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Museus e Turismo Ibram2014

Oct 07, 2015

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Na imaginação do turista o museu ocupa lugar especial, pois é nele que se encontra,
de modo muito particular, boa parte do conhecimento buscado no curso de
uma viagem. Os museus atraem não só visitantes locais, como enredam a atenção e
o interesse de quem chega a uma cidade e logo quer mergulhar na sua vida cultural e
descobrir os atrativos que oferece.
Assim, na vida contemporânea, mais e mais a instituição museológica se torna um
centro de convergência de turistas. Imprescindível para a cultura, a educação e a organização
social, e instrumento fundamental para as estratégias de fomento do setor
turístico.
Daí a preocupação do Instituto Brasileiro de Museus de qualificar as nossas unidades,
como também de incentivar, orientar e apoiar todo o sistema nacional em favor do
padrão de exemplaridade que se deseja em todo o país. O trabalho pede parceria, e o
envolvimento do Ministério do Turismo em sintonia com o Ministério da Cultura enseja
a soma de esforços que nos leva rapidamente a excelentes resultados.
As atividades interativas entre museus e turismo, como esta publicação que abre e
ilumina caminhos, mostram que o campo museal não tem limites. A serviço da cultura
e do desenvolvimento socioeconômico, os museus participam efetivamente das transformações
positivas em curso no Brasil.
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Presidente do Ibram
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Transcript
  • Instituto Brasileiro de Museus

  • PRESIDENTE DA REPBLICA Dilma Rousseff

    VICE-PRESIDENTE DA REPBLICA Michel Temer

    MINISTRA DA CULTURA Marta Suplicy

    PRESIDENTE DO IBRAM Angelo Oswaldo de Arajo Santos

    DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE DIFUSO, FOMENTO E ECONOMIA DE MUSEUS Eneida Braga Rocha de Lemos

    DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE PROCESSOS MUSEAIS Joo Luiz Domingues Barbosa

    DIRETOR INTERINO DO DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E GESTO INTERNA Emerson Jos de Almeida Santos

    COORDENADORA GERAL DE SISTEMAS DE INFORMAO MUSEAL Rose Moreira de Miranda

    PROCURADORA-CHEFEEliana Alves de Almeida Sartori

    I59 INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS.

    MUSEUS E TURISMO: ESTRATGIAS DE COOPERAO BRASLIA, DF : IBRAM, 2014.

    80P. : IL. ; 23 CM

    ISBN 978-85-63078-30-8

    1. MUSEUS. 2. TURISMO. I. INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS. II. TTULO.

    CDD 069

    EqUIPE TCNICA DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUSEneida Braga Rocha de LemosEna Elvira ColnagoPatrcia AlbernazAna Cristina VianaFlora MaravalhasMarcelo Gonczarowska JorgeMario de Souza ChagasMarcelle PereiraMirela leite de ArajoMnica Padilha FonsecaMarijara Souza queiroz

    EqUIPE TCNICA DO MINISTRIO DE ESTADO DO TURISMOKtia Terezinha Patrcio da SilvaFabiana Oliveira Ana Beatriz SerpaMaria Fernanda Fernandes

    ELABORAO DO CONTEDOStela Maris MurtaMara Freire Ibram

    ASSESSORIA TCNICADoia Freire

    CONSULTORIA EDITORIAL lvaro Marins

    PROJETO GRFICOGustavo Andre B. Tavares de Sousa

    DIAGRAMAO E PAGINAOMarlia Ferreira

    REVISOWanda BrantFlora Maravalhas

    AGRADECIMENTODeixamos expresso nosso agradecimento a todos que participaram da Oficina dequalificao de Multiplicadores Museus eTurismo pelas discusses, contribuies eobservaes que foram de grande importncia para a elaborao do contedo desta obra:

    Adriana Clementino de MedeirosAlexandre de Oliveira FreitasAna Raquel SisinnoAndr Andion AnguloAndr Luiz Rodrigues PintoDenise Maria Oliveira PereiraElaine dos S. De AssisElias Salamon CheifetzElisiane Dond Dal MolinElizabeth Olcese de SouzaEveraldo CostaFabia TrentinFlvio Fortes CarvalhoLana GuimaresLauro BasileLeonardo NappLise Correa RodriguesLuiz Alexandre Lellis MeesLuiz Augusto Nascimento dos SantosMarcelo Gonalves MarinsMaria Aparecida MagalhesMayara Manhes de OliveiraNewton Fabiano SoaresPatricia HerzogPaulo Roberto Ribeiro do AmaralRegina Maria da Vitria PessanhaRosane CarvalhoTatiana PetraTelma LasmarWinston Magno de Sousa

    ENDEREO: Instituto Brasileiro de MuseusSetor Bancrio Norte, quadra 02, Bloco N, 14 andar.Braslia/DFCEP: 70040-020Telefone: + 55 (61) 3521-4100Pgina na Internet: www.museus.gov.br

  • Introduo 15 O que anseiam os museus e os profissionais dos museus? 16 O que anseiam os profissionais e as empresas de turismo? 16 O que anseiam os turistas? 16 O que anseia a comunidade em torno do museu? 17 Atividade 1 19

    Museus onteM e hoje 21 Qual a origem dos museus? 21 Os museus no Brasil 22 Os princpios fundamentais do museu 25 Possibilidades de comunicao em museus 26 Atividade 2 29 A Interpretao de ambientes e acervos 30 Atividade 3 33 A sinalizao no museu 33 Atividade 4 36 Hospitalidade 37 Atividade 5 41 Atividade 6 44 Atividade 7 46 Museus: bens culturais e produtos tursticos 47 Atividade 8 55 O bem comunicar: divulgao e marketing 55 Atividade 9 56 Atividade 10 58 Marketing 58 Gesto e sustentabilidade de museus 61

    Museus e turIsMo para o desenvolvIMento 65 Formao de pblicos 65 Desenvolvimento econmico 65 Dinamizao dos fluxos tursticos 66

    referncIas bIblIogrfIcas 68

    glossrIo 74

    sumrio

  • Os museus so timas portas de entrada para o turismo. So espaos privilegiados para conhecermos a cultura de um local. Preservam e contam sua histria. Quem viaja quer conhecer. E a cultura que diz o que cada lugar .

    Por isso, em um dilogo que vise impulsionar o turismo, devemos pensar nos museus como elemento indispensvel em roteiros tursticos.

    A relao entre turismo e cultura deve ser vista sempre como uma via de mo dupla: a cultura impulsiona o turismo e este deve ser um elemento importante na preservao das identidades culturais.

    Temos, como um bom exemplo, a Europa que tantos turistas recebe constantemente devido ao interesse que a preservao de sua cultura desperta. Os museus so parte importante na estratgia europeia, junto com a gastronomia, moda e tantos outros aspectos predominantemente ligados cultura.

    J tive a honra de ocupar o Ministrio do Turismo e hoje tenho a honra de ocupar o da Cultura. Se a importncia da unio destes dois setores j evidente para quem est fora destes ministrios, ainda mais para quem conhece ambos.

    O mundo, hoje, fala em Soft Power ("poder brando" em traduo livre) que a capa-cidade dos pases influenciarem a poltica mundial por meio de sua cultura e no pelo vis econmico ou blico. A cultura brasileira nos d enorme potencial nesta nova configurao geopoltica. O turismo um dos meios mais eficazes na propagao de nossa cultura.

    Os eventos esportivos, que sediamos e vamos sediar, representam uma grande oportunidade. No s durante a Copa das Confederaes, o Mundial Fifa e as Olimpadas, mas tambm antes e aps estes eventos, um nmero muito grande de turistas domsticos e estran-geiros conhecero nosso pas, nossa cultura e histria. Os museus tm um protago-nismo muito grande neste momento to importante pelo qual passamos. Por isso o Governo Federal, por meio do Ministrio da Cultura, tem investido na capacitao e formao de profissionais e na melhoria de museus brasileiros.

    Fazer com que os turistas conheam profundamente o Brasil para que voltem a viajar por ele uma misso de todos ns.

    Marta SuplicyMinistra da Cultura

    apresentao

  • 1110

    Na imaginao do turista o museu ocupa lugar especial, pois nele que se encon-tra, de modo muito particular, boa parte do conhecimento buscado no curso de uma viagem. Os museus atraem no s visitantes locais, como enredam a ateno e o interesse de quem chega a uma cidade e logo quer mergulhar na sua vida cultural e descobrir os atrativos que oferece.

    Assim, na vida contempornea, mais e mais a instituio museolgica se torna um centro de convergncia de turistas. Imprescindvel para a cultura, a educao e a or-ganizao social, e instrumento fundamental para as estratgias de fomento do setor turstico.

    Da a preocupao do Instituto Brasileiro de Museus de qualificar as nossas unidades, como tambm de incentivar, orientar e apoiar todo o sistema nacional em favor do padro de exemplaridade que se deseja em todo o pas. O trabalho pede parceria, e o envolvimento do Ministrio do Turismo em sintonia com o Ministrio da Cultura enseja a soma de esforos que nos leva rapidamente a excelentes resultados.

    As atividades interativas entre museus e turismo, como esta publicao que abre e ilumina caminhos, mostram que o campo museal no tem limites. A servio da cultura e do desenvolvimento socioeconmico, os museus participam efetivamente das trans-formaes positivas em curso no Brasil.

    Angelo Oswaldo de Arajo SantosPresidente do Ibram

    Museus: parada obrigatria dos turistas

    A aproximao dos segmentos de museus e de turismo tarefa complexa, que exi-ge que os profissionais das diferentes reas se empenhem em conhecer os signos, os conceitos, as prticas e as especificidades que conformam a dinmica de cada um dos setores.

    Esse exerccio de reconhecimento entre as partes certamente revelar pontos de con-vergncia das atividades, complementaridades de esforos e inovaes das prticas, o que criar as condies para que sejam desenvolvidas e implementadas estratgias conjuntas para o incremento do turismo cultural no pas.

    O prprio processo de elaborao deste trabalho Museus e Turismo: estratgias de cooperao representa o esforo mtuo de dilogo e interao entre o Instituto Bra-sileiro de Museus Ibram e o Ministrio do Turismo MTur. Durante esse processo, ambos os rgos foram chamados a se envolver com as especificidades de cada um dos dois segmentos e, ao mesmo tempo, considerar a necessidade de um material de comunicao e compreenso dos setores envolvidos que permitisse um dilogo efeti-vo, especialmente, entre os profissionais das duas reas.

    Assim, como estratgias de integrao, foram realizadas as Oficinas de Museus e Tu-rismo. A primeira, realizada em maio de 2010, no Museu Histrico Nacional, no Rio de Janeiro, reuniu profissionais das duas reas e teve como objetivos apresentar ocontedo a ser desenvolvido para a elaborao desta publicao e a prospeco de mul-tiplicadores para futuras oficinas sobre o tema museus e turismo. Nessas condies, com a colaborao de pessoas capacitadas durante a primeira edio, foram realizadas mais duas oficinas nas programaes do 4 e do 5 Frum Nacional de Museus, em julho de 2010, em Braslia, e em novembro de 2012, em Petrpolis, respectivamente.

    O trabalho conjunto resultou nesta publicao de contedo acessvel e atraente para pblico pertencente a reas distintas, no sentido da identificao de possibilidades de inovao em suas atividades, com dicas variadas sobre como as reas de museus e do turismo podem funcionar em apoio mtuo.

