http://www.mcc-grandelisboa.com/ Secretariado Regional da Grande Lisboa | Boletim de Ultreia | Ano V – Nº 49 | Dezembro 2014 C r i s t o C o n t a C o n t i g o Preparando o Natal Chama-se ao Advento o tempo do silêncio. Apesar disso, muitos são os que o vivem enquanto tempo de barulho e de agitação. As pessoas precipitam-se para as lojas a fim de fazer as compras de Natal. E, no entanto, o silêncio é necessário para que Deus possa vir até nós. Sem silêncio, não nos apercebemos da sua vinda, não o ouviremos bater à porta do nosso coração. “Apenas em Deus encontrarei o repouso para a minha alma”, diz um Salmo (62[61],1). Ainda hoje é cantado todas as quartas-feiras, à hora das completas; e sinto-me sempre tocado por ele. Eu próprio não consigo acalmar o coração; quando ouço o seu grito, pressinto que ele sente fome de algo mais do que aquilo que lhe posso dar. É Deus quem ele deseja; só em Deus poderá repousar verdadeiramente. Tu que me lês, dá-te a ti próprio, durante o Advento, alguns momentos de silêncio e de tranquilidade que te permitam procurar Deus. E sempre que, no meio do silêncio, surgir em primeiro lugar o barulho interior, suporta-o muito simplesmente. Pára, permanece imóvel; oferece a Deus o teu coração que grita, para que ele apazigúe a sua fome. É então que o silêncio se tornará um bálsamo e nele poderás mergulhar a tua alma. Suportarás então um frente a frente com a tua própria verdade, poderás até saborear o facto de estares, muito simplesmente, contigo mesmo, diante de Deus. No silêncio, ninguém te exige nada; nele permaneces tal qual és, com toda a simplicidade. Mas o silêncio não é apenas necessário durante o Advento, também o é no Natal. Deus só descerá ao meu coração quando nele se tiverem instalado o silêncio e a tranquilidade. É no seio do mais profundo silêncio e quando a palavra humana se tiver calado, que se dará o nascimento de Deus. Calando-me, não posso obrigar Deus a vir até mim; mas o silêncio é condição necessária para que me aperceba da sua presença em mim. Ao fazer silêncio, desço às minhas profundezas, e o caminho que me leva até lá passa pela obscuridade da minha noite, pela noite da minha angústia e da minha solidão. É então que deixo para trás o trono da realeza onde permaneço seguro de mim, e de onde determino e conduzo a minha vida. É então que mergulho até ao fundo da minha alma. Porque só aí Deus pode nascer em mim; é apenas nas profundezas do meu coração, onde já nenhum ruído exterior penetra, que Deus deseja tornar-se homem em mim. AnselmGrün (Curta Meditação sobre as Festas de Natal )
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Nº 49 | Dezembro 2014 Preparando o NatalSecure Site €¦ · consigo acalmar o coração; quando ouço o seu grito, pressinto que ele sente fome de algo mais do que aquilo que lhe
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Secretariado Regional da Grande Lisboa | Boletim de Ultreia | Ano V – Nº 49 | Dezembro 2014
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Preparando o Natal
Chama-se ao Advento o tempo do silêncio. Apesar disso, muitos são os que o vivem enquanto
tempo de barulho e de agitação. As pessoas precipitam-se para as lojas a fim de fazer as compras de
Natal. E, no entanto, o silêncio é necessário para que Deus possa vir até nós. Sem silêncio, não nos
apercebemos da sua vinda, não o ouviremos bater à porta do nosso coração.
“Apenas em Deus encontrarei o repouso para a minha alma”, diz um Salmo (62[61],1). Ainda hoje é
cantado todas as quartas-feiras, à hora das completas; e sinto-me sempre tocado por ele. Eu próprio não
consigo acalmar o coração; quando ouço o seu grito, pressinto que ele sente fome de algo mais do que
aquilo que lhe posso dar. É Deus quem ele deseja; só em Deus poderá repousar verdadeiramente.
Tu que me lês, dá-te a ti próprio, durante o Advento, alguns momentos de silêncio e de
tranquilidade que te permitam procurar Deus. E sempre que, no meio do silêncio, surgir em primeiro
lugar o barulho interior, suporta-o muito simplesmente. Pára, permanece imóvel; oferece a Deus o teu
coração que grita, para que ele apazigúe a sua fome. É então que o silêncio se tornará um bálsamo e nele
poderás mergulhar a tua alma. Suportarás então um frente a frente com a tua própria verdade, poderás
até saborear o facto de estares, muito simplesmente, contigo mesmo, diante de Deus. No silêncio,
ninguém te exige nada; nele permaneces tal qual és, com toda a simplicidade.
Mas o silêncio não é apenas necessário durante o Advento, também o é no Natal.
Deus só descerá ao meu coração quando nele se tiverem instalado o silêncio e a tranquilidade. É no
seio do mais profundo silêncio e quando a palavra humana se tiver calado, que se dará o nascimento de
Deus. Calando-me, não posso obrigar Deus a vir até mim; mas o silêncio é condição necessária para que
me aperceba da sua presença em mim. Ao fazer silêncio, desço às minhas profundezas, e o caminho que
me leva até lá passa pela obscuridade da minha noite, pela noite da minha angústia e da minha solidão.
É então que deixo para trás o trono da realeza onde permaneço seguro de mim, e de onde
determino e conduzo a minha vida. É então que mergulho até ao fundo da minha alma.
Porque só aí Deus pode nascer em mim; é apenas nas profundezas do meu coração, onde já
nenhum ruído exterior penetra, que Deus deseja tornar-se homem em mim.
AnselmGrün (Curta Meditação sobre as Festas de Natal )