Página 1 Dizem os Manuais que a prevenção da Síndrome de Burnout, a nível individual, passa, entre outras, por perío- dos de férias frequentes, por ter apoio social e dos colegas, por ser otimista e flexível, por realizar pausas no trabalho e por viver sem excessivas preo- cupações . Nada que não te- nhamos no nosso dia a dia (veja-se o exemplo paradigmá- tico das férias a partir de 2015 e nos aumentos salariais para a função pública). Já a nível organizacional é desejável proporcionar refor- ços positivos, promover locais de trabalho agradáveis, reco- nhecer o trabalho realizado e envolver os profissionais nas tomadas de decisão bem como encorajá-los a exprimir as suas dificuldades. A quem aproveita tudo isto? Pois bem. Sabemos todos quem nos “trata” da saúde. Resta a pergunta. A quem cabe cuidar da saúde dos tra- balhadores da saúde? EDITORIAL DO COORDENADOR Nos últimos dias, os mass media têm dado conta (alguns da forma mais interesseira e perversa) da crescente onda de violência contra os Profissio- nais de Saúde. Segundo um documento da DGS (Observatório Nacional da Violência Contra os Profis- sionais de Saúde no Local de Trabalho) foi registado um número record de situações de violência (531) a qual repre- sentou um acréscimo de 160% relativamente ao ano anterior e, segundo dados deste ano, a situação tende a piorar. Independentemente das cau- sas a montante (organizacionais, socio- económicas, profissionais ou pessoais, quer dos técnicos de saúde quer dos utentes) a rea- lidade existe e as repercussões sobre cada um de nós afetam o nosso bem estar e até as nos- sas convicções (por exemplo, vale a pena dar o nosso máxi- mo quando o outro lado revela incompreensão e ingratidão?) Pois, existe sempre Fernando Pessoa para nos dar a mão com o “Vale sempre a pena...” Estas notícias fizeram-me lembrar de uma estudo condu- zido na Finlândia, financiado pelo Ministério de Assuntos Sociais e Saúde, onde era questionado como poderia ser evitado o stress causado no local de trabalho e os modos de o controlar entre os profissio- nais de saúde. A realidade é esta: o Bur- nout, descrito pela primeira vez em 1974, existe e atinge mais frequentemente aqueles que, pela sua profissão, man- têm uma relação direta ou prolongada com pessoas. E que, depois de um período instável, acabam por sofrer um grande desgaste profis- sional. Quais são as consequências do Burnout? Esgotamento emocional com o sentimento de não conseguir dar mais de si aos outros; Despersonali- zação ou Desumanização com afetação das relações inter- pessoais e distanciação para com os outros chegando ao cinismo e ao humor negro e Baixa Produtividade tradu- zindo-se por respostas desa- dequadas ao que é pedido (frustração, fuga ao trabalho, baixa rentabilidade). Segundo o tal estudo, o qual incluía perto de 8.000 partici- pantes, as repercussões pode- riam ser minimizadas com terapia cognitivo- comportamental e relaxa- mento mental e físico e que a modificação dos dias e horá- rios de trabalho poderiam coadjuvar a reduzir o stress. E que, qualquer uma delas, isolada ou associadamente, contribuíria de forma ade- quada e consistente para o alívio do stress ocupacional, de uma forma superior até à de frequentar um curso de análise teórica dos proble- mas. Estamos em perigo? JANEIRO — MARÇO 2015 NÚMERO 3 BOLETIM INFORMATIVO Nº3 USF GLOBAL Pontos de interesse especiais: Estamos em Perigo? Gravidez e vinculação Sessão educativa: educação sexual Doença de Crohn Nesta edição: Eventos científicos 10 Palavras de Mestre 11 Licínio Fialho
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NÚMERO 3 JANEIRO MARÇO 2015 BOLETIM INFORMATIVO Nº3 … · NÚMERO 3 JANEIRO — MARÇO 2015 BOLETIM INFORMATIVO Nº3 USF GLOBAL Pontos de interesse especiais: Estamos em Perigo?
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Página 1
Dizem os Manuais que a
prevenção da Síndrome de
Burnout, a nível individual,
passa, entre outras, por perío-
dos de férias frequentes, por
ter apoio social e dos colegas,
por ser otimista e flexível, por
realizar pausas no trabalho e
por viver sem excessivas preo-
cupações . Nada que não te-
nhamos no nosso dia a dia
(veja-se o exemplo paradigmá-
tico das férias a partir de 2015
e nos aumentos salariais para
a função pública).
Já a nível organizacional é
desejável proporcionar refor-
ços positivos, promover locais
de trabalho agradáveis, reco-
nhecer o trabalho realizado e
envolver os profissionais nas
tomadas de decisão bem como
encorajá-los a exprimir as
suas dificuldades.
