por resultado3.indd 4 01.07.11 18:47:3601.07.11 18:47:36
Julho, 2011 AméricaEconomia 141
SUB-RK
2010EMPRESA PAÍS
VENDAS 2010 US$ MILHÕES
VARIAÇÃO VENDAS
10/09 (%)
RK* 2010
1 SANMINA(1) MÉX 1.493,2 -54,7 371
2 MOVISTAR VEN 3.072,1 -43,2 176
3 CANTV VEN 3.217,5 -41,4 167
4 BUNGE FERTILIZANTES BRA 1.940,9 -36,1 282
5 CASAS BAHIA BRA 3.885,8 -34,1 137
6 GAS NATURAL FENOSA MÉX 1.186,5 -32,0 453
7 CHRYSLER (1) MÉX 6.316,0 -28,8 83
8 EQUATORIAL BRA 1.079,6 -25,0 491
9 NISSAN MEXICANA (1) MÉX 8.302,3 -18,2 63
10 AEROP. Y SERV. AUXILIARES MÉX 2.160,2 -16,9 257
11 MABE MÉX 3.655,5 -15,5 148
12 GENERAL ELECTRIC BRA 2.600,0 -13,3 210
13 MINERA VALPARAÍSO CHI 1.069,0 -11,2 494
14 ANCAP (1) URU 2.327,8 -10,6 233
15 ALICORP PER 1.150,7 -10,4 465
16 MINERA YANACOCHA PER 1.866,8 -10,1 295
17 YARA BRASIL BRA 1.091,4 -9,3 486
18 EMBRAER BRA 5.630,0 -9,3 89
19 CEMENTOS ARGOS COL 1.549,9 -8,8 358
20 IBERDROLA DE MÉXICO (1) MÉX 2.227,0 -7,7 244
21 BUNGE ALIMENTOS (1) BRA 10.899,0 -7,7 37
22 NORBERTO ODEBRECHT BRA 9.728,1 -7,5 45
23 BARRICK MISQUICHILCA PER 1.200,0 -5,5 447
24 TENARIS ARG 7.711,6 -5,4 68
25 ACEITERA GENERAL DEHEZA (1) ARG 2.000,0 -4,8 272
26 CEMEX MÉX 14.434,5 -4,7 24
27 GRUPO AEROMÉXICO (1) MÉX 2.273,8 -4,6 239
28 GRUPO ANDRÉ MAGGI BRA 1.927,5 -4,0 283
29 VITRO ENVASES MÉX 1.892,8 -3,0 292
30 CAMARGO CORRÊA CIMENTO BRA 1.485,2 -3,0 373
31 GRUPO MASECA MÉX 3.773,4 -2,3 141
32 RECOPE (1) C.RI 2.660,8 -1,5 199
33 BRASIL TELECOM BRA 6.159,7 -1,4 85
34 GRUPO IUSA (1) MÉX 1.428,6 -1,0 387
35 ITAIPU BINACIONAL BRA/PA 3.450,5 -0,9 155
SUB-RK
2010EMPRESA PAÍS
VENDAS 2010 US$ MILHÕES
VARIAÇÃO VENDAS
10/09 (%)
RK* 2010
1 PDG REALTY BRA 3.138,8 175,5 172
2 METALSA MÉX 1.196,5 174,0 451
3 IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO BRA 21.795,5 172,0 11
4 PACIFIC RUBIALES COL 1.617,4 134,7 343
5 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 3.745,3 131,7 144
6 MINERA DEL PACÍFICO CHI 1.270,8 129,1 422
7 COPERSUCAR BRA 4.967,1 128,9 103
8 PONTO FRIO – GLOBEX BRA 5.165,1 115,9 98
9 NAMISA BRA 1.763,0 108,7 316
10 EMPRESAS PÚBLICAS DE MEDELLÍN COL 4.320,1 99,3 119
11 DURATEX BRA 1.645,5 99,3 342
12 MAN LATIN AMERICA BRA 4.528,8 98,7 113
13 OHL BRASIL BRA 1.311,1 92,0 414
14 MRV BRA 1.813,1 91,6 304
15 BROOKFIELD BRA 1.971,0 89,4 277
16 WALMART SUPERMERCADOS MÉX 1.893,3 86,3 290
17 MINSUR PER 1.190,9 83,1 452
18 COTIA BRA 1.245,6 81,4 431
19 SUDAMERICANA DE VAPORES CHI 5.448,1 79,9 93
20 VALE BRA 49.949,0 79,3 4
21 MAGAZINE LUIZA BRA 2.885,6 78,3 184