    Esta publicao passar a ser utilizada como material de apoio e consulta para realiza-o de oficinas temticas do Programa de Capacitao e Formao em Museologia do Ibram, entre as quais a Oficina Museus e Turismo.

    uma fina sintonia

  • 1312

    Museus e Turismo: estratgias de cooperao um convite para que aqueles que atu-am nos setores de museus e turismos se abram para oportunidades que se apresentam nessa parceria.Agradeo o empenho e a dedicao dos profissionais e instituies que contriburam para a concretizao deste trabalho.

    Eneida Rocha Braga de LemosDiretora do Departamento de Difuso, Fomento e Economia de Museus

  • 15

    O objetivo geral desta publicao facilitar a comunicao entre os profissionais que atuam na rea dos museus e na rea do turismo, de modo a construir uma relao dialgica, de trocas e aprendizagem benficas a ambos os setores. O que se pretende fortalecer o papel do museu como um espao de encontro, aprendizado, lazer e turismo.

    Museus e turismo, apesar de pertencerem a universos distintos de conhecimentos e prticas, necessitam se encontrar e dialogar para o desenvolvimento de ambos. Com o fortalecimento das polticas pblicas para a rea, os museus brasileiros tm se qualificado tanto tecnicamente como em infraestrutura, se tornando cada vez mais um atrativo presente nos roteiros tursti-cos. A diversificao e a qualidade dos atrativos tursticos, por sua vez, trazem grande dinamis-mo econmico ao setor, com repercusses favorveis para os locais de destino.

    Com espaos equipados, aes culturais diversificadas, exposies estruturadas e divulgadas, os museus brasileiros contribuiro de forma direta na diversificao dos atrativos, no s para o turismo receptivo internacional, como tambm para o domstico.

    Sabe-se que uma das principais barreiras expanso do turismo cultural a social e no ape-nas a econmica. isto que mostram algumas pesquisas com visitantes ao Centro George Pompidou, em Paris, que no incio dos anos 1990 j recebia mais de 10 milhes de pessoas por ano: o grande nmero de visitantes no espao cultural no se traduzia na presena de classes populares propriamente, uma vez que a grande maioria era proveniente dos setores mais ins-trudos da classe mdia (HEINICH, 1990).

    Dessa forma, podemos pontuar que o direito cultura est intimamente entrelaado com as relaes de poder e classe: passear por ambientes, apreciar e usufruir de culturas diversas no so possibilidades equnimes a todas as camadas da sociedade.

    Para se consolidarem como atraes de lazer e cultura para a populao, os museus tm discu-tido e aprimorado os indicativos para um bom acolhimento, tais como: informao adequada, hospitalidade, experincias ricas e interativas, servios confortveis e de qualidade, adequa-es voltadas acessibilidade e mais segurana para os pblicos, os funcionrios e o acervo.

    Para alm do aprimoramento tcnico, h um esforo dos profissionais dos museus em estrei-tar o dilogo com os profissionais de turismo, visando o desenvolvimento de aes em con-junto, de forma a unir as experincias acumuladas pelas duas reas em prol de um turismo cultural estruturado e acessvel para todos.

    Introduo

  • 1716

    Nesse processo de desenvolvimento de diretrizes voltadas para o turismo cultural, inserindo os museus como um dos atrativos, identificam-se quatro grupos, em posies diferenciadas, porm participantes ativos de todas as aes: os profissionais de museus, os profissionais de turismo, os pblicos/turistas e as comunidades no entorno dos museus.

    Apesar das experincias bem sucedidas unindo profissionais de museus e de turismo, ainda existe certo desconhecimento sobre o papel de cada um dentro dos projetos. Para tornar essa parceria mais frutfera, preciso conhecer o cenrio e o contexto que envolve a relao mu-seus-turismo.

    o que anseIaM os Museus e os profIssIonaIs dos Museus?

    Existe, por parte das equipes dos museus, o interesse em assegurar a preservao e a segu-rana do acervo e proporcionar aos seus pblicos experincias singulares e emocionantes capazes de cativ-los.

    O que ocorre a dificuldade de conciliar as responsabilidades de preservar, organizar e expor seus acervos e realizar atividades no apenas para o pblico, mas com o pblico. Para isso, o museu anseia uma equipe completa e no sobrecarregada, espao fsico adequado, recursos humanos, financeiros e materiais suficientes para criar as melhores condies de acolhimento ao pblico. Os profissionais dos museus querem atrair visitantes e oferecer-lhes uma experi-ncia que os surpreendam positivamente.

    o que anseIaM os profIssIonaIs e as eMpresas de turIsMo?

    Os profissionais e as empresas do setor do turismo anseiam por atraes que despertem o de-sejo de visitao ao local. Alm do carter de entretenimento, os atrativos devem contar com infraestrutura adequada ao conforto e segurana dos turistas.

    Outro aspecto que deve estar agregado aos atrativos locais a programao cultural do lugar ou da regio. Os museus devem constar como pontos de partida para roteiros culturais, que devem incluir, ainda, monumentos, stios tombados, espaos culturais e aspectos que retra-tam a cultural local. Tanto os espaos quantos os eventos devem estar acessveis por meio de oferta de transporte, devem estar sinalizados adequadamente para que sejam identificados como atrativos culturais e devem contar com espaos para alimentao, convivncia e comrcio.

    o que anseIaM os turIstas?

    Conciliar seu tempo no local com todas as atividades que gostariam de fazer. Os turistas esto procura de conhecer as peculiaridades do lugar e, ao mesmo tempo, de realizar experincias diferentes de seu cotidiano.

    importante destacar que existem diferentes tipos de turistas e de turismos. Uns procuram ati-vidades para relaxar, outros procuram aventura, comrcio, gastronomia, novos conhecimentos, novas sensaes. Uns viajam em grupos grandes, outros em famlia, em casais, entre amigos e tambm os que viajam ss. O que comum a todos os grupos de turistas o desejo por seguran-a, conforto, comodidades que facilitem a visitao e no comprometam o tempo de permann-cia no local, alm de banheiros limpos, locais de descanso e contemplao, restaurantes, cafs, lanchonetes e lojas que ofeream pequenas recordaes relacionadas ao destino.

    o que anseIa a coMunIdade eM torno do Museu?

    A comunidade deseja que o turismo da regio movimente a economia e respeite os patrim-nios que a cidade possui. Deseja ainda oferecer um servio de qualidade, que incentive o tu-rista a permanecer na cidade por mais tempo, consumindo produtos e servios e que sinta vontade de voltar.

    Alm dos profissionais e das empresas de turismo, existem outros agentes como professores, escolas, igrejas, restaurantes, lanchonetes, bares, cafs, centros comerciais, artesos e pe-quenos produtores, rgos municipais e estaduais que esto envolvidos e so potencialmente parceiros com vistas a assegurar condies favorveis de infraestrutura e segurana, para que o turismo se fortalea como atividade econmica da regio.

    O papel do museu na comunidade o valoriza como agente indutor do turismo responsvel e sustentvel. Nesse sentido, os museus tm importante papel no processo de sensibilizao e de conscientizao do turista sobre o respeito e a responsabilidade com relao ao patrimnio do local de forma integral, seja por suas belezas naturais, aparelhos culturais, manifestaes artsticas ou quaisquer que sejam as motivaes da viagem.

    A visita aos museus pode ser uma boa aliada na disseminao do respeito ao patrimnio.

    Para o bom xito de uma experincia museolgica para o turista, torna-se necessrio um esforo conjunto entre o corpo tcnico e administrativo do museu, o profissional de turismo e a comunidade.

    Estamos diante de um desafio: construir uma metodologia dialgica entre esses universos. As atividades contidas nesta publicao visam promover um intercmbio de conhecimentos entre profissionais de turismo e de museus, com o objetivo de fomentar o lazer e o turismo nos espaos culturais e monumentos abertos ao pblico. O que se busca ter operadores e guias qualificados para apresentar os museus e atrativos culturais, assim como funcionrios de museus bem preparados para receber os turistas e gerir os servios e o fluxo de visitantes.

  • 1918

    Uma das intenes desta publicao contribuir para fortalecer a relao entre trabalhadores do museu e as pessoas e instituies ligadas ao receptivo local e regional. Para isso, impor-tante criar parcerias com a comunidade.

    A metodologia desse material engloba informaes, dicas, exemplos cotidianos e sugestes, alm de propor atividades que podem ser realizadas por aqueles que trabalham no contexto museal e turstico, de preferncia, em parceria. Algumas dessas atividades tambm podem ser levadas para dentro das instituies e compor um plano de trabalho voltado para o desenvol-vimento do potencial turstico dos museus e suas localidades.

    Segundo o conceito da OMT, dependendo de uma pes-

    soa estar em viagem para, de ou dentro de um certo

    pas, as seguintes formas podem ser distinguidas:

    Turismo emissivo - quando residentes viajam a

    outro pas, do ponto de vista do pas de origem.

    Turismo domstico - quando residentes de um

    pas viajam dentro de seu limite.

    Turismo receptivo - quando no-residentes so

    recebidos por um pas de destino, do ponto de vis-

    ta desse destino.

    Engloba o conjunto de bens, servios, infraestrutura,

    atrativos, etc. prontos a atender s expectativas dos indi-

    vduos que adquiriram o produto turstico. Trata-se do in-

    verso do turismo emissivo. Corresponde oferta turstica,

    j que se trata da localidade receptora e seus respectivos

    atrativos, bens e servios a ser oferecidos aos turistas l

    presentes.

    O turismo receptivo, para se organizar de modo que

    seja bem estruturado, deve ter o apoio de trs ele-

    mentos essenciais, so eles:

    Relao turismo e governo em harmonia;

    Apoio e investimentos dos empresrios;

    Envolvimento da comunidade local.

    A partir da interrelao desses elementos que pode

    nascer um centro receptor competitivo, lembrando

    que eles so apenas os essenciais, mas no os dife-

    renciais, uma vez que o diferencial que far com que

    o turista se desloque at esse possvel centro.

    Nesse centro receptor, alm de haver esses trs

    elementos de fundamental importncia para a for-

    mao do produto turstico, tambm deve haver:

    atrativos naturais e histrico/culturais; acessos;

    marketing; infraestrutura bsica e complementar;

    boas condies de vida da populao local; posicio-

    namento geogrfico; entre outros.

    Disponvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Turismo

    Como funciona uma operadora de turismo?

    A operadora de turismo funciona como uma produtora

    de cinema. A partir de uma ideia, de um conceito de

    viagem, a operadora escreve o roteiro e negocia os itens

    necessrios para transformar aquela ideia de viagem

    em realidade. Esse processo inclui viabilizar transporte,

    hospedagem, hotis, guias, passeios, refeies por meio

    de pesquisas e visitas aos locais e ainda se dedicar a fazer

    negociaes e acordos com parceiros que fornecem cada

    item da viagem e que juntos formam o que se convencio-

    nou chamar de pacote. Em suma, a operadora viabiliza

    a transformao do desejo de viajar em uma realidade.

    Tudo para que o viajante possa ser o protagonista da

    realizao do seu sonho de viagem.

    Qual a diferena entre uma operadora de turismo e

    uma agncia de viagens?