A quem aproveita tudo isto?
Pois bem. Sabemos todos
quem nos “trata” da saúde.
Resta a pergunta. A quem
cabe cuidar da saúde dos tra-
balhadores da saúde?
EDITORIAL DO COORDENADOR
Nos últimos dias, os mass
media têm dado conta (alguns
da forma mais interesseira e
perversa) da crescente onda de
violência contra os Profissio-
nais de Saúde.
Segundo um documento da
DGS (Observatório Nacional
da Violência Contra os Profis-
sionais de Saúde no Local de
Trabalho) foi registado um
número record de situações de
violência (531) a qual repre-
sentou um acréscimo de 160%
relativamente ao ano anterior
e, segundo dados deste ano, a
situação tende a piorar.
Independentemente das cau-
sas a montante
(organizacionais, socio-
económicas, profissionais ou
pessoais, quer dos técnicos de
saúde quer dos utentes) a rea-
lidade existe e as repercussões
sobre cada um de nós afetam o
nosso bem estar e até as nos-
sas convicções (por exemplo,
vale a pena dar o nosso máxi-
mo quando o outro lado revela
incompreensão e ingratidão?)
Pois, existe sempre Fernando
Pessoa para nos dar a mão
com o “Vale sempre a pena...”
Estas notícias fizeram-me
lembrar de uma estudo condu-
zido na Finlândia, financiado
pelo Ministério de Assuntos
Sociais e Saúde, onde era
questionado como poderia ser
evitado o stress causado no
local de trabalho e os modos de
o controlar entre os profissio-
nais de saúde.
A realidade é esta: o Bur-
nout, descrito pela primeira
vez em 1974, existe e atinge
mais frequentemente aqueles
que, pela sua profissão, man-
têm uma relação direta ou
prolongada com pessoas. E
que, depois de um período
instável, acabam por sofrer
um grande desgaste profis-
sional.
Quais são as consequências
do Burnout? Esgotamento
emocional com o sentimento
de não conseguir dar mais de
si aos outros; Despersonali-
zação ou Desumanização com
afetação das relações inter-
pessoais e distanciação para
com os outros chegando ao
cinismo e ao humor negro e
Baixa Produtividade tradu-
zindo-se por respostas desa-
dequadas ao que é pedido
(frustração, fuga ao trabalho,
baixa rentabilidade).
Segundo o tal estudo, o qual
incluía perto de 8.000 partici-
pantes, as repercussões pode-
riam ser minimizadas com
terapia cognitivo-
comportamental e relaxa-
mento mental e físico e que a
modificação dos dias e horá-
rios de trabalho poderiam
coadjuvar a reduzir o stress.
E que, qualquer uma delas,
isolada ou associadamente,
contribuíria de forma ade-
quada e consistente para o
alívio do stress ocupacional,
de uma forma superior até à
de frequentar um curso de
análise teórica dos proble-
mas.
Estamos em perigo?
JANEIRO — MARÇO 2015 NÚMERO 3
BOLETIM INFORMATIVO Nº3
USF GLOBAL
Pontos de interesse especiais:
Estamos em Perigo?
Gravidez e vinculação
Sessão educativa: educação sexual
Doença de Crohn
Nesta edição:
Eventos científicos 10
Palavras de Mestre 11
Licínio Fialho
Página 2
A promoção da saúde é mais do que uma
actividade é uma estratégia, bem definida,
que através de programas educacionais visa a
“melhoria dos estilos de vida individuais, influenci-
ando escolhas pessoais realizadas num contexto
social” (Frank-Stromborg, M et al: 1998). As ses-
sões de educação em saúde realizadas pelos en-
fermeiros visam influenciar de forma positiva o
comportamento dos indivíduos para evitar a doen-
ça.
Sendo que a gravidez é uma fase de mudança
em todo o sistema familiar, onde esta nova vida
se vai integrar esta deve ser encarada de forma
positiva de maneira a desenvolver-se com harmo-
nia, trazendo a todos a felicidade nela subjacente.
A presença do pai é de fundamental importância,
tanto na gestação como no nascimento do bebé,
auxiliando e tranquilizando a mãe (Artigo Pai Pre-
sente: Importância da Presença do Pai na Gesta-
ção e no Nascimento do seu Filho, 2012). Assim,
quando a participação do homem é efectiva na
gravidez e após o parto, criam-se situações de
bem-estar para todos os envolvidos no processo,
de modo a se estabelecerem relações mais iguali-
tárias (Artigo Sentir-se Pai: a vivência masculina
sob o olhar de género, 2007). Sendo assim, o pai
deve conhecer as modificações a que a sua com-
panheira esta sujeita, deve participar na escolha
do ginecologista e acompanhá-la nas consultas,
compartilhar a preparação necessária em casa,
tais como roupa do bebé e quarto.