22 IOCHPE-MAXION BRA 1.336,8 76,7 410
23 BRASKEM BRA 15.301,2 74,7 21
24 VOLVO BRA 3.841,8 74,4 138
25 EVEN BRA 1.174,0 74,3 456
26 MARFRIG BRA 9.529,7 72,6 46
27 FORD MOTOR COMPANY (1) MÉX 9.797,9 72,0 44
28 XSTRATA COPPER CHILE CHI 1.700,8 71,7 330
29 ANGLO AMERICAN NORTE CHI 2.009,8 71,0 269
30 MAGNA INTERNACIONAL MÉX 2.404,4 69,0 227
31 JBS – FRIBOI BRA 33.042,7 67,7 7
32 MALL PLAZA (1) CHI 3.653,0 67,6 149
33 CMPC CELULOSA CHI 1.412,9 67,3 389
34 ROSSI RESIDENCIAL BRA 1.497,9 65,9 368
35 GRUPO MÉXICO MÉX 8.320,1 65,7 62
36 AUTOLIV MÉXICO MÉX 1.056,7 64,0 497
37 AMIL BRA 4.582,5 63,4 111
38 HYPERMARCAS BRA 1.896,4 63,0 288
39 FINNING CHILE (1) CHI 1.090,9 62,8 487
40 LOS PELAMBRES CHI 3.285,8 62,3 164
41 DEACERO (1) MÉX 2.558,8 61,7 216
42 GASCO CHI 1.434,7 61,2 383
43 MINERA SPENCE CHI 1.242,7 60,7 433
44 DELTA CONSTRUÇÕES BRA 1.814,7 60,7 303
45 TUPY BRA 1.123,2 59,8 475
46 OHL MÉXICO MÉX 1.377,2 59,2 396
47 AVIANCA – TACA COL 2.728,4 58,4 191
48 KENWORTH MEXICANA MÉX 1.069,9 58,0 493
49 ELEMENTIA MÉX 1.118,8 58,0 480
50 CIA. BRASILEIRA DE MET. E MIN. BRA 1.742,3 57,9 321
As
qu
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ca
íra
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da
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As
qu
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ais
cr
es
ce
ram
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as
*Posição no ranking geral; (1) EstimativaFONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE
Abrindo o champanheDistribuição das 50 empresas que mais cresceram em vendas por país
Brasil
Chile
Colômbia
México
Peru
52%
20%
6%
20%
2%
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142 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
POR RESULTADO
RK 2010 EMPRESA PAÍS EBITDA 2010
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO EBITDA 10/09
(%)
RK* 2010
1 PEMEX MÉX 51.985,7 34,5 2
2 PETROBRAS BRA 36.283,6 4,7 1
3 VALE BRA 27.717,9 156,2 4
4 AMÉRICA MÓVIL MÉX 19.708,6 13,5 5
5 AMBEV BRA 6.956,1 10,2 22
6 OI – TELEMAR BRA 6.179,4 -27,8 19
7 TELEFÔNICA BRASIL BRA 5.364,9 7,9 25
8 ENERSIS CHI 4.623,1 -3,7 30
9 GRUPO MÉXICO MÉX 4.350,5 81,3 62
10 GRUPO VOTORANTIM BRA 3.961,5 25,3 18
11 ODEBRECHT BRA 3.735,8 53,0 8
12 TELÉFONOS DE MÉXICO MÉX 3.720,0 -7,1 52
13 YPF ARG 3.677,8 19,1 36
14 ELETROBRÁS BRA 3.603,3 -9,7 17
15 VIVO BRA 3.500,1 16,8 38
16 CSN BRA 3.483,7 38,6 57
17 GERDAU BRA 3.323,5 123,2 16
18 TELESP BRA 3.277,1 -2,7 49
19 BRASKEM BRA 2.893,6 115,6 21
20 COLLAHUASI CHI 2.859,0 33,9 135