    A operadora tem a vantagem da escala enquanto as

    agncias de viagem trabalham de forma mais perso-

    nalizada. O resultado que operadoras e agncias se

    completam no atendimento dos seus clientes. Ou seja, a

    operadora atua como um atacadista e as agncias, como

    varejistas. A operadora tem volume de vendas para con-

    seguir preos mais baixos, j a agncia, por tratar com

    os passageiros sempre de forma individualizada procura

    oferecer a melhor soluo para o cliente conforme seus

    desejos e disponibilidade financeira.

    Museu - Trabalhe com foco em um ou vrios museus descrevendo quais so as caracters-ticas desse(s) museu(s): tamanho, tema do acervo, mdia de visitao/perodo, progra-mao cultural que oferece e infraestrutura para recebimento.

    Profissionais de turismo Existem pontos de atendimento ao turista? Qual o perfil das agn-cias de turismo ou das operadoras de turismo receptivo e quais servios oferecem? Existem pacotes tursticos que contemplem visitas aos museus? Os museus atuam com guias de turis-mo? Qual o perfil deles?

    Profissionais de museus Existe um corpo tcnico especfico para receber o pblico? Como se d a qualificao dessas pessoas? Quais tipos de atividades so oferecidas e com foco em qual tipo de pblico?

    Parceiros da comunidade Levante os poss-veis parceiros do desenvolvimento cultural e econmico do turismo na cidade ou no entor-no do museu, por exemplo: ONGs, associaes de moradores de comerciantes, escolas, entre outros.

    Turistas Principais perfis dos turistas, quan-to tempo eles costumam permanecer em sua cidade ou regio, os principais atrativos e mo-tivaes da viagem.

    Na representao acima temos uma rede em que o museu o ncleo, ele que unir as outras partes dessa teia. Poderia ser qualquer atrao turstica da regio, mas, no caso, o que nos inte-ressa o potencial do museu na conexo dessa rede. Pelo que podemos notar, todos os sujeitos esto interligados entre si. Para manter o equilbrio dessa cadeia, todos os entes precisam estar fortes e as relaes verdadeiramente estabelecidas. Todos saem ganhando com essa parceria.

    Identifique e descreva brevemente a situao de cada um desses componentes na regio onde atua:

    Agora identifique os elos que j existem entre esses quatro componentes, suas fragilidades e for-as bem como a inexistncia de elos. Depois desse diagnstico, liste estratgias no mbito local para criar ou fortalecer parcerias.

    atIvIdade 1

    Disponvel em: http://www.braztoa.com.br/home/index2.php?url=faq

    MuseuTuristas

    Parceiros da Comunidade

    Prossionais de museu

    Prossionais de turismo

  • 21

    Em Alexandria, Egito, tambm existiu um mouseion, porm ele tinha como objetivo principal o saber enciclopdico e, assim como na Grcia, possua obras de arte expostas, mas tambm contemplava biblioteca, anfiteatro, jardim botnico e observatrio.

    Mais tarde, a ideia de museu passou a corresponder a de colecionismo, o acmulo de objetos, obras de arte e at mesmo a compilao de textos para publicaes. Destaca-se ainda que o processo de construo do Imprio Romano desenvolveu-se com guerras de dominao de outros territrios e culturas, o que contribuiu para a formao de variadas colees, guardadas nos templos e em casas particulares. Essas colees serviam para a demonstrao de poder e triunfo dessas conquistas.

    Com a chegada da Idade Mdia, a Igreja Catlica passou a ser uma das principais colecionado-ras. Os mosteiros e as igrejas eram locais repletos de objetos e relquias, muitos desses doados em funo das pregaes que recomendavam o desprendimento de bens materiais suprflu-os. Parte desses objetos era trazida de cidades distantes, por conta das Cruzadas.

    Museus ontem e hoje

    qual a orIgeM dos Museus?

    Sua origem remete-se ao vocbulo grego mouseion ou casa das musas. De acordo com a mito-logia grega, as nove musas eram filhas de Mnemsine, a divindade da memria, e Zeus.

    Musa sIgnIfIcado arte atrIbuto

    Calope A de bela voz Poesia picaTabuleta ou pergaminho e uma pena para escrita

    Clio A Proclamadora Histria Pergaminho parcialmente aberto

    Erato Amvel Poesia de Amor Pequena Lira

    EuterpeA doadora de prazeres

    Msica Flauta

    Melpmene A poetisa TragdiaUma mscara trgica, uma grinal-da e uma clava

    PolmniaA de muitos hinos

    Msica Cerimonial (sacra)

    Figura velada

    TliaA que faz brotar flores

    ComdiaMscara cmica e coroa de hera ou um basto

    Terpscore A rodopiante Dana Lira e plectro

    Urnia A celestial Astronomia Globo celestial e compasso

  • 2322

    O enfraquecimento do poder da Igreja, aps os movimentos de Reforma e Contrarreforma, fez com que os reinados se fortalecessem e, assim, as colees agora chamadas de principescas passam a ser ainda mais privadas. Os grandes reinados compravam muitos objetos antigos, financiavam os artistas da poca e ficavam com a sua produo. Surgem assim os chamados Gabinetes de Curiosidades, onde estavam reunidos objetos de diversas origens e tamanhos, aos quais o acesso era restrito, pois sua visitao deveria ser autorizada por seus propriet-rios. Essas colees formariam os grandes museus que conhecemos hoje, como o Ashmoelan Museum, na Inglaterra. Considerado o primeiro museu pblico, ele fruto de uma doao da coleo de John Tradeskin a Elias Ashmole, com a indicao de que essa coleo virasse um museu na Universidade de Oxford.

    Ressalta-se que, mesmo abertas ao pblico, as visitas a esses museus eram restritas. As visi-taes sofreram transformaes com o advento da Revoluo Francesa e seus ideais, onde a nova classe, a burguesia, via nos museus um local que deveria refletir o seu estabelecimento.

    Sabemos que nem todo recurso natural ou cultural sob a guarda de museus pode vir a ser, em sua totalidade, exposto ao pblico. Um parque ecolgico, por exemplo, possui algumas reas abertas aos visitantes, enquanto outras so consideradas de preservao permanente, ficando restritas a pesquisadores e estudiosos da fauna e flora. Os museus tambm tm reas restritas a restauradores e estudiosos, onde as peas mais frgeis so guardadas, sendo expostas ao pblico por tempo determinado e em condies especiais. Alguns museus adequaram suas reservas tcnicas e laboratrios para receber visitantes, fazendo da preservao um grande atrativo para pesquisadores e curiosos.

    Atualmente pode-se dizer que, em sua maioria, os museus abrem suas colees ao pblico e tm como desafio firmarem-se como local de lazer, descobertas e experincias.

    Os museus refletem as transformaes humanas e, dessa forma, seus discursos e colees iro indicar os interesses das prticas sociais vigentes na poca.

    os Museus no brasIl

    Nos pases da Amrica do Sul, o surgimento dos museus aconteceu a partir do sculo XIX, a exemplo da Argentina com a criao do Museu de Histria Natural em Buenos Aires e a Colm-bia com o surgimento do Museu Nacional de Bogot, ambos criados em 1823.

    Aqui no Brasil, sabe-se de algumas experincias museolgicas no perodo da dominao ho-landesa em Olinda, Pernambuco, quando Maurcio de Nassau construiu o Palcio de Vrijburg ou Palcio das Torres, onde ficavam expostas amostras da fauna e flora da regio, alm de pinturas dos holandeses Frans Post e Albert Eckhout.

    No sculo XVIII, Dom Luiz de Vasconcellos, vice-rei do Brasil, criou a Casa de Histria Natural, popularmente chamada Casa Xavier dos Pssaros. A instituio era responsvel pela coleta e taxidermizao de animais que iam para os museus portugueses. Somente em 1818, aps

    a chegada da Famlia Real, foi criado o primeiro museu brasileiro, o Museu Real, instalado no Campo de Santana, no Rio de Janeiro.

    O Museu Real nasceu do desejo da coroa portuguesa de constituir uma instituio destinada ao cientificismo influncia do pensamento ingls que predominava na poca, tornando-se um museu de histria natural. Seu acervo era composto por exemplares de objetos trazidos por naturalistas, instrumentos e colees mineralgicas, artefatos indgenas e objetos doados pela Famlia Real.

    Outras experincias de carter museolgico foram surgindo com o apoio das sociedades parti-culares. As colees cientficas e culturais aos poucos iam se tornando museus, como o Museu Paraense Emlio Goeldi em Belm (1866) e o Instituto Geogrfico e Histrico da Bahia (1894).

    A chegada do perodo republicano trouxe consigo o crescimento do nmero de institui-es museolgicas nas provncias brasileiras. Em 7 de setembro de 1895, foi criado o Mu-seu Paulista em So Paulo.

    Com as transformaes polticas, sociais e culturais do sculo XX, crescia o sentimento nacio-nalista. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi exemplo dessa valorizao da cultura nacional. Ao mesmo tempo, aconteciam movimentos polticos intensos tais como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana e a fundao do Partido Comunista do Brasil. nesse contexto que nasce o Museu Histrico Nacional em 1922.

    No sculo XX, houve um crescimento no nmero de museus. No perodo ps-guerra criado o Conselho Internacional de Museus (ICOM), uma organizao sem fins lucrativos, ligada Organizao das Naes Unidas para Cincia Educao e Cultura (Unesco) e que tem como objetivo discutir e formalizar procedimentos e prticas profissionais na rea de museus.

    J no final da dcada de 1960, o papel dos museus e seus discursos comearam a ser questio-nados. Movimentos em todo o mundo modificavam o cenrio das relaes sociais: pases da frica passavam pelo processo de descolonizao, nos EUA os movimentos negros lutavam pelos direitos civis, no Brasil e na Amrica Latina o povo lutava contra ditaduras militares.Eram claras as transformaes dos valores tradicionais da sociedade.

    A dcada de 1970 trouxe consigo movimentos na rea museolgica que contriburam para a ra-tificao do papel dos museus na sociedade. Um dos principais marcos foi a Mesa Redonda de Santiago do Chile, que aconteceu de 20 a 31 de maio de 1972. Os participantes discutiram o papel do museu na Amrica Latina, chegando ao conceito de Museu Integral, ampliao do conceito de patrimnio e funo social dos museus nas transformaes e no desenvolvimento humano.

    Museu Integral: Os princpios que definiram o conceito de Museu Integral so resultados das discusses da Mesa

    Redonda de Santiago do Chile. Eles referem-se a uma instituio que parte integrante e atuante da sociedade,

    que participa da formao de conscincia das pessoas e grupos, situando suas atividades em quadros histricos,

    sociais, culturais e econmicos de forma a esclarecer os problemas atuais e contribuir para o engajamento dos

    indivduos na transformao do contexto social em que vivem.

  • 2524

    Definio de Museu: Consideram-se museus

    as instituies sem fins lucrativos que conser-

    vam, investigam, comunicam, interpretam

    e expem, para fins de preservao, estudo,

    pesquisa, educao, contemplao e turismo,

    conjuntos e colees de valor histrico, arts-

    tico, cientfico, tcnico ou de qualquer outra

    natureza cultural, abertas ao pblico, a servio

    da sociedade e de seu desenvolvimento.

    Art.1 da lei n 11.904, de 14 de janeiro de

    2009, que institui o Estatuto de Museus.