Pode participar também nos exercícios de prepa-
ração para o parto, ajudá-la com massagens e
sentir com as suas mãos os movimentos do feto
(Artigo Sentir-se Pai: a vivência masculina sob o
olhar de género, 2007).
Enf. Luís Amaro
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
A mother's joy begins when new life is stirring inside… When a tiny heartbeat is heard for the very
first time, and a playful kick reminds her that she is never alone.
Unknown
GRAVIDEZ E VINCULAÇÃO
Página 3
ENQUADRAMENTO
No âmbito do projeto de melhoria contínua da Uni-
dade Saúde Familiar Global da Nazaré foi realizada
uma sessão de educação para a saúde, no dia 16
de janeiro de 2015, relativa à sexualidade na ado-
lescência.
Teve como amostra 10 crianças com idades com-
preendidas entre os 8 e 10 anos de idade da Escola
Básica dos Raposos, pertencente ao Centro Escolar
da Nazaré.
A educação para a saúde e em particular a educa-
ção sexual têm merecido, ultimamente, particular
atenção por parte da sociedade portuguesa, uma
vez que a informação sobre a sexualidade é essen-
cial na educação para a saúde. Neste sentido, a le-
gislação existente visa criar condições favoráveis
entre as escolas, famílias e comunidade, para a sua
concretização. A Lei n.º 60/2009, de 6 de Agosto,
regulamentada pela portaria n.º 196-A/2010, de 9
de Abril vem estabelecer um conjunto de princípios
e regras da concretização da educação sexual em
meio escolar, desde o 1.º CEB até ao ensino secun-
dário, tendo como finalidades, entre outras, a valo-
rização da sexualidade e afectividade entre as pes-
soas no desenvolvimento individual, respeitando o
pluralismo das concepções existentes na sociedade
portuguesa, bem como a promoção da igualdade
entre os sexos.
Esta sessão visava que os alunos conseguissem
identificar as principais áreas de alterações que
ocorrem na adolescência; distinguir as principais
alterações físicas que ocorrem na adolescência nos
dois sexos; conhecer os princípios básicos da con-
cepção e identificar possíveis abordagens, realiza-
das por adultos, que possam comprometer a inte-
gridade física e psicológica.
De forma a avaliar a aquisição e consolidação de
conhecimentos foi aplicado um questionário inicial
às crianças e o mesmo questionário após a sessão
de educação.
O questionário era constituído por seis questões,
cinco de resposta fechada e uma de resposta aber-
ta.
Pergunta 1-Achas que o corpo das raparigas é
igual ao dos rapazes?;
Pergunta 2- Qual é a diferença mais importante
que existe no corpo das raparigas e dos rapazes?;
Pergunta 3- O órgão genital das raparigas é:;
Pergunta 4- O órgão genital dos rapazes é:;
Pergunta 5- Como se fazem os bebés? ;
Pergunta 6- O teu corpo está a mudar, sabes como
se chama esta nova etapa da tua vida?.
Todos os alunos mostraram um interesse notório
pelo tema e participaram ativamente durante a ses-
são de educação. Interviram partilhando experiên-
cias e colocando questões às formadoras.
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
SESSÃO DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
Continua na página seguinte
“Eu Sou o meu corpo”
Página 4
APRESENTAÇÃO/ANÁLISE DOS RESULTADOS
Gráfico 1– Resultados do questionário inicial aplicado
Gráfico 2- Resultados do diagnóstico final aplicado
Continua na página seguinte
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
SESSÃO DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE “Eu Sou o meu corpo”
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Pergunta1
Pergunta2
Pergunta3
Pergunta4
Pergunta5
Pergunta6
Nú
me
ro d
e a
lun
os
Perguntas do questionário
Diagnóstico Inicial
Resposta correta
Resposta errado
Não respondeu
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2
3
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5
6
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9
10
Nú
me
ro d
e a
lun
os
Perguntas do questionário
Diagnóstico Final
Resposta correta
Resposta errada
Não respondeu
Analisando os dados acima expostos verifica-se uma
melhoria significativa aquando a avaliação final. Na
pergunta 1 e 2 todos os alunos responderam acerta-
do em ambos os questionários, na pergunta 3, após
a sessão de educação, houve mais um aluno que
respondeu certo e na pergunta 4 não se verificaram
alterações, os mesmo alunos que responderam certo
no questionário inicial responderam no final.
Por outro lado a pergunta 5 foi onde se verificam os