21 CEMIG BRA 2.769,2 19,4 67
22 WALMART MEX. CENTROAM. MÉX 2.695,9 30,9 9
23 TIM BRASIL BRA 2.516,9 43,2 56
24 CEMEX MÉX 2.373,9 -14,2 24
25 LOS PELAMBRES CHI 2.334,2 - 164
26 ENDESA CHI 2.288,0 -4,5 99
27 FEMSA MÉX 2.269,7 12,7 26
28 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 2.244,0 207,9 144
29 TELMEX INTERNACIONAL MÉX 2.179,9 28,6 75
30 GRUPO ARCELORMITTAL BRA 2.160,8 - 41
31 BRASIL TELECOM BRA 2.110,4 417,8 85
32 JBS – FRIBOI BRA 2.108,3 185,6 7
33 GRUPO MODELO MÉX 2.082,1 6,6 78
34 TENARIS ARG 2.080,4 -10,3 68
35 EMBRATEL BRA 2.066,2 16,7 80
36 CPFL ENERGÍA BRA 2.059,2 29,1 73
37 SOUTHERN PERÚ COPPER PER 2.034,9 64,9 170
38 CHESF BRA 2.006,3 - 165
39 OI MÓVEL BRA 1.984,6 96,6 100
40 SABESP BRA 1.935,2 24,7 92
41 GRUPO CAMARGO CORRÊA BRA 1.902,7 - 42
42 GRUPO TELEVISA MÉX 1.794,5 16,7 109
43 NEOENERGIA BRA 1.781,0 16,8 94
44 USIMINAS BRA 1.777,2 53,2 65
45 MINERA CERRO VERDE PER 1.753,5 46,3 231
46 COCA-COLA FEMSA MÉX 1.702,2 12,6 61
47 FIBRIA BRA 1.646,7 82,7 143
48 COSAN BRA 1.603,2 27,4 39
49 TRACTEBEL BRA 1.567,3 25,3 221
50 CIELO BRA 1.539,0 17,9 228
SUB–RK
2010EMPRESA PAÍS
VARIAÇÃO EBITDA 10/09
(%)
EBITDA 2010 US$ MILHÕES
RK* 2010
1 GLOBO COMUN. E PART. BRA 1.613,0 1.500,6 84
2 COPERSUCAR BRA 959,2 244,3 103
3 MINERA DEL PACÍFICO CHI 795,2 782,0 422
4 YARA BRASIL BRA 787,0 808,6 486
5 GRUPO SIMEC MÉX 784,0 176,8 275
6 BRASIL TELECOM BRA 417,8 2.110,4 85
7 VALE FERTILIZANTES BRA 396,8 297,4 346
8 DURATEX BRA 273,7 652,8 342
9 AMIL BRA 268,7 221,2 111
10 BRASIL FOODS (BRF) BRA 255,4 1.395,4 27
11 PONTO FRIO – GLOBEX BRA 218,1 221,7 98
12 WALMART CHILE CHI 216,2 302,3 106
13 SAMARCO MINERAÇÃO BRA 207,9 2.244,0 144
14 UTE URU 200,0 808,8 362
15 CONSTR. N. ODEBRECHT BRA 186,1 347,9 156
16 JBS – FRIBOI BRA 185,6 2.108,3 7
17 INDUSTRIAS CH MÉX 169,9 218,9 250
18 AURORA ALIMENTOS BRA 163,9 146,6 333
19 PDG REALTY BRA 160,0 525,5 172
20 VALE BRA 156,2 27.717,9 4
21 SUDAM. DE VAPORES CHI 153,3 297,2 93
22 ALUNORTE BRA 149,0 270,5 348
23 CORREIOS E TELÉGRAFOS BRA 146,6 847,5 72
24 OHL MÉXICO MÉX 135,6 398,8 396
25 IOCHPE-MAXION BRA 133,4 187,4 410
26 MARCOPOLO BRA 125,5 239,0 312
27 GERDAU BRA 123,2 3.323,5 16
28 BRASKEM BRA 115,6 2.893,6 21
29 COTEMINAS BRA 109,4 102,6 351
30 SPRINGS BRA 106,3 81,7 393
31 TERNIUM ARG 102,9 1.437,2 70
32 TAM BRA 102,0 1.028,3 79
33 OI MÓVEL BRA 96,6 1.984,6 100
34 GOL BRA 95,5 587,8 125
35 KLABIN BRA 93,3 829,5 249
36 MARFRIG BRA 92,3 905,3 46
37 BAVARIA COL 89,2 1.000,2 219
38 EVEN BRA 86,0 205,2 456