    Os museus chegam ao sculo XXI motivados pelas grandes transformaes sociais, econ-micas, polticas e consequentemente cultu-rais. No Brasil, so 3.025 museus mapeados1 pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram, 2011).

    O conceito de museu continua em constru-o no Brasil e no mundo. Nesta publicao utilizada a definio da Lei 11.904/2009, que institui o Estatuto de Museus. Sua an-lise nos permite no s uma compreenso abrangente do que vem a ser um museu, como tambm a identificao de diversas in-terfaces com a educao, o lazer e o turismo.

    Ao contrrio do que pode parecer, existem processos museolgicos que acontecem fora dos museus e extrapolam seu carter institucional. So considerados processos museolgicos as atividades, os projetos e os programas com base nos pressupostos tericos e prticos da mu-seologia, tendo o territrio, o patrimnio cultural e a memria social de comunidades espe-cficas como objeto, visando produo do conhecimento e ao desenvolvimento cultural e socioeconmico. Os processos museolgicos, que se iniciam pela articulao e formao de redes, buscam o empoderamento social e o desenvolvimento cultural, por meio da afirmao da identidade, da apropriao do patrimnio cultural e da construo da memria social.

    1 - Museus em Nmeros, 2011. Dados coletados at 10 de setembro de 2010.

    A fim de incentivar os processos museolgicos, que tm como objetivo a reescrita da histria por parte dos grupos sociais que no tiveram o direito de narrar e expor suas memrias e seus patrimnios, o Instituto Brasileiro de Museus criou o Programa Pontos de Memria em 2009. Conceitualmente, o Programa ancora suas bases na museologia social e na ideia do museu integral. No Brasil, a museologia social ganhou respaldo institucional principalmente com a criao da Poltica Nacional de Museus (PNM), em 2003. Os Pontos de Memria so capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da populao e fortalecer as tradies locais e os laos de pertencimento, alm de colaborar com o turismo e a economia local, contribuin-do positivamente na reduo da pobreza e violncia.

    os prIncpIos fundaMentaIs do Museu

    Os princpios fundamentais dos museus, regimentados pelo Estatuto de Museus, prezam prin-cipalmente pela valorizao da dignidade humana, a nfase na funo social, a preservao do patrimnio cultural e ambiental, a universalidade do acesso e a valorizao da diversidade. Esses pilares devem se refletir no desenvolvimento das aes e das atividades basilares dos museus que so a preservao, a pesquisa e as diversas formas de comunicao com a sociedade.

    Os novos conceitos que permeiam o campo da museologia ampliam a compreenso de acer-vos como temas, de edifcios como territorialidades e de pblicos como protagonistas sociais, o que agrega s instituies museais um compromisso maior na internalizao do processo de elaborao, uso e significado de seus patrimnios. Isso significa que os museus hoje, embora comprometidos com a preservao de bens culturais, so espaos de relao dos indivduos e das comunidades com seu patrimnio e elos de integrao social, tendo em conta em seus discursos e linguagens expositivas os diferentes cdigos culturais das comunidades que pro-duziram e usaram os bens culturais, permitindo seu reconhecimento e sua valorizao2.

    Os processos de comunicao museolgica, se abertos, multidirecionais e participativos, so caminhos para o desenvolvimento da capacidade crtica e cognitiva dos indivduos. Usando variados modos de leitura dos discursos expositivos e com uma comunicao dialgica entre os museus e a comunidade, possvel criar novos laos, incentivar a autonomia e o empode-ramento. possvel tambm ampliar as maneiras de perceber e estar no mundo tanto das pessoas quanto do museu.

    A comunicao se d sob diversas formas, que vo desde a pesquisa e divulgao do acervo realizao de exposies, atividades educacionais e eventos culturais. Vale ressaltar que tais iniciativas, quando sistematizadas em programas, alm de atrair visitantes ocasionais contri-buem para a formao de pblicos frequentadores de museus.

    Foto

    : Ibr

    am

    2 - Declarao de Caracas, Venezuela, 1992

    PONTO DE MEMRIA MUSEU DE FAvELA-RJ

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    possIbIlIdades de coMunIcao eM Museus

    > estudo e pesquisa As pesquisas nos museus contribuem para a amplia-o dos sentidos e das possibilidades de interpretao dos objetos, expo-sies e pblicos. Como ponto de partida, a pesquisa resulta em subsdios essenciais para o desenvolvimento de uma poltica de comunicao eficaz, alm de fundamentar as aes desenvolvidas em todos os setores tcnicos

    do museu. A pesquisa deve abranger tanto os objetos da coleo e a temtica do museu, quan-to os interesses de cada pblico e as possibilidades de atrair o vistitante.

    > difuso e divulgao - As aes de difuso tm por objetivo proporcio-nar uma maior compreenso sobre os acervos e aproximao entre os pro-fissionais dos museus, as atividades realizadas e os pblicos. Elas criam um ambiente favorvel para a troca de ideias, experincias e novas propostas para o museu. A programao cultural permanente e a divulgao contnua

    cativam o visitante e so fundamentais para o estabelecimento do hbito de visitar os museus. A programao precisa estar diretamente atrelada s pesquisas de pblico e s novas formas de comunicao tais como as redes sociais, o compartilhamento de ideias e o contato direto com os pblicos.

    > ao educacional e cultural entendidos como espaos no-formais de educao, os museus possuem um papel fundamental no estmulo refle-xo crtica sobre a sociedade e as transformaes humanas. Por isso, um dos focos das prticas educacionais e culturais dos museus deve ser a relao da temtica do museu com as questes da atualidade. A educao no-formal

    diferencia-se processualmente da educao formal principalmente pela no obrigatoriedade de um currculo formal legislado, mas se assemelha por necessitar de uma organizao sis-temtica e intensional. Por meio da troca de experincias, do compartilhamento de conheci-mentos e do desenvolvimento das potencialidades individuais, a ao educacional nos museus volta-se para as prticas sociais e para a formao poltica e sociocultural. A ao educacional nos museus tem por finalidades construir uma relao permanente com os pblicos, formar e informar os visitantes e oferecer caminhos, novas linguagens, culturas e pensamentos.

    A potencialidade das instituies para aes desse tipo pode ser traduzida em visitas orienta-das, realizao de cursos, oficinas, palestras, elaborao de kits educativos, de jogos, de apli-cativos multimdia, preparo de educadores das mais diversas idades e formaes, programas para pblicos especficos e em comemoraes de datas consideradas marcantes. O ideal que toda instituio possua uma equipe de educadores que elabore, pense, articule com os outros setores a concepo das atividades educacionais do museu.

    Outro aspecto a ser lembrado pelos profissionais dos museus e do turismo se relaciona a quais estratgias usar para o incentivo do turismo pedaggico, que ainda incipiente mas tem um grande potencial no Pas. Para alm do pblico escolar e universitrio, esse tipo de turismo agrega pessoas que buscam conhecimentos por meio de experincias vivenciais mais signifi-cativas do que as tradicionais formas de ensino.

    > exposies - As exposies nascem necessariamente da inteno de comunicar um tema, um conjunto de artefatos, uma coleo, a obra de um artista, um recorte conceitual sobre o acervo, uma posio poltica ou ideologia social. A exposio representa a condensao dos saberes do cam-po da museologia atravs da aplicao de seus mtodos e tcnicas como a

    pesquisa, documentao, conservao, segurana, educao e difuso. Entretanto, ela no se encerra ao ser inaugurada, pois deve se comportar como uma obra aberta, alimentada perma-nentemente pelo visitante.

    A exposio o principal veculo de comunicao do museu. Seu planejamento tcnico e con-ceitual norteia o discurso temtico e deve provocar a reflexo e o protagonismo do visitante nas formas de apropriao e interpretao das informaes, com base nos referenciais pr-prios de cada um. Para tanto, importante que o pblico seja pensado em todas as etapas de elaborao da exposio, como escolha do tema, conceituao, elaborao de contedos, acessibilidade, seleo de objetos, recursos expogrficos, audiovisuais, publicaes, informa-tivos, divulgao e comunicao visual.

    Alm do contedo temtico, as exposies devem contar com suportes de informao e si-nalizaes que facilitem a compreenso dos diversos pblicos. Os textos devem ter lingua-gem clara e direta, o que no significa subestimar a capacidade de apreenso do visitante. importante que todos os textos que acompanham a exposio estejam traduzidos em pelo menos uma lngua, alm da materna. O pblico infantil e as pessoas portadoras de necessi-dades especiais devem ter acesso s mesmas informaes que os demais visitantes. Caso no haja acessibilidade garantida s exposies, importante que o museu desenvolva atividades educacionais ou jogos didtico-pedaggicos complementares e tenham em seus quadros me-diadores preparados para atender a esses pblicos.

    Uma exposio favorece a preservao da memria e do imaginrio coletivo, seja a partir das colees e temas trazidos a pblico, seja com base em fatos histricos e evidncias culturais con-textualizadas. Os olhares sobre as colees ou temas expostos propem de forma sensvel a cons-truo de poticas sensoriais, discusses e argumentaes por parte dos diferentes pblicos.

    Principais modalidades de exposies:

    Exposies de longa durao

    Essa modalidade de exposio aborda temas mais amplos que sintetizam as colees dos museus. As tcnicas construtivas que compem a expografia devem prezar pelos materiais mais resistentes que garantam a durabilidade e as condies favorveis para conservao do acervo. importante identificar previamente possibilidades de substi-tuio de peas em exposio sem comprometer a leitura geral do tema ou subtema, tanto pela necessidade de recorrentes aes de conservao preventiva como pela atu-alizao da exposio e rotatividade do acervo em reserva tcnica.

  • 2928

    A exposio de longa durao tambm exerce o papel de refletir a proposta do mu-seu, pois principalmente por meio dela que o museu se far conhecido. Entretanto, a exposio de longa durao no se encerra na sua inaugurao e deve estar per-manentemente aberta a novas adaptaes medida que a pesquisa, as atividades educacionais, a mediao e o publico visitante contribuam com novas proposies acerca do acervo ou do tema.

    Esse tipo de exposio deve contar com uma estrutura de apoio permanente que vai desde o monitoramento das peas e a manuteno dos espaos e recursos expogrfi-cos como vitrines, cenrios, iluminao, painis, textos, etc., at a mediao, que deve provocar a reflexo, oferecendo possibilidades de leituras diferenciadas para a inter-pretao do visitante. A exposio deve apresentar um circuito que possibilite a criao de roteiros diferenciados, de modo que possam ser explorados de acordo com o inte-resse de cada pblico.

    Exposies de curta durao ou temporrias

    Essa modalidade de exposio possibilita a abordagem de temas mais especficos e atuais de modo a explorar as potencialidades das colees a partir de recortes cura-toriais. As tcnicas e os materiais para produo da exposio so pensados para uma menor durabilidade e manuteno de curto ou mdio prazo, mas sem deixar de assegu-rar as condies favorveis para conservao das peas.

    Alm de permitir a dinamizao do acervo, as exposies temporrias tm grande po-tencial de difuso dos museus. Podem ser internas, quando concebidas pela equipe do prprio museu a partir de suas colees; ou externas, quando ocupam reas do museu com acervo, concepo e planejamento de outra instituio. Com essas exposies, os museus podem tratar de diversos temas, exibindo acervos que no pertencem sua coleo, dando a oportunidade de conhecer bens culturais importantes, ou exemplares raros da fauna e da flora, aos que no teriam acesso por outros meios. As exposies de curta durao tambm so um importante chamariz para o retorno daqueles que j visitaram o museu e de propaganda para atrair turistas que procuram diversificar e ampliar sua visita.