39 RANDON PARTICIPAÇÕES BRA 84,9 319,5 243
40 CMPC PAPELES Y CARTONES CHI 84,0 1.187,3 123
41 FIBRIA BRA 82,7 1.646,7 143
42 GRUPO MÉXICO MÉX 81,3 4.350,5 62
43 MINSUR PER 80,3 667,5 452
44 MRV BRA 77,8 410,2 304
45 BROOKFIELD BRA 76,6 357,7 277
46 SUZANO PAPEL E CEL. BRA 71,7 1.006,7 193
47 EMPRESAS BANMÉDICA CHI 69,0 172,6 365
48 GUARARAPES – RIACHUELO BRA 68,7 338,5 353
49 INDUSTRIAS PEÑOLES MÉX 68,0 1.404,8 95
50 SOUTHERN PERÚ COPPER PER 64,9 2.034,9 170
As
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*Posição no ranking geral; (1) Estimativa
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Julho, 2011 AméricaEconomia 143
As
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sSUB-RK
2010EMPRESA PAÍS
VAR. ABSOLUTA
10/09
EMPREGA-DOS 2010
RK* 2010
1 MARFRIG BRA 43.641 90.625 46
2 WALMART MÉX. Y CENTROAM. MÉX 43.304 219.767 9
3 ORGANIZACIÓN SORIANA MÉX 38.800 83.800 69
4 EL PUERTO DE LIVERPOOL MÉX 32.054 35.254 122
5 ODEBRECHT BRA 31.039 118.701 8
6 CENCOSUD CHI 25.868 127.000 29
7 NORBERTO ODEBRECHT BRA 22.327 92.128 45
8 CONSTR. N. ODEBRECHT BRA 22.327 92.128 156
9 WALMART - BODEGAS Y TIENDAS MÉX 20.651 86.777 40
27 AUTORIDAD DEL CANAL DE PANAMÁ PAN SERVIÇOS BÁSICOS 2.008,4 981,7 6.387,2 5.551,1 270
28 COPASA BRA SERVIÇOS BÁSICOS 1.943,4 402,0 4.408,4 2.534,0 281
29 GRUPO ISA COL ENERGIA ELÉTRICA 1.801,4 176,3 13.237,7 3.303,7 307
30 INFRAERO BRA TRANSPORTE/LOGÍSTICA 1.745,7 18,3 1.600,1 627,1 318
31 CESP BRA ENERGIA ELÉTRICA 1.743,7 55,8 11.333,6 6.286,7 319
32 ENAMI CHI MINERAÇÃO 1.721,1 30,0 1.386,0 737,0 323
33 UTE URU ENERGIA ELÉTRICA 1.524,1 430,3 5.410,9 4.511,7 362
34 CELGPAR BRA ENERGIA ELÉTRICA 1.326,6 -377,2 3.761,0 -377,1 412
A natureza de propriedade das empresas do ranking mostra um padrão relativamente estável por pa-ís. No México, no Equador, no Chile e no Brasil,
mais de 60% das companhias correspondem a capital pri-vado local. Um pouco mais abaixo estão as empresas pri-vadas colombianas (50%). As privadas estrangeiras são maioria, por sua vez, no Peru e na Argentina (59%), en-
As donas da bolaAS EMPRESAS PRIVADAS LOCAIS SÃO A MAIORIA EM QUASE TODOS OS PAÍSES DA REGIÃO JUAN PABLO RIOSECO, DE SANTIAGO
quanto nos demais países beiram os 30%. Depois das re-formas das décadas anteriores em toda a América Lati-na, a propriedade estatal encontra-se, hoje, circunscrita a certas empresas emblemáticas de recursos naturais.
Há exceções, como o Panamá. Mas não tire conclu-sões apressadas. Isso é reflexo da amostra reduzida de empresas centro-americanas no ranking.