    Exposies itinerantes e extramuros

    As exposies itinerantes so aquelas que saem dos museus e alcanam o pblico em outras instncias. Elas tm por objetivo divulgar o trabalho da instituio, estimular a curiosidade dos pblicos e promover discusses sobre temticas especficas. Tambm possuem o carter temporrio e so produzidas com a possibilidade de adaptarem-se aos diferentes espaos com facilidades de transporte, montagem e desmontagem. Como todas as exposies, o design, a temtica, o acervo e a organizao espacial pre-cisam ser planejados de forma a instigar os pblicos.

    Os museus possuem diversas formas de se comunicar com as pessoas. Nessa seo, citamos apenas algumas possibilidades: estudo e pesquisa; difuso e divulgao; ao educacional e cultural e exposies. No entanto, importante destacar que a comu-nicao deve partir do princpio dialgico, em que os encontros entre as pessoas e o museu (que composto por pessoas) sejam experincias em que ambas as partes se transformem. O museu no pode se colocar como emissor ou transmissor de informa-es tendo o visitante como um mero receptor. Num processo dialgico, a relao de quem se comunica precisa estar em p de igualdade: os dois lados aprendem e ensi-nam, ambos se modificam e saem diferentes do que eram.

    1 etapa:

    1) Identifique museus ou colees que possuam temas correlatos e que pos-sam compor um roteiro entre museus;

    2) Perceba se h peas na exposio que possam oferecer informaes comple-mentares a outras peas que esto em exposio num outro museu;

    3) Tente criar uma rede de informaes complementares entre museus;

    4) Crie um roteiro que percorra esses museus, suas colees ou peas;

    Exemplo:

    Na vitrine com trajes de crioula do s-culo XIX pode ser incluido um texto que indique: quer saber mais sobre a indu-mentria escrava do sculo XIX? Visite a coleo de joia de escrava no Museu de Ouriversaria (End.). Neste museu, jun-to s jias de escrava, pode haver uma indicao sugerindo: quer saber mais sobre hbitos e costumes do perodo de escravido? Visite o Museu do Engenho (End.). E assim sucessivamente.

    atIvIdade 2

    2 etapa:

    1) Que estratgias podem ser adotadas para sua concretizao?

    2) Como esses roteiros poderiam ser divulgados?

    3) Que atores podem e devem participar da operacionalizao dessas estratgias?

    4) Como os profissionais do turismo podem apoiar a operacionalizao dessas estratgias?

    5) Que elementos podem ser considerados nessas estratgias para transformar esse ro-teiro de museus em experincia turstica?

  • 3130

    a Interpretao de aMbIentes e acervos

    A qualidade da experincia do visitante o foco da comunicao por meio da interpretao de ambientes e acervos.

    Interpretar faz parte da habilidade humana de se comunicar. Desde bebs aprendemos a in-terpretar expresses faciais, gestos e objetos e reagir a eles. Da mesma forma, os pais de um recm-nascido se esmeram em interpretar o choro de seu filho e assim atender s suas neces-sidades. As pinturas rupestres so manifestaes de como o homem pr-histrico interpreta-va o mundo sua volta e hoje ns as interpretamos para conhecer aquela realidade.

    A interpretao permeia diversos campos de conhecimento: a interpretao da lei pelos juzes, os intrpretes nas artes cnicas e a forma de determinado msico interpretar uma melodia so alguns exemplos de como o homem utiliza sua capacidade de interpretao. No campo das cincias humanas a interpretao ferramenta de historiadores, antroplogos, socilogos, muselogos, turismlogos, entre outros profissionais.

    A definio clssica de interpretao ambiental foi cunhada pelo pai do assunto, o norte-americano Freeman Tilden (1976), que a conceitua como uma atividade educacional que ob-jetiva revelar significados e relaes atravs da utilizao de objetos originais, de experincias de primeira-mo e por meio de mdia ilustrativa, ao invs de simplesmente comunicar infor-maes factuais.

    Assim, o maior mrito da ao de interpretao disseminar e popularizar o conhecimento ambiental, visando preservao e valorizao de ambientes e colees especiais, induzindo a atitudes de respeito e proteo.

    No turismo, a interpretao inerente ao desen-volvimento do setor, especialmente no turismo cultural, conforme demonstra Jos Coelho de Meneses, o exerccio terico e prtico do turis-mlogo que se dedica ao planejamento e desen-volvimento de um turismo cultural tem sua base fundamental na interpretao de manifestaes culturais que ele apreende, inventaria, docu-menta e transforma em atrativo para pessoas

    que buscam conhecer o outro e transformar esse conhecimento em movimento de abstrao e fruio prazerosa (2004, p. 41-42).

    Um bom guia de turismo, por exemplo, pode tornar inesquecvel a experincia da visita a lu-gares especiais, inclusive a museus, realizando um trabalho essencial, despertando o interes-se dos turistas por meio do envolvimento intelectual e emocional. No entanto, h um longo caminho a percorrer para a formao slida desses profissionais. Tambm para os museus h o desafio constante de qualificar mediadores que envolvam e estimulem o interesse e a curio-

    atravs da interpretao, a compreenso; atravs da compreenso, a apreciao,

    e atravs da apreciao, a proteo.

    (freeman tilden)

    sidade dos visitantes, especialmente grupos escolares e turistas.

    Pode-se afirmar que a interpretao est presente em diversas etapas da comunicao que os museus realizam com seus pblicos. No processo de elaborao e montagem de uma expo-sio, por exemplo, pode-se dizer que tudo se inicia com uma pessoa (curador) ou um grupo (tcnicos da instituio ou comunidade interessada) interpretando objetos e propondo um conceito, uma ideia ou linha de pensamento a ser apresentada por meio de uma exposio. No projeto expositivo, elaborado de acordo com os recursos disponveis, essas ideias devem ser interpretadas e expressas por meio da distribuio dos objetos ao longo do espao, percurso ou sequncia, e da escolha de aparatos tecnolgicos, textos, imagens, suportes, etc.

    Quando o pblico toma contato com as exposies e pode elaborar seu prprio entendimento sobre o que o museu apresenta, ele faz sua interpretao. O museu no tem controle sobre esse processo, uma vez que o visitante faz uma leitura do que a exposio prope a partir de seus conhecimentos prvios, suas memrias e sua experincia de vida.

    Sabe-se que muitas vezes a interao direta entre visitante e objeto, sem a interferncia de recursos de mediao, se mostra to rica e impactante quanto o melhor multimdia tridimen-sional j inventado. No entanto, a interpretao que o visitante capaz de fazer da exposio depende de sua bagagem de vida e tambm de sua disposio para a interao com os ob-jetos. interessante notar que quando o visitante sai de uma exposio confuso, entediado ou desapontado, sem conseguir dizer do que se tratava ou incapaz de citar algo de que tenha gostado, em muitos casos, ele culpa a si mesmo e no exposio. Sente-se diminudo por no entender o que aqueles objetos significam, por no ser capaz de aproveitar aquela experincia e conclui que museus no so para ele.

    Para evitar esse tipo de mal-estar que afasta o visitante, os museus buscam atualmente utili-zar tcnicas de interpretao com diferentes graus de informao. Naturalmente no se pode desvincular a escolha das tcnicas de interpretao dos recursos financeiros e humanos dispo-nveis a cada instituio, por isso, importante buscar solues criativas a partir da preocupa-o com o entendimento do pblico e sua satisfao ao final da visita.

    Os responsveis pela interpretao, baseada no conhecimento do acervo e do pblico a que ele se dirige, podem utilizar diversos elementos para aguar a curiosidade e os sentidos do indivduo no entendimento e na apreciao do bem visitado. O que est em questo , por um lado, valorizar a experincia do visitante envolvendo-o por inteiro - intelecto e sentidos -, por outro lado, enriquecer o prprio bem cultural aos olhos do pblico.

    H museus onde o visitante dispe de pessoas para explicar o que est exposto, tirar dvidas e aprofundar o conhecimento. H museus onde a interpretao se d por meios de imagens, textos e vdeos e h museus onde a interpretao se resume a etiquetas com nome, data, ma-terial, tcnica e nmero de registro dos objetos.

  • 3332

    O plano de interpretao tem sido uma ferramenta amplamente utilizada por vrias institui-es culturais em todo o mundo e h atualmente uma vasta literatura sobre como elaborar um plano de interpretao. Em linhas gerais, tal plano deve explicitar o pblico a que se destina, que meios empregar e que mensagens transmitir.

    SITES RELACIONADOS

    www.interpretaciondelpatrimonio.org

    www.gestioncultural.org

    portal.uni-freiburg.de/interpreteurope/

    Em resumo, deve-se buscar oferecer experincias ricas e estimulantes voltadas para o conhe-cimento e o lazer, com todas as comodidades e atraes possveis de serem inseridas em um museu. Ressalte-se que a experincia do visitante no se inicia na exposio, mas sim na cons-truo da imagem do museu enquanto atrativo, na qualidade do acesso, bem como na recep-o que teve e nos servios de hospitalidade que encontrou para seu conforto e segurana.

    Os objetivos do plano de interpretao so os seguintes:

    1) Comunicar o significado do lugar de maneira interessante e efetiva.

    2) Melhorar a satisfao das necessidades do visitante.

    3) Melhorar a proteo do recurso.

    4) Melhorar a qualidade da experincia do visitante.

    As fases que compem o plano de interpretao so as seguintes:

    1) Anlise dos recursos disponveis (acervo, temas correlatos, equipe, infraestrutura).

    2) Identificao dos destinatrios da interpretao.

    3) Formulao dos objetivos da interpretao.

    4) Determinao das mensagens a transmitir.

    5) Seleo dos meios de interpretao.

    6) Recomendaes sobre a proteo do recurso e previso de necessidades de pessoal.

    7) Seleo de critrios para efetuar o acompanhamento e a avaliao.

    a sInalIzao no Museu

    Uma boa orientao atende ao maior nmero possvel de pessoas. Por isso, informar adequa-damente significa tambm contribuir para a democratizao no acesso aos bens culturais e valorizar o trabalho da comunidade e os potenciais tursticos da regio.

    Pequenos detalhes na orientao ao turista podem fazer a diferena na visita ao museu. Uma boa sinalizao fora e dentro do museu aumenta a capacidade de organizao e o nvel de confiana da instituio, proporciona a compreenso e estimula a participao do visitante, permitindo inclusive que ele se torne exigente em relao aos servios oferecidos e um dos agentes de melhoria da qualidade do atendimento prestado.

    sinalizao fora do museu

    A sinalizao indicativa externa, tanto para pedestres como para veculos, de fundamental importncia para os museus e centros culturais. necessria a autorizao do poder pblico local para a fixao de placas indicativas. O

    Conselho Nacional de Trnsito, rgo oficial que normatiza a sinalizao em espaos pblicos, fixa critrios que devem ser levados em conta na sinalizao externa dos museus.

    atIvIdade 3

    Formule, em linhas gerais, um plano de interpretao para o seu museu de acordo com a primeira fase do plano de interpretao (Box 5, na pgina ao lado). Especifique o acervo a ser interpretado, os temas correlatos que enriquecero a experincia do visitante, a equi-pe e a infraestrutura necessrias para a realizao do plano. D asas sua imaginao!