*Posição no ranking geral; (1) Estimativa
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Julho, 2011 AméricaEconomia 149
As
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ira
s SUB RK
2010EMPRESA PAÍS
VENDAS 2010 US$ MILHÕES
RK* 2010
1 WALMART MÉX. Y CENTROAM. MÉX 27.195,8 9
2 AMBEV BRA 15.144,2 22
3 CARREFOUR BRA 14.745,6 23
4 TELEFÔNICA BRASIL BRA 13.983,6 25
5 VOLKSWAGEN BRA 13.594,4 28
6 ENERSIS CHI 13.193,1 30
7 GENERAL MOTORS DE MÉXICO (1) MÉX 12.850,0 31
8 FIAT AUTOMÓVEIS BRA 12.405,3 32
9 WALMART BRA 11.356,2 34
10 YPF ARG 11.013,0 36
11 BUNGE ALIMENTOS (1) BRA 10.899,0 37
12 VIVO BRA 10.866,6 38
13 WALMART – BODEGAS Y TIENDAS MÉX 10.446,7 40
14 GRUPO ARCELORMITTAL BRA 10.181,7 41
15 COCA-COLA BRA 10.000,0 43
16 FORD MOTOR COMPANY (1) MÉX 9.797,9 44
17 GENERAL MOTORS BRA 9.513,0 47
18 TELESP BRA 9.456,3 49
19 ESCONDIDA CHI 9.211,5 51
20 TIM BRASIL BRA 8.676,9 56
21 CARGILL BRA 8.646,9 58
22 VOLKSWAGEN DE MÉXICO (1) MÉX 8.605,4 59
23 NISSAN MEXICANA (1) MÉX 8.302,3 63
24 CEMIG BRA 7.720,2 67
25 WALMART HYPERMERCADOS MÉX 7.298,8 71
26 NESTLÉ BRA 7.200,0 74
27 ORGANIZACIÓN TECHINT MÉXICO MÉX 7.076,1 76
28 CLARO TELECOM BRA 7.025,8 77
29 EMBRATEL BRA 6.740,5 80
30 UNILEVER BRA 6.723,0 81
31 FORD BRA 6.590,0 82
32 CHRYSLER (1) MÉX 6.316,0 83
33 BRASIL TELECOM BRA 6.159,7 85
34 WALMART CLUBES DE PRECIOS MÉX 6.142,8 86
35 ELETROPAULO BRA 5.819,9 87
36 NEOENERGIA BRA 5.371,5 94
37 ENDESA CHI 5.119,8 99
38 OI MÓVEL BRA 5.112,2 100
39 SAMSUNG ELETRÔNICA AMAZÔNIA BRA 5.000,0 102
40 TERNIUM MÉXICO MÉX 4.893,0 105
41 WALMART CHILE CHI 4.860,9 106
42 GRUPO PEPSICO (1) MÉX 4.633,9 110
43 WHIRLPOOL BRA 4.432,2 115
44 FLEXTRONICS MANUFACTURING (1) MÉX 4.399,7 117
45 LA FONTE TELECOM BRA 4.145,0 128
46 CARGILL (1) ARG 4.111,1 132
47 COLLAHUASI CHI 3.928,9 135
48 LIGHT BRA 3.906,2 136
49 VOLVO BRA 3.841,8 138
50 RENAULT BRA 3.791,9 139
SUB RK
2010EMPRESA PAÍS
VENDAS 2010 US$ MILHÕES
RK* 2010
1 VALE BRA 49.949,0 4
2 AMÉRICA MÓVIL MÉX 49.220,7 5
3 JBS – FRIBOI BRA 33.042,7 7
4 ODEBRECHT BRA 28.203,3 8
5 ULTRAPAR BRA 25.496,2 10
6 IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO BRA 21.795,5 11
7 CBD – GRUPO PÃO DE AÇÚCAR BRA 19.260,4 14
8 TECHINT ARG 19.092,0 15
9 GERDAU BRA 18.841,2 16
10 GRUPO VOTORANTIM BRA 17.705,1 18
11 OI – TELEMAR BRA 17.694,4 19
12 BRASKEM BRA 15.301,2 21
13 CEMEX MÉX 14.434,5 24
14 FEMSA MÉX 13.741,5 26
15 BRASIL FOODS (BRF) BRA 13.612,6 27
16 CENCOSUD CHI 13.226,1 29
17 EMPRESAS COPEC CHI 12.150,1 33
18 GRUPO ALFA MÉX 11.044,5 35
19 COSAN BRA 10.842,3 39
20 GRUPO CAMARGO CORRÊA BRA 10.169,2 42
21 NORBERTO ODEBRECHT BRA 9.728,1 45
22 MARFRIG BRA 9.529,7 46
23 GRUPO BIMBO MÉX 9.487,2 48
24 TELÉFONOS DE MÉXICO MÉX 9.195,7 52
25 EXTRA BRA 9.183,0 53
26 GRUPO BAL (1) MÉX 9.033,8 54