    O Ministrio do Turismo disponibiliza na internet o Guia Brasileiro de Sinalizao Turstica3, no qual

    so encontradas orientaes para o uso de letras, pictogramas e setas de indicao turstica.

    3 - BRASIL. Guia Brasileiro de Sinalizao Turstica. Ministrio do Esporte e Turismo, Ministrio da Justia, Ministrio

    da Cultura. Braslia, 2001. Publicao disponvel em www.turismo.gov.br

  • 3534

    preciso que a equipe responsvel pela sinalizao do museu se informe sobre os sinais que j possuem regulamentao de uso. Os sinais de trnsito so controlados pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro4. J os sinais relacionados segurana so estabelecidos pelo Corpo de Bombeiros, e alguns outros, ligados cultura e ao turismo, j so internacionalmente reconhecidos pela Unesco.

    A sinalizao precisa ser feita antes mesmo da chegada ao museu, comeando pelas placas de trnsito, conforme o estabelecido pela prefeitura municipal, pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro e pelas Resolues do Conselho Nacional de Trnsito. necessria ainda uma preocupao com a segurana do motorista: a sinalizao precisa ser visvel, objetiva e com tempo sufi-ciente para leitura da informao e adequada conduo do veculo. No caso dos pedestres, essa sinalizao deve indicar os melhores caminhos e, sempre que possvel, integrada a outros atrativos tursticos e ao sistema de transporte pblico. preciso ainda pensar no acesso para pessoas com deficincia ou necessidades especiais e indicar caminhos sem obstculos.

    sinalizao dentro do museu

    O museu deve facilitar e ampliar o acesso aos seus espaos de forma orga-nizada e precisa. Informar aos visitantes sobre servios oferecidos, horrios, valores, regras da casa e compromissos de atendimento estabelece uma re-

    lao clara entre instituio e pblico.

    A indicao interna informa sobre espaos, galerias, exposies, eventos, segurana, acessi-bilidade, servios disponveis e limites a serem respeitados. Essas informaes, fundamentais para a visita, precisam ser visveis, legveis, bem conservadas e bem iluminadas, de forma a contribuir para uma comunicao eficiente e uma visita agradvel.

    > a identidade visual uma pea importantssima no processo de comunicao e divulgao do museu. Um bom programa de identidade visual facilita a leitura do museu pelo visitante. Criar um padro de formas, cores, pictogramas e us-los corretamente permite que o visitante encontre as informaes que deseja em situaes diversas e contribui para a integridade dos espaos. Recomenda-se que o museu possua seu prprio manual de identidade visual, docu-mento que estabelecer os aspectos tcnicos da marca, os padres de utilizao e as normas para reproduo.

    > a logo a imagem pela qual o museu pode ser facilmente reconhecido e deve figurar em todo o programa de comunicao e divulgao. Deve ser visvel e de fcil identificao. Pode conter o nome completo, somente as letras iniciais estilizadas ou outro smbolo que identi-fique a instituio. A logo uma pea importante para fixar a marca do museu na mdia de divulgao, como nos exemplos adiante.

    4 - http://www.denatran.gov.br/publicacoes/download/MANUAL_vOL_I.pdf

    > sinalizao de circuito expositivo: o percurso do visitante em uma exposio pode ser li-vre, sugerido ou direcionado. Se os planejadores da exposio desejam direcionar o roteiro do visitante no espao expositivo devem sinalizar isso, com cores, controladores de fluxo, setas e textos. O importante que o visitante se sinta vontade para realizar seu prprio percurso, mas que tambm no se sinta perdido.

    > sinalizao de segurana: imprescindvel para o bom funcionamento dos museus e espa-os culturais, essa sinalizao compreende placas de extintores de incndio, escadas e sa-das de emergncia, alertas sobre degraus e pisos escorregadios, entre outras que se faam necessrias. Alm de garantir a maior segurana ao acervo e aos funcionrios em casos de emergncias, a sinalizao em placas oferece maior tranquilidade ao visitante quanto sua prpria segurana.

    > etiquetas e textos explicativos: so complementos que enriquecem e informam com mais detalhes sobre os objetos do acervo. Geralmente apresentam informaes sobre data, auto-ria, material, origem e dados gerais sobre aquela pea. Porm, melhor do que simplesmente informar ou antecipar uma resposta, por que no perguntar? Deixar que o espectador dialogue com o acervo? Os textos e explicaes devem instigar a reflexo e a crtica, sem a inteno de direcionar o olhar do visitante. No h dilogo com o acervo se a inteno impor uma viso nica sobre ele.

    Ao formular esses contedos, deve-se sempre evitar a linguagem rebuscada e o exagero no tamanho dos textos. preciso ter em mente que dificilmente o visitante se sente confortvel lendo a exposio, o que significa que o museu pode oferecer informaes mais aprofun-dadas, por meio de uma base de dados, textos complementares, educadores devidamente formados, bibliotecas e locais para consulta e pesquisa.

    Oferecer informaes aos turistas estrangeiros tambm um fator comunicativo importante para o museu. Uma das possibilidades disponibilizar aos visitantes de outros pases um li-vreto contendo as informaes bsicas sobre a instituio, acervos e colees, audioguias ou mesmo educadores bilngues que possam acompanhar a visita.

    EXEMPLOS DE LOGOS DE MUSEUS

    Da esquerda para a direita: logo conjunta dos Museus Castro Maya (ambos sediados no Rio de Janeiro - RJ), Palcio Rio

    Negro (Petrpolis-RJ) e Museu Lasar Segall (So Paulo - SP). Todos so museus vinculados ao Ibram/ MinC.

  • 3736

    Preparao:

    Escolha um objeto do museu em que trabalha ou algum objeto de algum mu-seu que chamou sua ateno. Se tiver acesso foto desse objeto, imprima-a. Faa uma ampla pesquisa sobre o ob-jeto, sua origem, seu material, sua au-toria, sua data de criao, seu acervo, a coleo a que ele pertence; todas as informaes acerca de sua histria, con-texto, biografia do autor e tudo o que encontrar sobre esse objeto.

    Mo na massa:

    Agora, elabore uma etiqueta que ficar ao lado do objeto escolhido em uma suposta exposio no museu. Use a criatividade!

    atIvIdade 4

    Dividam-se em grupos. Cada grupo coloca as etiquetas e as figuras dos objetos espalhados e embaralhados. Depois, troquem de lugar com outro grupo e tentem unir as etiquetas s fi-guras do objeto espalhados por eles. Depois de encontrados os pares corretos, leiam etique-ta por etiqueta em seu grupo, comentado e pontuando o que est bom na descrio e o que poderia melhorar ou acrescentar. Depois, de volta ao crculo no grupo maior, recomenda-se que realizem uma avaliao sobre a atividade.

    2 etapa:

    1 etapa:

    A hospitalidade vem sendo historicamente

    desenvolvida, sistematizada, conceitualizada

    e praticada pelo turismo, que tambm tem

    um grande trabalho na rea de divulgao e

    marketing. Ambos os temas, hospitalidade e

    divulgao, sero tratados no prximo bloco

    desta publicao.

    hospItalIdade

    hospitalidade no turismo: o bem receber com segurana

    Nos ltimos 50 anos, o turismo tornou-se fundamental para a vida das pessoas e para a eco-nomia dos pases: em 1950, o nmero de turistas internacionais foi de cerca de 20 milhes de pessoas; no ano 2000, esse nmero saltou para 956 milhes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur, 2002). Atualmente, j so mais de um bilho de pessoas a viajar pelo mundo.

    Esse crescimento veloz ocorrido nos ltimos anos assim explicado por Castelli: [...] medida que a renda aumenta nos pases desenvolvidos, os gastos em atividades de lazer crescem mais rapidamente e, dentre esses, a viagem ao exterior um dos mais importantes. O aumento da renda pessoal e as facilidades de transporte fizeram com que uma faixa bem maior da popula-o participasse desse fenmeno de massa. (CASTELLI, 2001, p. 37).

    Atualmente o turista no busca apenas um abrigo confortvel e uma boa alimentao. A qua-lidade dos servios percebida pelo visitante por meio de experincias prazerosas, bem estar fsico, emocional e psquico, fazem parte da expectativa de satisfao do viajante.

    A imagem positiva ou negativa de um hotel, de um atrativo ou de uma cidade depende, portanto, da experincia total vivida pelo visitante durante a sua estadia, desde a chegada at a sada. Se a qualidade da infraestrutura e dos servios pblicos e privados revela-se imprescindvel para uma boa experincia, na excelncia do atendimento que o visitante sentir a grande diferena.

    As leis no escritas da hospitalidade operam quando h relaes diretas entre os seres huma-nos. Em qualquer forma de turismo, a real fragilidade est na falta de calor humano; resgatar a hospitalidade seu maior desafio. A acolhida ao cliente, ou a arte do bem servir e receber, de-pende, essencialmente, de pessoas bem preparadas. Como afirma Castelli, a demanda hu-mana e a oferta depende fundamentalmente do elemento humano. (CASTELLI, 2003, p. 36).

    A hospitalidade pode ser traduzida como acessibilidade, segundo as vrias dimenses que ela assume e os suportes de que se utiliza:

    O acesso informao alcanado pela divul- gao, difuso e marketing;

    O acesso ao local e a apreciao do ambiente se faz pelo transporte, pela sinalizao e pela adequao para pessoas com deficincia ou mobilidade reduzida;

    O acesso emocional e mental aos bens cultu- rais faz-se por meio de descobertas e experi- ncias.

  • 3938

    A acessibilidade e a integridade fsica dos cidados em caso de incndio, tumulto, pnico, emergncia mdica e outros acidentes so reguladas por normas j institudas pela ABNT - Agncia Brasileira de Normas Tcnicas. Consulte o Manual de Orientaes Turismo e Acessibi-lidade do Ministrio do Turismo (2006) e o site www.abntcatalogo.com.br.

    A hospitalidade no turismo evidencia-se tambm em todas as atividades a ele relacionadas:

    Ingresso, permanncia, deslocamentos internos e sada dos visitantes;

    Desenvolvimento da infraestrutura: rodovias, portos, aeroportos, obras virias, sane-amento, energia e equipamentos sociais;

    Transportes e comunicaes: terrestres, areos, martimos, fluvial e telecomunicaes;

    Educao e qualificao dos recursos humanos que atuam nos vrios ramos do setor;

    Prestao de servios: alojamentos hoteleiros, transportadores, restaurantes e simi-lares, cultura e entretenimento, agncias de viagens e locadoras.

    uma breve histria da hospitalidade e do turismo

    O termo hospitalidade, segundo Walker (2002, p. 4), [...] to antigo quanto a prpria civili-zao [...]. Deriva da palavra de origem francesa hospice e significa dar ajuda e abrigo aos via-jantes. A palavra hospitalidade, tal como ela usada hoje, teria aparecido, pela primeira vez na Europa, provavelmente no incio do sculo XIII e designava hospedagem gratuita, atitude caridosa oferecida aos peregrinos e viajantes da poca.

    Cada perodo da histria desenvolveu algum tipo de viagem e, por conseguinte, de hospitali-dade, de acordo com os recursos materiais e os conhecimentos ento disponveis. Na Antigui-dade surgiram, na Grcia e em Roma, as tavernas e estalagens para abrigar os viajantes. Na Idade Mdia, houve um aumento do nmero de hospedarias. A Inglaterra destacou-se com as pousadas de melhor qualidade, os restaurantes e a carruagem, que passava a ser o principal meio de transporte.

    Na Idade Moderna, as viagens firmaram-se como opo de lazer e cultura para as classes abas-tadas com os grand tours e as primeiras publicaes com o objetivo de orientar os viajantes. A Europa comeou a seguir o modelo ingls de hospedagem, e esses ambientes passaram a de-sempenhar papel social e poltico importante para a sociedade. Mais tarde, com a Revoluo Industrial e a inveno da mquina a vapor, as viagens foram impulsionadas. O pastor Thomas Cook, conhecido como o precursor do empreendimento turstico, iniciou a comercializao de tours organizados, voltados para o descanso e lazer de trabalhadores britnicos. Foi o marco do produto turstico como hoje conhecido.

    Aps a Segunda Guerra Mundial, com o advento da aviao comercial e o aumento do nmero de carros e de nibus, houve avanos significativos no turismo e na hospitalidade. A partir de 1949, o turismo foi relativamente democratizado: deixou de ser objeto de consumo de luxo e passou a ocorrer em grandes escalas para vrias faixas da populao. Surgiu a hotelaria ameri-

    cana, mais confortvel e funcional, para viajantes motorizados os motis de beira de estrada. O turismo finalmente consolida-se como atividade econmica.

    No mesmo perodo, guias de viagens impressos passaram a proliferar, visando orientar e ofe-recer aos viajantes opes de locais a serem visitados, alm de despertar neles a curiosidade por novos destinos. Desde ento, tais publicaes tm sido fundamentais para a experincia turstica, visando orientar o olhar fugaz e curioso do turista, como diz Urry (2001, p.174).

    Cada vez mais, as viagens de lazer e turismo passaram a ser uma necessidade do ser humano em busca de descanso, prazer, lazer e novidades. Em outras palavras, um escape do estresse cotidiano, uma possibilidade de revigoramento fsico e mental. Nas palavras de Krippendorf, (2001, p.15), viajamos para viver, sobreviver.

    Atualmente, o turismo estudado como atividade econmica e, algumas vezes, como expe-rincia cultural. J foi dito mesmo que o turismo envolve um transe cultural (Unesco, 1997). O encontro com o outro, com o diferente, acaba por promover um deslocamento do olhar do turista, ainda que fugaz, em direo ao novo. Mesmo que, como diz Krippendorf, estejamos longe de um encontro verdadeiro entre turistas e os autctones (2001, p. 87), pois, segundo ele, tais contatos so superficiais e no resultam em nada mais que sorrisos comerciais e polidez estril (idem, p. 84). Os museus so um excelente meio para o aprofundamento desse contato.

    No caso do Brasil, nossos museus vm sendo cada vez mais visitados por moradores e turistas, acompanhando a tendncia mundial. Desde a dcada de 1990, com o boom do turismo e dos museus, verifica-se uma crescente aproximao entre as duas reas, com o objetivo de diver-sificar o produto turstico e dinamizar os museus como atrativos de lazer e cultura.

    Apesar dos avanos j conquistados, sabe-se que h um grande trabalho pela frente para os agentes do turismo e os profissionais de museus que almejam o crescimento e a democratiza-o de suas atividades. Assim como no faz sentido um museu sem pblico, no existe turis-mo sem cultura. Dessa forma, os museus tm um importante papel a cumprir atuando como mediadores entre a cultura local e a cultura dos visitantes, como lugares de representao dos modos de saber e fazer dos povos, um lugar de expresso do passado, do presente e do futuro.

    Passamos agora a focalizar a questo do bom acolhimento ao visitante nos museus.

    o bem receber a hospitalidade nos museus

    Trataremos agora dos servios de atendimento dentro dos museus, que so fundamentais para a boa comunicao com o pblico. Face ao nmero crescente de visitantes, alguns mu-seus grandes ou pequenos, vm dando cada vez mais ateno aos servios de atendimento ao visitante. Da qualidade da experincia que o pblico tiver no museu depender seu retorno e sua divulgao dentro de seu crculo de amigos. bom lembrar que a maioria dos especialistas em marketing diz que a recomendao boca a boca a forma mais eficaz de publicidade. E, alm disso, gratuita!

  • 4140

    Os servios do museu devem permitir ao visitante usufruir de uma visita informativa, agrad-vel e confortvel, tanto no sentido fsico, quanto no sentido intelectual, afetivo e social.

    A preocupao e o esforo para oferecer experincias de qualidade ao visitante surgiram de vrios fatores. Primeiro, os visitantes locais e internacionais tornaram-se mais seletivos sobre onde e como gastar o seu dinheiro, bem como seu limitado tempo livre. Mesmo quando a entrada gratuita, eles querem a garantia de que o tempo e o esforo despendidos na visita sejam recompensados pela experincia, entretenimento, aprendizado de algo novo e conforto de serem bem acolhidos.

    A grande maioria dos museus brasileiros de gesto pblica. De um total de 3.0255, 67,2% so pblicos, 22% so privados e 10,8% tm outra caracterstica. Dentre os pblicos, 41,1% so municipais. Sejam eles grandes ou pequenos, so bens pblicos visveis e tangveis, espaos de socializao, de contemplao, de aprendizagem, de lazer e, naturalmente, equipamentos culturais.

    O direito cultura, inserido em nossa Constituio Federal, tambm o direito de acesso a museus e s suas colees, exposies, instalaes e servios, sem qualquer discriminao de idade, sexo, convico religiosa, orientao sexual e deficincia. Sendo a cultura um direito do povo, os museus precisam compreender seu dever de garantia a esse acesso. Para atender ple-namente a esse direito da populao, nossos museus precisam prover experincias e servios de qualidade ao visitante, visando a incluso dos pblicos que muitas vezes vivem a margem das atividades culturais da cidade.

    > acolhimento - O acolhimento ao visitante uma responsabilidade de toda a equipe do museu, passando pela diretoria, mediadores, recepo, tcnicos, funcionrios de segurana e limpeza. A equipe gestora deve assegurar que todo o quadro de pessoal conhea o acervo, as exposies e as instalaes do museu e compreenda a importncia de bem informar o visi-tante criando um ambiente amistoso. Tudo isso contribui para criar um clima cordial dentro da instituio tanto para os que ali trabalham, quanto para os que visitam. A comunicao interna essencial, pois dinamiza e assegura o intercmbio de informaes alm de garantir os laos entre os diversos setores, profissionais e visitantes.

    A singularidade das colees e o lugar que ocupam na compreenso, na investigao e na interpretao do passado e do presente necessita ser tornada pblica para ganhar a confirma-o da sua importncia. Negligenciar o pblico o equivalente a negligenciar as colees no que se refere s responsabilidades bsicas do museu.

    Uma vez que o museu s possui sentido se for utilizado pelas pessoas, saber receber o pblico primordial para sua existncia, para tanto, necessrio um conjunto de recursos tcnicos, materiais e humanos que garantam a permanncia do visitante na instituio. O que realmen-te sustenta o acolhimento nos museus so as relaes humanas fraternas e o preparo dos fun-

    5 - Museus em Nmeros, 2011. Dados coletados at 10 de setembro de 2010.

    cionrios em receber os mais diferentes pblicos.

    > conforto ambiental Para que o museu tenha um ambiente agradvel e eficiente, impor-tante se atentar para o trip que d base ao conforto ambiental: conforto trmico, lumnico e acstico. O equilbrio entre as sensaes de frio e calor, atingido por meio de trocas do ser humano com o meio ambiente, com influncia nas edificaes por seus materiais e acabamen-tos, delimita o conceito de conforto trmico. Para atender ao conforto lumnico, destacam-se parmetros do nvel de luz; radiao solar direta; cores das superfcies; dimenso do ambien-te; localizao, orientao e dimenso das aberturas e elementos de sombreamento (cortinas, rvores, venezianas, outras edificaes). O conforto acstico est diretamente relacionado ao som-ambiente e s interferncias desagradveis de rudos externos. Como os demais tipos de conforto, o nvel de qualidade acstica resultado da definio da forma, da escolha dos materiais e dos revestimentos, que devem ser especificados de acordo com fatores de nvel de rudo; tipo e origem do rudo; existncia de barreiras, qualidade da comunicao e da privaci-dade; detalhamento do fechamento do ambiente e materiais que constituem o cmodo que determinam a reverberao dos rudos.

    os servios de atendimento: foco no visitante

    Para realizar a tarefa de bem receber necessrio que o museu conhea o perfil dos seus pbli-cos, seus anseios, aspiraes, limitaes e necessidades. Uma pergunta deve orientar a mon-tagem dos servios de atendimento: quais so as demandas dos diferentes tipos de turistas?

    atIvIdade 5

    Avalie o museu que voc mais conhece colocando-se no lugar do visitante e guiando-se pelas seguintes indagaes:

    - fcil encontrar informaes atuais sobre o museu? Em quais meios: jornais, cadernos de cultura, panfletos, guias impressos, mdia virtual?

    - fcil e seguro chegar ao museu? H sinalizao adequada?

    - A recepo costuma ser cordial? O clima de chegada hospitaleiro? possvel fazer uma visita orientada? Qual a qualidade da conduo?

    - Os ambientes esto bem conservados, apresentados e interpretados em linguagem cla-ra? Os banheiros esto limpos? Os locais de descanso so confortveis e suficientes? H lanchonetes, restaurantes, msica no museu ou no entorno?

    - possvel comprar alguma lembrana ou produto com a cara do museu ou da localidade?

    - O museu oferece alguma experincia interativa? A visita agradvel? O que te faria voltar?

    - O museu adequado para diferentes grupos e indivduos: crianas, jovens e adultos com diferentes perfis de renda, cultura e escolaridade?

  • 4342

    o foco no visitante significa, resumidamente, propiciar-lhe:

    > horrios adequados: um dos aspectos a ser analisado o tempo mdio gasto pelo turista na cidade ou regio onde se encontra o museu e adequar os horrios ao fluxo esperado de-visitantes. Para que turistas e moradores possam desfrutar dos museus, importante que eles estejam abertos durante todo o final de semana, especialmente aos domingos, quando os trabalhadores residentes podero passar seus dias de descanso nesses equipamentos cultu-rais e muitos turistas, que regressaro para suas casas ao final do domingo, podero visitar os museus pela manh. Para alguns museus, a abertura no horrio do almoo pode ampliar seu pblico imediato, pois muitos museus esto localizados em reas comerciais, onde o maior fluxo de pessoas acontece durante o intervalo para almoo. Oferecendo atividades rpidas e atraentes nesses horrios, alm de atender a este segmento de pblico, os museus podem estimular o retorno das pessoas com suas famlias em outras ocasies, como nos finais de semana ou feriados. No grfico abaixo, podemos verificar a abertura dos museus por dias da semana no Brasil.