27 FALABELLA CHI 8.923,3 55
28 CSN BRA 8.672,7 57
29 GRUPO ANDRADE GUTIERREZ BRA 8.483,8 60
30 COCA-COLA FEMSA MÉX 8.377,3 61
31 GRUPO MÉXICO MÉX 8.320,1 62
32 USIMINAS BRA 7.779,6 65
33 COPEC COMBUSTIBLES CHI 7.775,4 66
34 TENARIS ARG 7.711,6 68
35 ORGANIZACIÓN SORIANA MÉX 7.587,3 69
36 TERNIUM ARG 7.382,0 70
37 CPFL ENERGIA BRA 7.216,3 73
38 TELMEX INTERNACIONAL MÉX 7.139,8 75
39 GRUPO MODELO MÉX 6.884,3 78
40 TAM BRA 6.829,1 79
41 GLOBO COMUNICAÇÕES E PARTICIPAÇÕES BRA 6.241,2 84
42 LOJAS AMERICANAS BRA 5.634,7 88
43 EMBRAER BRA 5.630,0 89
44 GRUPO SALINAS MÉX 5.597,2 90
45 REFAP – REF. ALBERTO PASQUALINI BRA 5.541,0 91
46 SUDAMERICANA DE VAPORES CHI 5.448,1 93
47 INDUSTRIAS PEÑOLES MÉX 5.202,7 95
48 GRUPO CARSO MÉX 5.198,2 96
49 GRUPO INDUSTRIAL LALA (1) MÉX 5.196,8 97
50 PONTO FRIO – GLOBEX BRA 5.165,1 98*Posição no ranking geral; (1) Estimativa
AE 401 por propriedade.indd 3AE 401 por propriedade.indd 3 01.07.11 18:59:4001.07.11 18:59:40
150 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
MAIORESEXPORTADORAS
É a história de sempre, que você ouve desde criança nas aulas de história: ouro e prata, açú-
car e algodão. Assim a América Latina (ou o que era a nossa região na época) entrou na primeira onda de globaliza-ção, a do Renascimento europeu de 500 anos atrás.
Cinco séculos depois, as mudanças, aparentemente, são pequenas. Apenas na aparência. O eixo andino ferve: os asiáticos têm fome pela região.
Uma prova? 28% das exportações
Tesouros da terraPETROLEIRAS, MINERADORAS E EMPRESAS DE ALIMENTOS SÃO AS PRINCIPAIS EXPORTADORAS DA AMÉRICA LATINA. MAS TAMBÉM HÁ UM CRESCENTE COMÉRCIO DE AUTOMÓVEIS E AUTOPEÇAS
feitas pelas 500 maiores empresas da América Latina são minerais extraí-dos do subsolo e enviados ao outro ex-tremo do mundo. É o caminho percor-rido pela estatal chilena Codelco, que exportou US$ 14,349 bilhões em 2010. É também o que faz a Vale, que manda para a China cerca de 40% da sua pro-dução de minério de ferro.
É plausível que a posição dominan-te do ativo terra na matriz exportadora se aprofunde, por dois fatores: o deslo-camento da fronteira agrícola no Brasil
FONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE
O domínio das matérias-primasDistribuição das exportações nas 500, por setor
Eletrônica
Petroquímica
Outros
Bebidas
Multissetor
Siderurgia/Metalurgia
Celulose/Papel
Alimentos
Petróleo/Gás
Agroindústria
Mineração
Automob./Autopeças
3%
2%
7%
3%
4%
6%
6%
7%
10%
12%
28%
12%
e na Argentina, pelas mãos da soja, e as extensivas descobertas de petróleo a cin-co metros de profundidade, onde nasce a costa atlântica brasileira. Somem-se a isso os possíveis depósitos de shale gas na Argentina e o aumento esperado de 22% das indústrias de petróleo/gás e agroin-dústria nas próximas décadas.
O que acontecerá com as outras in-dústrias de matérias-primas, aquelas nascidas da industrialização substituti-va? Como mostra o gráfico ao lado, se-tores como papel e celulose, siderurgia e petroquímica se adaptaram, em sua maioria com sucesso, ao cenário com-petitivo global. O mesmo se pode dizer de alimentos e bebidas. Não exportam unicamente terra, mas também água, algo cada vez mais escasso em países como o México.
A indústria automobilística e de autopeças latino-americana, responsá-vel por 12% das exportações, também nasceu no espírito da substituição, mas com um matiz: a engenharia dura e o marketing vinham de fora. Hoje, for-ma um complexo industrial exportador intrarregional com interessantes proje-ções. Está posicionada para fornecer automóveis para as massas, mas ainda precisa mostrar que é capaz de dar con-tinuidade às mudanças tecnológicas e, ao mesmo tempo, enfrentar uma con-corrência chinesa recém-chegada.
Mais complexo é o panorama da eletrônica. Com 3% da produção vol-tada à exportação (salvo a Intel Costa Rica), sua essência é maquiadora, ape-nas monta partes de equipamentos que são importados, e é alvo de críticas por seu escasso efeito nos mercados locais do conhecimento. Injusto? Só o futuro poderá dizer.
AE 401 maiores exportadoras V2.indd 2AE 401 maiores exportadoras V2.indd 2 04.07.11 15:28:2204.07.11 15:28:22
95 CNH BRA AUTOMOB./AUTOPEÇAS 357,1 13,1 252,3 11,6 41,5 190
96 COOXUPÉ BRA ALIMENTOS 348,8 32,1 260,6 - 33,8 489
97 REFAP – REF. ALBERTO PASQUALINI BRA PETRÓLEO/GÁS 341,3 6,2 623,1 11,8 -45,2 91
98 NESTLÉ BRA ALIMENTOS 327,9 4,6 273,0 3,1 20,1 74
99 LAN CHI TRANSPORTE/LOGÍSTICA 318,9 7,3 243,5 6,9 31,0 118
100 LOUIS DREYFUS COMMODITIES BRA AGROINDÚSTRIA 316,1 7,7 322,0 - -1,8 133
N.D. - Não Divulgado; (1) Estimativa *Posição no ranking geral
AE 401 maiores exportadoras V1.indd 5AE 401 maiores exportadoras V1.indd 5 7/1/11 5:41:51 PM7/1/11 5:41:51 PM
154 AméricaEconomia Julho, 2011
500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
AS MAIORESDO BRASIL
Q uando se observa o perfil produtivo de um país, pa-ra o bem e para o mal, o governo em exercício é o responsável. Poucos subsídios (ou muitos), políti-
cas públicas mal desenhadas, estruturas tributárias distor-cidas, você escolhe.
No caso do Brasil, a indiscutível vedete dos mercados financeiros globais, tema de todas as teses, eixo de todas as conversas sobre o cenário geopolítico regional, basta olhar para suas grandes empresas para descartar essa aproxima-ção entre desempenho financeiro e produtivo e as diretrizes governamentais.
Petrobras, Vale e Odebrecht não querem saber de jogo de improviso. Contam, sim, com escala de mercado interno, mas também se preocupam com a capacitação de capital hu-
Brazil Inc.RECURSOS NATURAIS, ESCALA, CAPITAL HUMANO. AS GRANDES EMPRESAS BRASILEIRAS TIRAM PROVEITO DE SUAS VANTAGENS COMPETITIVAS JUAN PABLO RIOSECO, DE SANTIAGO
mano, o que tem permitido gerenciar essas empresas de ma-neira agressiva. São aspectos estruturais.