    Fonte: Cadastro Nacional de Museus - Ibram / MinC, 2010

    GRFICO 1PORCENTAGEM (%) DE MUSEUS SEGUNDO ABERTURA POR DIA DA SEMANA, BRASIL 2010

    100

    80

    60

    40

    20

    0Segunda-feira Tera-Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Sbado Domingo

    58,2

    89,6 92,1 92,4 92,5

    55,543,1

    A abertura nos feriados nacionais e locais tambm fundamental, tanto pra atender aos mo-radores da cidade, que procuram atraes em suas folgas, quanto para os turistas. Um museu no pode ficar fechado em feriados se busca o pblico turstico.

    > roteiros adaptados: os profissionais de museus j sabem que cada grupo de visitantes tem seu tempo prprio. Por isso, importante que o museu oferea roteiros compatveis com o tem-po e a disposio dos diferentes pblicos: pequenos roteiros para interesses especficos com partes do acervo, roteiros em parceria com outras atraes culturais da cidade e seu patrimnio.

    >Infraestrutura: banheiros limpos, lanchonetes, cafs, restaurantes e locais de descanso.

    > uma rea ou um jardim ao ar livre: pode ser muito benfica para os visitantes, pois permite o descanso e a contemplao, com a vantagem de variar o ambiente fsico. Bancos, sombras e talvez algum equipamento como jogos e brincadeiras, relacionados aos temas do museu, podem tornar mais agradvel a permanncia.

    > equipamentos para grupos especiais: ve-culos para percorrer longas distncias, carri-nhos de beb, acessos facilitados para cadei-ra de rodas, textos explicativos em braille e guias auditivos.

    Para que o visitante usufrua ao mximo das oportunidades de entretenimento e apren-dizagem disponveis no museu, ele necessita sentir-se bem recebido, com segurana e cer-to de que as colees em exposio o bene-ficiam, fazem parte do patrimnio humano e o ajudam a compreender seu lugar no mundo.

    Cabe reiterar que os visitantes satisfeitos so valiosos para os museus, pois podem tornar-se visitantes regulares, divulgadores por meio do boca a boca, j falado anteriormente e, talvez, at se envolvam mais de perto com o museu, prestando um servio voluntrio, por exemplo. Para consegui-los, preciso que todo o pessoal responsvel pelo museu procure com afinco planejar e estabelecer servios e instalaes de qualidade para o visitante, provendo e melho-rando o acesso, a compreenso e, sobretudo, a diverso oferecida por meio da apresentao adequada das colees. Um visitante satisfeito a prova de uma gesto focalizada e profissional.

    Museus, exposies e espaos culturais

    Os museus, espaos de exposio e espaos culturais devem estar disponveis e oferecer:

    a) Espao livre de barreiras que impeam o acesso aos equipamentos ou tornem o caminho inseguro ou perigoso, construido e sinalizado como especificado na ABNT NBR 9050:2004;

    b) Atendimento especializado em LIBRAS e por meio de articulador orofacial, devidamente sinalizado e divulgado em todo material promocional;

    c) Planos ou mapas tteis ou maquetes com a descrio de seus espaos (consultar a tabela A.1, do Anexo A, da ABNT NBR 15599:2008);

    d) Gravaes com a descrio dos ambientes, percursos e roteiros dos pontos de interesse e das obras;

    e) Exemplares de livretos e programas de eventos e exposies em braille e em verses ampliadas;

    f) Etiquetas e textos com verses em braille e ampliadas, fixados de forma a poderem ser lidos tanto por pessoas que estejam em p, como por pessoas sentadas, de acordo com a ABNT NBR 9050:2004, 4.7, Seo 5;

    g) Servio especializado de acompanhante para servir de guia a pessoas com deficincia visual e surdo-cegos devidamente divulgado, em meio sonoro ou ttil e sinalizado de acordo com os tens 6.1.2 e 6.1.4, da ABNT NBR 15599:2008;

    h) Outras formas de interao e conhecimento das obras de arte expostas, tais como rplicas em escala reduzida ou a descrio dos trabalhos em locuo.

    As orientaes sobre acessibilidade para mu-

    seus, exposies e espaos culturais so forneci-

    das pela ABNT NBR 15599:2008 - Acessibilidade

    - Comunicao na prestao de servios. E pela

    ABNT NBR 9050:2004 Acessibilidade a edifi-

    caes, mobilirios, espaos e equipamentos

    urbanos.

  • 4544

    1 etapa:

    bloco I servios e equipamentos

    1) O acesso ao museu facilitado ou bem lo-calizado? H transporte pblico at o local?

    2) A entrada ao museu gratuita ou com preos acessveis? Caso exista o ingresso para entrada, h promoes ou distino de preo para determinados pblicos (estu-dante, idosos, crianas, escola pblica etc.)?

    3) Dentro do museu, a gua filtrada ou mi-neral est disponvel em lugares facilmen-te identificados e de fcil acesso?

    4) H opes de venda de bebidas e ali-mentos? Os preos so razoveis?

    5) possvel disponibilizar um local para as famlias e os grupos fazerem seus pr-prios piqueniques?

    6) As instalaes sanitrias incluem ba-nheiros e lavatrios adequados para crian-as e fraldrios para os bebs?

    7) Os sanitrios possuem instalaes pr-prias para pessoas com deficincia ou mo-bilidade reduzida?

    8) H guarda-volumes para as pessoas deixarem seus pertences enquanto visi-tam o museu?

    9) Ao longo do museu h espaos para o visitante sentar?

    bloco II - recebendo as famlias

    1) Uma famlia com crianas pequenas pode trazer consigo carrinhos de beb? Os carrinhos so permitidos nas galerias?

    2) A altura dos objetos expostos acessvel para as crianas? O museu oferece cadei-ras ou cubos para que as crianas subam e vejam o que est exposto?

    3) Existem atividades ou exposies espe-ciais que envolvam as crianas, especial-mente durante as frias?

    4) Existem atividades/materiais direcio-nados para o pblico infantojuvenil? A linguagem do museu est adaptada para esse pblico?

    Identifique e liste algumas medidas prticas para melhorar a situao do museu em relao aos itens que no esto satisfatrios.

    2 etapa:

    bloco III recebendo grupos diversos

    1) Qual o tamanho mximo de grupo que o museu pode acomodar em suas vrias reas, tais como galerias, salas de exposies especiais, loja, caf, jardins e ptios externos?

    2) H espaos onde os grupos possam se reunir e relaxar ao ar livre?

    3) Existem pequenos guias impressos, folhetos informativos ou roteiros nos pontos princi-pais do museu?

    4) O museu oferece visitas com guias bilngues, tradues do guia impresso ou gravaes?

    5) O posto local de informaes tursticas ou a operadora de turismo receptivo tm guias com informaes adequadas sobre o museu?

    6) H um sistema de agendamento disponvel, de forma que os guias possam planejar anteci-padamente a visita ou comprar antecipadamente os ingressos?

    7) O museu faz algum trabalho de preparao dos guias e professores que vo levar seus grupos?

    8) Existe algum tipo de avaliao ps-visita?

    Consulte a publicao Turismo e Acessibilidade: Manual de Orientaes, disponvel em:

    www.acessibilidade.org.br/manual_acessibilidade.pdf

    leMbre-se: uma criana satisfeita quer dizer uma famlia satisfeita; ela possivelmente ser tambm um futuro adulto visitante e, eventual-mente, um pai/me amigo(a) do museu.

    atIvIdade 6

    Pense sobre o museu que deseja trabalhar e responda s seguintes questes:

  • 4746

    a equipe de atendimento ao visitante

    A equipe de atendimento aos visitantes inclui recepcionistas (no balco de atendimento, na central telefnica ou no atendimento virtual); pessoal de segurana, de gesto de eventos e de educao. A equipe deve incluir todo o pessoal que lida com o pblico numa base regular, no s os funcionrios efetivos, mas tambm aqueles que so temporrios, os prestadores de servio e estagirios. importante definir as responsabilidades das equipes e definir como as atividades de educao, entretenimento e segurana sero coordenadas.

    A equipe deve tambm ser facilmente identificada por uniformes, camisetas, bons, crachs ou outro acessrio particular. fundamental a organizao de horrios de trabalho de forma a garantir pessoal de atendimento em todas as reas pblicas do museu durante todo o perodo em que ele fica aberto a visitas.

    Outra deciso importante como lidar com comentrios, sugestes e reclamaes. As ins-tituies devem utilizar o relato de experincias e sugestes do visitante para melhorar seus servios, oferecendo formas diversas de registro desses relatos. O museu pode oferecer um livro de registros/sugestes para os visitantes presenciais e tambm disponibilizar um correio eletrnico para os visitantes virtuais ou para aqueles que preferirem registrar suas impresses fora do ambiente do museu.

    bom ter um sistema nico de avaliao para elogios, reclamaes, comentrios e sugestes de melhoria. A equipe de atendimento e a administrao devem estabelecer sistemas para monitorar e avaliar os servios oferecidos periodicamente, com mtodos que possibilitem efe-tivamente seu aperfeioamento.

    Quaisquer que sejam os procedimentos adotados, importante que o museu elabore re-gras prprias sobre como lidar com as reclamaes dos visitantes e que torne pblica sua poltica sobre o assunto.

    atIvIdade 7

    > Colocando-se no lugar do visitante.

    Dois funcionrios do museu devem visitar juntos um museu ou outro lugar aberto ao pblico, no importa se pblico ou privado. Devem colocar-se no lugar de visitantes e anotar o que acharam bom no atendimen-to e o que no gostaram.

    exerccio rotineiro para funcionrios do atendimento ao pblico

    Suas reaes e comentrios so depois apresentados equipe do museu onde trabalham, que poder ento comparar e discutir seus prprios servios. Tal opor-tunidade deve ser dada a todo o pessoal, especialmente equipe de atendimento ao visitante, para que cada um sinta, por si mesmo, a experincia de um visitante, observando suas prprias reaes emocio-nais e intelectuais.

    Museus: bens culturaIs e produtos turstIcos

    o universo do turismo e os museus

    Como dito anteriormente, o turismo est se consolidando no pas como atividade econmica de importncia poltica. O desenvolvimento do turismo brasileiro est voltado ao incremento de novos destinos e produtos diferenciados para seus consumidores, os turistas. Os museus brasileiros fazem parte desse universo de atrativos tursticos e so potenciais indutores de visitaes a vrias cidades.

    No Brasil, o turismo passou a ser tratado como atividade econmica na dcada de 1990, ape-sar de constar das polticas pblicas desde a dcada de 1960. A seguir, traaremos um breve panorama da articulao entre o crescimento do turismo e aquele verificado nos museus.

    Em 2007, o Brasil captou aproximadamente cinco milhes de turistas internacionais, o equi-valente a 26,8% dos 18,7 milhes de turistas que se destinaram Amrica do Sul. Isto corres-ponde, entretanto, a 0,56% do fluxo mundial, participao pequena quando comparada aos pases lderes no ranking, como a Frana (81,9 milhes de turistas), a Espanha (59,2 milhes de turistas), os EUA (56 milhes de turistas), a China (54,7 milhes de turistas), a Itlia (43,7 milhes de turistas) e o Reino Unido (30,7 milhes de turistas). preciso ressaltar que tais pases se be-neficiam de localizao privilegiada, prximos aos grandes centros emissores de turistas, van-tagem geogrfica de que evidentemente no gozam os pases da Amrica do Sul. (OMT, 2008).

    O setor de turismo ganhou importncia poltica e econmica no