O Brasil foi, durante anos, um país com um futuro eterno, blindado e isolado do mundo, que vivia abaixo de seu poten-cial. Hoje, é uma nação que se posiciona na cena global gra-ças a uma combinação surpreendente de recursos naturais e humanos, um parque tecnológico em desenvolvimento e ca-pital para competir na primeira divisão.
No âmbito setorial, são destaques as áreas de petróleo e gás, mineração e telecomunicações. Mas há outros segmen-tos cada vez mais perto da consolidação. Há duas décadas, ninguém dava muito pela agroindústria brasileira. Hoje, é um setor que faturou US$ 52,961 bilhões em 2010. Nele está a JBS – Friboi, a grande potência mundial em carnes.
OS CANTEIROS DE OBRAS SE PROLIFERAM NO BRASIL, QUE, POR DÉCADAS, FOI CONHECIDO COMO O PAÍS DO FUTURO
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AE 401 Brasil V1.indd 2AE 401 Brasil V1.indd 2 04.07.11 15:08:1804.07.11 15:08:18
são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chi-le, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Mé-xico, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Domini-cana, Uruguai e Venezuela.
Os números foram compilados e verificados por AméricaEconomia Intelli-gence junto a fontes oficiais e bolsas de valores, no caso de empresas de capital aberto, ou foram solicitados por meio de um questionário, no caso de empre-sas fechadas. Em situações excepcio-nais, devidamente assinaladas, foram considerados dados de fontes secundá-rias ou estimativas próprias, a partir de informações públicas ou de mercado. Os números correspondem ao exercí-cio terminado em dezembro de 2010, salvo indicação do contrário.
POSIÇÕESA ordem do ranking é determinada por meio do valor de vendas líquidas, em dólares, em dezembro de 2010. Os nú-meros correspondentes a dezembro de 2009 foram revisados e corrigidos so-bre a base de informação disponível atualizada. Por isso, as posições das empresas neste ano podem diferir da-quelas publicadas no ano passado, pois tais informações costumam ser revisa-das pelas próprias empresas.
Assim fazemos o ranking das
ESTADOS FINANCEIROSO ranking tenta uniformizar ao máxi-mo as informações contábeis publica-das na região, o que nem sempre é pos-sível. Portanto, deve-se dar atenção à interpretação de itens como lucro, ven-das e patrimônio em países com taxas de inflação significativas, já que as em-presas não estão obrigadas a apresen-tar o ajuste ou correção monetária des-ses conceitos.
CONSOLIDAÇÃOAs informações incluídas no ranking de empresas abertas ou com ações em bol-sa correspondem, em geral, a balanços que consolidam operações da matriz com suas filiais no país e no exterior e que, adicionalmente, utilizam corre-ção monetária.
VENDASAs vendas são apresentadas líquidas de impostos e reembolsos, seguindo a tendência internacional nesse sentido. Algumas exceções a esse critério per-manecem, nos casos em que não foi possível obter essas informações.
A CONVERSÃO PARA DÓLARA conversão para dólar foi feita na taxa de câmbio de 31 de dezembro de 2010 para cada uma das moedas nacionais dos balanços.
VARIAÇÃO DE VENDASAs variações anuais de vendas são no-minais em dólares correntes e devem ser analisadas com a devida conside-ração no que se refere à valorização ou à depreciação das moedas locais em relação ao dólar, bem como aos níveis de inflação de cada país.
PROPRIEDADE E SETORA definição de propriedade correspon-de ao critério de acionista majoritário no fechamento de 2009. Na classifica-ção de setor, no entanto, foi conside-rada a atividade ou a área que é domi-nante na receita de cada empresa.
FONTESAs fontes de informação utilizadas pa-ra construir o ranking foram as próprias empresas, seus websites, órgãos oficiais (como superintendências de valores dos diferentes países), além da consul-toria Economatica. Da mesma forma, foram utilizadas informações alfande-gárias dos países para determinar as exportações.
AGRADECIMENTOSA equipe de AméricaEconomia gostaria de agradecer às instituições oficiais, à Economatica e, em especial, a todas as empresas que colaboraram com nossa pesquisa.
dos no ranking, Brasil, Chi-
ESTADOS FINANCEIROSO ranking tenta uniformizar ao máxi-g
VARIAÇÃO DE VENDASAs variações anuais de vendas são no-
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